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exegese_de_romanos_9._19-21

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Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VASOS DE HONRA E VASOS DE DESONRA 
ROMANOS 9: 19-21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
2 
 
 
ABREVIATURAS 
 
Versões da Bíblia 
ARC Almeida Revista e Corrigida 
A21 Almeida 21 
ACRF Almeida Corrigida e Revisada Fiel 
ARA Almeida Revista e Atualizada 
ARIB Almeida Revisada Imprensa Bíblica 
AS American Standard 
BJ Bíblia de Jerusalém 
BS Bíblia Shedd 
EC Edição Contemporânea 
JFA Versão de João Ferreira de Almeida 
KJV Versão King James 
NTLH Nova Tradução na Linguagem de Hoje 
NVI Nova Versão Internacional 
SBB Sociedade Bíblica Britânica 
TEB Tradução Ecumênica da Bíblia 
TNMES Tradução Novo Mundo das Escrituras Sagradas 
VC Versão Católica 
 
 
ABREVIATURAS DOS LIVROS DA BÍBIA 
Gn Gênesis 
Ex Êxodo 
Lv Levítico 
Nm Números 
Dt Deuteronômio 
Js Josué 
Jz Juízes 
Rt Rute 
1 Sm Primeiro livro de Samuel 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
3 
2 Sm Segundo livro de Samuel 
1 Rs Primeiro livro dos Reis 
2 Rs Segundo Livro dos Reis 
1 Cr Primeiro livro das Crônicas 
2 Cr Segundo livro das Crônicas 
Ed Esdras 
Ne Neemias 
Et Ester 
Jó Jó 
Sl Salmos 
Pv Provérbios 
Ec Eclesiastes 
Ct Cantares ou Cânticos dos Cânticos 
Is Isaías 
Jr Jeremias 
Lm Lamentações de Jeremias 
Ez Ezequiel 
Dn Daniel 
Os Oséias 
Jl Joel 
Am Amós 
Ob Obadias 
Jn Jonas 
Mq Miquéias 
Na Naum 
Hc Habacuque 
Sf Sofonias 
Ag Ageu 
Zc Zacarias 
Ml Malaquias 
Mt Mateus 
Mc Marcos 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
4 
Lc Lucas 
Jo João 
At Atos dos Apóstolos 
Rm Romanos 
1 Co Primeira Carta de Paulo aos Coríntios 
2 Co Segunda Carta de Paulo aos Coríntios 
Gl Gálatas 
Ef Efésios 
Fp Filipenses 
Cl Colossenses 
1Ts Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses 
2Ts Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses 
1Tm Primeira Carta de Paulo a Timóteo 
2 Tm Segunda Carta de Paulo Timóteo 
Tt Tito 
Fm Filemom 
Hb Hebreus 
Tg Tiago 
1 Pe Primeira Carta de Pedro 
2 Pe Segunda Carta de Pedro 
1 Jo Primeira Carta de João 
2 Jo Segunda Carta de João 
3 Jo Terceira Carta de João 
Jd Judas 
Ap Apocalipse 
 
Outras abreviaturas 
AT Antigo Testamento 
CACP Centro Apologético Cristão de Pesquisas 
d.C. depois de Cristo 
NT Novo Testamento 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
5 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho que segue é um trabalho de exegese, ou seja, o levantamento de informações que 
nos ajudem a compreender o texto de Romanos 9: 19-21. Seguiremos o que o manual de 
Exegese de Douglas Stuart e Gordon Fee nos aconselham, mas com acréscimos e decréscimos 
a nosso critério. Não faremos ainda o trabalho final, que será uma monografia ou o esboço de 
um sermão para que juntos, em sala de aula, possamos traçar um caminho para isto. Para 
escrever o trabalho final é necessário amadurecer o processo de compreensão do texto. 
O processo é complexo e extenso, agravado pela dificuldade teológica que o texto em 
questão nos apresenta. 
Entre os muitos desafios que temos, está o de sermos obrigados a tomar uma série de 
decisões ao longo do processo, que vão da escolha de palavras para a tradução, à definição da 
perícope do texto em foco, aos parágrafos que, em virtude das divergências nas versões que 
apresentamos e adotamos em nosso trabalho, ou mesmo da leitura que faremos do contexto 
imediato anterior e posterior. Dependendo do esboço geral de Romanos que adotarmos 
durante o processo, a nossa interpretação pode variar muito em alguns pontos fundamentais. 
Obviamente, questões de preferencia teológica (arminianismo e calvinismo, 
excetuando as variações dentro destas vertentes que não são poucas), adotar-se-á 
intepretações e divisões diferentes do texto. 
O texto de Romanos é tão vastamente comentado, que figura entre os textos mais 
importantes da humanidade. Sem dúvida é o texto mais importante do cristianismo. Deste 
modo, também, não é difícil encontrar discussões acirradas e quase violentas em torno do 
texto. Hoje, com o recurso da Internet, facilmente encontramos comentários de Romanos 9 
em tom belicoso. Todos os principais teólogos da história comentaram o livro em toda a sua 
extensão e exaustão. Material tão vasto pode confundir e fazer do trabalho algo improdutivo. 
 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
6 
 
 
EXEGESE DE ROMANOS 9: 21 
 
¨O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para 
uso desonroso?¨ - NVI 
Ἢ οὐκ ἔσει ἐξοςζίαν ὁ κεπαμεὺρ ηοῦ πηλοῦ, ἐκ ηοῦ αὐηοῦ θςπάμαηορ ποιῆζαι ὃ 
μὲν εἰρ ηιμὴν ζκεῦορ, ὃ δὲ εἰρ ἀηιμίαν. 
Versão do texto Bizantino 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para termos em mãos um modelo de como fazer um trabalho de exegese, ainda que com 
características para iniciantes, decidimos em sala de aula discutir o texto inquietante de 
Romanos 9: 19-33, que nos sugere algo bem difícil de lidar: Deus escolhe arbitrariamente os 
que irá salvar e usar para sua vontade e os que não salvará e, assim, não salvará também 
conforme sua vontade? Existe algum papel para o ser humano na decisão de se salvar ou se 
perder? Se considerarmos apenas a Soberania e vontade de Deus, não estaríamos fazendo 
afirmações que nos tornariam seres robotizados e verdadeiros bibelôs nas mãos de um Deus 
injusto que, por sua vez, pouco se importa com nossas capacidades e poder de decisão? Ou o 
texto está tratando de algo totalmente diferente usando, apenas metaforicamente, os termos 
vaso e oleiro que estão associados a expressões como vasos de honra e vasos de desonra? 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
7 
Quem está certo: o calvinista
1
 ou arminiano
2
? Esbarramos, sem dúvida alguma, em questões 
da natureza do debate do calvinismo e do arminianismo necessariamente. 
 Podemos ainda pensar em termos dos pontos de vista particulares que pretendemos 
defender, se é que temos no próprio texto um debate paulino de ideias com os romanos
3
. 
Queremos defender a Soberania de Deus ou a Liberdade Humana? A teologia tradicional, 
conservadora e fundamentalista, falam de Soberania de Deus. O Calvinismo se coloca como 
defensor desta ideia em sua inteireza, e chega a afirmar, em alguma de suas correntes, a dupla 
predestinação, ou seja, que Deus por ser Soberano, escolhe quem se salvará e quem será 
aquele que se perderá. Para estes, o peso da liberdade humana é nenhum, o que pode justificar 
traduções do termo que até aqui tomamos como vaso, por palavras objeto, como faz Calvino, 
por exemplo. Em que aspecto Deus é glorificado se toda a decisão lhe cabe e o Ser humano 
não o pode amar por decisão própria? Como podem fazer sentido os mandamentos, as leis, as 
 
1
 O Calvinismo (também chamado de TradiçãoReformada, Fé Reformada ou Teologia Reformada) é tanto um 
movimento religioso protestante quanto um sistema teológico bíblico com raízes na Reforma iniciada por João 
Calvino em Genebra no século XVI. A tradição Reformada foi desenvolvida, ainda, por diversos outros teólogos 
como Martin Bucer, Heinrich Bullinger, Pietro Martire Vermigli e Ulrico Zuínglio. Apesar disso, a fé Reformada 
costuma levar o nome de Calvino, por ter sido ele seu grande expoente. Atualmente, o termo também se refere às 
doutrinas e práticas das Igrejas Reformadas
[1]
 . O sistema costuma ser sumarizado através dos cinco pontos do 
calvinismo: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e a perseverança dos 
santos. 
 
