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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO UNIDADE ACADÉMICA DA ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA - DISCIPLINA DE ANATOMIA ÓSTEO-MIO-ARTICULAR GENERALIDADES SOBRE MIOLOGIA Nenhuma característica externa da vida animal é tão peculiar quanto a do movi111en10. A capacidade cle movimentar- se proporciona aos animais a capacidade de reagir a estímulos externos e internos. Miologia é a parte da anatomia que estuda o sistema muscular, que é constituído de músculos, órgãos ativos do movimento, e de órgãos anexos. O movimento é efetuado por células especializadas, dotadas das capacidades de contração e relaxamento, denominadas células ou fibras musculares ou miócitos, que se agrupam em feixes para formar os músculos, órgãos fibrosos contráteis, que diminuem de comprimento, destinados a realizar movimentos sob a influência de estímulos provenientes do sistema nervoso. O sistema muscular é responsável pelos movimentos porém, não assegura somente a dinâmica, mas também a estática do corpo humano, determinando sua posição e postura. Este sistema proporciona, ainda, forma ao corpo e produz calor. O músculo em repouso, sob condições constantes, libera calor mantendo a temperatura corporal. Dentro do aparelho locomotor, constituído por ossos, afliculações e músculos; os músculos são os elementos ativos do movimento, enquanto os ossos são os elementos passivos do movimento. TIPOS DE MÚSCULOS Fibras musculares estriadas: são células alongadas e multinucleadas, com um aspecto estriado ( estriações transversais ) característico ao microscópio. São inervadas por fibras motoras do SNP e constituem os músculos estriados esqueléticos, também denominados voluntários devido ao fato de poderem, quase sempre, ser controlados voluntariamente. No entanto, muitas de suas ações são automáticas e alguns deles tem ação reflexa e parcialmente submetida ao controle voluntário. Fibras musculares cardíacas: são células alongadas e ramificadas, mononucleadas, que se unem longitudinalmente às células vizinhas. Também são estriadas, porém sua inervação é realizada pelo SNA. Constituem o músculo cardíaco ou miocárdio. Este permite ao coração atuar como uma bomba, bombeando sangue através do corpo. Fibras musculares lisas - são fibras musculares fusiformes, mononucleadas, que não apresentam estrutura estriada. São encontradas nas paredes viscerais ( estômago, duodeno, etc... ), em órgãos tubulares ( esôfago ) e em vasos sangüíneos ( túnica muscular das artérias ). Constituem os músculos lisos, também denominados viscerais e apresentam como característica o controle involuntário pois suas atividades são reguladas pelo SNA e por certos hormônios circulantes. A contração do músculo liso permite à víscera realizar funções, tais como o movimento de substâncias dentro do corpo. NÚCLEO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO ESTRUTURA: a unidade histológica do músculo esquelético é a fibra muscular estriada que consiste de um citoplama denominado sarcoplasma e uma massa de miofibrilas, que se dispõem paralelamente ao maior eixo da fibra que, por sua vez, é envolvida por uma membrana citoplasmática denominada sarcolema. Em vários pontos, a membrana celular penetra profundamente no interior da fibra muscular, formando túbulos transversos, os túbulos T. Dentro da fibra muscular existe um retículo endoplasmático especializado, o retículo sarcoplasmático. Em sua estrutura o músculo estriado esquelético apresenta endomísio ( bainha de tecido conjuntivo que envolve cada fibra muscular perimísio ( bainha de tecido conjuntivo que envolve fascículos de fibras musculares agrupadas ) e epimísio ( bainha de tecido conjuntivo que envolve o músculo como um todo, composto por vários fascículos de fibras musculares ). Chamamos de miônio a unidade anatômica ( de construção ) de um músculo. E o menor agrupamento de fibras musculares que se pode ver macroscopicamente. E constituído em cada músculo por pequenos feixes de fibras musculares paralelas, consideradas macroscopicamente como fibras carnosas. Sarcolema ESTRUTURA DAS FIBRAS MUSCULARES - leitura complementar ** Os miócitos ou fibras musculares são formados em várias regiões do corpo a partir dos mioblastos, células de origem