Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado Astomiro Romais André Loureiro Chaves Andréa Eick Cátia Duizith Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero - ULBRA/Canoas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) I58e Imperatore, Simone Loureiro Brum Estrutura e análise das demonstrações contábeis. / Simone Loureiro Brum Imperatore – Canoas: Ed. ULBRA, 2012. 120p. 1. Contabilidade – fundamentos. 2. Administração fi nanceira – demonstrações contábeis. I. Título. CDU 657 Editoração: Roseli Menzen Supervisão de Impressão Gráfi ca: Edison Wolf Gráfi ca da ULBRA Dados técnicos do livro Fontes: Palatino Linotype, Franklin Gothic Demi Cond Papel: off set 90g (miolo) e supremo 240g (capa) Medidas: 15x22cm ISBN 978-85-7528-458-2 APRESENTAÇÃO O objetivo da Administração Financeira é maximizar a riqueza dos acionistas. A função do administrador é gerenciar os recursos financeiros (investimentos e financiamentos) de forma a atingir tal objetivo. O contador, nesse contexto, fornece as Demonstrações Financeiras que subsidiam a tomada de decisão. A análise dessas Demonstrações Financeiras propicia a avaliação da evolução patrimonial e das decisões tomadas, daí a sua importância. O presente livro aborda, uma a uma, as Demonstrações Financeiras e os elementos básicos para sua análise, de forma a contextualizar a leitura e a interpretação do desempenho empresarial. Bons estudos! SOBRE O AUTOR Simone Loureiro Brum Imperatore É graduada em Ciências Contábeis, especialista em Controladoria pela Universidade Regional Integrada (URI-RS) com a temática “Sistemas de informação com foco no CRM” e mestra em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc-RS) com aprofundamento do tema “Lei de Responsabilidade Fiscal: estudo da execução orçamentária nos municípios da região metropolitana de Porto Alegre no período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em qualificação e gestão pública e privada, e – além de ser docente na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) nos cursos de Ciências Contábeis, Administração, Gestão Pública, Gestão Financeira, Gestão de RH – é diretora de Consultoria em Projetos e Gestão Públicos e Privados (PGPP), instituição onde responde pelos programas de Planejamento Estratégico, Políticas e Estratégias Gerenciais e Desenvolvimento Regional. SUMÁRIO 1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS/RELATÓRIOS CONTÁBEIS .........................................9 1.1 Processo decisório ..............................................................................................9 1.2 Conceito de relatório contábil/demonstração fi nanceira .....................................10 1.3 Complementação às Demonstrações Financeiras: Relatório da Diretoria, Parecer de Auditoria e Notas Explicativas ...........................................................13 Atividades .............................................................................................................16 2 BALANÇO PATRIMONIAL ..........................................................................................19 2.1 O que é Balanço Patrimonial? ............................................................................19 2.2 Os grupos de contas do Balanço Patrimonial ......................................................20 2.3 Principais deduções do Ativo e do Patrimônio Líquido .........................................26 2.4 Decisões de investimento e fi nanciamento ..........................................................29 Atividades .............................................................................................................32 3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE OU DEREX) .............................37 3.1 Receitas ...........................................................................................................37 3.2 Despesas .........................................................................................................37 3.3 Despesa e custo ................................................................................................38 3.4 Estrutura básica da DRE ....................................................................................39 3.5 DRE inovada ou EBITDA ......................................................................................43 3.6 Reservas ...........................................................................................................44 Atividades .............................................................................................................46 4 DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) ........................53 4.1 Conteúdo da demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados .........................53 4.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ................................57 Atividades .............................................................................................................60 5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ......................................................................65 5.1 Principais transações que afetam o Caixa ...........................................................66 5.2 Estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa .....................................................67 5.3 Demonstração do Fluxo de Caixa: métodos direto e indireto .................................69 Atividades .............................................................................................................75 6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .................................................................79 6.1 Modelo de Demonstração do Valor Adicionado ....................................................80 6.2 Instruções de preenchimento da DVA ..................................................................82 Atividades .............................................................................................................85 7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .........................................................91 7.1 Etapas do processo de Análise das Demonstrações Financeiras ...........................91 7.2 Exame e padronização das Demonstrações Financeiras .......................................93 7.3 Leitura e interpretação das demonstrações contábeis: análise vertical e análise horizontal ...........................................................................................95 Atividades .............................................................................................................98 8 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ATRAVÉS DE INDICADORES ..............103 8.1 Conceito de índice ou quociente .......................................................................103 8.2 Índices econômico-fi nanceiros .........................................................................104 8.2 Índices de rotatividade ou atividade .................................................................107 Atividades ...........................................................................................................109 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................113 GABARITO ................................................................................................................115 1 DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRAS/RELATÓRIOS CONTÁBEIS Simone Loureiro Brum Imperatore A introdução ao estudo das Demonstrações Financeiras dá-se a partir da compreensão da importância (e da abrangência) do processo decisório e do entendimento de como as Demonstrações Financeiras integram tal processo. Cabe salientar os relatórios obrigatórios para Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas. 1.1 Processo decisório A nossa vida é uma sequência de decisões e escolhas. A cada instante, para vivermos, temos que tomar decisões em graus variados de importância. Algumas são essenciais (papel social, religião, opção profissional), outras são operacionais (o que vestir hoje, onde almoçar, por qual caminho ir à aula). Nessa dinâmica da vida, em muitos casos, temos respostas prontas para as situações, mas, via de regra, a vida sempre se apresenta com situações novas, para as quais temos que elaborar alternativas de ação e escolher entre elas. Dentro de uma empresa, a situação não é diferente. Frequentemente, os gestores estão tomando decisões, todas elas importantes para a continuidade e o sucesso do negócio. Decisões como definir o preço de venda de um produto, contratar (ou não) um funcionário, financiar uma máquina ou pagá-la à vista, que quantidade de estoque manter de determinada mercadoria, como reduzir custos e produzir mais, entre outras, fazem parte da rotina dos administradores. Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam de dados, informações e subsídios que embasem essas escolhas e, é claro, minimizem os riscos. A Contabilidade é o instrumento que auxilia a administração em suas decisões. 10 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Na prática, ela coleta todos os dados econômicos e financeiros, registrando-os e sintetizando-os em forma de relatórios (obrigatórios ou não obrigatórios). 1.2 Conceito de relatório contábil/demonstração financeira Marion (2003, p.39) conceitua relatório contábil como a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela Contabilidade. Seu objetivo é relatar às pessoas que se utilizam da Contabilidade (os usuários) os principais fatos registrados em determinado período. Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as necessidades dos usuários, por exemplo: o relatório sobre o resultado anual de uma floricultura apresentará muito menos detalhes do que o de um banco, que normalmente tem muitos acionistas, grande volume de negócios, entre outros. Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis, destacam-se aqueles que são obrigatórios de acordo com a legislação brasileira. Estes relatórios são conhecidos como Demonstrações Financeiras, ou, ainda, Demonstrações Contábeis. As Demonstrações Financeiras obrigatórias para as S.A.a (sociedades anônimas), segundo a Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09, são as seguintes: a) Balanço Patrimonial (BP); b) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); c) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); d) Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)b; e) Demonstração do Valor Adicionado (DVA) (obrigatória para as S.A. de capital aberto). a Equiparam-se às S.A. (e, consequentemente, seguem a mesma legislação) as chamadas sociedades de grande porte as quais apresentam ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões. b A Companhia Fechada com patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões será obrigada à elaboração e publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa. 11 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aAtenção: O Balanço Patrimonial (BP) representa a fotografia da empresa em determinado período (seus bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido). Apresenta as aplicações dos recursos da entidade (Ativo) e como estas aplicações estão sendo financiadas (Passivo e Patrimônio Líquido); A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE ou DEREX), como o próprio nome já diz, evidencia a formação do resultado da empresa (lucro ou prejuízo). Esta demonstração evidencia, de forma ordenada, todas as receitas auferidas e as despesas incorridas pela entidade durante determinado período, ou seja, o resultado gerado no período; A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) visa apresentar, de forma clara, o resultado líquido do período (lucro ou prejuízo), a sua distribuição (no caso de lucro) e a movimentação ocorrida no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados. Para as Cias. Abertas (S. A.), conforme normatização da Comissão de Valores Mobiliários, deverá ser publicada a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), evidenciando a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido (não somente do Lucro Líquido do Exercício). Dentre as alterações mais comuns no Patrimônio Líquido das entidades estão os aumentos de capital social, a apuração e destinação dos lucros; A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC): indica a origem de todo o dinheiro que ENTROU no caixa ou equivalentes de caixa (bancos e aplicações financeiras disponíveis em 90 dias), bem com a aplicação de todo o dinheiro que SAIU em determinado período e, ainda, o resultado do fluxo financeiro. A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, sabendo-se o momento certo de buscar recursos para cobrir a insuficiência de fundos, bem como quando aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro, proporcionando maior rentabilidade à empresa. Também serve a outros usuários, apresentando a forma como gerou caixa e como utilizou os recursos e valores equivalentes ao caixa. A empresa, quando utiliza essa demonstração com as demais, supre de forma completa os usuários e, principalmente, os habilita à avaliação das mudanças de ativos líquidos de uma empresa e sua estrutura financeira, que podem ser explicadas nas questões de liquidez e solvência; A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) desenvolve conceitos puramente econômicos, evidenciando quanto de valor a empresa agrega durante seu processo produtivo, ampliando os horizontes de seus usuários. As entidades poderão utilizar-se da DVA para identificar, analisar e comunicar o montante de recursos adicionais gerados para a economia (local, regional, nacional, setorial, etc.), bem como para relacionar quais as fontes e quais as aplicações dessa riqueza, ou seja, para quem ela foi distribuída. Segundo alguns autores, a DVA vem sendo considerada um dos melhores critérios para indicar a medida da eficácia da gestão empresarial. Tudo isso dentro da concepção de que a missão moderna na empresa representa um papel econômico e social. Importante: Tais demonstrações contábeis, assinadas pelo administrador e pelo contador, devem ser publicadas em dois jornais: no Diário Oficial e em um jornal de grande circulação 12 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a na localidade onde é sediada a empresa. Tal publicação deve ser feita no prazo de até cinco dias antes da Assembleia Geral de Acionistas, o que deve ocorrer dentro dos quatro meses subsequentes à data de encerramento do exercício. Ressalte-se que as chamadas Sociedades Limitadas seguem legislação específica (Lei nº 10.406/2002 – Novo Código Civil), devendo apresentar à Receita Federal (não estão obrigadas à publicação em jornais de grande circulação e diário oficial) as seguintes demonstrações ou relatórios contábeis: a) Balanço Patrimonial; b) Balanço Econômico (equivale à Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados). Vamos entender um pouco mais sobre esses dois tipos societários antes de prosseguirmos: a Sociedade Anônima (ou companhia) se caracteriza por ter seu capital dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmente em grande número, são denominados de acionistas) e tem a responsabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Deverá publicar as Demonstrações Financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulaçãoeditado na localidade onde se situa a empresac. Porém, apesar da legislação definir a periodicidade anual para a publicação das demonstrações, para atender às necessidades gerenciais, a Contabilidade deverá apresentar relatórios contábeis com períodos mais curtos (semanal, quinzenal, mensal...). A Sociedade Limitada (nova designação dada à antiga sociedade por quotas de responsabilidade limitada) constitui a forma mais usual de sociedade comercial e caracteriza-se por seu capital dividido em quotas (os proprietários, geralmente em pequeno número, são denominados sócios ou quotistas). Não precisa publicar as Demonstrações Financeiras em jornal, mas deverão ser apresentadas junto ao Imposto de Renda, através do preenchimento da Declaração do Imposto de Renda ou para atender ao novo Código Civil. Algumas características da sociedade limitada são: a) atividades reguladas por um contrato social; b) seu capital social divide-se em cotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio; c No caso de instituições financeiras ou correlatas (seguradoras, financeiras, previdência privada, etc.), a publicação é semestral, para as demais empresas que negociam papéis na Bolsa de Valores, a obrigatoriedade de publicação é anual. 13 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci ac) é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado; d) algumas deliberações devem ser tomadas pelos sócios, em reunião ou assembleia. Resumindo: RELATÓRIOS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS: Sociedade Anônima (Lei nº 11.638/07): Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado de Exercício, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (quando de capital aberto) ou Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração do Fluxo de Caixa (S.A. abertas e fechadas – estas últimas, com Patrimônio Líquido superior a R$ 2 milhões) e Demonstração do Valor Adicionado (somente para as Cias. Abertas). Sociedades Limitadas (Lei nº 10.406/2002 – Novo Código Civil): Balanço Patrimonial e Balanço do Resultado Econômico (equivale ao DRE e à Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados). É importante ressaltar que o exercício social ou período contábil terá duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir com o ano civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro), embora, na maioria das vezes, isso aconteça. Para fins de Imposto de Renda considera-se ano civil = exercício social. 1.3 Complementação às Demonstrações Financeiras: Relatório da Diretoria, Parecer de Auditoria e Notas Explicativas Quando da publicação das Demonstrações Financeiras, as Sociedades Anônimas deverão informar aos usuários desses relatórios dados adicionais. O Relatório da Diretoria (logo após a identificação da empresa) dará ênfase às informações de caráter não financeiro. Saliente-se que esse relatório não tem uma estrutura padronizada, mas, normalmente, contempla a análise corporativa (estratégia corporativa, fatores externos à empresa que afetam seu desempenho, resultados de investimentos significativos, políticas de responsabilidade social desenvolvidas pela entidade, programas de pesquisa e desenvolvimento e projeções quanto ao futuro da entidade); análise setorial (comparação entre o desempenho da entidade com outras que atuam no mesmo segmento econômico); análise financeira (comentários sobre o desempenho e a situação econômico-financeira da entidade); análise de risco (questões relativas à diversificação e à concentração dos negócios da empresa entre ramos de atividade, clientes, fornecedores, ativos e regiões geográficas); práticas de governança corporativa, entre outros. 