Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL PAULO ALBANO DANTAS O PROCESSO LICITATÓRIO DE OBRAS PÚBLICAS EM EMPRESAS DE ENGENHARIA FORTALEZA 2011 ii PAULO ALBANO DANTAS O PROCESSO LICITATÓRIO DE OBRAS PÚBLICAS EM EMPRESAS DE ENGENHARIA Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. George Silva Costa FORTALEZA 2011 iii PAULO ALBANO DANTAS O PROCESSO LICITATÓRIO DE OBRAS PÚBLICAS EM EMPRESAS DE ENGENHARIA Monografia submetida à Coordenação no Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em: 21/novembro/2011 BANCA EXAMINADORA iv Dedico esta monografia, aos meus pais, aos meus avós a minha família, e a Deus. v AGRADECIMENTOS A DEUS, por ser o responsável por tudo que me fez engrandecer. Aos meus pais, José Clever Lima Dantas e Maria Juliana Albano Dantas, que sempre estiveram ao meu lado, apoiando-me em todas as decisões que tomei e me corrigindo quando errei. Aos meus familiares, que não me deixaram desistir deste trabalho mesmo com todos os percalços que ocorreram no decorrer deste semestre. E ao meu primo, George Dantas Paiva, que me ajudou a entender a parte jurídica deste trabalho. A minha namorada, Lorena Lima, que nos últimos três anos esteve ao meu lado, sendo uma companheira carinhosa e apaixonante, que nunca me deixou sucumbir, tornando- me cada vez mais confiante e forte para superar todas as dificuldades encontradas ao longo desse caminho. Aos meu companheiros de trabalho e a construtora EIT - Empresa Industrial Técnica, que me apresentaram e me ensinaram o tema de licitações de obras públicas fazendo com que despertasse em mim um gosto especial pelo tema. Aos meus amigos, e agora colegas de profissão, da turma de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, que tornaram os últimos cinco anos da minha vida os mais importantes e felizes que vivi. Aos meu amigos de infância, os Bambuchos, que sempre estiveram ao meu lado ajudando a descontrair e relaxar nos momentos de descanso. A todos os meus professores, que contribuíram para meu engrandecimento pessoal e profissional. A todos os engenheiros, agora colegas, que sempre me aconselharam e me ajudaram a crescer na minha vida profissional. Em especial a Geórgia Jereissati que me auxiliou na elaboração deste trabalho. vi "Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário". Albert Einstein. vii RESUMO O Brasil, nos últimos anos, se tornou um canteiro de obras em todos os seguimentos. O governo federal passou a investir pesado no desenvolvimento da infra- estrutura do país, e consequentemente ocorreu um aumento significativo das obras públicas. O processo de licitação é o que rege o projeto, execução, e contratação das obras públicas, através de diversas leis sendo a principal delas a Lei Federal 8.666 de 1993, também conhecida como a lei das licitações. As empresas de engenharia, que anseiam trabalhar nesse ramo da construção civil, acabam prejudicadas pela inexperiência nesse ramo. Dentro desse contexto esse trabalho visa se tornar uma fonte de pesquisa para as construtoras que almejam ingressar nesse mercado servindo de base para que as mesmas possam participar do processo de licitação elaborando de maneira eficiente e competitiva as propostas de preço e técnica de uma licitação. Neste trabalho também será abordado o que não deve ser feito durante esse processo mostrando o que pode desclassificar uma empresa e o que pode caracterizar um processo fraudulento nas licitações. Palavras-Chave: Licitação, Construtoras, Propostas de preço e técnica, Fraudes. viii ABSTRACT Brazil, in recent years has become a construction site in all segments. The federal government began to invest heavily in developing the infrastructure of the country, and consequently there was a significant increase in public buildings. The legal process that rules the design, implementation, and contracting of public works, through various laws that the main one being the 8.666 Federal Law of 1993, also known as the law bids. Engineering companies in this market, who see an opportunity to increase their profits, they suffer from the inexperience in this business. Within this context this study aims to become a resource for that companies who want to enter this market providing the basis for that they can participate in this bidding process for developing an efficient and competitive proposals for a price and technical bids. In this work will also discuss what you should not be done during this process by showing what can disqualify a company and what can be characterized in a fraudulent bidding process. Key-Words: Bidding, Laws, Construction, price and technical proposals, Fraud. ix LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Conjunto normativo aplicado à licitação e contratação de obra pública (Fonte: JEREISSATI, 2011). .............................................................................................................. 2 Figura 1.2 – Modelo Gráfico para estratégia exploratória sequencial (Fonte: JEREISSATI, 2011). .................................................................................................................................... 5 Figura 3.1 – Fases de uma licitação nos órgãos licitantes (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). .................................................................................................................................. 16 Figura 3.2 – Exemplo de composição de custo (Fonte: SEINFRA). ...................................... 20 Figura 3.3 – Exemplo de curva ABC (Fonte: <www.engwhere.com.br/engenharia/memorial_descritivo.htm>). ........................................ 22 Figura 4.1 – Detalhe de quando é aplicado o desbalanceamento (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). ................................................................................................................. 30 Figura 4.2 – Dicas para o orçamentista (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). ..................... 32 x SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 1.1 Objetivos ................................................................................................................. 3 1.2 Metodologia ............................................................................................................ 4 1.3 Estrutura da monografia ........................................................................................... 5 2. PERMISSIVO LEGAL DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE ENGENHARIA - LEI FEDERAL 8666 DE 1993 .................................................................. 7 2.1 Desenvolvimento histórico da lei de licitação ........................................................... 7 2.2 Princípios da Lei 8666/93 ........................................................................................ 8 2.3 Análise da seção III - das obras e serviços, capítulo I .............................................11 2.4 Modalidades de licitação ........................................................................................ 12 2.5 Modelos de seleção ................................................................................................ 13 3. DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS DE LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS ............................................................................................................ 16 3.1 Análise do edital .................................................................................................... 17 3.1.1 Análise do orçamento do órgão licitante........................................................ 18 3.2 Elaboração das propostas ....................................................................................... 19 3.2.1 Propostas de preço ........................................................................................ 19 3.2.2 Propostas técnicas ......................................................................................... 23 3.3 Conclusão da proposta ........................................................................................... 24 3.4 Métodos para otimização do modelo padrão........................................................... 25 4. PROCEDIMENTOS FRAUDULENTOS NO PROCESSO DE LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS ..................................................................................................................... 27 4.1 Crimes e penas previstas na lei 8.666/93 ................................................................ 27 4.2 Tipos de fraudes e o procedimento para corrigí-las................................................. 28 4.3 Jogo de planilhas ................................................................................................... 30 4.3.1 Desbalanceamento dos preços unitários ........................................................ 31 4.3.2 Aplicação não uniforme do BDI .................................................................... 32 4.3.3 Ações da Administração Pública contra o jogo de planilhas .......................... 33 5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 36 ANEXO A - Lei Federal 8.666 de 1993 ............................................................................... 