2
 O arminianismo é uma escola de pensamento soteriológica (doutrina da salvação), baseada sobre ideias do 
holandes Jacobus Arminius (1560 - 1609) e seus seguidores históricos, os remonstrantes. Seus cinco pontos são: 
VONTADE LIVRE : O primeiro ponto do arminianismo sustenta que o homem é dotado de vontade livre. Os 
reformadores reconhecem que o homem foi dotado de vontade livre, mas concordam com a tese de Lutero — 
defendida em sua obra ―A Escravidão da Vontade‖ —, de que o homem não está livre da escravidão a Satanás. 
Arminius acreditava que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem 
suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador. ELEIÇÃO CONDICIONAL: 
Arminius ensinava também que a eleição estava baseada no pré-conhecimento de Deus em relação àquele que 
deve crer. Em outras palavras, o ato de fé, por parte do homem, é a condição para ele ser eleito para a vida 
eterna, uma vez que Deus previu que ele exerceria livremente sua vontade, num ato de volição positiva para com 
Cristo. EXPIAÇÃO UNIVERSAL: Conquanto a convicção posterior de Arminius fosse a de que Deus ama a 
todos, de que Cristo morreu por todos e de que o Pai não quer que ninguém se perca, ele e seus seguidores 
sustentam que a redenção (usada casualmente como sinônimo de expiação) é geral. Em outras palavras: A morte 
de Cristo oferece a Deus base para salvar a todos os homens. Contudo, cada homem deve exercer sua livre 
vontade para aceitar a Cristo. A GRAÇA PODE SER IMPEDIDA: O arminiano, em seguida, crê que uma vez 
que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a 
Cristo. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em 
relação a sua própria vida. (A ordem arminiana sustenta que, primeiro, o homem exerce sua própria vontade e só 
depois nasce de novo.) Ainda que o arminiano creia que Deus é onipotente, insiste em que a vontade de Deus, 
em salvar a todos os homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo. O HOMEM 
PODE CAIR DA GRAÇA: O quinto ponto do arminianismo é a consequência lógica das precedentes posições 
de seu sistema. O homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser salvo. 
 
3
 Defendemos que, na verdade, o tom do contexto é retórico, não cabendo debate. A verdade está simplesmente 
posta. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Protestante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Calvino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Calvino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genebra
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI
https://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Bucer
https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Bullinger
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pietro_Martire_Vermigli
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igrejas_Reformadas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igrejas_Reformadas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
8 
ordenanças se não são para serem compreendidos e obedecidos por seres livres e inteligentes? 
Em que sentido se pode exigir fé do ser humano para que seja salvo sem que isto não seja um 
atributo humano, colocando assim, o ser humano com alguém papel de participação em sua 
própria salvação? O texto de Romanos 9 fala de salvação ou o assunto é outro? 
Poderíamos falar em Liberdade de Deus? Ou seja, não apenas em Soberania Divina, 
no sentido de que Ele pode, com seu poder infinito, decidir o que quer, mas tendo o homem 
total impotência diante de Sua Poderosa Vontade? Quando lemos o texto quem queremos 
defender: a soberania ou o amor de Deus, isto diante da fragilidade? 
Como compreender a tensão entre a autoridade e o trabalho do apóstolo, que é judeu 
segundo a seita mais severa, mas operando quase exclusivamente como pregador aos gentios? 
Ou queremos defender a coerência textual, gramatical e lógica que, aparentemente parece 
fugir ao texto? 
Podemos falar a partir deste texto em eleição corporativa, ou seja, que Deus salva 
grupos, no caso os gentios e judeus, ou apenas individualmente? Há algum peso das teses do 
infralapsarianismo
4
 ou supralapsarianismo
5
, ou seja, quando se dá o decreto da salvação, se 
antes ou depois da queda? São muitas as questões que o texto levanta. A Teologia tem tentado 
há muito tempo explicar todas estas questões, aparentes distorções e incoerências e 
contradições. Não é a toa que Romanos é capaz de despertar toda sorte de sentimentos. O 
próprio Apóstolo mostra seus sentimentos no texto. E se mostra exaltado frente à dureza dos 
judeus e o seu desejo de que se salvem, dando a própria vida se fora possível. 
 A Epístola aos Romanos nos faz entender afirmações como a que é atribuída ao Pai da 
Igreja Tertuliano, que nos levam a questionar a capacidade da razão por si só para explicar a 
fé: Creio porque é absurdo!
6
 Tertuliano é questionado por alguns como teólogo por não ter 
 
4
 Infralapsarianismo, posição na qual se afirma que os decretos de Deus da eleição e da reprovação logicamente 
sucederam o decreto da queda. De acordo com este esquema, Deus primeiro viu seu povo como caído e então 
determinou salvá-lo, escolhendo somente alguns para serem salvos. 
 
5
 Supralapsarianismo, segundo o qual os decretos de Deus da eleição e da reprovação precederam logicamente o 
decreto da queda. 
 
6
 Esta afirmação é atribuída a diferentes teólogos do passado como Agostinho, por exemplo. No século XIX 
temos esta frase atribuída e trabalhada por Sören Kiekegaard. Søren Aabye Kierkegaard (Copenhague, 5 de 
maio de 1813 — Copenhague, 11 de novembro de 1855) foi um filósofo e teólogo dinamarquês. Kierkegaard 
criticava fortemente quer o hegelianismo do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da Igreja 
da Dinamarca. Grande parte da sua obra versa sobre as questões de como cada pessoa deve viver, focando sobre 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Copenhague
https://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_maio
https://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_maio
https://pt.wikipedia.org/wiki/1813
https://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1855
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dinamarca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hegelianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Dinamarca
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_da_Dinamarca
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
9 
sistematizado muitas de suas ideias, mas esta frase nos dá, em certa medida, a compreensão 
de mente. Tertuliano se opunha à razão como ferramenta para explicar a fé. Em algum 
momento de nossa leitura de Romanos, a razão também pareceser ignorada como categoria 
capaz de explicar a fé, fugindo à lógica. Nossa linguagem parece inadequada para explicar 
Romanos 9. 
Como este trabalho tem caráter duplamente didático, ou seja, em primeira instância 
apresentar um caminho para interpretação de textos à luz de um trabalho exegético, e em 
segundo lugar apontar as próprias intepretações do texto, vamos nos valer dos caminhos 
apontados por estudiosos como Douglas Stuart e Gordon D. Fee em livros como Entendes o 
que lês? e Manual de Exegese Bíblica, ambos publicados por Edições Vida Nova. 
Caminharemos pela longa tradição de intepretação dos principais teólogos que 
selecionaremos e que nos ajudarão também, surgindo no trabalho em diversos momentos 
diferentes. Por fim, conforme compreendemos, devemos produzir um estudo ou sermão que 
possa ser usado na igreja. Nossa opção poderá ser um sermão ou uma monografia. 
A perícope do texto compreende os versos que vão de 19 a 33, como segue, mas nos 
ateremos, pelo menos para efeitos de tradução e analise morfológica e sintática aos versos 
mais vitais que é o verso 21. Veremos adiante uma longa discussão sobre os limites do texto e 
esta divisão pode mudar um pouco. A tradução da NVI está como segue: 
Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem 
resiste à sua vontade? " Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? 
"Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‗Por que me fizeste 
assim? ’ O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins 
nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar 
conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, 
preparados para destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as 
riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para 
 
a prioridade da realidade humana concreta em relação ao pensamento abstrato, dando ênfase à importância da 
escolha e compromisso pessoal. A sua obra teológica incide sobre a ética cristã e as instituições da Igreja. A sua 
obra na vertente psicológica explora as emoções e sentimentos dos indivíduos quando confrontados com as 
escolhas que a vida oferece. Como parte do seu método filosófico, inspirado por Sócrates e pelos diálogos 
socráticos, a obra inicial de Kierkegaard foi escrita com vários pseudônimos que apresentam cada um deles os 
seus pontos de vista distintivos e que interagem uns com os outros em complexos diálogos. Ele atribui 
pseudónimos para explorar pontos de vista particulares em profundidade, que em alguns casos chegam a ocupar 
vários livros, e Kierkegaard, ou outro pseudónimo, critica essas posições. A tarefa da descoberta do significado 
das suas obras é, pois, deixada ao leitor, porque "a tarefa deve ser tornada difícil, visto que apenas a dificuldade 
inspira os nobres de espírito" Subsequentemente, os académicos têm interpretado Kierkegaard de maneiras 
variadas, entre outras como existencialista, neo-ortodoxo,pós-modernista, humanista e individualista. Cruzando 
as fronteiras da filosofia, teologia, psicologia e literatura, tornou-se uma figura de grande influência para o 
pensamento contemporâneo. Está sepultado no Cemitério Assistens. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Emo%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sentimento
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates
https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1logo_socr%C3%A1tico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%A1logo_socr%C3%A1tico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pseud%C3%B3nimo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_dial%C3%A9tica
https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_humanista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio_Assistens
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
10 
glória, ou seja, a nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus, mas 
também dentre os gentios? Como ele diz em Oséias: "Chamarei ‗meu povo‘ a quem 
não é meu povo; e chamarei ‗minha amada‘ a quem não é minha amada", e 
acontecerá que, no mesmo lugar em que se lhes declarou: ‗Vocês não são meu 
povo‘, eles serão chamados ‗filhos do Deus vivo." Isaías exclama com relação a 
Israel: "Embora o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o 
remanescente será salvo. Pois o Senhor executará na terra a sua sentença, rápida e 
definitivamente". Como anteriormente disse Isaías: "Se o Senhor dos Exércitos não 
nos tivesse deixado descendentes, já estaríamos como Sodoma, e semelhantes a 
Gomorra". Que diremos, então? Os gentios, que não buscavam justiça, a obtiveram, 
uma justiça que vem da fé; mas Israel, que buscava uma lei que trouxesse justiça, 
não a alcançou. Por que não? Porque não a buscava pela fé, mas como se fosse por 
obras. Eles tropeçaram na "pedra de tropeço". Como está escrito: "Eis que ponho em 
Sião uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais 
será envergonhado". Romanos 9:19-33 
 
