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CAPÍTIJLO 20 Biofarmacotécnica e Bioequivalência de Formulações Dermatológicas Semissólidas Nádia Maria Volpato, Zaida Maria Faria de Freitas e Sílvia Storpirtis INTRODUÇÃO Os medicamentos podem penetFJ.r a pele intacta após apli- cação através das paredes dos folículos pilosos, das glândulas sudoríparas ou sebáceas ou entre as células da camada córnea. A camada córnea tem a propriedade de reter, em sua estru- tura, substâncias ativas, resultando no chamado "efeito reser- vatório''. A liberação progressiva desta reserva conduz a efeitos prolongados. Em geral, a administração tópica resulta em baixas concen- trações na circutaç.ão sanguínea, reduzindo, assim, os possíveis efeitos tóxicos do fármaco, mas dificultando a determinação de sua concentração em níveis plasmáticos. Tem-se discutido que a camada do estrato cutâneo é mais indicada para uma medida adequada e mensurável da biodisponibilidade tópica do fármaco, objetivando avaliar o perfil de concentração versus tempo do fármaco na pele. De acordo com Shah et ai. (1998), esta abordagem ven1 sendo denominada dennatofarrnacoci- nética (DFC). Um método sugerido é o de tape st1ipping, ou seja, "remoção do EC" por sucessivas aplicações de uma fita adesiva adequada, resultando em remoção do tecido com a extração e análise do fármaco. Além dessa técnica, a microdiãlise cutânea, a sucção de bolhas, a biópsia do tecido e a microscopia confocal de varre- dura têm sido estudadas, visando à avaliação da bioequiva- lência de fom1ulações semissólidas para uso tópico, todas mini- mamente invasivas e que podem indicar a concentração do fármaco na pele em função do tempo. Por outro lado, a deter- minação da velocidade de liberação do fármaco de prepara- ções semissólidas pode prover o controle de qualidade das formulações sob o aspecto biofarmacêutico. Por meio deste 1nétodo pode ser empregado um modelo bicompartimentai, conhecido como célula de difusão vertical e membrana sinté- tica. No sistema de células de difusão, pode-se tarnbém utilizar pele natural (humana ou animal) para conhecer o comporta- mento biofarmacêutico de uma formulação, no que diz respeito à penetração e/ou permeação do fármaco. O conhecimento do comportamento das formulações semissólidas, sob os aspectos da biodisponibilidade in vivo e da liberação in vitro, permite aprimoramento dos produtos e melhor controle quando se fazem necessárias alterações de escala produtiva (scalfrup/ down) e/ ou componentes da formulação pós-aprovação do medicamento. ESTRUTURA DA PELE E VIAS DE PENETRAÇÃO CUTÂNEA A pele é o órgão rnais extenso do corpo, com uma área de aproximadamente 2 m2, sendo a interface entre o organis1no e o meio externo. É um ó rgão resistente, quase impermeável e flexível, capaz de impedir a entrada de corpos estranhos e a perda de água transepidérmica. Tem constituição hetero- gênea, sendo composta de três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A hipoderme é um tecido subcutâneo que consiste em gordura, atua como um isolador térmico, absorvedor de choque e região de armazenamento de energia. A derme possui aproximadamente 2 mn1 de espessura; contém colágeno, fibras elásticas, vasos sanguíneos, nervos, assim como folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas. As principais células da derme são os fibroblastos, responsáveis pelas respostas imunes e inflamatórias, sendo, ainda, fonte de nutrientes para a epiderme. A epiderme é avascular, portanto, substâncias essen- ciais são transportadas somente por difusão passiva. Possui uma estrutura multilamelar que representa os diferentes está- gios da diferenciação celular. Em 1novilnento ascendente de proliferação da camada basal, as células .metabolicamente ativas se alteF.tm, de forma ordenada, originando células densas, funcionalmente mortas, queratinizadas, os corneócitos. Estas últimas células são envolvidas por bicamada lipídica, multi- lamelar, e constituem a camada mais externa da epiderme, o estrato córneo (EC). Os corneócitos são anucleados e formam lamelas muito alongadas, de até 30 µ m de comprimento, e 0,5 a 0,8 µm de espessura. Estes podem ser simbolizados como "tijolos" de uma parede ou barreira, os quais estão assentados em regiões lipídicas que agiriam como uma "argamassa" para ligar os corneócitos. Os corneócitos têm formato hexagonal e são compostos, principalmente, de derivados de proteínas fibrosas, denominadas queratinas, e representain cerca de 80% do volume da camada córnea. Biofarmacotécntca e Bioequlvalência de Formulações Dermatológicas Semissóltdas 213 As células do EC são unidas, tarnbérn, por estruturas conhe- cidas como desmossomas, além dos efeitos coesivos dos lipí- deos intercelulares. A descamação da última camada do EC, o estrato disjunctum, é resultante de processos enzimáticos envolvendo proteases e lipases que atuam sobre os desmos- somas e lipídeos intercelulares, respectivamente. Os lipídeos da bicamada intercelular são compostos por 40-490A> de ceramidas; 20-25% de colesterol; 10% de sulfato de colesterila; O, '?'lA> de éster de colesterila; O, 1 % de fosfolipídeos; 2,6% de