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Trabalho Direito

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UNIP – Universidade Paulista 
 
 
Beatriz Silva Almeida 
RA: F18FAJ0 
 
 
 
Teoria Geral do Processo 
 
 
 
 
 
Orientador: 
Prof. Liberato Félix 
 
 
 
 
São Paulo 
2021 
 
 
Introdução 
 
É nesse contexto que o presente trabalho, tem o objetivo de refletir sobre os 
princípios constitucionais do processo, tutela constitucional do processo, 
princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional e princípio do juiz natural. 
Visto que os princípios constitucionais informadores do processo civil são 
normas fundamentadoras que estabelecem as diretrizes de toda a atividade 
jurisdicional a fim de garantir um processo efetivamente justo. Já a tutela 
constitucional, é matéria que se refere diretamente a teoria do direito processual, 
visto que, traz a ideia do direito ao processo e o direito de acesso ao poder 
judiciário, direito de defesa e ação. Também abordei sobre o princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional, nesse caso, o cidadão poderá buscar 
no Poder Judiciário a reparação ou a proteção aos seus direitos com base no 
princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, considerado 
importantíssimo na defesa de direitos e garantias constitucionais do cidadão ou 
a qualquer outro direito consagrado. E por último, mas não menos importante, o 
princípio do juiz natural se refere à existência de juízo adequado para o 
julgamento de determinada demanda, conforme regras de fixação de 
competência, e à proibição de juízos extraordinários ou tribunais de exceção 
constituídos após os fatos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Princípios Constitucionais do Processo 
 
No Direito, encontram-se três sentidos para a palavra “princípio”. O primeiro 
sentido seriam “supernormas”, melhor dizendo, normas (gerais ou 
generalíssimas) que manifesta valores e que por consequência, são ponto de 
referência, modelo, para regras que as desdobram. 
No segundo, seriam standards, as disposições que preestabelece o conteúdo da 
regra geral. No último, seriam generalizações, conseguidos por indução a partir 
das normas vigentes sobre determinadas matérias. 
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, dentro do Título Dos Direitos 
e Garantias Fundamentais, os princípios processuais constitucionais são: 
Princípio do devido processo legal; 
Princípio da isonomia; 
Princípio do contraditório e da ampla defesa; 
Princípio do juiz natural; 
Princípio da inafastabilidade da jurisdição; 
Princípio da publicidade dos atos processuais; 
Princípio da motivação das decisões; 
Princípio do duplo grau de jurisdição; 
Princípio da proibição da prova ilícita; 
Princípio da Imparcialidade do Juiz; 
Princípio do Estado de Inocência; 
Princípio da Assistência Judiciária Gratuita; 
Princípio da Obrigatoriedade e da Oficialidade. 
Dentre estes conceitos, vamos analisar os que possuem maior relevância: o 
Princípio da Isonomia, do Devido Processo Legal, do Contraditório e Ampla 
defesa, do Juiz natural, da Proibição da prova ilícita, do Duplo grau de jurisdição 
e da Publicidade dos atos processuais. 
 
Princípio do devido processo legal 
 
É o princípio que compromete a todos o direito a um processo com todas as 
etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais. Caso as regras 
básicas não forem observadas no processo, ele se tornará nulo. É considerado 
o princípio mais importante, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em 
uma dupla proteção ao sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o 
indivíduo receba instrumentos para atuar com semelhança de condições com o 
Estado-persecutor. 
De modo geral, a cláusula “due processo of law” se manifesta pela proteção à 
vida, à liberdade e à propriedade em sentido amplo, representando à garantia 
de um processo justo e regular. Em sentido rigoroso, tal princípio atua como 
consequência do Estado de Direito, impondo a obediência ao procedimento 
preestabelecido em lei (artigo 5º, LIV, da Constituição Federal), ao 
contraditório com amplitude de defesa (artigo 5º, LV, da Constituição Federal) 
e à garantia de tratamento isonômico entre os litigantes (artigo 5º, caput, 
da Constituição Federal). 
O princípio do devido processo legal compreende dois aspectos: o substancial 
(aquele que se manifesta de forma ampla, e em vários ramos do direito), e o 
processual (de cunho eminentemente procedimental). E é nesse último sentido 
que vem sendo entendido pela maior parte da doutrina brasileira, conforme 
sustentam Nery Jr. (2014), sendo considerado o princípio fundamental do 
processo, a base sobre a qual todos os outros se sustentam, na medida em 
que assegura o direito de livre e efetivo acesso à justiça. 
 
É costumeiro que a Carta Magna de 1988 consagra em seu texto uma 
expressiva pauta de direitos e garantias, com a simples finalidade de servir 
à cidadania e à democracia. Consequentemente, faz-se necessário destacar o 
artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, o qual prevê que “ninguém será 
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
O princípio do devido processo legal compreende dois aspectos: o substancial 
(aquele que se manifesta de forma ampla, e em diversos ramos do direito), e o 
processual (de cunho eminentemente procedimental). 
O devido processo legal processual exige o respeito a um conjunto de 
garantias processuais mínimas, como o contraditório, o juiz natural, a duração 
razoável do processo e outras. 
O devido processo legal substancial, de outra forma, é uma forma de 
controle de conteúdo das decisões. Se o processo tem seu trâmite garantido 
por impulso oficial até o provimento final com uma sentença ou acórdão, daí é 
de se concluir que há devido processo legal se esta decisão é devida / 
adequada, leia-se: proporcional e razoável. 
 
Princípio da Isonomia 
 
O significado de isonomia, como o nome esclarece (“isso”, igual, e “nomia”, lei) 
adquire contornos mais concretos na perspectiva jurídica. 
Isonomia significa a igual aplicação da lei àqueles que a ele se submetem. Se a 
igualdade pressupõe um tratamento amplo igualitário, a isonomia aplica-se 
especificamente às normas. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728364/inciso-liv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728312/inciso-lv-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://jus.com.br/tudo/cidadania
Dessa forma, o que é válido juridicamente para um, deve ser válido também para 
todos aqueles que preencham as condições de aplicação daquela norma. Por 
exemplo: se a única condição para que se aplique uma norma é que o indivíduo 
seja um cidadão brasileiro, nesse caso, deve-se aplicar a mesma norma a todos 
os cidadãos brasileiros. Entretanto, se uma norma especial, como aquelas 
previstas no ECA, possui como requisito que o indivíduo tenha até 18 anos, 
então deve-se aplicar isonomicamente a todos os que tenham até 18 anos, mas 
não aos que ultrapassem a faixa etária. 
Ao mesmo tempo, todavia, em que a isonomia presume a igual aplicação das 
normas àqueles que preencham iguais condições, pressupõe também aplicação 
desigual das normas conforme as desiguais condições. Este é um pressuposto 
que visa, assim, a equidade no Direito, ao equilibrar relações desiguais. 
 
Princípiodo contraditório e da ampla defesa 
 
O princípio do contraditório e da ampla defesa, em Direito processual, é um 
princípio jurídico fundamental do processo judicial moderno. Expressa a garantia 
de que ninguém pode sofrer os efeitos de uma sentença sem ter tido a 
possibilidade de ser parte do processo do qual está processo, ou seja, sem ter 
tido a possibilidade de uma efetiva participação na formação da decisão judicial 
(direito de defesa). O princípio é derivado da frase latina Audi alteram partem (ou 
audiatur et altera pars), que significa “ouvir o outro lado”, ou “deixar o outro lado 
ser ouvido bem”. 
Exige a necessidade de uma dualidade de partes que sustentam posições 
jurídicas opostas entre si, de forma que o tribunal encarregado de instruir o caso 
e proferir a sentença não assume nenhuma posição no litígio, limitando-se a 
julgar de maneira imparcial segundo as pretensões e alegações das partes. 
Desse modo, o princípio do contraditório é uma consequência do princípio do 
devido processo legal, e significa que todo o acusado terá o direito de resposta 
contra a acusação que lhe foi feita, utilizando, para tal, todos os meios de defesa 
admitidos em direito. 
O princípio do contraditório e da ampla defesa é assegurado pelo artigo 5º, inciso 
LV da Constituição Federal. Já a ampla defesa corresponde ao direito da parte 
de se utilizar de todos os meios ao seu favor para alcançar seu direito, seja 
através de provas ou de recursos. 
Na verdade, os dois princípios resultam de um outro princípio, ainda mais básico, 
que é o da igualdade de armas, ou isonomia processual. Como em um processo 
todas as partes litigantes estão paralelo do juízo processante, ou seja, estão em 
pé de igualdade, tudo o que uma parte afirma a outra poderá argumentar. Da 
mesma forma toda a oportunidade experimental outorgado para uma, será 
outorgado para a outra. Portanto, embora conceitualmente diferentes, esses dois 
princípios se completam, conspirando para o surgimento da única verdade que 
interessa para o processo: a verdade processualmente válida. Quando essa 
verdade surge e se materializa de forma definitiva (e isso acontece com a coisa 
julgada), já não importará a verdade do autor, a verdade do réu ou mesmo da 
opinião pública. 
Apesar de existir uma tendência no direito processual civil no sentido de 
comparar contraditório e ampla defesa, não é possível fundi-los no direito 
processual penal, seja porque só há contraditório no processo (não há 
contraditório no inquérito policial, por exemplo, seja porque a ampla defesa é 
desenvolvida em qualquer procedimento investigativo, haja ou não previsão legal 
de contraditório. Quando, por exemplo, o investigado, ao prestar declarações 
perante a autoridade policial, se vale do direito ao silêncio, não está exercendo 
o contraditório, mas o seu direito de defesa. O mesmo ocorre quando pede 
acesso aos autos do inquérito policial ou requer determinada diligência. Além 
disso, o contraditório é igualmente aplicável à acusação e à defesa, razão pela 
qual ambos devem ser informados dos atos praticados para (eventualmente) 
refutá-los. Já a ampla defesa diz respeito apenas à defesa mesma. 
Em resumo, assim como é possível contraditório sem ampla defesa, é possível 
ampla defesa sem contraditório. 
Todos sabem que o princípio do contraditório, de ordem constitucional, reflete-
se tanto no âmbito do processo civil quando no do processo penal – dentre outras 
áreas. O que muitos confundem é seu modo de aplicação, já que há diferenças 
no tratamento. 
 
