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Corpo, Gênero e Sexualidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Antônio Carlos Vaz Revisão Textual: Prof. Claudio Pereira do Nascimento O Corpo e o Ser Social • Introdução; • Corpo: A Primeira Ferramenta. · Compreender a relação entre a representação de corpo e as exigên- cias político-econômicas através dos diferentes tempos e espaços. OBJETIVO DE APRENDIZADO O Corpo e o Ser Social Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Corpo e o Ser Social Introdução Pretende-se nesta unidade trazer à tona elementos que marcam a história do cor- po, que ajudarão na compreensão mais complexa sobre o corpo e o papel que ele representou e representa ao longo do tempo e por diferentes espaços geográficos. O corpo é a forma material da existência humana. Tudo o que foi historicamente construído na vida das pessoas, nos pequenos grupos sociais, nos grandes impérios, nas diferentes sociedades modernas, são marcas da capacidade corporal de criar um novo ambiente a partir da transformação da natureza e da produção de cultura. A ideia predominante do corpo-modelo, hoje tão difundida pelos meios de co- municação e por todas as formas de expressão da cultura fitness, que faz com que boa parte de mulheres e homens se sintam na obrigação de persegui-lo, não existiu desde sempre. Ele foi construído a partir de um determinado tempo, sob certas condições sociais, culturais, econômicas e políticas, como veremos mais à frente. Afinal, houve um tempo em que o corpo desempenhava a mesma função tanto na vida humana quanto na animal. Ou seja, o corpo era apenas o instrumento de sobrevivência da espécie humana. Corpo: A Primeira Ferramenta O primeiro passo no caminho de uma superação da condição animal foi o apa- recimento da capacidade humana de produzir suas próprias formas de existência. Os humanos foram capazes de construir um mundo absolutamente distinto daquele próprio da natureza. Um mundo cheio de coisas produzidas pelos próprios homens e mulheres, coisas que jamais existiriam na natureza, coisas que são resultado de descobertas do funcionamento das forças contidas na natureza e da invenção de ferramentas a partir de elementos da natureza. A invenção de ferramentas abriu um novo campo de possibilidades aos homens e mulheres. Com elas houve, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de habilidades que proporcionou o surgimento de novas técnicas, ininterruptamente. A descoberta das regularidades da natureza, dito de outra forma, a descoberta do “ser-precisamente-assim” das coisas naturais, permitiu que as populações pas- sassem a utilizar a própria natureza, agora transformada para atender às neces- sidades de então, como criar uma cabana, utensílios domésticos tais como potes para guardar água, comida etc. Hoje, quando passeamos pelas ruas, ou mesmo de dentro da nossa casa, pode- mos observar a capacidade humana de transformar a natureza. Tudo o que vemos foi construído a partir de minérios que estavam debaixo da terra. O tijolo, o ci- mento, a madeira, os metais como o ferro, o alumínio, o plástico e seus derivados produzidos a partir do petróleo, e outros tantos, estavam todos abaixo da terra ou pelo menos com suas raízes nela enterradas. 8 9 A mão é, por excelência, a ferramenta que cria novas ferramentas e com isso leva os seres humanos a novos patamares de desenvolvimento. Isso porque ao criar novas ferramentas se criam, ao mesmo tempo, novas pos- sibilidades, seja pela diminuição do tempo gasto com determinados afazeres e consequentemente criando novas oportunidades; seja com o aumento da produção, que também permitiu ao grupo social dedicar-se a outras coisas, igualmente úteis para o grupo. (VAZ, 2010a, p. 11) Neste processo de construção de um mundo não mais limitado ao mundo na- tural, embora dependente dele, toda invenção e produção do novo produz mu- danças na vida de todos os membros desta sociedade, assim como na vida de ho- mens e mulheres deste tempo. Com as novas e contínuas experiências, os novos conhecimentos e saberes vão se acumulando e homens e mulheres desenvolvem, ao mesmo tempo em que transformam o meio em que