triacilgliceróis e cerca de 25% de ácidos graxos livres. Embora o EC seja composto de células mortas, é um local de considerável atividade metabólica. Contudo, ao contrário dos outros tecidos, sua atividade é extracelular, devido a enzimas excretadas pelos corpos de Odland. As enzimas (geralmente hidrolases) contidas nestas estruturas são excretadas junto com as bicamadas glicoceramídicas, entre a camada granulosa e a camada córnea. As reações catalisadas por essas enzimas são responsáveis pela constituição das bicamadas lipídicas, pela diferenciação celular e pela proteção contra os corpos estra- nhos. Além disso, o EC constitui uma barreira efetiva para a permeação de fármacos, controla os processos de absorção percutânea, sendo uma etapa limitante no transporte por difusão. Como os lipídeos da pele são organizados em estruturas lamelares, moléculas de água podem ser incorporadas nas regiões interlamelares, entre os principais grupos hidrofílicos dos lipídeos. Como resultado desta estrutura, domínios hidro- fílicos alternam-se com outros lipofílicos, formando-se, assim, caminhos para que os fármacos e/ou outras substâncias (como tensoativos) penetrem o EC. Os fármacos são transportados, por difusão passiva, através da epiderme intacta e dos apêndices: folículos pilosos, glân- dulas sudoríparas e sebáceas. No entanto, estes ocupam apenas O,Io/o do total da superfície da pele e a contribuição por esta via é considerada pequena. A Fig. 20.I é uma representação diagramática adaptada de Roberts (1997) das potenciais vias de entrada para formulações tópicas na pele: matriz intercelular (entre os corneócitos), via transcelular (através dos corneócitos) e via transanexal (através dos apêndices cutâneos). Moléculas de fármaco podern atravessar o EC por via transcelular ou intercelular, como demonstrado na Fig. 20.1, contudo, é mais difícil determinar diferenças entre estas vias. Um estudo realizado por Albery e Hadgraft (1979) identificou a importância da rota intercelular considerando a espessura da pele; entretanto, a natureza dos canais intercelulares não era completamente conhecida. Posteriormente, identificou-se a natureza desses canais como contendo uma mistura de cera- midas, ácidos graxos livres e seus ésteres, colesterol e seus sulfatos, e que estes lipídeos arranjavam-se em urna estru- tura de bicamadas. Por conseguinte, as razões relacionadas à impermeabilidade da pele poderiam ser o caminho tortuoso e o problema repetido de difusão e partição através da estrutura da bicamada lipídica (Fig. 20.2). Como a principal via de penetração dos fármacos corres- ponde aos canais intercelulares, o componente lipídico é considerado um determinante da velocidade de transporte cutâneo. Os fármacos adnunistrados pela via tópica ou transdérmica deveriam possuir propriedades físico-químicas específicas: ser altamentehidrofóbicos, lipossolúveis, e seus pesos moleculares deveriam ser pequenos, em geral menores que 500 Da. A pene- tração de substâncias aplicadas à pele é importante para a libe- ração de fármacos dentro da pele, para efeitos locais em derma- tologia; através da pele, alcançando a5 regiões subcutâneas, para aliviar dores musculares dos tecidos mais profundos ou alcançando a circulação sistêmica, para tratamento de diversas patologias não locais ou distantes. ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE MECANISMOS DE PENETRAÇÃO E ABSORÇÃO PERCUTÂNEA A absorção percutãnea de fármacos presentes em formula- ções aplicadas topicamente é um processo cornplexo. As carac- terísticas físico-químicas do fármaco, do veículo e as condições da pele podem afetar significativamente a absorção percutânea. O EC, sendo um tecido queratinizado, comporta-se como uma membrana artificial semipermeável e os fármacos penetram por Fármaco na Formulação 3 Fio de Entrada 1 2 Estrato córneo ~:CprJ Epiderme viável • • • :::. ~.~.~. ~.~.~3. ~~~J~~~ do fármaco • • • • • Derme 1 • • • • • • Microcirculaçáo dérmica Penetração percutânea + Liberação • • Folículo • piloso Subcutâneo dérmica Remoção do fármaco rs~~;ã;:~T__,_ ____ .Jitr~a~n~sd~e~· rm:i:c:ª __ P~a~pila + Circulação "" .,, Tecidos Músculo sistêmica Fig. 20.1 Representação diagramática da absorção de fánnacos através da pele em direção aos tecidos mais profundos e para a circulação sistêmica após atra- vessar o estxalo córneo. As potenciais vias de entrada para fonnulação tópica na pele são: (1) através das glândulas sudoríparas, (2) através do estrato córneo e (3) através do folículo piloso. 214 Blofarmacotécnlca e Bioequtvalência de Formulações Dermatológicas Semissó/idas Superfície da pele Intercelular Estrato córneo º º ( Espaço intercelular ) I -- Transanexal Transcelular CCJ D / o o Ácidos graxos Lipídeos Água Membrana______. Colesterol Glicosil ceramida Citoplasma das células plasmática Fig. 20.2 Repre.çentação diagramática do transporte de fármacoo atram da principal via no estrato córneo: o espaço intercelular. difusão passiva. Assim, a velocidade de 1novimentação de um fármaco através dessa camada da pele depende da sua concen- tração e da sua solubilidade na formulação, assim como da sua partição nos veículos empregados; dos coeficientes de partição e difusão no e através do EC e demais camadas da pele. O processo de absorção cutânea pode ser definido como o movimento de massa da subsr.