14 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Além do Relatório da Diretoria, temos as Notas Explicativas ou notas de rodapé, que são complementos às demonstrações (sem serem demonstrações), destacadas após as referidas demonstrações (abaixo). A publicação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras está prevista no § 5º do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976, visando fornecer as informações necessárias para esclarecimento da situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou transação, ou de valores relativos aos resultados do exercício, ou para menção de fatos que podem alterar futuramente tal situação patrimonial, critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro; obrigações de longo prazo (credores, taxa de juros, garantias), ajustes de exercícios anteriores, entre outros. O Parecer da Auditoria ou Parecer dos Auditores Independentes complementa as Demonstrações Financeiras, sendo quesito obrigatório para as demonstrações das S.A., instituições financeiras e de outros casos específicos. Trata-se de parecer de auditor externo informando se as referidas demonstrações representam adequadamente a situação patrimonial e financeira da empresa, se foram levantadas de acordo com os Princípios Fundamentais da Contabilidade e se há uniformidade em relação ao exercício anterior. 15 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aExemplo: RELATÓRIOS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS Relatório da Diretoria ___________________________________________________ Em $ milhares Assinatura dos Diretores Parecer dos Auditores Assinatura do Contador – nº registro CRC 16 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Ponto final No capítulo 1, estudamos as Demonstrações Contábeis e entendemos o quanto elas são importantes para a tomada de decisão. Verificamos que, segundo a Lei nº 11.638/2007, temos como demonstrações obrigatórias para as S.A. o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL (ou Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA), a Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado. Já para as Sociedades Limitadas as demonstrações obrigatórias são o Balanço Patrimonial e o Balanço Econômico (DRE + DLPA). Diferenciamos dois tipos societários: Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas, e verificamos que o tratamento das Demonstrações Contábeis varia de acordo com o tipo de constituição da sociedade empresarial. Além disso, vimos a complementação das Demonstrações Contábeis obrigatórias e seus requisitos e modelo para publicação. Nos capítulos seguintes, estudaremos, em detalhes, uma a uma das demonstrações contábeis, sua estrutura e importância para a gestão. Atividades 1) De acordo com o tipo de sociedade por ações, é obrigatória a demonstração: ( ) Das Origens e Aplicações de Recursos para as Cias. de grande porte. ( ) Do Valor Adicionado para as Cias. Abertas. ( ) Dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, no caso das Cias. Fechadas, apenas se seu Patrimônio Líquido for superior a R$ 2 milhões. ( ) Do Fluxo de Caixa, apenas para as Cias. Abertas. ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 2) Atribua letra V para assertivas verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a sequência correta: De acordo com o art. 176 da Lei nº 6.404/76, alterada pela Lei nº 11.638/07, entre as Demonstrações Financeiras que a Cia. de Capital Aberto deverá elaborar ao fi nal de cada exercício social, estão: ( ) Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. ( ) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, Demonstração do Resultado do Exercício. ( ) Demonstração do Fluxo de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado. a) V, V, V b) V, F, V 17 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a c) V, V, F d) F, V, V e) F, V, F 3) A Lei nº 11.638/07, ao modifi car alguns artigos da Lei nº 6.404/76, introduziu a obrigatoriedade da elaboração de duas demonstrações contábeis adicionais pelas Cias. Abertas: a) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados e Demonstração do Valor Adicionado. b) Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. c) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.d) Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração do Fluxo de Caixa. e) Demonstração de Dividendo Obrigatório e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. 4) Em relação às demonstrações contábeis é correto afi rmar: a) A Demonstração das Mutações Patrimoniais mostra a variação da posição fi nanceira da entidade no curto prazo. b) A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados pode ser substituída, com vantagens, pela Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. c) No Balanço Patrimonial, constituem contas redutoras de Patrimônio Líquido: prejuízos acumulados, ações em tesouraria, capital social a integralizar, ajustes de avaliação patrimonial. d) O cálculo do valor dos dividendos a pagar por ação é evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício. e) No Balanço Patrimonial, as contas do Ativo são apresentadas em grau crescente de liquidez, e as do Passivo em grau crescente de exigibilidade. 5) Em relação às demonstrações contábeis, considere as seguintes afi rmativas: I. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, de acordo com a Lei nº 6.404/76, é de apresentação obrigatória para todas as sociedades anônimas. 18 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a II. No Balanço Patrimonial está evidenciado o capital de terceiros de uma entidade (e seu consequente grau de endividamento). III. Na Demonstração/Conta de Lucros/Prejuízos acumulados é evidenciada a distribuição do Resultado do Exercício. IV. A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos evidencia as causas que geram a variação das disponibilidades. V. A apresentação do Balanço Social é obrigatória apenas para todas as S.A. Está correto o que se afi rma: a) I e II b) II e III c) III e IV d) IV e I e) V e II 6) Elabore um quadro comparativo entre as Leis nº 6.404/76 e nº 11.638/07 acerca das demonstrações obrigatórias para as sociedades por ações (abertas e fechadas): Sintetize com suas palavras o que evidencia cada uma das demonstrações contábeis: a) Balanço Patrimonial. b) Demonstração do Resultado do Exercício. c) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. d) Demonstração do Fluxo de Caixa. e) Demonstração do Valor Adicionado. 7) Cite e explique os relatórios que complementam as Demonstrações Financeiras: a) Relatório da Diretoria. b) Notas Explicativas. c) Parecer de Auditoria. d) Diferencie e caracterize as Sociedades Anônimas e as Sociedades Limitadas. 8) Qual a importância das Demonstrações Financeiras para o administrador? Contextualize sua resposta. 2 BALANÇO PATRIMONIAL Simone Loureiro Brum Imperatore O termo “Balanço Patrimonial” nos remonta a uma balança de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade (ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO). A balança ainda remete à ideia de mensuração do peso. Só que no caso do Balanço Patrimonial não se mede o peso, mas o patrimônio. O termo patrimonial, por sua vez, tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obrigações. Juntando as duas partes, obtém-se o Balanço Patrimonial, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. Em sentido amplo, o balanço evidencia a posição contábil, financeira e econômica de uma entidade em determinada data, representando uma posição estática (posição ou situação do patrimônio em determinada data). 2.1 O que é Balanço Patrimonial? O Balanço Patrimonial apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (exigibilidades e obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e passivos. O Balanço Patrimonial é uma das peças extraídas dos livros contábeis, que faz parte do conjunto das Demonstrações Financeiras e é elaborado segundo os princípios contábeis geralmente aceitos. Segundo Matarazzo (2008, p.41) O Balanço Patrimonial é a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – Ativo –, assim como as obrigações – Passivo Exigível – em determinada data. A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente. 20 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Assim, temos a chamada Equação Patrimonial Básica, conforme apresentado a seguir. ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Assaf Neto (2002, p.58) menciona que o balanço apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A informação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento. É a principal demonstração contábil usada por bancos, governo, fornecedores, sindicatos, sócios, acionistas. Reflete a posição financeira em determinado momento, normalmente no final do ano (exercício social) ou de um período prefixado. É como se tirássemos uma foto da empresa e víssemos de uma só vez todos os bens, valores a receber (direitos) e valores a pagar (obrigações) em determinada data. Iudícibus e Marion (2006, p.19) explicam a expressão Balanço Patrimonial: O termo balanço decorre do equilíbrio ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO, ou da igualdade APLICAÇÕES = ORIGENS DOS RECURSOS. Parte da ideia de uma balança de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de balança (como a Balança Comercial) denominamos no masculino: Balanço. A expressão patrimonial origina-se do patrimônio global da empresa, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, a riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a Situação Líquida. Compondo as duas expressões, teremos a expressão Balanço Patrimonial, o equilíbrio do patrimônio, a igualdade patrimonial. 