 O verso 21 é o verso central e crítico solicitado em sala de aula, mas discutiremos a 
questão da definição da perícope logo à frente. Seguiremos, como já dito, o esquema de 
exegese do Manual e exegese de Douglas Stuart e Gordon Fee, mas faremos acréscimos 
conforme nossa necessidade e entendimento, seguindo assim: 
1. O CONTEXTO HISTÓRICO DE ROMANOS; 
2. OS LIMITES DA PASSAGEM: DELIMITANDO A PERÍCOPE; 
3. O PARÁGRAFO E A PERÍCOPE EXPLICADAS; 
4. A ESTRUTURA DAS FRASES E A AS RELAÇÕES DE SINTAXE 
5. ESTABELECENDO O TEXTO COMPLETO; 
6. QUESTÕES GRAMATICAIS; 
7. PALAVRAS SIGNIFICATIVAS; 
8. PANO DE FUNDO HISTÓRICO CULTURAL; 
9. CARACTERÍSTICAS FORMAIS DA EPÍSTOLA; 
10. O CONTEXTO HISTÓRICO PARTICULAR; 
11. O CONTEXTO LITERÁRIO; 
12. CONTEXTO BÍBLICO E TEOLÓGICO MAIS AMPLO; 
13. LITERATURA SECUNDÁRIA; 
14. TRADUÇÕES FINAIS E COMENTÁRIOS. 
15. SERMÃO OU MONOGRAFIA. 
 
 
https://www.bibliaonline.com.br/nvi/rm/9/19-33
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
Seminário Teológico Mizpá 
Curso de Introdução Bíblia 
Professor José Martins Júnior 
Primeiro Semestre 2016 
11 
 
1. O CONTEXTO HISTÓRICO DE ROMANOS 
 
Romanos é talvez o livro mais importante da Bíblia. Historicamente, todos os grandes 
teólogos, desde os Pais da Igreja, comentaram a carta de Paulo aos Romanos, ou usaram esta 
carta de referencia para sua Teologia e suas vidas. A Reforma Protestante deve a Romanos 
sua estrutura e sua força, principalmente, no que diz respeito ao conceito da salvação pela 
graça e da justificação do pecador por meio da fé. Reformadores como Lutero, rejeitaram 
cartas como Tiago, porque, em sua concepção eram contrárias aos ensinos descritivos e 
normativos de Romanos. Calvino, por exemplo, não escreveu comentários sobre livros como 
Apocalipse por motivos parecidos, mas dedicou atenção especial a Romanos. 
A Epístola aos Romanos é a epístola que possui a maior quantidade de evidências 
externas de sua autoria, ou seja, desde os Pais da igreja mais remotos, a autoria paulina é 
aceita
7
. É uma carta escrita a gentios e Paulo se apresenta na carta como o apóstolo aos 
gentios (Rom 11: 13; 15: 16) e, neste sentido, falando do ponto de vista de um judeu fariseu, a 
seita mais severa entre os judeus, suas palavras tem conotações e contornos muito especiais. 
A Epístola aos Romanos foi escrita por Paulo, provavelmente na cidade deCorinto, 
Grécia, enquanto ele estava hospedado na casa de Gaio, sendo transcrita por um dos Setenta 
Discípulos, chamado Tércio de Icônio. Há uma série de razões que convergem para a teoria 
de que Paulo a escreveu em Corinto, uma vez que ele estava prestes a viajar para Jerusalém ao 
escrevê-la, o que corresponde com Atos 20: 3, no qual é relatado que Paulo permaneceu 
durante três meses na Grécia. Isso provavelmente implica Corinto, pois era o local de maior 
sucesso missionário de Paulo, na Grécia. Adicionalmente Febe, uma diaconisa da igreja em 
Cencréia, um porto a leste de Corinto, teria sido capaz de levar e transmitir a carta a Roma 
depois de passar por Corinto. Erasto, mencionado em Romanos 16: 23, que viveu em Corinto, 
foi comissário da cidade para obras públicas e tesoureiro da cidade, mais uma vez indicando 
que a carta foi escrita em Corinto. O momento exato em que foi escrito não é mencionado na 
carta, mas foi escrito quando a coleta de ofertas para Jerusalém tinha sido levantada e Paulo 
 