Aplicação no Processo Civil 
 
Do princípio, desvencilham-se neste ramo duas exigências: 
 
A primeira de que os litigantes nos processos devem saber de tudo o que nele 
ocorre. Em breve, quando o autor exerce seu direito de ação perante o Judiciário, 
o réu tem o direito de ser informado sobre a existência do processo. 
A segunda de permitir que ambas as partes possam se manifestar no processo 
e apresentem suas razões e pretensões, que se oponham ao apresentado pelo 
adversário. 
Cumpridas as condições acima, os litigantes podem buscar influenciar o juiz, 
para que a decisão seja favorável a um ou a outro. 
No Código de Processo Civil (CPC), o princípio vem no artigo 7°, que determina 
que “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de 
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres 
e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo 
contraditório “. 
Caso não seja observado nesse âmbito do Direito, conforme determinação do 
artigo 115 do CPC, a sentença ou será nula em relação aos que participaram do 
processo ou ineficaz, nos demais casos, para aqueles que deixaram de ser 
citados. Isso demonstra a importância do instituto. 
 
Aplicação no Processo Penal 
 
O princípio atinge proporção mais ampla no processo penal. Como aqui se 
discute a liberdade de locomoção do indivíduo, ainda que o acusado não queira 
apresentar defesa, a ele será dada obrigatoriamente defesa técnica. Dessa 
forma, o artigo 261 do Código de Processo Penal (CPP) determina que “Nenhum 
acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem 
defensor.” 
Assim, além do direito de informação do processo que corre contra si, o réu tem 
o direito-dever de participação, que acontece mesmo que ele permaneça inerte. 
Não há que se dizer, desse modo, em direito de participar, mas em 
obrigatoriedade de participação. 
A importância aumenta sobremaneira aqui, chegando-se à possibilidade de 
destituição do defensor no Tribunal do Juri caso o acusado seja considerado 
indefeso, ainda que ele tenha defesa (art. 497, V, CPP). 
No processo civil, há uma faculdade ao indivíduo de que se manifeste. Ele pode, 
se assim preferir, permanecer inerte. 
No processo penal há notória distinção, e o instituto obriga que o réu seja 
defendido. Não só isso, mas, como visto, a defesa deve utilizar boas 
fundamentações e realmente ser útil ao réu, sob pena de ser substituída. 
 
Princípio do Juiz Natural 
 
“Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente” Art. 5º, LIII, CF 
Decorrente a este princípio, só um órgão a quem a Constituição Federal atribui 
função jurisdicional, implícita ou explicitamente, pode processar e julgar o autor 
de um delito. 
Deste modo, o princípio do juiz natural consiste em: 
Que a jurisdição só seja exercida por quem a Constituição Federal houver 
delegado a função jurisdicional; 
Que as regras de competência sejam objetivas e anteriores ao fato a ser julgado; 
Na vedação da criação do Juízo ou Tribunal de exceção (após o fato e para o 
fato). 
Como garantia constitucional (artigo 5º, incisos XXXVII e LIII), o princípio do juiz 
natural ensina a utilização de regras objetivas de competência jurisdicional para 
garantir independência e a imparcialidade do órgão julgador. 
Refere-se, portanto, de um juiz previamente encarregado, na forma da lei, como 
competente para o julgamento de determinada lide, o que impede, entre outras 
coisas, o abuso de poder. Como consequência, não se admite a escolha 
específica nem a exclusão de um magistrado de determinado caso. 
Com base nesse entendimento, uma vara de família – que, entre outros 
assuntos, cuida de divórcios e guarda de filhos – não pode analisar uma ação 
criminal (latrocínio, por exemplo). No caso de haver mais de uma vara ou turma 
especializadas no mesmo tema, os processos são distribuídos aos magistrados 
por meio de sorteio, novamente para garantir a imparcialidade das decisões. 
A ideia do juiz natural tem origem na Constituição inglesa de 1215, que previa “o 
julgamento legítimo de seus pares e pela lei da terra”. Já a institucionalização 
desse princípio se deu na França. O artigo 17 do título II da Lei Francesa de 
24.08.1790 determinava que “a ordem constitucional das jurisdições não pode 
ser perturbada, nem os jurisdicionados subtraídos de seus juízes naturais, por 
meio de qualquer comissão, nem medianteoutras atribuições ou evocações, 
salvo nos casos determinados pela lei.” 
No Brasil, todas as constituições, exceto a de 1937, previam o princípio do juiz 
natural. O entendimento proíbe a criação de tribunais extraordinários (de 
exceção) e a transferência de causa para outro tribunal. 
A Constituição de 1988 determina no Art.5º que “todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (…) XXXVII – 
não haverá juízo ou tribunal de exceção”, e “LIII – ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente”. 
 
Princípio da Proibição da Prova Ilícita 
 
Após a instauração de um processo, é necessário que seja efetuada a colheita 
de provas suficientes para que o Estado e também o juiz possa resolver o 
conflito. Porém nem todo tipo de prova pode ser utilizado para compor o 
processo, somente provas lícitas podem ser utilizadas, ou seja, aquelas que 
estejam de acordo com os padrões sociais de ética e moral, e com as normas 
de direito. 
A prova tem caráter de extrema importância, pois é a partir dela que o julgador 
irá decidir a sua sentença, já que a prova que melhor convencer o juiz terá êxito. 
Prova é aquilo que se utiliza para demonstrar o que está sendo apresentado por 
alguém. Ter direito à prova é a manifestação de dois direitos fundamentais: o 
devido acesso à justiça e o contraditório. 
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso LVI, diz 
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. De acordo 
com o novo art. 157 do Código de Processo Penal, alterado pela lei nº 
11.690/2008, também afirma “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas 
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a 
normas constitucionais ou legais”. Já de acordo com o processo administrativo, 
os arts. 30 e 38, inciso 2º da lei n9.784/99 dizem “são inadmissíveis no processo 
administrativo as provas obtidas por meios ilícitos” e “somente poderão ser 
recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos 
interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou 
protelatórias”. 
Percebe-se que a legislação brasileira se posiciona de forma contrária a 
utilização da prova considerada ilícita, da mesma forma, grande parte da doutrina 
acredita ser inadmissível a produção de prova obtida ilicitamente. 
No entanto, nenhuma norma ou princípio é absoluto. Porém, atualmente já se 
começa a perceber que a prova, em determinados casos, poderá ser absolvida 
pelo processo, mesmo que seja considerada ilícita. 
Dessa forma, percebe-se uma nova maneira de olhar dado ao princípio da 
proibição da prova ilícita, que busca a adequação do Direito às diversidades 
sociais, sem perder o foco para a proteção e valorização dos princípios dispostos 
em nossa Constituição Federal. 
 
Princípio do duplo grau de jurisdição 
 
O duplo grau de jurisdição deve ser caracterizado pelo reexame do processo, 
ainda que essa nova análise seja feita no mesmo órgão que proferiu a decisão 
questionada em uma mesma hierarquia. 
Sua implantação no sistema jurídico tem como finalidade essencial garantir a 
obtenção da justiça a todos os cidadãos, possibilitando a correção de possíveis 
erros judiciais cometidos em um primeiro julgamento ou assegurando o direito 
de manifestar sua indignação em frente um resultado desfavorável e solicitar a 
reapreciação do processo. 
Pelo fato de ser muito importante, o legislador conferiu a esse princípio status 
constitucional, mesmo que tenha ocorrido de modo implícito, seja por estar ligado 
ao princípio do decido processo legal, expresso em nossa Constituição, ou por 
estar explícito na Lei Maior a garantia de meios e recursos necessários aos 
litigantes ou ainda por ser configurar no objetivo principal do Estado, ou seja, a 
promoção da justiça. 
Ressaltando que a recursividade deve ser limitada única e exclusivamente 
quando o requerente agir em desrespeito à lealdade processual ou quando o 
mesmo agir de má-fé. 
Mesmo ocasionando inúmeros efeitos desvantajosos, incididos tanto sobreas 
partes como sobre o Judiciário, a duplicidade de julgamento deve ser 
assegurada, dando efetividade ao princípio do devido processo legal, 
considerado a sustentação do ordenamento jurídico de um Estado Democrático 
de Direito. 
 