2.2 Os grupos de contas do Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser entendida, pois visa mostrar a situação econômico-financeira da empresa para leigos, sendo constituído de duas colunas, conforme convenção da Lei nº 6.404/76, que regulamenta as Sociedades por Ações: a) A coluna do lado direito chama-se PASSIVO (obrigações e Patrimônio Líquido); b) A coluna do lado esquerdo chama-se ATIVO (bens e direitos). Para facilitar a leitura, análise e interpretação do Balanço, Ativo e Passivo dividem- se em grupos de contas que apresentam as contas de mesmas características (prazo e grau de liquidez). Duas regras básicas orientam a distribuição de contas no Balanço Patrimonial: 21 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aa) Prazo (vencimento): em Contabilidade, CURTO PRAZO significa, normalmente, o período de até um ano, e LONGO PRAZO, o período superior a um ano. Assim, na data de elaboração do Balanço, 31/12/20XX, por exemplo, todas as contas a receber até 31/12/20X1 (um ano da elaboração do balanço) serão agrupadas num mesmo título do Ativo (Ativo Circulante), assim como todas as contas a pagar até o fi nal do ano seguinte (31/12/20X1) serão agrupadas num mesmo título no Passivo (Passivo Circulante). O mesmo ocorre com as contas de LONGO PRAZO que são classifi cadas em Ativo Não Circulante, no subgrupo Realizável a Longo Prazo (direitos realizáveis num período superior a um ano) e no Passivo Não Circulante (obrigações vencíveis num período superior a um ano). b) Grau de LIQUIDEZ: liquidez vem do verbo liquidar, pagar os compromissos, assim, os itens mais rapidamente conversíveis em dinheiro são classifi cados em primeiro plano. Assim, temos caixa, bancos, duplicatas a receber, mercadorias em estoque, etc. A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do Balanço Patrimonial. 2.2.1 Ativo No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de realização, ou seja, de acordo com a facilidade de conversão em dinheiro. Assim, os itens patrimoniais cuja velocidade de conversão em dinheiro é maior (caixa, bancos, contas a receber, mercadorias) são classificados em primeiroplano. Os de menor liquidez (valores a receber no longo prazo, máquinas e equipamentos, veículos, terrenos, etc.) aparecem num segundo plano, de acordo com a velocidade (ou potencialidade de conversão em dinheiro). Os elementos registrados estão estruturados nos seguintes subgrupos (de acordo com o parágrafo 1º do artigo 178 da Lei nº 6.404/76 alterado pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09): a) Ativo Circulante; b) Ativo Não Circulante: compreende Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. IMPORTANTE: Para ser Ativo, é preciso preencher quatro requisitos: a) ser classifi cado em bens e ou direitos; b) ser de propriedade da empresa; c) avaliável monetariamente (R$); d) representar benefícios presentes ou futuros. 22 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Ativo Circulante O Ativo Circulante engloba contas que constantemente estão em giro, em movimento (daí a expressão circulante). Constitui o capital de giro da empresa, onde estão dispostas as contas Caixa, Bancos e outros itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, dentro de um ano (contas a receber, bens de consumo, investimentos temporários, mercadorias para revenda, etc.). De acordo com a Lei nº 6.404/76, o Ativo Circulante subdivide-se em: a) Disponível: refere-se às contas onde são registrados os valores que representam o dinheiro em caixa, os saldos disponíveis em contas de movimento bancário, os saldos de contas relativas aos ativos imediatamente liquidáveis; b) Direitos (créditos) Realizáveis no Exercício Seguinte: saldos relativos a aplicações em valores mobiliários, operações no mercado aberto; contas a receber, com vencimentos para o exercício seguinte, tais como: contas ou duplicatas a receber por vendas mercantis (inclusive cheques pré-datados); adiantamentos a empregados, adiantamentos a diretores/sócios, impostos a recuperar/restituir, e outros; c) Estoques: incluem três contas: • estoque de mercadorias, matérias-primas, embalagens e materiais secundários empregados em processo de produção, materiais de consumo e produtos em trânsito, subprodutos e resíduos; • estoque de imóveis prontos para a venda ou em construção com prazo de entrega até 12 meses (no caso de construtora); • estoque de materiais em poder de terceiros para benefi ciamento. d) Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte (ou Despesas Antecipadas): registram-se neste subgrupo os valores das despesas pagas antecipadamente, ou, em outras palavras, cujo prazo de vigência é futuro, devendo ser contabilizadas mensalmente de acordo com o período a que se refere: Prêmios de Seguros a Apropriar ou a Vencer; Despesas Financeiras a Apropriar ou a Vencer; Aluguéis a Apropriar ou a Vencer. O termo “a Apropriar” (ou a Vencer) refere-se à aplicação do Princípio da Competência, no qual se deve reconhecer e classificar as contas de resultado (receitas e despesas) no período a que se referem, independentemente do seu efetivo recebimento (receitas) ou pagamento (despesas). Assim, se pago o aluguel da empresa antecipado, com vigência para 18 meses, preciso registrar o valor pago antecipadamente como despesa apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento” da despesa no mês correto (aluguel de janeiro de 2010 contabilizado no mês de janeiro de 2010 e assim sucessivamente). 23 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aAtivo Não Circulante Este grupo compõe-se de subgrupos, a saber: Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível, conforme veremos a seguir. a) Realizável a Longo Prazo Neste subgrupo são registrados os direitos realizáveis após o encerramento do Exercício Seguinte (mais de 360 dias após o encerramento do Balanço Patrimonial): Duplicatas a Receber, Adiantamentos ou Empréstimos a Fornecedores ou a Sociedade Coligada ou Controlada, Adiantamentos ou Empréstimos a Diretoresd. Também são registradas as despesas apropriáveis após o encerramento do Exercício Seguinte referentes a encargos financeiros exigíveis após o exercício seguinte ao do encerramento do Balanço. b) Investimentos Em que podem ser registrados: • as participações permanentes em outras sociedades; • os empreendimentos relativos ao plantio de fl orestas destinados à proteção do solo ou à preservação do meio ambiente, sem que se destinem à manutenção da atividade da empresa; • as importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, desde que não sejam para revenda ou destinadas à manutenção das atividades da empresa (ex.: imóveis para aluguel); • as aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da pessoa jurídica. c) Imobilizado Registram-se nesse subgrupo os bens e os direitos que tenham por objeto bens destinados para a manutenção das atividades da empresa ou exercidos com essa finalidade. Exemplos: máquinas, equipamentos, construções, veículos, móveis e utensílios, etc. d) Intangível Registram-se neste grupo os direitos correspondentes à propriedade industrial e comercial da empresa, as patentes de invenção, as marcas, fórmulas e processos de fabricação, valor do ponto comercial e outros de idêntica natureza. d No caso de adiantamentos/empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (do mesmo grupo empresarial) e ou adiantamentos/empréstimos a sócios/diretores, a legislação societária obrigada à sua contabilização no longo prazo, independentemente de seu prazo contratual. A máxima é: “negócios em família”, a contabilização é sempre no longo prazo! 24 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a 2.2.2 Passivo Em ordem de exigibilidade (vencimento), as contas do Passivo são estruturadas nos seguintes grupos: a) Passivo Circulante São registradas as obrigações da empresa que serão pagas no prazo de um ano (curto prazo). As principais contas do Passivo Circulante são: • Fornecedores: origina-se das operações de compra a prazo, no mercado nacional ou no exterior, de matérias-primas destinadas ao processo produtivo, mercadorias com a fi nalidade de revenda ou outros materiais ou insumos; • Tributos a Pagar/Recolher: compreende as obrigações relativas a impostos, taxas e contribuições; • Salários e Encargos Sociais: compõe-se das obrigações da empresa para com seus empregados e aos agentes arrecadadores de contribuições sociais, bem como as obrigações conhecidas como previsíveis e calculáveis na data do balanço; • Empréstimos e Financiamentos de Instituições Financeiras: compreende os recursos obtidos pela empresa junto a instituições fi nanceiras do País com a fi nalidade de fi nanciar imobilizações ou o próprio giro do negócio; • Além das contas descritas acima, podemos encontrar muitas outras contas no Passivo Circulante, tais como: adiantamentos, contas a pagar, dividendos, gratifi cações e participações, empréstimos em moeda estrangeira, etc. b) Passivo Não Circulante Registram-se as contas que representam as obrigações vencíveis após o prazo de um ano (encerramento do exercício seguinte). Classificam-se neste grupo as seguintes contas: • Financiamentos; • Parcelamentos de Débitos Fiscais e Sociais; • Créditos de Empresas Coligadas e Controladas; etc. Em sentido restrito, poderíamos considerar como PASSIVO apenas o Passivo Exigível (Circulante e Não Circulante). Em sentido amplo, porém, esse termo é utilizado como o total das exigibilidades (dívidas com terceiros) e dos recursos próprios (Patrimônio Líquido), a saber. 