mesenquimal, mesodérmica. esquelética TRANSVERSAIS As miofibrilas são compostas de numerosos miofilamentos de actina e miosina. As miofibrilas são cruzadas em intervalos regulares por faixas transversais que apresentam diferentes índices de refração. Partes correspondentes das miofibrilas estão alinhadas entre si, dando a toda a fibra sua característica aparência estriada transversal. As miofibrilas do músculo estriado esquelético são divididas transversalmente em unidades contráteis, os sarcômeros, estes são compostos de filamentos de miosina e 3 de actina. Os filamentos de miosina correspondem à Faixa A. os filamentos de actina estão presos em uma extremidade a uma Faixa Z e interdigitam, na outra extremidade, com os filamentos de miosina; as Faixas I correspondem as regiões adjacentes em dois sarcômeros onde os filamentos de actina não se sobrepõem à miosina. As Faixas H são as regiões médias dos filamentos de miosina nos quais os filamentos de actina não penetram. Cada sarcômero estende-se de uma linha Z à outra linha Z Em cortes transversais os filamentos de miosina formam arranjos triangulares com cada miosina circundada por seis filamentos de actina. ** Nos músculos esquelético e cardíaco, os filamentos de miosina e actina são organizados em um padrão altamente regular para dar aos miócitos uma aparência estriada transversal ao microscópio, uma característica celular que os ajusta para uma contração rápida. Os miócitos cardíacos também apresentam estriações semelhantes àquelas do músculo esquelético, com faixas A, l, Z, H Nas extremidades dos miócitos existem estriações transversais conspícuas, densamente coradas - discos intercalados. Nas fibras musculares lisas ( "miofibrilas com aspecto homogêneo"- Prof Renato os miofilamentos de actina e miosina estão presentes, sendo que cada filamento de miosina é envolvido por mais de 15 filamentos de actina, formando um tipo de unidade contrátil, que pode ser orientada obliquamente na fibra muscular. A fibra muscular lisa apresenta feixes de miofilamentos que se cruzam em todas as direções, formando uma trama tridimensional. Nos músculos lisos os filamentos de miosina e actina são menos organizados. músculo estriado esquelético é de contração rápida, o músculo liso é de contração lenta e o músculo cardíaco apresenta contração automática e rítmica devido a existência do Sistema de Condução do Coração ( Complexo Estimulador do Coração constituído por células miocárdicas diferenciadas e especializadas em gerar e conduzir estímulos nervosos para a excitação do miocárdio. INERVAÇÃO E VASCULARIZAÇÃO DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS Cada músculo apresenta-se inervado por um ou mais nervos, com fibras sensitivas e motoras que, geralmente, se originam de vários nervos espinais . O ponto de entrada do nervo no músculo é conhecido como ponto motor do músculo, pois neste local a estimulação elétrica é mais eficaz na produção da contração muscular que a estimulação em qualquer outra parte do músculo, uma vez que as fibras nervosas são mais sensweis à estimulação elétrica do que as fibras musculares. Cada fibra muscular recebe um único ramo terminal de uma fibra nervosa motora que termina em um mecanismo especia.lizado conhecido como placa motora, na qual o terminal axônico perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro de uma depressão do sarcolema da fibra muscular. Cada fibra nervosa que penetra no músculo inerva muitas fibras musculares. O conjunto formado pela fibra nervosa motora única e as fibras musculares por ela inervadas constitui uma unidade motora, considerada a unidade funcional do músculo esquelético. O tamanhoda unidade motora varia grandemente, com unidades sendo menores onde é necessario um controle mais preciso, com por exemplo nos músculos extra-oculares, e unidades maiores nos grandes músculos dos membros. A força que pode ser desenvolvida por cada unidade está, portanto, inversamente relacionada com a precisão do controle. Se acaso o nervo for seccionado, diz-se que o músculo está desnervado, consequentemente, este deixa de funcionar e por esta razão entra em atrofia, processo que consiste em uma diminuição do tamanho das fibras musculares individualizadas. Um músculo também pode se hipertrofiar quando utilizado acima do normal. Neste caso as