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Investigacao Criminal 1

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Créditos 
 
Francisco das Chagas S. Araújo – Delegado de polícia, aposentado da Polícia Civil 
do Distrito Federal. Membro do grupo de trabalho que coopera com a elaboração e 
implantação da Matriz Curricular Nacional. Pós-graduado em Polícia Judiciária 
(Academia de Polícia Civil – PCDF). Curso superior de Polícia (Academia de Polícia 
Civil – PCDF). Curso sobre PAUTAS DEONTOLÓGICAS Y OPERATIVAS PARA EL 
CONTROL DE LA POLICIA na División de Formación y Perfeccionamiento, Centro de 
Actualización y Especialización, Dirección General de la Policía, Ministerio del 
Interior, Ávila, España. Treinamento em técnicas de investigação sobre crimes 
relacionados ao abuso e desaparecimento de crianças, facilitados pela internet, 
promovido pelo International Centre for Missing & Exploited Children. Curso de 
Gestión de Riesgo Catastróficos y Atención a Desastres promovido pela Agencia 
Española de Cooperación Internacional – AECI. Professor da Academia de Polícia 
Civil da PCDF, das disciplinas: Investigação criminal, Técnicas de entrevista e 
interrogatório, Ética policial e Procedimentos de polícia judiciária. Foi corregedor-
geral e chefiou diversas delegacias da PCDF. Foi subsecretário de doutrina, ensino e 
pesquisa da SSP/DF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 2 
Apresentação 
 
O curso Investigação criminal dá início a desconstrução de um paradigma que diz 
que o conhecimento de investigação criminal só diz respeito àquele que tem a 
competência legal para investigar. Essa “verdade” tem impedido que os demais 
profissionais de segurança pública possam colaborar na produção da prova 
criminal. 
 
Colaborar sim, pois o investigador é, no máximo, o segundo a chegar à cena do 
crime. Antes disso, quantos fatores poderão contribuir para a alteração dos dados 
que poderão indicar autoria e circunstâncias do delito? 
 
Para a efetiva colaboração, o profissional deverá ter o mínimo de informação técnica 
que o habilite a adotar as primeiras providências de proteção e formatação da 
prova. 
 
De que adiantaria o profissional operacional de rua chegar primeiro ao local de 
delito e não saber delimitar e isolar potencial ambiente repositório de vestígios de 
um crime? 
 
Ou não ter habilidades que o levem a identificar e coletar informações que 
possibilitarão a formulação das primeiras hipóteses para explicação do delito? 
 
O crime tem vozes que só poderão ser ouvidas nos primeiros momentos. 
 
Que ouça então quem tem capacidade para ouvir e esse será sempre o primeiro que 
chega ao local. 
 
A investigação criminal é interdisciplinar e cada procedimento é complementar ao 
outro. Significa que cada “ator” do processo, dentro de sua parcela de 
responsabilidade e conhecimento, complementa a atividade do outro, num sistema 
contínuo de interdependência, sem que isso signifique a sobreposição ou 
usurpação de atribuições. 
 
Não há dúvida de que o processo de investigação criminal corresponde ao processo 
de produção de um conhecimento científico, pois, tal qual uma pesquisa científica, 
é movido por um raciocínio correto e ordenado, a partir de fatos que levam a uma 
hipótese testável que, além de explicar os fatos que compõem o fenômeno 
investigado, permite aplicações práticas com o julgamento do autor. É esse ponto 
de vista que permitirá ao investigador a adoção de estratégias que garantam a 
valorização da prova como “essência” do direito de punir do Estado, fundado na 
democracia e no direito. 
 
A investigação Criminal é ferramenta de conexão dos fundamentos constitucionais 
de cidadania e respeito à dignidade da pessoa humana na busca de provas da 
prática de um delito, daí a necessidade de que seja tratada com a devida lealdade 
científica. 
 
O curso Investigação criminal tem “como referência os princípios contidos na Matriz 
Curricular Nacional e os eixos ético, legal e técnico, pertinentes ao ensino do 
profissional da área de segurança pública, num Estado Democrático de Direito”. 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 3 
 
O curso Investigação criminal tem como principal objetivo, criar condições para que 
os profissionais de segurança pública tenham o acesso às informações que 
possibilitem sua real colaboração na produção da prova criminal. 
 
Este curso é formado por duas Unidades, cada um com 60 horas aula. A Unidade I 
abordará conteúdos teóricos da investigação criminal enquanto a Unidade II 
abordará conhecimentos de natureza prática. 
 
A participação na Unidade II terá como pré-requisito a conclusão da primeira parte. 
 
Reflita sobre os temas abordados. Promova novas pesquisas e aplique esses 
conhecimentos com entusiasmo e respeito aos desafios do ofício de apurar 
infrações penais. 
 
Este curso está dividido em 8 módulos: 
 
Módulo 1 - A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania 
 
Módulo 2 - Investigação criminal: aspectos conceituais 
 
Módulo 3 - Investigação criminal: princípios fundamentais 
 
Módulo 4 - Fundamento legal da investigação criminal 
 
Módulo 5 - A lógica aplicada à investigação criminal 
 
Módulo 6 - Perfil profissional do investigador 
 
Módulo 7 - A interdisciplinaridade da investigação criminal 
 
Módulo 8 - Valorização da prova 
 
 
 
 
Módulo 1 - A investigação criminal como instrumento de defesa da 
cidadania 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Explicar a idéia de segurança pública concebida como tutela de direitos; 
 
Ter a percepção da investigação criminal como instrumento de defesa de direitos 
fundamentais; e 
 
Identificar os princípios fundamentais de sustentação da democracia brasileira. 
 
O conteúdo do módulo está distribuído em uma aula: 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
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Aula 1 - Modelos de polícia e investigação policial 
 
Quando se fala em modelo de polícia a pergunta a ser respondida é: 
 
A que tipo de sociedade ela deve servir? 
 
O pacto político firmado em 1988 pela sociedade brasileira foi no sentido de 
formatar um Estado Democrático de Direito fundado nos princípios de: 
 
Soberania; 
Cidadania; 
Dignidade da pessoa humana; 
Valores sociais do trabalho; 
Livre iniciativa; e 
Pluralismo político. 
 
Para garantir esse modelo de sociedade, será preciso uma nova configuração da 
idéia de segurança pública concebida como tutela de direitos e não de preservação 
da ordem pública, pois são diferentes as concepções. 
 
A diferença das concepções de tutela de direitos e de preservação da ordem pública 
é apontada pelo texto introdutório de um manual sobre a relação polícia e direitos 
humanos, editado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados: 
 
Uma polícia para a preservação da “ordem”, afinal, só pode ser concebida como 
uma instituição a serviço da manutenção do status quo braço armado Estado 
voltado, sempre que necessário, contra as “classes perigosas”. (ROLIM, 2000, p. 9) 
 
A idéia de segurança pública associada a “tutela de direitos” remete a um conjunto 
de direitos básicos que devem ser garantidos. A percepção de segurança para o 
cidadão é a que está relacionada com o respeito aos seus direitos fundamentais. 
 
Como os serviços de segurança pública são de atendimento da integralidade da 
cidadania, a polícia faz parte de uma rede interdisciplinar de tutela dos valores de 
sustentação do Estado Democrático de Direito, num processo complexo 
cooperativo e complementar. 
 
A investigação criminal é uma das ferramentas utilizadas pela polícia na prestação 
dos serviços de garantia do cidadão. 
 
As práticas infracionais atentam contra o sistema de direitos fundamentais que 
garante a sobrevivência de uma sociedade democrática. Como visto, a razãode ser 
da polícia é garantir o livre e pacífico exercício desses direitos. Portanto, a 
investigação criminal deverá se adequar às demandas decorrentes dos mesmos. 
 
A sociedade precisa mesmo de uma polícia? 
 
Jaume Curbet (1983, p. 75) remete a reflexão sobre o tema com uma citação do 
escritor francês Balzac que diz: “Os governos passam, as sociedades morrem, mas a 
polícia é eterna.” 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 5 
Há dois pontos de vista a serem considerados a partir dessa assertiva: 
 
Apesar de todas as mudanças políticas e sociais operadas, as polícias continuam 
modeladas em princípios que não atendem as demandas das comunidades. 
 
