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Psicologia-da-Educação-e-da-Aprendizagem

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APOSTILA 
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOTUPORANGA – SP 
 
1 SUMÁRIO 
2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ...................................................... 4 
3 Histórico da Psicologia da Educação e da Aprendizagem ............... 14 
4 Estatuto da Psicologia Escolar e Educacional: alguns pressupostos
 17 
5 Relações entre Psicologia e Educação no Brasil: uma breve história
 19 
6 Compromissos e Perspectivas para a Psicologia Escolar e 
Educacional ...................................................................................................... 29 
7 Psicologia da Educação e Desenvolvimento humano ..................... 34 
8 Psicologia e o Desenvolvimento Humano ........................................ 42 
9 A constituição do sujeito .................................................................. 47 
10 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM ............................................ 51 
11 Ensino X Instrução ........................................................................ 55 
11.1 Existem 4 modelos básicos: ................................................... 56 
12 DOMÍNIOS DA APRENDIZAGEM ................................................ 56 
13 PRINCÍPIOS DA APRENDIZAGEM ............................................. 59 
14 FATORES DA APRENDIZAGEM ................................................. 60 
15 FATORES QUE INFLUENCIAM NA APRENDIZAGEM ............... 61 
16 FATORES NEUROENDÓCRINOS ............................................... 62 
17 FATORES AMBIENTAIS .............................................................. 63 
18 NUTRIÇÃO ................................................................................... 64 
19 VARIÁVEIS SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAIS ......................... 65 
20 FAMÍLIA E OS FATORES PSICOSSOCIAIS ............................... 66 
21 A psicologia do ensino e aprendizagem na prática do professor .. 67 
 
22 E na relação entre o professor e aluno. A psicologia da 
aprendizagem pode ajudar uma vez que o perfil do aluno mudou nos últimos 
anos? 77 
23 Distúrbios de Aprendizagem e de comportamento em sala de aula
 79 
24 Diagnóstico Diferencial: Distúrbios de Aprendizagem e Dificuldade 
de Aprendizagem ............................................................................................. 82 
25 Principais Distúrbios de Aprendizagem ........................................ 87 
26 Atuação do Psicólogo junto ao professor frente às dificuldades de 
aprendizagem ................................................................................................... 95 
27 Métodos De Inclusão .................................................................... 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
Fonte: www.omeubebe.com 
 
De acordo com Antunes (2007 apud BARBOSA 2012 p. 163 – 173) a 
Psicologia Educacional pode ser descrita como uma subárea da psicologia que 
é considerada uma área de conhecimento a qual entendemos como corpus 
sistemático e organizado de saberes científicos, produzidos de acordo com 
procedimentos definidos, referentes à determinados fenômenos ou conjunto de 
fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em questões ontológicas, 
epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. É importante 
considerarmos as diversas concepções, abordagens e teorias que constituem 
esta área de conhecimento. 
Assim podemos afirmar que a Psicologia da Educação ou Psicologia 
Educacional é uma subárea de conhecimento, que tem como vocação a 
produção de saberes relativos aos fenômenos psicológicos constituinte do 
processo educativo. 
Esse conhecimento é muito importante, entretanto nesta unidade serão 
apresentadas algumas questões da psicologia estudada pelos psicólogos: seus 
desafios e suas contribuições principalmente para nós educadores. 
Diferentemente da Psicologia da Educação/Educacional, a Psicologia 
Escolar é definida pelo âmbito profissional com um campo de ação determinado, 
ou seja, é a escola e as relações que aí se estabelecem; baseia sua atuação nos 
 
fundamentos teóricos adquiridos através da Psicologia da Educação e por outras 
subáreas da psicologia necessárias para o desenvolvimento das atividades 
(ANTUNES 2007, apud BARBOSA, 2012 p. 163 – 173). 
O autor nos diz ainda que a Psicologia Educacional e a Psicologia da 
Escolar estão intimamente relacionadas, mas não são iguais, não podendo 
reduzir-se uma à outra, pois cada uma possui sua autonomia. A primeira é a área 
do conhecimento que tem como objetivo compreender os fenômenos 
psicológicos envolvidos no processo educativo. A outra é considerada um campo 
de atuação profissional, sendo possível realização de intervenções no espaço 
escolar ou a ele relacionado. 
Segundo Santrock (2010, p. 2) “ a psicologia é o estudo científico do 
comportamento e dos processos mentais. A Psicologia Educacional é o ramo da 
psicologia dedicado à compreensão do ensino e da aprendizagem no ambiente 
educacional”. Temos então uma área muito abrangente que quando descrita em 
seus mínimos detalhes pode nos render um livro com milhares de páginas. 
 
Fonte: www.anec.org.br 
 
Mesmo com esta íntima relação entre psicologia e educação Bock (2003, 
p. 78) afirma que nem sempre foi assim: 
Enquanto a concepção dominante, na educação ocidental, foi a chamada 
Escola Tradicional, não houve necessidade de uma Psicologia para acompanhar 
a prática educativa. A Psicologia só se tornou necessária quando o Movimento 
da Escola Nova revolucionou a educação e construiu demandas específicas para 
a psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. 
 
A autora explica que a Educação Tradicional compreende experiências e 
concepções pedagógicas que a caracterizam e de certa forma orientaram 
a educação desde o século XVIII até o século XX. Processos educativos que 
tiveram espaço principalmente nas escolas religiosas. 
Esta concepção tradicional pensou na educação como um trabalho de 
desenraizamento do mal natural do ser humano. Acreditava-se que o homem 
nascia dotado de uma natureza humana dupla: uma parte era corrompida pelo 
pecado original e a outra era considerada essencial, consideravelmente boa e 
construtiva. 
À educação cabia somente desenvolver a parte boa do ser humano, 
impedindo que a parte corrompida se manifestasse nas pessoas, e para isso 
utilizou-se o instrumento básico do saber. O conhecimento era visto como único 
instrumento capaz de dar ao homem o autocontrole necessário para aquilo que 
é ruim no homem fosse controlado. 
A Pedagogia da Escola tradicional já recebia o aluno como um ser 
humano corrompido. Suas ações no ambiente escolar de certa forma 
demonstravam isto: alunos inquietos, ora curiosos, ora destrutivos, 
indisciplinados, se deixados sozinhos, sem regras e sem vigilância. Perversos, 
com hábitos inaceitáveis como pegar as coisas dos outros indevidamente, 
masturbar-se, não respeitarem os mais velhos e autoridades, não cumprir com 
as tarefas e responsabilidades. 
Estes alunos deveriam ser expostos a um modelo de aperfeiçoamento 
humano para poderem desenvolver sua parte da natureza humana essencial. 
Este modelo era desenvolvido pelos professores e alguém escolhido para dar 
nome à escola e que deveria ser cultuado e seus feitos deveriam ser divulgados 
aos alunos para que eles conhecessem e soubessem sempre que modelo a 
seguir. Por isso, as escolas públicas sempre levam o nome de alguém 
(geralmente de um homem) considerado aprimorado pela cultura (BOCK, 2003). 
Esta escola era regida ainda por outros princípios, conforme nos cita Bock 
(2003): disciplinas e regras rígidas para que os alunos pudessem ir corrigindo 
seus desvios. Princípios e códigos morais eram estabelecidos, impostos, 
divulgados e repetidos exaustivamente. Deveriam a ser aprendidos a qualquer 
custo, e para garantir que os resultados fossem alcançados, eram contratadosvigilantes disciplinares como agentes educacionais da escola. 
 
 
 
Fonte: cursosabeline.com.br 
 
Para que a Psicologia? Na verdade, não havia necessidade alguma de 
qualquer conhecimento sobre o ser humano e seu desenvolvimento, de modo 
que já se sabia tudo sobre a natureza corrompida e também já se sabia de seu 
potencial para criar, cooperar, ser honesto, desenvolver relações estáveis e 
saudáveis, respeitar a autoridade, ser intelectualmente aprimorado e ser dotado 
de coerência. 
O campo da Psicologia Educacional foi criado por grandes estudiosos e 
pioneiros da Psicologia no final do século IX. Os três principais pioneiros de 
destaque no início da história da Psicologia Educacional são Willian James, John 
Dewey e Edward Lee Thorndike. James lançou um livro intitulado 
Principles of Psychology e ministrou diversas palestras através de uma série 
intitulada Talks to Teacher, em que discutia as aplicações da psicologia na 
educação de crianças, argumentando que os experimentos laboratoriais em 
psicologia muitas vezes não conseguem nos dizer, de maneira eficiente, como 
ensinar as crianças. Enfatizou ainda a importância de se observar o processo de 
ensino/aprendizagem em sala de aula para aprimorar a educação, trazendo 
como recomendação que os professores iniciem as aulas em um ponto além do 
nível de conhecimento e compreensão da criança a fim de desenvolver a mente 
delas (SANTROCK, 2010). 
 
