Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
 
Uma Análise do Filme “Os Incríveis 2” à Luz das Teorias da Comunicação 1
 
Emília FELIX 2
Lucas SANTOS 3
Universidade de Brasília, Brasília, DF 
 
 
RESUMO 
 
Levando em consideração os impactos que os meios de comunicação podem exercer 
sobre o comportamento dos indivíduos, este trabalho propõe uma análise do 
longa-metragem de animação “Os Incríveis 2”, tecendo relações entre a narrativa e 
algumas teorias da comunicação, como a teoria hipodérmica e do enquadramento. Por 
meio de revisão bibliográfica, identificou-se que algumas das semelhanças encontradas 
entre as teorias e a narrativa se dão no âmbito do consumo de mídia e dos impactos 
desse consumo no comportamento da sociedade. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Cultura de Massa; Enquadramento; Filme; Os Incríveis 2; 
Teorias da Comunicação. 
 
 
Diversas reações que temos no dia a dia são oriundas de vivências. Muitas vezes 
os comportamentos que adotamos perante as situações têm algum nível de influência 
dos meios de comunicação. Os comportamentos do público podem ser analisados a 
partir da influência que esses meios exercem sobre ele. E essa questão levanta um 
debate sobre o papel da mídia na cultura e nos modos de ser e estar das sociedades. 
A indústria cultural é detentora dos meios de comunicação que colaboram para 
as formas que guiam como devemos ser ou estar no mundo. A ideia do que é ser 
“homem ou mulher, bem-sucedido ou fracassado, poderoso ou impotente [...], senso de 
classe, de etnia e raça, de sexualidade, de ‘nós’ e ‘eles’ [...], bom ou mau, positivo ou 
negativo, moral ou imoral” (KELLNER, 2001, p. 9). É por meio de meios como o rádio, 
a televisão e o cinema que somos bombardeados com essas informações, e é por meio 
1 Trabalho apresentado na IJ 4 - Comunicação Audiovisual do XXI Congresso de Ciências da Comunicação na 
Região Centro-Oeste, realizado de 22 a 24 de maio de 2019. 
 
2 Graduanda em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade 
de Brasília (FAC/UnB), e-mail: ​emifelix7@gmail.com​. 
 
3 Recém-graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Faculdade de Comunicação da 
Universidade de Brasília (FAC/UnB), e-mail: ​lucasgrand@gmail.com 
 