Seja qual for o modelo de sociedade, esta sempre precisará da tutela da organização 
policial. 
 
Num sistema de garantias de direitos fundamentais, de que adiantaria, por exemplo, 
o direito à moradia se o cidadão não pudesse permanecer em casa com 
tranqüilidade e segurança? 
 
A primeira Constituição Francesa de 1791, já declarava a importância da tutela 
policial dos direitos do homem e do cidadão, quando dizia em seu artigo 12, 
conforme citação de Ballbe (1983 ): 
 
“A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. 
Esta força se institui, portanto, para benefício de todos e não para a utilidade 
particular daqueles que a têm a seu cargo.” 
 
Tanto a nossa Constituição (1988), como a Francesa (1791) resultam na garantia da 
soberania do Estado, no respeito ao exercício dos atos de cidadania e da dignidade 
de cada cidadão, bem como dos valores sociais e das liberdades. Sendo assim, as 
práticas da investigação criminal devem refletir a certeza de que cada uma delas 
tutela a garantia do modelo político adotado pelo Estado Democrático de Direito. 
 
A investigação criminal necessita refletir o benefício a toda comunidade, pois ela 
tem dupla função, prevenir e reprimir a prática de delitos. 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Neste módulo você viu uma abordagem sobre o papel da investigação criminal 
como instrumento de defesa da cidadania. 
 
Foi discutido o novo modelo de polícia proposto pela Constituição Federal de 1988, 
onde é trocada a velha teoria de segurança pública de preservação da ordem pela 
teoria de segurança pública de tutela de direitos. 
 
A investigação criminal, como ferramenta dessa tutela, terá que se adequar à nova 
concepção. 
 
No próximo módulo serão discutidos os aspectos conceituais da investigação 
criminal. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão 
do conteúdo. 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 6 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas 
páginas anteriores. 
 
1. Analise a afirmativa a seguir e explique como isso poderá se tornar prático. 
 
“(...) a investigação criminal é uma das ferramentas utilizadas pela polícia na 
prestação dos serviços de garantia do cidadão.” 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
2. Você estudou que um dos princípios de sustentação do Estado Democrático de 
Direito é a dignidade da pessoa humana. 
 
Avalie suas práticas como profissional de segurança pública ressaltando no que elas 
refletem ou contrariam esse princípio. 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
 
Orientação 
 
A dignidade é um valor inerente às personalidades das pessoas que se manifesta na 
autodeterminação consciente e responsável da própria vida, esperando que as 
demais pessoas o respeitem. Ao eleger a dignidade da pessoa humana, fundamento 
do Estado Democrático, a intenção foi fazer com que a liberdade individual tenha 
um mínimo de invulnerabilidade mesmo diante das ações necessárias de controle 
do próprio Estado. A dignidade da pessoa humana como fundamento democrático, 
fomenta unidade aos direitos e garantias fundamentais. 
 
As práticas da apuração de provas são extremamente invasivas e sempre numa rota 
de colisão com essa liberdade individual das pessoas, exigindo do profissional de 
segurança pública, portanto, extremo cuidado para que não ultrapasse esse mínimo 
de liberdade que diz respeito à auto-estima das pessoas. 
 
3. Exponha, a partir do que foi estudado e de sua vivência, que tipo de polícia a 
sociedade atual precisa? 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
Orientação 
 
A sociedade precisa de uma polícia que acompanhe as mudanças políticas e sociais 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 7 
atendendo aos princípios e demandas das comunidades. 
 
A polícia deve levar em conta os exercício e atos da cidadania e da dignidade de 
cada cidadão, bem como os valores sociais. Como visto, a razão de ser da polícia é 
garantir o livre e pacífico exercício desses direitos. 
 
Este é o final do módulo 1 
A investigação criminal como instrumento de defesa da cidadania 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 8 
 
 
 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
 Página 2 
Módulo 2 - Investigação criminal: aspectos conceituais 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Definir investigação criminal; 
 
Explicar as finalidades da investigação criminal; e 
 
Listar as modalidades de investigação criminal. 
 
O conteúdo do módulo está dividido em 2 aulas: 
 
Aula 1 - Conceito e finalidade; e 
 
Aula 2 - Classificação da investigação criminal. 
 
 
 
 
Aula 1 - Conceito e finalidade 
 
O que é a investigação? 
 
Muito provavelmente o cinema policial tem sido uma boa oportunidade de 
discussão do tema. Mas a ficção nem sempre é a melhor oportunidade para uma 
reflexão sobre a investigação como método de respeito aos direitos fundamentais 
do cidadão. 
 
Povoam nosso imaginário os incríveis detetives dos filmes e da literatura policial 
que tudo podem em nome da lei. 
 
Investigar é uma atividade instigante pela emoção de percorrer labirintos que 
sempre levarão à explicação de um delito. Esse é o foco romântico da investigação 
criminal. Só que a prática requer conhecimentos e métodos sistematizados para que 
o resultado sempre seja a correta construção da verdade. 
 
 
O que é investigar? 
 
Veja a definição encontrada no dicionário Aurélio: 
 
Investigar. [ Do Lat. Investigare. ] V. t. d. 1. Seguir os vestígios de. 2. Fazer diligências 
para achar; pesquisar, indagar, inquirir: investigar as causas de um fato. 3. Examinar 
com atenção; esquadrinhar. (Ferreira, 1975, p. 781) 
 
Veja que todas as definições são compatíveis com o contexto do processo de busca 
da prova: seguir os vestígios; fazer diligências para achar; pesquisar; indagar; 
inquirir; examinar com atenção; e esquadrinhar. São realidades que se 
complementam num contexto interdisciplinar. 
 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
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O resultado da ação de investigar é a investigação que complementada pelo 
adjetivo criminal, foca na reconstrução do cenário de um delito. 
 
Conceito de investigação criminal 
 
O mesmo dicionário Aurélio valida a compreensão sinonímica da ação investigativa 
quando registra: 
 
“Investigação. [Do lat. Investigatione.] S. f. 1. Ato ou efeito de investigar; busca, 
pesquisa. 2. Indagação minuciosa; indagação, inquirição. (1975, p. 781) 
 
Tanto as definições do verbo que expressa o agir e o sentir dos executores, como as 
do nome, que expressam o resultado daquelas ações, nos levam à percepção de que 
a investigação é um conjunto de atos que se complementam. 
 
Então, você pode dizer que:Investigação criminal é o conjunto de procedimentos interdisciplinares, de natureza 
inquisitiva, que busca, de forma sistematizada, a produção da prova de um delito 
penal. 
 
Finalidade da investigação criminal 
 
A produção da prova penal ocorre no Brasil, em grande parte, na fase que antecede 
o processo, por meio do inquérito policial. A finalidade da investigação criminal é 
coincidente com a finalidade daquele procedimento, dividida em três eixos: remota, 
mediata e imediata. 
 
Finalidade remota – A aplicação da lei penal e a tutela dos direitos fundamentais do 
cidadão; 
 
Finalidade mediata – Produzir subsídios para a promoção da ação penal pelo 
Ministério Público ou pelo ofendido; e 
 
Finalidade imediata – Apuração de provas das circunstâncias e autoria das infrações 
penais para indiciamento do autor pela autoridade policial. 
 
 
Aula 2 - Classificação da investigação criminal 
 
Foi visto que a investigação criminal é um conjunto de procedimentos do qual 
participam vários conhecimentos (interdisciplinar). Esse processo tem a 
coordenação direta ou indireta da autoridade policial, de forma integrada e 
complementar. 
 
Os dados tanto poderão ser coletados de vestígios deixados em objetos 
relacionados com a prática do delito, como do depoimento de pessoas que, de 
alguma forma têm ou tiveram algum vinculo com o fato investigado. 
 