De acordo com Santrock (2010), John Dewey por sua vez tornou-se a 
força motriz da aplicação na prática da psicologia. Estabeleceu o primeiro e mais 
importante laboratório de Psicologia Educacional nos EUA, mas precisamente 
na Universidade de Chicago no ano de 1894, continuando seu trabalho inovador 
na Universidade de Colúmbia. Muitas ideias importantes partiram deste teórico, 
nos mostrando que a criança é um ser em constante e ativa aprendizagem. É 
importante destacar que antes de Dewey, as pessoas acreditavam que as 
crianças deviam permanecer sentadas e em silêncio de modo que aprendiam 
passivamente e de uma maneira mecânica, em contraste a esta crença ele 
trouxe que as crianças aprendem realizando. 
O teórico nos traz ainda mais uma contribuição, afirmando que a 
educação deve focar a criança em sua totalidade enfatizando também a 
adaptação da criança ao ambiente, elas devem ser educadas de modo que 
possam ser estimuladas a pensar e também a se adaptar ao seu ambiente fora 
da escola, as crianças devem aprender a serem mais autônomas e 
solucionadoras de problemas de maneira reflexiva. Para Dewey toda criança 
merece ter uma educação de qualidade sem diferenciação de classe, raça ou 
sexo, ele lutou para que todas as crianças de uma maneira geral tivessem uma 
educação competente. 
 
 
Fonte: www.goodstart.org.au.com.br 
 
 
Thorndike, outro percursor da Psicologia Educacional enfocou a avaliação 
e a mediação e promoveu os princípios básicos e científicos da aprendizagem. 
Argumentou que uma das tarefas mais importantes da escola é a de desenvolver 
as habilidades de raciocínio das crianças, se diferenciando ao fazer estudos 
científicos aprofundados e precisos sobre o ensino e aprendizagem (BEATTY, 
1998 apud SANTROCK 2010, p. 3). Promoveu também a ideia de que a 
Psicologia Educacional deve ter uma base científica e deve enfocar 
principalmente a mediação. (O’DONNEL e LEVIN 2001 apud SANTROCK 2010, 
p.3). 
Discutindo sobre o início da Psicologia da Educação, nos deparamos com 
as diversas transformações que ocorreram no mundo através dos anos. 
Segundo Bock (2003, p. 81) “as grandes guerras trouxeram uma valorização da 
infância, tomada como o futuro. A escola também respondeu a estas novas 
ideias com a proposta da Pedagogia da Escola Nova, que se pôs no avesso às 
ideias da Escola Tradicional”. A criança passou a ser vista como naturalmente 
boa. Sua natureza humana era dividida em duas: a parte boa, que vinha desde 
o nascimento e a outra corruptível. A escola passou a ter a responsabilidade de 
manter a criança na bondade e na espontaneidade que a caracterizavam. 
 
 
Fonte: www.farpost.ru.com.br 
 
 
A escola passou a ser espaço de liberdade e comunicação, lugar onde a 
criança poderia manifestar sua afetividade expressa como carinho ou 
agressividade; sua criatividade expressa como construção ou destruição; sua 
liberdade expressa como obediência ou rebeldia. Todas as atitudes infantis 
foram tomadas de maneira naturais, como boas e desejáveis. Mas é importante 
destacar que a escola se manteve atenta e vigilante no que diz respeito ao 
desenvolvimento psíquico da criança. Os chamados vigilantes disciplinados 
foram substituídos por vigilantes do desenvolvimento pedagogos e psicólogos. 
As regras foram extintas, permaneciam somente aquelas construídas pela 
equipe da escola. Nenhuma preocupação com a disciplina, pois na bagunça se 
visualizava o interesse pelo saber, pela construção coletiva, pela troca (BOCK 
2003). 
No que se refere à comunicação na Escola Nova esta era prioridade. O 
professor foi colocado em uma posição modesta sem grande influência, afinal 
era um representante dos adultos, visto sempre como um mundo corrompido. O 
professor passou então a ter a função de organizador das condições de 
aprendizagem, devendo prover materiais e situações que propiciem o 
aprendizado. As técnicas pedagógicas se tornaram ativas. Alunos em atividades 
constantes, vivendo a satisfação do aprendizado e da descoberta (BOCK 2003). 
 
 
Fonte: www.educandoteka.com.br 
 
http://www.educandoteka.com.br/
 
Bock (2003) considera que as escolas já não faziam culto à grandes 
homens e, portanto, mudaram seus nomes aproveitando ideias ou símbolos de 
grupalização, troca, descobertas, jogos ou termos que fizessem referência à 
infância. A cultura, como saber, continuou a ser instrumento básico de trabalho, 
mas agora o mais importante era estimular perguntas e não mais formular 
respostas que na verdade não respondiam nenhuma delas, como na Escola 
Tradicional. Curiosidade, interesse, motivação, experiência, eram palavras muito 
importantes no vocabulário da Escola Nova. 
A psicologia é solicitada a intervir na solução de problemas bastante 
variados. Mesmo que esteja sempre encontrando resistências e oposições, ela 
tem contribuído em diferentes domínios, sendo o da educação um deles. 
Voltamos a destacar a importância da escola. É preciso entendê-la como 
um meio transformador e questionador da sociedade e reconhecer sua dimensão 
progressista. E também é fundamental vê-la como sendo um meio constituidor 
para o aluno onde todo o seu cotidiano gira em função dela. 
Sendo assim, devemos destacar a responsabilidade da escola para com 
o aluno, ressaltando a necessidade do interesse que o educador deve ter pela 
vida do aluno como um todo, fazendo com que a escola passe a ter sentido na 
vida dele. 
Desenvolvimento e educação são complementares e a atividade exercida 
por todos educadores é de extrema importância. A escola tem de se dirigir ao 
aluno de maneira que possa atingir toda sua personalidade, respeitando e 
estimulando sua espontaneidade total de ação e de assimilação. 
Assim, o que se verifica na Escola em termos de problematização do 
comportamento da criança ou do adolescente, com um enfoque eminentemente 
psicológico, nada mais é do que uma extensão do que vem acontecendo em 
todas as demais áreas do social, com um destaque especial para a família - das 
camadas médias da população- que, em função dessa evolução das últimas 
décadas, chega à feição que assume hoje e evidencia: 
1-Uma preocupação exacerbada com os possíveis efeitos psicológicos 
danosos de práticas de educação inadequadas; essa preocupação que vigora 
por todo o século XX, mas mais acentuadamente nessa segunda metade, e tem 
levado a que grande parte do tempo dos educadores seja consumido em torno 
da mudança, discutindo o "certo e o errado" das formas de se lidarcom a criança, 
 
visando educar para garantir um indivíduo diverso do que as gerações 
precedentes produziram; 
2-Que os projetos de educação, entretanto, ainda que discutidos e 
elaborados, não têm trazido a esses mesmos educadores a satisfação plena do 
"dever cumprido", pois aparece na atualidade, com muita frequência, um 
desconforto que nasce da observação de que o "produto final" não se encaixa 
com as formas delineadas de "adulto idealizado", e também porque as gerações 
mais novas fazem críticas constantes e severas contra a forma como foram 
conduzidas; 
3- Dificuldades adicionais e novas de uma sociedade em rápida 
transformação de valores, e que exige o desapego, a relativização e a 
manutenção, a qualquer custo, do individualismo, colaborando para que dentro 
da sua estratificação por idades o contato e a transmissão de ideias entre as 
gerações fiquem prejudicados; 
4-E, como corolário desse quadro, que é fundamental buscar o 
especialista e as terapias para equilibrar o processo. Portanto , que recorrer ao 
psicólogo, tendo identificado problemas que 'SÓ ELE É CAPAZ DE RESOLVER' 
deve constituir-se em uma tarefa do seu dia-a-dia na Escola. 
Para tal, é necessário ter uma formação também psicológica, a fim de 
melhor compreender a natureza e o desenvolvimento dos alunos de suas 
escolas e poder agir verdadeiramente como educador. 
Não quero dizer que sabendo psicologia vamos entender e resolver tudo 
em nossa volta. Mas, pode ajudar a compreender melhor algumas atitudes dos 
alunos ou mesmo de um colega de trabalho 
As relações entre a psicologia e a educação, apesar de parecerem óbvias, são 
complexas e envolvem vários aspectos, tanto concordantes como de oposição. 
Tendo como alvo comum a criança, a psicologia e a educação têm discutido 
desde há muito tempo os processos de desenvolvimento e os de aprendizagem. 
As relações entre a psicologia e a educação, apesar de parecerem óbvias, 
são complexas e envolvem vários aspectos, tanto concordantes como de 
oposição. Tendo como alvo comum a criança, a psicologia e a educação têm 
discutido desde há muito tempo os processos de desenvolvimento e os de 
aprendizagem. 
 