ância ativa da superfície da pele para a circulação geral. Isto inclui penetração ao longo do EC, difusão através de cada camada da pele, captação pelos capilares vizinhos à junção dermoepidérmica e, finalmente, transporte para os tecidos-alvo para desencadear a ação tera- pêutica. A massa de compostos transferida da superfície da pele para o interior do corpo através do EC é controlada por simples difusão passiva. Há poucas evidências que sugiram a existência de algum processo ativo responsável pela permeação através da pele . Entende-se como difusão o transporte de moléculas indi- viduais por uma barreira ou espaço livre que ocorre segundo um p rocesso aleatório e que depende de um gradiente de concentração. A difusão através do EC pode ser explicada por meio de três etapas: MEMBRANA Cd Co DOADOR Cr RECEPTOR Cx h=x Fig. 20.3 ~uema de aplicação da primeira lei de Fick. 1. O fármaco difunde-se dentro da formulação (ou do veículo) para a superfície do EC; 2 . Ocorre passagem do fármaco para o interior do EC, controlada pelo coeficiente de partição; 3. O fármaco difunde-se através do EC. Esta talvez seja a etapa de maior importância nos estudos de permeação cutânea. As leis de difusão de Fick podem ser empregadas para analisar os dados de permeação e predizer este comporta- mento. A primeira lei de difusão de Fick (Fig. 20.3) é empre- gada para descrever o fluxo que se estabelece no estado esta- cionário (SS, steady-state) por área (Jss) em termos da partição do permeante entre a formulação aplicada e a pele (Kp), seu coeficiente de difusão (D) no espaço intercelular do EC e o comprimento d ifusional (h ) quando o gradiente de concen- tração permanece consr.ante ao longo do tempo. Admite-se que o EC seja uma membrana homogênea (espes- sura h ) e a concentração do permeante (Co) dentro da primeira camada da membrana (x • O) depende da sua concentração na formulação (Cd) e do seu coeficiente de partição (Kp) entre a membrana e a formulação: Co=KpCd (20.1) Para todos os valores de tempo, a concentração do perme- ante dentro da últüna camada da me1nbrana (x = h ) obedece à condição sink (logo Cx <<< Co e também Cr <<< Cd); assim, assumindo instantâneo transporte estacionário, isto é, fluxo imediato e constante no tempo, a forma integrada da 1• Jei de Fick assume a expressão a seguir: Jss ; DKp/ h (Cd-Cr) (20.2) ou Jss = DKp/ h Cd (20.3) Em que Jss corresponde ao fluxo no estado esr.acionário. Três estratégias para a permeação podem ser postuladas, de acordo com a 1 ª lei de Fick: Blojarmacotécntca e Biooqulvalência de Formulações Dermatológtcas St't11iss6/ldas 215 1. Aumento do coeficiente de difusão do permeante na membrana; 2. Aumento da solubilidade do permeante na membrana, alcançado pela promoção da sua partição dentro da membrana; 3. Aumento da proporção entre a concentração do perme- ante dissolvido na formulação e a solubilidade deste no veículo, elevando o grau de saturação do mesmo na formu lação. A última estratégia está baseada na interação entre o perme- ante e a formulação, enquanto as duas primeiras sugerem um efeito do veículo sobre a função de barreira do EC (por exemplo, ação de promotores químicos dentro do EC e subse- quente desordem dos lipídeos intercelulares do EC, ou extração de tais lipídeos por componentes de solvatação da formu- lação). Entretanto, para uma membrana heterogênea como a pele, onde O, Kp e h possuem inter-relação complexa, os termos costu1nam ser reunidos em um único parãmetro denominado coeficiente de permeabilidade (P), sendo este essencialmente experimental. Jss = P (Cd-Cr) (20.4) Porém, à medida que o EC é uma boa barreira, um longo tempo é requerido para alcançar SS. A 2• lei de Fick é aplicada para saber como varia a concentração do fármaco no interior da membrana em função do tempo. A mudança na quantidade cumulativa do fármaco (Cj) que passa através ela membrana por unidade de área em função do tempo é representada na Fig. 20.4. O emprego dos dados pós-estado estacíonário, que são lineares, para a análise de dados e estimação dos parãmetros de permeação (J, D , Kp), em experimentos in vitro com dose infinita, é conhecido como método do time-lag ou lag-time (te.)