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1 2 3 Sumário Introdução....................................................................................................................... 5 Unidade 1 – Relaçao Homem X Natureza Introdução....................................................................................................................... 7 Uma Visão Histórica......................................................................................................... 7 Desenvolvimento Sustentável....................................................................................... 10 As Convenções da Organização das Nações Unidas -‐ ONU........................................... 11 Unidade 2 – Recursos Naturais e Energia Introdução..................................................................................................................... 17 Definição de Recursos Naturais..................................................................................... 17 Fontes de energia renováveis........................................................................................ 19 Fontes de energia não renováveis................................................................................. 23 Unidade 3 – Manejo e conservação de rercursos naturais Introdução..................................................................................................................... 28 Utilização da natureza................................................................................................... 28 Planos de manejo para proteger as unidades de conservação..................................... 31 Históricos das Unidades de conservação....................................................................... 33 Unidades de conservação de proteção integral............................................................ 35 Unidades de conservação de uso sustentável............................................................... 37 Unidade 4 – Área de preservação permanete e reserva legal Introdução..................................................................................................................... 43 Áreas de preservação permanente................................................................................ 43 Reserva Legal................................................................................................................. 47 4 Unidade 5 – Impactos ambientais Introdução..................................................................................................................... 51 Impacto ambiental e desenvolvimento econômico...................................................... 51 Estudos de impactos ambientais................................................................................... 53 Exemplos de impactos causados no meio ambiente.................................................... 56 Unidade 6 – Gestão ambiental Introdução..................................................................................................................... 62 Aplicação da Gestão Ambiental..................................................................................... 62 Eco-‐economia evolução do modelo econômico............................................................ 66 Referências ................................................................................................................... 70 5 Introdução A gestão dos recursos naturais nos últimos anos vem ganhando mais eficiência e uma nova orientação. Essa eficiência e orientação no trato com esses recursos está sendo operacionalizada com a aplicação das técnicas de manejo e de conservação dos recursos oferecidos pela natureza. O manejo ou a administração dos recursos naturais objetiva a utilização adequada do meio ambiente de modo a respeitar sua capacidade de suporte, já a conservação ambiental é o nome que se dá a preocupação em utilizar de forma racional os recursos que a natureza nos oferece. Esta edição da disciplina MANEJO, CONSERVAÇÃO E IMPACTOS EM RECURSOS NATURAIS, envolverá na Unidade 1 o estudo das relações homem x natureza. Em seguida o conceito e a classificação de recursos naturais e energia será abordado na unidade 2. A definição e a relação de manejo e conservação ambiental será apresentada na unidade 3. As áreas de preservação permanentes e reserva legal serão apresentadas na unidade 4. O conceito e o estudo de impactos ambientais serão abordados na unidade 5. Na unidade 6 será abordada a temática gestão ambiental, que está inserindo a variável ambiental no mundo empresarial. As ferramentas que serão utilizadas para permitirem o aprendizado a distância da disciplina Manejo, Conservação e Impactos em Recursos Naturais – aulas em Power point, construção de textos, fórum de dúvidas e avaliação e estudos dirigidos. 6 UNIDADE 1 RELAÇÃO HOMEM X NATUREZA 7 1. Introdução O homem e o meio ambiente são duas palavras que vêm sendo utilizadas de forma separadas e até mesmo, em alguns casos, opostas. Muitos autores relatam a utilização dos recursos naturais pelo homem como meio para o crescimento econômico. No entanto, atualmente, sabemos que crescimento econômico não é sinônimo de desenvolvimento, visto que o crescimento atinge uma pequena parcela da população, já o desenvolvimento atinge um numero maior numero de pessoas e se o mesmo ocorrer de forma sustentável, que use os recursos naturais de forma racional e leva em conta também o aspecto social resultará em um desenvolvimento sustentável. Esse tipo de desenvolvimento engloba os aspectos sociais, econômicos e ambientais. 1.1 Uma Visão Histórica Nos primórdios da humanidade o ser humano, ainda nômade, (ver figura 1) utilizava os recursos naturais de um determinado local conforme suas necessidades diárias. Quando osalimentos se esgotavam, ele se mudava. Não possuía território fixo ia diversas vezes de um lugar para outro, utilizando os recursos disponíveis e quando estes acabavam ele escolhia um novo local para permanecer por mais um período de tempo. Fonte: http://historiajaragua.blogspot.com/ Figura 1 – grupos de pessoas nômades no período pré-‐histórico. 