25 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci ac) Patrimônio Líquido Conforme já estudamos, o Patrimônio Líquido é a diferença entre o Ativo e o Passivo. Representa os investimentos dos proprietários (Capital Social), mais os lucros reinvestidos (reservas). Deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados. Saliente-se que no capítulo 3 estudaremos mais detalhadamente as reservas. Para sua melhor compreensão, apresentamosa seguir um resumo dos Grupos e Subgrupos do Balanço Patrimonial: Quadro 1 – Grupos do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO CIRCULANTE São contas que estão constantemente em giro – movimento –, sendo que a conversão em dinheiro ocorrerá, no máximo, no próprio exercício social. CIRCULANTE São obrigações exigíveis que serão liquidadas nos próximos 360 dias após o levantamento do Balanço Patrimonial. NÃO CIRCULANTE a) Realizável a Longo Prazo: São bens e direitos que se transformarão em dinheiro um ano após o levantamento do BP. b) Investimentos: São as inversões financeiras de caráter permanente que geram rendimentos e que não são necessárias à manutenção da atividade fundamental da empresa. c) Imobilizado: São itens de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção da atividade básica da empresa. d) Intangível: Bens e direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa ou exercidos com essa finalidade. NÃO CIRCULANTE Exigível a Longo Prazo São as obrigações (dívidas de longo prazo) que serão liquidadas com prazo superior a um ano após o levantamento do Balanço Patrimonial. PATRIMÔNIO LÍQUIDO São os recursos dos proprietários aplicados na empresa. Tais recursos significam o Capital mais o seu rendimento (lucros) e reservas. Fonte: elaborado pela autora. 26 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Cabe salientar a importância de compreender o que encontramos em cada grupo patrimonial para facilitar a compreensão do Balanço Patrimonial. 2.3 Principais deduções do Ativo e do Patrimônio Líquido A seguir, são apresentadas as principais deduções (contas redutoras ou de ajuste) relacionadas ao Ativo Circulante, ao Ativo Não Circulante e ao Patrimônio Líquido. 2.3.1 Deduções do Ativo Circulante No item Duplicatas a Receber (ou Contas a Receber/CLIENTES), encontram-se duas deduções: a) a parcela estimada pela empresa que não será recebida (inadimplência), com o título Provisão para Devedores Duvidosos (o cálculo é feito de acordo com a média considerada incobrável em exercícios anteriores); b) parcela das duplicatas a receber negociadas com as instituições fi nanceiras (antecipação de recebíveis), com o título de Duplicatas Descontadas; c) na conta Estoques, se o valor de mercado deste item for menor que o valor do custo de aquisição ou produção, deverá ser deduzida a provisão para ajustá-lo ao valor de mercado (conservadorismo). 2.3.2 Deduções do Ativo Não Circulante No grupo Investimentos, encontram-se como deduções as Provisões para Perdas, com o objetivo de cobrir as perdas prováveis na realização financeira, quando comprovadas (tais perdas) como permanentes. No Imobilizado, como dedução do valor bruto, encontram-se as contas Depreciação, Amortização e Exaustão. A perda de valor dos bens do Ativo Não Circulante em virtude da ação do tempo, uso, da evolução técnica (obsolescência), ou exaustão, será registrada periodicamente nas contas de: a) Depreciação Acumulada: corresponde à perda do valor dos bens que têm por objeto bens físicos (tangíveis) sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou por obsolescência técnica. A taxa anual de depreciação é determinada em função da vida útil do bem, isto é, do prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica dele na produção. A Secretaria da Receita Federal estabelece e publica as taxas de depreciação conforme o prazo de vida útil admissível para cada item do Ativo Imobilizado; 27 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci ab) Amortização Acumulada: quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial, marcas, patentes, benfeitorias em imóveis de terceiros e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada. A taxa anual de amortização é fixada considerando-se: o número de anos restantes da existência do direito amortizável e a legislação do Imposto de Renda (prazos mínimos e máximos); c) Exaustão Acumulada: corresponde à perda do valor decorrente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou fl orestais, ou bens aplicados nessa exploração. As mineradoras poderão considerar como custo ou despesa, em cada exercício, o valor correspondente à percentagem extraída de minério no período sobre o custo de aquisição ou prospecção dos recursos minerais explorados. O valor da quota de exaustão fl orestal em cada exercício é apurado através da identifi cação do percentual entre o volume de recursos fl orestais explorados em relação ao volume da fl oresta no início do período-base. 2.3.3 Deduções do Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido pode ser reduzido: a) quando há prejuízo no exercício, evidenciado pela conta Prejuízos Acumulados; b) quando houver capital ainda não realizado, o Patrimônio Líquido demonstrará o montante do valor subscrito pelos sócios e, por dedução, o valor ainda pendente de realização em dinheiro ou outros bens e direitos na conta Capital Social a Integralizar; c) também será demonstrado por dedução o valor empregado nas aquisições de ações ou quotas do capital social da própria sociedade na conta Ações em Tesouraria; d) outra conta redutora de Patrimônio Líquido é Ajustes de Avaliação Patrimonial, em que se contabilizam os ajustes negativos (diminuições) de avaliações de Ativos a preço de mercado. Na sequência, apresentamos a estrutura do Balanço Patrimonial segundo a Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/09. 28 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Quadro 2 – Estrutura básica do balanço patrimonial. ATIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES Caixa Bancos Conta-Corrente Aplicações de Liquidez Imediata CRÉDITOS Clientes (-) Provisão para Devedores Duvidosos (-) Duplicatas Descontadas Títulos a Receber Bancos Conta Vinculada Adiantamentos a Terceiros Adiantamentos a Funcionários Impostos a Recuperar ESTOQUES Mercadorias para Revenda Matérias-primas Materiais de Embalagem Materiais de Limpeza DESPESAS ANTECIPADAS Prêmios de seguros a apropriar Encargos financeiros a apropriar Aluguéis a apropriar NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Clientes Bancos conta Vinculada Títulos a Receber Créditos de Acionistas Créditos de Diretores Créditos de Coligadas e Controladas Adiantamentos a Terceiros Impostos a Recuperar Investimentos Participação em sociedades (controladas e coligadas) Participações em outras empresas Imóveis não de uso – de renda Direito de Exploração de Recursos Naturais (minerais e vegetais) (-) exaustão acumulada Imobilizado Terrenos Instalações Máquinas, aparelhos e equipamentos Móveis e Utensílios Veículos Ferramentas (-) depreciação acumulada Obras em andamento Intangível Marcas, direitos e patentes industriais (-) amortização acumulada PASSIVO CIRCULANTE Empréstimos Fornecedores Obrigações fiscais e sociais Adiantamento de clientes Utilidades e serviços a pagar Gratificações a empregados, diretores, administradores Salários, férias e 13º salário a pagar Títulos a Pagar Debêntures a Pagar NÃO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Empréstimos e financiamentos Títulos a Pagar PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social (-) Capital social a integralizar (-) Ações em tesouraria (- +) Ajustes de avaliação patrimonial (-) Prejuízos acumulados Reservas Fonte: Lei nº 6.404/76, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. 29 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aObservada a estrutura básica do Balanço Patrimonial conforme a legislação vigente, cabe ressaltar a importância dessa demonstração na gestão da empresa, tendo em vista que apresenta, de forma sucinta, as origens (Passivo e Patrimônio Líquido) e as aplicações (Ativo) de recursos, de onde temos os subsídios para as decisões de investimento e financiamento. 2.4 Decisões de investimento e financiamento Entende-se por investimento toda a aplicação de capital em algum ativo (bens e direitos) tangível ou intangível, para obter determinado retornono futuro. Um investimento pode ser a criação de uma nova empresa, ou pode ser um projeto em uma empresa já existente, por exemplo. No setor industrial, o projeto de investimento mais clássico é a aquisição de novas linhas de produção. Mas também são importantes os projetos de reposição de equipamentos, reforma de linhas de produção antigas, projetos para automação industrial, projetos para adoção de novas tecnologias e projetos linha verde, objetivando reduzir os impactos ambientais dos processos produtivos. No setor agroindustrial, os projetos envolvem aplicações de recursos na aquisição de maquinário agrícola, na construção de silos e armazéns, no melhoramento genético e do solo, no aumento da produtividade, na formação de cooperativas, no processamento de produtos in natura, agregando valor na informatização do controle da produção e nos canais de comercialização. Já no setor de serviços, os projetos de investimento referem-se desde a reforma de instalações até campanhas publicitárias. Os gastos com automação comercial e sistemas de informações gerenciais também são projetos de investimento, na medida em que podem aumentar ou diminuir o valor da empresa no longo prazo. No segmento comercial, os projetos centram-se nos investimentos em marketing, diferenciais mercadológicos, TI, dentre outros. O Quadro 3 ilustra as principais questões que devem ser respondidas antes de se tomar uma decisão de investimento na empresa, utilizando-se da estrutura do Ativo. Sabe-se que esta estrutura se altera em função do ramo de negócios da empresa e de suas características específicas, no entanto, em quaisquer ramos, as questões respondidas são semelhantes para qualquer empresa. 