· Quando a linha do SS é extrapolada até o e ixo de x (tempo), o intercepto corresponde ao t"<S' que é definido como o tempo em que o gradience de concentração do fármaco se estabiliza no interior da membrana (Fig. 20.4). Assumindo-se que a concentração do fármaco no comparti- mento doador é constante, que a condição sinké perfeita, que não há degradação ou ligação do permeante na membrana e que o equilíbrio na incerface é instantâneo, o desdobramenco Q/A Fase não ss t 1ag Fase SS tempo Fig. 20.4 Representação gráfica da 2ª lei de Fick com indicação do lag-lime (tea,g). matemático da 2' lei de Fick resultará, no tempo infinito, na Equação 20.S (equação do SS): Q/ A • Kp O Cd/h (t - h2/ 60) (20.S) Quando Q • O (extrapolação da linha SS), o intercepto no eixo x corresponde ao c,"11 (ver Figura 20.4); e a Equação 20.S resultara ern: liag - h2/60 (20.6) Desse modo, é possível estimar o coeficiente de d ifusão ( 0 ), conhecendo-se a espessur.1 da membrana (h). BIODISPONIBII.IDADE E BIOEQUIVALÊNCIA DE PRODUTOS TÓPICOS Biodisponibilidade (BD) é definida como a velocidade e a extensão pelas quais um fármaco é absorvido a partir de uma formulação etorna-se disponível no local de ação. Bioequi- valência (BE) é um parâmetro que consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idí::ntica compo- sição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que renham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental. A biodisponibilidade e a bioequivalência de producos tópicos são influenciadas pelo veículo, pelo fármaco e efeitos biológicos. Excipientes e Preparações Farmacêuticas Nos últimos anos, tem-se dado atenção ã influência do veículo no movilnento do fármaco através da pele. A compo- sição da preparação farmacêutica tem um papel dominante na terapia tópica, porque se encontra no local de ação. Teorica- mente, a eficiência destas preparações ein promover a pene- tração de fármacos na pele também está relacionada com o modo no qual pode alterar a atividade da água presente no EC e influenciar o coeficiente de partição EC/água. As formulações empregadas no tratamento das afecçôes tópicas são preparações de consistência semissólida destinadas a serem aplicadas sobre a pele ou sobre determinadas mucosas com a finalidade de exercer uma ação local ou de realizar a penetração percutânea de fármacos. São constituídas por exci- piences, nos quais são dissolvidos ou dispersos, geralmente, um ou vários fármacos. A composição dos excipientes pode influir sobre os efeitos e a liberação do fármaco. Os semlssólidos apresentam-se disponíveis em uma grande variedade de formas farmacêuticas, cada uma com caracterís- ticas únicas. As pomadas são preparações serrlissólidas para a aplicação externa na pele ou em mucosas. Sua consistência sofre amolecimento, mas não se liquefaz, quando aplicada sobre a pele. Terapeuticamente, as pomadas agem como emolientes e protecores da pele, mas são utilizadas como veículos para a aplicação tópica de fármacos. Os cremes são formas farma- cêuticas que contêm uma ou mais fármacos dissolvidos ou dispersos em uma base adequada, geralmente uma emulsão óleo em água ou dispersão microcristalina aquosa de ácidos graxos de cadeia longa ou alcoóis, removíveis com água e acei- táveis sob o ponto de vista cosmético e estético. Os géis são sistemas semissólidos formados por suspensão de pequenas partículas inorgânicas ou grandes moléculas orgânicas inter- penetradas por um líquido. Os géis podem tanto ter uma base aquosa (géis aquosos) como de solvente orgânico (organogéis). As pastas são formas farmacêuticas semissólidas que contêm 216 Blofarmacotécnlca e Bioequtvalência de Formulações Dermatológicas Semissó/idas um ou mais fármacos incorporados em uma base com grandes proporções de sólidos finamente dispersos. Pomadas usadas par.i a aplicação de medicamentos insolú- veis ou solúveis em óleo deixam um filme gorduroso sobre a pele, inibindo perda de umidade e estimulando a hidratação da camada de queratina, o que resulta em aumento da pene- tração do fármaco. Uma vez que a aplicação de cremes e loções sob condições normais (não oclusivas) permite alteração de ar e água, a pele não alcança, nessa situação, maior estado de hidratação. Além disso, a evaporação da água da base pode deixar as moléculas do fármaco imersas em uma fase oleosa. Sistemas de emulsão tipo óleo em água podem inverter par.i sistemas tipo água em óleo, o que faria com que o fánnaco se difundisse por um ambiente oleoso para alcançar a pele. Uma ampla variedade de excipientes está disporúvel para a preparação de formas farmacêuticas semissólidas. De acordo com a literatura, os mais utilizados são: glicerídeos; ceras; hidro- carbonetos; silicones polioxietilenoglicóis e homólogos; géis de produtos rniner.iis: bentonita e silício; géis de polímeros orgârúcos: alginatos, gelose, pectina, metilcelulose e carboxi- metik.-elulose; amido. Nos últitnos anos, têm sido estudados vários métodos para aumentar a velocidade de absorção de fármacos aplicados na pele : método físico, pelo qual se utiliza força física como eletri- cidade e u ltrassom para alterar a permeabilidade da pele ou aumentar a atividade termodinâmica do fármaco (sonoforese, iontoforese, eletro-osmose e eletroporação); método químico, por meio do qual se incorporam promotores químicos ern sistemas simples e/ou de liberação para reduzir a resistência da pele ou modificar a molécula com o objetivo de melhorar o coeficiente de partição e/ou a difusividade dentro do EC (água, sulfóxidos e derivados, propilenoglicol, laurocaprano (azone) e seus derivados, pirrolidonas, ácidos graxos, alcoóis, alcoóis graxos e glicóis, tensoativos, ureia, óleos essenciais, terpenos e derivados e outros); método farmacotécnico, inte- grando fármacos em veículos carreadores, tais como micelas QUADRO 20.1 Valores orgânicos e inorgânicos dos promotores de absorção cutânea Promotores