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Profª Alessandra Teixeira � Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), também conhecida como Doença de Lou Gehrig ou Doença de Charcot, é uma doença neuro-uma doença neuro- degenerativa que associa um acometimento do neurônio motor superior e do neurônio motor inferior. � Taxa de incidência: 2-4 casos por 100.000 habitantes � Predomina no sexo masculino (2:1) � A idade média de início dos sintomas� A idade média de início dos sintomas é a 5ª década de vida � A sobrevida média é de e a 5 anos, e em cerca de 15% dos casos é ≥ 10 anos (com ventilação prolongada) � FormaFormaFormaForma FamiliarFamiliarFamiliarFamiliar (5-10%): Em geral, a transmissão se processa de forma autossômica dominante. Em aproximadamente 20% dos casos herdados de ELA, o paciente apresentaherdados de ELA, o paciente apresenta um defeito no gene que codifica a uma enzima envolvida no metabolismo de radicais livres, a superóxido dismutase tipo I (SOD I), localizada no cromossomo 21. � FormaFormaFormaForma GuamanianaGuamanianaGuamanianaGuamaniana: Própria dos habitantes da ilha de Guam (incidência 50-100 vezes maior), provavelmente está relacionada com a presença de uma toxina das nozes guamanianas, está relacionada com a presença de uma toxina das nozes guamanianas, em associação com um fator genético. � FormaFormaFormaForma SecundáriaSecundáriaSecundáriaSecundária: A ELA ocorre secundariamente a outras doenças (sífilis, à intoxicação pelo mercúrio ou à hipoglicemia). � FormaFormaFormaForma EsporádicaEsporádicaEsporádicaEsporádica: É a variedade observadaFormaFormaFormaForma EsporádicaEsporádicaEsporádicaEsporádica: É a variedade observada com maior frequência. A causa é desconhecida, porém estudos recentes sugerem que a doença pode ter como etiologia o contato prolongado com substâncias tóxicas ambientais ou um mecanismo auto-imune de origem viral. A neurotoxicidade da doença pode ser mediada por múltiplos mecanismos: excitotoxicidade mediada pelo glutamato, deficiência de fatores neurotróficos, radicais livres oxidativos, agregados protéicos intracitoplasmáticos, etc.protéicos intracitoplasmáticos, etc. Qualquer que seja a causa, o aumento de cálcio intracelular parece estar envolvido na patogênese da morte celular encontrada na ELA. � Excitotoxicidade: ↓ transportadores de glutamato nas células da glia + ↓ do controle inibitório do influxo de Ca++ intracelular � Alterações metabólicas: ↓ da expressão de� Alterações metabólicas: ↓ da expressão de proteínas ligantes ao cálcio nos neurônios motores � Ativação microglial: deficiência da SOCS III (supressor of citikinine signaling tipo III) promove a manutenção de processos inflamatórios crônicos mediados pela microglia � Anormalidades no citoesqueleto (formas familiares): acúmulo de neurofilamentos no axônio e corpo celular + lentidão do fluxo axoplasmático c/ acúmulo de moléculas de alto peso. � Deficiência de SOD 1: ↓ dos mecanismos regulatórios do estresse oxidativo c/ acúmulo de radicais livres e ativação dos mecanismos de apoptose dos motoneurônios As lesões consistem em: � DegeneraçãoDegeneraçãoDegeneraçãoDegeneração progressivaprogressivaprogressivaprogressiva dosdosdosdos neurôniosneurôniosneurôniosneurônios motoresmotoresmotoresmotores inferioresinferioresinferioresinferiores dodododo cornocornocornocorno anterioranterioranterioranterior dadadada medulamedulamedulamedula eeee dodododo bulbobulbobulbobulbo: A maioria das alterações está na medula cervical. No bulbo, ocorre o envolvimento dos neurôniosbulbo, ocorre o envolvimento dos neurônios motores do X, XI e XII pares cranianos, principalmente. � DegeneraçãoDegeneraçãoDegeneraçãoDegeneração dasdasdasdas viasviasviasvias piramidaispiramidaispiramidaispiramidais (NMS)(NMS)(NMS)(NMS): Mais evidente ao nível das pirâmides bulbares e dos funículos laterais da medula espinhal. As primeiras manifestações da ELA variam, de acordo com a participação percentual do primeiro ou do segundo neurônio e com a localização das lesões no SNC. Assim, os dois elementos clínicos são:SNC. Assim, os dois elementos clínicos são: � SíndromeSíndromeSíndromeSíndrome NeurogênicaNeurogênicaNeurogênicaNeurogênica PeriféricaPeriféricaPeriféricaPeriférica: Traduzida essencialmente por uma atrofia muscular progressiva que acarreta