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DEFINIÇÃO Estrutura Conceitual para relatório financeiro: características da informação útil; reconhecimento; mensuração; divulgação por meio dos relatórios financeiros. PROPÓSITO Compreender a Estrutura Conceitual dos relatórios financeiros. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a Estrutura Conceitual e os objetivos do relatório financeiro MÓDULO 2 Descrever reconhecimento, desreconhecimento e as bases de mensuração de elementos patrimoniais MÓDULO 3 Identificar os critérios para apresentação e divulgação de demonstrações contábeis INTRODUÇÃO A Contabilidade forma um todo coerente que viabiliza o reconhecimento, a mensuração e a divulgação dos eventos econômicos realizados pelas entidades. Cada uma dessas etapas é regulada por meio de normas específicas, as quais têm como fundação a Estrutura Conceitual. Veremos que as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) são regras de conduta contábil que seguem normas internacionais e são editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Também observaremos que a Estrutura Conceitual é a pedra angular de toda a normatização contábil e fornece os conceitos basilares sobre os quais todo o edifício da contabilidade se ergue. Por meio da análise de cada um desses conceitos, a Estrutura Conceitual é apresentada neste tema. Os pontos que discutiremos aqui encontram-se no CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. MÓDULO 1 Descrever a Estrutura Conceitual e os objetivos do relatório financeiro CONCEITOS Uma Estrutura Conceitual é um conjunto coerente de objetivos e fundamentos que prescreve a natureza, função, e limites das demonstrações contábeis e financeiras, assim como orienta a elaboração de padrões contábeis. A partir da estrutura conceitual, é possível identificar os objetivos e as finalidades da Contabilidade, além de orientar quanto aos eventos econômicos que devem ser reconhecidos, mensurados e comunicados aos usuários da informação contábil. A Estrutura Conceitual que orienta a formulação de padrões contábeis pelo IASB encontra-se na terceira versão e está formalizada no CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. javascript:void(0) IASB Significa “International Accounting Standards Board”, que pode ser traduzido como "Quadro Internacional de Normas Contábeis". Trata-se de uma organização internacional sem fins lucrativos que atualiza e publica as “International Financial Reporting Standards” (IFRS), ou as “Normas Internacionais de Relatório Financeiro”. A finalidade da Estrutura Conceitual é tríplice: (i) Auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) para que tenham base em conceitos consistentes; (ii) Auxiliar os responsáveis pela elaboração dos relatórios financeiros a desenvolver políticas contábeis consistentes na falta de pronunciamento específico sobre o tema ou quando o pronunciamento permitir uma escolha de política contábil; (iii) Auxiliar os usuários a entender e interpretar os pronunciamentos. A Estrutura Conceitual não é um pronunciamento propriamente dito e, portanto, não se sobrepõe a qualquer pronunciamento. Trata-se tão somente de um modelo para orientar o desenvolvimento, a preparação e a interpretação das informações contábeis financeiras. O esquema abaixo apresenta a Estrutura Conceitual de maneira resumida. OBJETIVOS Prover informações úteis a investidores, credores e outros usuários. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS As informações prestadas devem ser relevantes, fidedignas e comparáveis. ELEMENTOS CONTÁBEIS Define quais itens devem compor as demonstrações financeiras. RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO Define os critérios para reconhecer e mensurar um evento econômico. OBJETIVOS DO RELATÓRIO FINANCEIRO PARA FINS GERAIS A Estrutura Conceitual adotada pelo IASB é voltada para a tomada de decisão (usefulness approach) com foco nos provedores de capital para a entidade. Nesse sentido, afirma que o objetivo das demonstrações financeiras é prover informações financeiras úteis, primeiramente, para investidores e credores, atuais e potenciais, na tomada de decisões sobre o fornecimento de recursos para a entidade. Tais decisões podem envolver: (i) Compra, venda ou manutenção de instrumento de patrimônio e de dívida; (ii) Concessão ou liquidação de empréstimos ou outras formas de crédito; (iii) O exercício de direito de votar ou influenciar de outro modo os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. Ao privilegiar investidores e credores como usuários das demonstrações financeiras, a Estrutura Conceitual destaca a importância da prestação de informações relacionadas à geração de fluxos de caixas futuros da entidade. Tais informações são de vital importância na tomada de decisão de investidores e credores. Em linha com este entendimento, a Estrutura Conceitual destaca que, para decidir quanto ao fornecimento de capital para a entidade, investidores e credores precisam de informações sobre as perspectivas de fluxos de entrada de caixa para a entidade. Tais informações envolvem: javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) (i) Os recursos econômicos da entidade; (ii) Obrigações que pesem sobre a entidade; (iii) A qualidade da administração na gestão dos recursos econômicos da entidade. As demonstrações financeiras representam o principal canal de transmissão de informações da entidade a seus usuários, em particular a investidores e credores, que, em sua maioria, não têm como obter estas informações por meio de outras fontes. Contudo, os usuários não devem considerar que as demonstrações financeiras tenham como finalidade prover todas as informações necessárias para a adequada avaliação da entidade. Fontes de informações complementares devem ser consideradas, como, por exemplo, condições e expectativas econômicas gerais, ambiente político e perspectivas para o setor e para a empresa. A elaboração de demonstrações financeiras que sejam informativas quanto aos fluxos de caixa futuros da entidade, insumos essenciais para a tomada de decisão de investidores e credores, devem envolver estimativas, julgamentos e modelos, e não apenas representações exatas. A Estrutura Conceitual estabelece os conceitos subjacentes a essas estimativas, julgamentos e modelos, de modo que informações prospectivas (forward-looking) sejam produzidas segundo critérios consistentes e confiáveis. INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS ECONÔMICOS E PASSIVOS DA ENTIDADE QUE REPORTA Informações sobre a natureza e os valores dos recursos econômicos e passivos da entidade auxiliam os usuários a avaliar sua liquidez e solvência, assim como necessidades de financiamento adicional e a probabilidade de êxito na obtenção desse financiamento. Adicionalmente, informações sobre os passivos auxiliam os usuários a prever como futuros fluxos de caixa serão distribuídos entre as obrigações que pesam sobre a entidade. Para além de uma visão estática, é do interesse dos usuários da informação contábil uma perspectiva dinâmica do comportamento dos recursos econômicos da entidade, assim como de suas obrigações. Dessa forma, alterações nos recursos econômicos e nas obrigações da entidade, as quais resultam do desempenho financeiro e de outros eventos ou transações, como a emissão de instrumentos de dívida ou de instrumentos patrimoniais, são inputs essenciais para avaliar as perspectivas de fluxos de caixa futuros da entidade. Os usuários devem ser capazes de identificar esses dois tipos de mudanças. SAIBA MAIS De maneira similar, informações sobre os resultados produzidos pela entidade auxiliam os usuários a avaliar a eficácia de sua administração. Informações sobre a variação e os componentes desse resultado também são importantes, especialmente na avaliação da incerteza dos fluxos de caixa futuros. Por fim, informações sobre o desempenho financeiro passado da entidade são úteis para prever seus retornos futuros. A Estrutura Conceitual é clara ao definir o BalançoPatrimonial e a Demonstração de Resultados como as principais fontes de informações para a previsão do desempenho futuro da entidade. Isso decorre da superioridade do regime de competência como método de mensuração de resultados em relação ao regime de caixa: os lucros são melhores