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UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA DISCIPLINA: EQI 472- Processos Inorgânicos Experimental PROF(A).: Avaliação da Corrosividade de Meios Inorgânicos Rio de Janeiro, 2019. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................2 2. OBJETIVO.....................................................................................................................4 3. METODOLOGIA............................................................................................................4 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................5 5. CONCLUSÃO...............................................................................................................12 6. BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................12 1 1. INTRODUÇÃO Corrosão é a transformação de um metal em um íon metálico pela sua interação química ou eletroquímica com o meio em que se encontra (FREITAS, 2013). No qual o metal é convertido a um estado não metálico. Quando isto ocorre, o metal perde suas qualidades essenciais, tais como resistência mecânica, elasticidade, ductilidade e o produto de corrosão formado é extremamente pobre em termos destas propriedades. Para seu estudo, os processos de corrosão podem ser classificados segundo o MEIO em que ocorrem e segundo sua MORFOLOGIA. A seguir são apresentadas as classificações e suas definições (PONTE, 2003). Classificação segundo o Meio: a) Corrosão Química: São os casos em que o metal reage com um meio não iônico como, por exemplo, ocorre no caso de oxidação ao ar a alta temperatura (PONTE, 2003). b) Corrosão Eletroquímica: Em todos os casos de corrosão ocorre a participação de íons metálicos. No entanto, define-se corrosão eletroquímica para os casos em que ocorre um transporte simultâneo de eletricidade através de um eletrólito. A este importante grupo pertencem a corrosão em soluções salinas e água do mar, a corrosão atmosférica, a corrosão em solos, etc. (PONTE, 2003) Classificação segundo a Morfologia: ● Corrosão uniforme: Quando a corrosão se processa de modo uniforme em toda a superfície atacada. Esta forma é comum em metais que não formam películas protetoras, como resultado do ataque; ● Corrosão por placas: Quando os produtos de corrosão formam-se em placas que se desprendem progressivamente. É comum em metais que formam película inicialmente protetora, mas que, ao se tornarem espessas, fraturam e perdem aderência, expondo o metal a novo ataque; ● Corrosão alveolar: Quando o desgaste provocado pela corrosão se dá sob forma localizada, com o aspecto de crateras. É frequente em metais 2 formadores de películas semi protetoras ou quando se tem corrosão sob depósito, como no caso da corrosão por aeração diferencial; ● Corrosão por pite: Quando o desgaste se dá de forma muito localizada e de alta intensidade, geralmente com profundidade maior que o diâmetro e bordos angulosos. A corrosão por pite é frequente em metais formadores de películas protetoras, em geral passivas, que, sob a ação de certos agentes agressivos, são destruídas em pontos localizados, os quais se tornam ativos, possibilitando corrosão muito intensa; ● Corrosão intergranular ou intercristalina: Quando o ataque se manifesta no contorno dos grãos, como no caso dos aços inoxidáveis austeníticos sensitizados, expostos a meios corrosivos; ● Corrosão transgranular ou transcristalina: Quando o fenômeno se manifesta sob a forma de trincas que se propagam pelo interior dos grãos do material, como no caso da corrosão sob tensão de aços inoxidáveis austeníticos. (ICZ, 2019) Figura 1: Tipos de corrosão 3 Para minimizar os efeitos da corrosão, é possível utilizar técnicas anticorrosivas, como as proteções anódicas e catódicas, o recobrimento com outro metal mais resistente a corrosão, galvanização e os revestimentos por pinturas e vernizes (FIDALGO, 2015). 2. OBJETIVO Avaliar a corrosividade de alguns meios inorgânicos sobre aço-carbono, através de ensaios de imersão com medição de perda de massa. 