fibras musculares crescem mas o seu número permanece constante. A inervação sensitiva dos músculos envolve receptores como os fusos neuromusculares, órgãos tendíneos, finas fibras não mielinizadas que suprem a dor e outras terminações sensitivas no tecido conjuntivo das bainhas dos músculos. Os músculos, para executarem seu trabalho mecânico, necessitam de grande quantidade de energia. Em decorrência disto, recebem eficiente suprimento sangüíneo através de uma ou mais artérias adjacentes. Alguns músculos são vascularizados por vasos que se originam de um tronco único e penetram por uma extremidade ( m. gastrocnêmio ) ou pelo meio do músculo ( m. bíceps braquial ). Esses músculos são mais susceptíveis à necrose. Outros músculos ( m. adutor magno ) são vascularizados por uma série de vasos anastomosados. A vascularização de alguns músculos ( m. trapézio ) combina ambos os tipos. Os tendões são pouco vascularizados. A drenagem é realizada por veias que seguem a mesma distribuição das artérias. Os vasos linfáticos drenam a linfa para os linfonodos adjacentes. NUMERO E PESO DOS MÚSCULOS O número total de músculos varia entre 554 e 656 unidades. O peso dos músculos corresponde a 40% do peso total corporal. Axónio COW)ONENTES ANATÓMICOS DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS Um musculo estriado esquelético típico possui uma porção média e extremidades. A porção média que é carnosa, vermelha e constituída essencialmente por feixes de fibras musculares é denominada ventre muscular. Este representa a porção ativa do músculo, ou seja, a parte contrátil, que tem forma e tamanhos variados e, em vida, seu estado de contração muscular leve e contínua, normalmente presente, mesmo quando em repouso, é denominado tônus muscular. Este está relacionado ao estado de excitabilidade do sistema nervoso que controla ou influencia os músculos esqueléticos. A manutenção do tônus depende dos impulsos que chegam ao encéfalo e à medula espinhal a partir de terminações sensitivas localizadas nos músculos, tendões e articulações. As extremidades, que fixam os músculos aos ossos, órgãos, cartilagens, cápsulas articulares, septos intermusculares ou derme, quando são em forma de fita ou cilíndricas são denominadas tendões e quando são laminares denominam-se aponeuroses. Estas estruturas são esbranquiçadas e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis, constituídas por tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas, dispostas paralelamente umas às outras. Em um grande número de músculos, as fibras dos tendões têm dimensões tão reduzidas que se tem a impressão de que o ventre muscular se prende diretamente no osso. Em determinados músculos, aparecem tendões interpostos à ventres de um mesmo músculo, esses tendões não servem para fixação. Um músculo estriado esquelético, freqüentemente, apresenta pelo menos duas fixações. Alguns músculos, como os da face, fixam-se à pele, outros, como os da língua, fixam-se às membranas mucosas. Outros ainda estão fixados às fáscias ou formam faixas circulares como por exemplo o músculo esfincter externo do ânus. Entretanto, os músculos, de uma maneira geral, são descritos como tendo uma origem e uma inserção. A extremidade muscular presa ao segmento que não se desloca durante o movimento é denominada origem enquanto a extremidade muscular presa ao segmento que se desloca durante o movimento é denominada inserção. Nos membros, geralmente, a origem de um músculo é proximal e a inserção, distal. A extremidade proximal ou origem dos músculos apendiculares é também denominada cabeça e a extremidade distal ou inserção é também denominada cauda. Em determinados movimentos, um músculo pode alterar seus pontos de origem e inserção, ou seja, pode ocorrer uma inversão funcional da origem e inserção. Visto que, a origem e a inserção podem mudar com a função, atualmente, em substituição a estes termos são empregados, respectivamente, os termos ponto fixo e ponto móvel. CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS I - Quanto à forma os músculos são classificados como: Músculos longos - são músculos nos quais o comprimento predomina sobre a largura e espessura. Permitem movimentos de grande amplitude. Os músculos longos podem ser fusiformes, cônicos e em fita ( m. sartório, m.esternocleidomastóideo ). Músculos planos - são músculos nos quais comprimento e largura se equivalem e são maiores que a espessura. Estão envolvidos com o fechamento de cavidades orgânicas. Podem ser triangulares ou em leque, quadriláteros e circulares ( m.glúteo máximo, m. peitoral maior, m. latíssimo do dorso ). Entre os músculos circulares, pode-se citar os músculos orbiculares nos quais as fibras se distribuem formando círculos que são concêntricos, resultando em músculos grandes, finos e planos ( m. orbicular da boca, m. orbicular dos olhos ). 