diminuição gradual de força. � SíndromeSíndromeSíndromeSíndrome PiramidalPiramidalPiramidalPiramidal: Decorre das lesões do neurônio motor central no córtex, bulbo e medula espinhal. Caracteriza-se pela presença de hiperreflexia, ao nível dos territórios atingidos, associada à hipertoniaterritórios atingidos, associada à hipertonia espástica, porém, na metade dos casos, não está acompanhada de Sinal de Babinsk. � DistribuiçãoDistribuiçãoDistribuiçãoDistribuição dasdasdasdas lesõeslesõeslesõeslesões: �Na medula: Normalmente as lesões iniciam- se na medula cervical, provocando atrofia e fraqueza muscular de início distal e evolução ascendente.evolução ascendente. �No Bulbo: Ocorre o acometimento progressivo dos núcleos dos nervos cranianos, causando uma paralisia lábio- glosso-faríngea. A ½ superior da face e a motilidade ocular normalmente são preservadas. � QueixasQueixasQueixasQueixas iniciaisiniciaisiniciaisiniciais: As mais frequentes consistem em distúrbios da marcha, fraqueza muscular dos membros, disartria e disfagia, bem como diminuição da massa muscular, que podem estar acompanhadosmuscular, que podem estar acompanhados ou precedidos por perda de peso inexplicável, cãibras e fasciculações (observadas espontaneamente, principal- mente nos músculos aparentemente normais). � DéficitDéficitDéficitDéficit MuscularMuscularMuscularMuscular: A fraqueza e atrofia muscular são observadas primeiro nas mãos, com expansão para os antebraços, braços e cintura escapular. As mãos adquirem aspecto cadavérico devido à atrofia muscular. Os MMII são comprometidos depois dos MMSS e, com a atrofia e fraqueza muscular dos MMII, a marchaatrofia e fraqueza muscular dos MMII, a marcha tende a sofrer alterações. Os déficits podem ser assimétricos inicialmente, porém rapidamente se tornam simétricos. Obs.: Existem casos em que há predominância em um hemicorpo (variante hemiplégica ou de Mills). � ParalisiaParalisiaParalisiaParalisia lábiolábiolábiolábio----glossoglossoglossoglosso----faríngeafaríngeafaríngeafaríngea: A debilidade muscular dos músculos da faringe, laringe e língua promove o comprometimento da deglutição e da fala, ocasionando disfagia e disartria. São frequentes a atrofia e as fasciculações da língua; a velocidade dosfasciculações da língua; a velocidade dos movimentos da língua diminui. � ReflexosReflexosReflexosReflexos: Podem estar exaltados ou diminuídos, dependendo da relação entre o comprometimento do primeiro e do segundo neurônio. � EspasticidadeEspasticidadeEspasticidadeEspasticidade: Hipertonia elástica acompanhada de hiperreflexia nos territórios atingidos (preferencialmente nos músculos antigravitacionais). � DeformidadesDeformidadesDeformidadesDeformidades: decorrentes da� DeformidadesDeformidadesDeformidadesDeformidades: decorrentes da espasticidade, falta de mobilidade e mau posicionamento (Ex.: escoliose devido a fraqueza dos músculos do tronco) � Inteligência,Inteligência,Inteligência,Inteligência, controlecontrolecontrolecontrole dosdosdosdos esfíncteresesfíncteresesfíncteresesfíncteres eeee sensibilidadesensibilidadesensibilidadesensibilidade: não estão afetados. � DéficitDéficitDéficitDéficit respiratóriorespiratóriorespiratóriorespiratório: A fraqueza diafragmática e dos demais músculos inspiratórios culminam para paralisia a qual é caracterizada por uma queda progressiva da Pimáx. Ocorre: � Progressiva diminuição dos volumes e das capacidades ventilatórias com posterior necessidade de ventilação mecânica. � Ineficácia da tosse devido ao comprometimento dos� Ineficácia da tosse devido ao comprometimento dos músculos expiratórios, facilitando a retenção de secreções e aumentando os riscos de pneumonias e atelectasias. � Ventilação inadequadadevido à musculatura enfraquecida provoca hipoxemia associada com uma retenção de dióxido de carbono, o que determina uma insuficiência respiratória aguda. Normalmente ocorre em três fases distintas: � FaseFaseFaseFase IndependenteIndependenteIndependenteIndependente: Inicialmente ocorre apenas diminuição da habilidade para realizar movimentos muito delicados e precisos; com o tempo há diminuição da velocidade dos movimentos. À medida que a fraqueza muscular progride ocorre:progride ocorre: � Maior dificuldade na realização dos movimentos, porém o paciente ainda consegue realizar