 
 
Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br 
 
Assim, a influência da psicologia sobre a educação é reconhecida. No 
entanto, a posição da psicologia na relação com a pedagogia tem sido muitas 
vezes de autoridade, ultrapassando os limites da competência. 
A história demonstra pactos entre psicologia, educação e sociedade que 
penderam para interesses contraditórios e opostos, na maioria das vezes em 
contraposição aos direitos das classes populares. Da compreensão desse 
processo, podemos nos lançar de maneira mais efetiva à construção de uma 
Psicologia Escolar e Educacional comprometida de fato com uma educação 
democrática, submetida aos interesses dessas classes. Este é, por sua vez, o 
compromisso que define e determina as perspectivas que estão postas para 
essa área de conhecimento e campo de atuação do psicólogo. 
Por outro lado, percebe-se a grande procura de respostas, por parte da 
educação, em diversas áreas, para dar conta da complexidade do fenômeno 
educativo. Por exemplo, em relação ao comportamento dos alunos em sala de 
aula, os sérios problemas relacionados à violência e à falta de motivação. 
Não é função da psicologia ditar normas para a educação, como também 
não é a educação uma aplicação da psicologia. O que se faz necessário, no 
entanto, é um maior conhecimento do desenvolvimento da pessoa do aluno na 
instituição escolar. O importante é considerar a relação entre a psicologia e a 
 
educação como sendo de complementaridade, de construção, para avançar no 
entendimento desses dois campos do conhecimento. 
Com isso, podemos buscar soluções mais produtivas para essas 
questões e tantas outras, que você conhece tão bem no seu contato diário com 
os alunos no ambiente escolar. 
O objetivo é proporcionar a você uma visão do desenvolvimento da 
pessoa a partir de algumas concepções teóricas, e que você possa levar em 
conta tudo isso quando estiver no seu trabalho. 
Procure ler muitas outras fontes além do que se propõe neste curso. Uma 
revista em quadrinhos, um romance, um livro infantil, uma poesia ou apreciar um 
livro de pinturas ou contemplar a natureza. Tudo isso enriquece nosso 
conhecimento e desenvolve a nossa sensibilidade. Você pode verificar na 
biblioteca da sua escola quais os livros do seu interesse. Um educador com 
diferentes conhecimentos sente-se mais preparado e seguro na sua tarefa de 
educar os alunos. 
3 HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 
 
Fonte: www.orfeu.org 
 
Abordar a história, os compromissos e as perspectivas da Psicologia 
Escolar e Educacional significa tratar de três dimensões fundamentais de seu 
estatuto como área de conhecimento articulada a um campo de prática social. A 
natureza dessa relação se expressa, pelo menos, em duas dimensões: a 
http://www.orfeu.org/
 
psicologia educacional como um dos fundamentos científicos da educação e da 
prática pedagógica e a psicologia escolar como modalidade de atuação 
profissional que tem no processo de escolarização seu campo de ação, com foco 
na escola e nas relações que aí se estabelecem. Dada a complexidade e a 
multiplicidade dessas questões, seu estudo comporta um amplo espectro de 
focos possíveis, tornando necessária uma delimitação que implica a opção por 
alguns caminhos em detrimento de outros, que podem ser abordados em outras 
oportunidades. 
Numa perspectiva mais ampla, poder-se-ia tratar a Psicologia Escolar e 
Educacional por algumas de suas articulações mais antigas. A Grécia Antiga, 
entre outras civilizações, constitui-se numa rica fonte de estudos, por sintetizar, 
em sua produção filosófica, a teoria do conhecimento, as ideias psicológicas e 
as propostas sistemáticas de educação da juventude e sua correspondente ação 
pedagógica. É possível, nessa perspectiva, estudar Protágoras e os sofistas, 
Pitágoras e a escola pitagórica, Sócrates e a maiêutica, Platão e a Academia, 
Aristóteles e o Liceu, entre muitos outros. Por esse mesmo foco é possível 
estudar o pensamento medieval, em que filosofia/teologia, educação/pedagogia 
e ideias psicológicas permaneceram intimamente articuladas. 
Para Cosmo (2006), compreender a influência da Psicologia na Educação 
passa necessariamente pelo conhecimento histórico da relação que envolveu 
essas duas áreas do conhecimento. A busca por esse conhecimento demanda, 
portanto, a elaboração de um breve resgate histórico identificando como essa 
relação foi sendo constituída. 
 
 
Fonte: www.psicoativo.com 
http://www.psicoativo.com/
 
 
É preciso situar na trajetória dessa relação, as características que 
marcaram a relação da Psicologia com a Educação, as ideias psicológicas 
presentes na Educação Nacional, e ainda as contribuições da Psicologia para a 
área da Educação. Cosmo (2006), afirma que os estudos de pesquisadores da 
área da história da Psicologia, e, especialmente os dedicados à relação 
Psicologia e Educação revelam significativas contribuições da participação da 
Psicologia nos contextos educativos. Sendo assim, considerando os 
pesquisadores do campo da história da psicologia, faremos este resgate com 
vistas à compreender melhor a presença da Psicologia na Educação, 
especialmente por meio das chamadas teorias do desenvolvimento e da 
aprendizagem. 
A modernidade trará uma complexidade que amplia muito o espectro de 
análise dessas relações, proporcionando um campo quase incomensurável de 
estudos, que estende para a contemporaneidade suas determinações e nela se 
faz presente. Em última análise, pode-se afirmar que a relação entre psicologia 
e educação, sobretudo em suas mediações com as teorias de conhecimento, é 
algo que acompanha a própria história do pensamento humanoe constitui-se 
como complexo e extenso campo de estudo. Esta não é a perspectiva que será 
aqui tratada, mas reiterá-la é necessário para indicar a complexidade e a 
totalidade da qual faz parte o foco sob o qual a Psicologia Escolar e Educacional 
será abordada neste texto, qual seja, a Psicologia Escolar e Educacional no 
Brasil. 
O presente texto compõe-se de uma discussão inicial sobre alguns 
pressupostos do estatuto da Psicologia Escolar e Educacional, uma breve 
história das relações entre psicologia e educação no Brasil e um ensaio sobre 
os compromissos e as perspectivas colocadas para a construção de uma 
Psicologia Escolar e Educacional comprometida socialmente com os interesses 
da maioria da população. 
 
 
4 ESTATUTO DA PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: ALGUNS 
PRESSUPOSTOS 
Essa discussão exige, antes de mais nada, a explicitação de alguns 
conceitos presentes nos termos da expressão Psicologia Escolar e Educacional. 
Entendemos educação como prática social humanizadora, intencional, 
cuja finalidade é transmitir a cultura construída historicamente pela humanidade. 
O homem não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento 
ao mundo histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo, 
processo este para o qual concorre a educação. A historicidade e a sociabilidade 
são constitutivas do ser humano; a educação é, nesse processo, determinada e 
determinante. 
A escola pode ser considerada como uma instituição gerada pelas 
necessidades produzidas por sociedades que, por sua complexidade crescente, 
demandavam formação específica de seus membros. A escola adotou ao longo 
da história diversas formas, em função das necessidades a que teria que 
responder, tendo sido, em geral, destinada a uma parcela privilegiada da 
população, a quem caberia desempenhar funções específicas, articuladas aos 
interesses dominantes de uma dada sociedade. Essa realidade deve ser, no 
entanto, compreendida também a partir de suas contradições, sobretudo a 
concepção de escola como instância que se coloca hoje como uma das 
condições fundamentais para a democratização e o estabelecimento da plena 
cidadania a todos, e que, embora não seja o único, é certamente um dos fatores 
necessários e contingentes para a construção de uma sociedade igualitária e 
justa. Sob essa perspectiva, a escola, tal como nós a concebemos, tem como 
finalidade promover a universalização do acesso aos bens culturais produzidos 
pela humanidade, criando condições para a aprendizagem e para o 
desenvolvimento de todos os membros da sociedade. 
A pedagogia pode ser entendida como fundamentação, sistematização e 
organização da prática educativa. A preocupação pedagógica atravessa a 
história, sustentando-se em diferentes concepções filosóficas, constituindo-se 
sob diversas bases teóricas e estabelecendo várias proposições para a ação 
educativa. Com o desenvolvimento das ciências a partir da modernidade, o 
conhecimento científico tornou-se sua principal base de sustentação. 
 
 
Fonte: www.creciendoenespanol.blogspot.com.br 
 
A Psicologia Educacional pode ser considerada como uma sub-área da 
psicologia, o que pressupõe esta última como área de conhecimento. Entende-
se área de conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes 
produzidos de acordo com procedimentos definidos, referentes a determinados 
fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado 
em concepções ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas 
determinadas. Faz-se necessário, porém, considerar a diversidade de 
concepções, abordagens e sistemas teóricos que compõem o conhecimento, 
particularmente no âmbito das ciências humanas, das quais a psicologia faz 
parte. Assim, a psicologia da educação pode ser entendida como sub-área de 
conhecimento, que tem como vocação a produção de saberes relativos ao 
fenômeno psicológico constituinte do processo educativo. 
A Psicologia Escolar, diferentemente, define-se pelo âmbito profissional e 
refere-se a um campo de ação determinado, isto é, o processo de escolarização, 
tendo por objeto a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua 
atuação nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por outras 
sub-áreas da psicologia e por outras áreas de conhecimento. 
Deve-se, pois, sublinhar que psicologia educacional e psicologia escolar 
são intrinsecamente relacionadas, mas não são idênticas, nem podem reduzir-
se uma à outra, guardando cada qual sua autonomia relativa. A primeira é uma 
área de conhecimento (ou sub-área) e, grosso modo, tem por finalidade produzir 
http://www.creciendoenespanol.blogspot.com.br/
 
saberes sobre o fenômeno psicológico no processo educativo. A outra constitui-
se como campo de atuação profissional, realizando intervenções no espaço 
escolar ou a ele relacionado, tendo como foco o fenômeno psicológico, 
fundamentada em saberes produzidos, não só, mas principalmente, pela sub-
área da psicologia, a psicologia da educação. 
5 RELAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA 
BREVE HISTÓRIA 
A história da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil pode ser 
identificada desde os tempos coloniais, quando preocupações com a educação 
e a pedagogia traziam em seu bojo elaborações sobre o fenômeno psicológico. 
Massimi (1986; 1990), ao estudar obras produzidas no período colonial, no 
âmbito da filosofia, moral, educação e medicina, entre outras, identifica temas 
como: aprendizagem, desenvolvimento, função da família, motivação, papel dos 
jogos, controle e manipulação do comportamento, formação da personalidade, 
educação dos indígenas e da mulher, entre outros temas que, mais tarde, 
tornaram-se objetos de estudo ou campos de ação da psicologia. É importante 
destacar que a maioria desses escritos estava comprometida com os interesses 
metropolitanos e expressava as mazelas de sua dominação na colônia. 
Entretanto, há contradições, sendo que algumas dessas obras assumiram 
posições que se opunham aos ideais da metrópole, como a defesa da educação 
feminina, entre outras. Além disso, várias obras não apenas trataram de temas 
que viriam a ser próprios da psicologia, mas os trataram de maneira bastante 
original, antecipando formulações que viriam a ser incorporadas pela psicologia 
do século XX. 
 