Org!lnlco Inorgânico Água o 100 Etanol 40 100 Propilenoglicol 60 200 N,N-Dimetilacetamida 80 200 N ,N-Dimetilcoramida 60 200 2-Pirrolidona 80 145 N-Metilpirrolidona 100 145 5-Metil-2-pirrolidona 100 145 1, 15-Dimetil-2-pirrolidona 120 145 1-Etil-2-pirrolidona 120 145 2-Pirrolidona-5-ácido carboxílico 100 295 Dimetilsulfóxido 80 140 Ácido oleico 36o 152 1-Dodecilazaciclc:rheptano-2-ona 36o 145 N,N-Dimetil-ni-toluamida 240 215 n-Decilmetilsulfóxido 260 140 Álcool láurico 240 100 Ácido láurico 240 150 Miristato de isopropila 330 60 Adaptado ele: Hori, et ai., 1990. lipídicas e lipossornas para facilitar a deposição de moléculas dentro da pele; e métodos bioquímicos, pelos quais ocorre síntese de pró-fármacos bioconversíveis na pele e coadrnirús- tração de inibidores do metabolismo cutâneo. Os promotores químicos são a alternativa mais frequen- temente empregada em formulações semissólidas tópicas e transdérmicas, uma vez que estes podem interagir com os constituintes da pele, promovendo o fluxo do fármaco. Essas substâncias foram classificadas segundo suas propriedades físico-químicas por rneio de valores orgânicos e inorgânicos calculados (Quadro 20.1) e pela construção de um diagrama empregando os valores inorgânicos ve1·sus os valores orgânicos (Fig. 20.5), delimitando-se duas áreas. A área 1 representa os compostos com maiores características hidrófilas e inclui subs- tâncias como o propilenoglicol, o etanol, os derivados da pirro- lidona e o dimetilsulfóxido. Da área II constam os compostos hidrófobos como o ácido oleico, o álcool e o ácido láuricos, o miristato de isopropila, o 1-dodecilazaciclo-heptano-2-ona, o n-decilmetilsulfóxido e o N,N-dirnetil-m-toluamida. As diferenças de hidrofilia e lipofilia das várias substân- cias químicas fazem com que as mesmas atuem por meca- nismos diferentes. Em geral, os promotores químicos podem atuar sobre a pele, a formulação e o fármaco: promovendo um aumento da difusão do fármaco na pele; causando fluidi- zação dos lipídeos, o que conduz à diminuição da função de barreira (ação reversível); resultando en1 tun efeito reservatótio dentro da pele; promovendo aumento e otimJ1.ação da atividade termodinâmica do fármaco no veículo e na pele; afetando o coeficiente de partição do fármaco, com aumento de sua libe- ração da formulação para dentro das camadas superiores da pele. Alguns promotores químicos parecem intumescer o EC conduzindo à perda de material estrutural essencial, reduzindo, portanto, a resistência difusional e aumentando a permeabi- lidade. O mais eficaz é o dimetilsulfóxido (DMSO), seguido da dimetilforrnamida (DMF), da dunetilacetarnida (DMA), da ureia, do propilenoglicol e dos agentes tensoativos. O DMSO, a DMF e a DMA são fortemente higroscópicos e é provável que a presença dessas substâncias no EC aumente a hidratação deste tecido, por conseguinte, sua permeabilidade. O propilenoglicol - frequentemente utilizado - é uma molé- cula pequena, capaz de se difundir através da pele e alterar sua característica de solubilidade, com consequente promoçãoda velocidade de absorção de diversas substâncias ativas. Além 500 UI o 400 u ·-e '"' e 300 D o e UI 200 e ..2 100 "' > o o 100 Área 1 200 ºº D D 300 Valores orgânicos Área li 400 500 Fig. 20.5 Localização, no diagrama, dos promotores de absorção cutânea apre- sentados no Quadro 20.1. Blofarmacotécntca e Bicequivalência de Formulações D<Jnna10/ógtcas Semlssólldas 217 disso, atua como cossolvente, alterando a atividade termodi- nâmica do fármaco no veículo. Os ácidos graxos apresentam a vantagem de serem um componente endógeno da pele humana. Podem diferir em vários aspectos: comprimento da cadeia, características da dupla ligação (posição, número, confi- guração), ramificação e subslituintes. Essas variações estruturais podem influenciar seus efeitos como promotores de penetração curânea. São capazes de se inserir entre a porção hidrofóbica da bicamada lipídica do EC, perturbar sua esuuwra, e , assim, aumentar sua fluidez e diminuir a resistência difusiona1 para os permeantes. Provavelmente, os agentes tensoativos aumentam a permeabilidade da pele por promoverem uma desorganização na estrutura da bicamada lipídica da pele, de maneira a permitir maior liberdade de passagem de subsl.âncias hidrófilas. Quando ocorre penetração, os tensoativos aniônicos são os que pene- tram melhor, seguidos pelos catiônicos e pelos não iônicos. Os sabões de diferentes ácidos graxos apresentam penetrabi- lidade em grau variado, sendo a penetração mais significativa para os sais de ácidos graxos com cadeia carbônica de 10 ou menos átomos de carbono. Sendo assitn, os excipientes usados em formulações tópicas podem afetar as propriedades de barreira da pele humana e, consequentemente, a velocidade de permeação de fármacos, alterando o coeficiente de partição (Kp) entre o veículo e a membrana e/ou o coeficiente de difusão (D) dentro da membrana (conforme item Aspectos teóricos sobre meca- nismos de penetração e absorção percutânea, anteriormente). O primeiro C:: um efeito termodinâmico, ao passo que o segundo é um efeito cinético que pode estar relacionado aos efeitos