8 Aquele espaço, para o ser humano, era apenas um ponto no qual se consumiam os recursos naturais existentes até que os mesmos se esgotassem. Este local não era ainda considerado como “lugar” vivido e sentido, não havia, portanto, ainda, uma relação e sentimento com o local onde o ser humano habitava conforme disposto por ALBAGLI (1993). Neste aspecto, observamos que no começo da história humana o “lugar” ainda não havia sido construído, as relações sociais eram as mais básicas e primitivas possíveis. Portanto, o homem não possuía sentimento pelo lugar próprio. Com o surgimento da agricultura a mais de 10.000 anos, o ser humano foi aprendendo a entender os ciclos da natureza e a conviver em comunidade, começando a se prevenir dos períodos de frio, de seca de escassez de alimentos. Não se extrais apenas o que seria utilizado imediatamente, aprendia-‐se a estocar e armazenar, planejando e prevenindo para o futuro. O ser humano, no decorrer da sua evolução, adquiriu a capacidade de analisar situações atuais, imaginar aquilo que ainda não foi vivido para manipular a realidade e, até mesmo em alguns casos, simular o futuro. As pessoas e famílias começaram a se organizar em grupos tornando-‐se comunidades, civilizações, povos e nações, formaram-‐se redes de relações humanas, construindo aos poucos sua própria identidade. Finalmente, adquirindo o seu próprio lugar e permanecendo nele. Este lugar tornou-‐se algo repleto de sentimento e emoção. No decorrer da evolução humana, quando o homem diz ter se tornado civilizado, ocorreu o seu desprendimento com o lugar e formularam-‐se idéias das quais os recursos naturais eram bens infinitos. A utilização indiscriminada dos recursos naturais tornou o ser humano causador de grandes impactos ambientais gerando o desequilíbrio da cadeia da vida, consequentemente, causando o colapso e a quebra do sistema. O desequilíbrio ambiental gerado pelo homem ocasionou a eliminação de espécie e até mesmo a dizimação de populações. Segundo Albagli (1993) este desequilíbrio ambiental pode ser classificado através de seis modalidades; 9 -‐destruição do habitat; -‐caça, pesca ou matança deliberada em larga escala; -‐introdução de predadores ou competidores; -‐introdução de elementos patogênicos; -‐Poluição. Devido a estas degradações ambientais a biodiversidade planetária vem sendo colocada em risco. Quatro macros ameaças á sobrevivência de várias espécies podem ser destacadas: -‐destruição, e degradação de habitat; -‐exploração predatória; -‐introdução de espécies exóticas e -‐aumento de pragas e doenças. A contínua e crescente pressão exercida pelo homem sobre os recursos naturais visa apenas benefícios imediatos de suas ações, privilegiando o crescimento econômico a qualquer custo e relegando, a um segundo plano, a capacidade de recuperação dos ecossistemas. Com isto, observa-‐se que o crescimento econômico desacertado, além de causar danos ao meio ambiente, não promoverá o desenvolvimento, pois ao se analisar o aspecto global concluiu-‐se que os recursos necessários para a recuperação do ecossistema tornarão este crescimento econômico inviável. Na tentativa de aliar crescimento econômico e a proteção ambiental, surge na década de 1950/1960 a economia ambiental, que estabeleceu uma ponte entre a economia e a ecologia. Mais tarde nasceu a teoria econômica do desenvolvimento e o meio ambiente, que receberia o nome de Desenvolvimento Sustentável. Em 1987, as Nações Unidas definiram o conceito de desenvolvimento sustentável, no documento 10 “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Segundo diz, o desenvolvimento deve ser suportável, viável e durável, portanto, um desenvolvimento que atenda ás necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras. Sustentabilidade e desenvolvimento são dois conceitos atualmente considerados característicos da problemática contemporânea, sendo que não há como considerá-‐los separadamente, pois não existe desenvolvimento sem que haja sustentabilidade. (CMMAD, 1991) 1.2. Desenvolvimento Sustentável O Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende ás necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves: -‐ O conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima propriedade; -‐ A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-‐o de atender ás necessidades presentes e futuras. Satisfazer as necessidades e as aspirações humanas é o principal objetivo de desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento as necessidades básicas de grande número de pessoas -‐ alimento, roupas, habitação,emprego – não estão sendo atendidas. Além dessas necessidades básicas, as pessoas também aspiram legitimamente a uma melhor qualidade de vida. Num mundo onde a pobreza e a injustiça são endêmicas, sempre poderão ocorrer crises ecológicas e de outros tipos. Para que haja um Desenvolvimento Sustentável é preciso que todos tenham atendidas as suas necessidades básicas e lhes sejam proporcionadas oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor. 11 O Desenvolvimento Sustentável requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro do limite das possibilidades ecológicas, no entanto crescimento e desenvolvimento econômico produzem mudanças no ecossistema físico. Nenhum ecossistema, seja onde for, pode ficar intacto. Uma floresta pode ser desmatada em uma parte de uma bacia fluvial e ampliada em outro lugar e isto pode não ser mau, se a exploração tiver sido planejada e se levarem em conta os níveis de erosão do solo, os regimes e as perdas genéticas. Em geral não é preciso esgotar os recursos renováveis, como florestas e peixes, desde que sejam usados dentro dos limites de regeneração e crescimento natural. No tocante a recursos não renováveis, como minerais e combustíveis fósseis, o uso reduz a quantidade de que disporão as futuras gerações. Isto não quer dizer que esses recursos não devem ser usados. Mas os níveis de uso devem levar em conta a disponibilidade do recurso, de tecnologias que minimizem seu esgotamento e a probabilidade de se obterem substitutos para ele. Portanto, a terra não deve ser deteriorada além de um limite razoável de recuperação. No caso dos minerais e dos combustíveis fósseis, é preciso dosar o índice de esgotamento e a ênfase na reciclagem e no uso econômico, para garantir que o recurso não se esgote antes de haver bons substitutos para ele. O Desenvolvimento Sustentável exige que o índice de destruição dos recursos não renováveis mantenha o máximo de opções futuras possíveis. Em essência, o Desenvolvimento Sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender as necessidades e aspirações humanas. 