previsores dos fluxos de caixa futuros do que os próprios fluxos de caixa. Essa hipótese é largamente confirmada na pesquisa contábil de Kim e Kross (2005). Para uma ampla amostra de firmas norte-americanas, no período de 1974 a 2000, os autores reportaram que a capacidade do resultado contábil corrente prever o fluxo de caixa operacional do período seguinte excedia a capacidade explicativa dos próprios fluxos de caixa operacionais correntes. O regime de competência reflete os efeitos de eventos econômicos nos períodos em que estes ocorriam, mesmo que os pagamentos e recebimentos à vista resultantes fossem feitos em período diferente. Isso é importante porque o regime de competência fornece uma base para a avaliação do desempenho passado e futuro da entidade superior às informações derivadas do regime de caixa. Subsidiariamente ao Balanço Patrimonial e à Demonstração de Resultados, a Estrutura Conceitual afirma a importância da Demonstração de fluxos de caixa: informações sobre os fluxos de caixa da entidade também auxiliam os usuários a avaliar tanto a capacidade da entidade de gerar fluxos de caixa futuros, quanto a eficácia da sua administração. As informações de fluxo de caixa, como, por exemplo, contratação e amortização de dívidas, dividendos em dinheiro ou outras distribuições de caixa a investidores, indicam como a entidade obtém e consome caixa. Tais informações auxiliam os usuários a compreender as operações da entidade, avaliar suas atividades de financiamento e investimento, avaliar sua liquidez ou solvência e interpretar outras informações sobre o desempenho financeiro. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS ÚTEIS As características qualitativas de informações financeiras úteis identificam os tipos de informações que tendem a ser mais úteis a investidores e credores para que tomem decisões sobre a entidade com base nas informações contidas nas demonstrações contábeis, bem como em outras formas de divulgação. A figura abaixo indica as características desejáveis que a informação contábil deve apresentar, conforme preconizado pela Estrutura Conceitual. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DOS RELATÓRIOS FINANCEIROS As características qualitativas dos relatórios financeiros são apresentadas pelo IASB como um conjunto de qualidades de relatório baseado na prescrição básica. Para as informações financeiras serem úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que pretendem evidenciar. ATENÇÃO As características qualitativas fundamentais das informações financeiras são de relevância e representação fidedigna. A utilidade das informações financeiras é aumentada se forem comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis. Relevância Um sistema de informações contábeis é relevante se relatar informações úteis, compreensíveis, oportunas e pertinentes para uma tomada de decisão eficaz. Devem ser capazes de fazer diferença em decisões, seja pelo valor preditivo, seja pelo valor confirmatório. As informações financeiras terão valor preditivo se forem utilizadas em processos empregados pelos usuários para prever resultados. As informações financeiras terão valor confirmatório se fornecerem feedback sobre (confirmam ou alteram) avaliações anteriores. Observe o seguinte esquema. Informações que possuem valor preditivo frequentemente possuem também valor confirmatório, de modo que ambos os valores estão inter-relacionados. EXEMPLO Informações sobre receitas para o ano corrente, que podem ser utilizadas como base para prever receitas em anos futuros, também podem ser comparadas a previsões de receitas para o ano corrente que tenham sido feitas em anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem ajudar o usuário a corrigir e a melhorar os processos utilizados para fazer as previsões. A materialidade é um aspecto da relevância da informação financeira que decorre da natureza ou magnitude, ou ambas, do conteúdo informacional que possuem. Dessa maneira, a omissão ou distorção de informações materiais pode influenciar as decisões que os usuários tomam com base nelas. Representação fidedigna A representação fidedigna está associada à prevalência da essência sobre a forma. Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também fazê-lo de maneira fiel à essência deles. Caso a essência e a forma não sejam as mesmas, a essência deve ser privilegiada para que o fenômeno econômico seja representado de modo autêntico. Uma representação fidedigna deve apresentar três características: COMPLETA, NEUTRA E ISENTA DE ERROS. A representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos representados, inclusive as descrições e as explicações necessárias. ATENÇÃO A representação completa de grupo de ativos inclui, no mínimo, a descrição da sua natureza e a representação numérica desses ativos, inclusive informando a base de mensuração utilizada (por exemplo, custo histórico ou valor justo). Para alguns itens, uma representação completa pode envolver também explicações de fatos significativos sobre a qualidade e a natureza do item. A figura abaixo resume o conceito de representação fidedigna. Segundo Lames (2019), a primeira limitação que surge é a dificuldade de mensuração, especialmente dos intangíveis. Há uma discussão intensa na pesquisa contábil acerca desse aspecto e são crescentes os elementos de valor das empresas que não são computados nos balanços pela ausência de mecanismos de mensuração. Isso ocorre porque as abordagens tradicionais para avaliação financeira das empresas apresentam dificuldades em avaliar os negócios com ativos intangíveis significantes, de modo que a maioria de tais ativos sequer é contabilizada nos demonstrativos financeiros. A principal razão disso está na dificuldade de identificação, definição e mensuração desses ativos por parte das empresas. Uma segunda limitação à informação completa é o não registro do custo de oportunidade. A necessidade contínua de se fazer escolhas deve levar em consideração as melhores alternativas descartadas e seu impacto nas empresas. Normalmente, o custo de oportunidade é associado ao custo da renúncia diante das diversas opções disponíveis no mercado. ATENÇÃO A representação neutra não é tendenciosa na seleção ou na apresentação de informações financeiras. A representação neutra não possui viés, não é parcial, nem apresenta ênfase. Ela não é manipulada para aumentar a probabilidade de que as informações financeiras sejam recebidas de modo favorável ou desfavorável pelos usuários. Isso não significa, contudo, que informações neutras não tenham influência sobre o comportamento. Ao contrário, informações financeiras relevantes são, por definição, capazes de fazer diferença nas decisões dos usuários. A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência, ou seja, cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. A PRUDÊNCIA NÃO PERMITE A SUBAVALIAÇÃO DE ATIVOS OU RECEITAS OU A SUPERAVALIAÇÃO DE PASSIVOS OU DESPESAS, POIS TAIS DIVULGAÇÕES DISTORCIDAS PODEM LEVAR À SUPERAVALIAÇÃO OU SUBAVALIAÇÃO DE RECEITAS OU DESPESAS EM PERÍODOS FUTUROS. (NBC, 2019). Segundo Lames (2019), dois elementos caracterizam as limitações relacionadas à neutralidade da informação, assim como preconiza o CPC: ESCOLHAS CONTÁBEIS E O GERENCIAMENTO DE RESULTADOS (MANIPULAÇÕES). As escolhas contábeis são um campo fértil da Contabilidade, pois permitem, tanto decisões discricionárias relevantes para garantir a representação fidedigna, quanto decisões com menores graus de clareza, em uma margem tênue entre as escolhas e o gerenciamento de resultados. Tambémparece não haver consenso sobre os limites entre os dois elementos. Mesmo em meio às mudanças para os padrões internacionais, a Contabilidade ainda permanece obscura, e as empresas ainda conseguem manipular o sistema contábil. Os autores indicam cinco limitações das demonstrações contábeis que facilitam a manipulação: padrões universais, reconhecimento da receita, medidas de lucros não oficiais, contabilização a valor justo e ajustes nas decisões, ao invés dos livros. Representação fidedigna não significa representação precisa em todos os aspectos. Livre de erros significa que não há erros ou omissões na descrição do fenômeno e que o processo utilizado para produzir as informações apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo. Por exemplo, estimativas podem ser representações fidedignas se a natureza e as limitações do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro tiver sido cometido na escolha e na aplicação do processo apropriado para o desenvolvimento da estimativa. As características qualitativas fundamentais de relevância e representação fidedigna devem ser simultâneas para que a informação seja útil. Dessa maneira, nem a representação fidedigna de fenômeno irrelevante nem a representação não fidedigna de fenômeno relevante auxiliam os usuários a tomar boas decisões. Em alguns casos, o equilíbrio entre relevância e representação fidedigna precisa ser encontrado para atingir o objetivo do relatório financeiro, que é fornecer informações úteis sobre fenômenos econômicos. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA As características qualitativas de melhoria ampliam o escopo das características qualitativas fundamentais das informações financeiras. Dessa forma, informações relevantes e que forneçam representação fidedigna podem ser melhoradas por características adicionais, como: comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade. ATENÇÃO O desafio do preparador da informação contábil é maximizar as características qualitativas de melhoria tendo em mente o objetivo final de produzir uma informação útil. O exercício do qual o preparador não poderá se desviar é a busca constante de um equilíbrio entre as diversas características qualitativas. Comparabilidade As decisões dos usuários envolvem escolher entre alternativas, como vender ou manter o investimento, ou investir em uma ou outra entidade. Consequentemente, as informações financeiras são mais úteis se permitirem a comparação entre as entidades, assim como sobre a mesma entidade, mas referentes a outro período. Observe a figura abaixo. Comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre itens. O adequado entendimento da comparabilidade implica diferenciá-la de outras características que possam ser incorretamente tomadas como sinônimos. Por exemplo, comparabilidade não é uniformidade. As diferenças entre os itens não devem ser diluídas; a comparabilidade de informações financeiras não é aumentada a ponto de fazer fatos divergentes parecerem similares. Do mesmo modo, comparabilidade não é consistência. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens e, indiscutivelmente, melhora a comparabilidade. A consistência é o meio para atingir o objetivo, que é a comparabilidade. Nesse sentido, embora um único fenômeno econômico possa ser representado de maneira fidedigna de diversas formas, permitir métodos contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade. Verificabilidade A verificabilidade ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de maneira fidedigna os fenômenos econômicos. Verificabilidade significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a um acordo necessariamente completo, de que a representação específica é fidedigna. Informações quantificadas não precisam ser uma estimativa de valor único para que sejam verificáveis. Uma faixa de valores possíveis e as respectivas probabilidades também podem ser verificadas. A verificação pode ser direta ou indireta: Verificação direta significa verificar o valor ou outra representação por meio de observação direta, por exemplo, inventário de estoque; cotação do ativo em bolsa. Verificação indireta significa verificar os dados de entrada de modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os dados de saída utilizando a mesma metodologia. EXEMPLO Um exemplo é verificar o saldo devedor de uma operação de crédito, descontando os fluxos previstos no contrato pela sua taxa e prazos. Para estimativas mais complexas, é necessário divulgar as premissas subjacentes, os métodos de compilação das informações e outros fatores e circunstâncias que sustentam as informações. Marques et al. (2015) argumentam que a falta de transparência da informação financeira compromete sua verificabilidade. Ela impede, por exemplo, que se consiga observar as informações e o modo como foram elaboradas, tornando impossível sua reprodução. A transparência, parte integrante do processo de prestação de contas (accountability), mesmo depois de tantos anos de discussão, é um conceito em construção, que carrega consigo várias nuances e significados. Tempestividade Tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de decisões a tempo para que sejam capazes de influenciá-los. De modo geral, quanto mais antiga a informação, menor a sua utilidade. Por outro lado, a tempestividade na prestação da informação pode implicar comprometimento de sua fidedignidade. Um trade-off deve ser considerado aqui entre a tempestividade e a representação fidedigna. TRADE-OFF Refere-se a situações em que há um conflito de escolha. Onde perde-se de um lado, mas ganha-se de outro, ou em casos em que a resolução de um problema gera outro. Compreensibilidade Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna compreensíveis. Alguns fenômenos são tão inerentemente complexos a ponto de não ser possível compreendê-los facilmente. Excluir informações sobre esses fenômenos pode tornar mais clara a compreensão de determinadas informações contidas nos relatórios financeiros. Contudo, esses relatórios seriam incompletos e, portanto, possivelmente distorcidos. ATENÇÃO Novamente, um trade-off deve ser considerado. Dessa vez, entre compreensibilidade e completude. De um lado, temos uma informação completa, porém incompreensível; de outro, uma informação compreensível, porém incompleta. Encontrar o equilíbrio entre essas duas características é o desafio do preparador da informação contábil. Dias (2000) argumenta que a contabilidade tem uma linguagem própria, um vocabulário especial com vistas a transmitir a história financeira das organizações e possui certa dependência de terminologia especializada. É preciso estudo e dedicação para compreendê-la, pois demanda alto nível de conhecimento técnico. A tabela abaixo resume o entendimento sobre as características qualitativas de melhoria. Características qualitativas de melhoria Comparabilidade - Comparação de informações que permite aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre javascript:void(0) itens - Consistência: uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, seja entre períodos na mesma entidade, seja em um único período para diferentes entidades - Comparabilidade é diferente de uniformidade. Assim, métodos contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a comparabilidade Verificabilidade Diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso Tempestividade Capacidade de disponibilizar informações aos tomadores de decisões a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões Compreensibilidade Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna compreensíveis Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabelautilize a rolagem horizontal RESTRIÇÕES DO CUSTO SOBRE RELATÓRIOS FINANCEIROS ÚTEIS A preparação de relatórios financeiros representa um trade-off adicional para o profissional de contabilidade. Aqui nos referimos à escolha entre custo e benefício da informação prestada. O custo é uma restrição generalizada sobre as informações que podem ser fornecidas pelo relatório financeiro e deve ser justificado pelo benefício de sua apresentação. Os fornecedores de informações financeiras gastam a maior parte dos esforços envolvidos na coleta, no processamento, na verificação e na disseminação de informações financeiras, mas, em última instância, os usuários arcam com esses custos na forma de retornos reduzidos. Os usuários também podem incorrer em custos de análise e interpretação das informações financeiras fornecidas. Se as informações necessárias não são fornecidas, os usuários incorrem em custos adicionais para obtê-las em qualquer outra parte ou para estimá-las. A apresentação de informações financeiras relevantes e fidedignas ajuda os usuários a tomar decisões com mais confiança. Isso resulta no funcionamento mais eficiente dos mercados de capitais e no menor custo de capital para a economia como um todo. Ao aplicar a restrição de custo, deve-se avaliar se é provável que os benefícios do relatório de informações específicas justificam os custos incorridos para fornecer e utilizar essas informações. Veja, abaixo um vídeo sobre os objetivos do Relatório Financeiro para Fins Gerenciais: Objetivos do Relatório Financeiro para Fins Gerenciais VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Descrever reconhecimento, desreconhecimento e as bases de mensuração de elementos patrimoniais RECONHECIMENTO Reconhecimento é o processo de captura ou tradução de eventos econômicos para inclusão nas demonstrações contábeis, a saber: - Balanço patrimonial; - Demonstração do resultado; - Demonstração do resultado abrangente. Os eventos econômicos traduzidos devem resultar em itens que atendam à definição de ativo, passivo, patrimônio líquido, receita ou despesa. Reconhecimento envolve refletir o item em uma dessas demonstrações – seja isoladamente ou em conjunto com outros itens. O valor pelo qual ativo, passivo ou patrimônio líquido é reconhecido no balanço patrimonial e referido como o seu “valor contábil”. 