2 - Quanto ao arranjo das fibras musculares. De um modo geral os músculos têm as fibras dispostas paralelamente ou obliquamente em relação aos tendões ou à direção de tração exercida pelo músculo. Músculos fusiformes - são músculos longos que apresentam fibras musculares, paralelas à direção de tração exercida pelo músculo, que convergem em direção aos tendões de origem e inserção, de modo que a parte média do músculo apresenta um diâmetro maior que o das extremidades ( m. bíceps braquial ). Músculos em leque - são músculos planos que apresentam fibras musculares, paralelas à direção de tração exercida pelo músculo, que convergem para um tendão em uma das extremidades do músculo, conferindo ao mesmo um aspecto triangular ou em leque ( m peitoral maior, m temporal ). Músculos peniformes - são músculos, geralmente longos, cujas fibras são oblíquas em relação aos tendões ou à direção de tração exercida pelo músculo. Podem ser. - Unipenados - são músculos nos quais os feixes musculares dispõem-se obliquamente em relação ao tendão e se prendem numa só borda do tendão ( m. extensor longo dos dedos do pé ). - Bipenados - são músculos nos quais os feixes musculares dispõem-se obliquamente em relação ao tendão e se prendem nas duas bordas do tendão ( m. reto da coxa ). - Multipenado - m. deltóide. Parta palpeW do orwar do M. FUSEI•ORME M.ORBICUI,AR M.BICEPS BRAQUIAL DO OLHO M. EM LEQUE M. PEIIORAI. MAIOR ** De acordo com a nômina anatômica atual os termos unipenado, bipenado e multipcnado am bstituídos. res ectivamente elos termos: semipenifor — - Quanto ao número de cabeças. Quando os músculos se originam por mais de um tendão diz-se que apresentam mais de uma cabeça de origem. Estes músculos são classificados como. Músculos bíceps - apresentam duas cabeças de origem ( m. bíceps braquial ). Músculos tríceps - apresentam três cabeças de origem ( m. triceps sural Músculos quadríceps - apresentam quatro cabeças de origem ( m. quadríceps femoral ). *CEPS CABEÇA. PÉ 4 - Quanto ao número de caudas ou número de tendões de inserção, os músculos se classificam como: Músculos bicaudados - apresentam dois tendões de inserção. Músculos policaudados - apresentam três ou mais tendões de inserção ( m. extensor longo dos dedos do pé, m. flexores e extensores dos dedos da mão 5 - Quanto ao número de ventresmusculares. Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados entre eles. Nestes casos, os músculos se classificam como: Músculos digástricos - apresentam dois ventres musculares e um tendão intermédio ( m. digástrico, m. omo-hioídeo ). Músculos poligástricos - apresentam um número maior de ventres musculares, unidos por tendões que recebem o nome de intersecções tendíneas ( m. reto do abdome *GASTER - GÁSTRICO VENTRE. 6 - Quanto à ação. Dependendo da ação principal resultante da contração do músculo, o mesmo pode ser classificado como: flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral, pronador, supinador, flexor plantar, flexor dorsal, levantador, depressor, esfinctérico retrator. 7 - Quanto ao local de inserção os músculos são classificados como. Músculos esqueléticos - são músculos que se inserem nos ossos. Estão dispostos em planos que podem ser superficiais ou profundos. Músculos cutâneos - são musculos situados superficialmente e com inserção na pele ( mm.da mímica ). 8 - Quanto a topografia os músculos se classificam como: Músculos axiais - são músculos situados no esqueleto axial ( cabeça, pescoço e tronco ). LONGO Esterno-hióldeo INVERSEÇOES TENDINF.AS Músculos apendiculares - são músculos situados no esqueleto apendicular ( membros superior e inferior ) NOMENCLATURA DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELÉTICOS Os nomes dos músculos, geralmente, indicam uma característica estrutural ou funcional e podem sugerir a forma ( mm. deltóide, rombóide, trapézio a localização ( m, tibial posterior o número de pontos de origem ( m. bíceps braquial ), a ação ( m. levantador da escápula ), a ação e a forma ( m. pronador quadrado ) ou ainda a ação e localização ( m. flexor profundo dos dedos ) do referido músculo. pode também indicar o número de ventres musculares.