vivem, novas habilidades e capacidades, que influenciarão as novas ações sobre o meio num processo con- tínuo e acumulativo. Assim, o corpo vai afetando e sendo afetado ao mesmo tempo. Primeiramente o corpo afeta e é afetado pelo processo produtivo, como acabamos de explicar. Mais tarde, com o crescimento da sociedade e o desenvolvimento das forças produtivas, passa a haver o desenvolvimento cultural, entendido como processo de atribuição de significado. Força produtiva: é a capacidade de um grupo social de produzir as coisas necessárias à sua subsistência, sua comida, suas vestimentas, sua habitação etc. Cada nova ferramenta ou desenvolvimento tecnológico criado afeta o desenvolvimento das forças produtivas, au- mentando a capacidade de satisfação das necessidades do grupo social. Atribuir signifi cado: é a capacidade humana de dar um sentido para algo que não traz em si aquele signifi cado. Ou seja, não há a transformação material da coisa, há apenas a trans- formação simbólica. Em outras palavras, um pedaço de madeira poderá ser transformado num brinquedo ou em algo divino apenas pelo processo de atribuição de signifi cado, sem que se precise fazer qualquer intervenção física no objeto. Ex pl or Na medida em que as forças produtivas vão se desenvolvendo, o grupo social vai criando novas formas de viver. Não se passa mais o tempo todo trabalhando apenas para se alimentar, vai se descobrindo novas formas de viver, aumenta o tempo disponível que pode ser utilizado para novas formas de sociabilidade, co- meça a se expandir a produção de cultura. Em outras palavras, a cultura começa a regular a vida de todos os componentes do grupo. É ela quem define o que se pode e o que não se pode fazer, o que é desejável e o que é indesejável para o gru- po, as formas de divindades que vão sendo criadas e com qual sentido. É a cultura também que cria o que se pode sobre o corpo, qual o seu papel nesta sociedade e o que não se pode. 9 UNIDADE O Corpo e o Ser Social Com o aprofundamento do processo cultural, por meio da atribuição de significa-do que regula o dia a dia da sociedade, passa a ser possível um tipo de controle sobre grande parte do grupo social, que não o exercido exclusivamente pela força. Os va- lores considerados válidos, aceitos, provocarão certos comportamentos ou posições políticas que levarão alguns poucos a ocuparem posições de destaque, enquanto outros, a maioria, ocuparão posições secundárias hierarquicamente. A grande força política exercida pela cultura está na aceitação, por parte da maioria das pessoas, de posições hierarquicamente inferiores. Ou seja, acredita- rem que são realmente inferiores. A defesa da superioridade dos homens em relação às mulheres, dos perten- centes ao mesmo grupo em relação aos de fora, como a dos brancos em relação aos não-brancos, a dos heterossexuais em relação aos homossexuais, passa a ser uma questão crucial para a cultura. Certamente esse processo não se deu de forma homogênea no tempo e no es- paço. As diferentes regiões e culturas se distinguem uma das outras, o que produz efeitos também distintos sobre as pessoas, sobre os corpos. Algumas culturas são mais conservadoras que outras, o que produz resultados mais duros em relação aos valores defendidos pelas pessoas deste grupo, diferenciando-se de maneira evidente dos valores e comportamentos dos demais grupos. Pode parecer simples e sem grandes consequências essa variação na cultura que afeta os corpos, mas, ao contrário, os efeitos podem ser complexos como veremos mais a frente. Conforme Lukács, tudo que existe no mundo pode ser classificado em três tipos de seres: os seres inorgânicos, os seres orgânicos ou biológicos e os seres sociais. (LESSA, 2007) Quando se fala em corpo, em geral, pensa-se de imediato em sua dimensão biológica, mas aqui se priorizará a discussão do corpo a partir do Ser Social, que é a dimensão que trata da realidade em sua total complexidade, mas se fará isso sem menosprezar, entretanto, as outras duas dimensões, que são base para a social. Os Tipos de Seres: Inorgânicos, Orgânicos e Sociais Os seres inorgânicos fazem parte do reino mineral. São todos aqueles seres que