7
 Conforme Russel Shedd em https://www.youtube.com/watch?v=Cb9YVXTFM2g. 
https://www.youtube.com/watch?v=Cb9YVXTFM2g
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estava prestes a ir a Jerusalém, ou seja, no final de sua segunda visita a Grécia, durante o 
inverno que precedeu a sua última visita a essa cidade. 
A maioria dos estudiosos propõe que a carta foi escrita no final de 55, 56 ou 
57. Outros propõem o início de 58 ou 55, enquanto Luedemann defende uma data anterior, 
como 51-52 (ou 54-55), na sequência de Knox, que propõe 53-54. O teólogo Fábbio Xavier, 
em seu artigo Conhecendo os Romanos de Roma, deixa claro que a carta pode ter sido 
redigida por volta de 55 e 56. Durante dez anos antes de escrever a carta (aproximadamente 
entre os anos 47 a 57), Paulo tinha viajado ao redor do Mar Egeu evangelizando. Igrejas 
foram implantadas nas províncias romanas da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Paulo, 
considerando a sua tarefa concluída, queria pregar o evangelho na Espanha. Isso lhe permitiu 
visitar Roma no caminho, uma ambição de longa data. A carta aos Romanos, em parte, 
prepara a comunidade de Roma e dá motivos para sua visita. Além da localização geográfica 
de Paulo, suas opiniões religiosas são importantes. Primeiramente, Paulo era um judeu 
helenístico com um fundo farisaico. Na verdade podemos falar de Paulo como um homem de 
três mundos: judaico, grego e cristão. Sua preocupação com o seu povo (judeu) é uma parte 
importante do diálogo e é retratada ao longo da carta. De fato, Paulo parece mostrar aos 
Romanos como eles chegaram à salvação, seja pela eleição de Deus pela fé, seja pelo 
endurecimento de Israel, seja como o plano de Deus. 
A Roma do primeiro século vivia uma situação política bastante triste. Tibério (14-37 
d.C.) era um imperador de dupla personalidade. A maioria dos historiadores tecem elogios à 
sua administração, esquecendo a sua violenta tirania e despotismo, em razão do Estado. Mas 
os cristãos (confundidos com os judeus) não tinham do que se queixar. A Tibério sucedeu 
Calígula (37-41 d.C), tão cínico que, para insultar o Senado, deu as honras de Cônsul ao seu 
cavalo! Na "História dos Césares" é apelidado de ―animal ferox‖, tamanha era a sua 
crueldade. Por fim, foi assassinado por Cláudio, o capitão de sua guarda pessoal. E foi uma 
festa pelo império afora. Sucedeu-lhe Cláudio (41-54 d.C.), um homem irresoluto e tímido, e 
tão covarde que consentia que Calígula o esbofeteasse e o chicoteasse em público. Uma vez 
imperador, mandou matar todos seus amigos, a um ponto que Agripina mandou envenená-lo. 
Então, Nero subiu ao trono (54-68 d.C.): a pior desgraça da Roma antiga segundo muitos, 
senão no conceito de todos. Ele mandou matar a própria mãe, Agripina, assim como seu 
mestre Sêneca e dezenas de outros amigos, isso já no começo de seu império. Então se casou 
com um homem, praticando relações sexuais à luz do dia, na presença de sua corte. As demais 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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loucuras, atrocidades e crimes de Nero, todos conhecem. Mas não podemos esquecer a noite 
de 19 de julho do ano de 64, quando ele mandou incendiar Roma e, depois, colocou a culpa 
nos cristãos. Logo cerca de 200 cristãos, vestidos com túnicas impregnadas de pez negro, 
queimavam como tochas vivas para espetáculo público. Foi a primeira e mais terrível 
perseguição contra os cristãos. Em Roma nesta ocasião já havia uma pequena comunidade, 
embora não se tenha registros históricos de seus fundadores. Finalmente, o povo se revoltou: 
invadiu o palácio e acabou com Nero. Sucedeu-lhe, primeiro, Galba, e, depois, Otão e Vitélio, 
tolos ineptos e corruptos, particularmente este último, que era também sádico e sanguinário. 
Então Vespasiano tornou-se imperador (69-79 d.C.). Era bondoso e condenava as crueldades 
de seus antecessores. Sucedeu-lhe Tito (79-81 d.C.), que o povo apelidou de "delícias do 
gênero humano". Quando morreu, o povo dizia: "Um imperador como este, ou nunca devia ter 
nascido ou devia viver para sempre". Sucedeu-lhe Domiciano (81-96 d.C.), homem 
orgulhoso, fútil, avarento e cruel. Desencadeou a segunda perseguição contra os cristãos. O 
prazer de Domiciano era matar pessoas e dá-las aos cães para comer. Outra diversão desse 
monstro era mandar queimar os órgãos sexuais de amigos. Foi assassinado. Sucedeu-lhe 
Nerva (96-98). O historiador Apolônio, que viveu nessa época, diz que Nerva era benévolo, 
generoso e modesto. Todos os historiadores romanos louvam e admiram Nerva, com o qual 
começa a dinastia antonina. Nesses altos e baixos políticos a vida dos cristãos em Roma 
certamente sofria, mas não tanto para ficarem dispersos. Muito pelo contrário, era uma 
comunidade pequena, mas muito unida. Embora o período que foi do ano 70 ao ano 110 seja 
completamente obscuro quanto à história, podemos ter alguma notícia por meio de Irineu e de 
Inácio. São notícias misturadas à ideologia do poder eclesiástico do qual os dois estavam 
imbuídos. Mas quem nos fornece as melhores notícias é a Arqueologia Paleo-cristã. 
A importantíssima obra de Giovanni Battista De Rossi, arqueólogo e epigrafista 
italiano (1822-1894) "Roma Sotterranea" (Roma Subterrânea), escrita entre os anos de 1864 e 
1877, mostra o levantamento topográfico das catacumbas de Roma; foi o criador da Epigrafia 
Cristã; organizou o Museu Cristão do Latrão e redigiu, a partir de 1863, o Boletim de 
Arqueologia Cristã, com a assistência da Comissão Vaticana de Arqueologia Sagrada. Os 
túmulos que ele descobriu e os sarcófagos que ele descreveu nos apresentam os mais antigos 
símbolos, pinturas e objetos deste primeiro século de vida cristã. Encontramos lá o Alfa e o 
Ômega (Deus, princípio e fim); muitas âncoras (a cruz da salvação); muitas palmas (a vitória 
sobre o paganismo); o cordeiro (o fiel do Cristo); o peixe, cujo acróstico, em grego, significa: 
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"Jesus-Cristo-Filho-de-Deus-Salvador"; o pastor (o bom pastor da parábola); o pescador 
(Jesus em busca dos homens); o orante (a Igreja em oração); e muitas outras imagens. Às 
vezes, a tampa do sarcófago tem cenas tiradas da mitologia e passíveis de uma interpretação 
espiritual: Orfeu enfeitiçando os animais (Cristo fascinando os alunos); Eros abraçando 
Psique (o amor celeste envolvendo o amor humano); Ulisses amarrado ao mastro para resistir 
ao canto das sereias(o cristão desdenhando o mundo profano). Além dos sarcófagos, 
encontramos as pinturas rudimentares, sobretudo nos muros e nas abóbadas dos cubículos e 
das criptas. São pinturas de cores suaves, amarelo-rosado com toques de verde-claro e 
sombras castanho-vermelhas, retratando cenas bíblicas ou evangélicas: Moisés batendo no 
rochedo; Daniel no fosso dos leões; Noé na sua arca; Abraão sacrificando Isaac; Lázaro 
ressuscitado; o paralítico sarado; Jesus disfarçado como pastor. Isso tudo mostra o profundo 
respeito que os cristãos tinham pelos seus mortos: é a cristianização da antiga cultura do 
mediterrâneo. A cultura romana reverenciava os túmulos, que, por lei, deviam ser preservados 
de qualquer mutilação, a fim de que as almas não se tornassem "errantes", como escreveu 
Plínio o Moço. 
Os cristãos acrescentavam a essa cultura a ideia da ressurreição. É por essas pinturas, 
que ainda hoje são visíveis nas catacumbas descobertas, que conhecemos o modo de orar dos 
primeiros cristãos; as roupas que vestiam, de acordo com o sexo; como era o "repartir do 
pão"; como era o batismo; o lugar daquele que presidia a comunidade e até alguns dos 
trabalhos exercidos pelos cristãos, em vida. Da análise dessas esculturas e pinturas podemos 
concluir que os cristãos romanos dos primeiros séculos viviam dentro da cultura material 
romana. A única coisa que os distinguia dos romanos era a atitude perante o sexo e o 
casamento. (Veja: C. Munier; "L‘Église dans 1'empire romain"; Paris; 1970; sobretudo o 
resumo: pág. 7-16. Veja também em: "Ética sessuale e Matrimônio nel cristianesimo delle 
origini"; Ed. Cantalamassa; Milano: 1976. O ensaio de P.F. Beatrice: "Continenza e 
matrimônio nel cristianismo primitivo"; 3). Se, para os pagãos de Roma, o corpo era o 
instrumento do prazer; se, para os judeus, o corpo era o instrumento da continuidade da raça e 
a disposição para receber o Messias vindouro; para os cristãos o corpo era o instrumento para 
servir a comunidade e para dar guarida ao Espírito de Jesus. Explica-se assim porque não são 
benquistas as segundas núpcias e, porque a comunidade se orientava para o celibato, que, 
além do mais, se tornava uma bandeira que os distinguia dos pagãos e dos judeus - talvez 
tenha influído nisto a expectativa da iminente vinda de Jesus "nas nuvens". Mas o celibato era 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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adotado somente em idade madura, justamente pelos presbíteros (palavra grega que significa 
"anciãos"). Na chefia da vida cristã, encontramos aquele que ocupa o primeiro lugar: o bispo 
– palavra grega que significa vigilante. Quem eram os bispos de Roma nos primeiros dois 
séculos? Existem catálogos completos e pormenorizados, mas não esqueçamos que a série de 
biografias dos papas é do "Liber Pontificalis" (o livro dos pontífices), cuja primeira parte, que 
vai até Felix IV, em 530, tem quase nenhum valor histórico: é o que pensa monsenhor Luís 
M.O. Duchesne, historiador eclesiástico católico (1843-1922) e professor do Instituto 
Católico de Paris, que aplicou princípios históricos e críticos em suas pesquisas sobre os 
primeiros papas, pesquisa que reuniu no livro "Le Liber Pontificalis" (1886-1892). De todos 
esses bispos romanos, o mais importante é Clemente romano (97-101) que, na sua carta aos 
Coríntios, lança a ideia da necessidade de organizar os cristãos, a exemplo do exército 
romano, com um chefe supremo (o bispo de Roma) e chefes subalternos (os demais bispos) e, 
finalmente, a tropa bem organizada e obediente. Essas ideias amadurecerão e, em 325, no 
Concilio de Nicéia, encontramos, como coisa normal, os bispos ao lado do imperador 
Constantino, colocando as bases da ideologia do poder eclesiástico. Obviamente as ideias aqui 
presentes excedem o tempo da carta, mas revelam a cultura da época e os desdobramentos 
desta cultura no cristianismo primitivo. Além do mais, quando entrarmos em detalhes de 
exegese e análise do texto escolhido, entraremos em mais detalhes históricos partindo da 
análise de palavras e do contexto teológico da carta
8
. 
Um breve esboço preliminar da Epístola aos Romanos seria: 
Romanos 1: 1-15 Compartilhando o Evangelho 
Romanos 1: 16-32 A Necessidade Universal 
Romanos 2: 1-16 O Justo Juízo de Deus 
Romanos 2: 17-29 A Culpa dos Judeus 
Romanos 3: 1-18 Os Judeus Têm Vantagem? 
Romanos 3: 19-31 Justo e Justificador 
Romanos 4: 1-25 A Justificação de Abraão 
Romanos 5 :1-21 Jesus Vive para Salvar 
Romanos 6: 1-23 Ressuscitados com Cristo 
 
8
 Será interessante analisar o que é um vaso para aquela cultura e seus diversos usos. Como veremos será 
necessária esta analise porque o texto pode estar tratando do vaso do ponto de vista ontológico, ou seja, se 
alguém é vaso para honra ou desonra, ou se é apenas uma questão de utilidade. Mais detalhes à frente. 
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Compartilhando o Evangelho
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Necessidade Universal
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#O Justo Juízo de Deus
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Culpa dos Judeus
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Os Judeus Têm Vantagem
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Justo e Justificador
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Justificação de Abraão
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Jesus Vive para Salvar
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Ressuscitados com Cristo
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Ressuscitados com Cristo
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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Romanos 7: 1-11 Libertados da Lei 
Romanos 7: 12-25 O Homem Desventurado 
Romanos 8: 1-17 O Espírito X A Carne 
Romanos 8: 18-25 Sofrimento e Esperança 
Romanos 8: 26–39 Mais Que Vencedores! 
Romanos 9: 1-18 Deus: Fiel e Justo 
Romanos 9: 19-33 Os Vasos de Misericórdia 
Romanos 10: 1-21 Um Povo Rebelde 
Romanos 11: 1-16 A Rejeição de Israel 
Romanos 11: 17-36 Quebrados e Enxertados 
Romanos 12: 1-21 Sacrifícios Agradáveis 
Romanos 13: 1-14 A Dívida do Amor 
Romanos 14: 1-23 Respeito entre Irmãos 
Romanos 15: 1-21 A Prática do Amor 
Romanos 15: 22 - 16: 27 Cooperando em Cristo 
 
 Este esboço preliminar sofrerá alterações dentro do nosso propósito
9
. 
A Bíblia de Paulo era a tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta. Não 
obstante, nem todas as citações da Escrituras em Paulo podem ser derivadas da LXX 
transmitida; especialmente nas citações de Jó e Isaías precisa-se contar com uma recensão do 
texto da LXX que tinha certa proximidade ao texto hebraico27. Nas cartas paulinas 
indiscutivelmente autenticas encontram-se 89 citações do Antigo Testamento28. A maioria 
das citações que provêm de um número reduzido de escritos; no centro estão claramente 
Isaías, os Salmos e textos do Pentateuco, enquanto Jeremias, Ezequiel e Daniel, por exemplo, 
ficaram inteiramente desconsiderados. Também na aplicação concreta das citações mostra-se 
outro processo de redução e falta
10
. 
 
 
 
9
 Acompanhamos de perto o crescente interesse da leitura cada vez mais integral e integrada do texto bíblico. 
Além da crescente afirmação do texto como uma Grande Narrativa. 
 