É a natureza funcional do investigador que irá determinar um dos critérios de 
classificação da investigação criminal. 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
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Critérios de classificação 
 
Há provas produzidas pelo investigador cujas atividades, na estrutura funcional, 
estão diretamente vinculadas ao controle da autoridade policial, ou seja, acontece, 
via de regra, no âmbito do cartório da organização policial. Exemplo disso é o que 
ocorre com a coleta de depoimentos, reconhecimentos, e outros, feita sob a 
coordenação direta do delegado. 
 
Enquanto isso, a prova baseada em vestígios materiais, tem sua produção em 
laboratórios e é executada por peritos sem uma subordinação funcional direta da 
autoridade policial. Essas circunstâncias possibilitam a classificação do processo 
investigatório em cartorária e técnico-científica. 
 
O conceito de investigação criminal como um conjunto de procedimentos 
sistematizados sugere uma segunda modalidade de classificação no que diz 
respeito aos momentos em que é praticada. Com essa visão, Mingardi (2005, p. 11) 
oferece uma classificação da investigação do homicídio, que também pode ser 
aplicada no contexto da investigação criminal, como sendo investigação preliminar 
e investigação de segmento. 
 
Classificação quanto à natureza funcional do investigador 
 
Investigação criminal cartorária 
 
A investigação criminal cartorária é aquela desenvolvida sob o controle técnico-
funcional direto da autoridade policial, no âmbito do cartório da organização. 
 
EXEMPLOS: Ordem de serviço expedida a uma equipe de profissionais da seção de 
investigação para localizar determinada testemunha ou para identificar as 
testemunhas de um determinado delito, e o reconhecimento de um suspeito. 
 
Investigação criminal técnico-científica 
 
A investigação criminal técnico-científica é aquela desenvolvida pelos peritos, sob a 
coordenação técnico-operacional indireta da autoridade policial. É feita mediante 
requisição da autoridade que preside a investigação. 
 
EXEMPLOS: A análise de mancha de sangue feita pelo perito no local de crime, e 
necropsia feito pelo legista. 
 
Classificação quanto ao momento da execução 
 
 
Investigação criminal preliminar 
 
A investigação criminal preliminar é aquela que se inicia logo após a notícia do 
crime e continua até a liberação do local pela polícia. 
 
EXEMPLO: A investigação no local de crime. 
 
Investigação criminal de segmento 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
 Página 5 
 
Investigação de segmento ocorre após a polícia deixar o local e é feita tendo como 
ponto de partida os indícios ou provas obtidas na investigação preliminar. 
 
EXEMPLO: Os exames periciais e os depoimentos coletados após a liberação do 
cenário. 
 
Essas duas modalidades são gerais, abrangem a investigação cartorária e a técnico-
científica. 
 
Conclusão 
 
No segundo módulo foram discutidos os aspectos conceituais e a finalidade da 
investigação criminal. 
 
A classificação, ainda que com aparência eminentemente pedagógica, tem 
fundamental importância na prática do profissional da investigação pois lhe dar a 
percepção da natureza sistêmica do processo. 
 
Quanto a finalidade, permite que o profissional compreenda que os limites da 
investigação vão bem mais longe do universo da unidade policial e tem real função 
de tutela dos direitos fundamentais do cidadão. 
 
No próximo módulo você terá oportunidade de conhecer e discutir os princípios 
legais que regulam as atividades da investigação criminal. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar 
a compreensão do conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações 
apresentadas nas páginas anteriores. 
 
1. Você estudou que a finalidade da investigação criminal se divide em três eixos: 
remota, mediata e imediata. Numa avaliação crítica, descreva o efeito prático desse 
conhecimento para a efetividade da investigação criminal. 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
Orientação 
 
A investigação criminal está contida em um sistema jurídico que o contempla com 
uma finalidade tridimensional que vai da produção de provas, para fundamentar o 
indiciamento do autor no inquérito policial, passando pelo oferecimento de 
subsídios à instauração da ação penal pelo promotor de justiça ou pelo ofendido, 
chegando à aplicação da lei e ao resguardo dos direitos fundamentais, em um nível 
político de proteção do Estado Democrático de Direito. 
 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
 Página 6 
Percebendo esse alcance da investigação, o profissional da segurança pública 
saberá que sua atividade, por mais simples que seja, está em um contexto do qual é 
parte de grande importância, por isso não poderá ser negligenciada. 
 
 
 
2. Leia, analise os fatos e identifique, comentando, os tipos de investigação criminal 
desenvolvidos na apuração do caso. 
 
Numa ocorrência de roubo a um supermercado, os infratores fogem levando 
dinheiro e cheques subtraídos dos caixas. Para assegurar a fuga, deixam alguns 
empregados amarrados no banheiro e atiram, matando o segurança. 
 
A polícia militar isola e preserva o local. Para a coleta de provas deixadas no cenário, 
são chamados os investigadores da delegacia de polícia da área e os peritos 
criminais. 
 
O corpo do segurança é encaminhado ao IML e, como não houve prisão em 
flagrante dos autores, foi instaurado inquérito policial para apuração do evento 
criminoso. 
 
Resposta pessoal 
 
Orientação 
 
Perceba que no contexto da repressão ao delito, há a intervenção de setores 
diversos da atividade de segurança pública, em circunstâncias e momentos 
variados. 
 
Há dois momentos da investigação, na cena do crime e depois, com a instauração 
do inquérito, no cartório da delegacia e nos departamentos de investigação técnico-
científica. Portanto, há uma fase preliminar e uma de segmento. 
 
Veja também, que a busca da prova é executada tanto pelos peritos criminais e 
médico-legistas como pelos investigadores das delegacias. 
 
 
 
 
 
3. Quanto à finalidade mediata da investigação criminal, marque a afirmativa 
correta: 
 
( ) Corresponde à aplicação da lei penal e a tutela dos direitos fundamentais do 
cidadão. 
 
( ) Corresponde à aplicação da pena pelo processo investigatório 
 
( ) Corresponde à produçãode subsídios para a promoção da ação penal. 
 
 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 13/02/2009 
 Página 7 
( ) Corresponde à apuração de provas das circunstâncias e autoria das infrações 
penais para indiciamento do autor. 
 
4. Assinale a afirmativa correta: 
 
( ) A classificação da investigação criminal quanto ao momento de execução 
corresponde às atividades desenvolvidas na cena do crime. 
 
( ) A investigação criminal preliminar se inicia com o despacho do delegado para a 
equipe de investigação, após receber o boletim de ocorrência com as informações 
colhidas no local de crime. 
 
( ) Quanto ao momento da execução, a investigação criminal pode ser classificada 
em de segmento e cartorária. 
 
( ) O depoimento das testemunhas nos autos do inquérito policial é um exemplo 
de investigação criminal de segmento. 
 
Este é o final do módulo 2 
Investigação criminal: aspectos conceituais 
 
Gabarito: 
3. Corresponde à produção de subsídios para a promoção da ação penal. 
4. O depoimento das testemunhas nos autos do inquérito policial é um exemplo de 
investigação criminal de segmento. 
 
 
 
 
Módulo 3 - Investigação criminal: princípios fundamentais 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Definir o que são princípios; 
 
Listar os princípios constitucionais que regem a investigação criminal quanto ao 
aspecto legal; e 
 
Nomear os princípios doutrinários que regulam a investigação criminal quanto ao 
aspecto operacional. 
 
O conteúdo do módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - Princípios; 
Aula 2 - Princípios constitucionais da investigação criminal; e 
Aula 3 - Princípios operacionais da investigação criminal. 
 
 
 
 
 
Aula 1 - Princípios 
 
O procedimento investigatório para cumprir sua função tutelar dos direitos 
fundamentais precisa moldar-se em princípios que possibilitem essa adequação. 
 
Princípios são regras básicas que determinam condutas obrigatórias e impedem a 
adoção de procedimentos com eles incompatíveis. Eles são os fundamentos de 
determinados procedimentos e elementos de ação transversal em todos os atos 
públicos. 
 
Sendo a investigação criminal ato da Administração Pública, incidem sobre ela 
princípios que fundamentam a gestão dessa administração, bem como princípios 
específicos da metodologia de execução técnico - cientifica. 
 
Os princípios aplicados à investigação são regras de operacionalidade da função 
protetora de direitos fundamentais que lhe é imposta. 
 