( m. digátrico AÇÃo E FUNÇÃO MUSCULAR Quando afirmamos que um músculo é flexor do antebraço, apenas nos referimos à sua ação L mcipal. Qualquer movimento, mesmo o mais simples, é complexo e envolve a ação de vários músculos. A este trabalho em conjunto dá-se o nome de coordenação motora. Num movimento voluntário, há um número enorme de ações musculares que são automáticas e semi-automáticas. Por exemplo, se nos movimentamos para pegar um objeto que caiu no chão, o uso dos dedos é o movimento principal, desejado e consciente. Mas para chegar os dedos ao objeto, o antebraço é estendido, alguns músculos estabilizam o ombro, outros agem sobre a coluna para estabilizar o tronco e ainda outros agem nos membros inferiores, tudo para assegurar o equilíbrio e possibilitar a perfeita execução do movimento desejado. A ação muscular depende de vários fatores como: número de fibras musculares, direção de tração do músculo e disposição das fibras musculares. A força de um músculo é igual a soma das forças exercidas por suas fibras individuais. Portanto, o músculo mais forte é aquele que apresenta um número maior de fibras. As fibras musculares podem encurtar para a metade, pelo menos, do seu comprimento em repouso. Portanto, os músculos que possuem fibras longas são capazes de produzir um grau maior de movimento. Os músculos longos e retangulares permitem um grau maior de movimento, enquanto os músculos peniformes exercem maior força. A velocidade e a força do movimento relacionam-se também à distância entre o ponto de ação e o eixo do movimento da articulação, desta forma, um músculo com inserção próxima à articulação é um músculo de velocidade ( m. braquial ) enquanto um músculo com inserção mais distante da articulação é um músculo de força. ( m. braquiorradial ). Na prática estudamos os grupamentos musculares de acordo com a distribuição e respectivas fÜnções: os músculos da região ântero-medial do antebraço são flexores da mão ou dos dedos e pronadores, ao passo que os da região póstero-lateral são extensores da mão ou dos dedos e supinadores. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS MÚSCULOS ESTRIADOS ESQUELETICOS De acordo com a função que exercem, os músculos podem ser classificados em. Agonista - é o agente principal na execução de um movimento. E o que leva à ação do movimento desejado. Antagonista - é o músculo que se opõe ao trabalho de um agonista, seja para regular a rapidez ou a potência de ação deste agonista. Fixador ou postural - estabiliza as diversas partes do corpo, mantendo a postura enquanto o agonista age. Sinergista - atua no sentido de eliminar algum movimento indesejável que poderia ser produzido pelo agonista ou no sentido de fixar as articulações intermediárias à região que deve se mover em resposta a ação determinada pelo músculo agonista. Um mesmo músculo pode agir como agonista, antagonista, sinergista e fixador sob diferentes condições. A medida que um agonista se contrai, o antagonista relaxa-se, progressivamente, produzindo um movimento suave. Os antagonistas também são ativados no final de um movimento brusco para proteger as articulações de lesões. Por exemplo, o músculo braquial é o agonista na flexão do antebraço. Quando o músculo triceps braquial se contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo braquial se opõe a este movimento a fim de que ele não se realize bruscamente. Neste caso, age como um antagonista. Quando um agonista cruza mais de uma articulação, certos músculos evitam o movimento da articulação interposta, agindo como sinergistas. Na flexão dos dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas. Como os tendões de inserção destes músculos cruzam a articulação do punho a tendência é provocar a flexão da mão, porém, isso não ocorre por que músculos como os extensores do carpo se contraem e estabilizam a articulação do punho, agindo como sinergistas. MECÂNICA MUSCULAR Os músculos