compensações para manter a função. � Dificuldade respiratória após esforços físicos. � Mudança das características da voz (mais rouca). � Dificuldades para engolir, com engasgos ocasionais e perda de saliva durante o sono. � FaseFaseFaseFase SemiSemiSemiSemi----IndependenteIndependenteIndependenteIndependente:::: o paciente começa a necessitar de ajuda externa para algumas tarefas, através do auxílio de outras pessoas ou de instrumentos, devido ao maior déficit de força. � Necessidade de auxílio nas AVDs, para levantar-se e para andar. � Dificuldade respiratória mesmo em repouso, principalmente ao dormir.principalmente ao dormir. � Vocalização fica mais difícil (voz fica muito baixa) e o paciente precisa repetir o que fala, ou usa sinais quando está muito cansado. � Progressão da dificuldade para engolir (usar alimentos pastosos e complementos nutricionais), e o excesso de saliva pode começar a aparecer mesmo quando está acordado. � FaseFaseFaseFase DependenteDependenteDependenteDependente: o paciente tem déficit de força importante e já não pode fazer nenhuma atividade sozinho, porém seu raciocínio e as emoções não são afetadas. � Dificuldade respiratória muito intensa (necessidade de aparelhos para auxiliar a respiração, principalmente durante o sono).respiração, principalmente durante o sono). � A vocalização está muito prejudicada, sendo necessário utilizar outros meios para se comunicar (sistema de códigos ou sistemas de computador). � Grande dificuldade na alimentação (utilização de sonda nasogástrica ou nasoenteral); tendência a engasgos e sufocamento com a própria saliva. A evolução da doença é progressiva, sem sinais de estabilização. A morte, normalmente, ocorre devido a complicações respiratórias (pneumonia ou trombo- embolismo pulmonar). A expectativa de vida gira em torno de 3 a 5 anos após instalado os primeiros sintomas da doença, sendo mais curta para os pacientes nos quais a doença se inicia no bulbo. O diagnóstico depende do reconhecimento do quadro clínico típico, onde a associação de amiotrofia, hiperreflexia e ausência de transtornos sensitivos é indicativa datranstornos sensitivos é indicativa da doença. � O tempo médio do início dos sintomas até a confirmação diagnóstica é de aproximadamente 10-13 meses. Os critérios de El Escorial classificam os diagnósticos em vários subtipos: � ELAELAELAELA definitivadefinitivadefinitivadefinitiva:::: Sinais de NMS e NMI em 3 regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). � ELAELAELAELA provávelprovávelprovávelprovável:::: Sinais de NMS e NMI em 2 regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra) com algum sinal de NMS rostral aos sinais de NMI. ELAELAELAELA provávelprovávelprovávelprovável comcomcomcom suportesuportesuportesuporte laboratoriallaboratoriallaboratoriallaboratorial:::: Sinais de NMS e� ELAELAELAELA provávelprovávelprovávelprovável comcomcomcom suportesuportesuportesuporte laboratoriallaboratoriallaboratoriallaboratorial:::: Sinais de NMS e NMI em uma região ou sinais de NMS em uma ou mais regiões associados à evidência de denervação aguda à eletroneuromiografia em 2 ou mais segmentos. � ELAELAELAELA possívelpossívelpossívelpossível:::: Sinais de NMS e NMI em 1 região somente. � ELAELAELAELA suspeitasuspeitasuspeitasuspeita:::: Sinais de NMS em 1 ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). Sinais de NMI em 1 ou mais regiões (bulbar, cervical, torácica ou lombossacra). OBS.: Em todas as modalidades, deve haver evidência de progressão da doença e ausência de sinais sensitivos. �ExamesExamesExamesExames ComplementaresComplementaresComplementaresComplementares:::: � Eletromiografia: Mostra denervação e reinervação difusas (fasciculações e potenciais polifásicos de alta amplitude). � Biópsia muscular: Demonstra atrofia� Biópsia muscular: Demonstra atrofia neurogênica (fibras pequenas e angulares, com possível agrupamento de tipos de fibras). � Exames laboratoriais: Os níveis séricos de CPK podem ser levemente aumentados. �TratamentoTratamentoTratamentoTratamento medicamentosomedicamentosomedicamentosomedicamentoso � Tratamento sintomático: controle dos sintomas que mais incomodam o paciente (relaxantes musculares, controladores da salivação, antidepressivos e ansiolíticos). � Aumento da sobrevida: uso de RiluzolRiluzolRiluzolRiluzol (inibe