não têm vida, como o ferro, o potássio, o magnésio, o cálcio, o cobre, o manganês, o zinco, o fósforo, o iodo, o cloro, o sódio, o selênio etc., mas que são fundamentais para o surgimento e manutenção da vida. Todos os elementos acima citados desem- penham papel importante no funcionamento do organismo humano. Estes com- postos, em pequenas quantidades, compõem os diversos tecidos do corpo humano. Os Seres Inorgânicos não se reproduzem, sua essência é o incessante tornar- -se outro mineral; seus elementos constitutivos vão se desintegrando ou se mistu- rando por reações químicas e/ou físicas a outros componentes, transformando- -se em vários outros elementos que compõem o organismo. 10 11 Veja no quadro a seguir os diferentes elementos químicos e suas funções no organismo humano. Quadro 1 Sais Minerais e sua Função Orgânica Cálcio Atua na formação de tecidos, ossos e dentes; age na coagulação do sangue e na oxigenação dos tecidos; combate as infecções e mantém o equilíbrio de ferro no organismo. É encontrado em queijo, leite, nozes, uva, cereais integrais, nabo, couve, chicória, feijão, lentilha, amendoim, castanha de caju. Cobre Age na formação da hemoglobina (pigmento vermelho do sangue). É encontrado em centeio, lentilha, figo eco, banana, damasco, passas, ameixa, batata, espinafre. Enxofre Facilita a digestão; é desinfetante e participa do metabolismo das proteínas. É encontrado em nozes, alho, cebola, batata, rabanete, repolho, couve-flor, agrião, laranja, abacaxi. Ferro Indispensável na formação do sangue; atua como veiculador do oxigênio para todo o organismo. É encontrado em fígado, rim, coração, gema de ovo, leguminosas, verduras, nozes, frutas secas, azeitona. Flúor Forma ossos e dentes; previne dilatação das veias, cálculos da vesícula e paralisia. É encontrado em agrião, alho, aveia, brócolis, beterraba. Fósforo Atua na formação de ossos e dentes; indispensável para o sistema nervoso e o sistema muscular; junto com o cálcio e a vitamina D, combate o raquitismo. É encontrado em carnes, miúdos, aves, peixes, ovo, leguminosas, queijo, cereais integrais. Magnésio Atua na formação dos tecidos, ossos e dentes; ajuda a metabolizar os carboidratos; controla a excitabilidade neuromuscular. É encontrado em frutas cítricas, leguminosas, gema de ovo, salsinha, agrião, espina- fre, cebola, tomate, mel. Manganês Importante para o crescimento; intervém no aproveitamento do cálcio, fósforo e vitamina B1. É encontrado em Cereais integrais, amendoim, nozes, feijão, arroz integral, banana, alface, beterraba, milho. Potássio Atua associado ao sódio, regularizando as batidas do coração e o sis- tema muscular; contribui para a formação as células. É encontrado em azeitona verde, ameixa seca, ervilha, figo, lentilha, espinafre, banana, laranja, tomate, carnes, vinagre de maçã, arroz integral. Silício Age na formação dos vasos e artérias e é responsável pela sua elasticidade; atua na formação da pele, das membranas, das unhas e dos cabelos; combate as doenças da pele e o raquitismo. É encontrado em amora, aveia, escarola, alface, abóbora, azeitona, cebola. Sódio Impede o endurecimento do cálcio e do magnésio, o que pode formar cálculos biliares ou nefríticos; previne a coagulação sangüínea. É en- contrado em todos os vegetais (principalmente salsão, cenoura, agrião e cebolinha verde), queijo, nozes, aveia. Zinco Atua no controle cerebral dos músculos; ajuda na respiração dos tecidos; participa no metabolismo das proteínas e carboidratos. É encontrado em carnes, fígado, peixe, ovo, leguminosas, nozes. Fonte: Adaptado de https://goo.gl/55nh65 A partir de certo momento da história do nosso planeta, os Seres Inorgâni- cos, combinados a condições muito específicas, dão início à vida, surgindo os Seres Orgânicos, embora este processo ainda não tenha sido cabalmente expli- cado pela ciência. 