estruturais, tais como alterações nas ligações intermoleculares dos lipídeos do EC. Efeitos do Fánnaco Polimorfismo e tamanho da panícula são exemplos de fatores que podem determinar a solubilidade ou velocidade de dissoluçào de um fármaco, consequentemente, podem influen- ciar a biodisponibilidade e bioequivalência de produtos tópicos, assim como os coeficientes de difusão e de partiçào. O coefi- ciente de difusão de um fármaco na pele será determinado por fatores como tamanho, forma, carga e balanço hidrófilo- lipófilo; o coeficiente de partiçào será det.errninado pela sua solubilidade nos lipídeos, estruturas responsáveis pela carac- terística de permeabilidade da "barreira" constiruída pelo EC. Sendo assim, substâncias que têm baixa solubilidade em óleo poderao apresentar baixas velocidades de penetração. Efeitos Biológicos Existe extensa literarura sobre a intluência de solvente orgâ- nico e molC::cula anfifílica sobre o EC. Estes fazem pane dos efeitos dos veículos. Sob outros aspectos, tem-se pouca pesquisa sobre como fatores biológicos podem influenciar a biodis- ponibilidade cutânea. Ambos, metabolismo da pele e fluxo sanguíneo, podem intluenciar a concentração do fármaco na pele. Além disso, a idade da pele e a espessura da camada do EC no local de aplicação da formulação são outros fatores que podem influenciar a biodisponibilidade de produtos tópicos. Considerando-se que a bioequivalência pode ser avaliada por meio de diferentes tipos de estudos comparando o medi- camento genérico (teste) com o de referência (inovador), e que esses estudos são classificados em ordem de preferência: análise farmacocinética, farmacodinâmica, ensaios clínicos comparativos e estudos {n vilro, serlo discutidos, a seguir, os principais aspectos relacionados aos mesmos, considerando-se o caso de medicamentos de uso tópico. Análise Farmacocinética As formulações semissólídas tópicas geralmente não produzem concentrações do fármaco quantificáveis no sangue, plasma e/ou urina. Além disso, a disponibilídade sistêmica não reflete propriamente a biodisponibilidade cutânea para medica- mentos que tratam as afecções da pele. Entretanto, a camada do estrato curâneo pode ser utilizada para uma medida adequada da biodisponibilidade tópica de fármacos, abordagem que tem sido denominada dermatofarmacocinélica (DFC) e que tem por base o fato de a camada córnea ter a propriedade de reter, na sua estrutura, substâncias ativas, resultando no chamado "efeito reservatório". O mC::todo tape strlpping ou "remo~"ão do EC" por fitas adesivas tem sido proposto para medir a velocidade e a extensão da penetração de fãnnacos no EC do antebraço de voluntários sadios. É uma técnica rápida e relativamente não invasiva, cujos resultados podem ser empregados para estimar o coeficiente de permeabilidade e coeficiente de panição in vivo, o que valida a proposta do emprego do método para avaliar a bioequivalência de produtos semissóUdos para uso tópico. Nos estudos de DFC, o perfil de concentração do fármaco versus tempo, no EC, é obtido após a aplicação da formulação em múltiplos sítios (Fig. 20.6). Cada sítio é utilizado para medir a concentraçJ.o do fármaco após um determinado período de tempo. Os intervalos de aplicação devem ser determinados previamente, sendo as amostraS do EC removidas sequencial- mente por fitas adesivas atravC::s da técnica de tape strlpping, já citada. A quantidade do fármaco presente nessas fitas deve ser extraída e analisada empregando-se um método analítico previamente validado. Para tal, a quantificação do EC removido é de importância relevante para estabelecer a concentração do fármaco na pele após a aplicação da formulação. A micrope- sagem é o método preferido para medir a quantidade remo- vida, mas, às vezes, toma-se inviável, e uma alternativa poderia ser um método colorimétrico para proteínas. Assim sendo, a quantidade de fármaco obtida nos escudos de DFC poderia ser expressa como quantidade de fármaco por quancidade de EC retirado (µ.g de fármaco/mg de EC) em função do tempo. Para produtos sólidos orais, de acordo com a legislação brasileir.i, dois medicamentos são considerados bioequivalentes se os valores extremos do intervalo de confiança de 90% da razão da média geo1nétrica (ASC0., .. " ./ ASC0 ,.i.--.,) forem maiores que 0,8 e menores que 1,25. Este limite também foi utilizado na determinação da bioequivalência de produtos sernissólidos como gel de tretinoína 0,025o/o, gel de cetoprofeno 2,5% e creme de cetoconazol 2%. A técnica tape strlpping tem sido empregada para medir a quantidade de várias substâncias ativas no EC con10 fluoresceína sódica; piroxicam; ácido salicílico; propionato de dobetasol; terbinefina; oxibenzona; tretinoína; cetoprofeno e benzofenona-4, entre outros; e tem sido provado que é uma técnica aplicável a várias classes terapêuticas e tipos de formulações. Outro método que tem sido estudado para avaliar a bioequi- valência de produtos semissólidos para uso tópico é a rnicro- diálise cutânea. Esta técnica permite realizar um monitora- mento contínuo da velocidade e extensão da penetração do fármaco na pele, por meio de um probe (membrana de diálise) inserido na derme (Fig. 20.7), com o objetivo de monitorar continuamente a concentração do analito no líquido excrace- lular. Também pode ser empregada para liberar fármacos em 218 Blofarmacotécnlca e Bioequtvalência de Formulações Dermatológicas Semissó/idas Antebraço ventral direito Aplicação do produto Pulso Antebraço ventral esquerdo Aplicação do produto Pulso Fig. 20.6 Esquema de demarcação das áreas nos antebraços dos voluntários: na área central do hexágono era aplicada a fonnulação; o quadrado de 1,56 cm2 correspondia à área de remoção do EC. uma região específica, sendo a direção do fluxo dependente do gradiente de concentração,por difusão passiva. Apresenta importantes características: realiza a amostragem do líquido extracelular, continua1nente, por horas, purifica a amos1:ra e simplifica a análise química, uma vez que exclui moléculas grandes, tais como proteínas, e é especialmente eficiente para amostras de molérulas solúveis em água. Tipicamente, o microtubo, com diâmetro de aproximada- mente 200 µ m, é siruado 1-3 mm abaixo da superfície da pele, tendo como meio de perfusão uma solução fisiológica (perfu- sate) em volume suficiente para uma velocidade de fluxo de aproximadamente 5 µU min. O peso molerular de cut-off da 1nembrana de diálise é da ordem de 20 kDa. No entanto, esta técnica apresenta algumas desvantagens: é considerada inva- siva, embora minimamente, pois a inserção do probe pode causar inflamaç.ão; a recuperação do analito é baixa, isto é, a concentração deste no líquido perfundido é tão baixa que a análise se torna difícil, principalmente para fármacos lipo- filicos, tais como 17-valerato de betametasona, ou fármacos altamente ligados às p roteínas. Final.mente, a recuperação do analito no líquido perfundido em relação à sua concentração na pele é complexa, sendo necessário o uso de marcador de retrodiálise para calibrar a eficiência da recuperação. Outro problema é a variabilidade inter e intraindividual na recupe- ração de substâncias exógenas. A maior limitação da técnica de microdiálise é a baixa reruperação para moléculas corn peso molecular superior ao tamanho do poro (> 20 kDa) ou corn alta lipofilicidade. No entanto, microdiálise pode ser uma ferramenta muito útil nos estudos de penetração cutânea e de bioequivalência in vitro e in vivo. Outras técnicas têm sido estudadas visando à avaliação da bioequivalência de formulações semissólidas para uso tópico, consideradas pouco invasivas e que podem indicar a concen- tração do fármaco na pele em função do tempo, tais como sucção de bolhas, biópsia do tecido e microscopia confocal de varredura. Esta última técnica permite que o investigador d ire- cione o foco a certa profundidade do tecido e efetue leiruras de concentração do fãrmaco no ponto identificado. Análise Farmacodinâmica A resposta farmacodinâmica é empregada, por exemplo, na avaliação da bioequivalência dos produtos tópicos derma- tológicos da classe dos corticosteroides, quando aplicados em voluntários sadios. Esta classe de fármacos produz um efeito vasoconstritor que resulta no branqueamento da pele e essa resposta tem sido correlacionada com a potência e eficácia dos produtos. A medição do branqueamento da pele é realizada por meio de um cromômetro ou colorímetro, que indica o início, a duração e o declínio da resposta branqueadora. Este estudo está bem regulamentado nas legislações dos Estados Unidos (FDA, Food and Drug Administration), da Comunidade Euro- peia (EMEA, The European Agency for The Evaluation of Medi- cinal Products) e do Canadá. Ensaios Clínicos Comparativos Ensaios clínicos comparativos são geralmente difíceis de serem executados: altamente variáveis; pouco sensíveis; consomem muito tempo; têm alto custo. É necessãrio u m e levado número de voluntários para aval iar a bioequivalência por meio de ensaios clínicos comparativos. São recomendados cerca de 275 a 500 indivíduos para estudos com tretinoína e de 275 a 300 indivíduos para ensaios com antifúngicos. Com exceção da classe dos corticosteroides, que rem legislação oficial para estabelecer bioequivalência, as demais classes de Blofarmacotécntca e Bloequtvalêncla d<J Formulações Dennatológtcas Semtss6/idas 219 Sonda mícrodiálise Perfusante Membrana - ... • ... . Sítio de aplicação Estrato córneo Epiderme vivente Derme • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• • •••••• • • • • Dialisado • =soluto Fig. 20. 