Quanto maior o grau de lesividade do ato investigatório, maior deverá ser o cuidado 
do investigador com as garantias protetoras do investigado. 
 
Suas práticas diárias como agente público 
têm sido norteadas com essa percepção? 
 
 
 
Aula 2 - Princípios constitucionais da investigação criminal 
 
O marco inicial dos princípios que regem a investigação criminal é o artigo 37, da 
Curso Investigação criminal 1– Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008 
 Página 2 
Constituição Federal que formula os fundamentos legais que deverão servir de 
referência para todos os atos da Administração Pública. 
 
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...) 
 
Veja cada um destes princípios nas próximas páginas. 
 
Princípio da legalidade 
 
Foi visto que no Estado Democrático de Direito todos deverão se submeter à 
supremacia da lei. 
O princípio da legalidade é a pedra de toque do Estado de Direito e estabelece dois 
tipos de relação, uma com a Administração Pública, outra com o cidadão. 
 
Relação com a Administração Pública 
 
A atuação da administração pública só pode ser operada em conformidade com a 
lei. É uma relação de submissão. 
 
Relação com o cidadão 
 
É permitido ao cidadão fazer tudo aquilo que a lei não proíbe. Não poderá ser 
obrigado a fazer o que não lhe é determinado por lei. É uma relação de autonomia 
que resulta no princípio da liberdade do ser humano, configurado, também, na 
Constituição Federal com um dos princípios fundamentais: 
 
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei. (CF, artigo 5º, inciso II) 
 
O princípio da legalidade é direito fundamental de cidadania, que servirá de base 
para todos os demais princípios. 
 
Observe que a definição dada pela norma constitucional ao vocábulo lei não é 
restrita, é abrangente, compreendendo a lei propriamente dita e todo o contexto 
jurídico em que ela está contida. Significa que as normas que regulam a 
investigação criminal, mesmo as administrativas (portarias, ordens de serviços, 
protocolos de procedimentos, etc.) estão nesse contexto e deverão respeitar o 
princípio da legalidade. 
 
 
Princípio da impessoalidade 
 
A impessoalidade na investigação criminal significa que as atitudes do investigador 
deverão refletir objetividade no atendimento do interesse público, sem qualquer 
possibilidade de promoção pessoal do agente ou da autoridade. 
 
O interesse público contido na investigação criminal é o de explicar o fato 
acontecido, para que os dados coletados possam formar a prova necessária para 
aplicação da pena justa ao infrator. 
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Não cabe utilizar a investigação para promoção pessoal de quem quer que seja. O 
ato de investigar não deve ser usado para prejudicar ou beneficiar determinada 
pessoa. 
 
Princípio da moralidade 
 
A moralidade da administração pública está relacionada com aquilo que a 
sociedade, em determinado momento, considerou eticamente adequado, 
moralmente aceito. 
 
As práticas da investigação terão que estar de acordo com a opinião moral vigente 
no grupo social, como honestidade, bondade, compaixão, equidade e justiça. 
 
As decisões tomadas para o processo da investigação deverão adequar-se aos 
valores que a sociedade adota como linha para a relação de convivência das 
pessoas e dessas para com o ambiente. 
 
Princípio da publicidade 
 
O significado fundamental do princípio da publicidade é de transparência. 
 
Esse termo aplicado à investigação criminal, cuja natureza 
tem como elemento principal o sigilo, é possível? 
 
Transparência na administração pública tem como objetivo o controle que poderá 
ser feito pela própria administração, pelo poder judiciário e pelo cidadão. 
 
O controle da gestão pública exercido pelo cidadão é garantia fundamental de 
direitos assegurada em vários itens constitucionais do artigo 5º, como o de receber 
dos órgãos públicos informações de interesse particular, coletivo ou geral (inciso 
XXXIII); o de obtenção de certidões em repartições públicas (inciso XXXIV); e o de 
conhecimento de informações relativas à pessoa interessada, constantes de bancos 
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter 
público (inciso LXXII). 
 
E na investigação, como se aplicaria esse princípio? 
 
Como toda regra, o princípio não é absoluto. A própria Constituição impõe limite, 
colocando como exceção ao direto à informação, as hipóteses de sigilo: 
 
[...] Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à 
segurança da sociedade e do Estado. (CF, artigo 5º, inciso XXXIII) 
 
A transparência é a regra. A exceção está expressa na lei. 
 
Todos os atos da investigação são necessariamente sigilosos? 
 
Em princípio não. No caso da investigação criminal, devem ser considerados dois 
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aspectos: 
 
O contexto da apuração de interesse da sociedade em geral, pois diz respeito às 
demandas imediatas de bem-estar da coletividade; e 
 
O aspecto de ato operacional específico, cujo interesse é mediato. 
 
A apuração de provas da prática de um delito, como ato geral de gestão pública, 
deve ser do conhecimento da comunidade, para que tenha segurança jurídica 
quanto à garantia de proteção de seu bem-estar. Entretanto, mesmo sendo de seu 
interesse, os procedimentos operacionais de apuração, em regra, são executados 
em sigilo, exatamente para garantir a execução da investigação. 
 
Já imaginou se a polícia anunciar antecipadamente as estratégias que irá aplicar na 
investigação de delitos praticados por quadrilhas de tráfico de drogas? É pouco 
provável que consiga alguma prova. 
 
Princípio da eficiência 
 
Esse princípio também é de observância prioritária e universal no exercício de toda 
atividade administrativa do Estado. O termo remete à definição de boa 
administração vinculada à produtividade, profissionalismo e adequação técnica do 
exercício funcional às demandas do interesse público. 
 
A administração pública e seus profissionais, no exercício das atividades funcionais, 
deverão aplicar os recursos avaliando a relação de custo-benefício, buscar a 
otimização de recursos, aplicar os critérios técnicos e legais necessários para maior 
eficácia possível em benefício da boa qualidade de vida do cidadão. E, ainda, diz 
respeito ao investimento na formação profissional. 
 
A aplicação prática do princípio na investigação criminal se concretiza com todos os 
cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a escolha 
adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos fundamentais das 
pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da prova. 
 
Saiba mais... 
 
Segundo Pazzaglini (2000, pag. 32) , “o administrador público tem o dever jurídico 
de, ao cuidar de uma situação concreta, escolher e aplicar, dentre as soluções 
previstas e autorizadas pela lei, a medida eficiente para obter o resultado desejado 
pela sociedade”. 
 
Aula 3 - Princípios operacionais da investigação criminal 
 
A operacionalidade da investigação criminal é sustentada pelo tripé formado pelos 
princípios da compartimentação sigilosa, do imediatismo e da oportunidade. 
 
Princípios da compartimentação sigilosa 
 
Compartimentar é o mesmo que compartir, ou seja, dividir em compartimentos. 
Ainda, conforme definições encontradas nos dicionários, distribuir por vários 
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indivíduos ou lugares. Os dois significados são compatíveis com o sentido posto 
para o princípio em análise. 
 
O sigilo é inerente à própria arquitetura da investigação criminal. Imagine se as 
informações colhidas nesse processo pudessem ser devassadas por qualquer 
pessoa. Provavelmente, a polícia nunca apuraria provas de um delito. Diz a lei 
processual penal: 
 
[...] Art. 20 A autoridade assegurará ao inquérito policial o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. (Código de Processo 
Penal) 
 
A prática demonstra que a regra de conduta pós-delito adotada pelo infrator é de 
esforço máximo para “deletar” o maior número possível de vestígios que possam 
ligá-lo à cena do crime. 
 
O sigilo tem o fim de proteção dos dados que deverão ser submetidos à verificação 
quanto à sua validade e credibilidade como prova. 
 
Compartimentar a investigação é dividi-la, literalmente, em pequenas porções. É 
como se fossem pequenas caixas dentro de uma caixa maior, cada uma preservando 
sua parte do todo, mas estão interligadas por um setor de controle e filtragem. É 
uma estratégia para operacionalizar o sigilo. Dependendo da complexidade da 
investigação, o sigilo só será possível com a partição de atos. Os compartimentos 
terão que ser estanques, fechados, para impedir a troca de informações dentro do 
próprio grupo que investiga um mesmo delito. 
 