11 UNIDADE O Corpo e o Ser Social O surgimento dos Seres Orgânicos, ou Biológicos, acaba por se constituir em um novo tipo de seres, ontologicamente distinto, ou seja, são seres de outra nature- za, com características distintas do anterior, apesar de se constituir essencialmente por eles. Os Seres Orgânicos, do ponto de vista da complexidade, encontram-se numa escala mais elevada do que os seres anteriormente falados. Lukács chamou de salto ontológico o surgimento de um novo tipo de Ser. (LESSA, 2007) Os Seres Orgânicos são os pertencentes aos reinos animal e vegetal. Enquan- to os Seres Inorgânicos não se reproduzem, os orgânicos se caracterizam por reproduzir repondo sempre o mesmo. Da amoreira nascerão as amoras, que contêm as sementes que quando fecundadas se transformarão em novas amo- reiras. Em outras palavras, os Seres Orgânicos, do qual os seres humanos fazem parte, reproduzem-se reconstituindo sempre o mesmo Ser, com suas qualidades inerentes e específicas do próprio Ser. (LESSA, 2007) Como Seres Orgânicos, somos constituídos biologicamente pelas mesmas carac- terísticas de outros tantos seres humanos. E biologicamente as reações orgânicas são sempre as mesmas, diante das mesmas condições. Assim, certas ações sobre o corpo apresentam resultados previsíveis do ponto de vista fisiológico, como o caso do treinamento físico. O treinamento físico é um processo de aplicação de esforço ao corpo repetida- mente com a finalidade de, após certo período de tempo, alcançar uma adaptação do organismo ao esforço. Em outras palavras, de melhorar o desempenho. Este processo só pode ser produzido intencionalmente pelo Ser Social, que fa- laremos na sequência, que conhece o ser humano biologicamente e os efeitos da atividade sobre ele. Mas a treinabilidade é uma característica inerente do corpo, in- dependentemente de intencionalidade. Por exemplo: em qualquer época da história humana os indivíduos ao “tocarem” sua vida, seja trabalhando na terra, guerreando, caçando,carregando pesos, entre outras tantas possibilidades, sofrem de forma idên- tica ao processo de treinamento planejado, alterações orgânicas e fisiológicas que aumentam seu desempenho nessas mesmas atividades. A caçada, atividade humana necessária em períodos passados, levava necessa- riamente aqueles que participavam desta empreitada com regularidade a se desen- volver fisicamente, organicamente, ou seja, se tornam cada vez mais preparados para desempenhos melhores. 12 13 Figura 1 Fonte: Wikimedia Commons As lutas sempre foram formas de treinamento para os guerreiros. Treinamen- tos esses que acabavam por promover o desenvolvimento corporal de seus solda- dos. Em Atenas, essas atividades se destinavam à contemplação dos Deuses, que tinham corpos perfeitos, e os homens se aproximavam das divindades por meio do desenvolvimento corporal. Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images 13 UNIDADE O Corpo e o Ser Social Diversas funções contemporâneas, como a da figura a seguir, exigem um gran- de esforço do trabalhador, isso também é uma forma de treinamento, embora no trabalho nem sempre haja a preocupação com as possíveis lesões que tal atividade possa vir a desenvolver no trabalhador. Uma das áreas de atuação dos professores de Educação Física é a Ginástica Labo- ral, que trata justamente de educar as pessoas que fazem algum tipo de trabalho, sob certas condições críticas, em que busca, por meio de práticas de alongamento e/ou de força, aliviar as dores e as doenças causadas pelas condições de trabalho. Até aqui descrevemos o processo que representa a filogênese do ser humano, ou seja, a origem biológica do ser humano. De agora em diante, passaremos a tratar do desenvolvimento ontogenético. Filogenia e Ontogenia A filogenia ou filogênese faz parte do campo da biologia. É um ramo da ciência que estuda a evolução das espécies. O termo filogenia vem do grego que significa geração da raça. O estudo da evolução das espécies é um dos pilares da filogênese. As espécies evoluem por meio da mutação do DNA de um indivíduo. Se a mutação ocorrida coloca este ser em vantagem, diante de seus pares, conseguindo com que ele se reproduza em maior número, após inúmeras gerações, essa vantagem individual implicará numa mudança para toda a espécie. Os biólogos criaram uma ordem para o mundo natural, classificando-a. Aristóteles, no sécu- lo IV aC. introduz a ideia de reinos: mineral, vegetal e animal. Para ele, os minerais estão na base da estrutura natural. O