Princípio da publicidade dos atos processuais 
 
O princípio da publicidade é uma garantia fundamental de justiça, pois ele 
permite as partes o conhecimento de todos os atos do processo. 
Nosso ordenamento jurídico predominou pelo Princípio da Publicidade onde 
todos os atos processuais são públicos, estando disponíveis para acesso e 
consulta, tanto para as partes, quanto por qualquer pessoa interessada. 
Essa regra não é absoluta, o próprio art. 5°, LX, da Constituição Federal de 1988, 
estabeleceu que a lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem. 
Este princípio trata de direito fundamental que visa permitir o controle da opinião 
pública sobre os serviços da justiça, com maior relevância sobre o poder de que 
foi investido o juiz. 
Desta forma, há uma íntima relação entre os princípios da publicidade e da 
motivação das decisões judiciais, na medida em que a publicidade torna efetiva 
a participação no controle das decisões judiciais. Trata-se de verdadeiro 
instrumento de eficácia da garantia da motivação das decisões judiciais. 
 
 
2. Tutela Constitucional do Processo 
 
O sentido e a finalidade da proteção constitucional dos procedimentos é garantir 
o cumprimento das instituições de direito processual e da sua função pelos 
princípios derivados da própria ordem constitucional. No âmbito do contencioso 
cível, a garantia da tutela judicial é insuficiente. Cada procedimento deve 
decorrer em condições contraditórias, respeitar a igualdade das partes perante 
o juiz natural e respeitar as garantias inerentes a esta cláusula (due processo of 
law). Portanto, esse processo é entendido como uma ferramenta e não como 
uma forma ao mesmo tempo, devendo ter o direito de corporificar a legitimidade 
do sistema jurídico e promovê-la à ordem constitucional, observando seu valor 
básico. A forma como não se sobrepõe ao direito material em discussão, 
estabelecendo assim uma ligação entre o direito e o processo. 
É por isso que o processo marcado pela natureza da sociedade e do legalismo 
nos países ocidentais hoje deve também oferecer garantias de legitimidade 
processual e ser dotado de meios que promovam a igualdade e garantam a 
liberdade. Em vista da escala da axiologia da sociedade contemporânea, as 
garantias constitucionais para alcançar igualdade substantiva entre as pessoas 
(e entre as partes), a falta de controle jurisdicional, amplas defesas e o devido 
processo legal autocontraditório são todos endereçados a eficácia do processo 
em sua função de instrumento a serviço da ordem constitucional e legal. Este 
processo serve como ferramenta para a constituição e ordem jurídica. 
O processo constitucional é resultado de ações destinadas a permitir decisões 
judiciais (fiscalizações). No entanto, esta definição é excessivamente restritiva 
porque não leva em conta que os procedimentos constitucionais não se limitam 
aos processos judiciais. 
 
Processo Constitucional 
 
O procedimento constitucional é um ramo do direito processual e da constituição, 
que estuda o controle constitucional (para verificar se as normas legais estão de 
acordo com o texto constitucional). 
O método partiu também do conceito de Estado democrático e de Estado de 
Direito que está de acordo com o conceito de princípios da Constituição 
Brasileira de 1988, o que mostra que, nessa perspectiva, os procedimentos e a 
jurisdição têm os fundamentos necessários para sua validadena constituição. 
Existem semelhanças entre direitos e garantias fundamentais para apontar que 
as garantias constitucionais são essenciais para a reivindicação de direitos. Em 
seguida, estudamos as linhas teóricas que auxiliam no desenho e sustentação 
do modelo constitucional dos procedimentos democráticos e, em seguida, 
podemos tirar conclusões sobre como os procedimentos constitucionais 
constituem a prática e a prática da metodologia de garantia normativa na 
perspectiva da democracia. Fornecendo aos cidadãos o direito básico de 
controlar e participar efetivamente da formação do poder estatal. 
 
Processo Judicial 
 
O procedimento judicial é um método sistemático de procedimento processual, 
necessário para o exercício efetivo do poder, cabendo, em última instância, ao 
juiz ou juiz com jurisdição normal decidir sobre a lei sobre a pessoa ou o 
patrimônio. Os procedimentos judiciais correspondem aos processos judiciais 
iniciados e têm por objeto decisões de mérito, juízes ou tribunais sobre violações 
de direitos. Basicamente, este processo é dividido em 5 etapas, a saber: 
postulatória, instrutória, decisória, recursal e executória. 
 
Fases do Processo Judicial 
 
Postulatória 
 
Esse é o primeiro passo de um processo, que é o momento em que o autor 
apresenta o seu pedido ao Juiz, chamado de petição inicial, sendo apresentado, 
nesse momento, os fatos e os fundamentos desse pedido. 
Com a petição inicial protocolada, dá-se a citação, etapa em que o réu (aquele 
chamado em juízo) toma conhecimento do processo e é chamado para 
apresentar a defesa. 
É importante destacar que hoje, no novo Código de Processo Civil, é obrigatória 
a realização de audiência de conciliação prévia, em que o réu deve comparecer. 
Ademais, é contado a partir dessa audiência o prazo de 15 dias para que o réu 
conteste o pedido de processo. 
Contestação apresentada? Então a fase postulatória se encerra aqui. 
 
Instrutória 
 
Nessa fase, que vem após a postulatória, os fatos do autor do processo e do réu 
se tornam objetos de prova (documental, com partes ouvidas, perícia e etc). Se 
antes dessa fase todos os documentos juntados já forem suficientes para 
solucionar o caso ou se não houver discordância entre as partes, não se torna 
necessário seguir com o complemento das provas, sendo, assim, pronunciada a 
sentença, também chamada de julgamento antecipado de mérito. 
 
Decisória 
 
Nesta terceira fase, após produzidas todas as provas na fase anterior, o juiz 
prolata a sua sentença, dizendo, então, quem tem razão no processo de acordo 
com sua interpretação dos fatos e do Direito. 
 
Recursal 
 
Agora que entra o recurso. A sentença foi pronunciada? Inicia-se, então, a fase 
recursal, em que a parte prejudicada no caso pode apresentar recurso ao 2º grau 
de jurisdição, que será examinado pelo respectivo Tribunal superior. Ou seja, é 
o momento de recorrer à decisão. Em um processo comum, por exemplo, o 
recurso aplicado contra uma sentença é o de apelação (que você saberá mais 
abaixo). 
A partir do momento em que todas as possibilidades de recurso acabam, dá-se 
o trânsito em julgado, que é a incapacidade de discutir novamente a causa. Com 
isso, seguimos para a última fase de um processo judicial, a de execução. 
 
Execução 
 
Essa fase, também conhecida como cumprimento da sentença, corresponde ao 
momento em que o juiz determina que uma das partes deve realizar o 
cumprimento do que foi determinado na sentença, ou seja, inicia-se a execução 
da sentença. 
 
 
 
 
Direito Processual Constitucional 
 
Quando tratamos de Direito Processual Constitucional, não estamos nos 
referindo a um novo ramo do direito, mas sim de uma colocação científica, que 
ocorre uma análise de forma sistemática para explicar a relação do processo 
com a norma fundamental do direito. 
Mediante da normativa constitucional é feito o controle judiciário da 
constitucionalidade das leis, bem como atos que se referem diretamente a 
liberdade como a utilização de remédios constitucionais processuais, como o 
habeas corpus, habeas data, mandado de injunção, mandado de segurança. 
A tutela constitucional do processo é matéria que se refere diretamente a teoria 
do direito processual, visto que, traz a ideia do direito ao processo e o direito de 
acesso ao poder judiciário, direito de defesa e de ação. 
 
Tutela Constitucional do Processo 
 
Em seu texto, a Constituição declara que o direito processual não é apenas um 
conjunto de regras acessórias, aos demais ramos do direito material, mas sim 
que se trata de um instrumento público para que se tenha a realização da justiça. 
Aceitando a importância do direito processual a mesma incumbiu 
exclusivamente a União a competência de legislar sobre assuntos referentes ao 
direito processual (Art. 22 inciso I), vejamos: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho 
 
A lei maior do país também traz uma facilitação ao acesso à justiça, através da 
legitimação do MP (Ministério Público) e de órgãos intermediários como as 
associações, sindicatos, partidos políticos. 
A doutrina entende segundo Citra que: “decorre a proclamação de valores éticos 
sobre os quais repousa nossa organização política: direito processual é 
expressão dotada de conteúdo próprio, em que se traduz a garantia da tutela 
jurisdicional do Estado, através de procedimentos demarcados formalmente em 
lei.” 
Garantias ao Processo Legal 
 
São garantias ao processo legal o conjunto de normas trazidas pela Constituição 
que asseguram as partes do processo, o exercício de seus poderes e suas 
faculdades dentro do processo, além de assegurar o processo como um fator 
legítimo ao exercício da jurisdição. 
A Constituição de 88 é a primeira que garante que para que um indivíduo seja 
privado de liberdade é necessário que possua um processo que o exija. Previsto 
no artigo 5º inciso LIV “Ninguém será privado de liberdade ou de seus bens sem 
o devido processo legal”. O novo texto constitucional também traz garantias 
como o dever de motivar as decisões judiciarias além da publicidade do 
processo, inviolabilidade de domicilio, porém este não é considerada absoluta 
visto que em determinadas situações, autorizadas pelo juiz, é possível como 
para uma prisão em flagrante. É uma garantia constitucional, o sigilo das 
comunicações em geral e de dados, sendo possível como exceção a quebra de 
sigilo telefônico desde que devidamente autorizado por um juiz. 
As garantias do processo têm papel fundamental para a justiça penal e civil, e a 
partir delas decorrem as demais normas necessárias para assegurar à ordem 
jurídica justa. 
 