1.3. As Convenções da Organização das Nações Unidas -‐ ONU Em 1972, ocorre a 1ª Conferência Internacional sobre Meio Ambiente das Nações Unidas em Estocolmo, cuja publicação deu foco ao debate Limit to Growth (Limites do Crescimento) que, em resumo, procura alertar o mundo, principalmente as superpotência da época, quanto á forma de desenvolvimento econômico e tecnológico que estava sendo implantado nas últimas décadas, com efeitos devastadores. A 12 preocupação com uma guerra nuclear e do uso de armas químicas e biológicas começa a despertar uma consciência ambiental global. Pela primeira vez, de forma mais organizada, o ser humano toma conhecimento sobre assuntos e palavras como ecologia, biodiversidade, consciência ecológica ou ambiental e surgem as primeiras organizações não governamentais – ONGs. Os próximos anos seriam de um avanço nos estudos sobre as degradações ambientais inimagináveis nas décadas anteriores: o efeito estufa, a ruptura na camada de ozônio, as chuvas ácidas, o envenenamento dos solos e das águas, as ilhas de calor e a inversão térmica alcançam destaque na imprensa mundial e passam a ser assuntos obrigatórios nos currículos escolares. Na conferência da Suécia, ficou claro o antagonismo de ideias entre aqueles que defendiam o “desenvolvimento zero” e aqueles que defendiam o “desenvolvimento a qualquer custo”. O tempo veio mostrar que os extremismos não correspondiam à realidade mundial. As principais resoluções de Estocolmo foram: -‐ O direito a um ambiente sadio e equilibrado e á justiça social; -‐ Planejamento ambiental; -‐ Alerta aos riscos da urbanização descontrolada; -‐ A busca de fontes alternativas de energia; -‐ A ciência deve estar aliada á preservação do meio ambiente; e -‐ A importância da educação ambiental. Em 1980, como resultado da 1ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, surge a estratégia mundial para a conservação, onde o destaque maior foi a definição de Desenvolvimento Sustentável, já abordada anteriormente. A definição de Desenvolvimento Sustentável foi muito combatida pelos ambientalistas, que 13 acreditam que os adeptos do capitalismo utilizam esta expressão para continuar degradando a natureza, enganando e fugindo das pressões exercidas pela sociedade. Em 1987 é publicado o relatório Nosso Futuro Comum, documento da ONU que pela primeira vez demonstrar as desigualdades na distribuição da renda e a pobreza em relação á destruição do meio ambiente. Vinte anos após Estocolmo, em 1992 acontece no Rio de Janeiro a 2ª Conferência Mundial para o Meio Ambiente, a Rio-‐92 ou ECO – 92. Muito pouco se avançou no mundo e no Brasil em termos de implementação de Políticas Públicas para a conservação da natureza, neste período. Até este ano foram muitas conferências, protocolos assinados, mas ações de conservação ou estratégias para conservação aindasão tímidas. O que dificulta ainda um pouco é que cada uma das Conferências está dirigida a um público de especialistas com um tema específico e a comunicação entre elas depende muito das resoluções estabelecidas na Agenda 21. Marcada pelas divergências entre os interesses do “norte em relação aos países” do “sul”, esta conferência teve como base o “relatório de Brundtland”, que defendia alterações no modelo de consumo atual propondo a sua troca por um modelo mais sustentado ecologicamente, resultando em 5 propostas principais: -‐ A carta da Terra – os países ricos são os principais responsáveis pela degradação ambiental, portanto, devem investir mais em sua preservação; -‐ Agenda 21 – exige o cumprimento da Carta da Terra até a virada do século; como já sabemos as metas não foram atingidas apesar dos esforços para construção de Agenda 21 locais; -‐ Convenção da Diversidade Biológica – DCB – o compromisso dos países em manter a diversidade biológica presente nos ecossistemas naturais; -‐ Convenção do Clima – redução dos elementos que poluem a atmosfera e alteram a dinâmica climática do planeta; 14 -‐ Convenção das Florestas – todo país é soberano sobre o uso de suas florestas, ao mesmo tempo em que elimina as barreiras comerciais para a madeira e para a borracha natural, desde que a exploração seja feita de forma racional. Essas convenções e acordos acima indicam um bom progresso em muitas áreas no papel e em discussão, inclusive uma maior compreensão da importância do desenvolvimento sustentável. Entretanto, apesar destes acordos internacionais, a exploração dos recursos mundiais continua sendo realizada, cada vez mais à custa das pessoas do Hemisfério Sul, principalmente devido às demandas dos consumidores do Hemisfério Norte. A sustentabilidade para uma melhor relação homem x natureza Ao se definir desenvolvimento sustentável também está se discutindo o que é sustentabilidade. Para alguns autores como Clovis Cavalcanti sustentabilidade “significa a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema” Cavalcanti (2003). Para o autor, as discussões atuais sobre o significado do termo “desenvolvimento sustentável” mostram que se está aceitando a ideia de colocar um limite para o progresso material e para o consumo, antes visto como ilimitado, criticando a ideia de crescimento constante sem preocupação com o futuro (CAVALCANTI, 2003). Para facilitar a compreensão do conceito de sustentabilidade, Sachs (1993) a divide em cinco classificações: a sustentabilidade ambiental, a econômica, a sustentabilidade ecológica, a sustentabilidade social e a sustentabilidade política. O conceito descrito por Sachs (1993) refere-‐se à sustentabilidade como: “Sustentabilidade ecológica – refere-‐se à base física do processo de crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques dos recursos naturais, incorporados as atividades produtivas. 