1 
 
mailto:emifelix7@gmail.com
mailto:lucasgrand@gmail.com
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
delas que construímos parte de nossa identidade. Esse sistema industrial de veiculação 
de informação estabelece padrões de símbolos e mitos, criando por si só uma visão 
global e portanto uma cultura comum a toda essa sociedade que Kellner (2001) chama 
de tecnocapitalista. É um tipo de cultura que opera nos moldes de uma economia de 
mercado, baseada no consumo. Os meios de comunicação dessa cultura da mídia e a 
maneira como eles trabalham são, portanto, elementos que surgem da industrialização 
(COELHO, 1981). 
E esses meios não atuam apenas como um transmissor do imaginário social que 
já está estabelecido na sociedade, mas são também agentes que reconfiguram esses 
elementos em meio à sua própria lógica de funcionamento (WENCESLAU; 
MENDONÇA, 2006). Isso significa que os meios de comunicação não são meros 
reprodutores de ideias, mas também possuem papel ativo de destaque na criação e 
demarcação de imagens e sentidos. Chong e Druckman (2007) dizem que dependendo 
do enquadramento em que uma informação é passada ao receptor, a visão do mesmo 
sobre um tema tende a ser afetada. 
Atuando em meio a uma indústria que tem como objetivos o consumo, a venda e 
a mercadoria, é preciso adequar esse comércio aos seus potenciais consumidores. Sendo 
assim, Kellner (2001) afirma que a necessidade desse mercado impõe às produções da 
indústria cultural que elas gerem identificação por meio da vivência social. Para atingir 
o grande público, é preciso que desenvolvam produtos atraentes que chamem atenção e 
que até possivelmente possam gerar algum tipo de contestação a respeito da hegemonia 
por meio de críticas sociais, para que funcionem perfeitamente como um reflexo das 
sociedades atuais. 
A verdadeira instalação dessa cultura, segundo Coelho (1981), se dá no século 
XX, quando o capitalismo passa de liberal para um capitalismo de organização, também 
chamado monopolista. A mudança implica um capitalismo que fornece condições para 
uma estruturação mais rígida dessa sociedade de consumo, “em ampla medida, por 
veículos como a TV” (COELHO, 1981, p. 12). A televisão é considerada por Kellner 
(2001) um meio essencial para esse processo, porque é capaz de atrelar o apelo visual à 
audição e estimular sensações que se aproximam cada vez mais de situações reais, 
2 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
podendo assim gerar reconhecimento pelo espectador de forma mais acelerada que 
outros meios (WILLIAMS, 2003). E mesmo com todos os meios utilizados pela 
indústria cultural, como é o caso do rádio, cinema, revistas, histórias em quadrinhos e 
propagandas, o autor afirma que foi só com o uso da televisão que a mídia se 
estabeleceu de fato como árbitro do gosto. 
A televisão é tratada por ser o meio essencial para as reflexões presentes neste 
artigo, dado o objeto de análise escolhido, “Os Incríveis 2”. O filme de 2018 foi dirigido 
pelo norte-americano Brad Bird e trata de uma família de super-heróis que busca 
restaurar o prestígio dos heróis pela sociedade ao mesmo tempo em que se esforça para 
equilibrar sua vida doméstica em família. A animação é sequência de “Os Incríveis”, 
que estreou em 2004 e foi encabeçado pelo mesmo diretor. 
A obra em questão é cinematográfica e portanto possui características 
específicas do meio de comunicação cinema, que, apesar de possuir semelhanças com 
outros meios da indústria cultural, tem certas particularidades. Trazer os efeitos do 
conteúdo televisivo para debate diz respeito não ao meio cinematográfico, mas ao 
enredo da história, que utiliza com frequência os jornais televisivos para comunicar o 
público a respeito do que está sendo realizado pelos heróis. 
O objetivo deste trabalho é identificar aspectos do cenário ficcional de “Os 
Incríveis 2” que possam ser ilustrados por meio de elementos de teorias da 
comunicação. Seguindo o enredo, a narrativa se desenrola a partir do momento em que a 
família Pêra, protagonista da história, se vê de mãos atadas com relação à atuação dos 
heróis, já que devido aos últimos acontecimentos, têm ganhado uma reputação muito 
negativa perante a sociedade. O maior problema se concentra no fato de que os danos 
colaterais das atuações desses heróis são muito mais evidenciados pela mídia televisiva 
do que a resolução do crime ou da situação em questão. Isso faz com que a família Pêra,à convite de uma empresa de telecomunicações chamada DevTech, inicie um trabalho 
de publicidade visando a reconquistar a confiança da população nos super-heróis. Ao 
longo da história, descobre-se que a personagem Evelyn Deavor, uma das proprietárias 
da empresa, também era contra a atuação dos heróis por conta de um desastre que levou 
à morte de seus pais, e isso fez com que ela criasse o principal vilão do filme, 
3 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
Screenslaver, que utilizava telas de televisão para projetar imagens hipnóticas. Em meio 
a vários contratempos, como é digno de um filme de aventura, a família Pêra, junto ao 
super-herói e amigo da família, Gelado, são capazes de solucionar essa questão e 