 
Tipos de Constituição 
 Constituições Brasileiras 
 
Promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do então presidente 
José Sarney, a Constituição em vigor, conhecida por "Constituição Cidadã", é a 
sétima adotada no país e tem como um de seus fundamentos dar maior liberdade 
e direitos ao cidadão - reduzidos durante o regime militar - e manter o Estado 
como república presidencialista. As Constituições anteriores são as de 1824, 
1891, 1934, 1937, 1946 e 1967. 
Das sete Constituições, quatro foram promulgadas por assembleias 
constituintes, duas foram impostas — uma por D. Pedro I e outra por Getúlio 
Vargas — e uma aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar. Na 
história das Constituições brasileiras, há uma alternância entre regimes fechados 
e mais democráticos, com a respectiva repercussão na aprovação das Cartas, 
ora impostas, ora aprovadas por assembleias constituintes. Abaixo, um resumo 
das medidas adotadas pelas Constituições do país: 
1ª - Constituição de 1824 (Brasil Império) 
 
Apoiado pelo Partido Português, constituído por ricos comerciantes portugueses 
e altos funcionários públicos, D. Pedro I dissolveu a AssembleiaConstituinte em 
1823 e impôs seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do Brasil. 
Apesar de aprovada por algumas Câmaras Municipais da confiança de D. Pedro 
I, essa Carta, datada de 25 de março de 1824 e contendo 179 artigos, é 
considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador. 
Entre as principais medidas dessa Constituição, destaca-se o fortalecimento do 
poder pessoal do imperador, com a criação do Poder Moderador, que estava 
acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a 
ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador e as eleições são 
indiretas e censitárias. 
O direito ao voto era concedido somente aos homens livres e proprietários, de 
acordo com seu nível de renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis 
por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o cidadão 
também tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. 
Essa foi a Constituição com duração mais longa na história do país, num total de 
65 anos. 
 
2ª - Constituição de 1891 (Brasil República) 
 
Após a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, houve 
mudanças significativas no sistema político e econômico do país, com a abolição 
do trabalho escravo, a ampliação da indústria, o deslocamento de pessoas do 
meio rural para centros urbanos e também o surgimento da inflação. Outra 
mudança foi o abandono do modelo do parlamentarismo franco-britânico, em 
proveito do presidencialismo norte-americano. 
O marechal Deodoro da Fonseca, proclamador da República e chefe do governo 
provisório, e Rui Barbosa, seu vice, nomearam uma comissão de cinco pessoas 
para apresentar um projeto a ser examinado pela futura Assembleia Constituinte. 
O projeto escolhido vigorou como Constituição Provisória da República até as 
conclusões da Constituinte. 
As principais inovações dessa nova Constituição, datada de 24 de fevereiro de 
1891, são: instituição da forma federativa de Estado e da forma republicana de 
governo; estabelecimento da independência dos Poderes Executivo, Legislativo 
e Judiciário; criação do sufrágio com menos restrições, impedindo ainda o voto 
aos mendigos e analfabetos; separação entre a Igreja e o Estado, não sendo 
mais assegurado à religião católica o status de religião oficial; e instituição 
do habeas corpus (garantia concedida sempre que alguém estiver sofrendo ou 
ameaçado de sofrer violência ou coação em seu direito de locomoção – ir, vir, 
permanecer –, por ilegalidade ou abuso de poder). 
 
3ª - Constituição de 1934 (Segunda República) 
 
Presidido por Getúlio Vargas, o país realiza nova Assembleia Constituinte, 
instalada em novembro de 1933. A Constituição, de 16 de julho de 1934, traz a 
marca getulista das diretrizes sociais e adota as seguintes medidas: maior poder 
ao governo federal; voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos, com direito 
de voto às mulheres, mas mantendo proibição do voto aos mendigos e 
analfabetos; criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho; criação de leis 
trabalhistas, instituindo jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso 
semanal e férias remuneradas; mandado de segurança e ação popular. 
Essa Constituição sofreu três emendas em dezembro de 1935, destinadas a 
reforçar a segurança do Estado e as atribuições do Poder Executivo, para coibir, 
segundo o texto, "movimento subversivo das instituições políticas e sociais". 
 
4ª - Constituição de 1937 (Estado Novo) 
 
Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas revogou a Constituição de 1934, 
dissolveu o Congresso e outorgou ao país, sem qualquer consulta prévia, a Carta 
Constitucional do Estado Novo, de inspiração fascista, com a supressão dos 
partidos políticos e concentração de poder nas mãos do chefe supremo do 
Executivo. Essa Carta é datada de 10 de novembro de 1937. 
Entre as principais medidas adotadas, destacam-se: instituição da pena de 
morte; supressão da liberdade partidária e da liberdade de imprensa; anulação 
da independência dos Poderes Legislativo e Judiciário; restrição das 
prerrogativas do Congresso Nacional; permissão para suspensão da imunidade 
parlamentar; prisão e exílio de opositores do governo; e eleição indireta para 
presidente da República, com mandato de seis anos. 
Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, as ditaduras direitistas 
internacionais entraram em crise e o Brasil sofreu as consequências da 
derrocada do nazifascismo. Getúlio Vargas tentou, em vão, sobreviver e resistir, 
mas a grande reação popular, com apoio das Forças Armadas, resultou na 
entrega do poder ao então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José 
Linhares, após a deposição de Vargas, ocorrida em 29 de outubro de 1945. 
O novo presidente constituiu outro ministério e revogou o artigo 167 da 
Constituição, que adotava o estado de emergência, acabando também com o 
Tribunal de Segurança Constitucional. Ao fim de 1945, as eleições realizadas 
para a Presidência da República deram vitória ao general Eurico Gaspar Dutra, 
empossado em 31 de outubro de 1946, que governou o país por decretos-lei, 
enquanto preparava-se uma nova Constituição. 
 
5ª - Constituição de 1946 
 
Essa Constituição, datada de 18 de setembro de 1946, retomou a linha 
democrática de 1934 e foi promulgada de forma legal, após as deliberações do 
Congresso recém-eleito, que assumiu as tarefas de Assembleia Nacional 
Constituinte. 
Entre as medidas adotadas, estão o restabelecimento dos direitos individuais, o 
fim da censura e da pena de morte. A Carta também devolveu a independência 
ao Executivo, Legislativo e Judiciário e restabeleceu o equilíbrio entre esses 
poderes, além de dar autonomia a estados e municípios. Outra medida foi a 
instituição de eleição direta para presidente da República, com mandato de cinco 
anos. 
As demais normas estabelecidas por essa Constituição foram: incorporação da 
Justiça do Trabalho e do Tribunal Federal de Recursos ao Poder Judiciário; 
pluralidade partidária; direito de greve e livre associação sindical; e 
condicionamento do uso da propriedade ao bem-estar social, possibilitando a 
desapropriação por interesse social. 
Destaca-se, entre as emendas promulgadas à Carta de 1946, o chamado ato 
adicional, de 2 de setembro de 1961, que instituiu o regime parlamentarista. Essa 
emenda foi motivada pela crise político-militar após a renúncia de Jânio Quadros, 
então presidente do país. 
Como essa emenda previa consulta popular posterior, por meio de plebiscito, 
realizado em janeiro de 1963, o país retomou o regime presidencialista, 
escolhido pela população, restaurando, portanto, os poderes tradicionais 
conferidos ao presidente da República. 
 
 
6ª - Constituição de 1967 (Regime Militar) 
 
O contexto predominante nessa época era o autoritarismo e a política da 
chamada segurança nacional, que visava combater inimigos internos ao regime, 
rotulados de subversivos. Instalado em 1964, o regime militar conservou o 
Congresso Nacional, mas dominava e controlava o Legislativo. Dessa forma, o 
Executivo encaminhou ao Congresso uma proposta de Constituição que foi 
aprovada pelos parlamentares e promulgada no dia 24 de janeiro de 1967. 
Mais sintética do que sua antecessora, essa Constituição manteve a Federação, 
com expansão da União, e adotou a eleição indireta para presidente da 
República, por meio de Colégio Eleitoral formado pelos integrantes do 
Congresso e delegados indicados pelas Assembleias Legislativas. O Judiciário 
também sofreu mudanças, e foram suspensas as garantias dos magistrados. 
Essa Constituição foi emendada por sucessiva expedição de Atos Institucionais 
(AIs), que serviram de mecanismos de legitimação e legalização das ações 
políticas dos militares, dando a eles poderes extraconstitucionais. De 1964 a 
1969, foram decretados 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos 
complementares. 
Um deles,o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, foi um instrumento que deu ao 
regime poderes absolutos e cuja primeira consequência foi o fechamento do 
Congresso Nacional por quase um ano e o recesso dos mandatos de senadores, 
deputados e vereadores, que passaram a receber somente a parte fixa de seus 
subsídios. 
Entre outras medidas do AI-5, destacam-se: suspensão de qualquer reunião de 
cunho político; censura aos meios de comunicação, estendendo-se à música, ao 
teatro e ao cinema; suspensão do habeas corpus para os chamados crimes 
políticos; decretação do estado de sítio pelo presidente da República em 
qualquer dos casos previstos na Constituição; e autorização para intervenção 
em estados e municípios. 
 