30 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Quadro 3 – Decisão de Investimento. ATIVO Questões a serem respondidas Ativo Circulante (até 360 dias) Disponibilidades Créditos Estoques Despesas Antecipadas Ativo Não Circulante (+ de 360 dias) Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Onde estão aplicados os recursos financeiros? Quanto em ativos circulantes? Quanto em ativos não circulantes? Em quais? Qual a melhor composição dos ativos? Qual o risco do investimento? Qual o retorno do investimento? Quais as novas alternativas de investimentos? Como decidir em quais ativos investir? Como maximizar a rentabilidade dos investimentos existentes? O que deve ser descartado, reduzido ou eliminado por não acrescentar valor? Fonte: adaptado de Lemes Júnior, Rigo, Cherobim. (2002, p.10) No que se refere às decisões de financiamento, a composição de recursos da empresa é chamada de ESTRUTURA FINANCEIRA e pode ser verificada do lado direito do balanço: o PASSIVO. Tais decisões envolvem a escolha da estrutura de capital, a determinação do custo de capital e a captação de recursos. Remetem, portanto, à definição das fontes de financiamentos a serem utilizadas nas atividades da empresa e nos projetos de investimento. Os recursos financeiros advêm de duas fontes: capital próprio (Patrimônio Líquido) e de terceiros (obrigações, dívidas). O capital próprio é formado por recursos dos proprietários e acionistas da empresa. Tais recursos são feitos no longo prazo, através da compra de ações, do investimento em cotas, do reinvestimento de lucros gerados, etc. O capital de terceiros entra na empresa por meio de empréstimos e financiamentos obtidos de instituições financeiras, além das dívidas da empresa com fornecedores (duplicatas a pagar), com funcionários (salários a pagar), com o governo (tributos a pagar/recolher), conforme evidenciado no Quadro 4. 31 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aQuadro 4 – Decisões de financiamento. Passivo Questões a serem respondidas Passivo Circulante (até 360 dias) Fornecedores Empréstimos e Financiamentos Impostos a Pagar Salários a Pagar Encargos a Recolher Outros Passivo Não Circulante (+ 360 dias) Financiamentos Patrimônio Líquido Capital Social Reservas Ajustes de Avaliação Patrimonial • Qual a estrutura de capital? • De onde vêm os recursos? • Qual a participação de capital próprio? • Qual a participação de capitais de terceiros? • Qual o perfil do endividamento? • Qual o custo de capital? Como reduzi-lo? • Quais as fontes de financiamento utilizadas e seus respectivos custos? • Quais deveriam ser substituídas ou eliminadas? • Qual o risco financeiro? • Qual o sincronismo entre os vencimentos das dívidas e a geração de meios de pagamento? Fonte: adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim. (2002, p.12) As questões pontuadas por Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002) nos remetem às primeiras “leituras” do Balanço Patrimonial, com vistas a compreender as informações contidas nesse relatório. Analistas, bancos, investidores, sindicatos, fornecedores, governo, buscam respostas a tais indagações com vistas a mensurar o risco e a liquidez das entidades, tópicos que estudaremos a seguir. Ponto final O Balanço Patrimonial é a demonstração financeira destinada a evidenciar, de forma qualitativa e quantitativa, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da entidade. No Balanço Patrimonial as contas deverão ser classificadas de acordo com os elementos do patrimônio que registrem, de forma a facilitar sua leitura e interpretação. Saliente-se que no Ativo (aplicações de recursos – bens e direitos) as contas estão organizadas em ordem dos prazos esperados de realização, enquanto que no Passivo (origem dos recursos) estão em ordem de exigibilidade (vencimento). 32 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Atividades 1) O Balanço Patrimonial serve como elemento de partida fundamental para o conhecimento da situação fi nanceira e patrimonial da entidade. Em relação ao Balanço Patrimonial, é correto dizer: a) O Passivo representa as aplicações dos recursos. b) Os capitais de terceiros contemplam os bens e direitos da organização. c) O Ativo representa as aplicações de recursos. d) As obrigações vencíveis no curto prazo devem ser registradas no Ativo Circulante. e) Apresenta a formação do resultado do exercício. 2) O Balanço Patrimonial é a fotografi a dos atos e fatos contábeis de uma entidade, expresso em valores monetários. É fi nalidade do Balanço Patrimonial: a) Demonstrar o resultado do exercício. b) Evidenciar as mutações do Patrimônio Líquido. c) Detalhar a movimentação dos recursos fi nanceiros disponíveis. d) Demonstrar a situação patrimonial e fi nanceira da empresa/organização, no encerramento do exercício social, e as mutações ocorridas durante o exercício. e) Apresentar as mutações do Patrimônio Líquido. 3) Em relação ao Balanço Patrimonial, as Disponibilidades, os Direitos Realizáveis durante o exercício social seguinte ao do Balanço, bem como as aplicações de recursos em Despesas do Exercício Seguinte, serão classifi cados em: a) Ativo Circulante. b) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. c) Ativo Não Circulante Imobilizado. d) Ativo Não Circulante Investimentos. e) Ativo Não Circulante Intangível. 33 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a4) As contas que representam bens destinados à manutenção das atividades da empresa, como: Móveis e Utensílios, Veículos, Instalações, Imóveis, Computadores e Periféricos, etc., são classifi cadas: a) No Ativo Circulante. b) No Passivo Exigível a Longo Prazo. c) No Ativo Não Circulante Imobilizado. d) No Ativo Não Circulante Intangível. e) No Ativo Não Circulante Investimentos. 5) Os direitos realizáveis compreendem as contas representativas de direitos ou valores a receber que, embora não representem dinheiro disponível em determinada data, serão convertidos em dinheiro em maior ou menor prazo. As contas que representam direitos a receber no curto prazo são classifi cadas: a) No Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. b) No Ativo Circulante. c) No Passivo Circulante. d) No Ativo Não Circulante Investimentos. e) No Passivo Circulante. 6) As obrigações de longo prazo referem-se aos valoresa pagar cuja liquidação ocorrerá em prazo superior ao seu ciclo operacional ou após o exercício social seguinte. As contas que representam obrigações de longo prazo devem ser classifi cadas: a) No Passivo Circulante. b) No Passivo Não Circulante. c) No Patrimônio Líquido. d) No Ativo Circulante. e) No Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. 34 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a 7) No Balanço Patrimonial, as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte deverão ser classifi cadas no: a) Ativo Intangível. b) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. c) Ativo Circulante. d) Ativo Não Circulante Imobilizado. e) Patrimônio Líquido. 8) O Balanço Patrimonial da empresa Lizbela Confecções está assim constituído: Ativo Circulante R$ 3.000.000 Ativo Não Circulante R$ 10.000.000 Passivo Circulante R$ 2.000.000 Passivo Não Circulante R$ 1.500.000 Patrimônio Líquido R$ 9.500.000 Com base nessas informações, pode-se afi rmar que: a) O seu capital próprio é de R$ 13.000.000. b) O capital de terceiros é de R$ 1.500.000. c) O conjunto de bens e direitos disponíveis e realizáveis no curto prazo é de R$ 3.000.000. d) As obrigações exigíveis no longo prazo totalizam R$ 2.000.000. e) As aplicações de recursos totalizam R$ 10.000.000. 35 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a9) Aponte a alternativa em que não há correlação entre os termos agrupados: a) Máquinas e equipamentos; veículos para entrega de mercadorias; imóvel da fábrica. b) Caixa; Bancos conta Movimento; Aplicações Financeiras de Liquidez Imediata. c) Capital Social; Ajustes de avaliação patrimonial; Reservas de Lucro. d) Duplicatas a Receber (até 6 meses); Estoques; Empréstimos a Sócios/ Empresas Coligadas. e) Salários a Pagar (mês seguinte), Impostos a Recolher (daqui a 30 dias); Fornecedores (curto prazo). 10) As aplicações efetuadas por empresas industriais em bens imóveis que se destinam à renda (para aluguel) devem ser classifi cadas como: a) Ativo Não Circulante Imobilizado. b) Ativo Não Circulante Intangível. c) Ativo Não Circulante Investimentos. d) Ativo Circulante. e) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo. 3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADODO EXERCÍCIO (DRE OU DEREX) Simone Loureiro Brum Imperatore Antes de prosseguirmos com o estudo do DRE, torna-se necessário que você conheça as contas de resultado, quer sejam: as Receitas e Despesas (e custos). Elas aparecem durante o exercício social, encerrando-se (zerando) ao deste. Não fazem parte do Balanço Patrimonial como as contas patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido), mas é por meio delas que sabemos se a empresa apresentou lucro ou prejuízo em suas atividades. Vejamos... 3.1 Receitas São valores que a empresa gera como fonte de recursos financeiros, para atender a seus gastos e manter as suas atividades, ou seja, decorrem da venda de bens (mercadorias) ou da prestação de serviços. Constituem INGRESSOS (entradas) de recursos para o patrimônio da entidade sob a forma de bens e direitos, correspondendo, em geral, a vendas de mercadorias ou prestação de serviços. Podem derivar, também, de remunerações sobre aplicações ou operações financeiras. A receita sempre aumenta o Patrimônio Líquido. Ex.: Vendas à Vista, Vendas a Prazo, Receitas de Prestação de Serviços, Aluguéis Ativos, Juros Ativos, Descontos Obtidos. 3.2 Despesas Segundo Marion (2006, p.78), despesa é todo o sacrifício, todo o esforço da empresa para obter receita. Cherman (2010, p.4) sintetiza: “São gastos consumidos, direta ou indiretamente, na obtenção de receitas”. 