7 Desenho e.5quemátioo do princípio da microdiálise. (Adaptado de Schnetz e Fartasch, 2001.) produtos dermatológicos se valem de ensaios clínicos compa- rativos, quando superadas as dificuldades dos mesmos. Estudos in Vitro Os testes de liberação in vitro das subslâncias ativas têm chamado muita atenção após a edição do SUPAC-SS, nos Estados Unidos, em 1997. Nessa edição, a liberação in vitro do fárrnaco é uma propriedade da formulação que o contém. A velocidade de liberação dos produtos tópicos dermatológicos pode ser medida empregando-se um sistema bicompartimentai como célula de d ifusão vertical com membrana sintética e meio aceptor adequado. A membrana sintética serve como um suporte para separar a formulação do meio receptor, devendo ser quimicamente inerte para não reagir com a formulação ou com o meio aceptor, e não deve ser velocidade-limitante nos processos de liberação do fármaco, sendo empregados acetato de celulose, nitrato de celulose e polissulfooa. A solução recep- tora deve ser compatível com o método analítico empregado para quantificação do fármaco. Soluções receptor.is com água (água-álcool-tensoativo, água- rampâo, água-tensoativo) ou misruras hidroalcoólicas podem ser empregadas como meio aceptor, obedecendo à condição sink, ou seja, o volume empregado é cinco vezes maior que o ponto de saturação do fármaco. Os dados obtidos podem ser empregados como medida de equivalência para produtos de formulações semissólidas sujeitas a alterações especificadas pelo guia SUPAC, ou seja, como contrate de qualidade para assegurar a uniformidade lote a lote dos produtos. A atividade termodinâmica e a viscosidade têm um efeito dominante sobre a liberação da substância ativa do veículo. A velocidade de liberação do fármaco da formulação pode ser alterada pela mudança da sua concentração, variação do coefi- ciente de partição e aumento de sua solubilidade na formu- lação. Várias pesquisas têm sido realizadas em busca do dispo- sitivo mais adequado para avaliar a velocidade de liberaç.ão in vitro para produtos tópicos dermatológicos, uma vez que, oficialmente, não existe uma padronização que possa ser apli- cada para todas as formulações semissólidas. Sendo assim, encontram-se descritos, na literarura, vários modelos de células de difusão e tipos de membranas artificiais que são empregados na avaliação da liberação in vitro de fármacos de diferentes formas farmacêuticas. A avaliação in vi.tro da penetração e permeação culâoea de fármacos também pode ser avaliada por um sistema bicompartimenta.! de difusão vertical, empregando membrana narural. Dentre os vários tipos de pele animal (rato, cobaio, camundongo com e sem pele, macaco rhesus, cobra) que podem ser utilizados, recentemente, tem-se empregado a pele suína devido à sua similaridade com a pele humana. CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante otimizar a forma farmacêutica para maxi- mizar a biodisponibilidade do fármaco, uma vez que a velo- cidade de liberação do fármaco da formulação pode ser alte- rada pela variação da sua concentração, do coeficiente de partição e aumento de sua solubilidade. Diferentes formula- ções podem resultar em diferentes quantidades do fármaco dentro da pele e podem, assim, exibir intensidades diversas de atividade. Isto também sugere que a avaliação da biodis- ponibilidade e bioequivalência de produtos tópicos possa ser realizada entre formulações similares, por exemplo, cremes, pomadas ou loções. AVALIE SEUS CONHECIMENTOS 1. Qual camada da pele controla os processos de absorção percutânea, sendo considerada uma etapa limitante no trans- pone por difusão? a. Epiderme b. Derme c. EC d. Camada basal e. Tecidos subcutâneos 2. Qual promotor é a alternativa mais frequentemente empre- gada em formulações? a. Sonoforese b. Propllenoglicol c. lipossoma d. Pró-fármacos bioconversíveis e. Iontoforese 220 Blofarmacotécnlca e Bioequtvalência de Formulações Dermatológicas Semissó/idas 3. É mecanisrno de ação dos promotores químicos, EXCETO: a. Promover aurnento da difusão do fárrnaco na pele b. Causar fluidização dos lipídeos c. Promover aumentoe otimização da atividade termodi- nâmica do fármaco no veículo e na pele d. Dificultar a hidratação do EC e. Afetar o coeficiente de partição do fármaco, com aumento de sua liberação da formulação para dentro das camadas superiores da pele 4. Quais fatores podem influenciar o coeficiente de difusão de um fármaco na pele? a. Tamanho e c-.uga b. Velocidade de dissolução e balanço hidrofi1ico-lipofí- lico c. Solubilidade nos lipídeos e tamanho d. Carga e dissolução e. Solubilidade ern água e forma 5. Qual metodologia é empregada nos estudos de demiatofar- macocinética? a. Microdiálise c.utânea b. J\llicroscopia confocal de varredura c. Biópsia do tecido e. Tape-stripping d. Sucção de bolhas 6. Fatores que podem influenciar a difusão de fármacos através do EC, EXCETO: a. Coeficiente de difusão b. Espessura da membrana c. Coeficiente de partição d. Gradiente de concentração e. Equilibrio hidróftlo-lipófilo 7. Qual é a membrana que apresenta maior similaridade com a pele humana e tem sido empregada na avaliação in vitro da penetração e permeação cutânea? a. Pele suína b. Acetato de celulose c. Polissulfona d. Nitrato de celulose e. Pele de rato 8. Qual técnica pennite realizar um monitoramento contínuo da velocidade e extensão da penetração do fármaco na pele, através de tun probe (membrana de diálise) inserido na derme? a. Microscopia confocal de varredura b. Microdiálise cutânea c. Tape-stripping d. Sucção de bollhas e. Biópsia do tecido REFERÊNCIAS ABRAHAM, W.; DOWNING, D.T. Preparation of model membranes for skin permeability studies using con1eum lipids. J. Invest. Dermatol, V. 93, p. 809-815, 1989. AGACHE, P.; IAURENT, R.; LARDANS, L.; BLANC, D. 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