agem pelo encurtamento das fibras que formam o ventre muscular, os tendões são os elementos passivos de transmissão. A contração do ventre muscular produzirá um trabalho mecânico, representado pelo deslocamento do segmento do corpo. Quando o ventre muscular se contrai, há um encurtamento do comprimento do músculo de cerca de um terço ou metade, um aumento da espessura muscular e consequentemente um deslocamento da peça esquelética. O trabalho ( T ) realizado por um músculo depende da potência do músculo ( F ) e da amplitude da contração do mesmo ( E ): T F x E. A potência ou força do músculo está diretamente relacionada com o número de fibras do ventre muscular e a amplitude de contração depende de seu grau de encurtamento. O trabalho do músculo estriado esquelético se manifestará pelo deslocamento de um ou mais ossos. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos lisos, que constitui as paredes das vísceras ocas ou tubulares, a contração da musculatura destes órgãos reduzirá seu volume, expelindo ou impulsionando seu conteúdo. Os músculos estriados esqueléticos agem sobre os ossos como potências sobre braços de alavancas. O fulcro é representado pelas articulações ou pelos apoios das extremidades sobre o solo; a potência é representada pela contração muscular; a resistência é representada pelo peso do corpo, segmento do membro ou osso movimentado. Em mecânica distinguem-se três gêneros de alavanca: interfixa, inter-resistente e interpotente. De acordo com a posição em que se encontram os ossos no momento em que o músculo entra em ação, o mesmo pode agir como potência em alavancas de gêneros diferentes. Assim os músculos da face posterior da perna agem como potência de alavanca inter-resistente quando o membro está apoiado no solo e como potência de alavanca interfixa quando o membro está afastado do solo. Fig. 5.1 — Representação esquemática dos três tipos de alavanca segundo os quais se processam movimentos. F — Ponto fixo; P — Potência: R — Resistência. Os potenciais elétricos gerados pelas contrações musculares resultantes dos impulsos nervosos podem ser captados poreletrodos implantados nos músculos e analisados em oscilógrafo de ralo catódico. O potencial de uma unidade motora é diretamente proporcional ao número de fibras musculares que a integram. Com base nestes conhecimentos é que se desenvolveu a eletromiografia, um método usado para testar a ação dos músculos. Eletrodos são inseridos no músculo e pede-se ao paciente para realizar determinados movimentos. Usando esta técnica é possível analisar a atividade de um músculo durante diferentes movimentos. Um músculo normal, em repouso, não mostra qualquer atividade. A estimulação elétrica de músculos também pode ser usada como uma parte de um programa de tratamento para recuperar a ação dos músculos estriados esqueléticos. Estes têm limitados poderes de regeneração e quando há uma extensa lesão muscular, o tecido muscular é, eventualmente substituído por tecido cicatricial fibroso. Contratura muscular é o termo empregado para designar o encurtamento mais ou mgug"ermanente de um músculo e pode ser decorrente de descargas contínuas do sistema nervoso central, de alterações intrínsecas da fibra muscular ou, ainda, de um aumento patológico da quantidade de tecido conjuntivo do músculo. Rigidez cadavérica é uma alteração que ocorre após a morte, caracterizada pelo enr1Jecimento do cadáver, conseqüência do enrijecimento dos músculos que perdem seu tônus e sua natural elasticidade e flexibilidade e permanecem no estado em que se encontravam nos últimos momentos da vida. A rigidez cadavérica é determinada pela ausência de ATP, após a morte, o que faz com que o complexo actina-mlosina tome-se estável, explicando, assim, a presença de uma rigidez muscular muito intensa. Esta ajuda a determinar o tempo exato da morte e desaparece com o início da putrefação. ÓRGÃOS ANEXOS Epitendão - é uma bainha fibroelástica de tecido conjuntivo frouxo que envolve os tendões e penetra entre os fascículos, fornecendo vias para os vasos e nervos. Fáscia muscular - é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo. Forma membranas fibrosas que separam os músculos entre si e os revestem. Serve como bainha elástica de contenção, permitindo aos músculos exercerem, eficientemente, um