04:15 ATENÇÃO Para que um ativo e/ou passivo seja reconhecido, o objeto deve satisfazer a definição de elemento, ser mensurável e deve passar pelos testes de relevância e confiabilidade. Desse modo, conforme assinalam Ayres, Ferreira da Costa e Szuster (2016), podemos depreender que o reconhecimento contábil é o processo que envolve a decisão se um determinado evento deve ser reconhecido questionando-se quando, como e por quanto. Ou seja, incluir um ato ou fato efetivamente na Contabilidade. O balanço patrimonial, a demonstração do resultado e a demonstração do resultado abrangente refletem o ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos pela entidade em sumários estruturados que se destinam a tornar as informações financeiras comparáveis e compreensíveis. A Contabilidade forma um sistema fechado. Em consequência, o aumento de determinado item do patrimônio implica o aumento ou diminuição de outro. Assim, o reconhecimento contábil vincula os elementos às demonstrações contábeis, como balanço patrimonial, demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente, conforme abaixo: (A) No balanço patrimonial, no início e no final do período de relatório, o total do ativo menos o total do passivo equivale ao total do patrimônio líquido (B) Alterações reconhecidas no patrimônio líquido durante o período de relatório compreendem: Receitas menos despesas, reconhecidas na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente; mais Contribuições de acionistas, menos distribuições a esses acionistas Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A Contabilidade, enquanto sistema fechado, impõe que o reconhecimento de item (ou mudança em seu valor contábil) exige o reconhecimento ou desreconhecimento de um ou mais itens (NBC, 2019). Como exemplos da vinculação entre itens do patrimônio e, em decorrência disso, das demonstrações contábeis, temos: (A) O reconhecimento de receita ocorre ao mesmo tempo que: O reconhecimento inicial do ativo, ou aumento no valor contábil do ativo O desreconhecimento do passivo, ou diminuição no valor contábil do passivo (B) O reconhecimento de despesa ocorre ao mesmo tempo que: O reconhecimento inicial do passivo, ou aumento no valor contábil do passivo • O desreconhecimento do ativo, ou diminuição no valor contábil do ativo Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO A forte orientação da Contabilidade para a prestação de informações úteis aos usuários torna as etapas de reconhecimento, mensuração e classificações dos elementos contábeis indispensáveis ao processo de compilação de dados contábeis relevantes e confiáveis. Em concordância com o exposto, o critério para reconhecimento de um ativo e/ou passivo proposto pelo IASB é composto por três requisitos: - A informação resultante do reconhecimento do elemento dor relevante; - O reconhecimento resultar em representação fidedigna do elemento; - Os benefícios resultantes da informação gerada pelo reconhecimento superam os custos para obtê-la. Somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. Similarmente, somente itens que atendem à definição de receitas ou despesas devem ser reconhecidos na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. Contudo, nem todos os itens que atendem à definição de um desses elementos devem ser reconhecidos. Somente há reconhecimento de um ativo ou passivo e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes caso esses forneçam aos usuários das demonstrações contábeis informações que lhes sejam úteis, ou seja (NBC, 2019): - Informações relevantes sobre o ativo ou passivo e sobre quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido; - Representação fidedigna do ativo ou passivo e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido. Assim como o custo restringe outras decisões de relatório financeiro, também restringe decisões de reconhecimento. Há um custo para reconhecer um ativo ou passivo. O ativo ou passivo deve ser reconhecido se os benefícios de as informações fornecidas aos usuários das demonstrações contábeis pelo reconhecimento justificarem os custos de fornecer e utilizar essas informações. Em alguns casos, os custos do reconhecimento podem superar seus benefícios. RELEVÂNCIA As informações sobre ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas são relevantes para os usuários das demonstrações contábeis. Contudo, o reconhecimento de ativo ou passivo específico e quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes nem sempre podem fornecer informações relevantes. Esse pode ser o caso se, por exemplo: (A) for incerta a existência de um ativo ou passivo (B) existir ativo ou passivo, mas a probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos é baixa Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal BAIXA PROBABILIDADE DE ENTRADA OU SAÍDA DE BENEFÍCIOS ECONÔMICOS O ativo ou passivo pode existir mesmo se a probabilidade de entrada ou saída de benefícios econômicos for baixa. Nesse caso, as informações mais relevantes sobre o ativo ou passivo podem ser a respeito da magnitude das possíveis entradas ou saídas, da sua época possível e dos fatores que afetam a probabilidade de sua ocorrência. A localização típica dessas informações é nas notas explicativas (NBC, 2019). REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA O reconhecimento de ativo ou passivo específico é apropriado se fornecernão apenas informações relevantes, mas também representação fidedigna desse ativo ou passivo e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido resultantes. ATENÇÃO A possibilidade de representação fidedigna ser fornecida pode ser afetada pelo nível de incerteza na mensuração associado ao ativo ou passivo ou por outros fatores (NBC, 2019). INCERTEZA NA MENSURAÇÃO Para que o ativo ou passivo seja reconhecido, ele deve ser mensurado. Em muitos casos, essas mensurações devem ser estimadas e, portanto, estão sujeitas à incerteza na mensuração. Conforme observado no CPC 00(R2), o uso de estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração de informações financeiras e não prejudica a utilidade das informações se as estimativas são descritas e explicadas de maneira clara e precisa. Mesmo o elevado nível de incerteza na mensuração não impede, necessariamente, que essa estimativa forneça informações úteis. Em alguns casos, o nível de incerteza envolvido ao estimar a mensuração de ativo ou passivo pode ser tão alto a ponto de ser questionável se a estimativa forneceria representação fidedigna desse ativo ou passivo e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do patrimônio líquido daí resultantes. O nível de incerteza na mensuração pode ser muito alto se, por exemplo (NBC, 2019): O intervalo de possíveis resultados é excepcionalmente amplo, e a probabilidade de cada resultado é difícil de estimar; A mensuração é excepcionalmente sensível a pequenas alterações em estimativas da probabilidade de diferentes resultados. Nesses casos, a informação mais útil pode ser a mensuração que se baseia na estimativa incerta, acompanhada pela descrição da estimativa e pela explicação das incertezas que a afetam. ATENÇÃO Em circunstâncias excepcionais, porém, nem mesmo a descrição da estimativa e a explicação das incertezas que a afetam tornaria possível a adequada compreensão da informação. Nessas circunstâncias excepcionais, o ativo ou passivo