7ª - Constituição de 1988 (Constituição Cidadã) 
 
Em 27 de novembro de 1985, por meio da emenda constitucional 26, foi 
convocada a Assembleia Nacional Constituinte com a finalidade de elaborar 
novo texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o 
país, que vivia um processo de redemocratização após o término do regime 
militar. 
Datada de 5 de outubro de 1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço 
jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e os direitos e 
garantias individuais. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras com o 
objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito 
de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu também 
novos direitos trabalhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 
horas, seguro-desemprego e férias remuneradas acrescidas de um terço do 
salário. 
Outras medidas adotadas Constituição de 88 foram: instituição de eleições 
majoritárias em dois turnos; direito à greve e liberdade sindical; aumento da 
licença-maternidade de três para quatro meses; licença-paternidade de cinco 
dias; criação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em substituição ao Tribunal 
Federal de Recursos; criação dos mandados de injunção, de segurança coletivo 
e restabelecimento do habeas corpus. Foi também criado o habeas data 
(instrumento que garante o direito de informações relativas à pessoa do 
interessado, mantidas em registros de entidades governamentais ou banco de 
dados particulares que tenham caráter público). 
Destacam-se ainda as seguintes mudanças; reforma no sistema tributário e na 
repartição das receitas tributárias federais, com propósito de fortalecer estados 
e municípios; reformas na ordem econômica e social, com instituição de política 
agrícola e fundiária e regras para o sistema financeiro nacional; leis de proteção 
ao meio ambiente; fim da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e demais 
meios de comunicação; e alterações na legislação sobre seguridade e 
assistência social. 
 
Tutela Provisória 
 
Tutela provisória é o mecanismo processual pelo qual o magistrado antecipa a 
uma das partes um provimento judicial de mérito ou acautelatório antes da 
prolação da decisão final, seja em virtude da urgência ou da plausibilidade do 
direito. No artigo 294 do CPC/2015, a tutela provisória encontra-se prevista como 
gênero que contempla as seguintes espécies: (i) tutelas de urgência; (ii) tutelas 
de evidência. 
 
 
 
 
Tutela Provisória de Urgência 
 
A tutela provisória de urgência é o instrumento processual que possibilita à parte 
pleitear a antecipação do pedido de mérito com fundamento na urgência. Essa 
espécie de tutela provisória se subdivide em duas subespécies: (i.1) tutela 
provisória de urgência antecipada; (i.2) tutela provisória de urgência cautelar, 
sendo que ambas podem ser requeridas de forma antecedente ou incidente. 
Embora a versão promulgada do CPC/2015 não faça referência à distinção 
conceitual entre as subespécies das tutelas de urgência (antecipatórias e 
cautelares), Cássio Scarpinella Bueno esclarece que a versão do anteprojeto do 
Senado trazia a questão de forma elucidativa no artigo 269, mais precisamente 
nos parágrafos 1º e 2º. Segundo o autor, cuja conclusão nos parece correta, as 
tutelas antecipadas têm por objeto assegurar e antecipar à parte autora o próprio 
direito material, enquanto as tutelas cautelares conferem à parte a possibilidade 
de obter, mediante provimento de urgência, ferramentas para assegurá-lo. 
Nesse ponto, o CPC/2015 perdeu a oportunidade de encerrar, de uma vez por 
todas, a longa discussão acerca do que seria satisfazer (“antecipada”) e o que 
seria assegurar (“cautelar”), tendo em vista que o mais importante sempre foi o 
fato de que as tutelas, sejam elas antecipadas ou cautelares, possuem a 
urgência como o elemento principal para assegurar a pretensão da parte 
litigante. De todo modo, o próprio CPC/2015 reconhece que a distinção entre as 
tutelas é mais nominal do que prática e, por esta razão, estabeleceu a 
fungibilidade entre as medidas no parágrafo único do artigo 305. 
 
 
A expansão do autoritarismo (1964 – 1974) 
 
Quanto a essa primeira fase, cabe destacar que o sistema partidário do país foi 
extinguido pelo AI-2, que determinou o fim dos partidos até então existentes. 
Após esse decreto, as autoridades federais permitiram a formação de dois novos 
partidos: a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), que apoiava o governo, e o 
MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que o combatia. A ARENA era 
amplamente majoritária no Congresso e dispunha de total apoio oficial do 
governo, enquanto o MDB estava permanentemente ameaçado de ter seus 
deputados e senadores cassados. 
Nessa época já aumentava a resistência à ditadura, apesar da repressão e da 
censura à imprensa. Apesar de grande parte dos opositores do regime terem 
optado pelo silêncio, muitos se aliaram ao MDB como forma de resistência 
àquela situação de controle nacional por parte dos militares, enquanto outros 
optaram pela realização de movimentos de guerrilha urbana. Entretanto, a luta 
armada acabou por fortalecer o regime, pois deu-lhe a oportunidade de criar 
métodos cruéis no combate aos opositores, tais como a tortura, prisão política e, 
não raro, assassinatos. Os protestos estudantis também foram marcantes. Um 
acontecimento notável foi o assassinato do estudante Edson Luís pela polícia, a 
tiros, durante uma manifestação no Rio de Janeiro. 
 
Tutela provisória de urgência antecipada 
 
É interessante notar que, com as alterações trazidas pelo CPC/2015, caso o 
risco seja contemporâneo à propositura da ação, a parte poderá preparar a inicial 
de forma simplificada, indicando como fundamento a tutela provisória de 
urgência antecipada em caráter antecedente (artigo 303, caput, CPC/2015). 
Nessa hipótese, concedida a tutela, caso a parte autora tenha optado pela 
petição simplificada, deverá aditá-la com a complementação dos fatos e 
fundamentos e a juntada de novos documentos, além de ratificar o pedido 
principal dentro do prazo mínimo de 15 dias (artigo 303, parágrafo 1º, inciso I, 
CPC/2015), sob pena de extinção da ação sem a apreciação do mérito. Caso a 
tutela seja indeferida, a parte autora será intimada para emendar a inicial, mas 
no prazo máximo de cinco dias (artigo 303, parágrafo 6º, CPC/2015). 
Outro ponto de relevante destaque é a possibilidade de os efeitos da tutela de 
urgência antecipada se tornarem estáveis. Segundo o artigo 304 do CPC/2015, 
a tutela de urgência antecipada — seja ela em caráter antecedente ou incidente 
— deixará de ser provisória e se tornará estável caso não seja interposto o 
respectivo recurso pela parte contrária, extinguindo-se o processo sem 
resolução do mérito e sem a formação da coisa julgada material (artigo 304, 
parágrafos 1º e 6º, do CPC/2015). A estabilidade da decisão poderá ser revista 
dentro de dois anos, mediante o ajuizamento de ação própria em que seja 
proferida decisão de mérito reformando ou anulando a tutela concedida 
anteriormente (artigo 304, parágrafo 2º ao 6º, do CPC/2015). 
É interessante notar que essa estabilidade poderá gerar grandecontrovérsia 
doutrinária e jurisprudencial sobre os efeitos que a decisão concessiva da tutela 
terá quando houver a preclusão do direito da parte contrária de impugná-la. Isso 
porque, decorrido o prazo sem impugnação, as partes terão de conviver com 
uma decisão que, a despeito de não transitar em julgado (artigo 304, parágrafo 
1º e 6º, do CPC/2015), não será suscetível de reforma por ato judicial. 
 
Tutela de urgência cautelar 
 
Trata-se do mecanismo que permite à parte obter um provimento acautelatório 
que preserve o direito material almejado. Em outras palavras, as tutelas de 
urgência cautelares têm caráter instrumental. Elas não recaem sobre o mérito 
em si, mas sobre os instrumentos que asseguram a efetividade do mérito e do 
processo. É o caso, por exemplo, do provimento jurisdicional que confere à parte 
o direito de acesso a provas documentais necessárias à discussão de mérito que 
estejam em poder de terceiros. 
A tutela de urgência cautelar também poderá ser conferida em caráter 
antecedente ou incidente. Caso seja deferida na modalidade antecedente, a 
parte autora também poderá lançar mão da petição simplificada (artigo 305, do 
CPC/2015), mas deverá aditá-la dentro de 30 dias, de modo a indicar o pedido 
principal (artigo 308, do CPC/2015). 
 
Tutela de Evidência 
 
Prevista no artigo 311 do CPC/2015, a tutela de evidência pode ser requerida 
independentemente da comprovação do perigo de dano ou de risco ao resultado 
útil do processo, levando em consideração a evidência do direito. Nessa 
modalidade de tutela, o CPC/2015 privilegia a boa-fé processual e os casos em 
que a plausibilidade do direito é patente. São quatro hipóteses: (i) abuso do 
direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; (ii) alegações de 
fato passíveis de comprovação apenas documentalmente e se houver tese 
firmada em julgamento de casos repetitivos (incluindo o Incidente de Resolução 
de Demandas Repetitivas) ou em súmula vinculante; (iii) pedido reipersecutório 
fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que 
será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob pena de multa; (iv) 
petição inicial instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos 
do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida 
razoável. 
Apenas as hipóteses (ii) e (iii) podem ser requeridas liminarmente (artigo 311, 
parágrafo único, CPC/2015). Nos demais casos, a concessão da tutela fica 
restrita a momento posterior à oitiva da parte contrária. 
 
3. Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional 
 
 
Uma necessária definição do conteúdo do direito fundamental à inafastabilidade 
do controle jurisdicional pressupõe, como primeira medida, a sua dissociação em 
relação a outros direitos que com ele dialogam, mas que com ele não se 
confundem. Em primeiro lugar, impõe-se diferenciar o direito fundamental à 
inafastabilidade do controle jurisdicional em relação ao direito humano e 
fundamental ao acesso à justiça. O direito humano é fundamental ao acesso à 
justiça compreende o acesso efetivo a todos os meios pelos quais as pessoas 
possam reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios. Nesse sentido, há 
que se considerar, desde logo, que a tutela de direitos ora reclama a presença 
de meios para solução de conflitos (o que, por sua vez, pode acontecer com ou 
sem a intervenção do Estado), ora simplesmente se manifesta sob a forma de 
criação de situações jurídicas subjetivas mediante a presença de prestação 
estatal (como, por exemplo, nos casos de providências em sede de julgamento 
de ações constitutivas necessárias). 
Dessa forma, observa-se que os meios para solução de conflitos encampados 
pelo direito ao acesso à justiça, naquilo em que não exigem prestação estatal 
direta e específica em favor do indivíduo, podem ser fundamentados em 
estruturas de autocomposição de litígios ou de heterocomposição de litígios. No 
primeiro caso, tem-se que a solução do conflito é determinada pelas próprias 
partes nele envolvidas, a exemplo do que acontece na transação, na conciliação 
e na mediação. Na segunda hipótese, a solução a ser adotada é imposta aos 
sujeitos envolvidos em uma lide por um terceiro que com elas não se confunde, 
sendo uma manifestação paradigmática a esse respeito a atividade desenvolvida 
por particulares em sede de arbitragem. Essa dicotomia de estruturas também é 
útil para que se possa compreender o âmbito de atuação das prestações estatais 
diretas e especificas ofertadas aos indivíduos com vistas à solução de conflitos. 
Se, de um lado, a mediação e a conciliação são atividades também 
desenvolvidas por órgãos do Estado, é certo que, de outra banda, a jurisdição é 
uma atividade de exercício de poder do Estado na qual se faz presente a atuação 
de um órgão do próprio Estado que, atuando como um terceiro imparcial, impõe 
às partes um comando com vistas à solução de um conflito. Desse quadro resta 
evidente que o direito humano e fundamental ao acesso à justiça abarca todo 
um conjunto de providências que devem estar à disposição dos indivíduos que 
vai muito além da existência de uma estrutura do Estado destinada ao exercício 
da atividade jurisdicional. O direito fundamental à inafastabilidade do controle 
jurisdicional é uma de suas projeções, e compreende, em uma primeira 
aproximação, o direito da parte ao acesso efetivo ao emprego da jurisdição como 
fórmula destinada à tutela de direitos. 
 
Direito a um recurso e direito à inafastabilidade do controle jurisdicional 
 
Um discernimento importante a ser considerado pode ser encontrado na 
doutrina francesa, que contrapõe o “direito a um recurso” (“droit a un recours”) 
em relação ao “direito ao juiz” (“droit au juge”, também chamado de direito a um 
recurso jurisdicional (“droit a un recours juridicionnel”) ou, ainda, de garantia de 
acesso a um tribunal (“garantie d’accès a un tribunal”). 
Por “direito a um recurso”, entende a doutrina o direito de toda pessoa a poder 
contestar uma medida imposta à sua esfera jurídica, o qual é exercido perante 
uma instância investida do poder de reformar tal medida ou de reparar os 
danos que dela decorrem como consequência. O “direito ao juiz”, por sua vez, 
é definido como um dos aspectos do “direito a um recurso”, já que este último 
compreende também, na experiência francesa, o direito a um recurso perante a 
esfera administrativa, seja ele endereçado à própria autoridade que praticou o 
ato contestado ou ao seu superior hierárquico. 
A reflexão sobre a dicotomia ora analisada está longe de se revelar em uma 
atividade puramente cerebrina ou estéril, já que pressupõe tomada de posição 
quanto a algumas das mais profundas questões no âmbito do Direito Público. 
Nela está pressuposta não só a ideia de que a jurisdição pode ser exercida 
também por outros órgãos que não aqueles integrantes do Poder Judiciário, 
mas, antes mesmo disso, o próprio debate sobre qual o traço característico da 
atividade jurisdicional. 
A distinção acima apresentada é relevante, ainda, na medida em que traz 
consequências importantes para a compreensão do alcance do direito 
fundamental à inafastabilidade do controle jurisdicional. Se, de um lado, é fato 
que a tutela de direitos pode ser ofertada também através de atividades de 
exercício de poder do Estado desenvolvidas por outros órgãos que não apenas 
aqueles ofertados pelo Poder Judiciário, é igualmente verdadeiro, de outra 
banda, que não se pode confundir a tutela de direitos mediante a prática de 
atos por órgãos distintos do Estado com a tutela de direitos mediante o 
desempenho de diferentes atividades de exercício de poder do Estado. É 
nesse ponto que se pode afirmar que o direito fundamental à inafastabilidade 
do controle jurisdicional, regulado no âmbito do Direito Processual, não 
compreende nem se confunde com o direito à prestação de atividadesadministrativas, que é regido pelas balizas do Direito Administrativo. 
 
 
 
Origem: 
 
Manifestação do Estado de Direito, a inafastabilidade do controle jurisdicional 
se apresenta como uma das mais relevantes garantias de proteção do Princípio 
da Separação dos Poderes, preconizado no art. 2º, da Constituição República. 
Outrossim, a atual Carta Política consagra o acesso à Justiça de maneira ampla, 
incluindo-o no rol dos direitos e garantias fundamentais. 
Desse modo, não é dado ao legislador infraconstitucional mitigar o princípio em 
tela, nem mesmo por emenda à Constituição, visto se tratar de autêntica cláusula 
pétrea (art. 60, §4º, II e IV, CF). Isso significa que as exceções admitidas são 
apenas aquelas inseridas na Lei Fundamental pelo próprio Poder Constituinte 
originário. 
Dada a singular importância do princípio do direito de ação, propomos, neste 
estudo, um exame detido em derredor da sua hodierna extensão, mas não sem 
antes fazermos remissão ao seu desenvolvimento histórico. 
No trabalho, irei apresentar o meu entendimento acerca do significado e das 
características de tão proclamada garantia constitucional, para, em seguida, 
desenvolvermos uma acurada análise em derredor do seu conteúdo e alcance 
jurídico, oportunidade em que tentaremos delinear os seus limites. 
Finalmente, cuidaremos de expor algumas das mais polêmicas questões 
contemporâneas, que envolvem a aplicabilidade e o respeito ao princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional. Assim, sob esse último tópico, 
esquadrinharemos o princípio do direito de ação em face da convenção de 
arbitragem, da súmula vinculante, das taxas judiciárias excessivas, da jurisdição 
condicionada, dentre outras matérias. 
 
Avanço histórico: 
 
Consoante noticiam os doutrinadores, o princípio da inafastabilidade do controle 
jurisdicional teve sua origem na Constituição de Weimar e na Constituição de 
Würtemberg, embora referido princípio seja considerado, nos moldes com que 
atualmente delineado, uma ampliação dos dispositivos inseridos nos precitados 
Diplomas. 
Com efeito, rezava o art. 105, 2ª alínea da Constituição de Weimar, que 
"ninguém poderá ser subtraído ao seu juízo legal". Nessa senda, dispunha o §95, 
da Constituição de Würtemberg, que: "O recurso aos juízes não se pode fechar 
aos cidadãos que se creem lesados em direito privado, que assente em título 
particular, por ato do Poder Púbico". 
Hodiernamente, no âmbito internacional, o princípio em tela encontra guarida, 
dentre outros, nos seguintes documentos: 
a) artigo X, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 - "Todo 
homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por 
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e 
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele"; 
b) artigo 6º, 1, da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem 
e das Liberdades Fundamentais, de 1950 - "Qualquer pessoa tem direito a que 
a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável por 
um tribunal independente e imparcial, estabelecida pela lei, o qual decidirá, quer 
sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre 
o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela"; 
c) artigo 14, 1, do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966 
- "Todas as pessoas são iguais perante os tribunais de justiça. Todas as pessoas 
têm direito a que a sua causa seja ouvida equitativa e publicamente por um 
tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido pela lei, que 
decidirá quer do bem fundado de qualquer acusação em matéria penal dirigida 
contra elas, quer das contestações sobre os seus direitos e obrigações de 
caráter civil"; 
d) artigo 8º, 1, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969 – 
Pacto de São José da Costa Rica - "Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com 
as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal 
competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na 
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se 
determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou 
de qualquer outra natureza". 
No Direito pátrio, vislumbram-se os antecedentes do princípio da inafastabilidade 
da jurisdição na Constituição do Império, que assegurava, dentre as garantias 
elencadas em seu artigo 179, a independência do Poder Judiciário, ao estatuir 
que "nenhuma autoridade poderá avocar as causas pendentes, sustá-las ou 
fazer reviver os processos findos''. 
 