 
 
Fonte: www.blogdonikel.wordpress.com/2014/09/02/o-movimento-escola-nova/ 
 
Para Cosmo (2006), na construção histórica elaborada por Coll (1996, 
1999), até aproximadamente o final do século XIX, a relação entre a Psicologia 
e a Educação esteve totalmente mediada pela filosofia, sendo correta, portanto, 
a afirmação de que nesse período, o pensamento educativo sofreu significativas 
influências de explicações psicológicas de natureza filosófica. 
Cosmo (2006) considera que as primeiras décadas do século XX, 
praticamente todas as teorias da Psicologia foram consideradas úteis para a 
Educação. O foco da Psicologia da Educação centrou-se na aplicabilidade do 
conhecimento psicológico no campo educativo, especialmente, no ambiente 
escolar. Para Gatti (1997), o domínio da Psicologia sobre a Educação remonta 
ao início do século XX e deixou evidências de que a Psicologia, desde seu 
surgimento, foi configurando-se como principal sustentáculo teórico para as 
práticas educativas. 
Durante os anos 20, o Brasil vive o movimento escolanovista e a 
Psicologia desponta como principal domínio científico fornecedor dos recursos 
teóricos metodológicos para educação escolarizada. (CUNHA, 1995). Para Urt 
(1989 apud Cosmo, 2006), os ideais da Escola Nova se contrapunham ao 
discurso da Pedagogia tradicional, enfatizado pela dimensão lógica dos 
conteúdos, em nome do processo ensino-aprendizagem, portanto, valorizando 
os aspectos psicológicos. 
http://www.blogdonikel.wordpress.com/2014/09/02/o-movimento-escola-nova/
 
Ainda nessa década, destaca-se a participação de Helena Antipoff,discípula de Claparède, na direção, em Belo Horizonte, Minas Gerais, de uma 
organização para formação de professores para o ensino de crianças com 
deficiência mental. O mesmo trabalho foi desenvolvido anos depois no Rio de 
Janeiro, especificamente pela Sociedade Pestalozzi. Nesses espaços, Helena 
Antipoff difundiu as ideias da Psicologia funcional e se dedicou a diversas 
pesquisas na área da Psicologia infantil. 
No século XIX, ideias psicológicas articuladas à educação foram também 
produzidas no interior de outras áreas de conhecimento, embora de maneira 
mais institucionalizada. No campo da pedagogia, escolas normais (criadas a 
partir da década de 1830) foram espaços de discussão, ainda que incipientes e 
pouco sistemáticos, sobre a criança e seu processo educativo, incluindo temas 
como aprendizagem, desenvolvimento, ensino e outros. Em meados do século, 
essa preocupação torna-se mais sistemática e freqüente e, nos anos finais desse 
mesmo século, é possível perceber a incorporação de conteúdos que mais tarde 
viriam a ser considerados como objetos próprios da psicologia educacional, com 
particular interesse por temas anteriormente estudados, como aprendizagem e 
desenvolvimento, mas também por outros que já seriam considerados 
expressões da psicologia do século XX, como a inteligência, por exemplo. Deve-
se destacar, no âmbito oficial, a Reforma Benjamin Constant, de 1890, que 
transformou a disciplina filosofia em psicologia e lógica, que, por desdobramento, 
gerou mais tarde a disciplina pedagogia e psicologia para o ensino normal. Data 
dessa época a introdução, ainda que assistemática e pontual, do ideário 
escolanovista, que só mais tarde viria a se tornar hegemônico no pensamento 
pedagógico e teria na psicologia seu principal fundamento cientifico. 
 
 
 
Fonte: www.edmarciuscarvalho.blogspot.com.br 
 
Os anos finais do século XIX e os primeiros anos do século seguinte 
trazem mudanças profundas na sociedade brasileira: fortalecimento do 
pensamento liberal; busca da "modernidade"; luta contra a hegemonia do modelo 
agrário-exportador, em direção ao processo de industrialização. Essas novas 
ideias traziam em seu bojo um novo projeto de sociedade, que exigia uma 
transformação radical da estrutura e da superestrutura social, para o qual seria 
necessário um novo homem, cabendo à educação responsabilizar-se por sua 
formação. 
Nesse contexto, o debate sobre a educação tomou vulto, com a defesa da 
difusão da escolaridade para a massa da população e uma maior sistematização 
das ideias pedagógicas, com crescente influência dos princípios da Escola Nova. 
Assim, as escolas normais passaram a ser o principal centro de propagação das 
novas ideias, baseadas nos princípios escolanovistas, com vistas à formação 
dos novos professores, encarregando-se do ensino, da produção de obras e do 
início da preocupação com a produção de conhecimentos por meio dos então 
inaugurados laboratórios de psicologia, fatores estes que deram as bases para 
as reformas estaduais de ensino promovidas nos anos 1920 e foram por estas 
potencializados. 
Foi nesse quadro que ocorreu, paulatinamente, a conquista de autonomia 
da psicologia como área especifica de conhecimento no Brasil, deixando de ser 
produzida no interior de outras áreas do saber, sendo reconhecida como ciência 
 
autônoma e dando as condições para que, por essa via, penetrassem os 
conhecimentos da psicologia que vinham sendo produzidos na Europa e nos 
Estados Unidos. 
Assim, percebe-se uma interdependência entre psicologia e educação, 
sobretudo pela via da pedagogia, a partir da articulação entre saberes teóricos e 
prática pedagógica. Pode-se afirmar que o processo pelo qual a psicologia 
conquistou sua autonomia como área de saber e o incremento do debate 
educacional e pedagógico nas primeiras décadas do século XX estão 
intimamente relacionados, de tal maneira que é possível afirmar que psicologia 
e educação são, historicamente, no Brasil, mutuamente constituintes uma da 
outra. Esse momento foi responsável pela consolidação da articulação entre 
psicologia e educação, dando as bases para a penetração e a consolidação 
daquilo que nos Estados Unidos e Europa já se desenvolvia sob a denominação 
de psicologia educacional. 
O período seguinte, a partir da década de 1930, caracteriza-se pela 
consolidação da psicologia no Brasil e tem como base a estreita relação 
estabelecida entre essa área e a educação. Os campos de atuação da psicologia 
que se desenvolveram a partir dessa época, tornando-se campos tradicionais da 
profissão, como a atuação clínica e a intervenção sobre a organização do 
trabalho, tiveram suas raízes na educação, respectivamente pela criação dos 
Serviços de Orientação Infantil nas Diretorias de Educação do Rio de Janeiro e 
de São Paulo e da Clínica do Instituto Sedes Sapientiae, com a finalidade de 
atender crianças com dificuldades escolares, e pela Orientação Profissional, 
dentre outras ações educacionais, no campo do trabalho. 
Ao mesmo tempo, o ensino formal de psicologia em cursos superiores 
tinha estreita articulação com a educação, pois as cátedras de psicologia 
estavam vinculadas primordialmente aos cursos de filosofia e de pedagogia, 
nestes últimos sob a denominação de psicologia educacional. 
Muitos foram os trabalhos realizados pela psicologia no âmbito da 
educação, dentre os quais: Serviço de Psicologia Aplicada do Instituto 
Pedagógico da Diretoria de Ensino de São Paulo; Sociedade Pestalozzi de Minas 
Gerais e, posteriormente, Sociedade Pestalozzi do Brasil; "Escola para 
Anormais" em Recife; atividades realizadas no INEP, particularmente com a 
utilização de testes psicológicos; a criação das Clínicas de Orientação Infantil; o 
 
trabalho desenvolvido por Helena Antipoff na Escola de Aperfeiçoamento de 
Professores e na Fazenda do Rosário; Instituto de Seleção e Orientação 
Profissional - ISOP-FGV; além dos trabalhos desenvolvidos por Ana Maria 
Poppovic com "crianças abandonadas" no Abrigo Social de Menores da 
Secretaria de Bem-Estar Social do Município de São Paulo; a fundação do 
Instituto de Psicologia da PUCSP, oferecendo serviços de medidas escolares, 
pedagogia terapêutica e orientação psicopedagógica; além das muitas 
instituições estritamente educacionais que desenvolviam trabalhos relacionados 
à Psicologia. 
 