38 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a Em outras palavras, é o gasto relativo a bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para: a) comercialização e distribuição dos produtos (despesa de vendas); b) direção geral e área de apoio (despesa administrativas); c) remuneração do capital de terceiros (despesa fi nanceira). As despesas deverão ser registradas por ocasião do consumo dos bens ou serviços utilizados pela empresa para a manutenção, independentemente de seu efetivo pagamento. Constituem SAÍDAS de recursos e se refletem no Balanço Patrimonial através da redução do saldo de Caixa (ou Banco Conta-Corrente) quando é paga no ato (à vista), ou mediante o aumento de uma obrigação, quando é contraída no presente para ser paga no futuro (a prazo). Ex.: Água e Esgoto, Material de Expediente, Aluguéis Passivos, Juros Passivos, Café e Lanches, Luz, Descontos Concedidos, Salários, Despesas Bancárias, Encargos Sociais, Fretes, Prêmios de Seguros, Impostos, Telefone, etc. Bem, se receitas e despesas são CONTAS DE RESULTADO, as contas que representam bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido (as quais você já conhece) são chamadas de CONTAS PATRIMONIAIS. Fica fácil de diferenciar: Contas Patrimoniais Balanço Patrimonial (bens, direitos, obrigações e PL) Contas de Resultado DRE (receitas, despesas e custos) 3.3 Despesa e custo Precisamos diferenciar despesa e custo. Quando a matéria-prima é adquirida (comprada), constitui um gasto, ou seja, um desembolso (saída de dinheiro, pagamento) para a aquisição de um bem, sendo “estocada” no Ativo. No instante em que essa matéria-prima entra em produção, a reconhecemos como CUSTO. Portanto, todos os gastos no processo de industrialização, que contribuem com a transformação da matéria-prima (fabricação) em produto, entendemos como custos: mão de obra, energia elétrica, manutenção, desgaste de máquinas utilizadas para a produção (depreciação), embalagens, aluguel da fábrica, etc. Já os gastos referentes ao escritório e à administração são classificados em despesas. Observe: o aluguel pode ser tratado como despesa ou custo. Tratando-se de aluguel referente ao prédio da fábrica, será considerado custo; tratando-se de aluguel referente ao prédio do escritório (administração) será considerado despesa. Este 39 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci araciocínio é extensivo ao imposto predial, salários, materiais, depreciação (quando de bens da fábrica, custo; quando de bens do escritório, despesa). Numa empresa comercial, o gasto da aquisição da mercadoria para revenda será tratado como custo; já numa empresa de prestação de serviços, a mão de obra aplicada nos serviços prestados mais o material utilizado nesses serviços serão considerados custos. Para ambas as atividades, todos os gastos na administração, assim como na indústria, serão tratados como despesas. Pela Lei das Sociedades Anônimas, identificamos três tipos de despesas: de vendas, administrativas e financeiras. Vejamos alguns exemplos: a) Despesas com Vendas: salários do pessoal de vendas, marketing e pesquisa de mercado, distribuição, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, despesas com garantia, promoções de bonifi cações, fretes, etc.; b) Despesas Administrativas: salários do pessoal administrativo, encargos sociais, assistência médica, aluguéis, energia elétrica, condomínio, seguros, despesas de viagens, material de escritório, depreciação, impostos, remuneração da diretoria, etc.; c) Despesas Financeiras: juros passivos, descontos concedidos, despesas bancárias, etc.; Para não esquecer: Custos: gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços: Gastos da FÁBRICA – custo dos produtos, custo das mercadorias vendidas Despesas: Gastos do escritório e administração – vendas, administrativas e financeiras para manutenção das atividades da empresa; promoção de vendas. 3.4 Estrutura básica da DRE A DRE é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses). Segundo Azevedo (2009, p.15), “[...] pretende demonstrar qual o lucro ou prejuízo do exercício publicado, bem como a sua estrutura de apuração, demonstrando o ‘caminho’ que o dinheiro percorre dentro de uma empresa até ser apurado o lucro”. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-seas despesase e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Ao apresentar e Atenção: a DRE obedece ao princípio de competência, ou seja, as receitas e despesas são contabilizadas no momento de sua ocorrência, independentemente de seu recebimento ou pagamento. 40 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a o resultado, a DRE evidencia a riqueza gerada pela entidade em determinado período (exercício), sabendo-se que esta riqueza pertence, ao final das contas, aos acionistas/sócios da entidade. RECEITA (-) DESPESA = Lucro ou prejuízo A DRE pode ser simples para micro e pequenas empresas que não requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão, como é o caso de bares, farmácias, mercearias, etc. Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando- se, assim, o lucro, sem destacar os principais grupos de despesas. A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores detalhes para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos, etc. Assim: DRE (simples) DRE (completa) RECEITA RECEITA (-) DESPESA ( - ) DEDUÇÕES Lucro ou prejuízo ( - ) CUSTOS ( - ) DESPESAS ( - ) ___________ Lucro ou prejuízo Importante: A DRE é elaborada a partir da conta Lucros e Perdas (ou Lucros ou Prejuízos Acumulados). Ela é uma demonstração financeira imprescindível para a elaboração do Balanço Patrimonial (deve, inclusive, preceder o levantamento deste). Normalmente, o resultado do exercício das empresas é apurado no final do ano civil. Sua finalidade é melhor evidenciar o ganho, tendo em vista as necessidades de informações do usuário externo, bem como fornecer os dados essenciais à análise da formação do resultado do exercício. Como já vimos, para se apurar o resultado do exercício de uma empresa, basta confrontar o total de despesas com o total das receitas ocorridas em um determinado período. 41 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aQuadro 5 – Estrutura da demonstração do resultado do exercício. ESTRUTURA BÁSICA DA DRE Empresa Z DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Período de 01/01 a 31/12/XX RECEITA BRUTA ( - ) Tributos Incidentes sobre Vendas ( - ) Devoluções e Abatimentos ( - ) Descontos Incondicionais = RECEITA LÍQUIDA ( - ) Custo das Mercadorias Vendidas (se comércio) ou ( - ) Custo dos Produtos Vendidos (se indústria) ou ( - ) Custo dos Serviços Prestados (se empresas de serviços) = RESULTADO BRUTO ( - ) Despesas Operacionais - Vendas - Administrativas - Financeiras Líquidas (despesas - receitas financeiras) = RESULTADO OPERACIONAL ( + ) e/ou ( - ) Outras Receitas e/ou Despesas Operacionais = RESULTADO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ( - ) Provisão para a Contribuição Social = RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA ( - ) Provisão para o Imposto de Renda = RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA ( - ) Provisão para Participação de Debenturistas ( - ) Provisão para Participação dos Empregados ( - ) Provisão para Participação dos Administradores ( - ) Provisão para Participação de Partes Beneficiárias = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Lucro Líquido por ação Fonte: adaptado de Azevedo, 2009. Segundo Azevedo (2009, p.30), “A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem como finalidade, além de evidenciar o resultado do exercício – lucro ou prejuízo –, demonstrar a origem dos recursos próprios que são aplicados na empresa (receitas), assim como todos os gastos (custos e despesas) envolvidos na geração da riqueza da entidade”. Saliente-se que a DRE tem caráter econômico 42 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a (relacionado à riqueza da entidade) e não financeiro (relacionado a dinheiro). O mesmo autor exemplifica a aplicação das informações da DRE: a) o gestor da entidade terá uma visão estratégica, determinando qual o melhor caminho a ser seguido pela organização para o aumento de sua lucratividade, podendo, para tanto, determinar a redução de custos e despesas (quais?), sem comprometer a qualidade dos produtos e serviços; b) o acionista, por sua vez, visualiza as tendências fi nanceiras da entidade, se está aplicando de forma correta e coerente os recursos obtidos (despesas e custos); c) o Governo (fi sco) observa se a empresa está apurando seus impostos com correção; d) a concorrência (no caso de demonstrações publicadas) avalia o sistema de custeio/despesa da empresa; e) os fornecedores, investidores e bancos avaliam o potencial de geração de lucros da entidade. O Quadro 6 evidencia as principais questões que orientam a leitura e a interpretação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE: Quadro 6 – Análise da demonstração do resultado do exercício: questões a serem respondidas. Receita Operacional ( - ) Deduções da Receita Impostos incidentes sobre vendas Devoluções Abatimentos ( = ) Receita Operacional Líquida ( - ) Custos Operacionais ( = ) Resultado Operacional Bruto ( - ) Despesas Operacionais Administrativas Comerciais Financeiras ( = ) Resultado Operacional ( +- ) Outras Receitas/Despesas Operacionais ( = ) Lucro antes IR ( - ) Imposto de Renda ( = ) Lucro Líquido do Exercício Lucro Líquido por Ação Quais os resultados obtidos? Como mantê-los ou melhorá-los? Qual o crescimento das vendas? E dos custos? E das despesas? Qual a participação percentual dos custos e das despesas em relação às receitas? Qual a margem líquida de venda? Quais os custos e despesas que podem ser reduzidos? As receitas obtidas são compatíveis com os investimentos? Os lucros têm atingido as metas estabelecidas? Como são quando comparados com os das melhores empresas do ramo? Fonte: adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim, 2002, p.13. 