Compartimentação sigilosa é o processo de separação, por partes estrategicamente 
definidas, da investigação criminal, para evitar que haja troca de informações entre 
os grupos de investigadores, garantindo o maior grau possível de sigilo e o êxito da 
investigação. 
 
Como fazer isso? 
 
O exemplo mais prático é da investigação dos crimes de extorsão mediante 
seqüestro. Por via de regra é preciso que a investigação ocorra em vários campos, 
envolvendo grupos de trabalho diversos e específicos em frentes diferentes. 
 
A complexidade do evento requer atividades como reconhecimento de ambientes, 
negociação, rastreamento de informações, análise de dados, vigilância, proteção a 
pessoas, etc. 
 
A diversidade de atos, de investigadores e ambientes, aumenta o risco de 
“vazamento” de informações. A solução é dividir essas informações em pequenas 
“caixas” sob o controle de um grupo gestor. 
 
Imagine que um dos investigadores que esteja fazendo o reconhecimento seja 
capturado pelos infratores. O passo seguinte será colher dele, a qualquer custo, 
tudo que saiba sobre a operação policial. Caso conheça todos os procedimentos da 
operação, a probabilidade de que venha a delatar é muito grande, dependendo dos 
métodos aplicados pelos infratores. 
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A compartimentação deverá ocorrer tanto em relação aos grupos de investigação 
entre si, como em relação dos grupos com a comunidade que corresponde aos 
demais servidores da unidade policial e ao público externo. 
 
Protocolo de compartimentação 
 
No protocolo deverão constar todos os procedimentos que serão adotados para 
preservação da compartimentação sigilosa: 
 
Determinar o número de compartimentações (de grupos operacionais); 
 
Definir o grupo de investigadores; 
 
Determinar os dados que serão coletados pelo grupo; 
 
Definir a base de execução e gestão das atividades; 
 
Estabelecer regras de comando e de comunicação; 
 
Estabelecer regras de segurança das informações; e 
 
Estabelecer as estratégias de ação e determinar o prazo. 
 
Princípio do imediatismo 
 
Outro fundamento operacional da investigação é o princípio do imediatismo. Trata 
da condição de ação imediata para a tomada da decisão que irá desencadear o 
processo investigativo. 
 
O termo imediato tem as definições de seguido, logo, depois, próximo, instantâneo. 
 
Imediatismo na investigação não tem relação com a imprudência ou precipitação. A 
necessidade de eficácia, falada no princípio constitucional correspondente, não 
comporta desleixo com o plano de investigação. 
 
Mesmo no procedimento mais simples sempre haverá a necessidade de breve plano 
para o início da investigação. 
 
O princípio do imediatismo impõe que, recebida a notícia da infração, o 
desencadeamento da investigação seja pronto e breve, mas em condições que 
garantam sua eficiência e eficácia. 
 
O plano inicial deve ser breve, pois provisório e necessário para formulação das 
hipóteses preliminares. 
 
Quanto mais tempo o investigador levar para iniciar a investigação, maior será o 
risco de perda de informações. Os primeiros momentos depois do crime são 
potencialmente mais promissores para a investigação. É o período em que os 
vestígios estão mais evidentes. 
 
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O tempo é fator de eficácia ou ineficiência da investigação. Quanto mais deixado 
passar, encarrega-se do desaparecimento de vestígios e da memória das 
testemunhas. Facilita também, a contra-investigação dos infratores. 
 
Princípio da oportunidade 
 
O imediatismo ea oportunidade, aparentemente paradoxais, são ações 
complementares. Também está contido no princípio da eficiência como 
possibilidade prática de dar qualidade ao ato de investigação. Os dois princípios são 
pontos de equilíbrio mútuo. 
 
O princípio da oportunidade significa que o investigador, com plano breve e seguro, 
deverá conceber o momento mais favorável, mais conveniente para iniciar o 
processo de busca das provas. 
 
A aplicação dos princípios do imediatismo e da oportunidade evita a precipitação 
de atos que possam dificultar ou prejudicar a eficácia do resultado. 
 
Conclusão 
 
Você viu que a investigação criminal faz parte de um contexto de grande 
importância para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Portanto, está 
submetida ao controle legal para que possa cumprir sua missão de apurar provas da 
prática de um delito. 
 
O ato de investigar a não é poder absoluto. Para que cumpra seu papel de tutela é 
preciso que a investigação seja submetida ao controle de princípios que estão na 
própria Constituição Federal. 
 
A legalidade é o elemento de controle que perpassa todo o processo da 
investigação para garantir a validade de seu produto como prova no processo 
criminal 
 
Veja no próximo módulo que desses princípios surgem as normas legais 
determinantes dos limites a serem obedecidos pela investigação criminal. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar 
a compreensão do conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações 
apresentadas nas páginas anteriores. 
 
1. Explique como o “princípio da impessoalidade” se reflete nas práticas da 
investigação criminal. 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
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Orientação 
 
A impessoalidade nos atos de investigação significa que ela não deva ser executada 
para satisfazer interesse pessoal do investigador, mas sim o interesse público na 
busca da prova de um delito. 
 
 
 
 
2. Demonstre um efeito prático da aplicação do “princípio da compartimentação 
sigilosa”, na eficácia da investigação criminal. 
 
Resposta pessoal 
 
 
 
 
 
Orientação 
 
Compartimentar a investigação é dividi-la em partes que serão executadas por 
grupos diversos, separados, sem que um conheça a atividade do outro, mas sob 
gestão única. É uma estratégia de gestão que possibilita maior controle do 
necessário sigilo. 
 
3. Assinale as afirmativas corretas: 
 
( ) O princípio da eficiência aplicado à investigação criminal, se concretiza com 
todos os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a 
escolha adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos 
fundamentais das pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da 
prova. 
 
( ) A aplicação do princípio do imediatismo, aplicado à investigação criminal, 
significa que, tomando conhecimento do crime, o investigador deva desencadear, 
imediatamente, sem qualquer plano, a coleta de provas. 
 
( ) A relação do princípio da legalidade com o cidadão é uma relação de submissão. 
 
( ) As atividades de estabelecer regras de comando e de comunicação e de 
estabelecer regras de segurança das informações estão no protocolo de 
compartimentação. 
 
4. Considerando os princípios aplicados à investigação criminal, associe as colunas: 
 
( ) Princípio da oportunidade. 
 
( ) Princípio da publicidade. 
 
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 Página 9 
( ) Princípio do imediatismo. 
 
1. Significa que o investigador, com plano breve e seguro, deverá conceber o 
momento mais favorável, mais conveniente para iniciar o processo de busca das 
provas. 
 
2. O tempo é fator de eficácia ou ineficiência da investigação. Quanto mais passar, 
fará com desapareça os vestígios e as lembranças da memória das testemunhas. 
Facilita também, a contra-investigação dos infratores. 
 
3. Transparência na administração pública tem como objetivo o controle que 
poderá ser feito pela própria administração, pelo poder judiciário e pelo cidadão. 
 
Este é o final do módulo 3 
Investigação criminal: princípios fundamentais 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
3. O princípio da eficiência aplicado à investigação criminal, se concretiza com todos 
os cuidados necessários para sua eficácia, desde o planejamento, com a escolha 
adequada dos meios, até os cuidados com a proteção aos direitos fundamentais das 
pessoas envolvidas no processo e com a legalidade na coleta da prova; e 
 
As atividades de estabelecer regras de comando e de comunicação e de estabelecer 
regras de segurança das informações estão no protocolo de compartimentação. 
4. 1-3-2 
 
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Módulo 4 - Fundamento legal da investigação criminal 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Relacionar as regras constitucionais de controle dos atos de investigação criminal; 
 
Descrever os valores fundamentais da Constituição garantidores do respeito à 
dignidade do investigado; e 
 
Aplicar as normas legais de controle da efetividade da busca da prova pela 
investigação criminal. 
 
O conteúdo do módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - Contextualização dos fundamentos; 
Aula 2 - O controle na Constituição Federal; 
Aula 3 - O controle no Código de Processo Penal; e 
Aula 4 - O controle nas leis especiais. 
 