10
 Conforme Udo Schnelle pág 126. 
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Libertados da Lei
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#O Homem Desventurado
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#O Homem Desventurado
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#O Espírito X A Carne
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#O Espírito X A Carne
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Sofrimentoe Esperança
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Mais Que Vencedores!
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Deus: Fiel e Justo
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Os Vasos de Misericórdia
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Um Povo Rebelde
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Rejeição de Israel
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Quebrados e Enxertados
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Sacrifícios Agradáveis
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Dívida do Amor
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Respeito entre Irmãos
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#A Prática do Amor
http://www.estudosdabiblia.net/romanos.htm#Cooperando em Cristo
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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2. OS LIMITES DA PASSAGEM: DELIMITANDO A PERÍCOPE 
 
A carta aos Romanos possui dezesseis capítulos. Existe uma ordenação de assuntos. É certo 
que, cada vez mais, devemos ler e interpretar o texto integralmente, ou seja, uma exegese 
deveria, de fato, levar em consideração a carta como um todo, senão toda a Bíblia. O que 
faremos é analisar uma porção pequena da carta, ou seja, um versículo à luz de seu contexto 
imediato, mas a análise, mesmo que superficial do texto, nos ajuda a entender o todo. Faremos 
um caminho mais aberto e vamos afunilando pouco a pouco até chegarmos em nosso texto 
áureo que é Romanos 9: 21. 
A Epístola aos Romanos possui assim, as seguintes grandes divisões (agora um esboço 
com mais detalhes
11
): 
1. INTRODUÇÃO E TEMA 1.1-17 
1.1. Saudação 1.1-7 
1.2. Ação de Graças 1.8-15 
1.3. Tema: Justificação pela fé 1.16-17 
2. NECESSIDADE DO EVANGELHO 1.18-3.20 
2.1. A condenação dos gentios 1.18-32 
2.2. A condenação dos judeus 2.1-3.8 
2.3. A condenação de todos os homens 3.9-20 
3. BREVE DECLARAÇÃO DO PLANO DE SALVAÇÃO 
 JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ 
3.21-31 
4. ABRAÃO: UMA CONFIRMAÇÃO DA JUSTIFICAÇÃO 4.1-25 
5. OS RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO 5.1-21 
6. RÉPLICA A PRIMEIRA OBJEÇÃO À JUSTIFICAÇÃO 
 PROMOVE O PECADO 
6.1-8.39 
 
11
 Segundo a Bíblia Shedd. 
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6.1. A justificação produz a santificação 6.1-23 
6.2. Lei e Graça 7.1-25 
6.3. Certeza de Salvação 8.1-39 
7. RÉPLICA A SEGUNDA OBJEÇÃO 
 ANULA AS PROMESSAS DE DEUS 
9.1-11.36 
7.1. A Soberana escolha de Deus 9.1-33 
7.2. Zelo e desobediência dos judeus 10.1-21 
7.3. O futuro de Israel 11.1-36 
8. EXORTAÇÕES PRÁTICAS 12.1-16.27 
8.1. O serviço na igreja e outros deveres 12.1-21 
8.2. Deveres políticos 13.1-14 
8.3. A responsabilidade pessoal 14.1-23 
8.4. Ambições missionárias de Paulo 15.1-33 
8.5. Saudações pessoais 16.1-27 
 
 Outra opinião importante quanto a divisão de Romanos, focada no contexto do 
capitulo 9, vemos que à partir do capítulo 3, quando Paulo apresenta o plano de Salvação, 
logo após ele usa, no capítulo 4, o patriarca Abraão como exemplo de salvação por meio da 
fé. De fato, Abraão é o único e definitivo paradigma bíblico paulino da salvação e da 
justificação por meio da fé. No capítulo 5, Paulo fala de todas as bênçãos produzidas a partir 
da justificação. O capítulo 6 mostra que o homem não pode ser salvo por meio da Lei. O 
capítulo 7 mostra que o homem não pode ser salvo pelas próprias forças e entendimento. No 
capítulo 8 mostra que a única maneira de ser salvo é pelo Espirito e que o Espirito é quem 
capacita o homem a viver na Graça de Deus. O capítulo 9, então falaria da recusa de Deus aos 
desobedientes e sua eleição soberana. O capítulo 9 é incluído em um bloco maior por muitos 
que vai de 9: 1 a 11: 36. Após esta seção, Paulo se volta a questões de natureza mais práticas e 
ministeriais. O Pr Caio Fábio D´araujo Filho, por exemplo, chega a afirmar que esta seção de 
Romanos, ou seja, dos capítulos 9-11 poderiam ser excluídos da Bíblia porque tratam de um 
devaneio de Paulo em virtude de seu afloramento emocional
12
. Este argumento, no entanto, é 
 
12
 https://www.youtube.com/watch?v=0Y7rBLO9mDc 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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o argumento próprio de posicionamentos mais liberais que simplesmente negam porções das 
Escrituras que não fazem sentido em um primeiro momento, ou entram em provável tensão e 
contradição com o restante do texto. Estamos longe desta acomodação. 
O que é possível perceber claramente, é que Paulo se mostra dividido entre dois 
sentimentos. O primeiro é de profunda tristeza pela situação de seu povo (9: 1-5) desejando 
até ser condenado se com isto pudesse salvar seu povo. O segundo é o desejo de que todo o 
seu povo fosse salvo (10: 1-2) o que lhe parece causar certo desespero ao mesmo tempo em 
que julga que isto seja absolutamente justo da parte de Deus (10: 3). Logo, neste sentido, não 
negamos o fator emocional humano no texto, mas sobressai, no nosso entendimento a 
narrativa bíblica da tensão relação entre Israel e o próprio Deus. 
O verso de nossa análise aparece no capítulo 9: 21, para o qual F.F. Bruce oferece a 
seguinte divisão, que vai do capítulo 9 ao 11: 
1. A INCREDULIDADE E A GRAÇA DIVINA 9.1 - 11:36 
1.1. A dureza de Israel 9: 1-5 
1.2. A escolha soberana de Deus 9: 6-29 
1.3. A responsabilidade do homem 9: 30 – 10: 21 
1.4. O propósito de Deus para Israel 11: 1-29 
1.5. O propósito de Deus para a humanidade 11: 30-35 
 
Deste modo, nosso verso se encontra entre a divisão que trata da ¨escolha soberana de 
Deus¨ em 9: 6-29. 
Nas versões bíblicas que apresentam o texto em parágrafos, temos esta seção de 9: 6-
29 com os seguintes parágrafos: 
Não pensemos que a palavra de Deus falhou. Pois nem todos os descendentes de 
Israel são Israel. Nem por serem descendentes de Abraão passaram todos a ser filhos 
de Abraão. Pelo contrário: "Por meio de Isaque a sua descendência será 
considerada". Noutras palavras, não são os filhos naturais que são filhos de Deus, 
mas os filhos da promessa é que são considerados descendência de Abraão. Pois foi 
assim que a promessa foi feita: "no tempo devido virei novamente, e Sara terá um 
filho". 
E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo 
pai, nosso pai Isaque. Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem 
qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: "O mais 
velho servirá ao mais novo". Como está escrito: "Amei Jacó, mas rejeitei Esaú". 
E então, que diremos? Acaso Deus é injusto? De maneira nenhuma! Pois ele diz 
a Moisés: 
Terei misericórdia de quem 
 eu quiser ter misericórdia 
 e terei compaixão de quem 
 eu quiser ter compaixão". 
Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da 
misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: "Eu o levantei exatamente com 
este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja 
proclamado em toda a terra". Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e 
endurece a quem ele quer. 
Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem 
resiste à sua vontade?"Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso 
aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‗Por que me fizeste assim? O 
oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro 
para uso desonroso? 
E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou 
com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição? Que dizer, se 
ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua 
misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também 
chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios? Como ele diz 
em Oséias: 
Chamarei ‘meu povo’ 
 a quem não é meu povo; 
 e chamarei ‘minha amada’ 
 a quem não é minha amada", 
e: 
Acontecerá que, no mesmo 
 lugar em que se lhes declarou: 
 ‘Vocês não são meu povo’, 
 eles serão chamados 
 ‘filhos do Deus vivo’. 
Isaías exclama com relação a Israel: 
"Embora o número 
 dos israelitas 
 seja como a areia do mar, 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
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 apenas o remanescente 
 será salvo. 
 Pois o Senhor executará 
 na terra a sua sentença, 
 rápida e definitivamente". 
Como anteriormente disse Isaías: 
"Se o Senhor dos Exércitos 
 não nos tivesse deixado descendentes, 
 já estaríamos como Sodoma, 
 e semelhantes a Gomorra". 
 
Ainda que tenhamos um verso em especial para analisar, sabemos que o mesmo se 
encontra no escopo da Soberania de Deus, e logo após uma longa discussão sobre como Deus 
recebe, apenas pela fé, os seres humanos e, qual é agora o papel de Israel. Lendo à luz de toda 
a carta, podemos antecipar que Deus não rejeitou simplesmente e nem definitivamente Israel, 
mas que a eleição em nada depende da vontade do homem, mas de Deus. Apenas Deus pode 
salvar. No entanto, ainda temos muitos detalhes para ver na carta e no texto e não nos 
adiantaremos aqui. O verso que estaremos analisando está no bloco do parágrafo de 9: 19-21. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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3. O PARÁGRAFO E A PERÍCOPE EXPLICADAS 
 
Agora que definimos o parágrafo, vamos destacá-lo e chegarmos a algumas conclusões 
preliminares: 
Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem 
resiste à sua vontade?" Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso 
aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‗Por que me fizeste assim? O 
oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro 
para uso desonroso? 
 