naturalista Lineu, já no século XVII, apresenta uma classificação mais complexa, dividida em reino, classe, ordem, gênero e espécie. O modelo proposto por Carlos Lineu está em acordo com a teoria da evolução das espécies e a seleção natural de Darwin. A passagem dos hominídeos a Homo Sapiens é fruto de um complexo processo. Os níveis evolutivos mais recentes podem ser descritos em dois processos: a “hominização”, que são as mudanças em nosso corpo, como o bipedismo e as consequências para o corpo a par- tir dele; e a “humanização”, que são as mudanças que ocorrem com o aparecimento da linguagem e com a capacidade humana de transformar a natureza para satisfazer suas necessidades. O processo de humanização dá início aos processos ontogenéticos, que são aqueles que afetam apenas ao indivíduo ou grupo exposto a uma determinada situação. Aqui não se fala mais filogenia, mas em ontogenia. Para saber mais sobre Carlos Lineu (Carl Nilsson Linnæus), botânico, zoólogo e médico sueco, acesse o link https://goo.gl/ggTv4E. Ex pl or Fonte: https://goo.gl/uzyVmc Para se estudar os fenômenos que dizem respeito ao ser humano, é necessária a investigação da ontogênese do que se quer conhecer. O caminho metodológico onto- genético é o que se aproxima da totalidade dos fenômenos. Neste caso, seu papel é o de preservar a unidade necessária que há entre os elementos inorgânicos, o corpo biológico e as funções fisiológicas, e os efeitos das ações culturais e sociais sobre eles. Efeitos estes que constroem novas possibilidades, novos significados, novas exigências sobre o corpo, e abre, assim, a possibilidade de compreendermos de forma complexa a relação entre o indivíduo, o corpo, a cultura e a sociedade. (SAFFIOTI, 2009) 14 15 O novo tipo de ser, o Social, foi propiciado pelo desenvolvimento humano e cor- poral afetado pela produção de ferramentas e criação de técnicas que modificaram continuamente o meio em que viviam e vivem, alterando-se ao mesmo tempo, de- senvolvendo novas habilidades e novas capacidades para produzirem sempre coisas novas que possam suprir as necessidades do grupo social. O Ser Social marca o surgimento da ontogênese do ser humano, ou seja, o apa- recimento de características que só puderam ganhar materialidade e, consequente- mente, visibilidade após os homens e as mulheres inventarem um novo jeito para se viver, cheio de novos objetos e de adequações do meio, sempre permeados por valores culturais que se tornaram quase como se fosse uma “natureza” social. Os Projetos Sociais para o Corpo e com o Corpo Mulheres e homens em todas as sociedades e todos os tempos sofrem fortes influências culturais da região em que vivem. Como vimos, o corpo e o movimento são elementos fundamentais no desenvolvi- mento da cultura humana. Quando nos movimentamos, expressamos sentimentos, emoções e pensamentos por meio da gestualidade, que amplia consideravelmente as possibilidades de expressão. Cada sociedade em cada tempo histórico tem estabelecido pelas forças polí- ticas atuantes um modelo cultural de corpo e de gestualidade. Mas não se cria apenas um modelo de corpo e de gestualidade, mas vários, que são específicos para diferentes grupos sociais. Há um modelo para os homens, outro para as mulheres, tanto de corpo como de gestualidade, e esse modelo de gestualidade acaba definindo também as pessoas heterossexuais, marcando negativamente os indivíduos que fogem a esse modelo. Michel Foucault vê o corpo como o local em que se dá a ação do poder, a fim de estabelecer o controle social sobre os indivíduos. Para o filósofo, os corpos não trazem as marcas da natureza, mas sim da cultura. Os corpos são marcados pelos discursos, você é bonita ou bonito, é sedutora ou sedutor, é feia ou feio, é forte, é fraca ou fraco, é gostosa ou gostoso etc. Esses discursos são atravessados pela cultura, portanto, pela visão do machismo e do feminismo, pelas diferentes inter- pretações do cristianismo, pela tradição, pelas questões de classes ou camadas sociais etc. (GASTALDO E BRAGA, 2011) São inúmeros os exemplos em que o corpo é marcado definitivamente como elemento distintivo para o controle social. As amputações de mãos