Fonte: www.petpedufba.wordpress.com 
 
Pode-se dizer que a Educação continuou sendo a base para o 
desenvolvimento da psicologia, assim como esta permaneceu como principal 
fundamento para a educação, particularmente no âmbito pedagógico, como 
sustentação teórica da Didática e da Metodologia de Ensino, bases para a 
formação de professores. Essa tendência se expressa em experiências 
realizadas pela Escola Experimental da Lapa e pelos Ginásios Vocacionais em 
São Paulo, dentre outras inúmeras experiências, realizadas em todo o país. 
Concomitantemente, o ensino nas Escolas Normais e nos Cursos de 
Pedagogia continuavam dando à Psicologia espaço privilegiado em seus 
currículos. 
O desenvolvimento da pesquisa também ganha impulso, tendo como 
referência algumas instituições, como o Instituto de Educação do Rio de Janeiro; 
Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte; Instituto de 
Seleção e Orientação Profissional de Recife; Laboratório de Psicologia 
http://www.petpedufba.wordpress.com/
 
Educacional do Instituto de Educação (evolução do Instituto Pedagógico de São 
Paulo); Núcleo de Pesquisas Educacionais da Municipalidade do Rio de Janeiro; 
Instituto Nacional de Surdos-mudos e o Centro Brasileiro de Pesquisas 
Educacionais - CBPE - e seus correlatos, os Centros Regionais de Pesquisas 
Educacionais - CRPE; além da produção de escolas normais e universidades. 
Nesse contexto, começam a se diferenciar, ainda que de forma não 
sistemática e formal, a psicologia educacional, como conjunto de saberes que 
pretende explicar e subsidiara prática pedagógica, sendo, portanto, de domínio 
necessário para todos os educadores, e a psicologia escolar, como campo de 
atuação de profissionais da psicologia que atuariam no âmbito da escola, 
desempenhando uma função especifica, alicerçada na psicologia e que se 
caracterizou inicialmente por adotar o modelo clínico de intervenção. 
Embora contradições possam ser apontadas, revelando produções 
teóricas e práticas afinadas com a construção de uma escola comprometida com 
a aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos, particularmente aqueles 
oriundos das camadas populares, o papel que a psicologia desempenhou na 
educação tornou-se objeto de crítica. A utilização e a interpretação 
indiscriminadas e aligeiradas de teorias e técnicas psicológicas, como os testes 
(principalmente os de nível mental e de prontidão); a responsabilização da 
criança e de sua família, em nome de problemas ditos de "ordem emocional", 
para justificar o desempenho do aluno na escola e a redução dos processos 
pedagógicos aos fatores de natureza psicológica colaboraram para 
interpretações e práticas no mínimo equivocadas, desprezando o processo 
educativo como totalidade multideterminada, relegando a segundo plano, ou 
omitindo, fatores de natureza histórica, social, cultural, política, econômica e, 
sobretudo, pedagógica na determinação do processo educativo. 
Esse processo culmina, em 1962, com a regulamentação da profissão de 
psicólogo e o estabelecimento de cursos específicos para sua formação. As 
ações desenvolvidas no período anterior deram as bases para os campos 
tradicionais de atuação da psicologia: educação, clínica e trabalho. 
Um fato interessante a ser mencionado é que, justamente com a 
regulamentação da profissão, o campo da educação, antes base principal para 
o desenvolvimento da psicologia no Brasil, torna-se secundário para os 
profissionais da área. Isso se revela não apenas no âmbito curricular, mas, 
 
sobretudo, na preferência de alunos e profissionais pelos campos da clínica e da 
organização do trabalho. Esse é também um dos fatores explicativos para a 
adoção de uma modalidade clínico-terapêutica na ação da psicologia escolar, 
tendo como base o modelo médico, questão que será discutida adiante. 
 
 
Fonte: http://www.ieschavesnogales.es.com.br 
 
Entretanto, as relações entre educação e psicologia vão se diferenciando. 
De um lado, a área da psicologia educacional, foco de interesse tanto de 
pedagogos como de psicólogos, e, de outro, o campo da psicologia escolar, 
como atributo específico do profissional da psicologia que atua no espaço 
escolar. O conhecimento psicológico estava incorporado à Pedagogia e à prática 
dos educadores e a atuação do psicólogo escolar adotava um modelo cada vez 
mais clínico-terapêutico, agindo fora da sala de aula, focando sua atenção na 
dimensão individual do educando e em seus "problemas", atendendo, sobretudo, 
demandas específicas da escola, que encaminhava as crianças que tinham, a 
seu ver, "problemas de aprendizagem" ou outras manifestações consideradas 
como "distúrbios" inerentes ao próprio educando. 
Pode-se falar que esse período herdou do período anterior o que pode ser 
interpretado como hipertrofia da psicologia na educação, numa tendência 
reducionista, que passou, na década de 1970, a ser criticada tanto por 
pedagogos como por psicólogos. Criticava-se a utilização dos testes e a 
 
interpretação de seus resultados, que atribuía ao aluno a determinação de seus 
"problemas", desconsiderando as condições pedagógicas; o encaminhamento 
de alunos com deficiência que, sob a justificativa de lhes proporcionar uma 
"educação especial", relegava-os a condições aligeiradas de ensino e sem 
solução de continuidade, reforçando estigmas e preconceitos e produzindo 
social e pedagogicamente a deficiência intelectual; as interpretações e ações 
supostamente fundamentadas na psicologia, por educadores e psicólogos, 
calcadas em fatores como: atraso no desenvolvimento, distúrbios de atenção, 
motores ou emocionais (estes em geral relacionados estritamente às condições 
intrínsecas da criança ou da família). Uma das consequências apontadas por 
essas críticas era a desconsideração dos determinantes de natureza social, 
cultural, econômica e, sobretudo, pedagógica; daí falar-se em reducionismo. 
Alguns psicólogos escolares e pesquisadores da área começaram, nessa 
época, a elaborar uma crítica radical à Psicologia Escolar e Educacional, com 
base em argumentos semelhantes aos apontados por pedagogos e educadores 
em geral. De um lado, criticava-se a já apontada hipertrofia da psicologia na 
educação e o reducionismo dos fatores educacionais e pedagógicos às 
interpretações psicologizantes. Por outro lado, enfocando mais especificamente 
a prática da psicologia escolar e aprofundando a crítica a seu modo de ação, 
avançavam para a demonstração de que o enquadramento clínico-terapêutico 
baseava-se num modelo médico, estranho às determinações pedagógicas, que 
tendia a patologizar e individualizar o processo educativo, distanciando-se da 
compreensão efetiva dos determinantes desse processo e desconsiderando 
ações então denominadas preventivas, que deveriam voltar-se para as 
condições mais propriamente pedagógicas, de forma a atuar mais coletivamente, 
com base naquilo que hoje seria denominado de interdisciplinaridade, com os 
demais profissionais da educação e da escola. Alguns dos focos possíveis de 
atuação eram apontados, naquela época, em direção à formação de 
professores, à intervenção no âmbito das relações escola-família-comunidade, 
ao processo grupal estabelecido na instituição escolar, dentre outros. Particular 
preocupação entre psicólogos escolares incidia sobre os índices de reprovação 
na então 1ª. série do 1º. Grau, que mostravam que mais da metade dos alunos 
ficava retida nessa série, muitas vezes na condição de alunos multirrepetentes, 
 
culminando com o abandono da escola, processo este que atingia 
fundamentalmente alunos oriundos das classes populares. 
Esse fato levou muitos profissionais da psicologia a se interessar pela 
alfabetização em especial e, de maneira mais ampla, pela articulação mais 
estreita entre os conhecimentos produzidos pela psicologia e aqueles produzidos 
por outras áreas de saber, principalmente a sociologia da educação, uma vez 
que a questão relativa à relação entre desempenho escolar e condições sócio-
econômicas ganhava espaço nos debates educacionais. 
Entretanto, poucos trabalhos conseguiram efetivar esse modelo de 
atuação, comprometido com o processo pedagógico, em decorrência 
principalmente da expectativa da escola, cristalizada na modalidade clínica de 
psicologia, pautada no encaminhamento do aluno para que ele fosse "curado" 
fora do espaço da sala de aula e depois devolvido "sem problemas", tirando da 
escola a responsabilidade da ação sobre a escolarização da criança. Foram, 
porém, esses poucos trabalhos, muitas vezes pautados na desconstrução 
dessas expectativas da escola, que deram as bases para a superação daquela 
psicologia escolar clínico-terapêutica, na direção de uma psicologia que pode ser 
denominada efetivamente como escolar, delimitando seu campo de atuação e 
criando uma modalidade de trabalho efetivamente comprometida com o 
cotidiano da escola em sua função essencialmente pedagógica. 
Nesse sentido, a superação dessa situação exigia não somente a crítica 
à hipertrofia da psicologia na educação, ao reducionismo, às interpretações 
aligeiradas e banalizadas, às ações fundadas num modelo estranho à educação, 
como o modelo médico, e à culpabilização da criança e de sua família, mas 
também a restituição de seu núcleo de bom senso. Fazia-se necessário devolver 
à psicologia seu lugar no processo pedagógico. 
É necessário, pois, que se considere que o processo educativo ocorre no 
âmbito do sujeito; assim, a dimensão psicológica não pode ser negada, masincorporada na apreensão do fenômeno em sua totalidade, condição 
fundamental para a produção de conhecimento nesse campo, responsabilidade 
da psicologia educacional. Esta, por sua vez, deve fundamentar, naquilo que lhe 
cabe, a compreensão do fenômeno educativo e dar base para o estabelecimento 
de processos efetivos de intervenção, que poderiam constituir-se na matriz de 
atuação do psicólogo escolar. 
 