15 Sustentabilidade ambiental – refere-‐se à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópica. Sustentabilidade social – refere-‐se ao desenvolvimento e tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas de desigualdade e de inclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e seguridade social. Sustentabilidade política – refere-‐se ao processo de construção da cidadania para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica – refere-‐se a uma gestão eficiente dos recursos em geral e caracteriza-‐se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado. “Implica a avaliação da eficiência por processos macro social.” O desenvolvimento sustentável não deve ser apresentado como um slogan político. As condições ambientais já estão bastante prejudicadas pelo padrão de desenvolvimento e consumo atual, deste modo, o desenvolvimento sustentável pode ser uma resposta aos anseios da sociedade. A sustentabilidade consiste em encontrar meios de produção, distribuição e consumo dos recursos existentes de forma mais coesiva, economicamente eficaz, ecologicamente viável e Priorizar o desenvolvimento social e humano com capacidade de suporte ambiental. (SACHS, 1993) 16 UNIDADE 2 RECURSOS NATURAIS E ENERGIA 17 1.Introdução Neste capitulo, abordaremos a definição, classificação e o papel dos principais recursos naturais, os problemas decorrentes do seu uso abusivo e mostrar que mesmo os recursos considerados renováveis correm o risco de esgotamento. Serão abordadas também as fontes de energia e sua classificação. Os recursos naturais são inesgotáveis? A humanidade pode retirar o que deseja da natureza e despejar toda a sorte de resíduos na biosfera? Existem fortes evidências de que não! Os combustíveis fósseis, cuja exploração continua aumentando rapidamente, sãofinitos, e sua queima contribui para o aumento do efeito estufa que vem elevando a temperatura na superfície da Terra. (SCHORR, 2010) 1.1 Definição de Recursos Naturais Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o Homem, com o objetivo do desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Pode ser renovável, como a energia do Sol e do vento. Já a água, o solo e as árvores que estão sendo considerados limitados, são chamados de potencialmente renováveis. E ainda não renováveis como o petróleo e minérios em geral. Os recursos naturais são componentes, materiais ou não, da paisagem geográfica, mas que ainda não tenham sofrido importantes transformações pelo trabalho humano e cuja própria gênese é independente do Homem, mas aos quais lhes foram atribuídos, historicamente, valores econômicos, sociais e culturais. Portanto, só podem ser compreendidos a partir da relação homem-‐natureza. Os recursos naturais são muito importantes para o Mundo. Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção. Portanto, recurso natural é algo útil. Existe um envolvimento entre recursos naturais e tecnologia, uma vez que há a necessidade da existência de processo tecnológico para utilização de um recurso. Exemplo típico é o magnésio, que até pouco tempo não era recurso natural e passou a 18 sê-‐lo quando se descobriu como utilizá-‐lo na confecção de ligas metálicas de aviões. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável. (SCHORR, 2010) Nem todos os recursos que a natureza oferece ao ser humano podem ser aproveitados em seu estado natural. Quase sempre o ser humano precisa trabalhar para transformar os recursos naturais em bens capazes de satisfazer alguma necessidade humana. Os recursos hídricos, por exemplo, têm de ser armazenados e canalizados, quer para consumo humano direto, para irrigação, ou para geração de energia hidrelétrica. Os recursos naturais classificam em: Renováveis: elementos naturais que usados da forma correta podem se renovar. Exemplos: animais, vegetação, água. Não renováveis: São aqueles que de maneira alguma não se renovam, ou demoram muito tempo para se produzir. Exemplos: petróleo, ferro, ouro. Frequentemente são classificados como recursos renováveis e não renováveis quando se tem em conta o tempo necessário para que se dê a sua reposição. Os não renováveis incluem substâncias que não podem ser repostas ou renovadas, como por exemplo, o petróleo e os minérios em geral. Os renováveis são aqueles que podem se renovar ou serem recuperados, com ou sem interferência humana, como as florestas, luz solar, ventos e a água. Há situações nas quais um recurso renovável passa a ser não renovável. Essa condição ocorre quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação e renovação do sistema. O que poderá ocorrer com a água potável. Os recursos naturais também podem ser classificados em energéticos e não energéticos, se atenderem à capacidade de produzir energia. Os carvões e o petróleo são recursos naturais energéticos. Por vezes a água é também considerada um recurso energético, pois as barragens transformam a energia potencial da água em energia 19 produtiva. Dessa forma os recursos naturais além de fornecerem matéria-‐prima para as atividades humanas também fornecem energia, ou seja, são fontes de energia, que se dividem em renováveis e não renováveis. 1.2 Fontes de energia renováveis Os fluxos naturais de energia, que são utilizados há milênios (sol, água, vento e madeira) são conhecidos como fontes renováveis. Antes da Revolução Industrial, o Sol era uma das fontes de energia mais utilizadas, ele fornecia energia para os músculos (do ser humano e dos animais empregados na tração de cargas). Além disso, aproveitava-‐se a força do vento e da água para mover moinhos e máquinas. A madeira, sob a forma de carvão, era igualmente utilizada desde a pré-‐história. (SCHORR, 2010) Energia solar Energia solar é aquela proveniente do Sol (energia térmica e luminosa). Esta energia é captada por painéis solares, formados por células fotovoltaicas, e transformada em energia elétrica ou mecânica (ver figura 1). A energia solar também é utilizada, principalmente em residências, para o aquecimento da água. A energia solar é considerada uma fonte de energia limpa e renovável, pois não polui o meio ambiente e não acaba. Este tipo de energia ainda é pouco utilizado no mundo, pois o custo de fabricação e instalação dos painéis solares ainda é muito elevado. Outro problema é a dificuldade de armazenamento da energia solar. Os países que mais produzem energia solar são: Japão, Estados Unidos e Alemanha. 