não deve ser reconhecido. DESRECONHECIMENTO O desreconhecimento contábil é a retirada integral ou parcial da demonstração da posição financeira de ativo e/ou passivo previamente reconhecido. Segundo o CPC 00 – Estrutura Conceitual, o desreconhecimento normalmente ocorre quando esse item não atende mais à definição de ativo ou passivo, nas seguintes condições: - Para o ativo - quando a entidade perde o controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido; - Para o passivo – normalmente, quando a entidade não possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte do passivo reconhecido. Os requisitos de contabilização para o desreconhecimento visam representar fidedignamente: (A) quaisquer ativos e passivos retidos após a transação ou outro evento que levou ao desreconhecimento (incluindo qualquer ativo ou passivo adquirido, incorrido ou criado como parte da transação ou de outro evento) (B) a mudança nos ativos e passivos da entidade como resultado dessa transação ou de outro evento Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quando a entidade não possui mais o componente transferido, o desreconhecimento desse componente é uma representação fidedigna desse fato. Por outro lado, em determinadas ocasiões, o desreconhecimento pode não representar fidedignamente o quanto a transação ou outro evento muda o ativo ou passivo da entidade. Nesses casos, o desreconhecimento do componente transferido pode implicar que a posição financeira da entidade mudou mais significativamente do que o indicado. Isso pode ocorrer, por exemplo: (A) Se a entidade tiver transferido o ativo e, ao mesmo tempo, celebrado outra transação que resulta em direito presente ou obrigação presente de readquirir o ativo (B) Se a entidade tiver mantido exposição a variações positivas ou negativas significativas no valor dos benefícios econômicos que podem ser produzidos por componente transferido que a entidade não controla mais Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal MENSURAÇÃO Os elementos reconhecidos nas demonstrações contábeis são quantificados em termos monetários. Isso exige a seleção de uma base de mensuração que, quando aplicada, mensura esse ativo ou passivo e as respectivas receitas e despesas. As características qualitativas de informações financeiras úteis e a restrição de custo resultam na seleção de diferentes bases de mensuração para diferentes ativos, passivos, receitas e despesas (NBC, 2019). A mensuração é o processo de atribuição de valores monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa. A principal divisão é entre os custos históricos e os correntes (valor atual), pois o primeiro reflete a história da empresa, e o segundo indica o seu futuro. SAIBA MAIS A mensuração pode ser entendida como um processo de aproximação da realidade, tendo subjetividade como característica e confiabilidade como um desafio para a adoção de um novo modelo contábil, sendo este sustentado por avaliações econômicas dos ativos e das obrigações. BASES DE MENSURAÇÃO CUSTO HISTÓRICO A mensuração ao custo histórico fornece dados monetários sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações derivadas, pelo menos em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem a eles. Diferentemente do valor atual, o custo histórico não reflete as mudanças nos valores, exceto na medida em que essas alterações se referirem à redução ao valor recuperável de ativo ou passivo (NBC, 2019). Observe este esquema que ilustra as possibilidades que envolvem a mensuração pelo custo histórico. O custo histórico de ativo, quando é adquirido ou criado, é o valor dos custos incorridos na sua aquisição ou criação, compreendendo a contraprestação paga para adquirir ou criar o ativo mais os custos de transação (NBC, 2019). O custo histórico de passivo, quando é incorrido ou assumido, é o valor da contraprestação recebida para incorrer ou assumir o passivo menos custos de transação (NBC, 2019). Quando o ativo é adquirido ou criado, ou o passivo é incorrido ou assumido, como resultado de um evento que não seja uma transação em termos de mercado, pode não ser possível identificar o custo, ou este pode não fornecer informações relevantes. Em alguns desses casos, o valor atual do ativo ou passivo é utilizado como custo atribuído no reconhecimento inicial, o qual é utilizado como ponto de partida para mensuração subsequente ao custo histórico. O custo histórico de ativo é atualizado ao longo do tempo para refletir, se aplicável (NBC, 2019).: - O consumo da totalidade ou parte do recurso econômico que constitui o ativo (depreciação ou amortização); - Pagamentos recebidos que extinguem a totalidade ou parte do ativo; - O efeito de eventos que fazem com que a totalidade ou parte do custo histórico do ativo não seja mais recuperável (redução ao valor recuperável); - Provisão de juros para refletir qualquer componente de financiamento do ativo. O custo histórico de passivo é atualizado ao longo do tempo para refletir, se aplicável: (A) O cumprimento da totalidade ou parte do passivo, por exemplo, efetuando pagamentos que extinguem a totalidade ou parte do passivo ou satisfazendo a obrigação de entregar produtos (B) O efeito de eventos que aumentam o valor da obrigação de transferir os recursos econômicos necessários para cumprir a obrigação em tal medida que o passivo se torna oneroso, ou seja, ocorre quando o custo histórico não é mais suficiente para refletir a obrigação de satisfazer o passivo (C) Provisão de juros para refletir qualquer componente de financiamento do passivo Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Uma forma de aplicar a base de mensuração ao custo histórico a ativos e passivos financeiros é mensurá-los ao custo amortizado. ATENÇÃO O custo amortizado de um ativo financeiro ou passivo financeiro reflete as estimativas de fluxosde caixa futuros, descontados a uma taxa determinada no reconhecimento inicial. Para instrumentos de taxa variável, a taxa de desconto é atualizada para refletir mudanças na taxa variável. O custo amortizado de um ativo ou passivo financeiro é atualizado ao longo do tempo para refletir mudanças subsequentes, tais como provisão de juros, redução ao valor recuperável de ativo financeiro e recebimentos ou pagamentos. VALOR ATUAL As mensurações ao valor atual fornecem informações monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e despesas, utilizando informações atualizadas para refletir condições na data de mensuração. Devido à atualização, os valores atuais de ativos e passivos refletem as mudanças, desde a data de mensuração anterior, em estimativas de fluxos de caixa e outros fatores refletidos nesses valores atuais (NBC, 2019). Diferentemente do custo histórico, o valor atual de ativo ou passivo não resulta, mesmo em parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem ao ativo ou passivo. As bases de mensuração do valor atual incluem: - Valor justo; - Valor em uso de ativos e valor de cumprimento de passivos; - Custo corrente. A figura abaixo ilustra as possibilidades envolvendo o custo atual. VALOR JUSTO Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de ativo ou que seria pago pela transferência de passivo em transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração. O ativo ou passivo é mensurado utilizando as mesmas premissas que os participantes do mercado utilizariam ao precificar o ativo ou passivo se esses participantes do mercado agirem em seu melhor interesse econômico (NBC, 2019). Em alguns casos, o valor justo pode ser determinado diretamente, observando-se os preços em mercado ativo. Em outros casos, o valor justo é determinado indiretamente utilizando técnicas de mensuração, por exemplo, baseadas em fluxo de caixa, refletindo todos os seguintes fatores (NBC, 2019): - Estimativas de fluxos de caixa futuros; - Possíveis variações no valor estimado ou época dos fluxos de caixa futuros do ativo ou passivo que estiver sendo mensurado, causadas pela incerteza inerente aos fluxos de caixa; - O valor do dinheiro no tempo; - O preço para suportar a incerteza inerente aos fluxos de caixa (prêmio de risco ou desconto de risco); - Outros fatores, por exemplo, liquidez. VALOR EM USO DE ATIVOS E VALOR DE CUMPRIMENTO DE PASSIVOS Valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios econômicos, que