Vejamos versões em grego com uma tradução provisória e versões em português. 
 
3.1.Versões em grego de Romanos 9: 19-21 
 
3.1.1. Majoritário Bizantino 
(19) ἖πεῖρ οὖν μοι, Tί ἔηι μέμθεηαι; Tῷ γὰπ βοςλήμαηι αὐηοῦ ηίρ ἀνθέζηηκεν (20) Μενοῦνγε, 
ὦ ἄνθπυπε, ζὺ ηίρ εἴ ὁ ἀνηαποκπινόμενορ ηῷ θεῷ; Μὴ ἐπεῖ ηὸ πλάζμα ηῷ πλάζανηι, Tί με 
ἐποίηζαρ οὕηυρ (21) Ἢ οὐκ ἔσει ἐξοςζίαν ὁ κεπαμεὺρ ηοῦ πηλοῦ, ἐκ ηοῦ αὐηοῦ θςπάμαηορ 
ποιῆζαι ὃ μὲν εἰρ ηιμὴν ζκεῦορ, ὃ δὲ εἰρ ἀηιμίαν. 
3.1.2. Textus Receptus 
(19) ἖πεῖρ οὖν μοι Τί ἔηι μέμθεηαι ηῷ γὰπ βοςλήμαηι αὐηοῦ ηίρ ἀνθέζηηκεν (20) μενοῦνγε ὦ 
ἄνθπυπε ζὺ ηίρ εἶ ὁ ἀνηαποκπινόμενορ ηῷ θεῷ μὴ ἐπεῖ ηὸ πλάζμα ηῷ πλάζανηι Τί με 
ἐποίηζαρ οὕηυρ (21) ἢ οὐκ ἔσει ἐξοςζίαν ὁ κεπαμεὺρ ηοῦ πηλοῦ ἐκ ηοῦ αὐηοῦ θςπάμαηορ 
ποιῆζαι ὃ μὲν εἰρ ηιμὴν ζκεῦορ ὃ δὲ εἰρ ἀηιμίαν. 
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 As versões em grego escolhidas 
13
não apresentam diferenças entre si, logo a tradução 
poderá atender às duas versões escolhidas. 
 
3.2.Tabela para comparação dos textos 
Bizantino Receptus Traduzindo 
἖πεῖρ οὖν μοι, Tί ἔηι 
μέμθεηαι 
἖πεῖρ οὖν μοι Τί ἔηι 
μέμθεηαι 
Você me dirá então por que 
ele ainda encontra falta/culpa 
no homem 
Tῷ γὰπ βοςλήμαηι αὐηοῦ ηίρ 
ἀνθέζηηκεν 
ηῷ γὰπ βοςλήμαηι αὐηοῦ ηίρ 
ἀνθέζηηκεν 
O fato de quem pode resistir 
a ele 
Μενοῦνγε, ὦ ἄνθπυπε, ζὺ ηίρ 
εἴ ὁ ἀνηαποκπινόμενορ ηῷ 
θεῷ 
μενοῦνγε ὦ ἄνθπυπε ζὺ ηίρ 
εἶ ὁ ἀνηαποκπινόμενορ ηῷ 
θεῷ 
Oh homem quem é você para 
ir contra Deus 
Μὴ ἐπεῖ ηὸ πλάζμα ηῷ 
πλάζανηι, Tί με ἐποίηζαρ 
οὕηυρ 
μὴ ἐπεῖ ηὸ πλάζμα ηῷ 
πλάζανηι Τί με ἐποίηζαρ 
οὕηυρ 
O homem não dirá a Deus 
que o fez por que me fez 
assim 
Ἢ οὐκ ἔσει ἐξοςζίαν ὁ 
κεπαμεὺρ ηοῦ πηλοῦ, ἐκ ηοῦ 
αὐηοῦ θςπάμαηορ 
ἢ οὐκ ἔσει ἐξοςζίαν ὁ 
κεπαμεὺρ ηοῦ πηλοῦ ἐκ ηοῦ 
αὐηοῦ θςπάμαηορ 
Ou não tem autoridade o 
oleiro para do mesmo 
material 
ποιῆζαι ὃ μὲν εἰρ ηιμὴν 
ζκεῦορ, ὃ δὲ εἰρ ἀηιμίαν 
ποιῆζαι ὃ μὲν εἰρ ηιμὴν 
ζκεῦορ ὃ δὲ εἰρ ἀηιμίαν 
Um vaso de honra e até 
mesmo um para desonrar (ou 
desonra) 
 
3.3.Uma tradução provisória de Romanos 9: 19-21 com rearranjos para que faça mais 
sentido: 
Você me dirá então: Por que Deus ainda encontra culpa no homem? Já 
que o homem não pode resistir à Vontade Dele? Oh homem, que é 
você para ir contra Deus? O homem não poderá perguntar a Deus: Por 
que me fez assim? Ou o oleiro não tem autoridade/poder para fazer do 
mesmo material um vaso para honra e outro para desonra? 
 
13
 O texto Majoritário é tido como um texto bastante relevante para a crítica textual. O Texto Receptus é o que 
deu origem às versões em Português. 
 
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3.4.Vejamos versões em português de Romanos 9: 19-21 para comparação e posterior 
discussão
14
: 
 
1) ACRF – Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem 
resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? 
Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso 
para honra e outro para desonra? 
2) ARIB - Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua 
vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa 
formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro 
poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e 
outro para uso desonroso? 
3) VC - Dir-me-ás talvez: Por que ele ainda se queixa? Quem pode resistir à sua 
vontade? Mas quem és tu, ó homem, para contestar a Deus? Porventura o vaso 
de barro diz ao oleiro: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder 
sobre o barro para fazer da mesma massa um vaso de uso nobre e outro de uso 
vulgar? 
4) SBB - Dir-me-ás, então: Por que se queixa ele ainda? Pois quem resiste à sua 
vontade? Mas antes, ó homem, quem és tu que replicas a Deus? Porventura a 
coisa formada dirá a quem a formou: Por que me fizeste assim? Porventura 
não tem o oleiro poder sobre o barro para fazer da mesma massa um vaso para 
honra, e outro para desonra? 
5) ARC – Dir-me-ás, então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem resiste 
à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a 
coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o 
oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e 
outro para desonra? 
 
14
 No livro Manual de Exegese de Douglas Stuart e Gordon Fee, ele sugere que vejamospelo menos sete (7) 
traduções e propõem que sejam: ARC, ARA, NVI, ALMEIDA 21, BJ, NTLH, TEB. 
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6) ARA – Dir-me-ás então. Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua 
vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa 
formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro 
poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e 
outro para uso desonroso? 
7) NVI – Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? 
Pois, quem resiste à sua vontade?" Mas quem é você, ó homem, para 
questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: 
‗Por que me fizeste assim? O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro 
um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? 
8) A21 – Então me dirás: Por que Deus ainda se queixa? Pois, quem pode resistir 
à sua vontade? Mas quem és tu, ó homem, para argumentares com Deus? Por 
acaso a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou o 
oleiro não tem poder sobre o barro, para com a mesma massa fazer um vaso 
para uso honroso e outro para uso desonroso? 
9) BJ – Dir-me-ás então: por que ele ainda se queixa? Quem, com efeito, pode 
resistir à sua vontade? Mais exatamente, quem é tu, ó homem para discutires 
com Deus? Vai acaso a obra dizer ao artificie: Por que me fizeste assim? O 
oleiro não pode formar da sua massa seja um utensilio para uso nobre, seja 
outro para uso vil? 
10) TEB – Então me dirás: ―Que tem ele ainda a censurar? Pois, quem pode 
jamais resistir à sua vontade?‖ Pensa bem, homem! Quem és tu para 
contestares a Deus? Porventura vai o vaso de barro dizer a quem o modelou: 
―Por que me fizeste assim?‖ Acaso não pode o oleiro, da mesma massa, fazer 
um vaso de luxo e outro vulgar? 
11) NTLH – Algum de vocês vai me dizer: Se é assim, como é que Deus pode por 
culpa nas pessoas? Quem pode ir contra a vontade de Deus? Mas quem é 
você, meu amigo, para discutir com Deus? Por acaso pode um pote pergunta a 
quem o fez: Por que você me fez assim? Pois o homem que faz o pote tem o 
direito de usar o barro como quer. Ele pode fazer dois potes do mesmo pedaço 
de barro: um pote especial e outro comum. 
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12) ARIB – dir-me-ás então: por se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua 
vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa 
formada dirá ao que a formou: Por que fizeste assim? Ou não tem o oleiro 
poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e 
outro para uso desonroso? 
13) TNMES – Tu me dirás, portanto: ¨Por que acha ainda falta? Pois, quem é que 
tem resistido à sua expressa vontade? Quem realmente és tu, então, ó homem, 
para redarguires a Deus? Dirá a coisa moldada àquele que a moldou: por que 
me fizeste deste modo? O que? Não tem o oleiro autoridade sobre o barro, 
para fazer da mesma massa um vaso para uso honroso, outro para uso 
desonroso? 
14) EC – Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Pois quem resiste à sua 
vontade? Mas, ó homem, que és tu, que a Deus replicas? Dirá a coisa formada 
ao que a formou: por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o 
barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? 
 