20 Fonte: http://ambiente.hsw.uol.com.br/ Figura 1 -‐ células de captação de energia solar Vantagens da utilização da energia solar: ● A energia solar não polui durante seu uso. A poluição decorrente da fabricação dos equipamentos necessários para a construção dos painéis solares é totalmente controlável utilizando as formasde controles existentes atualmente. ● As centrais necessitam de manutenção mínima. ● Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo o território, e, em locais longe dos centros de produção energética, sua utilização ajuda a diminuir a demanda energética. Desvantagens da energia solar: ● Um painel solar consome uma quantidade enorme de energia para ser fabricado. ● Os custos de instalação são muito elevados em relação aos outros meios de energia. ● Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação atmosférica (chuvas, neve), além de que durante a noite não existe produção alguma, o que obriga a que existam meios de armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão de energia. 21 Energia maremotriz (ondas do mar) Energia maremotriz é o modo de geração de eletricidade através da utilização da energia contida no movimento de massas de água devido às marés. Dois tipos de energia maremotriz podem ser obtidos: energia cinética das correntes devido às marés e energia potencial pela diferença de altura entre as marés alta e baixa. Em qualquer local a superfície do oceano oscila entre pontos altos e baixo, chamados marés, a cada 12 horas e 25 minutos. Em certas baías estuários, como junto ao Monte Saint-‐Michel, no estuário do rio Rance, na França, ou em São Luís, no Brasil, essas marés são bastante amplificadas, podendo atingir alturas da ordem de 15 metros. As gigantescas massas de água que cobrem dois terços do planeta constituem o maior coletor de energia solar imaginável. As marés, originadas pela atração lunar, também representam uma tentadora fonte energética. Em conjunto, a temperatura dos oceanos, as ondas e as marés poderiam proporcionar muito mais energia do que a humanidade seria capaz de gastar — hoje ou no futuro, mesmo considerando que o consumo global simplesmente dobra de dez em dez anos. A energia das marés é obtida de modo semelhante ao da energia hidrelétrica. Trata-‐se de uma obra complexa de Engenharia Hidráulica. Constrói-‐se uma barragem, formando-‐se um reservatório junto ao mar. Quando a maré é alta, a água enche o reservatório, passando através da turbina hidráulica, tipo bulbo, e produzindo energia elétrica. Na maré baixa, o reservatório é esvaziado e a água que sai do reservatório passa novamente através da turbina, em sentido contrário, produzindo a energia elétrica. Este tipo de fonte é também usado no Japão, na França e na Inglaterra. Energia eólica A energia eólica é a energia que provém do vento. O termo eólico vem do latim aeolicus, pertencente ou relativo à Éolo, Deus dos ventos na mitologia grega e, portanto, pertencente ou relativo ao vento. A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover os barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao mover as suas pás. Nos moinhos de vento a energia eólica era transformada em 22 energia mecânica, utilizada na moagem de grãos ou para bombear água. Os moinhos foram usados para fabricação de farinhas e ainda para drenagem de canais, sobretudo nos Países Baixos (Holanda). Na atualidade utilizam-‐se a energia eólica para mover aerogeradores -‐ grandes turbinas colocadas em lugares de muito vento (ver figura 2). Essas turbinas têm a forma de um cata vento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia elétrica. Precisam agrupar-‐se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trate de requisitos limitados de energia elétrica. A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota é limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa. Em países como o Brasil, que possuem uma grande malha hidrográfica, a energia eólica pode se tornar importante no futuro, porque ela não consome água, que é um bem cada vez mais escasso e que também vai ficar cada vez mais controlado. (SCHORR, 2010) Fonte: http://www.fc-‐solar.com/ 23 Figura 2 -‐ aerogeradores (turbinas para geração de energia a partir do vento) Energia hidráulica A energia hidráulica ou energia hídrica é a energia obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. A forma na qual ela se manifesta na natureza é nos fluxos de água, como rios e lagos e pode ser aproveitada por meio de um desnível ou queda d'água. Pode ser convertida na forma de energia mecânica (rotação de um eixo) através de turbinas hidráulicas ou moinhos de água. As turbinas por sua vez podem ser usadas como acionamento de um equipamento industrial, como um compressor, ou de um gerador elétrico, com a finalidade de prover energia elétrica para uma rede de energia. NoBrasil, devido a sua enorme quantidade de rios, a maior parte da energia elétrica disponível é proveniente de grandes usinas hidrelétricas. A energia primária de uma hidrelétrica é a energia potencial gravitacional da água contida numa represa elevada. Antes de se tornar energia elétrica, a energia primária deve ser convertida em energia cinética de rotação. O dispositivo que realiza essa transformação é a turbina. 1.3 Fontes de energia não renováveis As fontes de energia não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em quantidades limitadas e se extinguem com a sua utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não podem ser regeneradas. Consideram-‐se fontes de energia não renováveis os combustíveis fósseis (carvão, petróleo bruto e gás natural) e o urânio, que é a matéria-‐prima necessária para obter a energia resultante dos processos de fissão ou fusão nuclear. Todas estas fontes de energia têm reservas finitas, uma vez que é necessário muito tempo para sua reposição, e a sua distribuição geográfica não é homogênea, ao contrário das fontes de energia renováveis, originada graças ao fluxo contínuo de energia proveniente da natureza. As fontes de energia não renováveis são denominadas fontes de energia convencionais. São também consideradas energias sujas, já que sua utilização causa significativos impactos ambientais para o meio ambiente e para a sociedade: destruição de ecossistemas, danos em bosques e aquíferos, doenças, redução da produtividade agrícola, corrosão de edificações, e atualmente um dos problemas ambientais mais graves resultante do uso de fontes de 