de ladrões em parte dos países cujo estado se encontra vinculado ao Islã; as tatuagens produzidas em prisioneiros dos nazistas nos campos de concentração; os pés de dez centíme- tros de mulheres chinesas; as próteses de silicone; a valorização da depilação mas- culina; entre outras, são partes deste universo cultural e social que são produzidas pelo poder. (GASTALDO E BRAGA, 2011) 15 UNIDADE O Corpo e o Ser Social Gastaldo e Braga (2011), para expressarem a compreensão histórica do con- trole social sobre os indivíduos e seus impactos, lembram que a histeria, como des- crita por Freud, como uma psicopatologia que evidenciava a situação das mulheres provocada por uma subordinação às normas, em geral produzidas por homens, resulta em mulheres incapazes, que desmaiam ao menor sinal de enfrentamento, esta psicopatologia foi substituída por novas, como a anorexia e a bulimia, que não existiam há um século e que são frutos dos novos tempos. Ora, o que essas doenças expressam? Elas são a expressão física, mate- rial, uma cristalização da coerção social sobre o corpo feminino, vítima de idealizações largamente difundidas pelos meios de comunicação de massa, outro fator que não estava presente nas metrópoles europeias do século XIX. (GASTALDO E BRAGA, 2011, p. 878) Dessa forma, podemos perceberque os corpos, como se apresentam, são o re- sultado de uma complexa interação entre múltiplos componentes sociais e culturais. O corpo está sujeito, então, a inúmeros processos culturais e sociais, e a luta política ocorre em todos os âmbitos da sociedade, pelos meios de comunicação, pela reli- gião, pelas instituições públicas como escolas, entre outras. A escola desempenhou e desempenha um importante papel na política sobre o corpo, sempre impôs um conjunto de ações buscando o controle sobre os corpos das crianças. Desde os primeiros anos escolares, o movimento livre e criativo das crian- ças é frequentemente visto como desobediência, como ameaçador à ordem escolar e como empecilho da aprendizagem. (FREIRE, 1993) As professoras e professores das séries iniciais da escolaridade buscam sempre a ordem e a harmonia que concebem, ou seja, a do não movimento, a não ser que seja necessário, segundo seu próprio julgamento, evidentemente, a do não improviso que coloca sempre em risco essa ordem e essa harmonia. “O movimento, nessa situação, está vinculado à rebeldia, à desobediência, à subversão. Em geral, as crianças criadas em ambientes de maior liberdade são as que impõem maior resistência a essas imposições”. (VAZ, 2010a, p. 21) É bastante comum entre as professoras submeter as crianças a longos períodos de quietude, realizando atividades controladas, como desenhar, escrever ou ler, em que os deslocamentos podem ser entendidos como desordem ou indisciplina. Escapam às professoras e professores que as pessoas se expressam e se comu- nicam por apoio de gestos, de mímicas faciais, que interagem fortemente com a comunicação verbal. Inibir o movimento espontâneo das crianças pode significar impor limitações a uma vida plena, a formas criativas de expressão. Ao mesmo tempo, essas formas de controle exercidas sobre o corpo, sobre o movimento livre das crianças, têm implicação não apenas sobre as possibilidades performáticas de comunicação, mas também de compreensão de mundo e de ação sobre ele. Todo indivíduo, espontaneamente, deseja imprimir sua marca na vida e no mun- do, não que tenha consciência de sua atuação histórico-social, mas por intuição, por pura necessidade de criar uma realidade que lhe seja mais interessante, mais rica em possibilidades para sua vida particular. 