37 1 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento do Brasil está diretamente relacionado com o investimento nas obras públicas, tais como obras de infra-estrutura de estradas, barragens, aeroportos, hidrelétricas, dentre outras. A concessão dessas obras para empresas de engenharia dá-se pelo processo de licitação pública. Essas empresas, que trabalham nesse ramo da construção civil, carecem que engenheiros organizem as propostas técnicas e de preço competitivas para que possam fechar contratos com a Administração Pública tendo o direito de realizar essas obras. As licitações são imprescindíveis para a contratação das obras públicas, pois é o processo legal que permite ao governo escolher a melhor proposta. As empresas construtoras habilitadas devem proporcionar a esperada qualidade das obras contratadas, portanto as licitações são muito importantes no processo de desenvolvimento do país. A licitação também traz como benefício, além de almejar o preço mais vantajoso para a Administração Pública, a possibilidade da escolha da proposta que mais se enquadre aos anseios do órgão público em termos de qualidade da prestação do serviço. Outro benefício que este procedimento proporciona é a igualdade de condições entre os fornecedores concorrentes, obedecendo, assim, ao princípio da igualdade na concorrência. O processo licitatório pode ser definido como sendo o procedimento administrativo no qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidades a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos (MEIRELLES, 2007). O Governo Federal tornou obrigatório o uso do processo licitatório para a contratação de serviços a serem prestados para a Administração Pública com a aprovação da Lei Federal nº 8.666 (ver no Anexo A), datada de 21 de junho de 1993, que regulamentou o Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988 e instituiu as normas para licitações e contratos administrativos. Essa lei expõe a obrigatoriedade da Administração Pública de utilizar o procedimento licitatório: “As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com 2 terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas em Lei” (PAIVA, 2010). A Lei 8666 (1993) esclarece a existência de diversas modalidades de licitações, como a concorrência, a tomada de preço, a carta convite, dentre outras. Cumpre salientar, ainda, que é reduzido o número de trabalhos científicos que abordam estas modalidades, pois, embora existam muitas empresas que trabalham nesse ramo da engenharia, não há muitas pessoas que estudam as referidas modalidades. Portanto as empresas de engenharia, que estão nesse mercado e as que pretendem ingressar no mesmo, devem possuir um conhecimento avançado da Lei 8.666 (1993) de forma a evitar percalços que possam aparecer do desenvolvimento das propostas. Além da referida lei, o procedimento de realização de obras públicas envolve diversas outras normas que devem ser abordadas para melhor entendimento do processo de uma licitação. Na Figura 1.1 podemos observar todas as normas que regulamentam o planejamento, execução e contratação de obra pública. Essas normas são divididas em três grupos: as normas que regulamentam os recursos da obra a ser executada, tendo a obrigatoriedade da existência dos mesmos para que a obra pública seja licitada; as normas que regem os procedimentos e a contratação para execução de uma obra pública; e os Tribunais que devem estar, constantemente, fiscalizando todas as obras públicas. Figura 1.1 – Conjunto normativo aplicado à licitação e contratação de obra pública (Fonte: JEREISSATI, 2011). Para desenvolver uma proposta para o processo de licitação, as empresas de engenharia precisam de engenheiros capacitados e experientes para a realização de propostas 3 competitivas, que sejam vantajosas tanto para a empresa quanto para a Administração Pública. Essas propostas não deverão ser economicamente inviáveis, pois podem provocar um desperdício de tempo e dinheiro para as duas partes, se o preço for muito abaixo do mercado, ou causar um grande desperdício de dinheiro público, se a proposta estiver um custo elevado. Sabendo que o Brasil passa por um período de desenvolvimento, tendo em vista principalmente a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), passou a investir cada vez mais nas obras públicas, que deverão ser contratadas por meio de licitações. Logo, um trabalho sobre o assunto torna-se justificável para que as empresas de engenharia possam ingressar nesse mercado que se encontra em ascensão. Desta forma, no decorrer deste trabalho monográfico, procurou-se responder aos seguintes questionamentos: Qual é o roteiro ideal a ser seguido pelas empresas de engenharia para realização de propostas de licitação? Como evitar os possíveis erros que poderiam causar a desqualificação da proposta de licitação? Existe alguma fraude sendo praticada atualmente? 1.1 Objetivos O objetivo geral presente neste trabalho é estudar o processo seletivo de licitação deobras públicas, buscando explanar o processo realizado nas empresas de engenharia para a elaboração de uma proposta competitiva, mostrando os possíveis percalços e as fraudes que possam surgir no processo de elaboração. Desta maneira, este trabalho pretende se tornar uma diretriz a ser seguida nas empresas de engenharia para elaboração de propostas de licitação. Devido a esse processo envolver várias etapas, objetivos específicos foram traçados: � Analisar a Lei Federal 8.666/93, explanando as possíveis dúvidas que possam surgir no preparo das propostas por empresas de engenharia; � Elaborar um manual prático para realização de propostas de licitações, descrevendo detalhadamente o passo a passo adotado em uma empresa de engenharia; � Explanar os possíveis percalços que possam surgir durante a elaboração; � Mostrar as fraudes mais comuns praticadas atualmente. 4 1.2 Metodologia Nessa monografia foram utilizadas diversas técnicas para que os objetivos da mesma fossem alcançados. A primeira etapa realizada foi uma pesquisa na literatura, voltado para o entendimento da lei 8.666 (1993) que regulamenta o processo licitatório, e para a melhor elaboração de orçamentos de obras. Após a breve explicação de todo o processo licitatório, o presente trabalho se baseou na coleta de dados realizada em uma empresa de engenharia atuante no ramo da construção civil de obras públicas. Essa empresa atua no segmento da construção pesada, tendo iniciado as suas atividades desde 1951, e já executou diversas obras no âmbito nacional e internacional. Dentre essas obras podemos citar a Transamazônica, o gasoduto Brasil- Bolívia. E outros desafios como aeroportos, estradas, barragens, usinas, túneis, avenidas, ferrovias, rodovias, terminais, edifícios, estações de tratamento d’água, pistas, e mais concessões públicas, dentre outras. A coleta de dados foi alcançada utilizando a metodologia da pesquisa-ação, onde o autor participou de diversos treinamentos e colaborou para a elaboração de diversas propostas de preço de obras em processo de licitação. A pesquisa-ação é uma pesquisa com base empírica que é realizada em estreita associação no qual os pesquisadores e participantes, nesse caso os colaboradores da empresa estudada, estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (GONSALVES, 2007). O delinear dessa pesquisa descreve o passo a passo que foi utilizado para a elaboração das diretrizes que serão abordadas no terceiro capítulo. Delinear uma pesquisa é relacioná-la com o seu planejamento em sua dimensão mais ampla, e envolve tanto a sua diagramação quanto a previsão de análise e interpretação de coleta de dados. A classificação quanto ao delineamento a partir do tipo de fonte de coleta de dados: quando os dados são fontes advindas de publicações em livros, artigos de eventos científicos, journals, entre outros similares, a pesquisa pode ser classificada em bibliográfica e documental; caso as fontes sejam pessoas, a pesquisa pode ser experimental, levantamento ou estudo de caso (GIL, 2002). A partir dessa coleta, o delineamento da pesquisa se deu na análise dos dados obtidos na pesquisa na empresa estudada através da metodologia da pesquisa-ação, onde o autor buscou aliar os procedimentos visualizados na pesquisa com os procedimentos descritos na literatura. Em seguida, o autor interpretou os dados obtidos, e, através do cruzamento de informações, foi elaborado diretrizes para preparo de propostas de licitação competitivas. Na Figura 1.2, esse sendo definido como modelo gráfico para estratégia exploratória sequencial para o desenvolvimento deste trabalho. Figura 1.2 – Modelo Gráfico para estratégia exploratória sequencial De modo a verificar o processo utilizado no mercado, nessas diretrizes. Essas melhorias em prática na empresa estudada visando à elaboração de propostas de licitação Em seguida, a partir d mostrados os possíveis erros e fraudes que poderão surgir 1.3 Estrutura da monografia A presente monografia é divi introdução que aborda a contextualização geral do problema, a justificativa, os objetivos e a estrutura da monografia. O segundo capítulo expõe toda Federal 8.666 (1993), mostrando