Dessas considerações parte-se agora para um ensaio que visa discutir 
possibilidades e limites para a construção de uma Psicologia Escolar e 
Educacional, sob o foco de seus compromissos e perspectivas. 
6 COMPROMISSOS E PERSPECTIVAS PARA A PSICOLOGIA ESCOLAR 
E EDUCACIONAL 
 
Fonte: www.novaescola.org.br 
É condição para a discussão de compromissos, assim como das 
perspectivas que se colocam a partir deles, a explicitação do lugar a partir do 
qual se fala. Compromisso implica três instâncias: aquele que se compromete 
(neste caso, referimo-nos à Psicologia Escolar e Educacional), aquele com quem 
se compromete (as classes populares) e aquilo com que se compromete (a 
construção de uma educação democrática). Trata-se, portanto, de discutir o 
compromisso da Psicologia Escolar e Educacional com a educação das classes 
populares, o que torna necessário expor a concepção de educação que dá base 
à posição aqui defendida. 
A educação que aqui se afirma é uma educação rigorosa e amplamente 
democrática, que deve ser acessível a todos e que não transige na defesa desse 
princípio. É concebida como instância social responsável pela tarefa de 
socialização dos conhecimentos produzidos pela humanidade ao longo de sua 
história, criando condições para que todos possam ascender do senso-comum 
aos saberes fundamentados, articulados e sintéticos sobre o mundo. Educação 
 
democrática significa, portanto, democratização de saberes; saberes estes que 
foram historicamente privilégios - na produção e no acesso - das classes 
dominantes. Para que ela se realize em cada sujeito, é necessário garantir o 
domínio de recursos necessários para a apreensão do conhecimento, como o 
domínio da leitura e da escrita, da matemática e de outros recursos próprios da 
contemporaneidade, como informática e línguas estrangeiras. Isso, entretanto, 
constitui-se tão somente o ponto de partida, pois são apenas os meios 
necessários para a aquisição de outros conhecimentos, que devem ser 
considerados em todas as suas expressões, da filosofia à ciência e às artes, em 
permanente diálogo com a cultura própria da criança, que deve ser respeitada e 
considerada no processo de ensino-aprendizagem. Disso decorre uma 
concepção de prática pedagógica centrada nos processos de ensino e 
aprendizagem, cuja finalidade é propiciar o desenvolvimento pleno do educando, 
em todos os aspectos que o constitui como sujeito singular e, ao mesmo tempo, 
pertencente ao gênero humano. 
Essa concepção de educação remete ao compromisso com a 
concretização de políticas públicas de educação radicalmente comprometidas 
com os interesses das classes populares. Isso significa garantir pleno acesso e 
condições de permanência de todos os educandos na escola, 
independentemente de suas condições, cabendo à escola transformar-se para 
possibilitar-lhes condições efetivas de escolarização; essa questão traduz o 
princípio de educação inclusiva, que incorpora não só a educação de alunos com 
deficiência, mas todos aqueles que, por diversos motivos, são alijados da escola 
e de seus bens. 
Para isso, faz-se necessário que se construam currículos articulados às 
finalidades acima expostas, superando os conhecidos "currículos mínimos", 
geralmente entendidos como paliativos ou educação de segunda categoria para 
pessoas socialmente consideradas também como tal, com especial atenção aos 
processos avaliativos, que têm sido um dos meios mais efetivos para a 
materialização da exclusão de crianças das classes populares ao direito de uma 
educação de boa qualidade. Esse processo depende também da gestão 
democrática da escola e, sobretudo, no investimento maciço na formação dos 
educadores. 
 
 
 
Fonte: www.encenasaudemental.net 
 
Cabe, portanto, discutir as possibilidades e limites da Psicologia Escolar 
e Educacional na construção de políticas públicas de educação comprometidas 
socialmente com as classes populares; eis aqui a questão relativa às 
perspectivas colocadas para essa área de conhecimento e campo de atuação. 
Disso resulta a afirmação de alguns princípios que podem ser expressos 
a partir das assertivas que seguem. 
A educação é constituída por múltiplos determinantes, dentre os quais os 
fatores de ordem psicológica; portanto, a psicologia tem contribuição para a 
Educação. 
Que seja uma psicologia capaz de compreender o processo ensino-
aprendizagem e sua articulação com o desenvolvimento, fundamentada na 
concreticidade humana (determinações sócio-históricas), compreendida a partir 
das categorias totalidade, contradição, mediação e superação. Deve fornecer 
categorias teóricas e conceitos que permitam a compreensão dos processos 
psicológicos que constituem o sujeito do processo educativo e são necessários 
para a efetivação da ação pedagógica. 
A psicologia deve assumir seu lugar como um dos fundamentos da 
educação e da prática pedagógica, contribuindo para a compreensão dos fatores 
presentes no processo educativo a partir de mediações teóricas "fortes", com 
 
garantia de estabelecimento de relação indissolúvel entre teoria e prática 
pedagógica cotidiana. 
Esta psicologia deve propiciar a compreensão do educando a partir da 
perspectiva de classe e em suas condições concretas de vida, condição 
necessária para se construir uma prática pedagógica realmente inclusiva e 
transformadora. 
A psicologia como um dos fundamentos do processo formativo do 
educador deve propiciar o reconhecimento do educador/professor como sujeito 
do processo educativo, traduzindo-se na necessidade de mudanças profundas 
das políticas de formação inicial e continuada desse protagonista fundamental 
da educação. 
Por sua vez, a ação do psicólogo escolar deve pautar-se no domínio do 
referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado 
necessariamente por conhecimentos que são próprios do campo educativo e das 
áreas de conhecimento correlatas. O próprio referencial teórico que aqui 
defendemos implica o trânsito por outros saberes (totalidade). Daí, a 
necessidade de superação das práticas tradicionais do psicólogo escolar, muitas 
vezes pautadas ainda numa perspectiva, nem sempre consciente ou assumida, 
de ação clínico-terapêutica. 
Em outras palavras, afirmamos uma psicologia escolar comprometida 
radicalmente com a educação das classes populares, que supere o modelo 
clínico-terapêutico disfarçado e dissimulado ainda presente na representação 
que o psicólogo tem de sua própria ação, entendendo que a representação e, 
consequentemente, as expectativas que os demais profissionais da educação 
têm da psicologia só serão superadas pela própria prática do psicólogo escolar. 
 
 
 
Fonte: www.maispsicologia-ro.blogspot.com.br 
 
Mudanças efetivas só ocorrerão a partir do envolvimento do psicólogo 
com as questões concretas da educação e da prática pedagógica; é necessário 
superar o preconceito de não querer tornar-se "pedagogo". O psicólogo não é 
pedagogo, mas se quiser trabalhar com educação terá que mergulhar nessa 
realidade como alguém que faz parte dela, reconhecendo-se como portador de 
um conhecimento que pode e deve ser socializado com os demais educadores, 
tanto no trabalho interdisciplinar, como na formação de educadores, sobretudo 
professores; que detém um saber que pode contribuir com os processos sócio-
institucionais da escola; tem um conhecimento específico que pode e deve 
reconhecer o que é próprio de sua formação profissional, e, ouso afirmar, 
algumas vezes inclusive de caráter clínico-terapêutico,voltado para casos 
individuais; possui ou pode desenvolver conhecimentos importantes para a 
gestão de sistemas e redes de ensino, sobretudo no âmbito de diagnósticos 
educacionais (avaliação institucional, docente, discente etc.) e na intervenção 
sobre tais resultados. 
 
 
7 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
Fonte: http://www.psicologiamsn.com 
 
O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se 
tenta compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, 
alguns autores se dispuseram a estudar esses aspectos e assim instituir 
maneiras específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se 
possa colaborar com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma 
aprendizagem satisfatória ao longo de sua vida nos aspectos escolares. 
O desenvolvimento humano ocorre desde os primórdios da humanidade, 
mas o aspecto científico do homem só passou a ser estudado por volta do século 
XIX. Em 1877, Charles Darwin publica um artigo baseado em algumas anotações 
que fez de seu filho durante os primeiros anos de sua vida, iniciando assim os 
estudos científicos sobre o desenvolvimento humano. A partir disto, os autores 
se ocupam em compreender o homem mediante o “estudo científico de como as 
pessoas mudam, bem como das características que permanecem 
razoavelmente estáveis durante toda a vida” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 
2006, p. 47). 
No início dos estudos sobre o desenvolvimento humano, os responsáveis 
por esta tarefa consideravam que o desenvolvimento ocorria apenas na fase da 
infância. Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece e 
 