a entidade espera obter do uso de ativo e de sua alienação final. Valor de cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos, que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a obrigação. ATENÇÃO Como o valor em uso e o valor de cumprimento baseiam-se em fluxos de caixa futuros, eles não incluem custos de transação incorridos ao adquirir o ativo ou assumir o passivo. Entretanto, o valor em uso e o valor de cumprimento incluem o valor presente de quaisquer custos de transação que a entidade espera incorrer na alienação final do ativo ou no cumprimento do passivo. O valor em uso e o valor de cumprimento não podem ser observados diretamente e são determinados utilizando técnicas de mensuração baseadas em fluxos de caixa. O valor em uso e o valor de cumprimento refletem os mesmos fatores descritos para o valor justo, mas da perspectiva específica da entidade, e não de participantes do mercado. CUSTO CORRENTE A terceira modalidade de valor atual, o custo corrente de ativo é o custo de ativo equivalente na data de mensuração, compreendendo a contraprestação que seria paga na data de mensuração mais os custos de transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente de passivo é a contraprestação que seria recebida pelo passivo equivalente na data de mensuração menos os custos de transação que seriam incorridos nessa data. Custo corrente, como custo histórico, é o valor de entrada: reflete preços no mercado em que a entidade adquiriria o ativo ou incorreria no passivo. Assim, é diferente do valor justo, valor em uso e valor de cumprimento, que são valores de saída. Contudo, diferentemente do custo histórico, o custo corrente reflete condições na data de mensuração. Em alguns casos, o custo corrente não pode ser determinado diretamente observando preços em mercado ativo, sendo isso feito, portanto, indiretamente por outros meios. Por exemplo, se os preços estão disponíveis somente para novos ativos, o custo corrente de ativo usado pode precisar ser estimado, ajustando o preço corrente de novo ativo para refletir a idade atual e condição do ativo mantido pela entidade. FATORES A SEREM CONSIDERADOS AO SELECIONAR A BASE DE MENSURAÇÃO Ao escolher a base de mensuração para ativo ou passivo e para as respectivas receitas e despesas, é necessário considerar a natureza das informações que a base de mensuração produzirá tanto no balanço patrimonial como na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. As informações fornecidas pela base de mensuração devem ser úteis aos usuários das demonstrações contábeis. Para alcançar isso, as informações devem ser relevantes e devem representar, fidedignamente, o que pretendem representar. Além disso, as informações fornecidas devem ser, tanto quanto possível, comparáveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis. Desse modo, a base de mensuração escolhida deverá levar em conta: (i) As características do ativo ou passivo; e (ii) A forma como o ativo ou passivo contribui para fluxos de caixa futuros Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal MENSURAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO O valor contábil total do patrimônio líquido não é mensurado diretamente. Equivale ao total dos valores contábeis de todos os ativos reconhecidos menos o total dos valores contábeis de todos os passivos reconhecidos. Como as demonstrações contábeis para fins gerais não se destinam a apresentar o valor da entidade, o valor contábil total do patrimônio líquido geralmente não equivale (NBC, 2019): (A) Ao valor de mercado total de direitos sobre o patrimônio na entidade (B) Ao valor que poderia ser levantado, vendendo a entidade como um todo em regime de continuidade operacional; ou (C) Ao valor que poderia ser levantado, vendendo todos os ativos da entidade e liquidando todos os seus passivos Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Reconhecimento e desreconhecimento 04:23 VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Identificar os critérios para apresentação e divulgação de demonstrações contábeis APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO COMO FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO Uma entidade faz comunicações e reportes sobre seus ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas apresentando e divulgando informações em suas demonstrações contábeis. A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis torna essas informações mais relevantes e contribui para uma representação fidedigna de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade. Também aprimora a compreensibilidade e comparabilidade das informações nas demonstrações contábeis. A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis requer (NBC, 2019): - Concentrar-se em princípios e objetivos de divulgação e apresentação em vez de concentrar- se em regras; - Classificar informações de maneira a agrupar itens similares e separar itens diferentes; - Agregar informações de tal modo que não sejam obscurecidas por detalhes desnecessários ou por agregação excessiva. Assim como custo restringe outras decisões de relatório financeiro, também restringe decisões sobre apresentação e divulgação. ATENÇÃO Portanto, ao tomar decisões sobre apresentação e divulgação, é importante considerar se é provável que os benefícios fornecidos aos usuários das demonstrações contábeis ao apresentar ou divulgar informações específicas justifiquem os custosde fornecer e utilizar essas informações. Segundo Lima (2011), demonstrações financeiras comparáveis, como as pretendidas pelo IFRS, facilitam os investimentos entre diferentes jurisdições e a integração entre seus mercados de capitais. A comparabilidade facilita a avaliação dos investidores acerca das oportunidades de investimento e tende a aumentar a liquidez do mercado de capitais, bem como reduzir o custo de capital das empresas. Silva (2013) indica que houve um aumento na qualidade da informação contábil e uma redução no custo de capital próprio após a adoção completa do padrão IFRS pelo Brasil. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DE APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO Para facilitar a comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis, ao desenvolver requisitos de apresentação e divulgação nos pronunciamentos, é necessário um equilíbrio entre (NBC, 2019): (A) Dar às entidades a flexibilidade para fornecer informações relevantes que representem fidedignamente os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade; e (B) Exigir informações que sejam comparáveis, tanto de período a período para a entidade que reporta como em um único período de relatório para diferentes entidades Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Ribeiro e Braunbeck (2017) analisaram os perfis contábeis de 150 jurisdições que aplicam as normas internacionais de Contabilidade. Seus achados indicam que a comparabilidade a nível mundial das demonstrações contábeis é uma realidade para as empresas que utilizam as normas IFRS, com exceção das empresas que usam instrumentos financeiro, já que as normas direcionadas a esse assunto foram adotadas de modo diferente por muitas jurisdições. CLASSIFICAÇÃO Classificação é a organização de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou despesas com base em características compartilhadas para fins de divulgação e apresentação. Essas características incluem, entre outras, a natureza do item, seu papel (ou função) dentro das atividades de negócio conduzidas pela entidade e como é mensurado. Classificar diferentes ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas ou despesas em conjunto pode obscurecer informações relevantes, reduzir a compreensibilidade e a comparabilidade e pode não fornecer representação fidedigna do que pretendem representar (NBC, 2019). Da mesma maneira, a compensação de ativos e passivos, por meio do agrupamento em um único valor líquido no balanço patrimonial, não é adequada. As receitas e despesas são classificadas e incluídas: (A) Na demonstração do resultado (B) Na demonstração do resultado abrangente. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A demonstração do resultado é a fonte principal de informações sobre o desempenho financeiro da entidade para o período de relatório. Essa demonstração contém um total para o resultado (lucro ou prejuízo) que fornece uma representação altamente resumida do desempenho financeiro da entidade para o período. Muitos usuários das demonstrações contábeis incorporam esse total em sua análise como ponto de partida para essa análise ou como o principal indicador do desempenho financeiro da entidade para o período. ATENÇÃO Como a demonstração do resultado é a fonte principal de informações sobre o desempenho financeiro da entidade para o período, todas as receitas e despesas são, a princípio, incluídas nessa demonstração. Contudo, ao aplicar os pronunciamentos, pode-se decidir, em circunstâncias excepcionais, que receitas ou despesas resultantes de mudança no valor corrente de ativo ou passivo devem ser incluídas na demonstração do resultado abrangente se isso resultar na demonstração do resultado fornecer informações mais relevantes, ou fornecer representação mais fidedigna do desempenho financeiro da entidade para esse período. A princípio, receitas e despesas incluídas na demonstração do resultado abrangente no período são reclassificadas da demonstração do resultado abrangente para a demonstração do resultado em período futuro se isso resultar na demonstração do resultado fornecer informações mais relevantes, ou fornecer representação mais fidedigna do desempenho financeiro da entidade para esse período futuro. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade, que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis na avaliação de suas perspectivas de fluxos de caixa e na avaliação de sua gestão. As demonstrações contábeis são normalmente elaboradas com base na suposição de que a entidade que reporta está em continuidade operacional e continuará em operação no futuro previsível (conceito de continuidade ou going-concern). Essas informações são fornecidas (NBC, 2019): (A) No balanço patrimonial, ao reconhecer ativos, passivos e patrimônio líquido (B) Na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente, ao reconhecer receitas e despesas; e (C) Em outras demonstrações e notas explicativas, ao apresentar e divulgar informações sobre: Ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas reconhecidos, incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes desses ativos e passivos reconhecidos Ativos e passivos que não foram reconhecidos, incluindo informações sobre sua natureza e sobre os riscos resultantes deles. Podemos citar como exemplo as contingências Fluxos de caixa Aportes de capital dos sócios e distribuições (dividendos, juros sobre capital próprio, bonificações) a eles; e Os métodos, as premissas e os julgamentos utilizados na estimativa dos valores apresentados ou divulgados, e mudanças nesses métodos, premissas e julgamentos. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal As demonstrações contábeis são elaboradas para um período específico (período de relatório) e fornecem informações sobre: (A) Ativos e passivos – incluindo os não reconhecidos – e patrimônio líquido que existiam durante o período de relatório, ou no final deste. Trata-se do Balanço Patrimonial; e (B) Receitas e despesas para o período de relatório. Trata-se da Demonstração de Resultados e da Demonstração de Resultados Abrangentes Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Para ajudar os usuários das demonstrações contábeis a identificar e avaliar mudanças e tendências, as demonstrações contábeis também fornecem informações comparativas de, pelo menos, um período de relatório anterior. Adicionalmente, as demonstrações contábeis incluem informações sobre transações e outros eventos que ocorreram após o final do período de relatório, se o fornecimento dessas informações for necessário para alcançar o objetivo das demonstrações contábeis. Trata-se dos denominados eventos subsequentes. A elaboração de demonstrações contábeis pode ser feita por uma única entidade ou por mais de uma entidade. Uma entidade que reporta não é necessariamente uma entidade legal. ATENÇÃO Se a entidade (controladora) tem o controle sobre as demais (controladas), suas demonstrações contábeis compreendem tanto a controladora como suas controladas e são denominadas de demonstrações contábeis consolidadas. Caso as demonstrações contábeis da controladora sejam individuais, são denominadas de demonstrações contábeis não consolidadas (NBC, 2019). As demonstrações contábeis consolidadas fornecem informações sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas tanto da controladora como de suas controladas, como se formassem entidade única. Essas informações são úteis para que investidores e credores da controladora possam avaliar as perspectivas de fluxos de caixa da controladora, os quais podem ser afetados por sua relação com as controladas. As demonstrações contábeis não consolidadas não são suficientes para atender às necessidades de informações sobrea controladora. Consequentemente, demonstrações não consolidadas não podem substituir demonstrações consolidadas, embora a controladora possa optar por elaborar demonstrações contábeis não consolidadas adicionalmente às demonstrações contábeis consolidadas. ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Os elementos das demonstrações contábeis definidos nesta Estrutura Conceitual são: - Ativos, passivos e patrimônio líquido, que se referem à posição financeira da entidade; - Receitas e despesas, que se referem ao desempenho financeiro da entidade. ATIVO Ativo é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos e é controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Esta definição merece ser detalhada em três aspectos (NBC, 2019): O QUE É DIREITO? Direitos que têm o potencial de produzir benefícios econômicos assumem muitas formas, incluindo: (A) Direitos que correspondem à obrigação de outra parte, por exemplo: Direitos de receber caixa; Direitos de receber produtos ou serviços; Direitos de trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis; Direitos de beneficiar-se de obrigação de outra parte para transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto especificado (por exemplo, fiança ou garantia similar). (B) Direitos que não correspondem à obrigação de outra parte, por exemplo: Direitos sobre bens corpóreos, tais como imobilizado ou estoques; Direitos de utilizar propriedade intelectual. O QUE É POTENCIAL DE PRODUZIR BENEFÍCIOS ECONÔMICOS? Um recurso econômico pode produzir benefícios econômicos quando, por meio dele, a entidade: (A) Receber fluxos de caixa contratuais ou outro recurso econômico; (B) Trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis; (C) Produzir fluxos de entrada de caixa ou evitar fluxos de saída de caixa, por exemplo: Utilizando o recurso econômico individualmente ou em combinação com outros recursos econômicos para produzir produtos ou prestar serviços; Utilizando o recurso econômico para melhorar o valor de outros recursos econômicos; Arrendando o recurso econômico a outra parte, (D) Receber caixa ou outros recursos econômicos por meio da venda do recurso econômico; (E) Extinguir passivos por meio da transferência do recurso econômico. Um recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. Para que esse potencial exista, não precisa ser certo, ou mesmo provável, que esse direito produzirá benefícios econômicos. É necessário somente que o direito já exista e que, em pelo menos uma circunstância, produza para a entidade benefícios econômicos. Mesmo nos casos em que a probabilidade de gerar benefícios econômicos seja baixa, o direito poderá ser um ativo. Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões acerca do reconhecimento do ativo, assim como de sua mensuração. O QUE É CONTROLE? Controle vincula um recurso econômico à entidade. O controle de recurso econômico geralmente resulta da capacidade de fazer cumprir os direitos legais. Contudo, também pode haver controle se a entidade possuir outros meios de assegurar que ela, e nenhuma outra parte, possui a capacidade presente de direcionar o uso do recurso econômico e de obter os benefícios que possam fluir dele. PASSIVO Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. Para que exista passivo, três critérios devem ser satisfeitos: (i) a entidade tem uma obrigação; (ii) a obrigação é de transferir um recurso econômico; e (iii) a obrigação é uma obrigação presente que existe como resultado de eventos passados (NBC, 2019). OBRIGAÇÃO A obrigação é o dever ou responsabilidade que a entidade não tem a capacidade prática de evitar. A obrigação é sempre devida à outra parte (ou partes). Contudo, para que uma parte reconheça o passivo e o mensure, não é necessário que outra parte (ou partes) reconheça um ativo ou o mensure pelo mesmo valor. Muitas obrigações são estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares e são legalmente exigíveis pela parte (ou partes) para quem são devidas. Obrigações também podem resultar, contudo, de práticas usuais, políticas publicadas ou declarações inequívocas da entidade (NBC, 2019). Em alguns casos, é incerto se existe uma obrigação. Por exemplo, se outra parte está buscando compensação devido a uma suposta irregularidade da entidade, pode ser incerto se a irregularidade ocorreu e, portanto, se o passivo é devido. Até que essa incerteza de existência seja resolvida é incerto se a entidade tem obrigação perante a parte que está buscando compensação e, consequentemente, se existe passivo. TRANSFERÊNCIA DE RECURSO ECONÔMICO Um passivo é uma obrigação de transferir um recurso econômico para outra parte (ou partes). Obrigações de transferir um recurso econômico incluem, por exemplo: Obrigações de pagar o valor à vista; Obrigações de entregar produtos ou prestar serviços; Obrigações de trocar recursos econômicos com outra parte em condições desfavoráveis; Obrigações de transferir um recurso econômico se ocorrer evento futuro incerto específico; Obrigações de emitir instrumento financeiro se esse instrumento obrigar a entidade a transferir um recurso econômico. Para que o potencial de transferir recursos econômicos exista, não precisa ser certo, ou mesmo provável, que a entidade será obrigada a transferir um recurso econômico. É necessário somente que a obrigação já exista e que, em pelo menos uma circunstância, exigirá que a entidade transfira um recurso econômico. Mesmo nos casos em que a probabilidade de transferir recursos econômicos seja baixa, a obrigação poderá ser um passivo. Não obstante, essa baixa probabilidade pode afetar decisões acerca do reconhecimento do passivo, assim como de sua mensuração. OBRIGAÇÃO PRESENTE COMO RESULTADO DE EVENTOS PASSADOS O terceiro critério para configurar um passivo é que a obrigação seja presente e exista como resultado de eventos passados, e isso ocorre somente se: (i) A entidade já tiver obtido benefícios econômicos ou tomado uma ação; (ii) Como consequência, a entidade terá ou poderá ter de transferir um recurso econômico que, de outro modo, não teria de transferir. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos (NBC, 2019). Direitos sobre o patrimônio líquido são direitos contra a entidade que não atendem à definição de passivo. Essas reivindicações podem ser estabelecidas por contrato, legislação ou meios similares, e incluem: (i) Ações de diversos tipos emitidas pela entidade (ii) Algumas obrigações da entidade de emitir outro direito sobre o patrimônio líquido Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal RECEITA E DESPESA Receitas são aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio (NBC, 2019), por exemplo, aportes dos acionistas. Despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam na diminuição do patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio (distribuições de dividendos, por exemplo). Observe a figura abaixo. Receitas e despesas são os elementos das demonstrações contábeis que se referem ao desempenho financeiro da entidade. Os usuários das demonstrações contábeis precisam de informações tanto sobre a posição financeira da entidade como de seu desempenho financeiro. Assim, embora receitas e despesas sejam definidas em termos de mudanças em ativos e passivos, informações sobre receitas e despesas são tão importantes como informações sobre ativos e passivos (NBC, 2019). O vídeo abaixo fala sobre apresentação e divulgação das demonstrações contábeis como ferramentas de comunicação. Apresentação e divulgação VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃOCONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, apresentamos a Estrutura Conceitual para o relatório financeiro, identificamos os objetivos do relatório financeiro, aprendemos a diferenciar reconhecimento e desreconhecimento de elementos patrimoniais, reconhecer as bases de mensuração de elementos patrimoniais e a estabelecer os critérios para apresentação e divulgação de demonstrações contábeis. Também exploramos os conceitos de capital e de manutenção do capital. No primeiro módulo, vimos a finalidade da Estrutura Conceitual; objetivo, utilidade e limitações do relatório financeiro para fins gerais e, ainda, as características qualitativas de informações financeiras úteis. No módulo 2, aprendemos sobre o processo de reconhecimento, além dos critérios de reconhecimento e desreconhecimento. Também vimos as bases de mensuração: custo histórico e valor atual; a modalidade de mensuração pelo valor atual: valor justo, valor em uso de ativos e valor de cumprimento de passivos e custo corrente; e a mensuração do patrimônio líquido. No módulo 3, por fim, estudamos as demonstrações contábeis, suas premissas, perspectivas, e seus elementos, além da apresentação e divulgação das demonstrações contábeis como ferramentas de comunicação. 04:01 PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AYRES, R.; FERREIRA DA COSTA, R. S.; SZUSTER, N. Estrutura Conceitual: uma análise das cartas-comentários referentes às propostas do IASB para reconhecimento e desreconhecimento contábil. In: Pensar Contábil, v. 18, n. 67. Rio de Janeiro, 2016. CAMPOS, F. C. R.; IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; NAKAMURA, W. T. Uma análise contábil, econômica e jurídica do lucro passível de distribuição e os impactos sobre a manutenção do capital: um enfoque sob a realização da renda. In: Cafi, v. 2, n. 1. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG Estrutura conceitual. Brasília (DF), 2019. CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2). Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Consultado em meio eletrônico em: 29 jun. 2020. DIAS, J. M. A Linguagem Utilizada na Evidenciação Contábil: uma Análise de sua Compreensibilidade à Luz da Teoria da Comunicação. In: Caderno de Estudos, v.I3, n. 24. São Paulo, 2000. KIM, M.; KROSS, W. The Ability of Earnings to Predict Future Operating Cash Flows Has Been Increasing—Not Decreasing. In: Journal of Accounting Research, n, 43. 2005. LAMES, E. Conceitos de contabilidade suas relações com a estrutura conceitual básica, com a formação docente e rendimento discente. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2019. LIMA, V. S. Incentivos no Nível da Firma e Consequências Econômicas da Convergência ao IFRS no Brasil. São Paulo. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011. MARQUES, V. A., SILVA, F. G. D., LOUZADA, L. C., AMARAL, H. F., & SOUZA, A. A. Qualidade informacional e nível de transparência: um estudo entre empresas ganhadoras e não ganhadoras do troféu transparência Fipecafi - Serasa Experian. In: RACE: Revista de Administração, Contabilidade e Economia, v. 14, n. 2. 2015. MARTINS, E. MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. 2 ed. São Paulo: Atlas S.A, 2018. RIBEIRO, C. W. L.; BRAUNBECK, G. O. Adoção das normas IFRS no âmbito mundial e o seu impacto na comparabilidade das demonstrações contábeis. In: RAGC, v.5, n.21. 2017. SILVA, R. L. M. Adoção completa das IFRS no Brasil: qualidade das demonstrações contábeis e o custo de capital próprio. 2013. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade: Contabilidade) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013. EXPLORE+ Para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto tratado neste tema, leia: Carvalho, N.; LEMES. S. contabilidade internacional para graduação: textos, estudos de casos e questões de múltipla escolha. Rio de Janeiro: Atlas, 2010. NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. Rio de Janeiro: Atlas, 2010. Leia o PDF Conceitos de Capital e Manutenção de Capital. javascript:void(0); CONTEUDISTA José Américo Pereira Antunes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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