os tipos de propostas contratação, e os princípios da lei brasileira para que uma empresa de engenharia licitação de obras públicas. O terceiro capítulo descreve pesquisa realizada em uma empresa atuante no mercado, já incluindo possíveis melhorias procedimento já utilizado com base na vivência dentro da empresa Coleta de dados esse modelo pode ser melhor visualizado na forma de gráfico sendo definido como modelo gráfico para estratégia exploratória sequencial, que foi utilizado te trabalho. Modelo Gráfico para estratégia exploratória sequencial (Fonte: JEREISSATI De modo a verificar o processo utilizado no mercado, foram propostas melhorias . Essas melhorias podem ser encontradas na literatura ou foram observadas tica na empresa estudada. Onde, as mesmas foram indicadas e desenvolvidas ção de propostas de licitação mais competitivas e eficientes. artir da interpretação de todos os dados pesquisados os possíveis erros e fraudes que poderão surgir durante no processo de licitação. Estrutura da monografia A presente monografia é dividida em cinco capítulos, onde o primeiro é esta trodução que aborda a contextualização geral do problema, a justificativa, os objetivos e a O segundo capítulo expõe todas as modalidades de licitação descritas na Lei 666 (1993), mostrando os tipos de propostas de licitação, , e os princípios da lei. Além disso, conceitua tudo que está descrito na legislação que uma empresa de engenharia elabore uma proposta competitiva para O terceiro capítulo descreve as diretrizes práticas desenvolvido através da empresa atuante no mercado, já incluindo possíveis melhorias com base na vivência dentro da empresa. Análise dos dados Interpretação de todos os dados 5 na forma de gráfico , que foi utilizado Fonte: JEREISSATI, 2011). foram propostas melhorias ou foram observadas indicadas e desenvolvidas sempre a interpretação de todos os dados pesquisados, foram no processo de licitação. , onde o primeiro é esta trodução que aborda a contextualização geral do problema, a justificativa, os objetivos e a s as modalidades de licitação descritas na Lei , os modelos de descrito na legislação uma proposta competitiva para desenvolvido através da empresa atuante no mercado, já incluindo possíveis melhorias no Interpretação de todos os dados 6 No quarto capítulo, são abordadas as fraudes que, rotineiramente, acontecem nos diversos procedimentos realizados durante uma licitação de obras públicas brasileiras. O quinto e último capítulo mostra as conclusões e comentários finais obtidos após o término deste trabalho bem como sugestões para trabalhos futuros. 7 2. PERMISSIVO LEGAL DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE ENGENHARIA - LEI FEDERAL 8666 DE 1993 Para realizar uma proposta de licitação, as empresas de engenharia devem, primeiramente, estudar o permissivo legal brasileiro que fala da obrigatoriedade do uso de licitações, sabendo analisá-lo a fim de que a empresa entenda sobre as obrigações legais para concorrer a uma obra pública. Antes de estudarmos a Lei Federal 8.666 de 1993 que dispões sobre as diretrizes para a realização de uma licitação pública, devemos conceituar licitação para melhor entendermos os procedimentos que serão abordados a seguir. Licitação não é diferente de um contrato formal, com as vontades expressas por duas ou mais partes, tendo a finalidade de regulamentar uma atividade qualquer que, nesse caso, é a construção de obras públicas. A licitação é um processo de seleção mediante o qual uma entidade qualquer quepode delegar atribuições a um gerenciador, ou proprietário, coloca em oferta a realização de uma obra, a prestação de um serviço (elaboração de um projeto de engenharia) ou o fornecimento de um bem de tipo especial ou equipamentos de construção civil ou de processo (LIMMER, 2008). Como a licitação pode ser de caráter público ou privado, as condições das licitações de caráter privado são estabelecidas de forma livre, de acordos com os interesses do contratante, de forma que não infrinjam as leis que regem o comércio; enquanto que as licitações de caráter público devem seguir as diretrizes da lei a ser estudada posteriormente. 2.1 Desenvolvimento histórico da lei de licitação A realização de licitação deu-se início com a Constituição Federal de 1988 que estabelece que todos os órgãos pertencentes à Administração Pública, direta e indireta, devem contratar por meio de processo licitatório, conforme o inciso XXI de seu artigo 37, in verbis: Art. 37o. XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 8 Por meio deste dispositivo, pode-se conceituar licitação como sendo o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos (PAIVA, 2010). Dito isso, pode-se depreender que o dispositivo constitucional trouxe como principal inovação, em relação às licitações, a obrigatoriedade da Administração Pública, direta e indireta, licitar, elevando a licitação ao status de princípio constitucional, prevendo o que deve ser respeitado no procedimento licitatório e necessitando, obviamente, de regulamentação posterior. Com isso, foi aprovada, no dia 21 de junho de 1993, a Lei Federal 8.666/93, como forma de regulamentar o inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública. A mesma torna obrigatória a contratação por meio de licitação para a execução de obras e serviços de engenharia, de serviços técnicos de profissionais especializados e de alienações de bens da Administração Pública. Portanto, entende-se que a lei nacional determinou que a Administração Pública, diferentemente das pessoas jurídicas de Direito Privado, para contratar obras, serviços e compras de bens, deve, salvo os casos expressos em lei, submeter-se a procedimento licitatório com o intuito de promover a ampla concorrência e, com isso, alcançar preços mais vantajosos. 2.2 Princípios da Lei 8666/93 Todas as formas de contratar e realizar uma licitação não poderão transgredir, sendo válido ressaltar que todas as citadas modalidades, inclusive o pregão, obedecem os princípios que regem essa lei. Esses princípios inerentes à licitação pública estão relacionados no artigo 3º da Lei 8.666/93, in verbis: Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da 9 legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos. Isto posto, e com o intuito de explicar melhor os conceitos adotados nos editais de licitação, Paiva (2010) analisou cada um desses princípios: a) Igualdade: visa assegurar igualdade de direitos entre os interessados em contratar com a Administração Pública e, ainda, permitir à Administração a escolha da melhor proposta. Está expresso no inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal. Analisando o §1º, inciso I, do artigo 3º da Lei 8.666, pode-se notar que está implícito outro princípio da licitação, que é o da competitividade decorrente do princípio da isonomia: Art. 3º, §1º É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo [...]. Note-se que, neste dispositivo, a lei veda a restrição de competição, ou seja, pelo princípio da competitividade todos devem ter a chance de participar da licitação, não podendo haver nenhuma cláusula que imponha condições à elegibilidade do licitante. b) Impessoalidade: segundo este princípio, a Administração Pública, em suas decisões, deve pautar-se por critérios, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas. c) Moralidade: Exige da Administração comportamento não apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração. d) Probidade: Intimamente ligado ao princípio da moralidade, mas difere deste pois possui um sentido subjetivo, ou seja, enquanto a moralidade diz respeito à “instituição”, a probidade está relacionada com os servidores públicos, podendo estes serem punidos por atos de improbidade administrativa. e) Vinculação ao instrumento convocatório: É a vinculação ao edital de licitação, ou seja, segundo a Lei 8.666/93, o edital é a lei entre as partes e, com isso, 10 tanto a Administração Pública como os licitantes deverão obedecer ao que está regido em suas cláusulas. f) Julgamento objetivo: Assemelha-se ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, pois significa que as propostas devem ser julgadas de acordo com os critérios dos editais. g) Publicidade: Diz respeito à divulgação do procedimento para conhecimento de todos os interessados, e dos atos da Administração praticados nas várias fases do procedimento, que podem e devem ser abertas aos interessados, para assegurar a todos a possibilidade de fiscalizar sua legalidade. Portanto, a publicidade da licitação abrange a divulgação do aviso de sua abertura, o conhecimento do edital e de todos os seus anexos, o exame da documentação e da proposta pelos interessados após abertas e o fornecimento de certidões ou de quaisquer peças, pareceres e decisões relacionadas com o processo, desde que solicitados formalmente e por quem tenha legitimidade para pedi-los. h) Legalidade: Reza que o procedimento esteja inteiramente vinculado à lei, ou seja, todas as suas fases estejam regulamentadas em lei e, por isso, o processo licitatório deve obedecer às normas da mesma. O princípio em comento está regulamentado no Artigo 4º da Lei 8.666: Art. 4º. Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos. Deste modo, a Lei 8.666/93, através do princípio da legalidade, proíbe a utilização de procedimentos que não obedeçam às suas normas. Por outro lado, a mesma lei em seu artigo 42, §5º, com a finalidade de viabilizar acordos com organismos internacionais, admite a possibilidade do afastamento de algumas de suas normas. 11 2.3 Análise da seção III - das obras e serviços, capítulo I Na seção III da referida lei,pode-se observar todas as especificações que os editais de obras públicas devem constar para que possa ser realizado uma licitação. No artigo 7o, que consta nessa seção, define o seguimento que deve ser obedecido para as licitações de obras e serviços, sendo este: Art. 7o. As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência: I - projeto básico; II - projeto executivo; III - execução das obras e serviços. Cada etapa só poderá ser realizada após a conclusão e aprovação das etapas precedentes, quando houver, pelas autoridades competentes. Nesse artigo também determina os itens obrigatórios para que uma obra ou serviço possam ser licitados. É determinado que uma obra ou serviços, primeiramente, deve possuir um projeto básico, no qual o projeto executivo faz parte, aprovado e disponível para análise dos concorrentes a licitação em questão. É indispensável que a obra ou serviço possua um orçamento detalhando, com todos as composições de custo e o custo unitário de todos os itens do orçamento, sendo o mesmo como denominado, no mercado, como sendo o preço do órgão. E a obra ou serviço já deve ter previsão de recursos que assegurem o pagamento das mesmas de acordo com o cronograma. Esta mesma seção determina quais pessoas poderão participar ou não da licitação ou execução da obra. É estritamente proibida a participação direta ou indireta de pessoas que estejam ligadas ao autor do projeto básico, podendo este ser uma empresa, pessoa física ou jurídica, ou de servidores e dirigentes do órgão contratante ou responsável pela licitação. Todavia, o autor do projeto básico pode participar da execução da obra como consultor técnico ou realizando a fiscalização da mesma. Ainda na seção III da Lei 8.666/93, constam os regimes em que as obras poderão ser executadas, que podem ser por execução direta ou indireta. A execução direta de uma obra pública é quando a obra deverá ser executada pelos órgãos e entidades da Administração Pública. A execução indireta de uma obra pública é quando o órgão ou entidade contrata outras empresas, também chamadas de terceiros , por meio da licitação, para esta tarefa. Essa contratação pode ser realizada por diversos regimes, dentre eles tem-se pelo regime da empreitada por preço global, que é quando se contrata a execução da obra com um preço total. 12 Outro regime passível de contratação é pela empreitada por preço unitário, que é determinado pela execução da obra com preço certo de unidades determinadas. Pode-se contratar pelo regime de tarefa, que se ajusta a mão-de-obra para pequenos trabalhos, com ou sem fornecimento de materiais. E, o regime mais utilizado nas licitações de obras públicas, e a contratação pelo regime de empreitada integral, que é quando se contrata para a execução de uma obra em sua totalidade, compreendendo todas as etapas das obras, sobre inteira responsabilidade da contratada até a entrega da obra. Nessa seção também define que os projetos básicos e executivos de obras devem ser realizados considerando os requisitos de segurança, funcionalidade, economia, possibilidade de surgimento de empregos, da facilidade da execução, adoção das normas técnicas, e a diminuição do impacto ambiental. Essas são as diretrizes que deverão ser adotadas para execução dos projetos. 2.4 Modalidades de licitação A lei 8666/93 tem diversas modalidades de licitações de obras especificadas, tendo cada uma as suas particularidades. Sendo o que artigo 22, dispõe o seguinte: Art. 22o. São modalidades de licitação: I - concorrência; II - tomada de preços; III - convite; IV - concurso; V - leilão. Essas são algumas das modalidades de licitação que podem ser utilizadas pela Administração Pública. Sendo a concorrência, a tomada de preços, o convite, e o pregão as modalidades mais utilizadas para licitações de obras públicas e serviços de engenharia. Na licitação por concorrência a empresa de engenharia só poderá participar da licitação se a mesma cumprir com os requisitos mínimos estabelecidos pelo respectivo edital. Na licitação por tomada de preço pede-se que as empresas de engenharia estejam cadastradas e atendam às condições exigidas até o terceiro dia anterior a data de recebimento das propostas. E na modalidade por convite, também denominada de carta convite, devendo ser convidadas pelo menos três empresas do ramo pela Administração Pública, podendo outras empresas participar dessas concorrência. Essa modalidade permite a administração restringir a 13 concorrência a empresas conhecidas, com um conhecimento de mercado, que tragam confiança que a obra será executada no prazo estabelecido e com a qualidade solicitada. Além dessas modalidades previstas, ao longo do tempo verificou-se a necessidade da criação de uma modalidade que auxiliasse na desburocratização do procedimento empregado pelas modalidades expressas na Lei 8.666/93. Com isso, em 04 de maio de 2000, foi editada a Medida Provisória nº 2.026, instituindo o pregão em nosso ordenamento. Vale ressaltar que, segundo o referido diploma legal, apenas a União poderia utilizar a nova modalidade. À época surgiram diversas críticas quanto à criação de uma nova categoria de licitação através de uma Medida Provisória, visto que a Lei 8.666/93 é uma lei federal e a Medida Provisória alterava a referida lei que trazia expressamente as modalidades permitidas em nosso ordenamento (PAIVA, 2010). Com isso, dada a grande eficácia do pregão, em 17 de julho de 2002, foi editada a Lei nº 10.520 que, além de acabar com as discussões sobre a constitucionalidade do pregão, que só pode ser utilizado para licitações de serviços de engenharia, expandiu o uso da modalidade para os Estados e Municípios. Cada modalidade de licitação poderá selecionar e contratar através de diversos modelos, os quais serão melhor esclarecidos a seguir. 2.5 Modelos de seleção A lei de licitação também especifica as formas de seleção possíveis para que a Administração Pública aja de forma indiferente frente às empresas para escolha da proposta. Os tipos de seleção das licitações são quatro: menor preço, melhor técnica, técnica e preço e maior lance ou oferta. Inicialmente, a lei previa que sempre a proposta que tivesse o menor preço ganhasse a concorrência. Esse ato gerou uma série de problemas para a Administração Pública, em que empresas passaram a aplicar preços muito a baixo do mercado, chegando a realizar as obras com má qualidade, e por vezes deixavam-nas paradas por ultrapassarem o orçamento, forçando a Administração Pública a gastar mais recursos do que o previsto anteriormente para a melhoria e finalização dessas obras. Essa falha foi notada por Tisaka (2006, p. 346) que teve a seguinte análise: "A conseqüência maior são as distorções que ocorrem com os baixos níveis de qualidade dos fornecimentos de toda a natureza, serviços e obras não conformes com 14 as exigências das normas técnicas, alto índice de inadimplência, obras e serviços paralisados por inviabilidade econômica, prazos dilatados sem previsão de conclusão como existem aos milhares neste país." Assim, o Governo Federal sancionou algumas mudanças na lei, acrescentando os critérios cabíveis de seleção pela Administração Pública. Esse novo critério passou a ser denominado de "critério técnico" pelos engenheiros que trabalham na área. Esse critério formalizou a possibilidade dos editais pedirem propostas técnicas para as obras a serem concorridas. Essas propostas passaram então a servir de critério de seleção, onde critério que deverá possuir o maior peso deverá ser declarado no edital. Porém, o critério do menor preço continua sendo o critério com maior peso na questão política, que procura sempre o que será mais vantajoso para os cofres públicos, sendo esse o princípioda economicidade. Esse mudança ocorreu em 1994 sendo relacionada pelo artigo 46o da Lei 8666/93, in verbis: Art. 46o. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. Ainda esse artigo determina como a comissão de licitação realizará o processo de julgamento das propostas. A licitação de melhor técnica deve avaliar e classificar, primeiramente, as propostas técnicas de acordo com os critérios adequados à obra em concorrência que considerem a experiência, qualidade técnica da proposta, metodologia, tecnologia e a qualificação da mão-de-obra a ser utilizada. Todos esses critérios deveram ser definidos com clareza e objetividade no edital da licitação. Após a classificação das propostas técnicas eliminando as que não atingiram o limite mínimo estabelecido no edital, será iniciado a abertura das propostas de preço, obedecendo a ordem estabelecida pelas propostas técnicas, sendo que elas não ultrapassem o limite mínimo de referencia. Esse limite será estabelecido conforme indica o § 1o do inciso II do artigo 48o: § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: 15 a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração, ou b) valor orçado pela administração. Nas licitações do tipo técnica e preço, deverá ser realizado a avaliação e valorização das propostas de preço, de acordo com os critérios pré-estabelecidos no edital, e, juntamente com a pontuação das propostas técnicas, será estabelecido uma nova classificação das propostas, sendo a vencedora a que obtiver maior pontuação. Os pesos que serão admitidos para cálculo deverão constar no edital da licitação. Já o tipo maior lance ou oferta é utilizado nos leilões públicos. É o critério aplicado quando o Poder Público quer vender algum bem ou outorgar a concessão de um serviço. A sistemática é bem similar à do menor preço, porém saindo vencedor quem ofertar o maior valor (MATTOS, 2006). Assim, podemos dizer que ainda faltam alguns ajustes na lei para que o poder público brasileiro favoreça não só o preço mais atraente, mas também a proposta técnica que melhor se adapte as necessidades da obra, trazendo assim uma melhor qualidade para as obras no Brasil. 16 3. DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS DE LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS Com os dados obtidos pelas técnicas já explanadas no primeiro capítulo dessa monografia, foi elaborado, em conjunto com quatro engenheiros mais experientes da empresa pesquisada, uma diretriz para a elaboração de propostas de licitação. Essa diretriz será dividido em três etapas: análise do edital, adequando-se as condições exigidas; elaboração e classificação das diversas propostas; revisão e conclusão das propostas, sempre evitando uma desclassificação precoce da empresa. O processo licitatório pode ser divido em duas fases: interna e externa. A fase interna é uma etapa mais administrativa que ocorre dentro do órgão contratante. A fase externa, depois da publicação do edital da licitação, é onde as construtoras concorrentes entram em cena. A descrição dessas fase pode ser visualizado na Figura 3.1 de Mattos (2006). Etapa Significado Fase Interna Abertura do processo administrativo Autorização da deflagração do processo, com estabelecimento do escopo da licitação. Pesquisa de mercado / Orçamento Estimativa do custo de aquisição do bem ou serviço pelo órgão a fim de determinar a modalidade de licitação e aprovisionar recursos necessários. Elaboração do edital ou convite Elaboração do ato convocatório contendo todas as regras da disputa e publicação para conhecimento geral. Fase Externa Entrega de documentos e propostas Entrega dos documentos e habilitação das empresas e envelopes de preço (proposta comercial) e técnica. Habilitação Análise da documentação das empresas, com eventual inabilitação de participantes, e lavratura de ata com as empresas habilitadas. Julgamento e classificação Avaliação e comparação das propostas, com seleção da vencedora. Homologação Ato pelo qual a comissão de licitação declara o licitante vencedor. Adjudicação Confirmação oficial da regularidade do processo licitatório, decretando ser encerramento. Contratação Assinatura do contrato entre órgão público e a empresa vencedora. Figura 3.1 – Fases de uma licitação nos órgãos licitantes (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). 17 Nessa Figura 3.1 – Fases de uma licitação nos órgãos licitantes (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006).figura Mattos (2006) exemplificou as etapas que estão presentes nas duas fases de uma licitação dentro do órgão licitante. Nela se descreve, de maneira sequencial, o passo a passo que deve ser seguido nos órgão contratantes no processo de licitação. A fase externa é onde vai começar o trabalho nas empresas de engenharia. As etapas que elas deverão seguir para elaboração da proposta será abordado a seguir, iniciando- se com a análise dos editais. 3.1 Análise do edital Para a elaboração de uma proposta de licitação competitiva necessita-se, incondicionalmente, de uma análise detalhada do edital de licitação. Essa análise se inicia com o convite do órgão contratante as empresas de engenharias interessadas, ou a busca das mesmas pelas informações necessárias para concorrer a licitação, isso dependerá de qual modelo de licitação será utilizado. Em seguida, a empresas deverão estuda, minuciosamente, r cada item do edital e começar a reunir os documentos necessários para participar da concorrência. Os editais deverão exigir uma habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico- financeira e a regularidade fiscal da empresa ou consórcio que desejar participar da concorrência. A habilitação jurídica de uma empresa consiste na documentação básica contendo o registro comercial, no caso de uma empresa individual, o contrato social, se tratando de uma empresa com sociedade comercial ou, seguido de uma documentação de eleição dos administrados, no caso de uma sociedade por ações. Os documentos que podem ser necessárias para à qualificação técnica das empresas de engenharia se resumem na inscrição no CREA, os responsáveis técnicos das construtoras,e o acervo técnico necessário para comprovação da competência exigida para executar com qualidade o tipo de obra em questão. Em alguns editais, é exigido todo o acervo técnico da empresa, acompanhado do tempo de mercado da empresa, com isso o órgão público terá uma maior segurança e confiança nessa empresa, evitando, possíveis, futuros prejuízos. A qualificação econômico-financeira sãos os documentos que comprovam a boa situação econômico-financeira das empresas de engenharia, de forma que o órgão licitante 18 tenha garantias de que a obra ou serviço não seja interrompido durante o contrato firmado. Os documentos que podem ser exigidos no edital que qualificarão a empresa serão: o balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do último exercício fiscal, e a certidão negativa de falência da empresa, um capital mínimo ou valor do patrimônio líquido de pelo menos 10% (dez por cento) da obra em licitação. A regularidade fiscal da empresa devem está em perfeitas condições, não podendoa empresa apresentar alguma irregularidade na receita federal, ou dever aos funcionários, ao fundo de garantia por tempo de serviços (FGTS), dentre outros impostos. Entretanto, as empreses tem até dois dias úteis para regularizar esses documentos. Vale ressaltar que no caso de grandes obras públicas com valores econômicos e técnicos elevados, as empresas buscam no consórcio alternativas para se qualificarem nos padrões exigidos nos editais. O consórcio entre empresas de engenharia pode ser definido como sendo uma sociedade de uma ou mais construtoras, sem que as mesmas percam suas características jurídicas, para obter as qualificações necessárias para exigidas pelos editais. Tendo as empresas consorciadas as obrigações previstas no respectivo contrato (MOREIRA, 2005). Toda essa documentação deve ser exigida em cada edital. É extremamente importante que as empresas de engenharia que almejam concorrer a uma licitação de obra pública atentem para o fato que as mesmas estão passíveis de desclassificação em caso de alguma pendência administrativas, técnicas ou com os órgãos fiscais. 3.1.1 Análise do orçamento do órgão licitante Em paralelo à preparação da documentação exigida no edital, a empresa de engenharia deverá estudar o orçamento anexado ao edital enviado pelo órgão. Esse orçamento deverá ter sido calculado realizando um levantamento quantitativo de todos os serviços a serem realizados na obra em concorrência, através dos projetos executivos e detalhados de engenharia, onde serão multiplicados por cada custo unitário do órgão (custo que o órgão tem para realização de determinadas tarefas), determinando assim o orçamento proposto pelo órgão, ou preço do órgão. Esse valor servirá de base para elaboração da proposta de preço, dando informações importantes como o quantitativo, que, na ausência do mesmo, a elaboração de 19 um orçamento detalhado fica inviável, como o preço do órgão, que servirá de teto máximo que a proposta da empresa deve chegar para concorrer na licitação de forma competitiva. Nessa etapa da elaboração também serão avaliados todos os possíveis erros ou dúvidas encontradas na análise do edital e do orçamento para a formulação da pergunta ao órgão licitante. A pergunta ao órgão consiste em uma forma de eliminar todas as dúvidas que a empresa tem do edital e de alertar o órgão licitante por possíveis erros nele existentes. A mesma deverá ser elaborada de forma clara, e objetiva, tendo em vista que cada empresa ou consórcio concorrente tem um prazo máximo e uma quantidade pré-determinada de solicitações para realizar. 3.2 Elaboração das propostas A próxima etapa a ser realizada é a elaboração das propostas, que consiste na etapa mais importante do processo para concorrer a licitação. Esta etapa é o desenvolvimento do trabalho, em que, após um estudo detalhado do edital, será elaborada a proposta da empresas para execução da obra em concorrência. Na licitação de obra pública, os editais podem requerer dois tipos de propostas, a proposta de preço e a proposta técnica, onde, nos mesmos, deverão constar quais propostas serão exigidas para concorrer à obra em licitação. Logo, esta etapa foi subdividida em duas sub-etapas: elaboração das propostas de preço e elaboração das propostas técnicas. 