a� Aumento da sobrevida: uso de RiluzolRiluzolRiluzolRiluzol (inibe a liberação de glutamato). � Melhorar do estado geral: suplementos vitamínicos (vitaminas B,C e E) Obs.: fatores neurotróficos e fatores de crescimento estão em investigação. � Quando há sintomas bulbares persistentes: Gastrostomia e traqueostomia podem ser úteis. A injeção intramuscular de prostigmina trinta minutos antes de se alimentar pode facilitar temporariamente a deglutição. � Aparelho de aspiração domiciliar e auxílio ventilatório mecânico (estágios mais avançados). � Assistência nutricional: orientar o paciente e a família sobre o preparo e a composição da alimentação, de forma a evitar o máximo possível a perda de peso. �OBJETIVOOBJETIVOOBJETIVOOBJETIVO GERALGERALGERALGERAL: Manter a máxima independência na vida diária e prolongar a sobrevida, com uma qualidade de vida mais positiva possível. � OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS ESPECÍFICOSESPECÍFICOSESPECÍFICOSESPECÍFICOS � Manter a função motora estável por mais tempo � Evitar retrações musculares, fixações articulares, deformidades � Promover a manutenção da postura � Manter a amplitude de movimento� Manter a amplitude de movimento � Diminuir a dor e o desconforto � Indicar órteses funcionais e de posicionamento � Prevenir edema, úlcera de pressão e trombose venosa profunda � Manter a função respiratória estável por mais tempo � FaseFaseFaseFase IndependenteIndependenteIndependenteIndependente � Orientar o paciente a continuar atividades normais ou realizar atividade física, se estiver sedentário (evitar atrofia adicional por desuso) � Iniciar programas de exercícios para ADM: Alongamentos, FNP, Yoga, Tai ChiAlongamentos, FNP, Yoga, Tai Chi � Adicionar programa de exercícios com resistência moderada: Theraband em carga submáxima, com controle da fadiga (músculos com grau de força 3+, pelo menos) � Considerar suporte ortótico e equipamentos para facilitar as AVDs (terapia ocupacional) � FaseFaseFaseFase SemiSemiSemiSemi----IndependenteIndependenteIndependenteIndependente � Medidas para controle e redução da espasticidade e dos espasmos: técnicas inibitórias � Medidas preventivas anti-edema: massoterapia, mobilizações passivas, elevação dos membros � Exercícios ativos-assistidos ou passivos� Exercícios ativos-assistidos ou passivos � Exercícios isométricos � Treino da mobilidade no leito; das transições e manutenção postural � Treino do ortostatismo e marcha (com dispositivos auxiliares), enquanto for possível � Adequação postural em cadeira de rodas (adaptação da CR - motorizada, se for o caso) �FaseFaseFaseFase DependenteDependenteDependenteDependente � Inibição tônica e alongamentos musculares � Exercícios passivos de manutenção da ADM � Massoterapia (p/ relaxamente muscular e/ou estimular circulação)estimular circulação) � Orientações aos cuidadores sobre mudanças de decúbito (evitar úlceras de pressão), posicionamento adequado e transferências � Alongamento dos músculos respiratórios � Promover exercícios de respiração profunda (evitar cargas excessivas) � DesobstruçãoPulmonar: aerosolterapia, drenagem postural e manobrasdrenagem postural e manobras desobstrutivas (mantêm os pulmões limpos e livres de atelectasias) � Estímulo à tosse e/ou aspiração das vias aéreas � VentilaçãoVentilaçãoVentilaçãoVentilação NãoNãoNãoNão----InvasivaInvasivaInvasivaInvasiva (VNI)(VNI)(VNI)(VNI): Proporciona um suporte respiratório, evitando o desgaste muscular. É a conduta inicial para ventilar o paciente e retardar a insuficiência respiratória. O capnógrafo e a oximetria de pulso devem ser usados para avaliar níveis de CO2 e a SatO2 durante o uso de VNI. � VentilaçãoVentilaçãoVentilaçãoVentilação MecânicaMecânicaMecânicaMecânica InvasivaInvasivaInvasivaInvasiva: necessária para garantir as trocas gasosas, uma vez que a falência da musculatura respiratória é inevitável com a evolução as trocas gasosas, uma vez que a falência da musculatura respiratória é inevitável com a evolução doença (levar em consideração a vontade do paciente). � Traqueostomia: facilita a remoção de secreções e diminui os riscos de infecções e lesões provocados por uma intubação prolongada, quando o comprometimento respiratório se instala de forma irreversível. Fonte: Isto é, jun-2010
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