restaurar a legalidade dos heróis. 
A entrada das tecnologias na indústria midiática trouxe formas mais incisivas 
para que o poder dominante exerça controle sobre os usuários, mas ao mesmo tempo 
proporciona ferramentas para que esse público tenha maior liberdade de escolha e 
autonomia cultural, abrindo caminho para tomadas de decisão que possam 
eventualmente ir contra o sistema (KELLNER, 2001). 
No filme em questão, a ideia foi utilizar a própria mídia, para que ela de forma 
“espontânea” revelasse a verdadeira índole dos heróis, por meio de um enquadramento 
que privilegiasse as boas ações desses heróis ao invés dos efeitos colaterais como a 
destruição física de prédios na cidade. Para Chong e Druckman (2007) quando um 
enquadramento é difundido de forma forte, com vários fatores, como as boas intenções 
dos heróis na animação, os receptores ficam mais vulneráveis ao que é dito sobre o 
tema. Portanto, a forma como um assunto é enquadrado tem o poder de influenciar 
opiniões e gerar reações na sociedade. Em “Os Incríveis 2” isso é exemplificado pela 
mudança na opinião pública sobre a atuação dos heróis. 
Num cenário mais amplo, podemos identificar como um meio de comunicação 
pode ser utilizado para se questionar outro. No caso, o cinema é utilizado para abordar 
as formas como as diferentes abordagens televisivas, tanto de imagem quanto 
linguagem, podem ser de grande influência na sociedade. 
Levando em consideração a linguagem utilizada pela televisão, podemos utilizar 
a análise de discurso como uma forma de entender de que maneira a produção de 
sentido realizada pelos profissionais de televisão por meio das ferramentas tecnológicas 
pode influenciar de fato a produção de identidades e de pontos de vista (GREGOLIN, 
2007). Para a autora, sensação de se estar acompanhando uma história ao vivo por meio 
da televisão é uma característica da mídia pautada na instantaneidade e é mais um fator 
que contribui para a aproximação com a realidade. Essa construção de cenários por 
meio de imagens verbais e não-verbais trabalha com elementos derivados da memória e, 
4 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
com isso, impõe interpretações e sentidos, bem como seus deslocamentos. Segundo ela, 
é justamente essa dinâmica que estimula a formação de identidades. 
Trazendo brevemente para uma perspectiva nacional, Gramacho e Jácomo 
(2015) analisam a edição de 2015 da Pesquisa Brasileira de Mídia (PBM) e ressaltam a 
relevância que a televisão tem para o brasileiro. Segundo a pesquisa, 95% da população 
assiste televisão. “A TV aberta ainda é o meio de comunicação praticamente universal 
no país, presente no cotidiano da quase totalidade dos brasileiros, com frequência de uso 
(média de 6 dias por semana) e intensidade de exposição (média superior a 4 horas 
diárias) superior aos demais meios.” (GRAMACHO E JÁCOMO, 2015, p.18). Devido à 
ampla exposição à TV, os telespectadores podem sofrer influência e manipulação de 
acordo com o conteúdo exibido. 
A questão aqui não é se esses conteúdos são verdadeiros ou não, mas o 
direcionamento que a televisão pode dar para eles, já que existem assuntos que não 
devem ser analisados apenas levando em consideração um único meio, mas além de 
outros meios, uma interpretação que inclua os processos culturais e sociais 
(WILLIAMS, 2003). A mídia surge com o papel de mediar a comunicação entre os 
espectadores e a realidade. O que essas mídias revelam não é a sociedade, mas 
puramente uma interpretação que dá ferramentas para que o leitor faça a relação daquele 
conteúdo com sua realidade concreta por meio dos símbolos com os quais tem contato 
(GREGOLIN, 2007). 
O problema da formação da opinião pública, segundo Andrade (1964), se dá no 
fato de que pequenos grupos de grande influência são os detentores dessa mídia. Esses 
grupos utilizam os canais de comunicação para impor visões de mundo ou propósitos 
que vão de acordo com o pensamento de quem está no poder. A autora completa que, 
quanto maior a organização dessas minorias no controle dos veículos de comunicação, 
maior é a influência na estruturação da opinião pública. 
Ademais, como o público depende desses meios para buscar pela informação - 
mesmo com os avanços tecnológicos e cada vez mais possibilidades de acesso, ainda 
estamos falando de uma sociedade desigual e segregadora -, podem ser induzidos a 
reproduzir um comportamento similar ao da massa, ao que está sendo veiculado pelas 
5 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
propagandas. Segundo Thompson (1995), não é que o conteúdo de mídia obrigue o 
público a reagir e interpretá-lo da mesma forma que toda a “massa”, mas que a ordem 
social instaurada ao redor de todo o sistema de mídia impulsiona as mensagens para que 
esse tipo de ação seja reproduzido. 
Para compreender essas nuances, utilizaremos algumas teorias da comunicação 
para tentar exemplificar como as ideias de pensadores da comunicação podem ser 
encontradas em cenários da vida real e também em ambientes de ficção, como é o caso 
de “Os Incríveis 2”. É importante entender antes de qualquer coisa que as teorias nada 