3. METODOLOGIA Foram separados 09 corpos de prova (CP) de aço-carbono, os quais foram jateados com óxido de alumínio, para que sua superfície seja limpa. Todos os nove foram devidamente pesados em balança analítica e suas dimensões tiradas por um paquímetro digital. Figura 2: Aparelhagem para jateamento de óxido de alumínio Feitas as devidas medições, foram selecionados três meios corrosivos ao quais estes corpos de prova estariam sujeitos. São eles: Coca-Cola Zero, Coca-Cola Café e o energético Red Bull. 4 Figura 3: Meios utilizados - Coca-cola café, Red Bull e Coca-cola zero As três bebidas foram postas, separadamente, em três diferentes tubos de ensaio de comprimento alongado. Foram feitos grupos de 03 CP que foram amarrados por fios de nylon dentro desses tubos contendo as bebidas (três CP para cada bebida), evitando o contato dos CP com as paredes dos tubos. Passada uma semana, os corpos de prova foram retirados do meio para a decapagem química, selecionou-se um corpo de prova de cada tubo para realizar o processo de decapagem e obter o tempo necessário que cada um leva para ter sua variação de massa praticamente constante, e os outros corpos de prova foram reservados. Na decapagem, um corpo de prova de um dos meios foi imerso durante 5 segundos em uma solução de HCl 10% e em seguida lavado, secado por completo(com o auxílio de um secador para acelerar o processo) e pesado em uma balança analítica de 04 casas decimais, e esse processo se repetiu até que se obtivesse sua massa constante ao decorrer das análises. O mesmo procedimento foi realizado com outros dois corpos de prova dos outros dois meios. Feitas as decapagens “modelo” para cada meio, foi possível plotar um gráfico de variação de massa X tempo (chamada de curva de decapagem) para cada um dos corpos decapados e obteve-se o tempo ideal para a decapagem de cada corpo de prova em cada meio distinto e assim foi possível aplicar a decapagem nos outros CP que restaram, emergindo cada um deles na solução de HCl 10% durante o tempo medido como tempo ideal e repetindo o processo de lavagem, secagem e pesagem em balança analítica. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Inicialmente, a fim de encontrar o tempo ideal de decapagem, um corpo de prova de cada um dos 3 meios foi submetido ao processo de decapagem de 5 em 5 segundos com HCl concentrado, obtendo-se o valor da variação de massa nesses intervalos com os seguintes resultados: 5 Tabela 1: Variação de massa em decapagem de corpo com Red Bull Gráfico 1: Tempo Ideal de Decapagem para corpo com Red Bull Tabela 2:Variação de massa em decapagem de corpo com Coca-cola de café 6 Gráfico 2: Tempo Ideal de Decapagem para corpo com Coca-cola de café Tabela 3:Variação de massa em decapagem de corpo com Coca-cola zero açúcar Gráfico 3: Tempo Ideal de Decapagem para corpo com Coca-cola zero açúcar 7 Tabela 4: Tempo de decapagem para cada meio e o pH A partir dos resultados do tempo de decapagem, pode-se verificar que o meio da Coca-cola zero açúcar necessitou o maior período até estabilização da variação de massa (△mg) e também apresentou menor pH. Medidas e cálculo da área total dos corpos-de-prova de aço-carbono Afim de que todas as medições (comprimento, largura e espessura) fossem contabilizadas, foram retiradas três medidas, em três pontos diferentes e para o cálculo, utilizou-se um valor médio. A partir desses dados, obteve-se a área superficial total do corpo que corresponde: 𝐴 = 2(𝐶𝐿 + 𝐶𝐸 + 𝐿𝐸) − π(𝐷/2)²𝐸 Para que fosse realizada o cálculo da taxa de corrosão, foram obtidos o comprimento(C), espessura(E), largura(L) e diâmetro da circunferência vazada(D) de cada um dos corpos de prova antes da corrosão, além da massa dos corpos pré e pós-corrosão, como pode serverificado nas tabelas abaixo: 8 Meio n° L(mm) C (mm) E (mm) D (mm ) L médio C médio E médio D médio A média (cm2) Red Bull P7G 13,38 63,19 3,14 3,01 14,19 63,49 3,23 3,20 22,78 P12 G 14,65 63,90 3,25 3,30 P14 G 14,55 63,39 3,30 3,28 Coca Zero P7 11,27 71,18 3,30 1,67 11,62 71,77 2,96 1,73 21,55P76 11,90 72,06 2,49 1,77 PX 11,69 72,08 3,08 1,74 Coca Café Py 11,60 70,37 2,89 1,72 11,66 70,82 3,02 1,73 21,43P06 11,34 71,23 3,10 1,69 P02 12,03 70,87 3,08 1,79 Tabela 5: Medidas de comprimento, largura, espessura e diâmetro de cada corpo e área média por meio Pesagem dos corpos-de-prova Para verificar a diferença de massa dos corpos de prova proveniente da corrosão, foi gerada uma média entre os resultados de um mesmo meio, compilados na tabela abaixo: corpo de prova meio m0 (g) m final(g) △m(g) △m média(g) P7G Red Bull 11,9247 11,8634 0,0613 0,0403P12G 13,6718 13,6595 0,0123 P14G 12,9415 12,8942 0,0473 P7 Coca Zero Açúcar 11,1832 11,1575 0,0257 0,0231P76 10,7103 10,6830 0,0273 Px 11,3524 11,3362 0,0162 Py Coca Café 10,0052 9,9866 0,0186 0,0220P06 11,4692 11,4508 0,0184 P02 10,9906 10,9615 0,0291 9 Tabela 6:Diferença de massa dos corpos de prova após a corrosão Entre os resultados de △m obtidos nas análises, pode-se verificar uma grande variação nos corpos de prova do meio Red Bull. Um dos motivos do aumento do erro se deve a um manuseio incorreto na balança, ao tarar entre as medidas, o que causou esse grande desvio. Em todos os 9 corpos de prova foi verificado uma diminuição da massa, o que atesta