3.5. Vamos tomar a NVI como base e discutir as variações do texto frase por frase e já 
incluiremos algumas observações sintáticas do grego: 
 
3.5.1. Mas algum de vocês me dirá – algumas versões apontam que a pergunta é para 
uma pessoa só, mas no caso o homem enquanto humanidade como vemos na 
sequencia do texto, ou ainda, uma aplicação mais corporativa do texto. Como 
estamos em uma carta, ele prevê perguntas feitas pelos crentes e outros possíveis 
interlocutores e, pode estar usando a linguagem para uma proximidade individual 
de cada um dos ouvintes originais da carta em tom bem pessoal. É um diálogo. 
Talvez tenhamos duas expressões com possíveis variáveis também, ou seja, esta 
frase está em conexão com o contexto anterior em que a justiça de Deus é 
questionada em termos bastante duros: Acaso Deus é injusto? Ou o que se tem a 
dizer na sequencia é na verdade uma pergunta, ou seja, Paulo está conversando 
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com seus interlocutores e prevendo o que eles poderão perguntar diante das 
afirmações que fez anteriormente. 
3.5.2. Então, por que Deus ainda nos culpa? – mesmo nas versões em que Deus não 
aparece textualmente, mas aparece a expressão ele, não deixa dúvida que Paulo 
está se referindo a Deus. Em grego não temos a expressão ¨Teou¨ ou equivalente, 
mas μέμφεται (presente, indicativo, voz média ou passiva, terceira pessoa 
singular – ele nos culpa). A expressão culpa tem algumas possíveis variáveis 
também: queixa, censurar e falta, mas todas elas no sentido de colocar Deus na 
condição de não poder, que em hipótese alguma acusar o homem de qualquer coisa 
que seja por ser ele de alguma forma responsável até mesmo pelo que o homem 
faz de mal (Is 45: 7?). Mas é necessário notar que Paulo está antecipando uma 
provável questão falsa que surgiria diante da afirmação anterior de que Deus tem 
misericórdia e compaixão de quem quer, e o contrario também. 
3.5.3. Pois, quem resiste à sua vontade? – Resistir ou ir contra a sua vontade são as duas 
possibilidade mais presentes. A nossa versão provisória aponta para o fato de que 
ao homem é impossível ir contra a vontade de Deus. Mesmo uma paráfrase como a 
NTLH não traz variação significativa neste trecho da tradução. Posto em seu 
contexto, o que se percebe é que o homem, até este momento do argumento, está 
justificado ao se excusar dos compromissos irrecusáveis de Deus, ou mesmo, de 
suas punições injustas. 
3.5.4. Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? – o tom da argumentação 
fica ainda mais alto, não só pela maneira com se dirige, ou seja, diretamente, e é 
quase possível sentir o tom da voz subindo e uma mudança na forma de olhar para 
o interlocutor, mas pela presença de um vocativo ¨ó homem¨ ( ὦ ἄνθρωπε – 
substantivo, vocativo, masculino, singular). Ao homem não é possível questionar, 
replicar, contestar, resistir, argumentar, discutir, redarguir – é o momento em que 
talvez tenhamos o maior numero de variações nas versões para o verbo 
ἀνταποκρινόμενος - particípio, presente, voz média ou passiva, nominativo, 
masculino, singular de perguntar contra. Na verdade, como parece ser revelado 
aqui, o questionamento existe, se é pelo fato de que tal conversa já existia não 
podemos sabe, mas podemos até supor que não era possível a Paulo saber, logo, 
parece mais razoável chegar a conclusão de que o questionamento viria à partir 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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daquilo que o próprio Paulo estava dizendo. Calvino em seu comentário de 
Romanos dia ¨que no grego há um particípio que também pode ser posto no tempo 
presente, podemos ler: que discutes, ou constas, ou te empenhas a opor-te a Deus? 
A expressão grega contém o seguinte significado: Quem és tu que demonstra tanto 
interesse em discutires com Deus? O sentido, porém, não leva grande diferença¨
15
. 
3.5.5. Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou – aquilo, coisa, obraou 
vaso de barro aparece como o objeto que questionaria a Deus. Paulo realmente se 
dirige ao homem como um objeto nas mãos de Deus para força do seu argumento. 
Ele usa o verbo formar duas vezes: πλάζμα (substantivo, nominativo, neutro, 
singular) para o homem formado e depois para Deus como agente ele usa 
Πλάζανηι (ter formado – aoristo, particípio ativo / dativo, masculino, singular), 
que é formar está na voz ativa, ou seja, Deus é que forma o homem, o homem é 
apenas objeto desta ação. Ainda que o homem esteja como nominativo na sentença 
(sujeito) o verbo da sentença que está na voz ativa é usado para o que Deus fez. 
Formou, na voz ativa e referindo-se a Deus, em algumas versões aparece como 
modelar. A VC perde a força dos verbos quando muda a coisa formada por o vaso 
de barro e o formou por oleiro. No entanto, poeticamente ou textualmente aquele 
que pratica a ação e o que sofre continuam ainda muito claramente definidos. Na 
nossa tradução provisória, no entanto, nem coisa formada e nem formou, mas as 
expressões homem e Deus é que aparece. Assim, tomaremos outra decisão na 
tradução final, excluindo tais expressões e substituindo-as porque agora fica claro 
que mesmo em grego esta tradução não é a mais viável. 
3.5.6. Por que me fizeste assim? – esta é a tradução que prevalece em quase todas as 
versões. A ARIB é a única que toma uma decisão de tradução completamente 
diferente, tirando o foco daquilo que foi feito ao homem de forma direta (por que 
me fizeste assim?) e colocando o peso do argumento na ação de próprio Deus (por 
que fizeste assim?). Deve prevalecer: por que me fizeste assim? 
3.5.7. O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e 
outro para uso desonroso? – o oleiro é uma tradução que prevalece, a única 
versão que escapa a isto é a NTLH que chama de homem que faz o pote. A NTLH 
transforma a interrogativa em afirmativa, o que não parece uma opção válida 
 
15 Romanos de Calvino, pg 392. 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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quanto comprada à maioria esmagadora das traduções. As palavras oleiro e vaso 
de barro para honra e desonra, merecerão um comentário posterior a parte, por 
isto, não comentaremos com mais detalhes aqui porque estamos apenas 
comparando versões e adiantando, porque no momento já se faz necessário, quais 
as opões de tradução de alguns detalhes já tendo de posse o grego e as funções 
sintáticas de algumas palavras mais importantes. Do mesmo barro aparece como: 
mesmo material, da mesma massa, pedaço de barro, devendo prevalecer da mesma 
massa. As expressões honroso e desonroso também surgem com diversas 
variações: nobre e vulgar, nobre e vil, luxo e vulgar, especial e comum. A 
qualidade do vaso recai sobre a sua constituição, ou seja, o material e a forma com 
que é feito, ou seja, o proposito para o qual foi feito, ou recai sobre o uso que o 
mesmo terá depois? Cabe a pergunta: é possível que um vaso seja feito com 
propósitos honrosos e sirva, ao final, a propósitos desonrosos? É uma questão de 
debate entre proposito (para que?) e finalidade (como é usado de fato?). No 
entanto, já tomamos nossa decisão aqui: todas as versões parecem apontar que a 
finalidade e o proposito são os mesmos, sem desvio nenhum de finalidade: como 
se é feito é ao final. A NTLH faz distinção entre vaso especial e vaso comum, 
destacando sua utilidade. Fiel entre honra e desonra, ou seja, o que o vaso é em si 
mesmo. A versão da Imprensa Bíblica distingue como a maioria entre honroso e 
desonroso, quanto ao uso. A NVI fins nobres, uso desonroso e desonroso. O livro, 
uma versão da Bíblia também, entre belo objeto de ornamentação e objeto de uso 
corrente, destacando a aparência e utilidade. Sociedade Britânica entre honra e 
desonra. Católica entre nobre e vulgar. A AS entre honor e dishonor. A KJV 
também entre honour x dishounor e, finalmente a JFA entre honroso e desonroso. 
Falando da tradução de Barth ele diz que vivendo bem ou mal o homem está em 
relação com Deus, e Barth coloca a expressão imundície e não desonra.: "Se o 
homem viver, vive na participação da vida divina e se morrer é porque a criatura 
precisa morrer em Deus!" Lutero também usa as expressões honrosos e desonrosos 
para esta tradução. 
3.5.8. No cabe agora uma consideração muito importante quanto a delimitação do texto e 
da questão das Bíblias divididas em parágrafos. Na NVI temos que o parágrafo 
descrito vai do verso 19-21, mas vejamos o que diz os versos 22-24: 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
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30 
E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com 
grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição? Que dizer, se ele 
fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua 
misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também 
chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios? 
 
Algumas versões apontam que este trecho possui apenas uma pergunta, quando 
a NVI aponta duas perguntas. De qualquer forma, são perguntas que 
complementam os questionamentos de Paulo dos versos 19-21. Para melhor 
entendimento do texto, no fluxograma posterior iremos acrescentar estes versos. 
 