mais são do que modos de enxergar alguma coisa. São diferentes interpretações de um 
ou mais fatos que colocam determinados elementos em evidência e que, segundo 
Kellner (2001, p. 37), também possuem “pontos cegos e limitações que lhes restringem 
o foco”. A decisão de utilizar mais de uma teoria para explicar a lógica de “Os 
Incríveis” 2 vai de acordo com o multiperspectivismo que o autor sugere como tipo de 
abordagem. Para ele, quanto mais ideias houverem no mesmo leque, mais abordagens 
poderão ser retratadas e interpretadas. 
Pode-se trazer a visão do materialismo cultural de Raymond Williams, 
apresentada por Kellner (2001) como todo tipo de significação engendrado na cultura. 
No caso da mídia, trata-se de uma análise do contexto em que o produto foi criado paracompreender que tipo de mensagem está sendo transmitida e com que objetivo. Além 
disso, há um quesito físico, que diz respeito aos efeitos materiais gerados por meio da 
veiculação dos discursos nessa cultura da mídia, uma espécie desse materialismo 
cultural. Um dos pontos-chave para os estudos culturais, nesse sentido, é buscar 
entender de que forma essas forças afetam o público, e ao mesmo tempo compreender 
que elementos o público utiliza para lutar contra essa força dominante, configurando-se 
uma contra-hegemonia. 
É importante situar o contexto social, cultural e histórico em que estão inseridas 
cada uma das teorias, para assim analisar as reflexões que elas propõem. Além disso, 
compreende-se que as teorias citadas serão entendidas como interpretações que afetam 
uma sociedade considerada “de massa”, cada teoria à sua maneira. Segundo Wolf 
(2002), esse tipo de sociedade é visto de forma pejorativa, alimentando uma visão de 
6 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
enfraquecimento do elo social onde as influências exercidas sobre o indivíduo não vem 
da sociedade da qual faz parte, mas sim dos meios de comunicação. 
A assimilação de informações transmitidas pela televisão para um público por 
meio de um telejornal sem qualquer tipo de questionamento revela um comportamento 
similar ao da teoria hipodérmica, que tem como principal encaminhamento os efeitos 
que os meios de comunicação causam nas pessoas que os consomem. Para Wolf (2007), 
o conteúdo é “injetado” nesses consumidores da mesma maneira como uma agulha 
hipodérmica e essa analogia é utilizada para dizer que a informação vai de um ponto a 
outro sem obstáculos, trazendo efeitos que são fortes, diretos, inevitáveis, previsíveis e 
que podem ser observados no plano do comportamento. A teoria trabalha no âmbito do 
comportamento humano, no sentido de que qualquer comportamento acontece com base 
em um estímulo, concluindo que os cidadãos que passaram a enxergar os super-heróis 
com maus olhos a partir do que viam nos telejornais funcionaram como indivíduos que 
foram atingidos pelos meios de comunicação e tiveram seu comportamento modelado 
sem que pudessem intervir. 
Junto a teoria hipodérmica, pode-se falar sobre a abordagem 
empírico-experimental, também conhecida como abordagem da persuasão. Para Wolf 
(2007), ela funciona na mesma lógica da hipodérmica, mas analisa mais incisivamente 
os efeitos dos meios de comunicação de massa com base no objetivo pretendido pelo 
emissor. Em “Os Incríveis 2”, a informação veiculada pela mídia foi guiada e 
direcionada pelo governo, que se encontrava preocupado com a atuação dos heróis na 
cidade em razão dos danos colaterais e buscou, assim, formas de influenciar o 
imaginário que se tinha desses heróis pela sociedade. Isso ocorre por meio de uma 
exposição constante a determinado conteúdo. No caso, falamos de vários telejornais que 
expunham visões que contribuíram para a formação de uma ideia negativa sobre os 
heróis e isso de certa forma afetou sua reputação perante a sociedade. “Ao nível das 
influências socioculturais, é preciso ainda que não esqueçamos que as notícias 
transportam consigo os ‘enquadramentos’ (frames) em que foram produzidas.” 
(SOUSA, 2000, n.p.). 
7 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
Tratando-se da televisão, falamos de um meio de comunicação que possui 
grande influência e credibilidade, além de ter um consumo representativo na sociedade. 
Segundo a PBM realizada em 2016, a televisão é o principal meio de informação da 
população brasileira. Quase nove entre dez entrevistados usam a televisão com esta 
finalidade. Ainda de acordo com a pesquisa, a pessoas passam mais de três horas por dia 
assistindo televisão. Esse fator é significativo para que o consumidor acredite na 
mensagem que está sendo transmitida. No filme em questão, a transmissão de conteúdo 
por meio da televisão tem muita força por ser um veículo de grande importância para a 
sociedade. A informação, assim, é assimilada com mais facilidade e menos 
questionamentos pelo público. 
A maneira pela qual os heróis são tratados ao longo do filme reforça a questão 
do enquadramento. Na animação, a receptividade dos fatos pela sociedade toma um 
determinado rumo devido à forma com que foram retratados pela mídia. Para 
Silveirinha (2005, p.2), para a formação de um enquadramento são utilizados vários 
fatores: 
 