que houve a corrosão utilizando os 3 meios. Assim, mesmo antes do cálculo da taxa de corrosão, já é possível inferir que os 3 meios utilizados possuem alguma capacidade corrosiva frente a aço-carbono. Cálculo da taxa de corrosão A partir dos parâmetros verificados e medidos anteriormente, pôde-se então calcular a taxa de corrosão (TC), em milímetros ao ano, segundo a equação a seguir: 𝑇𝐶(𝑚𝑚/𝑎𝑛𝑜) = Δ𝑚 𝑥 𝐾ρ 𝑥 𝐴 𝑥 𝑡 Onde: Δm = minicial - mfinal [g] K = 87600 ρ = densidade do aço-carbono = 7,86 [g/cm³] A = área do corpo de prova [cm²] t = tempo de imersão = 168 [h] Meio Área(cm²) Área média (cm²) Δm (g) Δm médio (g) TC (mm/ano) TC médio (mm/ano) Red Bull 21,49 22,78 0,0613 0,0403 0,1892 0,119523,55 0,0123 0,0346 23,31 0,0473 0,1346 Coca-Cola Zero 21,41 21,55 0,0257 0,0231 0,0796 0,071221,27 0,0273 0,0851 21,94 0,0162 0,0490 Coca-Cola Café 20,99 21,43 0,0186 0,0220 0,0588 0,067921,20 0,0184 0,0576 10 22,08 0,0291 0,0874 Tabela 7: Cálculo da Taxa de corrosão de cada corpo de prova Verificando as taxas de corrosão, percebe-se que as de cada solução, em ordem decrescente, são: Red Bull (0,1195 mm/ano), Coca-Cola Zero Açúcar (0,0712 mm/ano) e Coca-Cola Café (0,0679 mm/ano). A menor taxa ser a do meio de Red Bull não condiz com os resultados esperados, haja visto que este apresenta o maior pH entre os 3 meios utilizados e que soluções apresentando pH nos extremos de alcalinidade ou acidez tendem a ser mais corrosivos. Entre as hipóteses levantadas para explicar essa divergência, estão: - Falha verificada na tara da balança analítica entre as pesagens dos corpos de prova no meio Red Bull; - Possível erro humano no tempo de decapagem; - Possível resquício de material corroído que não foi retirado na limpeza manual dos corpos de prova. Em relação a influência da altura de imersão dos corpos de prova nos meios utilizados, não foi verificado grandes variações de Δm, porém os corpos imersos no meio do tubo obtiveram um resultado de taxa de corrosão levemente melhor. De acordo com a norma NACE RP-07-75, da National Association of Corrosion Engineers, os meios corrosivos podem ser classificados como processos generalizados e ou de corrosão localizada, de acordo com a taxa de corrosão, como é mostrado abaixo: Taxa de corrosão [mm/ano] Corrosão puntiforme [mm/ano] Classificação NACE RP-07-75 < 0,025 < 0,13 baixa 0,025 a 0,12 0,13 a 0,20 moderada 0,13 a 0,25 0,21 a 0,38 alta > 0,25 > 0,38 severa Tabela 8: Classificação dos meios corrosivos com relação a processos generalizados 11 Considerando os resultados obtidos, a corrosão é uniforme e é possível classificar os 3 meios em corrosividade moderada, pois para todos as taxas de corrosão foram entre 0,025 e 0,12 mm/ano. A classificação se mostra condizente, considerando que os 3 meios apresentaram pH’s próximos e entram em contato direto com o corpo humano, sendo recomendável não apresentar taxas de corrosão altas ou severas. 5. CONCLUSÃO De acordo com o experimento,o tempo de decapagem para as soluções analisadas foi de 30 segundos para o Red Bull, 45 segundos para a Coca-Cola Zero e 40 segundos para a Coca-Cola Café. Além disso, as taxas de corrosão também foram calculadas e assim, as soluções foram classificadas de acordo com a Classificação NACE RP 07 75. Os resultados de taxa de corrosão determinados foram: (0,1195 mm/ano) para o Red Bull, (0,0712 mm/ano) para a Coca Zero e (0,0679 mm/ano) para a Coca Café, sendo os 3 meios classificados com corrosividade moderada. Os resultados obtidos correspondem em boa parte aos resultados esperados, considerando a presença de ácidos orgânicos (Taurina) e inorgânicos (ácido fosfórico) nas 3 bebidas utilizadas, demonstrando sucesso parcial dos experimentos realizados. 6. BIBLIOGRAFIA ICZ. Corrosão. Instituto de Metais não-ferrosos. São Paulo, Brasil. 2019. Disponível em: http://www.icz.org.br/corrosao.php. Acesso em: set. 2019 DPI. Avaliação dos parâmetros de otimização de obtenção de cal. Apostila de Processos Inorgânicos Experimental - Roteiro de Aulas Práticas. Departamento de Processos Inorgânicos. Escola de Química. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Brasil. 2011. FIDALGO, Ana Beatriz Arruda. Tecnologia dos Materiais, Aula 12. FATEC Santo André. São Paulo, Brasil. 2015. Disponível em: https://docplayer.com.br/6648982-Aula-12-corrosao-definicao-tipos-de-corrosao-prev encao-a-corrosao.html. Acesso em set. 2019. 12 PONTE, Haroldo de Araújo. Fundamentos da Corrosão. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, Brasil. 2003. Disponível em: http://www.gea.ufpr.br/arquivos/lea/material/Apostila%20Corrosao.pdf. Acesso em set. 2019 13
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