estuda o desenvolvimento ao longo da vida do sujeito, tendo seu fim apenas com 
o final da vida do mesmo. É o que se conhece pelo desenvolvimento do ciclo da 
vida, pois não basta apenas entender como se dá este desenvolvimento durante 
a infância, mas também como ele continua a ocorrer durante a fase adulta e 
atualmente, o estudo científico do envelhecimento faz parte deste campo vasto 
que busca a compreensão cada vez mais detalhada da vida do ser humano. 
Em todos os campos de estudo sobre o ser humano, há que se considerar 
as diferenças de pensamentos e abordagens que tentam cada um de sua 
maneira explicar tais fenômenos. No campo do desenvolvimento, a história se 
encarrega de mostrar como as discussões evoluíram ao longo do tempo. Mas o 
que intriga a todos é a relação entre os aspectos individuais do sujeito versus os 
aspectos do ambiente. O que influencia mais no desenvolvimento humano? 
Seria suas características individuais, sua personalidade, seus aspectos 
biológicos? Ou seria os aspectos do ambiente, o contexto em que este sujeito 
vive que teria maior poder de influência sobre sua vida? 
Mas chegar a uma conclusão não é simples, por isso as diversas 
abordagens teóricas existem atualmente para que cada uma possa contribuir a 
sua maneira para a compreensão do desenvolvimento humano. O que há de 
consenso entre estas abordagens são as etapas em que o desenvolvimento 
ocorre, cada uma com suas nomenclaturas específicas, porém indicando 
basicamente as mesmas fases do ciclo vital. 
Griggs (2009) apresenta um conjunto de estágios que considera ser 
bastante usado principalmente por psicólogos desenvolvimentistas, cada um 
desses estágios seria constituído por diferentes mudanças biológicas, cognitivas 
e sociais. Estas fases seriam: Pré-natal (da concepção ao nascimento); Primeira 
infância (do nascimento aos 2 anos); Infância (2 aos 12 anos); Adolescência (12 
aos 18 anos); Idade adulta jovem (18 aos 40 anos); Idade adulta média (40 aos 
65 anos); e Idade adulta tardia (acima de 65 anos). Vale ressaltar que essas 
idades são apenas idades médias, significando que cada pessoa irá passar por 
essas fases de desenvolvimento em idades específicas para a sua realidade. Ou 
seja, essa seria a ordem de desenvolvimento que ocorre com todas as pessoas, 
a direção é a mesma para todos, o que muda é o tempo de mudança de uma 
fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu tempo de desenvolvimento, uns mais 
rápidos, outros nem tanto. 
 
Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, 
ou seja, os chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os 
movimentos. Alguns destes movimentos têm características que garantem a 
sobrevivência da criança, tais como a sucção e a respiração, que são respostas 
não aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais movimentos reflexos 
tendem a desaparecer em poucos meses de vida. 
Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende 
a sentar, a engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual 
depende do desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se 
desenvolvem no período de bebê, a visão fica permanentemente perdida. As 
redes neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já as que não são utilizadas 
são eliminadas. 
 
 
Fonte: www.gustavofisio.blogspot.com.br 
 
As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de 
duas formas, uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas 
durante o desenvolvimento são aquelas que correspondem às mudanças 
numéricas ou de quantidade como, por exemplo, o peso e a altura da pessoa, 
aquilo que se pode mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças qualitativas 
são aquelas que ocorrem no nível de estrutura ou organização. São marcadas 
pelo surgimento de novos mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem 
à criança se adaptar aos novos desafios que lhe são impostos (BELSKY, 2010). 
Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se 
considerar os aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir 
das mudanças no sujeito. Direta ou indiretamente, as tradicionais áreas da 
 
Psicologia da Educação têm estudado e pesquisado situações que possam ser 
relacionadas à aprendizagem. Pode-se considerar como Teorias da 
Aprendizagem os diversos modelos existentes que procuram explicar o processo 
de aprendizagem nos indivíduos. 
Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o 
processo de aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na 
educação são as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A 
Epistemologia Genética desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da 
experiência com crianças desde o nascimento até a adolescência, tendo como 
premissa o fato de que o conhecimento é construído a partir da interação do 
sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes (PIAGET, 1974). Já os 
estudos de Vygotsky se baseiam na dialética das interações do sujeito com o 
outro e com o meio para que possa ocorrer o desenvolvimento sóciocognitivo 
(VYGOTSKY, 1999). 
A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a 
filosofia e a biologia, supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se 
originava da adaptação da criança ao seu ambiente, e assim buscando promover 
sua sobrevivência por meio da tentativa de aprender sobre seu ambiente. Isso 
transforma acriança em alguém que busca o conhecimento e a compreensão do 
mundo, mas com uma característica importante para Piaget, que é o fato da 
criança operar sobre este mundo. 
O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são 
estruturas indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos 
entre outras coisas. Sendo assim, estes esquemas permitem que o ser humano 
organize e interprete as informações sobre o mundo. Na memória do ser humano 
(memória de longo prazo) existem esquemas para conceitos como livros ou 
cachorros; esquemas para eventos, como ir a um restaurante; e esquemas para 
ações, como andar de bicicleta. 
Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos 
estágios desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma 
diferença básica entre estes dois autores. Para Piaget a estruturaçãodo 
organismo ocorre antes do desenvolvimento, já para Vygotsky, o 
desenvolvimento das estruturas mentais superiores é gerado a partir do 
processo de aprendizagem do sujeito (PALANGANA, 2001). 
 
Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A 
aprendizagem ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou 
as pessoas mais próximas da criança. Para este autor, a cultura influencia tanto 
quanto os processos do desenvolvimento cognitivo infantil, pelo fato de que o 
desenvolvimento acontece dentro deste contexto cultural. 
No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o 
sujeito apresenta, no seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações 
e desafios que lhes são impostos durante sua interação com o meio. Atualmente, 
a aprendizagem é compreendida como um processo global, dinâmico, contínuo, 
individual, gradativo e cumulativo. 
De acordo com as características escolares, há a necessidade de que o 
aluno seja um processador ativo da informação que lhe é transmitida, não basta 
apenas ser um receptor passivo do conhecimento, o aluno precisa decodificar o 
que lhe é ensinado e assim absorver este conhecimento. De acordo com Papalia, 
Olds, Feldman (2006) são duas as principais teorias da aprendizagem: o 
Behaviorismo e a Teoria da aprendizagem social, mas pode-se considerar o 
Construtivismo também como uma das mais importantes atualmente. 
 
 
 
Fonte: www.mundodelivros.com 
 
De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do 
sujeito é passível de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta 
abordagem ocorreu com John Watson (1878-1958) e Ivan Pavlov (1849-1936), 
porém o estabelecimento dos princípios e da Teoria são creditados à Burruhs 
 
Skinner (1904-1990), fato que representa uma renovação do 
comportamentalismo watsoniano. 
Uma das pesquisas mais notável de Skinner é a respeito dos diferentes 
programas de reforço que foram desenvolvidos a partir da “Caixa de Skinner”, 
em que o papel necessário do reforço no comportamento operante foi 
demonstrado a partir das experiências com a pressão na barra pelo rato, que 
recebia comida toda vez que dava a resposta correta. Mas Skinner deixou claro 
que o reforço do mundo real nem sempre é consistente ou contínuo, no entanto, 
a aprendizagem ocorre e os comportamentos persistem, ainda que reforçados 
só intermitentemente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e 
com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O 
ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser produto 
do meio. No aspecto do ensino, ao se seguir as características do Behaviorismo, 
é preciso preparar e organizar as contingências de reforço que irão facilitar a 
aquisição dos esquemas e dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse 
planejamento e organização das contingências ficaria a cargo do professor. As 
pesquisas comportamentais concentram-se na aprendizagem associativa, em 
que se forma uma ligação mental entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem 
associativa são o condicionamento clássico e o condicionamento operante 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento 
clássico é que uma pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um 
estímulo que originalmente não a provocava, depois que o estímulo é 
repetidamente associado a outro que provoca a resposta. Este tipo de 
aprendizagem foi descrito inicialmente a partir dos estudos de Pavlov em seus 
estudos com cães, que aprendiam a salivar quando ouviam uma sineta que 
tocava na hora da alimentação. 
O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um 
comportamento originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma 
resposta condicionada, ou seja, o sujeito aprende com as consequências de 
“operar” sobre o ambiente. A partir dos estudos com ratos e pombos, Skinner 
afirmava que os mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres humanos. 
 
Com isso, chegou à conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que 
foi reforçada, e ao contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida. 
Em contrapartida surge a Teoria da Aprendizagem Social, que tem como 
característica considerar que as crianças aprendem comportamentos sociais a 
partir da observação e imitação de modelos. Tem como seu principal 
representante Albert Bandura (1925), e pode ser considerada uma forma de 
comportamentalismo menos extrema que a de Skinner, que reflete e reforça o 
impacto do interesse renovado pelos fatores cognitivos. Outra diferença é que a 
Teoria da Aprendizagem Social considera o aprendiz como sujeito ativo, com 
isso, a pessoa atua sobre o ambiente, e em até certo ponto, cria o ambiente 
(BANDURA; POLYDORO; AZZI, 2008). 
A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e 
modificado em situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas. 
Reconhece a importância da cognição, consideram as respostas cognitivas às 
percepções, em vez de respostas basicamente automáticas ao reforço ou à 
punição, como centrais para o desenvolvimento. 
Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem 
depende do que elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o 
reforço está presente, e a criança pode aprender determinado tipo de 
comportamento na ausência de reforço diretamente vivenciado. Com isso, 
aprende-se pela observação do comportamento e das consequências deste 
comportamento de outra pessoa. 
Consequentemente, esta capacidade de aprender pelo exemplo supõe a 
aptidão de antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras 
pessoas e ainda não vivenciadas. 
As pesquisas de Bandura sobre a autoeficácia trouxeram discussões 
sobre uma forma de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Essa 
autoeficácia seria o sentido de autoestima ou de valor próprio de um sujeito, a 
sensação de adequação e eficiência em tratar dos problemas da vida. Sujeitos 
com autoeficácia elevada apresentam a capacidade de lidar com todos os 
eventos de sua vida, eles esperam superar obstáculos e, como resultado, 
buscam desafios, perseveram e mantêm um alto nível de confiança em sua 
aptidão para ter êxito (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
 
A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é 
compreendido como a corrente teórica da educação que explica como a 
inteligência humana se desenvolve. Neste ponto, suas discussões são 
construídas partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é 
determinado pelas ações mútuas entre indivíduo e meio. 
 