3.6. Algumas observações após a nossa tradução provisória e após a leitura de diversas 
versões em português: 
 
3.6.1. Primeiramente devemos notar que o parágrafo descrito é praticamente composto 
por perguntas em tom retórico, ou seja, Paulo faz uma revelação a respeito do 
modo como Deus lida com o ser humano e espera que o que diz seja facilmente 
compreendido e não deixe sombra de dúvida. É para isto que existem perguntas 
retóricas, ou seja, para enfatizar verdades por meio de perguntas que não carecem 
de respostas, ou cujas respostas estão inseridas na própria pergunta. A resposta é a 
pergunta sem o tem interrogativo. 
3.6.2. Ou seja, Paulo também prepara por meio de perguntas a argumentação que se 
seguirá até o final da seção que na verdade não termina no capitulo 9, mas se 
estende até o final do capítulo 11 como já argumentamos. Os capítulos 9-11 são 
parte de um mesmo bloco
16
. 
3.6.3. Os leitores devem se lembrar que todos os pressupostos de Paulo estão não apenas 
em seus escritos anteriores na própria Epistola aos Romanos, mas nas próprias 
Escrituras, ou seja, não deve ser visto e nem recebido como novidade. Tudo já fora 
 
16
 Mais uma vez afirmamos, além do desafio em classe estar posto sobre os versos de 19-21 onde surgem as 
expressões vaso de honra e desonra que chamam muito a atenção, a decisão de delimitar o texto é também em 
função do alto grau de complexidade e o volumoso trabalho que poderia surgir e que não atenderia a contento as 
expectativas de alunos iniciantes em teologia , além do tempo limitado em sala de aula. 
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predito nas profecias. Basta ler a continuidade do próprio capítulo 9 para vermos a 
citação de Paulo de algumas destas profecias em Oseias e Isaias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. A ESTRUTURA DAS FRASES E A AS RELAÇÕESDE SINTAXE 
 
4.1. Aqui veremos o texto mais de perto e estabeleceremos algumas relações entre as 
frases do texto e, como dissemos, incluiremos os versos de 22-24. Vamos separar as 
frases primeiramente e analisar uma a uma dentro do argumento de Paulo. 
 
1. Mas algum de vocês me dirá: "Então, 
por que Deus ainda nos culpa? 
Esta é uma pergunta feita pelo homem. 
2. Pois, quem resiste à sua vontade? Mais uma pergunta feita pelo homem. 
3. Mas quem é você, ó homem, para 
questionar a Deus? 
Paulo agora se coloca no lugar de Deus e se 
posiciona para confrontar o homem. 
4. Acaso aquilo que é formado pode 
dizer ao que o formou: ‘Por que me 
fizeste assim? 
O homem posto em seu lugar é confrontado 
em sua arrogância. 
5. O oleiro não tem o direito de fazer do 
mesmo barro um vaso para fins nobre 
e outro para uso desonroso? 
Paulo diz que Deus está no comando e não 
podemos dizer nada contra. 
6. E se Deus, querendo mostrar a sua 
ira e tornar conhecido o seu poder, 
suportou com grande paciência os 
vasos de sua ira, preparados para 
destruição? 
O homem é levado a encontrar proposito e 
razões naquilo que não entende. 
7. Que dizer, se ele fez isto para tornar 
conhecidas as riquezas de sua glória 
aos vasos de sua misericórdia, que 
preparou de antemão para glória, ou 
seja, a nós, a quem também chamou, 
Todos seriam vasos para desonra não fosse a 
vontade de Deus. Deus não toma partido nem 
do lado de judeus nem de gentios porque tem 
vasos de honra dos dois lados, que não são 
dois lados diferentes de fato! 
Exegese de Romanos 9: 19-21 
Introdução Bíblica 2016 
ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
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Primeiro Semestre 2016 
33 
não apenas dentre os judeus, mas 
também dentre os gentios? 
 
4.2. Vamos estabelecer um fluxo dos argumentos dos versos 19-24 com nossas próprias 
palavras, no entanto, as conclusões mais definitivas serão apresentadas adiante. Um 
fluxograma seria mais ou menos assim: 
O homem perplexo diante da falta de alternativas pergunta 
 
A pergunta é recheada de razão porque não tem opções diante do Todo-poderoso 
 
o argumento vira contra o homem que é lembrado de que não é nada 
 
Não tem o direito de questionar porque já sabe o porquê 
 
O homem foi feito por Deus e logo é Deus quem sabe o porquê de tê-lo criado 
 
Ele decidiu, quando fez o homem, como gostaria que seu produto final fosse 
 
Alguns foram feitos para a honra e outras para desonra 
 
Os vasos de desonra não lhe trazem prazer, mas exigem paciência da parte de Deus que por 
meio deles mostra o seu poder 
 
Os vasos de honra servirão ao proposito de mostrar sua misericórdia e sua glória 
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ηιμὴν ζκεῦος, ὃ δὲ εἰς ἀηιμίαν 
 
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4.2.1. Temos ainda outra opção de fluxograma. 
 
O homem questiona a Deus 
 
 
Não tem o direito de fazer isto 
 
 
Deus quem criou sabe o porquê 
 
 
Deus criou dois tipos: uma para honra e outro para desonra 
 
 
Vasos de honra 
 
 
Vasos de desonra 
 
Mostra riquezas da gloria e misericórdia 
 
 
Mostra ira, poder e paciência 
 
Irão para um estado de glória Serão destruídos 
 
 
4.3. O fluxograma nos permite mais algumas conclusões preliminares e parciais, não 
conclusivas: Uma das grandes tensões deste texto é sem dúvida nenhuma a possível 
impossibilidade do homem poder intervir neste processo e estar totalmente privado da 
sua liberdade e poder de decisão. Talvez seja ainda mais inquietante imaginar que 
pessoas se perdem pela vontade de Deus e não por seus pecados e decisões. Esta seja 
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talvez a falácia mais direta deduzida a partir deste pequeno trecho de Romanos. No 
entanto, Paulo parece querer muito mais enfatizar que Deus é misericordioso ao salvar 
alguns usando-os de modo honroso, quando poderia por todos a perder por causa de 
suas vidas, do que injusto ao punir alguns (que na verdade são muitos e o 
remanescente pouco, ou seja, a sequencia do texto aponta que á poucos usados para 
honra – ver 9. 27). 
4.4. Ao falar da paciência de Deus, o argumento muda um pouco, colocando fora de Deus, 
ou seja, no homem, a responsabilidade por aquilo que ele é, devolvendo, no sentido 
mais textual, a liberdade do homem. Podemos preliminarmente afirmar que o homem 
entregue a sua liberdade fará, necessariamente, a pior escolha. E não pode por si 
mesmo decidir-se pela melhor escolha. Os vasos de desonra são um desprazer para 
Deus, uma tristeza. É importante notar que os vasos de honra não o são por 
nascimento ou nacionalidade, mas em virtude desta eleição. O argumento de Paulo 
parece apontar para uma conclusão impossível de ser diferente. 
4.5.Outra coisa que podemos apontar é que Paulo está se dirigindo a dois tipos de vasos, 
mas a quantos interlocutores está de fato tentando atingir? Primeiramente ele está 
falando ao judeu que quer se justificar por sua hereditariedade e pela pratica da lei sem 
a fé que salva. Em segundo lugar está falando aos gentios romanos e gentios em geral 
porque serão salvos pela fé em Cristo. Fala, também, em terceiro lugar à igreja, que é 
um conjunto formado pelos judeus e gentios que podem se alegrar pela misericórdia e 
graça de Deus. Mas, também, podemos supor que ele se refere ao homem no sentido 
de humanidade total, independentemente de serem gentios ou judeus. Em breve 
devemos tomar uma decisão em torno destas sugestões. 
 
 
 
 
 
 
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5. ESTABELECENDO O TEXTO COMPLETO 
 
O Fluxograma nos ajuda a tomar a decisão sobre quais palavras levar em consideração como 
as mais importantes no texto em virtude do fluxo de ideias principais. Temos assim: O homem 
inadvertidamente questiona a Deus, mas não tem este direito porque é um vaso nas mãos de 
um oleiro. Os vasos são de dois tipos: de honra e desonra. Pelos vasos de desonra Deus 
mostra sua paciência, ira e poder, pelos vasos de honra mostra sua misericórdia e glória. 
Vamos procurar resgatar o sentido de: 1. Vasos de honra e de desonra. 2. Paciência, ira 
e poder. 3. Misericórdia e glória. 4. Como temos um verbo importante que é ¨formar¨, vamos 
nos ater a ele também. Entendemos que a compreensão destas expressões seja necessária para 
a compreensão do texto como um todo. Tais expressões terão também cunho teológico como 
poderemos ver mais a frente. 
5.1. Vasos de honra e desonra – podemos ter aqui referencias a formação do homem em 
Gen 2: 7 e outras passagens correlatas. Há muitas referencias de vasos de desonra na 
Bíblia sobretudo no AT. Faraó, no Egito, é endurecido para que a vontade de Deus 
seja feita. Para mostrar sua misericórdia, Deus salva Nínive apesar de toda sua 
impiedade. Agora, o texto faz contraste entre judeus e gentios. A escolha soberana de 
Deus e o critério da fé, quase que coloca os judeus fora do plano de salvação, uma vez 
que estão fiados em outros fundamentos: hereditariedade e pratica da Lei. 
5.2. Paciência, ira e poder – estes três termos aparecem como resultado justo como 
consequência da vida dos vasos de desonra, mas mesmo assim, os atributos de Deus 
são exaltados. 
5.3. Misericórdia e glória – apesar dos seres humanos serem quem são, Deus mesmo 
assim escolhe alguns para mostrar sua misericórdia e graça. 
5.4. Formar – é o verbo usado para dizer que Deus faz com as próprias mãos seus vasos, 
ou seja, os seres

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