3.2.1 Propostas de preço Uma proposta de preço é o orçamento detalhado no qual a empresa/consórcio de engenharia está disposta a executar a obra em licitação. Nesse orçamento deve conter o custo unitário de cada serviço repassado pelo órgão no seu quantitativo, deve ainda constar o cálculo de todas as composições unitárias para cada serviço especificado no quantitativo disponível no edital, devendo esse custo unitário ser sempre menor do que o valor especificado pelo órgão, seguido do valor dos benefícios e despesas indiretas (BDI) adotados pela empresa e com todas as composições de custo. O passo inicial para a elaboração de uma proposta de preço é o cálculo do preço unitário para cada serviço no quantificado no orçamento. O preço unitário, ou custo unitário, 20 de um serviço, é o custo em reais para executar uma unidade (preestabelecida), que pode variar em unidade, metros quadrado, dentre outras, de um item do quantitativo. Para cada preço unitário, foi realizada uma composição de custo, na qual podemos encontrar todos os fatores que contribuíram para determinado preço unitário. Nas composições de custo podemos visualizar o quanto de insumos, mão-de-obra, equipamentos, serviços, e encargos sociais foram utilizadas para calcular o valor do preço unitário. Na Figura 3.2, temos um exemplo de composição de custo, onde a composição EX01 calcula que um metro quadrado de alvenaria de bloco cerâmico furado (9x19x39)cm c/ argamassa mista de cal hidratada com espessura de 9cm custa R$ 21,97. Esse será o valor que determinará o custo de todo o serviço de alvenaria ao ser multiplicado pelo quantitativo. Figura 3.2 – Exemplo de composição de custo (Fonte: SEINFRA). O preço unitário é calculado a partir da produtividade da empresa para realizar o determinado serviço. Tendo a produtividade de execução do serviço, tira-se os valores do coeficiente de cada item da composição dividindo o tempo total gasto pela unidade total executado. Multiplicando pelo preço unitário desses itens, o somatório desses preços com o acréscimo dos encargos sociais resultará no custo unitário da composição. O valor dos 21 benefícios e despesas indiretas (BDI) deverá ser acrescido no valor final do orçamento. Vale ressaltar que os quantitativos e preços unitários presentes na planilha orçamentária podem variar consideravelmente em função dos critérios de medição e pagamento dos serviços. O custo unitário é o item que determinará o preço final da proposta. Assim, esse cálculo deverá ser realizado com a total atenção do engenheiro responsável de forma a evitar prejuízos futuros. O demonstrativo contento todas as composições de custo deverá ser anexado a proposta de preço se for exigido pelo edital. As composições devem ser uniformes, na formatação especificada pelo edital e estar em ordem crescente. A ausência ou erro em uma composição poderá desclassificar a empresas/consórcio concorrente. O cálculo inicial dos preços unitários irá ser representado com orçamento preliminar, onde o mesmo deverá ser comparado com o orçamento do órgão licitante para uma primeira análise. A partir desse comparativo a empresa concorrente poderá utilizar algumas técnicas para estudar esses orçamentos e melhorar a sua proposta de preço. A técnica mais, comumente, utilizada é a técnica da curva ABC de serviços. A curva ABC é definida a partir do levantamento quantitativo dos materiais de construção e da mão-de-obra para a elaboração do orçamento e o seu relacionamento com o custo unitário tem, em geral, como preocupação central o conhecimento de uma estimativa de custos global. No entanto esses dados podem ser trabalhados no sentido de fornecer informações adicionais que auxiliem no gerenciamento do empreendimento. Uma forma de obter mais informações é a construção de curvas ABC para materiais de construção e mão-de- obra. A curva ABC é um importante instrumento de classificação de informações, para que os itens de maior importância, que geralmente são em menor número, sejam separados (POZZOBON, 2008). No processo de elaboração de uma proposta de preço, a curva ABC de serviços é importante, nela poderemos observar o peso que cada serviço está influenciando no custo total. Assim pode-se traçar um planejamento para realizar a diminuição do custo do serviço que mais influenciará no custo total. Esse planejamento passará por políticas de compras de materiais, busca de fornecedores, estocagem, e evitar desperdício. Como resultado de uma classificação ABC surgirão três classes: A classe A, com alto valor de demanda, que representade 10 a 20% do custo total da obra; a classe B, com valor intermediário de demanda, que representa de 30 a 40% do custo total da obra e; a classe C, com baixo valor de demanda, que representa 50% do custo total da obra. Apesar dessa configuração ser utilizada como padrão, não é regra rígida a curva ABC ser composta por três 22 classes, algumas empresas costumam criar mais categorias ou modificar um pouco os percentuais (POZZOBON, 2008). Na Figura 3.3, como exemplo, pode-se observar que o custo da ferragem CA-50 e da forma de maderit juntos representam 33,77% do custo total da obra. Figura 3.3 – Exemplo de curva ABC (Fonte: <www.engwhere.com.br/engenharia/memorial_descritivo.htm>). No caso desse sendo um orçamento de um obra em licitação, a empresa/consórcio concorrente deverá buscar todas as alternativas possíveis para diminuir o custo unitário desses serviços. Para alcançar esse objetivo, a empresa pode estabelecer uma política de compras, 23 com uma programação adequada das mesmas para diminuir o custo; as condições operacionais da obra, sendo os aspectos de recebimento, transporte interno e estocagem; dentre outros. Logo, trabalhando esse serviço, sabendo da relevância do mesmo no custo total, a proposta de preço será mais competitiva. Para a conclusão do orçamento deve ser incluído o valor dos benefícios e despesas indiretas. O BDI é composto: pelo custo financeiro da obra, que são os gastos relacionados ao custo do capital decorrente da necessidade de financiamento; o custo da administração central, que é a proporção do custo da sede administrativa da empresa; impostos, que são o ISS, PIS, COFINS, e de renda pessoa jurídica; seguros e garantias, para resguardo de incidentes do empreendimento; riscos e imprevistos, para cobrir eventuais incertezas, omissão de serviços, dentre outras; o lucro, sendo este o valor que a empresa desejar; e os demais custos não incluídos no custo direto. O orçamento finalizado e revisado, é chamado de orçamento detalhado. O orçamento detalhado é aquele que, seguindo as diretrizes explanadas no edital, será a proposta de preço que deverá ser apresentada pela empresa concorrente, tendo o mesmo um custo final baixo, exequível, e competitivo para a obra a ser licitada. 3.2.2 Propostas técnicas Alguns editais também especificam a necessidade de uma proposta técnica para a obra. Essa é encontrado em diversos tipos de obras como estádios, barragens, estradas, hidrelétricas, entre outras. Essa proposta consiste em especificar uma solução técnica que será utilizada pela empresa de engenharia para execução da obra. Além disso, tem-se um cronograma de máquinas, de mão-de-obra, e soluções técnicas de engenharia para que a obra seja executada no prazo estipulado pelo edital. Para melhor elaboração desse tipo de proposta é necessário a subdivisão da mesma em cinco etapas: o conhecimento do problema, planejamento executivo, métodos construtivos, canteiro de obras e estrutura organizacional. O conhecimento do problema consiste no detalhamento das condições locais da obra. Com o estudo de localização e acessos, características físicas e sócio-econômicas da região, a climatologia local e disponibilidade de recursos. O planejamento executivo e o estudo completo de execução, com o detalhamento de todas as frentes de trabalho no cronograma executivo da obra. Esse planejamento pode ser 24 abordado com o cronograma e com uma linha de balanço de toda a obra, além de histogramas de alocação de recurso, mão-de-obra e equipamentos. A próxima etapa da elaboração da proposta técnica é a descrição dos métodos construtivos que serão adotados. Mostra-se as soluções técnicas para execução dos principais serviços da obra, caracterizando os métodos de execução e os recursos empregados na realização de cada atividade de construção. Este é o ponto principal que será abordado e o diferencial das diversas propostas concorrentes, sendo aconselhado a elaboração por engenheiros experientes. No projeto do canteiro de obras é realizado um planejamento complementar da execução das obras, onde deverá fornecer um estudo detalhado da localização, apoio logístico e layout das instalações de canteiro de obras. Sendo apresentado em plantas e planilhas que justificarão a escolha técnica do mesmo. O último passo para elaboração de uma proposta técnica competitiva é a estrutura organizacional da obra. Essa estrutura é definida pelo organograma da obra e a definição das principais funções, atribuições, e alocação dos profissionais de nível gerencial. É cabível acrescentar que esse modelo determina de uma forma geral as propostas técnicas, sendo variável para diferentes tipos de obras. Por exemplo, no caso de ampliações de estradas, temos nessa proposta a especificação e a logística de máquinas a ser utilizadas na obra pela empresa. Esse estudo é essencial para que a obra de licitação cumpra o prazo preestabelecido pelo edital. Devido a inexperiência de alguns engenheiros em elaborar esse tipo de proposta, muitas empresas contratam terceiros para a elaboração das mesmas. É uma forma eficaz, porém com um custo mais elevado do que elaborá-la tradicionalmente. 