trabalho de tração ao se contrurem. Permite o fácil deslizamento dos músculos entre si. Proporciona origens e inserções aos músculos e pode unda restringir ou controlar a difusão de material purulento. A fáciajustapõe-se ao epimísio e, em certos locais, pode se apresentar espessada e emitir prolongamentos que vão terminar fixando-se no osso, constituindo os septos intermusculares. Estes separam grupos musculares em compartimentos e ocorrem frequentemente nos membros. No membro inferior, a volta do sangue ao coração é dificultada pela gravidade e auxiliada pela ação muscular. Os músculos encherse-iam de sangue se não fosse o revestimento fascial que age como uma meia elástica, evitando um abaulamento exagerado durante a contração muscular, tomando-a assim mais eficiente na propulsão do sangue. Bainhas fibrosas - são constituídas por tecido conjuntivo fibroso denso, inserem-se nos ossos fornando canais osteofibrosos ( retináculos ) que, revestidos pela bainha sinovial, facilitam o livre deslizamento dos tendões mantendo-os sempre em posição. São encontradas quando os tendões são longos e ultrapassam articulações, como a do punho e do tornozelo. Bainhas sinoviais - nos pontos em que os tendões correm em túneis osteofibrosos, como na mão e no pé, eles são recobertos por bainhas sinoviais que são constituídas por duas camadas: uma das camadas forra a bainha fibrosa e a outra envolve o tendão. Entre as duas camadas encontramos pequena quantidade de sinóvia. Permite o deslizamento dos tendões, quando alojados em bainhas fibrosas. Mesotendão - é o tecido que forma a continuidade entre as camadas da bainha sinovial, leva vasos sangüíneos e nervos até o tendão. Bolsas sinoviais - são bolsas de tecido conJuntivo de superficie interna escorregadia, cheias de líquido sinovial. Estão presentes onde os tendões sofrem atrito com os ossos, ligamentos ou outros tendões. Facilitam o movimento ao diminuírem a fricção. Situam-se na tela subcutânea. Retináculo dos extensores (superior) Retináculo dos extensores (inferior) LEITURA COMPLEMENT, longa subacromlal COMO OS MUSCULOS SE CONTRAEM Quando músculos se contraem, eles encurtam. Isso ocorre porque os sarcômeros encurtam, e os sarcômeros encurtanl porque os filamentos de actina e :niosina deslizam um sobre o outro. Note o quanto o sarcômero contraído aparece encurtado (Fig. 8-2C). Como o sarcômero encurta? Quando estimuladas, as cabeças da miosina fazem contato com a actina, formando conexões temporárias chamadas pontes transversas. Uma vez que as pontes estão formadas, as cabeças da miosina rodam, puxando a actina em direção ao centro do sarcômero. A rotação das cabeças da miosina causa o deslizamento da actina sobre a miosina. O relaxamento muscular ocorre quando as pontes transversas são quebradas e a actina e a miosina retornam a suas posições originais. Em decorrência dessa atividade deslizante da actina e da miosina, a contrafio muscular é conhecida como hipótese do filamento deslizante da contração muscular. Lembte-se: os sarcômeros encurtam não porque as proteínas actina e miosina se contraem ou retraem, mas porque as proteínas deslizam umas sobre as ou- tras. Contracao e Relaxamento: O Papel do Cálcio e do AT P O composto adenosina trifosfato (ATP) e o cálcio desempenham papéis importantes na contração e no relaxamento de um músculo (ver o Capítulo 2 para uma explicação sobre o AT P). O ATP auxilia as cabeças da miosina a formar e quebrar as pontes transversas com a actina. O ATP, no entanto, pode desempenhar seu papel apenas se o cálcio estiver presente. Quando o músculo está relaxado, o cálcio é armazenado no retículo sarcoplasmático, distante da actina c da miosina. Quando o másculo é estimulado, o cálcio é liberado do retículo sarcoplasmácico e causa interação entre a actina, a miosina e o ATP, ocorrendo, então, a contração muscular. Quando o cálcio é bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, longe da actina, da miosina e do ATP, as pontes transversas são quebradas, e o músculo relaxa. Note que a disponibilidade do cálcio para as proteínas contráteis actina e miosina é necessária para a contração muscular. Qual é a diferença entre contraçao : isométrica e contraçao isotônica? Uma contração muscular isotônica é aquela que : determina movimentos. Exemplos incluem a corrida, a