24 energia não-‐renováveis e o efeito estufa que tem causado o aumento do aquecimento global. A alternativa ao uso da energia nuclear como fonte de energia surgiu como uma solução possível face ao problema do efeito de estufa (não são emitidos gases poluentes para a atmosfera; contribui para a diversificação das fontes de energia, diminuindo a vulnerabilidade dos países ás oscilações de preço dos combustíveis fósseis; etc.), mas os riscos inerentes à produção de energia elétrica recorrendo a esta fonte (perigo de explosão nuclear e de produção de resíduos radioativos; contaminação radioativa; etc.), sem esquecer também o custo elevado de construção e manutenção das instalações, contribuem significativamente para que o uso desta fonte de energia continue a ser encarada, por muitos, como um risco desaconselhável. Petróleo O petróleo(óleo mineral), de cor escura e cheiro forte, é um combustível fóssil, produzido há milhões de anos pela pressão de material orgânico, e é hoje encontrado em algumas zonas do subsolo da Terra. É a principal fonte de energia atual. O petróleo e o gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principalmente nas bacias sedimentares (onde se encontram meios mais porosos -‐ reservatórios). A refinação do petróleo bruto consiste na sua separação em diversos componentes e permite obter os mais variados combustíveis e matérias-‐primas. É de fácil transporte, mas seu potencial destruidor do meio-‐ambiente é muito grande, pois libera grande quantidade CO2 para atmosfera sendo um dos grandes "vilões" do chamado aquecimento global, por causa, da sua grande utilização nos meios de transportes como carros e motos. Carvão Mineral O carvão é uma rocha orgânica com propriedades combustíveis, constituída majoritariamente por carbono. A exploração de jazidas de carvão é feita em mais de 50 países, o que demonstra a sua abundância. Esta situação contribui, em grande parte, para que este combustível seja também o mais barato. Inicialmente, o carvão era utilizado em todos os processos industriais e, ao nível doméstico, em fornos, fogões, etc. Foi inclusive o primeiro combustível fóssil a ser 25 utilizado para a produção de energia elétrica nas centrais térmicas. Em 1950, o carvão cobria 60% das necessidades energéticas mundiais. Nos dias de hoje, devido ao significativo uso do petróleo e seus derivados, deixou de ser utilizado na indústria, com exceção da metalúrgica, e do setor doméstico. O principal problema da utilização do carvão prende-‐se com os poluentes resultantes da sua combustão. De fato, a sua queima, conduz à formação de cinzas, dióxido de carbono, dióxidos de enxofre e óxidos de azoto, em maiores quantidades do que os produzidos na combustão dos restantes combustíveis fósseis. Gás Natural O gás natural é um combustível fóssil com origem muito semelhante à do petróleo bruto, ou seja, formou-‐se durante milhões de anos a partir dos sedimentos de animais e plantas. É o mais barato e menos poluente dos combustíveis fósseis, porém de mais difícil extração Vem sendo utilizadas principalmente pelas indústrias, e pelos automóveis, mas também nas casas como gás de cozinha. Tal como o petróleo, encontra-‐se em jazidas subterrâneas, de onde é extraído. A principal diferença prende-‐se com a possibilidade de ser usado tal como é extraído na origem, sem necessidade de refinação. Energia Nuclear A usina nuclear é umas formas de geração de energia. Que pode ser produzida através das reações de fissão ou fusão dos átomos, durante as quais são libertadasgrandes quantidades de energia que podem ser utilizadas para produzir energia elétrica. A fissão nuclear utiliza o urânio, um mineral presente na Terra em quantidades finitas, o processo de produção de energia consiste na partição de um núcleo pesado em dois núcleos de massa aproximadamente igual. Ainda que a quantidade de energia produzida através da fissão nuclear seja significativa, este processo apresenta problemas de difícil resolução: • Perigo de explosão nuclear; • Produção de resíduos radioativos; 26 • Contaminação radioativa e • Poluição térmica. O grande inconveniente do processo de fissão está na produção de radiatividade e na contaminação radiativa do meio ambiente, com todas as conhecidas consequências para a vida de seres humanos, animais e vegetais observados nos locais onde houve explosão de bombas atômicas. As discussões sobre a problemática ambiental mundial desencadeada pelo uso intensivo e não racional das fontes energéticas não renováveis tem resultado em várias pesquisas científicas que propiciem uma melhor gestão desses recursos energéticos. A gestão dos recursos naturais nos últimos vinte anos ganhou maior eficiência e, ao que tudo indica uma nova orientação. Por conta dessa orientação e da convicção de que a curto e em médio prazo seria impossível mudar a matriz energética mundial, a solução encontrada foi obter economias significativas no consumo de energia, graças a novas tecnologias. Assim, os “sistemas inteligentes” de iluminação e aquecimento dos edifícios e os sistemas eletrônicos para controle de consumo de combustível dos carros conseguiram maior eficiência por unidade de energia consumida. O mesmo tipo de ação está se realizando em relação à água, ainda que ela seja um recurso renovável, é preciso uma gestão cuidadosa dos recursos hídricos. Hoje, aproximadamente trinta países vivem a ameaça de escassez de água. A energia, a água, os minerais, entre outros recursos da natureza, não são inesgotáveis. Nosso planeta é um sistema fechado e nós estamos alcançando os seus limites. Por isso existe a necessidade de utilizar esses recursos de forma racional. As novas tecnologias devem ser difundidas para que sejam adotados novos comportamentos sociais, a partir de políticas ambientais. A sociedade conservacionista depende, fundamentalmente, do compromisso dos indivíduos que a compõem. 