 
 
 
 
Aula 1 - Contextualização dos fundamentos 
 
A investigação criminal é um conjunto de atos da Administração Pública. Atos 
administrativos que são orientados por princípios que dão legitimidade às práticas 
do investigador. 
 
No Estado Democrático de Direito a legalidade é o fundamento de todos os atos da 
administração. 
 
Você já deve ter ouvido o provérbio latino que diz: “Todo poder vem da lei”. A lei é a 
sustentação de toda a arquitetura da investigação criminal. Para ter validade, é 
preciso que cada parte do processo seja formatada de acordo com o modelo 
definido em lei. 
 
O modelo jurídico dos atos está expresso tanto na Constituição Federal como no 
Código de Processo Penal e em outras leis especiais que regulamentam atividades 
específicas de investigação criminal, como a “infiltração” de policiais em grupos 
organizados. 
 
O ato de investigar, por sua natureza, é invasivo, por isso, precisa de controle 
absoluto para que o dano causado seja sempre o estritamente necessário para a 
coleta da prova. 
 
 
 
 
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Aula 2 - O controle na Constituição Federal 
 
A Constituição Federal é a estrutura de todo o sistema político e jurídico do Estado. 
Suas normas estabelecem o formato jurídico, político e social da República 
Federativa do Brasil. 
 
O texto do primeiro módulo do curso revela a inserção das polícias num contexto de 
defesa de direitos fundamentais do cidadão, nos quais está contida a segurança 
pública e, dentro dessa, as atividades de apuração das infrações penais. 
 
A tutela de direitos desemboca em controle de liberdades e limitação de direitos 
individuais e coletivos, pois a proteção impõe a colocação de anteparos que 
garantam o limite das individualidades. Ocorre que a preservação dos valores que 
compõem esses direitos requer equilíbrio entre o ato de controle e as liberdades do 
indivíduo. 
 
O texto constitucional cuidou de delinear os métodos de equilíbrio entre o 
procedimento policial e os direitos do investigado no artigo 5°, que trata dos 
direitos e garantiasfundamentais e enumera os direitos e deveres individuais e 
coletivos: 
 
[...] Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes. (CF, artigo 5º ) 
 
Eles são valores fundamentais, garantidores da existência da pessoa humana como 
membro de uma sociedade democrática. Princípios que norteiam todas as normas 
de controle da cidadania. 
O ato de investigar é bidimensional. Ao mesmo tempo protege e limita os direitos 
do cidadão. 
 
O modelo de polícia concebido pela Constituição Federal é de organização 
garantidora de direitos e prestadora de serviços, valores que replicam na 
investigação criminal. 
 
Dos direitos e deveres formatados nos incisos do artigo 5°, da CF, os que mais 
tangenciam a operacionalidade da investigação criminal são estes: 
 
Exigências ilegais; 
 
[...] II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei. 
 
Como visto anteriormente, é o outro lado do princípio da legalidade. É a parte que 
cabe ao cidadão na relação com a lei. Enquanto o agente público só pode fazer o 
que a lei permite, do cidadão só pode ser cobrado como obrigação aquilo que a lei 
diz que ele deve ou não fazer. 
 
Prática de atos não abusivos; 
 
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[...] III - Ninguém será submetido à tortura nem ao tratamento desumano ou 
degradante. 
 
Essa norma vem desconstruir, de uma vez por todas, o paradigma da força do poder 
como ferramenta básica da investigação criminal. 
 
O principal fator de movimentação da busca da prova do crime é a legalidade. 
 
Resguardo da intimidade das pessoas; e 
 
[...]X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
XI - A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para 
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; e 
 
XII - É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal. 
 
São três princípios que resguardam uma das mais importantes condições de 
sobrevivência do ser humano: a intimidade. 
 
A intimidade é condição básica do bem-estar da pessoa humana; a possibilidade de 
ter, só para si, momentos e ambientes destinados à reflexão e recomposição de sua 
natureza. Essa necessidade é contemplada em um dos fundamentos, já vistos, do 
Estado Democrático de Direito: o respeito “à dignidade da pessoa humana”. 
 
Provas ilegais. 
 
[...] LVI - São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
 
A legalidade é a essência de toda a ação da administração pública. Não é isso? É a 
compensação das liberdades concedidas tanto ao cidadão como à administração 
pública. A prova é o elemento fundamental na aplicação da pena. É a única 
possibilidade para o Estado estabelecer a relação jurídica entre ele e o suspeito da 
prática de um delito, por isso, todas as informações de explicação da prática 
delituosa não poderão ser contaminadas por atos abusivos. 
Essa contaminação poderá ocorrer tanto na metodologia da coleta quanto na da 
análise dos dados. Uma hipótese formulada com base em preconceitos poderá levar 
a um resultado não verdadeiro que manchará todo um processo. 
 
EXEMPLO: Um roubo ocorrido nas proximidades de uma “favela”. A primeira 
hipótese do investigador é de que o autor seja morador daquele núcleo, baseado 
apenas nas condições econômicas e sociais daquele ambiente. 
 
As variáveis, que são mais fruto do preconceito do que de um estudo científico, 
poderão não ser verdadeiras e desencadear uma série de procedimentos abusivos, 
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como buscas e prisões ilegais. 
A Constituição ainda formula os princípios de gestão da administração pública 
vistos no módulo anterior. 
 
Aula 3 - O controle no Código de Processo Penal 
 
No Código de Processo Penal estão as normas de regulamentação operacional da 
investigação. 
 
Do artigo 6 ao 250, no Código de Processo Penal - CPP, estão as regras de 
operacionalidade do procedimento. Vão desde o recebimento da notícia do crime 
até aos procedimentos metodológicos de coleta e análise dos dados de prova, tanto 
material quanto testemunhal. 
 
Na preservação do cenário do crime 
 
[...] Art. 6° 
 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá: 
 
I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. (Código de Processo 
Penal) 
 
Metodologia da investigação criminal no CPP 
 
A metodologia adotada no CPP é o da pesquisa descritiva, utilizando técnicas 
padronizadas de coleta sistêmica de dados. 
 
O Código de Processo Penal arquiteta um processo metodológico com abordagem 
clara de interdisciplinaridade e complementaridade dos atos de investigação 
criminal. 
 
O modelo adotado é de co-participação, justaposição de diferentes disciplinas e 
atores que desenvolvem um processo de complementação das atividades. 
 
Código de Processo Penal 
 
[...] II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos 
peritos criminais; 
 
III - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
 
IV - Ouvir o ofendido; 
 
V - Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo 
III, do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) 
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
 
VI - Proceder o reconhecimento de pessoas e coisas e as acareações; 
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VII - Determinar, se for caso, que se proceda o exame de corpo de delito e quaisquer 
outras perícias; 
 
VIII - Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; e 
 
IX - Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar 
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a 
apreciação do seu temperamento e caráter. 
 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de a infração ter sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder a reprodução simulada dos fatos, 
desde que essa não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver 
sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nessa 
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 
(trina) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos 
ao juiz competente. 
 
[...] Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do 
fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
A coleta e análise dos dados 
 
A coleta e análise dos dados que irão possibilitar a verificação das hipóteses 
formuladas estão regulamentas nos capítulos que tratam: 
 
Do exame de corpo de delito e das períciasem geral, do artigo 158 ao 184; 
 
Do interrogatório do acusado, do artigo 185 ao 196; 
 
Das testemunhas, do artigo 202 ao 225; 
 
Do reconhecimento de pessoas e coisas, do artigo 226 ao 228; 
 
Da acareação, artigos 229 e 230; 
 
Dos indícios, artigo 239; e 
 
Da busca e apreensão, do artigo 240 ao 250. 
 
Aula 4 - O controle nas leis especiais 
 
Investigação do crime organizado 
 
A investigação criminal ainda é submetida ao controle por meio de leis especiais, 
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como a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995, que dispõe sobre a utilização de meios 
operacionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações 
criminosas. 
 
A lei, além de definir o conceito de crime organizado, estabelece a operacionalidade 
de algumas técnicas de investigação possíveis na coleta de prova do delito 
específico. 
 
Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995 
 
[...] Art. 1o Esta lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios 
que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando 
ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo. 
 
Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo, dos já 
previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: 
I - (Vetado). 
II - A ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe 
ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida 
sob observação e acompanhamento, para que a medida legal se concretize no 
momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de 
informações; 
III - O acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancárias, financeiras e 
eleitorais; 
IV - A captação e a interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou 
acústicos, e o seu registro e análise, mediante circunstanciada autorização judicial; e 
V - Infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, 
constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada 
autorização judicial. 
Parágrafo único. A autorização judicial será estritamente sigilosa e permanecerá 
nessa condição enquanto 
perdurar a infiltração. (Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995) 
 
Na produção e tráfico ilícito de drogas 
 
A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas – Sisnad, dentre outras medidas, estabelece normas para a 
investigação criminal na repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de 
drogas, bem como limites para essa atuação. 
 
Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 
 
[...] Art. 53 Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos 
nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e 
ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: 
 
I - A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos 
órgãos especializados pertinentes; e 
 
II - A não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos 
ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território 
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brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de 
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal 
cabível. 
 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida 
desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do 
delito ou de colaboradores. (A Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006) 
 
Na interceptação de comunicações 
 
A lei permite, para eficácia do resultado final com relação ao tráfico, além da prática 
da técnica de infiltração, regras de limitação da investigação no que diz respeito aos 
usuários de drogas. 
 
Da mesma forma, a Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta os 
procedimentos de investigação criminal na aplicação de técnicas de interceptação 
de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, bem como do fluxo de 
comunicações em sistemas de informática e telemática. 
 
A metodologia de controle da investigação criminal, especialmente nas ações de 
maior invasividade, é sempre com adoção de medidas de gestão direta e imediata 
do juiz e do promotor de justiça. 
 
Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996 
 
[...] Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para 
prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o 
disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob 
segredo de justiça. 
 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de 
comunicações em sistemas de informática e telemática. 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando 
ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - Não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; 
II - A prova puder ser feita por outros meios disponíveis; e 
III - O fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de 
detenção. 
 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação 
objeto da investigação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, 
salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo 
juiz, de ofício ou a requerimento: 
I - Da autoridade policial, na investigação criminal; e 
II - Do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução 
processual penal. 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a 
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demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, 
com indicação dos meios a serem empregados. 
 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado 
verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a 
interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. 
 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a 
forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, 
renovável por igual tempo, uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de 
prova. 
 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de 
interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua 
realização. 
 
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, 
será determinada a sua transcrição. 
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da 
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o 
resumo das operações realizadas. 
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do artigo 8°, ciente 
o Ministério Público. 
 
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade 
policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de 
serviço público. 
 
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá 
em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo 
criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições 
respectivas. 
 
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada imediatamente antes 
do relatório da autoridade,quando se tratar de inquérito policial (Código de 
Processo Penal, artigo 10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho 
decorrente do disposto nos artigos. 407, 502 ou 538, do Código de Processo Penal. 
 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, 
durante o inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de 
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. 
 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, 
sendo facultada a presença do acusado ou de seu representante legal. 
 
Art. 10 Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de 
informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial 
ou com objetivos não autorizados em lei. 
 
Importante! 
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Lembra do equilíbrio entre os atos da investigação e as liberdades 
do investigado? 
 
A metodologia de controle da investigação criminal, especialmente 
nas ações de maior invasividade, é sempre com adoção de medidas 
de controle imediato do juiz. 
 
Conclusão 
 
Este módulo abordou o conteúdo das regras constitucionais e as que são postas em 
outras normas, para controle da investigação criminal. 
 
Você viu que o foco maior das regras está voltado para o respeito à dignidade das 
pessoas e à legalidade dos atos investigatórios. O legislador chega ao extremo 
quando determina que o próprio juiz assuma, pessoalmente, algumas diligências. 
 
É o reflexo do modelo de Estado Democrático de Direito repercutindo em todos os 
atos da Administração Pública. 
 
No módulo seguinte, será discutida a natureza científica do processo investigatório 
criminal. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar 
a compreensão do conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações 
apresentadas nas páginas anteriores. 
 
1. Segundo a Constituição Federal, “[...] são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas...”. 
 
Aponte atitudes do investigador que sejam o reflexo dessa norma constitucional. 
 
Resposta pessoal 
 
Orientação 
 
A intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas são direitos fundamentais 
garantidos no nosso Estado Democrático de Direito, pela Constituição Federal, mas 
que precisam ser efetivados pelas atitudes dos agentes públicos, guardiões desses 
direitos. 
 
Na investigação criminal essas garantias se efetivam com o respeito que você dá ao 
trato com as pessoas envolvidas. Por exemplo, durante uma busca, revistar o espaço 
extremamente necessário para a coleta da prova, procurando incomodar ao mínimo 
as pessoas residentes no local, preservando suas imagens de exposições públicas 
desnecessárias. 
 
 
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2. Assinale as alternativas corretas: 
 
( ) O sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, poderá ser quebrado, sem ordem judicial, para apuração 
de crime contra a vida das pessoas. 
 
( ) O pedido de interceptação de comunicação telefônica não precisa conter a 
demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal. 
 
( ) Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes de tráfico ilícito de 
drogas, é permitida, como procedimento investigatório, a não atuação policial sobre 
os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados 
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de 
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e 
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
 
 
 
3. Assinale a alternativa errada: 
 
( ) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá investigar a vida do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a 
apreciação do seu temperamento e caráter. 
 
( ) Quanto ao procedimento investigatório de interceptação de comunicação 
telefônica, em nenhuma hipótese, o juiz poderá admitir que o pedido seja 
formulado verbalmente, mesmo que estejam presentes os pressupostos que 
autorizem a interceptação. 
 
( ) Para verificar a possibilidade de a infração ter sido praticada de determinado 
modo, a autoridade policial poderá proceder a reprodução simulada dos fatos, 
desde que essa não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
( ) Na investigação dos crimes organizados, em qualquer fase de persecução 
criminal, é permitido o procedimento da ação controlada, que consiste em retardar 
a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou 
a ela vinculada. 
 
Este é o final do módulo 4 
Fundamento legal da investigação criminal 
 
 
 
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Gabarito: 
 
2. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes de tráfico ilícito de 
drogas, é permitida, como procedimento investigatório, a não atuação policial sobre 
os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados 
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de 
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e 
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível; e 
 
 
3. Quanto ao procedimento investigatório de interceptação de comunicação 
telefônica, em nenhuma hipótese, o juiz poderá admitir que o pedido seja 
formulado verbalmente, mesmo que estejam presentes os pressupostos que 
autorizem a interceptação. 
 
 
 
Módulo 5 - A lógica aplicada à investigação criminal 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Descrever a investigação criminal como um processo científico; 
 
Formular o problema em uma investigação criminal; e 
 
Elaborar hipóteses indicativas das circunstâncias e autoria de um crime. 
 
O conteúdo do módulo está distribuído em uma aula: 
 
Aula 1 - Processo científico da investigação criminal 
 
Todas as formas de conhecimento pretendem compreender a realidade. A diferença 
entre o conhecimento científico e as demais formas, como é o caso do 
conhecimento do senso comum, é a maneira como se procede para sua obtenção. 
 
Para Denker (2007, p. 29), “o conhecimento científico se caracteriza pela reflexão e 
intenção de construção de um corpo metodicamente ordenado de conhecimentos, 
orientado pelo emprego certifico”. 
 
O processo da investigação criminal corresponde ao processo de produção de um 
conhecimento científico? 
 
Nesse processo há o emprego de métodos científicos? 
 
O que é um método científico? 
 
Leia o conceito de Denker (2007, p. 29): “Método científico é um conjunto de regras 
ou critérios que servem de referência no processo de busca da explicação ou da 
elaboração de previsões em relação a questões ou problemas específicos”. 
 
Diz, ainda, a autora, que o emprego do método é que faz com que o conhecimento 
seja considerado científico. Para ela, são três os elementos que formam a base da 
investigação científica e caracterizam o conhecimento como ciência: a teoria, o 
método e a técnica. 
 