A abordagem dos enquadramentos, do nosso ponto de vista, oferece uma 
plataforma de análise discursiva da participação dos actores sociais, neste 
caso, a imprensa e as suas vozes autorizadas. Sendo construções simbólicas e 
interpretativas, os enquadramentos referem-se a crenças partilhadas na 
sociedade e, no caso em análise, aos processos de legitimação das opções dos 
responsáveis políticos na construção política nacional e europeia, definindo e 
redefinindo os quadros de entendimento das mesmas. 
 
Em todo fato jornalístico, o responsável pela transmissão da informação de é o 
repórter, e é dele o dever de informar de forma completa o acontecido. Morley (1992) 
afirma que o repórter deve atuar em um papel intermediário, se atentando para a 
informação transmitida pela televisão, e que cada fato pode ser explicado maneiras 
distintas, com diferentes vieses, variando de acordo com o que é exibido pela câmera. 
Na animação é perceptível a alteração na aceitação dos heróis pela sociedade, 
sendo isso parte fundamental no enredo do filme. Porém, no mundo real, as pessoas 
estão suscetíveis à influência dos veículos de comunicação de massa. A concentração 
8 
 
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
desses no Brasil afeta diretamente a discussão de diversos temas de interesse comum, 
muitas vezes não ouvindo todos os lados envolvidos no fato. Com esse cenário, as 
mídias independentes se mostram relevantes na construção da informação com 
enquadramentos e vieses diferentes, apesar de ainda não possuírem o alcance e a 
influência dos veículos tradicionais. São veículos que aos poucos conquistam o espaço 
hegemônico da mídia para, por meio dela, transgredir ideias e propor novas formas de 
enxergar um mesmo fato. 
A mídia não recebe o nome de quarto poder à toa. Junto à veiculação de 
conteúdo, sobretudo para a ampla sociedade, existe um grande papel que é o de caráter 
social, de reconhecer a função pública e o compromisso com a informação que está 
sendo transmitida. No jornalismo, esse aspecto pode ser observado na relação com que 
o repórter escolhe abordar determinada pauta, desde o ângulo que será utilizado na 
gravação, até na escolha das palavras e no número de envolvidos que serão ouvidos para 
garantirque o contraditório seja estabelecido. Esse olhar é significativo, uma vez que 
qualquer notícia, por mais simplória que demonstre ser, é relevante para alguém, caso 
contrário, não seria notícia. 
Em “Os Incríveis 2”, a responsabilidade da mídia de transmitir informação, 
guiada por trás por um interesse do governo, trouxe mudanças de comportamento 
significativas na sociedade, acarretando na perda de credibilidade dos super-heróis. Ao 
mesmo tempo, o esforço dos heróis para lutarem contra essa ideia estigmatizada, 
buscando formas de serem retratados positivamente por essa mesma mídia, mostra 
como um ambiente que aparentemente reproduz um discurso hegemônico também abre 
caminhos para certos tipos de resistência e luta contra o próprio sistema que o rege. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, C. Mito e realidade da opinião pública. In: ​Revista de Administração de 
Empresas​, São Paulo, v. 4, n. 11, pp. 107-122, out-dez. 1964. Disponível em 
<​http://www.scielo.br/pdf/rae/v4n11/v4n11a03.pdf​>. Acesso em: 06 abr. 2019. 
 