3.3 Conclusão da proposta Sabendo que o ser humano e a máquina, o computador, são passíveis de erro, essa etapa não é essencial para a elaboração de uma proposta de licitação, mas é de extrema importância e poderá evitar uma possível desclassificação da empresa ou consórcio da licitação. Sendo assim, antes de lacrar e enviar a proposta de licitação, a empresa de engenharia deve mobilizar o pessoal para uma última conferência. 25 Esse trabalho começa com a conferência de todos os custos unitários do orçamento, devendo esses estarem iguais aos que constam nas composições de custo, além do correto preenchimento de todas as planilhas. Um problema comumente encontrado nessa etapa de conclusão da proposta é causado pelas atualizações das fórmulas das planilhas. Isso ocorre quando se realiza uma mudança de última hora em algum custo unitário, e as planilhas totais de orçamento acabam não sendo atualizadas. Esse erro acarreta na eliminação da proposta. Para concluir, a proposta deve seguir para o órgão contratante, na quantidade de vias exigidas no edital, todas elas carimbadas e assinadas pelo representante legal da empresa/consórcio concorrente. 3.4 Métodos para otimização do modelo padrão As empresas que trabalham nesse ramo da engenharia precisam, muitas vezes, realizar duas ou mais propostas simultâneas de obras públicas em processo de licitação. Portanto, essas empresas devem estar sempre investindo em novas tecnologias e metodologias, bem como se atualizar com as alterações da lei e acordos do Tribunais, com o intuito de otimizar todo o processo de preparação de propostas para licitação. Pensando em suprir essa necessidade diversas empresas desenvolvem constantemente diversos softwares com a finalidade de fornecer ao mercado soluções administrativas que garantam maior competitividade. Dentre esses empresa, a TOTVS criou a linha RM no seguimento de construção e projetos. Na área de planejamento e orçamento, a TOTVS trabalha com o RM Solum. Este programa é capaz de armazenar diversas planilhas de orçamentos diferentes. Pode-se ainda organizar as propostas por órgão licitante, proporcionando uma maior facilidade na hora de analisar os orçamentos do órgão para diferentes tipos de obras. Assim, a empresa conseguirá direcionar os esforços para tornar a sua proposta mais competitiva. Esse programa centraliza todas as informações necessárias para realização da proposta, cadastro do órgão (clientes), e composições de custos específicas para cada localidade e cada órgão licitante da obra, proporciona total integração com o Microsoft Office, disponibiliza diversas funções que aperfeiçoa o tempo para elaboração das propostas,como a determinação da curva ABC. 26 Além de todas essas vantagens, esse programa também proporciona ao operador uma visualização simultânea de dois ou mais orçamentos proporcionando uma melhor análise dos mesmos, e a possibilidade de escolha em casos que forem possíveis a elaboração de duas ou mais propostas de preço. Outra metodologia que pode ser investida pelas empresas para a melhor elaboração dessas propostas é a implantação dos conceitos do "lean office" que busca uma melhor praticidade e organização na elaboração da proposta realizando um mapeamento dos processamentos e desperdícios de tempo, organizando e direcionando o trabalho que deverá ser feito, e, consequentemente, o processo de elaboração das propostas será mais eficiente e eficaz. Dentre os conceito do lean office, destaca-se como o mais utilizado a ferramenta do 5S, que projeta melhoria dos processos baseando nos cinco sensos: senso de utilização, arrumação, limpeza, saúde e higiene, autodisciplina. Apesar de simples, a aplicação desse conceito promove a redução do tempo gasto com diversas atividades que não agregam valores. Os conceitos de lean, ou enxuto, que foi iniciado com o sistema Toyota de produção consiste em uma filosofia de gerenciamento de trabalho para atender os clientes no menor tempo possível, na mais alta qualidade e com o menor custo possível. Sendo esse sistema conhecido como produção enxuta. Aplicando esses conhecimentos no ambiente administrativo pode conseguir resultados diferenciados, sendo eficazes e eficientes (TURATI, 2007). Essas são algumas metodologias que já estão sendo utilizadas pelo mercado. As empresas de engenharia, que desejarem ingressar nesse disputado mercado, devem investir, não só nessas metodologias, mas também em outras que estão em constante desenvolvimento. Vale ressaltar que, para elaboração de uma proposta de licitação eficiente, é impreterivelmente necessário a separação de tarefas por equipes especializadas e capacitadas, para agilização das tarefas em paralelo, com a finalidade de elaborar uma proposta competitiva para determinada obra em licitação. 27 4. PROCEDIMENTOS FRAUDULENTOS NO PROCESSO DE LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS Diariamente vemos que o trabalho da justiça brasileira não se restringe aos atos criminais comuns, mas também a desonestidade dos humanos. Tendo conhecimento da situação atual da política brasileira, com constantes episódios de corrupção nos diversos ramos da sociedade, é fácil imaginar que o processo de licitação não passa impune deste tipo de crime. São esses lamentáveis fatos que nos levam a acreditar que as diversas obras públicas paradas em todo o Brasil são causadas pela a realização de processo de licitação fraudulentos. Antes de adentrar no assunto polêmico, deve-se conceituar frade. No dicionário, os conceitos de fraudar e fraude são sucintamente descritos como o agir com má-fé e astúcia para causar dano, respectivamente. Logo, fraude no processo licitatório é toda a ação realizada pelas partes interessadas com a finalidade de beneficio próprio, prejudicando os demais envolvidos. Esse capítulo será subdividido em três tópicos: penas previstas na lei de licitação 8.666/93, em que são abordados os crimes e penas cabíveis para pessoas que fraudam licitações; tipos de fraudes que são aplicadas nas licitações; desbalanceamento de planilhas, ou jogo de planilhas, que é a fraude mais comum no processo licitatório. 4.1 Crimes e penas previstas na lei 8.666/93 A Lei n. 8.666/93 traz diversos dispositivos que visa conter as distintas formas de se contravir os interesses protegidos à regularidade das licitações, especialmente o interesse de se assegurar a igualdade de tratamento entre os interessados em participar em processos licitatórios da Administração Pública. O artigo 96 desta lei, vem regulamentar os resultados esperados pelas pessoas que agem de má-fé no processo licitatório, sendo os mesmo, in verbis: Art. 96 o. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente: I - elevando arbitrariamente os preços; II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; III - entregando uma mercadoria por outra; IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida; 28 V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a execução do contrato: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Assim, o disposto nesse artigo vem pautar limites objetivos às ações dos licitantes e demais envolvidos na execução dos contratos, traçando balizas, definindo condutas, e apontando as conseqüências penais, a par das demais responsabilidades de ordem civil e administrativa que estas ações podem acarretar. A seção que se encontra esse artigo, seção III, capítulo IV da referida lei, determina os possíveis crimes e penas cabíveis aos infratores. Os crimes passam de impedir, ou deixar de observar todos os critérios de seleção nas licitações até a subornar os demais interessados. E as penas variam de 6 messes a 6 anos de detenção mais pagamento de multa, sendo o seu valor superior a 2% e inferior a 5% do valor do contrato. 4.2 Tipos de fraudes e o procedimento para corrigí-las. A fraude no processo de licitação de obras públicas pode ser originada nas diferentes partes interessadas. As mesmas vem repensando ao longo de anos maneiras de burlar a lei, aproveitando-se do fato de que o direito não é um ciência exata e permite diferentes interpretações. Por outro lado, os órgãos responsáveis estão em constante desenvolvimento para evitar e corrigir os processos fraudulentos. Nas obras públicas o principal responsável por fiscalizar os processo de licitação, execução e contratação das mesmas é o Tribunal de Contas. Tendo em vista a obrigação do Tribunal de Contas da União (TCU) em fiscalizar todos os procedimentos das obras públicas no país, o TCU, que não possui fiscais suficientes para evitar todas as fraudes praticadas no Brasil, busca formas alternativas de fiscalização. Uma delas é a elaboração de programas em que os brasileiros possam denunciar os possíveis casos de fraudes, tornando-os verdadeiros fiscais do TCU. Esse tipo de denúncia deve ser encorajada pelos meios de comunicação através de ações do governo que incentivem essa fiscalização preliminar. Só assim a população poderá se sentir menos prejudicada pelos constantes atrasos das obras públicas, e não precisará aceitar as mais diversas desculpas dadas pela Administração Pública. A partir das denúncias, o TCU responsável pela área em questão deve tomar as devidas medidas para a correção das mesmas. A próxima fase é a da fiscalização das obras denunciadas, o que deveria ocorrer constantemente. 