O Código de Processo Penal e outras normas complementares estabelecem uma 
metodologia, ou seja, uma maneira concreta de se realizar a busca do 
conhecimento (prova) de uma realidade específica (o ato delituoso). 
O processo da investigação 
 
Analisando o padrão geral da investigação científica, é possível constatar, como diz 
Copi (1981, p. 391),que “o detetive, cujo objeto não é idêntico ao do cientista puro, 
mas cuja abordagem e técnica para a investigação dos problemas ilustram, 
claramente, o método científico”. 
 
Toda investigação parte de um problema. O problema é a questão que se pretende 
resolver: o fato (crime?) apresentado para o investigador. 
 
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O processo da investigação criminal não é diferente. Há um problema (o fato), 
formulação de hipótese (Crime? Homicídio?...) e uma conclusão (crime tal, praticado 
de determinada forma por determinada pessoa). 
 
Processo de Investigação criminal 
 
Problema = Formulação de hipótese = Conclusão 
 
Formulação do problema 
 
Para iniciar uma investigação não basta um fato que sugira a prática de um crime. É 
preciso que o investigador, tal qual o cientista, de forma reflexiva, formule 
indagações. 
 
Segundo John Dewey, citado por Copi (1981, p. 392), “todo pensamento reflexivo – 
termo que inclui tanto a investigação criminal quanto a pesquisa científica – é uma 
atividade de resolução de problemas”. A conclusão de Copi (1981, p. 392 ) é de que, 
“antes que o detetive ou o cientista metam ombros a uma tarefa, tem que sentir 
primeiro a presença de um problema”. 
 
Formular um problema diante de um fato, muitas vezes de aparente insignificância 
jurídica, nem sempre é tarefa fácil. Ainda segundo Copi, a mente ativa vê problemas 
onde a pessoa obtusa só vê objetos familiares. 
 
Sherlock Holmes, criação literária ontológica do escritor inglês A. Conan Doyle, é a 
mais emblemática e clássica referência ao detetive astuto, capaz de solucionar até o 
mais desconcertante mistério. 
 
Usando esse herói dos contos policiais, Copi (1981, p. 392), descreve uma visita que 
o Dr. Watson fizera a Holmes numa época de Natal quando o viu utilizando uma 
lente e pinças para examinar antiga cartola, sem brilho, rasgada em muitos lugares e 
de uso impossível. Depois das saudações, Holmes disse ao intrigado Watson, 
referindo-se à sua estranha tarefa: “Peço-lhe que não encare este objeto como uma 
velha cartola, e sim, como um problema intelectual.” 
 
O certo é que aquela cartola os levou a uma das suas mais interessantes aventuras 
que não teria existido se o detetive Holmes não a tivesse visto, desde o princípio, 
como um problema. 
 
Problema 
 
O que é um problema então? 
 
Podemos caracterizar um problema como um fato ou um grupo de fatos, para o 
qual não dispomos de qualquer explicação aceitável, que pareça incomum ou que 
não se adapte às nossas expectativas ou preconceitos. (COPI, 1981, p. 392) 
 
Na investigação criminal, o problema é o fato posto diante do investigador como 
elemento no mundo jurídico e que requer uma definição das circunstâncias em que 
ocorreu. É o caso sob investigação. 
 
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Análise do caso 
 
Leia o caso: 
 
O cadáver de uma mulher jovem é encontrado no aterro sanitário que fica fora da 
área urbana. Estava sem a cabeça e as duas mãos que tinham sido decepadas. Junto 
ao corpo, também decepados, estavam os membros inferiores da vitíma. 
 
Há uma explicação aceitável para esse fato? 
 
Está o investigador diante de circunstâncias próprias para a formulação de um 
problema que mereça ser investigado? 
 
A formulação do problema requer do investigador informações doutrinárias sobre a 
repercussão do evento (condutas criminosas) no mundo jurídico, tendo como 
referencial os conhecimentos produzidos a respeito e aqueles sobre as 
circunstâncias até então conhecidas (dados do boletim de ocorrência). 
 
Formulação da hipótese preliminar na investigação criminal 
 
Diante do problema, o investigador dará início a um processo de raciocínio que o 
leva a conclusões, a partir das premissas formuladas. As observações iniciais dos 
dados conhecidos levarão o investigador a um processo de hipóteses do fato para 
que possa emitir suas primeiras opiniões sobre o caso. 
 
Evidentemente não é possível chegar a uma conclusão antes do exame de um 
número razoável de provas, entretanto, também não é possível colher dados para 
serem analisados sem que haja uma suposição do caso. 
 
As informações iniciais permitirão a formulação das primeiras hipóteses a serem 
testadas com a análise dos dados, ou seja, serão levantadas as teorias iniciais sobre a 
natureza do delito, as possíveis circunstâncias e a metodologia a ser aplicada na 
investigação. Inicialmente não precisa ser uma teoria completa e nem é possível, 
mas deve ser o suficiente para traçar as linhas gerais da investigação e permitir a 
seleção dos dados a serem examinados. 
 
Na prática... 
 
Volte ao caso apresentado. 
No primeiro momento a única informação é que houve a morte de uma mulher, 
cuja cabeça e membros foram decepados. 
Na cena, o investigador terá a possibilidade de observar uma série de informações 
que o levarão a formular as primeiras hipóteses. 
 
Exemplo: Houve um homicídio. O crime não ocorreu no local onde foi encontrado o 
cadáver. 
 
As circunstâncias conhecidas sugerem essas possibilidades. Não há marcas de luta, 
nem manchas de sangue que sugiram ser aquele o local da prática do evento. 
 
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O processo seguinte é coletar dados que possam confirmar ou não, as hipóteses 
preliminares ou auxiliar em novas formulações. 
 
Para se iniciar uma investigação séria, diz Copi (1981, p. 395) que a hipótese 
preliminar é tão importante quanto a existência do próprio problema. 
 
Claro que as primeiras hipóteses, quase sempre, são decorrentes de conjecturas 
baseadas em experiências anteriores. Serão sempre incompletas e, muitas vezes, 
diferentes da solução final do caso, mas de extrema importância como fonte 
movedora da busca das provas. 
 
Hipótese é uma suposição feita pelo investigador na tentativa de responder o 
problema (o fato questionado). É a resposta provável de qual, como e quem 
praticou o crime, que precisa ser testada pela investigação. 
 
Compilação de dados adicionais na investigação 
 
É certo que as informações iniciais quase sempre são insuficientes para a apuração 
total do caso. Mesmo a situação em que há prisão em flagrante do autor, sempre 
requer investigação complementar. 
 
O investigador competente verá nesses fatos preliminares a possibilidade de 
construir hipóteses que poderão conduzi-lo à explicação total do evento. 
 
O investigador não poderá se deixar conduzir apenas pela obviedade dos fatos, mas 
analisar com cuidado cada uma das informações. 
 
Quantas informações complementares poderão ser colhidas no cenário? Marcas de 
pneus de veículos, de calçados, objetos que poderão relacionar aquele cadáver a 
outro cenário e testemunhos. A observação criteriosa do ambiente levará a outras 
reflexões, hipóteses e dados adicionais. 
 
Formulação da hipótese definitiva 
 
Formuladas todas as hipóteses preliminares, os fatos decorrentes deverão ser 
avaliados quanto à relevância e validade como prova. A análise de validação usará 
como padrão o modelo legal de prova. 
 
A elaboração de uma hipótese envolve um processo criador que tem suporte tanto 
na imaginação como no conhecimento do investigador. Esse processo poderá 
receber estímulos da percepção e de observações feitas no contexto do fenômeno. 
 
Mesmo a hipótese mais simples exige do investigador uma capacidade ampla de 
percepção dos fatos em toda sua integralidade. 
 
Na prática... 
 
Volte ao caso. 
O investigador, ao se deslocar, provavelmente, baseado nos conhecimentos 
acumulados com estudos e fatos anteriores, irá formular suas primeiras hipóteses. 
Por exemplo, poderá considerar que, em situação parecida, havia um crime

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