natação e o levantamento de peso. Uma contração muscular isométrica é a contrafio que não causa movinnento. Por exemplo, se você tentar levantar um objcto dc quilos, seus músculos se contraem, mas você não • move o objcto (cie é muito pesado). Enquanto você está sentado lendo este texto, você pode fazer exercícios isométricos. Contraia o músculo da sua coxa. Mantenha a tensão por trinta segundos e então ' • relaxe o músculo. O que há de errado em aumentar a . massa muscular? Não há nada de errado em aumentar a massa muscular do corpo, sc isso for feito com levantamento de peso ou exercício. Porém, aumentar a massa muscular com o uso de esteróides é perigoso. Considera-se que os esteróides podem causar câncer de fígado, atrofia dos testículos, hipertensão e oscilações mentais psicóticas severas, além de outros efeitos nocivos à saúde. • Por que a carne bovina é vermelha e a carne de galinha é branca? Algumas fibras musculares contêtn um pig:ncnto marrom-avcrmelhado chamado mioglobina. A mioglobina armazena oxigênio no músculo e o libera gradualmente, quando o tnúsculo corneça a funcionar. Fibras • quc contêm liiioglobina são vertnelhas razão do pigmento mioglobina, por exemplo, a carne vertnelha bovina. Fibras que não concênn mioglobina são brancas, como a carne branca do peito de galinha. LEITURA COMPLEMENTARMialgia Miopatia Fasciite plantar Periostite Torcicolo Dor ou aumento da sensibilidade dos músculos. A Fibromialgia é um grupo de doenças reumáticas comuns, caracterizadas por dor crônica nos músculos e partes moles que circondam as articulações (afetando as estruturas de tecido coniuntivo fibroso dos mÚsculos, tendões e ligamentos). Qualquer doença dos mósculos que não está associada ao sistema nervoso. A distrofia é uma miopatia caracterizada por degeneração muscular. A distrofia muscular refere-se a um grupo de doenças, geralmente hereditárias, nas quais há uma degeneração e um enfraquecimento progressivos dos músculos esqueléticos. A deterioração das fibras musculares determina a diminuição da função muscular, atrofia e incapacitação motora. Inflamação causada no calcanhar, quando a fáscia inflexível do calcâneo é repetidamente estirada (como durante uma corrida). A resposta inflamatória pode produzir proieções pontiagudas de osso novo chamadas de esporões (esporão do calcâneo). Uma condição inflamatória relacionada com exercício envolvendo os músculos extensores e os tecidos circuniacentes na perna. A dor geralmente é sentida ao longo da face medial da tíbia. Também chamado de pescoço torto. O torcicolo se refere a uma torção do pescoço numa posição não usual. E causado por uma contrafio prolongada dos músculos do pescoço. Atrofia (muscular) Cãibra Fibromiosite Pé plano (chato) Perda de tecido muscular. O músculo torna-se menor. A atrofia de desuso refere-se à perda muscular por falta de uso num mÚsculo que possui uma inervação intacta. A atrofia de desUso geralmente é observada nas extremidades. A atrofia por desnervação se refere ao desgaste muscular, em razpo da ausência de estímulo pelo neurônio motor, que normalmente supre esse músculo. E observada em pacientes que tiveram lesão na medula espinal. Contraçao involuntária e dolorosa de um mÚsculo esquelético. A fibromiosite é referente à dor e ao avmento da sensibilidade no tecido fibromuscular das coxas, geralmente em decorrência de estiramento excessivo ou ruptura muscular. Achatamento anormal da planta e do arco do pé. Referências Bibliográficas: 1. DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 2. GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O'RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 3. MOORE, K. L.; DALLEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. Ombro congelado Hipertonia Hipotonia E uma condição na qual o ombro se torna inflexível e doloroso, dificultando o movimento normal. Muitas vezes é causado por desuso do ombro, após uma :lesao ou dor associada com bursite ou tendinite. Tônus muscular aumentado, causando espasticidade ou rigidez. Diminuição ou ausência•de tônus muscular, provocando músculos Flácidos e relaxados. 4. HERLIHY, B. • MAEBIUS, N. K. Anatomia e fisiologia do corpo humano saudável e enfermo. Barueri: Manole, 2002. Prop Dra Cíntia Bovi Binotti
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