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Medicina Centrada na Pessoa CASO CLÍNICO: Médico Recém Formado está atendendo em uma unidade de saúde da família. Recebe para atendimento a paciente Maria Aparecida, 58 anos, já em seguimento há anos na unidade por diabetes e hipertensão, com controle irregular da doença. Faz uso de metformina e glicazida para o diabetes e Hidroclorotiazida e Losartana para hipertensão. O médico conversa com a paciente que encontra-se bem e assintomática. Ao exame física ainda hipertensa, sem outras alterações significativas. Os exames da paciente mostram que o diabetes ainda está bem descontrolado. O médico lembra-se que pode acrescentar uma medicação para o diabetes que é a melhor droga da atualizada e que certamente irá melhorar o quadro da paciente, além de associar uma nova medicação para a hipertensão. Faz a receita acrescentando Empaglifozina e Anlodipino, explica para paciente e ela vai para casa. O médico termina o expediente satisfeito com sua performance, já que pôde dar à paciente a melhor terapêutica disponível no mercado. Estava feliz e confiante que no retorno a dona Maria viria bem melhor! 3 meses depois: Paciente Maria retorna à consulta mantendo-se assintomática. Ao exame físico, mantém-se novamente hipertensa. Exames de rotina mantinha mesmo padrão, com controle bem ruim do diabetes. O médico, muito frustrado, ficou com um pouco de raiva da dona Maria e pensou que ela não havia feito nada do que foi orientado. Ela realmente não fizera nada do que foi orientada, mas havia uma quantidade enorme de motivos para isso que o médico não sabia. Questiona-se: → Quem é dona Maria Aparecida? Trabalhadora rural, analfabeta, casada, 5 filhos. → Porque dona Maria não aderiu ao tratamento? → Ela tem condições financeiras de comprar esse novo medicamento? → Ela está utilizando os medicamentos antigos de forma correta? → Como dona Maria se alimenta na roça? Como controlar o diabetes nesse contexto? Após os questionamentos, é necessário realizar um PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL DE QUALIDADE em conjunto com uma equipe multidisciplinar para dona Maria, adequando sua realidade e o que ela possui a situação apresentada. Pontos fundamentais para uma medicina de qualidade --------------- → Individualização. → Empatia. → Estabelecer um vínculo de qualidade. → Entender o contexto no qual o paciente está inserido. → Entender a relação do doente com a sua doença. → Seguir os preceitos éticos. → Utilizar medicina baseada em evidência (conhecimento técnico). → Saber se comunicar. Para ser centrado na pessoa, o médico precisa ser capaz de dar poder a ela, compartilhar o poder na relação, o que significa renunciar ao controle que tradicionalmente fica nas mãos dele. Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP) -------------------------- 1. Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença. 2. Entendendo a pessoa como um todo - o indivíduo, a família e o contexto. 3. Elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas. 4. Intensificando a relação entre a pessoa e o médico. Inter relação cos componentes da MCCP: Atividade → Caso Clínico: Paciente de 21 anos, sexo feminino, solteira, estudante, em seguimento clínico ambulatorial por asma de difícil controle. A paciente procura o pronto atendimento em média 5 vezes ao mês devido às crises, mesmo estando em uso de dispositivo inalatório de corticoide prescrito pelo médico da unidade básica de saúde. Todas as vezes que retorna à unidade o médico fica bravo com a paciente pois a mesma continua tendo crises e ele acha que ela não está usando o medicamento, porém ela explica que está usando sim, mas não está resolvendo. Precisa da "bombinha" de resgate pelo menos duas vezes ao dia nos últimos meses. O médico ficou muito frustrado com a situação e não sabia como agir. Decidiu fazer uma reunião com a equipe e eles contaram um pouco mais do que sabiam sobre a paciente: os agentes comunitários contaram que a casa da paciente tem muitos pontos de infiltração e mofo, além de cortinas e tapetes em todos os cômodos. Eles têm 2 gatos e 1 cachorro que vivem dentro de casa. O pai é tabagista ativo. A enfermeira identificou que a paciente não entendeu de maneira adequada como fazer uso do dispositivo inalatório prescrito pelo médico e ela tem dificuldade para entender a doença. A psicóloga conta que a paciente teve uma avó que faleceu com insuficiência respiratória secundária a asma grave e ela tem muito medo de morrer como a avó. Está muito triste com a situação e se sente culpada pois ela não consegue controlar a doença e o médico fala que ela não usa a medicação de maneira adequada. 1. Baseado nos 4 pilares do método clínico centrado na pessoa, proponha melhorias no tratamento dessa paciente que podem ser adotados pelo médico para um atendimento individualizado e integrativo, com o intuito de melhora clínica da mesma. O médico deve, antes de tudo, explicar em linguagem apropriada sobre a patologia, suas causas, seus agravos e como usar o medicamento corretamente, acalmando a paciente em relação ao medo que a mesma tem de morrer como a avó. Deve, também, em conjunto com a equipe do ambulatório, propor uma reunião/visita para a família, a fim de conscientizá-los sobre a patologia da paciente e a necessidade de todos contribuírem para o tratamento. Por fim, orientar sobre a possibilidade de retirar os animais do convívio interno de casa, mantendo o ambiente limpo e sem foco de mofos, retirando as cortinas e os tapetes, além de explicar ao pai da paciente a importância de não fumar dentro de casa, uma vez que o tabagismo pode estimular as crises asmáticas. 2. Você considera que foi criada uma relação médico-paciente de qualidade? Cite 2 motivos que considere importantes para justificar sua resposta baseado no comportamento do médico. Não, tendo vista que o médico insistiu no comportamento rude para com a paciente, culpando-a pela falta de melhora em seu tratamento, é compreensível o medo dela em retornar as consultas. Além disso, o médico em si não sabia do contexto familiar da estudante por não perguntar durante o atendimento, nem mesmo confirmou se ela compreendia sua condição de saúde e o tratamento.
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