27 UNIDADE 3 MANEJO E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS 28 1 Introdução Manejo ou a administração dos recursos naturais objetiva a utilização adequada dos recursos naturais e dos ecossistemas, de modo a respeitar sua capacidade de reprodução e de carga e sua utilização em forma sustentável. Manejar os recursos naturais significa aplicar ao mesmo um conjunto de técnicas com a finalidade não só de protegê-‐lo como também de melhorar a produção dos mesmos. Nesse sentido, pode-‐se falar em manejo do solo, florestal, pesqueiro, etc. A administração dos recursos naturais pode ser realizada de forma mais adequada dentro dos quadros do gerenciamento ambiental. Já a conservação dos recursos naturais é o nome que se dá à moderna preocupação em utilizar adequadamente os recursos da natureza que o homem transforma ou consome. Conservar, nesse caso, não significa guardar e sim utilizar racionalmente. 1.1 Utilização da Natureza A natureza deve ser consumida ou utilizada para atender às necessidades presente dos seres humano, mas levando em conta o futuro representado pelas novas gerações que ainda não nasceram, mas para as quais temos a obrigação de deixar um meio ambiente sadio. Dessa forma manejo e conservação dos recursos naturais implicam em usá-‐los de forma econômica e racional para que, os renováveis não se extingam por mau uso e os não renováveis não se extingam rapidamente. Como visto na descrição dos conceitos de manejo e conservação dos recursos naturais existe um inter-‐relacionamento entre os dois, visto que com o manejo adequado dos recursos naturais também está sendo feita a conservação dos mesmos. Parâmetros e técnicas utilizadas no manejo de recursos naturais Vários são os parâmetros utilizados no manejo de recursos naturais renováveis. O critério de produção máxima sustentável é baseado exclusivamente em parâmetros biológicos e define o volume de recursos naturais (peixes, por exemplo) que pode ser utilizado sem que a reprodução das espécies corra perigo. Critérios de caráter econômico (rendimento máximo econômico) ou social (máximo benefício social) 29 também são utilizados. Os três critérios isolados apresentam problemas de utilização e uma combinação dos três é necessária. O peso que receberá cada um deles depende dos objetivos mais amplos ditados pelo tipo de desenvolvimento que leve em conta os benefícios para a geração atual e futura. As técnicas de gerenciamento ou manejo de recursos naturais variam segundo os tipos de recursos (solos, águas, florestais, pesqueiros), mas se compõem de vários tipos de restrições (de acesso aos recursos naturais em certos períodos, de uso de certos equipamentos ou tecnologias, etc.). A educação ambiental também pode ser usada como uma técnica de manejo ambiental, visto que conscientizaos indivíduos no trato com o meio ambiente. Exemplos de manejo ambiental nas atividades humanas: Manejo Florestal O manejo sustentável, ou bom manejo, é a melhor solução para a exploração racional de madeira e outras riquezas não-‐madeireiras da floresta. Urna floresta bem manejada continuará oferecendo essas riquezas para as gerações futuras, pois a madeira e seus outros produtos são recursos renováveis. O decreto Nº 1.282, de 19 de outubro de 1994 que regulamentou a exploração das florestas na Amazônia define o manejo sustentável corno "a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-‐se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo". Atualmente, o conceito foi ampliado para manejo florestal de uso múltiplo, passando a incluir "múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros a utilização de outros bens e serviços naturais da floresta". O bom manejo implica urna exploração cuidadosa, de impacto ambiental reduzido, a aplicação de tratamentos silviculturais, para potencializar a regeneração da floresta e fazer crescer outra colheita, e o monitoramento, para controlar essa regeneração e ajudar o manejador na tornada de decisões técnicas e comerciais. 30 Em termos ambientais, o bom manejo contribui para que a floresta mantenha sua forma e função mais próximas de seu estado original. A manutenção da forma se dá na medida em que se minimizam os danos à floresta e, em consequência, às árvores comerciais remanescentes. Mantida a sua forma, a floresta pode continuar a desempenhar suas funções: proteger o solo contra a erosão, preservar a qualidade da água, abrigar a biodiversidade e outras. Além disso, a floresta remanescente corre menos riscos de incêndios e pode ser enriquecida com os tratamentos silviculturais. O bom manejo é economicamente viável e, em longo prazo, mais barato que a exploração convencional. Manejo do solo O solo se constitui no recurso mais importante da agricultura, uma verdadeira dádiva da natureza, significando dizer que deve ser bem cuidado, para passar de pai para filho, como um legado usufruto, beneficiando as gerações subsequentes. Para tanto, há que se atentar para os cuidados e técnicas de manejo que possibilitem tirar o máximo da terra sem lhe causar maiores danos. Exemplos de cuidados e técnicas de manejos de solos resumidos: I. Evitar as queimadas, uma vez que ela provoca a morte dos micro-‐organismos do solo e, mais ainda, destrói a matéria orgânica, rompendo as unidades estruturais, ocasionando o arraste da capa superficial pela ação erosiva das gotas de chuvas, empobrecendo rapidamente a terra; II. Não se deve deixar o solo desprotegido, ou seja, nu, inclusive nos intervalos dos cultivos, a fim de evitar também o desgaste da capa organo-‐mineral, agravada ainda com a invasão das ervas daninhas que consomem os nutrientes do terreno; III. Não cultivar o solo em relevos muito fortes, escarpados, a não ser o seu terço inferior, porém mantendo a vegetação intacta no seu topo. E, quando o fizer, jamais plantar morro abaixo, mas no sentido das curvas de níveis, de modo a evitar a erosão do solo. 31 IV. Não realizar tráfegos constantes na área, sobretudo com máquinas pesadas e práticas de aração e gradagem com o solo úmido, evitando-‐se a compactação do terreno; V. De tempo em tempo, variar o tipo de cultivo na mesma área, ou fazer sequencias de culturas, com a finalidade de se quebrar os ciclos dos inimigos naturais (pragas e doenças) e se dispor de resíduos orgânicos mais ricos ou diversificados no solo; VI. No caso de plantios em cova, sobretudo em solos pobres, fazê-‐los em buracos profundos (40x40x40cm), adicionando à massa do solo retirada, 3 a 5 kg de esterco de curral, ou outra fonte orgânica, com a finalidade de propiciar melhores condições desenvolvimento para as plantas; VII. Manter as matas ciliares (árvores que margeiam os rios), a vegetação