Significado: 
 
O Princípio da Inevitabilidade da Jurisdição ou Princípio do Direito à Ação é 
também denominado Direito à Proteção da Jurisdição ou Jurisdição e Princípio 
da Justiça ou Judiciário. 
Essa regra está prevista no artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988: “a 
lei não exclui da apreciação do julgamento a existência de dano ou ameaça à 
lei”. 
Significa o princípio do controle judicial inaplicável, segundo o qual a Constituição 
Federal garante a plena possibilidade de acesso ao judiciário nos casos em que, 
por qualquer motivo, o cidadão não consiga obter a satisfação de um juro 
automático. Dedução de jurisdição e pré-pagamento. 
A garantia constitucional na tela é muito ampla, pois se estende a todas as 
pessoas, titulares de direitos ou apenas reivindicações infundadas. Portanto, 
podem requerer a guarda não só do titular do direito, mas também do judiciário. 
O direito constitucional de ação também expressa o direito de processar como 
uma consequência lógica, ou melhor, dependendo do processo legal 
constitucional. Afinal, a ampla garantia de acesso aos tribunais não teria sentido 
sem garantir solidariamente a possibilidade de atuação judicial pelo meio de 
ação, ou seja, o processo. Aqueles que buscam o acesso ao judiciário 
pretendem, na verdade, julgar agindo por meio do processo, portanto, não seria 
razoável garantir o acesso à Justiça sem o direito de processo. 
Neste dossel, o instrumento em que opera a jurisdição tem as qualidades e 
características especificadas na Constituição, está também rodeado de 
garantias e, portanto, “não só o acesso à justiça, mas também o ordenamento 
jurídico justo”. 
 
Assistência: 
 
Conforme preceituado pelo art. 5º, LXXIV, da CF, que assegura, aos que 
provarem insuficiência de recursos, "assistência jurídica integral e gratuita". 
Diferentemente do que rezava o texto da Carta anterior, que tratava da 
assistência judiciária, a atual Constituição fala em assistência jurídica. Este 
conceito mostra-se, com efeito, muito mais amplo que aqueloutro antes adotado 
pelo ordenamento. A propósito, a assistência jurídica corresponde a todos os 
serviços, sejam judiciais ou extrajudiciais, no que pertence a aspectos legais, tais 
como consulta, orientação, representação em juízo etc., englobando, desse 
modo, a assistência judiciária. 
Embora a assistência jurídica seja apenas a primeira das três ondas do 
movimento de que falam Cappelletti e Garth, é inarredável a sua importância, 
visto constituir-se no primeiro passo para se propiciar o amplo acesso à Justiça. 
Em nosso país, a assistência jurídica integral foi atribuída pela Constituição de 
1988 às defensorias públicas, "incumbindo-lhes a orientação jurisdicional e a 
defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV" (art. 
134, CF). Segundo Dinamarco, "O binômio orientação e defesa integra o 
conceito de assistência jurídica integral, incluindo a advocacia consultiva e a 
forense, em prol daqueles que não têm recursos para pagar honorários 
advocatícios". 
 
Direito de ação processual: 
 
A regra sub examine consagra, ainda, como consequência, o próprio direito de 
ação, aqui entendido como o fundamento constitucional sobre o qual se estriba 
a ação, em sentidoprocessual. Vale dizer, o princípio da inafastabilidade do 
controle jurisdicional, albergado pelo artigo 5º, XXXV, da Constituição da 
República, ratifica o direito de ação em sentido processual, entendido este como 
"o devido processo legal com procedimento adequado ao exame contraditório 
do litígio". 
Cumpre aqui diferenciar o direito de ação (direito de acesso aos tribunais) do 
exercício deste direito, que é a ação processual (direito de ação em sentido 
processual). Aquele (direito de acesso aos tribunais) é um prius lógico distinto 
da ação processual, já que esta é o exercício daquele. 
Dito isto, podemos conceber o direito de ação sob dois prismas: o do direito 
constitucional, sob o qual o direito de ação é amplo, genérico e incondicionado, 
salvo as restrições da própria Constituição Federal; e o do direito processual, 
sob o qual o direito de ação pressupõe, necessariamente, a anterioridade do 
próprio direito, ou seja, a ação será, em qualquer caso, o exercício de um direito 
preexistente, pelo que somente "tenho ‘ação’ processual porque, antes, deverei 
ter direito subjetivo público para exigir que o Estado me preste e tutela capaz de 
tornar efetivo o meu direito, cuja realização privada o próprio Estado tornou 
impossível". 
Como o Estado monopolizou a jurisdição, ao proibir a autotutela originariamente 
exercida pelo titular do direito, decorre o direito subjetivo público a que o Estado 
preste a tutela a que ele próprio se obrigou. Por isso, qualquer integrante de 
determinada comunidade jurídica, organizada sob a forma de Estado, terá direito 
público subjetivo à proteção do próprio direito, cuja realização privada lhe foi 
negada. 
Noutras palavras, o direito público subjetivo existe desde o momento em que o 
Estado passa a impedir a atividade do titular do direito para realizá-lo, porquanto, 
ao agir desse modo, o Estado se obriga a assegurar uma tutela equivalente, 
"outorgando-lhe (ao titular do direito) os meios para torná-lo efetivo através de 
seus órgãos estruturados e predispostos para o cumprimento desse dever 
fundamental de toda organização estatal". E esses "meios" colocados à 
disposição do titular do direito para torná-lo efetivo consistem, justamente, no 
direito de ação em sentido processual, ou, simplesmente, ação. 
É, portanto, através do exercício da ‘ação’ processual que o titular do direito 
(autor ou réu) exige do Estado a prestação da atividade jurisdicional. A este 
poder de exigir do Estado a prestação da atividade jurisdicional, dá-se o nome 
de pretensão da tutela jurídica. 
 
Interesse de agir no código de processo civil: 
 
Já o vigente Código de Processo Civil prevê, em seu art. 17, que, para postular 
em juízo, é necessário ter interesse e legitimidade, de modo que o interesse de 
agir, bem assim a legitimidade ativa causam e a possibilidade jurídica do pedido, 
constitui uma das condições da ação, a possibilitar um julgamento meritório. 
Consagrando esse preceito, assim determina o Código de Processo Civil: 
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. 
[...] 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - For inepta; 
II - A parte for manifestamente ilegítima; 
III - O autor carecer de interesse processual; 
IV - Não atendidas as prescrições dos art. 106 e 321. 
[...] 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I - Indeferir a petição inicial; 
[...] interesse processual. 
VI - Verificar ausência de legitimidade ou de A propósito, pertinente a lição de 
Humberto Theodoro Júnior, ao afirmar que ''a segunda condição da ação é o 
interesse de agir, que também não se confunde com o interesse substancial, ou 
primário, para cuja proteção se intenta a mesma ação'' 
Explica o autor que ''o interesse de agir, que é instrumental e secundário, surge 
da necessidade de obter, por meio do processo, a proteção ao interesse 
substancial''. Carlos Henrique Soares e Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias, a 
propósito do interesse processual, afirmam: ''interesse é justamente a relação 
que existe entre o pedido deduzido pela parte e a prestação da atividade 
jurisdicional postulada pela parte''. 
Revelam, assim, que ''está presente o interesse de agir quando o autor tem a 
necessidade de se valer da via processual para alcançar o bem da vida 
pretendido, interesse este que sofre resistência pela parte ex adversa'' 
(SOARES; DIAS, 2012, p. 19). 
Assim, também afirma José Miguel Garcia Medina que ''há interesse processual 
quando presentes a necessidade e a utilidade (ou adequação) de se promover 
a ação com o intuito de prevenir ameaça ou reprimir lesão a direito'' 
 
Alcance jurídico do princípio: 
 
O princípio do direito de ação é visto pela doutrina como "a garantia das 
garantias", de natureza constitucional, pois é o único meio de acesso ao 
Judiciário pelo cidadão, vale dizer, o princípio em tela confere ao cidadão o 
direito de obter do Estado a tutela jurisdicional adequada. 
Dissemos que o direito de ação se enquadra no espectro das garantias 
constitucionais. Conquanto não pretendamos, neste estudo, nos alongarmos em 
derredor da distinção existente entre os termos direitos e garantias 
fundamentais, é entendimento quase uníssono na doutrina constitucionalista a 
ideia de que há diferença entre os referidos vocábulos, impondo-se, portanto, 
uma rápida discriminação. 
Em tal esteira, pode-se dizer que os direitos são os bens jurídicos dos cidadãos, 
ao passo que as garantias são os meios de se assegurarem esses bens, ou seja, 
os direitos são bens jurídicos reconhecidos, que necessitam das garantias como 
instrumento para sua efetivação ou proteção. 
Outrossim, asseveramos que o direito de ação outorga ao cidadão o direito de 
obter do Estado uma tutela jurisdicional adequada. 
 