 
Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
 
É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética 
de Jean Piaget e da Teoria Sócio-histórica de Lev Vygotsky. Estas influências 
levaram à crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não 
é um sujeito passivo no mundo. Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o 
homem é capaz de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu 
próprio conhecimento. Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será 
sua organização cognitiva (COLL; SCHILLING, 2004). 
De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito 
tem que agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, 
agrupá-los, combiná-los, separá-los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento 
não é nem uma cópia interior dos objetos, ou acontecimentos do real, nem meros 
reflexos desses objetos e acontecimentos que se imporiam ao sujeito. Partindo 
deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante busca do 
significado das coisas. Esse significado é construído a partir da globalidade e 
das partes que constituem aquilo que se quer conhecer. Como ponto 
fundamental de aprendizagem, aprender é construir o seu próprio significado e 
não encontrar respostascertas dadas por outra pessoa. 
 
8 PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
 
Fonte: www.biohouseterapias.com.br 
 
A psicologia do desenvolvimento humano é uma área de conhecimento 
que tem por objetivo analisar e compreender como os processos físicos e 
psicológicos se desenvolvem em cada etapa do crescimento humano. O 
desenvolvimento físico, cognitivo, social, afetivo e psicológico tem princípio na 
concepção e fecundação do óvulo e continua durante todas as fases da vida de 
um sujeito tendo fim com a morte. Para que se considere o desenvolvimento de 
um indivíduo, é, portanto, imprescindível integrar várias áreas de conhecimento 
como educação, biologia, sociologia, antropologia, medicina, que juntas poderão 
dar um diagnóstico comportamental sobre ele. 
A psicologia do desenvolvimento se debruça sobre as transformações 
psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo com um indivíduo e utiliza 
estudiosos da área como o grande teórico sobre o assunto, Jean Piaget, para 
trilhar modelos que como as mudanças que acontecem na vida do sujeito e de 
que modo podem ser compreendidas e descritas. No começo dos estudos sobre 
essa área, apenas crianças e adolescentes eram analisados nas pesquisas. 
Hoje, os estudos se ampliam para todas as etapas da vida, pois se compreende 
que os seres humanos vivem em constantes mudanças e que essas análises 
contribuem para o desenvolvimento também de adultos. 
http://www.biohouseterapias.com.br/
 
O desenvolvimento é um processo contínuo que tem início desde a 
concepção, e tem continuidade após a fecundação do óvulo, percorrendo a partir 
da subdivisão celular até que milhões de células sejam formadas. À medida que 
as células assumem funções especializadas, dá-se início a formação dos 
sistemas que dão base para a parte física do desenvolvimento. Porém, o 
desenvolvimento físico, cognitivo, social, afetivo tem continuidade durante todas 
as fases da vida de um sujeito e termina com a morte. 
Assim, o fenômeno do desenvolvimento, faz articulações e interfaces com 
várias áreas do conhecimento como: a educação, biologia, sociologia, 
antropologia, medicina, entre outros, interagindo com diversos saberes a fim de 
fomentar suas explicações. 
A psicologia do desenvolvimento traz uma compreensão sobre as 
transformações psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo, com auxílio de 
algumas teorias e teóricos, bem como Jean Piaget, esses modelos se propõem 
em explicar como as mudanças ocorrem na vida do sujeito e de que modo podem 
ser compreendidas e descritas. 
Tradicionalmente, os primeiros estudos referentes à psicologia do 
desenvolvimento faziam menção somente ao desenvolvimento da criança e do 
adolescente. Entretanto, esse foco vem mudando ao longo dos anos, e hoje, 
tem-se uma ideia que o estudo sobre o desenvolvimento humano deve abranger 
todo processo de ciclo vital. 
A Psicologia do desenvolvimento humano é o estudo científico do biólogo 
e psicólogo suíço Jean Piaget, nascido em 1896, responsável por inúmeras 
contribuições para a biologia, psicologia e pedagogia. Desde cedo ele se 
interessou por história natural, filosofia, a mente humana, religião e outros 
diversos assuntos, por conta disso, recebeu inúmeros prêmios de Universidades 
renomadas, além de ser autor de vários livros e artigos científicos sobre 
aprendizagem e desenvolvimento humano até 1980, o ano em que faleceu. 
 
 
 
Fonte: www.pensador.com.br 
 
Observando suas filhas e outras crianças, Jean Piaget constatou que elas 
não se comportavam e raciocinavam como os adultos. Nesse sentido, ele 
começou a estudar as mudanças de comportamento de uma pessoa ao longo 
de sua vida e as diferentes fases que ela passa, além de caracterizar 
comportamentos a partir de uma faixa etária. 
Segundo Piaget, as mudanças estão relacionadas à formação da 
identidade de um indivíduo, o seu entendimento, habilidades físicas e 
intelectuais, percepção de conceitos, desenvolvimento dos aspectos emocionais 
e sociais, entre outros. 
De acordo com Piaget essas mudanças são adquiridas em determinadas 
fases da vida. E estas alterações são divididas em quatro estágios do 
desenvolvimento humano. São eles: 
Período Sensório-Motor (0 a 2 anos) 
Nessa fase, a criança adquire controle motor, percepção das coisas, cria 
laços afetivos e demonstra dos primeiros movimentos e reflexos. Esse período 
refere-se a um estágio anterior à linguagem, ou seja, a criança controla suas 
ações por meio de informações sensoriais. 
Período Pré-Operatório (2 a 7 anos) 
Além de aprimorar os comportamentos anteriores, criança começa a usar 
a linguagem, os símbolos e desenvolve a fala e habilidades físicas, porém ainda 
 
não é capaz de realizar operações concretas. Nessa fase, ela ainda não 
consegue se colocar no lugar do outro e ter empatia e por conta disso, o 
egocentrismo ainda é predominante. 
Período das Operações Concretas (7 a 12) 
Nesse período ocorre o aprimoramento das habilidades anteriores e 
também o desenvolvimento da capacidade de raciocinar e de decidir algumas 
questões mais simples. Essa fase é marcada pelo aprimoramento do 
pensamento, ou seja, a criança começa a raciocinar de forma lógica, a solucionar 
problemas e dominar tempo e números. 
Período das Operações Formais (12 anos em diante) 
Na última fase, as capacidades e competências estão totalmente 
desenvolvidas. Nesse período, a pessoa consegue dominar o pensamento 
lógico, agregar valores morais à sua conduta, além de iniciar a transição do 
pensamento para o modo adulto e tomar decisões mais complexas. 
O desenvolvimento e/ou as mudanças, vão acontecendo devido à 
influência de basicamente quatro aspectos: 
Hereditariedade 
A carga genética, ou seja, o que a pessoa herda dos pais, é o que define 
o seu potencial. Entretanto, ele pode ou não ser desenvolvido, tudo depende dos 
estímulos que o indivíduo recebe do ambiente. 
Crescimento orgânico 
Diz respeito ao aspecto físico da pessoa. A partir do momento que o 
indivíduo adquiri estabilização corporal ela consegue desenvolver novos 
comportamentos e ações que antes não eram possíveis. 
Maturação neurofisiológica 
Aqui, a pessoa desenvolve padrões de comportamentos de acordo com 
as funções cognitivas adquiridas e seu desenvolvimento neurológico. É nessa 
fase também, que o indivíduo abandona de forma gradativa o egocentrismo. 
Meio 
O comportamento do ser humano se modifica e é incentivado, seja de 
forma negativa ou positiva, de acordo com os estímulos que ele recebe do meio 
em que ele vive e frequenta. 
 
 
 
Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br 
 
Esse processo está ligado à nossa linha cronológica, ou seja, quando 
somos crianças, passamos pelo processo de aprendizagem, como a percepção 
do mundo ao nosso redor, cores, fala, nossas características físicas e preceitos 
básicos. Já quando adolescentes, conseguimos refletir e decidir algumas coisas 
por conta própria, e no momento em que somos jovens e adultos e estamos 
totalmente desenvolvidos, utilizamos todas aquelas crenças, valores e 
comportamentos, acumulados ao longo de nossa vida para nortear nossas 
atitudes. 
Para entendermos melhor este processo é preciso compreender ainda 
como nossas competências e habilidades são desenvolvidas a partir da forma 
como cada um enfrenta os acontecimentos. Se você encara as coisas de forma 
positiva, terá maior poder de resiliência, ressignificação e desenvolverá bons 
conceitos sobre o momento em que você está passando. 
Desta forma podemos entender um pouco mais sobre o que é psicologia 
do desenvolvimento humano e como esta funciona. Cada pessoa deve buscar 
uma forma de estabelecer melhores comportamentos e aperfeiçoar essas 
competências, para que consiga atender efetivamente suas necessidades. 
 
http://www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/
 
9 A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO 
 
Fonte: www.edu-cacao.blogspot.com.br 
Com as discussões acerca da construção da

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