43 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aAs questões apresentadas pelos autores nos remetem à análise da formação do resultado do exercício e sua comparação com o inicialmente planejado. Como se vê, a DRE fornece detalhes para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucros, destaque dos impostos, evolução das devoluções e dos custos, etc. 3.5 DRE inovada ou EBITDA É comum observarmos, atualmente, relatórios contábeis com a expressão EBITDA. EBITDA em inglês é identificado como Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português é chamado popularmente de Lajida – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. De certa forma, EBITDA é o Lucro Operacional ajustado, quer seja, indica quanto dinheiro os ativos operacionais de uma companhia produzem. Portanto, o EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas através de suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Por isso, alguns profissionais chamam o EBITDA de fluxo de caixa operacional. Observe a comparação de uma DRE Tradicional e uma DRE Inovada com EBITDA de uma empresa comercial. Quadro 7 – Comparação DRE tradicional e inovada.f DRE TRADICIONAL DRE INOVADA Receita 1.600.000 ( - ) CMV (800.000) Lucro Bruto 800.000 ( - ) Despesas Operacionais Vendas (200.000) Administrativasf (350.000) Financeiras (50.000) Lucro Operacional 200.000 ( - ) IR Renda e Contr Social (48.000) Lucro Líquido 152.000 Receita 1.600.000 ( - )CMV (800.000) Lucro Bruto 800.000 ( - ) Desp Vendas (200.000) ( - ) Desp Administrativas (290.000) EBITDA 310.000 ( - ) Depreciação (60.000) ( - ) Desp Financeiras (50.000) Lucro Operacional 200.000 ( - ) IR e Contr Social (48.000) Lucro Líquido 152.000 Fonte: adaptado de Marion, 2006. Segundo Marion (2006, p.106), “EBITDA abrange todos os componentes operacionais (despesa e receita financeira não são operacionais) e os componentes com potencial de afetar o caixa (depreciação não afeta o caixa), evidenciando a capacidade da empresa em gerar recursos considerando seu negócio”. f Incluída depreciação 44 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a O EBITDA representa o potencial de geração operacional decaixa que o ativo operacional de uma empresa é capaz de produzir, antes de considerar o custo de qualquer capital tomado emprestado (despesas financeiras). Não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorrido no período porque parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não estar paga. Assim que recebidas todas as receitas e pagas todas as despesas, esse é o valor de caixa produzido pelos ativos, antes de computadas as receitas e as despesas financeiras (juros), impostos (sobre o lucro), a depreciação, a amortização e a exaustão. Desta forma, consiste o EBITDA num poderoso indicador de desempenho financeiro, posto que reflete o potencial de geração de recursos decorrentes eminentemente das operações da empresa. Note que é excluída do cômputo toda e qualquer despesa escritural, ainda que operacional, a exemplo da depreciação, posto que não representa saída de recursos (desembolso). Sua aplicação tem sido exaustiva no campo de avaliação de empresas, o que ressalta a importância da Contabilidade, ainda que histórica, na fixação de referência de valor. 3.6 Reservas Reservas são valores recebidos dos sócios ou de terceiros que não correspondem a aumento de capital e que não passaram pelas contas de resultado como receita. Podem ser, ainda, lucros retidos com finalidade específica. As reservas não constituem valores em dinheiro, são percentuais predefinidos pela legislação e pelo estatuto da empresa, e, sendo assim, não podem ser distribuídas aos acionistas ou partes interessadas como lucros ou dividendos, pois não têm características de exigíveis. Podem ser: a) Reservas de Capital; b) Reservas de Lucros. 3.6.1 Reservas de capital A reserva de capital é aquela que não se origina do resultado do exercício (lucro), portanto, não transita pela DRE. Originam-se de fatos financeiros e contábeis ocorridos na empresa, dentre os quais destacam-se: a) ágio na emissão das ações: deriva do aumento do capital da empresa, por meio da emissão e venda de novas ações com lucro; esse excedente é chamado de ágio e será classifi cado na conta de Reservas de Capital; b) doações e subvenções para investimentos: são doações e subvenções recebidas pela empresa, vindas da iniciativa pública ou privada, aumentando a sua riqueza. 45 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci aDestinação das Reservas de Capital: a) absorver prejuízos; b) incorporação ao Capital; c) resgate de partes benefi ciárias; d) pagamento de dividendos a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada. 3.6.2 Reservas de lucros As reservas de lucros subdividem-se em: a) Reserva Legal; b) Reservas Estatutárias; c) Reserva para Contingências; d) Reserva Orçamentária; e) Reserva de Lucros a Realizar. A reserva legal é constituída por valor igual a 5% do lucro líquido do exercício e não excederá a 20% do capital social. Tem por fim assegurar a integridade do Capital Social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar capital (Lei das S.A.). As reservas estatutárias, por sua vez, são aquelas previstas nos estatutos da empresa e possuem regras claras que indicam a sua finalidade e fixam os critérios que determinam a parcela anual dos lucros líquidos a serem destinados à sua constituição. O estatuto também determina o limite máximo da reserva. A Assembleia geral poderá, ainda, destinar parte do Lucro Líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. A constituição de tal reserva busca evitar uma situação de desequilíbrio financeiro caso se distribuíssem os dividendos em um exercício, face à probabilidade de redução de lucros ou mesmo ocorrência de prejuízo em exercício futuro, em virtude de fatos extraordinários previsíveis. Como exemplo, temos: suspensão temporária da produção, falta de suprimento de matéria-prima, passivos ambientais, processos tributários, eventos climáticos previstos, etc. Sua constituição é opcional, devendo ser indicadas a causa da perda prevista e a justificativa de sua constituição. Referida reserva deixará de ser constituída e será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição. 46 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a A Reserva Orçamentária, também conhecida como Reserva de Lucros para Expansão, tem a finalidade de garantir o investimento em expansão da empresa quando previsto no orçamento de capital, devendo ser aprovada em assembleia geral. Referido orçamento deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicação de capital e poderá ter a duração de até cinco exercícios, salvo exceções. Por último, no exercício em que os Lucros a Realizar ultrapassarem o total deduzido dos valores destinados às reservas legal, estatutária, contingências e orçamentária, a assembleia geral poderá destinar o excesso à constituição de Reserva de Lucros a Realizar. Pela Lei nº 10.303/01 fica assegurado o cálculo da Reserva de Lucros a Realizar apenas para pagamento de dividendo obrigatório. Ponto final A DRE é apresentada como um resumo ordenado dos componentes que provocam alterações no Patrimônio Líquido das entidades (receitas, despesas e custos). Além de fornecer as informações para a apuração do resultado, a DRE possibilita uma visão gerencial da entidade e, com uma análise mais apurada, avalia-se o desempenho da entidade e a eficiência dos gestores em obter (ou não) resultados positivos. Configura-se num importante instrumento de orientação para a gestão e, junto ao Balanço Patrimonial constitui as demonstrações mais importantes das entidades (e nas quais vamos dedicar especial atenção nos processos de análise e interpretação). Sugestão de leitura complementar: CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis. Atividades 1) Sobre a Demonstração do Resultado do Exercício, é correto afi rmar: I. Compara receitas com despesas do período, apurando seu resultado. II. Indica acréscimos e decréscimos gerados no Patrimônio Líquido, originários das operações da empresa. III. É um relatório contábil que evidencia a situação econômica da entidade. a) Todas as alternativas estão corretas. b) Nenhuma alternativa está correta. c) As alternativas I e II estão corretas. d) Apenas a alternativa I está correta. e) Apenas a alternativa II está correta. 47 UL BR A – E du ca çã o a D ist ân ci a2) A Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período. Relativamente a esse assunto, julgue os itens a seguir, assinalando a resposta correta: a) Na determinação do resultado do exercício, serão computadas apenas as receitas e os rendimentos efetivamente realizados em moeda, no período, assim como custos, despesas, encargos e perdas pagos, correspondentes às receitas e rendimentos. b) A Receita Líquida de Vendas corresponde à receita Bruta de Vendas menos deduções e abatimentos sobre vendas. c) As despesas fi nanceiras, gerais, administrativas e com vendas devem ser demonstradas após a apuração do resultado operacional. d) O Lucro Bruto é igual à Receita Bruta de Vendas ou Serviços mais impostos. e) Regime contábil aplicado à DRE é o de Caixa. 3) Na Demonstração do Resultado do Exercício, a informação contábil que permite saber se uma empresa está obtendo lucro ou prejuízo com as atividades diretamente relacionadas com o objetivo de seu negócio chama-se Resultado: a) Bruto. b) Líquido. c) Operacional. d) Do exercício após o IR. e) Nenhuma das alternativas está correta. 4) No encerramento de uma empresa comercial, apuraram-se, entre outros, os saldos a seguir: Faturamento R$ 700.000 Devoluções de vendas R$ 35.000 Descontos comerciais (abatimentos) sobre vendas R$ 15.000 Impostos incidentes sobre vendas R$ 167.900 Descontos financeiros sobre vendas
Compartilhar