 
Limitações: 
 
À exceção dos contornos impostos pelo próprio texto constitucional, não se 
admitem outras restrições ao direito de acesso ao Judiciário, mesmo porque 
cuida-se de garantia fundamental, cláusula pétrea, portanto, que sequer por via 
de emenda à Constituição pode ser alterada (art. 60, §4, IV, CF), o que significa 
que "lei alguma poderá autoexcluir-se da apreciação do Poder Judiciário quanto 
à sua constitucionalidade, nem poderá dizer que ele seja invocável pelos 
interessados perante o Poder Judiciário para resolução das controvérsias que 
surjam da sua aplicação" 
Por conseguinte, apenas em relação às ações concernentes à disciplina e 
competições esportivas é que pode ser exigido o esgotamento das instâncias da 
Justiça Desportiva, conforme determinado pelo art. 217, §1º, da Constituição 
Federal. 
Afora isso, o princípio da proteção judiciária "fundamenta-se no princípio da 
separação dos poderes, reconhecido pela doutrina como a garantia das 
garantias constitucionais", cifrando-se, pois, num dos "postulados básicos do 
Estado de Direito", e, como tal, encontra-se protegido por uma declaração de 
modificabilidade embutida pelo Poder Constituinte originário, que veda, 
peremptoriamente, a proposta de emenda tendente a abolir a separação dos 
Poderes (art. 60, §4º, II, CF). 
Do exposto, infere-se que o princípio constitucional do direito de ação encontra-
se protegido contra atos do Poder Constituinte derivado, que possam implicar 
sua mitigação ou eliminação, tanto porque trata-se de manifestação do princípio 
da separação dos poderes, como pelo fato de constituir garantia fundamental. A 
consequência disso é que qualquer lei tendente a modificar a Constituição 
Federal sob esse aspecto, será reputada inconstitucional. 
 
Limitações naturais 
 
O direito constitucional de ação tem, como uma de suas consequências, o direito 
ao processo, posto ser este o instrumento de atuação da atividade jurisdicional. 
Aquele, de nada serviria, se não implicasse a garantia deste. 
O processo deve ser assegurado a todos, mas, especialmente, deve configurar 
instrumento hábil a conferir a tutela aque o cidadão realmente fazer jus, por isso 
a necessidade de preenchimento das condições da ação e dos pressupostos 
processuais e a imposição de observância dos prazos e formas dos atos 
processuais. Preditas exigências nada mais são do que limitações naturais ao 
exercício do direito de ação, quedando-se, portanto, legítimas. 
Essa é também a opinião de Nelson Nery Junior, para quem o direito de ação "é 
um direito cívico e abstrato, vale dizer, é um ‘direito subjetivo à sentença tout 
court’, seja essa de acolhimento ou de rejeição da pretensão, desde que 
preenchidas as condições da ação". 
Polêmicas 
 
Por se tratar de um dos temas da aplicação do princípio da inafastabilidade, traz 
consigo diversas polêmicas. 
 
Convenção de arbitragem 
 
A cláusula compromissória era considerada apenas como um pacto de 
contraindo, fazendo com que apenas a parte requerente fosse obrigada a 
cumprir o compromisso, o que para fins de arbitragem não proporcionava 
nenhuma segurança. 
Assim, a lei de arbitragem de 1996 foi significativa para ampliar e fortalecer o 
processo arbitral. Entre as alterações mais expressivas foi conferir força 
vinculativa à convenção arbitral, sendo que a partir disso a cláusula 
compromissória tornou-se suficiente para que conflitos de interesse fossem 
resolvidos pela arbitragem exonerando a necessidade de apelar para o juízo 
estatal. 
Não vislumbramos ofensa ao direito constitucional de ação na instituição da 
convenção de arbitragem, pois além deste decorrer de uma livre escolha das 
partes, apenas pode versar sobre direitos disponíveis. 
Não há no ordenamento jurídico brasileiro norma legal que obrigue o indivíduo a 
buscar a solução dos conflitos de interesses na via arbitral, como requisito de 
acesso ao Judiciário. Se houvesse regra desse jaez, aí, sim, poder-se-ia falar 
em lesão ao princípio esculpido no art. 5º, XXXV, da CF. 
 
 
 
 
Convenção de arbitragem 
 
Como funciona? 
 
A convenção de arbitragem cumpre dois papeis o primeiro é o compromisso 
reciproco entre as partes, obrigando-as à submissão ao juízo arbitral em caso de 
litígios atuais ou futuros em casos contratuais; e como pacto de abrir mão da 
jurisdição estatal submetendo-se à jurisdição de árbitros. 
Assim, a convenção de arbitragem, seja de cláusula ou compromisso, abole a 
necessidade de juízo estatal e compete à decisão ao árbitro. 
Vale destacar que a cláusula compromissória implica na obtenção da obrigação 
quanto a solução de conflitos e desavenças via arbitragem antes mesmo da 
existência da disputa. É uma modalidade que instaura essa alternativa 
previamente, garantindo que caso venha a ocorrer o conflito, as partes já tenham 
determinado a forma de solucioná-lo. 
Já no caso do compromisso arbitral, ele só é instaurado após o conflito em 
andamento. Caso haja uma controvérsia, uma das partes entra com um processo 
via câmara de arbitragem e a outra parte pode concordar ou não com essa 
modalidade. 
Se aceitar, abre-se mão do juízo estatal, ficando a decisão a cargo de um árbitro 
devidamente escolhido para a função e que conte com a aprovação de ambas 
as partes. 
 
Fungibilidade dos recursos 
 
Havendo dúvida objetiva sobre qual o recurso adequado, sendo tempestiva a 
sua interposição e inexistindo erro grosseiro, deve ser aplicado o princípio da 
fungibilidade, substituindo-se o recurso erroneamente interposto pelo que seria 
correto, como medida de garantia do direito de ação. 
 
4. Princípio do Juiz Natural 
 
O princípio do juiz natural – consagrado em todas as constituições brasileiras, 
exceto na de 1937 – constitui uma garantia de limitação dos poderes do Estado, 
que não pode instituir juízo ou tribunal de exceção para julgar determinadas 
matérias nem criar juízo ou tribunal para processar e julgar um caso específico. 
A Constituição Federal de 1988 determina em seu artigo 5º que todos são iguais 
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. E acrescenta: "XXXVII – 
não haverá juízo ou tribunal de exceção"; "LIII – ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente". 
Na Convenção Americana de Direitos Humanos – da qual o Brasil é signatário 
–, o artigo 8º preceitua que todo indivíduo tem o direito de ser ouvido por um "juiz 
ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente 
pela lei". 
Segundo a doutrina, o princípio do juiz natural se refere à existência de juízo 
adequado para o julgamento de determinada demanda, conforme as regras de 
fixação de competência, e à proibição de juízos extraordinários ou tribunais de 
exceção constituídos após os fatos. 
Assim, fica assegurado ao acusado o direito ao processo perante autoridade 
competente de acordo com a legislação em vigor – estando vedada, em 
consequência, a instituição de juízo posterior ao fato em investigação. 
Basilar para a formação do processo penal, o princípio do juiz natural é motivo 
de uma série de questionamentos judiciais, especialmente por partes que 
alegam violação a esse princípio. Confira, na sequência, algumas situações em 
que o STJ precisou se pronunciar sobre alegações de violação ao juiz natural, 
notadamente na esfera penal. 
 
Juízes convocados 
 
Tanto para o Supremo Tribunal Federal (STF) quanto para o STJ, não infringe o 
princípio do juiz natural o julgamento de recurso por câmara composta 
majoritariamente por juízes federais convocados. 
Na RE 597.133, o STF firmou o entendimento de que o julgamento de recursos 
por órgãos fracionários de tribunais compostos majoritariamente por magistrados 
de primeiro grau convocados não viola o princípio constitucional do juiz natural, 
além de ser autorizado no âmbito da Justiça Federal pela Lei 9.788/1999. 
Da mesma maneira, o STJ entende que a substituição de desembargador por 
juiz convocado não incorre em violação do princípio do juiz natural, desde que 
dentro dos parâmetros legais e com observância das disposições estabelecidas 
na Constituição Federal. 
No julgamento de um habeas corpus pela Quinta Turma (caso que tramitou em 
segredo de justiça), o relator, ministro Nefi Cordeiro, explicou que a convocação 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art5
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2661843&numeroProcesso=597133&classeProcesso=RE&numeroTema=170
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9788.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.788%2c%20DE%2019%2cFederais%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.
de magistrados de primeiro grau para substituir desembargadores 
funcionalmente afastados ou ampliar extraordinariamente o número de 
julgadores do órgão, quando acontece, se dá no interesse objetivo da jurisdição. 
Ele acrescentou que o objetivo da medida é trazer mais celeridade à prestação 
jurisdicional e que a distribuição dos processos é feita sempre aleatoriamente. 
"Independentemente do número de juízes convocados participantes do 
julgamento, sua atuação dá-se nas mesmas condições dos desembargadores, 
válida sendo sua plena atuação jurisdicional", afirmou. 
Para Nefi Cordeiro, a atribuição genérica de processos a juízes que atuam em 
auxílio aos tribunais não viola o devido processo legal, seja qual for o número de 
convocados, bem como não viola o juízo natural; é, na verdade, simples gestão 
do trabalho dos julgadores em órgão jurisdicional. 
 
 
Mudança na composição 
 
O STJ também entende que não há ofensa ao juiz natural nem cerceamento de 
defesa quando ocorre alteração da composição do órgão julgador. 
Ao analisar o HC 331.881, a Quinta Turma consignou que eventuais mudanças 
na composição do órgão julgador não comprometem a competência para 
analisar embargos de declaração opostos

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