das nascentes e dos topos das vertentes, com a finalidade de, além de conservar o solo, preservar o manancial hídrico, mantendo regularizados os cursos de água. 1.2 Planos de Manejo Para Proteger as Unidades de Conservação (UC) A aplicação de práticas de manejo ambientalmente corretas é umas das chaves para a proteção ambiental, visto que o manejo adequado ajuda a controlar as alterações impostas pelas atividades humanas e, possivelmente, servirá para prevenir a completa degradação dos ecossistemas. Mais do que nunca é reconhecida a validade do provérbio: mais vale prevenir do que remediar. O manejo de uma área protegida pode ser definido como o conjunto de ações que resultam em um melhor aproveitamento e permanência de uma área protegida, permitindo que os objetivos para os quais fossem estabelecidas se cumpram. Esse conjunto de ações para as áreas protegidas são denominados de plano de manejo. O plano de manejo é um instrumento dinâmico que apresenta diretrizes básicas para o manejo de áreas protegidas, mediante a análise dos seus recursos naturais e dos fatores antrópicos que a afetam, resultando num amplo processo de planejamento para a indicação das ações ativas e passivas a seremrealizadas na área de intervenção, 32 com base em informações coletadas e analisadas. No plano de manejo, deve-‐se definir o zoneamento da área, caracterizando cada uma de suas zonas de acordo com as atividades a serem nelas desenvolvidas e estabelecendo diretrizes para seu uso imediato e a médio e longo prazo, através de programas de gerenciamento (IBAMA, 2009). Os planos de manejo são os documentos oficiais de planejamento das unidades de conservação e todas devem possuir um. No entanto, muitas unidades de conservação no Brasil não possuem planos de manejo e por vezes chegam a existir por mais de uma década sem qualquer documento de planejamento. (IBAMA, 2009). 1.3 Unidades de Conservação (UCs) Unidades de Conservação são espaços de relevante importância ambiental, delimitados, instituídos e protegidos com base a Legislação Federal, Estadual e/ou Municipal com o intuito de proteger suas valiosas características para a conservação do elenco e o usufruir das futuras gerações. Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob-‐regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (EMBRAPA, 2007). Podemos ter por Unidades de Conservação, espaços especialmente protegidos para a conservação da natureza, com diferentes objetivos, como por exemplo: uso sustentável dos recursos naturais, pesquisa, educação ambiental e visitação em ambientes naturais (MARETTI, 2007). São áreas protegidas por lei, para conservar e proteger ecossistemas naturais e processos ecológicos necessários à manutenção da vida, contribuir para a preservação da biodiversidade e de formas de vida ameaçadas de extinção, assegurar a sustentabilidade do uso de recursos naturais renováveis, estimular o desenvolvimento econômico, permitir realização de pesquisas científicas, atividades turísticas, recreacionais e solidificar a identidade cultural de populações humanas (EMBRAPA, 2007). No tocante a Legislação, esses espaços são instrumentos imprescindíveis para a conservação e revitalização de diversas características do conjunto da biodiversidade; 33 numa postura política que vise o aproveitamento pelas futuras gerações de recursos naturais que, nos dias de hoje, apresentam-‐se em abundância, mas que correm o risco de não existência, a pequeno, médio e/ou longo prazo. 1.4 Histórico das Unidades de Conservação Existem indícios de que a prática de criar áreas com características naturais ou culturais relevantes já era realizada desde a Antiguidade por algumas civilizações, como, por exemplo, os egípcios (BRITES 2011). Abraçando simplesmente a ideia de Unidade de Conservação como espaço delimitado pelo homem, dedicado à reserva natural e ao laser humano, podemos concluir que estes espaços foram introduzidos com os babilônios e seus famosos Jardins da Babilônia (Jardins Suspensos), por volta de 600 a.C. Na concepção moderna, a primeira Unidade de Conservação a ser criada foi o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos da América do Norte, em 1872. Em âmbito nacional, a primeira Unidade de Conservação foi o Parque Nacional do Itatiaia, em 1937, em região montanhosa e de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro (ver figura 01). Essa Unidade foi introduzida a partir da campanha conservacionista iniciada por André Rebouças1, que contribuiu também para a criação de duas outras Unidades nos anos seguintes: Serra dos Órgãos, também localizada no Rio de Janeiro; e Iguaçu, no Paraná (IBAMA, 2009). Fonte http://www.parquenacionaldoitatiaia.com.br/ Figura 1 -‐ paisagem do parque nacional Itatiaia. 34 Em Alagoas, a criação de Unidades de Conservação ocorreu de forma ainda mais tardia e boa parte da riqueza ambiental do Estado foi perdida, processo ao qual, a expansão e exploração territorial da monocultura latifundiária da cana (Saccharum officinarum) destacam-‐se, cobrindo grande parte do território alagoano e aprofundando impactos relevantes como o êxodo rural e a pobreza. O processo de degradação da Mata Atlântica iniciou-‐se com a retirada indiscriminada do Pau-‐Brasil (Caesalpina Ecnhinata) e de outras madeiras de lei. Teve continuidade com a chegada do ciclo da Cana-‐de-‐açúcar. Com o processo de modernização, esses engenhos foram se transformando na agroindústria açucareira, com suas grandes usinas, promovendo-‐se uma rápida expansão das fronteiras agrícolas associada ao crescimento dos centros urbanos, resultando numa contínua redução da cobertura vegetal da área original (AUTO, 1998). Para agrave da situação, muito do que foi perdido nunca foi registrado. Segundo Auto (1998), O Parque Municipal de Maceió foi a Primeira Unidade de Conservação legalmente introduzido do Estado de Alagoas, no ano de 1978 (somente quarenta e um anos após a criação da primeira Unidade de Conservação do Brasil). 3.4 Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Norteia nacionalmente, a gestão das Unidades de Conservação; sistematiza o conjunto de leis direcionadas às categorias de Manejo das três esferas de Poder de institucionalização de Unidades de
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