CASTRO, Gisela G. S.; ROCHA, Rose de Melo. Cultura da mídia, Cultura do Consumo: 
Imagem e espetáculo no discurso pós-moderno. In: ​Revista Logos & Universidade: 
9 
 
http://www.scielo.br/pdf/rae/v4n11/v4n11a03.pdf
 
 
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 
XXI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Centro-Oeste – Goiânia - GO – 22 a 24/05/2019 
 
Tecnologia de comunicação e Subjetividade. Ano 16, n. 30. Rio de Janeiro: UERJ, 2009. 
Disponível em: <​https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/361​>. Acesso 
em: 06 abr. 2019. 
 
CHONG, Dennis; DRUCKMAN, James N. A theory of framing and opinion formation in 
competitive elite environments. ​Journal of Communication​, v. 57, n. 1, p. 99-118, 2007. 
 
GRAMACHO, Wladimir G.; JÁCOMO, André. Padrões de uso dos meios de comunicação no 
Brasil e seu impacto sobre níveis de informação política. ​Revista Debates​, v. 9, n. 3, 2015. 
 
GREGOLIN, Maria do Rosário. Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidades. In: 
Revista Comunicação Mídia e Consumo​. São Paulo: v. 4, n. 11, p. 11-25, 2007. Disponível 
em: <​http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/105​>. Acesso em: 06 abr. 
2019. 
 
KELLNER, DOUGLAS. ​Cultura da Mídia​. Bauru: EDUSC, 2001. 
 
MORLEY, David. ​Television, Audiences and Cultural Studies.​ London: Routledge, 1992. 
 
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. ​Pesquisa 
brasileira de mídia 2015:​ hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. 2014. 
 
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. ​Pesquisa 
brasileira de mídia 2016:​ hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. 2016. 
 
SILVEIRINHA, Maria João. ​O lançamento da moeda europeia e os seus Enquadramentos 
na imprensa​. em Livro de Actas, v. 4, 2005. 
 
SOUSA, Jorge Pedro. ​As notícias e os seus efeitos. Coimbra: Minerva, 2000. Disponível em: 
<​http://www.bocc.uff.br/pag/_texto.php?html2=sousa-pedro-jorge-noticias-efeitos.html​>. 
Acesso em: 10 abr. 2019. 
 
TEIXEIRA, Coelho. ​O que é Indústria Cultural​. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981. 
 
THOMPSON, J. B. ​Ideologia e cultura moderna: ​teoria social crítica na era dos meios de 
comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. 
 
WENCESLAU, W.S.; MENDONÇA, M. L. M. Mulher Negra e representatividade na mídia: 
um estudo de caso das revistas Raça e Marie Claire de junho de 2004 a junho de 2005. In: 
CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – CONPEEX​, 2., 2006, 
Goiânia. Anais eletrônicos do XIII Seminário de Iniciação Científica [CD-ROM], Goiânia: 
UFG, 2006. n.p. 
 
WILLIAMS, Raymond. ​Television: Technology and cultural form​. London: Routledge 
Classics, 2003. 
 
WOLF, Mauro. ​Teorias da Comunicação.​ Lisboa: Presença, 2002. 
10 
 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/logos/article/view/361
http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/105
http://www.bocc.uff.br/pag/_texto.php?html2=sousa-pedro-jorge-noticias-efeitos.html

Mais conteúdos dessa disciplina