29 Na fase das fiscalizações atinente à análise da situação física e jurídica das empresas, ao rastreamento dos pagamentos efetuados e à verificação da idoneidade das notas fiscais emitidas, constituiu o elemento principal para a detecção das irregularidades, pois, uma vez constatada a inexistência da empresa, vencedora ou participante do certame licitatório, todo o processo se torna comprometido. Porém, o simples fato de confirmação desses fatos pode não caracterizar a prática da fraude (AFFONSO, 2004). Affonso (2004) também lista vários tipos de fraudes encontradas através da fiscalização das obras públicas a partir de denúncias que ocorreram no estado de Minas Gerais e que podem acontecer em todo o país, sendo elas: • Esquema de fraudes para desviar recursos públicos, envolvendo empresas, prefeitos municipais, comissões de licitação, ante à inexistência física ou ausência de estrutura administrativa e/ou operacional de empresas participantes de licitações; • Desvio de recursos, evidenciado pela transferênciade numerários para entidades distintas das empresas contratadas para a execução dos serviços; • Parceria entre Políticos, empresas e Comissões de Licitação, caracterizado pela montagem de processos licitatórios e pela similitude de modelos gráficos e estilos de preenchimento na quase totalidade das Notas de Empenho e Ordens de Serviço emitidas por prefeituras distintas; • Emissão de Notas Fiscais inidôneas ou irregulares; • Constituição forjada de empresas, ante a ausência de registro das empresas na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais e montagem dos contratos de constituição de empresas e das propostas apresentadas por elas, em licitações; • Abandono de grande parte das obras, com algumas sendo reiniciadas com pessoal contratado pelos municípios, sem qualquer vinculação com a empresa inicialmente contratada; • Realização de obras com materiais inferiores, em qualidade ou quantidade, divergindo dos planos de trabalho e planilhas aprovados pelos órgãos repassadores; • Aprovação pelos órgãos repassadores de prestações de contas relativas à execução de convênios que apresentaram irregularidades graves. 30 Os dados coletados pelo TCU, juntamente com os dados dos municípios e estados envolvidos, devem ser analisados em um único processo para a caracterização da prática da fraude. Somente em seguida esse processo deve ser enviado para o Ministério Público Federal e Estadual para que eles tomem as devidas providências. Porém, o tipo de fraude que é visto comumente no processo licitatório e o jogo de planilhas que será abordado a seguir. 4.3 Jogo de planilhas Jogo de planilhas, ou desbalanceamento de planilhas, é uma "artimanha" utilizada pelas empresas de engenharia visando sempre ao aumento do lucro. Ela ocorre através de uma superfaturamento de determinados preços e o subfaturamento de outros visando o aumento de lucro através de possíveis alterações dos quantitativos no decorrer da obra. Na Figura 4.1 pode-se observar em qual etapa da elaboração de uma proposta de preço de uma obra em licitação é aplicado o desbalanceamento, sendo após a conclusão do preço de venda. Isso se dá nessa fase da elaboração da proposta após uma identificação na visita técnica e identificação dos serviços que tendem a alterar o quantitativo no decorrer da execução da obra. Logo, com esses serviços identificados, a empresa contratada muda os preços unitários desses serviços visando o aumento do lucro. Figura 4.1 – Detalhe de quando é aplicado o desbalanceamento (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). 31 As principais causas do aparecimento do jogo de planilhas é um projeto básico mal elaborado, ocasionando divergências dos quantitativos do órgão com o que é realmente executado, e devido a inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitários nos editais de licitação. Assim, segundo Mattos (2006) o desbalanceamento de planilhas permite a empresas contratada a obter vantagem da seguinte forma: • Aumentando o preço de serviços que ocorrem cedo na obra e diminuindo o preço dos serviços que ocorrem mais perto do fim; • Aumentando o preço dos serviços cujo quantitativo tende a crescer e diminuindo o preço daqueles cujo quantitativo tende a ser menor do que o da planilha. Um exemplo da má elaboração do projeto básico é no caso de obras de terra em que os quantitativos de escavação de 1ª e 2ª categoria são difíceis de aferir simplesmente pelos perfis de sondagem. Assim, analisando os quantitativos da planilha, o construtor pode não concordar com a interpretação do cliente e entender que, no campo, os quantitativos serão outros. Nessa circunstância, ele pode apostar e mexer nos preços unitários de venda (MATTOS, 2006). O jogo de planilhas pode ser encontrado de duas maneiras, no desbalanceamento dos preços unitários e na aplicação não uniforme do BDI. 4.3.1 Desbalanceamento dos preços unitários O desbalanceamento dos preços unitários ocorre quando a empresa concorrente nota que determinados serviços foram quantificados equivocadamente, podendo diversos serviços aumentar o seu quantitativo e outros diminuírem ao longo da execução da obra. Essa alteração no contrato pode ser realizada devido a alteração prevista na lei 8.666/93, que permite a alteração do contrato das empresas que realmente foram erros equivocados do órgão licitante. O artigo 65 da referida lei aborda: Art. 65o. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela Administração: 32 a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; Em consequencia do erro nos quantitativos mal elaborados, quando é utilizado o desbalanceamento dos preços unitários, ocorre uma sistemática de aditivos contratuais em que os quantitativos dos itens supervalorizados aumentam e os dos itens subavaliados reduzem, provocando o desequilíbrio econômico-financeiro original do contrato e ocasionando o superfaturamento. 4.3.2 Aplicação não uniforme do BDI O BDI é, normalmente, aplicado de maneira igual sobre todos os serviços de um orçamento, porém a empresa pode aplicá-lo de maneira não uniforme do preço total com a finalidade de melhorar a situação financeira do contrato. O desbalanceamento de planilhas pela aplicação não uniforme do BDI, se dá no aumento do BDI dos serviços que ocorrerão no início da obra, e em compensação ocorrerá um decréscimo do BDI dos serviços que serão executados no final da obra. Essa mudança na aplicação do BDI não causará no aumento do preço final, sem prejudicar a competitividade da proposta. Na Figura 4.2, Mattos (2006) relaciona uma série de itens que podem ser desbalanceados e mostra como realizar. Dicas para o Orçamentista Itens a Desbalancear Desbalanceamento Serviços que ocorrem no início da obra: mobilização, instalação de canteiro, limpeza e desmatamento, demolição, escavação. Aumentar o preço Serviços que ocorrem no final da obra: paisagismo, pintura, desmobilização, limpeza final. Diminuir o preço Serviços que tendem a ter seus quantitativos majorados Aumentar o preço Serviços que tendem a ter seus quantitativos minorados Diminuir o preço Figura 4.2 – Dicas para o orçamentista (Fonte: adaptado de MATTOS, 2006). 33 Vale ressaltar que essas dicas para o orçamentista são sugeridas na realização do desbalanceamento para que os preços fiquem dentro de uma faixa de tolerância, sem caracterizar como fraude no processo licitatório de empresas de engenharia. 4.3.3 Ações da Administração Pública contra o jogo de planilhas O Tribunal de Contas da União tem algumas metodologias que podem evitar o favorecimento do contratado pelo jogo de planilhas. Na fase da licitação, como uma forma preventiva de evitar esse tipo de fraude, o TCU tem a obrigatoriedade de estabelecer os critérios de aceitabilidade de preços unitários, evitando distorções elevadas na hora de corrigir o contrato da licitação. Os órgãos licitantes não pode deixar de aprimorar o projeto básico de uma licitação, assim evitará possíveis erros nos quantitativos do órgão licitante. E o TCU pode adotar tabelas de preços aplicadas como preços de referência e, assim, utilizar o método do k para prevenir esse tipo de fraude. O método k consiste na adoção de um coeficiente k que será aplicado sobre cada preço unitário da empresas de concorrente. O fator k é o quociente entre o preço da empresa concorrente e o preço do órgão. Assim, os valores do orçamento do órgão será multiplicado pelo fator k e quando houver uma discrepância elevado desses valores com o preço da empresa, pode-se caracterizar um procedimento
Compartilhar