16 17 O Corpo pela Civilização Ocidental: Antiguidade, Idade Média e Modernidade A civilização ocidental não é evidentemente homogênea sob nenhum aspecto, entretanto, a sua formação é resultado de um caldo cultural com fortes influências sobre o corpo em três momentos de sua história: a cultura greco-romana, o cristia- nismo e a revolução industrial, ou a Antiguidade, o período medieval e a moderni- dade, respectivamente. O corpo, como produção cultural e social, não possui uma essência inalterável, que seja eterna, dada para sempre. Ao contrário, o corpo é alvo de políticas que buscam preencher uma necessidade de um determinado tempo e espaço. Os gregos, na Antiguidade, segundo Ramos (1982), compreenderam o papel do trabalho corporal na construção de uma nova sociedade, em que a espécie humana e suas formas de educação fossem aperfeiçoadas. Sócrates, Platão e Aristóteles se preocupavam com a prática dos exercícios físicos. A literatura e as artes plásticas privilegiam a importância do corpo e das atividades físicas para se atingir a perfeição e o desenvolvimento das qualidades humanas. (RAMOS, 1982) Na cultura grega, Esparta e Atenas tinham políticas distintas para o corpo, mas o povo grego, fosse homem ou mulher, buscavam ser esbeltos e vigorosos, fortes, com resistência e agilidade. (RAMOS, 1982) Nessa etapa da história do ocidente, e mais especificamente grega, o corpo estava necessariamente ligado às necessidades sociais de modo mais urgentes. O corpo está impregnado de necessidades ao funcionamento eficiente da orga- nização social, de acordo com o modelo político vigente. Enquanto para Esparta o corpo tem uma necessidade mais bélica, de guerra, a cultura ateniense traz ou- tras questões como a da saúde e da estética para o primeiro plano. (VAZ, 2010b) Figura 3 Fonte: Wikimedia Commons 17 UNIDADE O Corpo e o Ser Social O Império Romano tem grande importância na construção cultural do ocidente. A influência da cultura grega sobre o Império Romano propiciou que este último funcionasse como um difusor de sua cultura, além de difundir a própria cultura, ago- ra misturada com a grega e chamada, então, de cultura greco-romana. O Império Romano se conecta a dois importantes momentos da história da civili- zação ocidental. O primeiro quando ocupa o território da civilização Grega Antiga e traz para dentro de sua cultura, num processo de hibridização, elementos importan- tes daquela cultura; e o segundo, quando ao seu final, vê sua estrutura ser ocupada pela Igreja Católica que passa a exercer o poder político e cultual, estabelecendo novos valores, inclusive para o corpo. A Igreja passava a ser a herdeira cultural do Império Romano. (VAZ, 2010b) Em final do século III, a Igreja Católica começa a impor às famílias novos padrões para o corpo e para a sexualidade. As práticas corporais que levam ao prazer são desvalorizadas, desestimuladas. Ela normatiza a vida cotidiana de toda a população. Apoia-se no pensamento de Santo Agostinho, de conter os desejos expressos pelo corpo para manter a pureza da alma. Assim é introduzida a ideia de pecado e a virtu- de está na capacidade de renunciar aos prazeres e às paixões. (VAZ, 2010b) Os efeitos dessa política sobre o corpo podem ser percebidos ainda hoje. Em to- dos os países, especialmente entre aqueles pertencentes à cultura ocidental, onde as diferentes formas de cristianismo são seguidas pela maioria da população, a repres- são ao corpo, o controle sobre ele, sobre a sexualidade, são ainda influenciadas, em maior ou menos grau, por normas estabelecidas há 17 séculos. Apesar do controle sobre os corpos de homens e mulheres, a ação da Igreja não atingiu da mesma forma os homens e mulheres. O corpo feminino era to- mado como o lugar privilegiado das tentações e desta forma então a virgindade começou a ser valorizada. (FRANCO JUNIOR, 2001) (...) o sexo deveria ser apenas vaginal, visando à procriação, a mulher colocada debaixo do homem e no escuro, para se evitar a visão da nudez. O sexo oral e sodomita, a magia para atrair o desejo de alguém, as práti- cas anticonceptivas e abortivas, as relações incestuosas e adúlteras eram pecados e duramente castigados (...). (FRANCO JUNIOR, 2001, p. 177) Como nesse período da história do ocidente a religião tinha um papel decisivo na vida das pessoas, essas determinações sobre o corpo e o peso que representa- va a ideia de pecado exerceram grande influência sobre toda a população. O corpo só ganharia um novo olhar, uma nova representação, uma nova política, com o surgimento dos novos centros urbanos, a serviço da Revolução Industrial, que necessitava de um novo perfil de corpo. A ciência, a todo vapor, influenciou o desenvolvimento industrial e ao mesmo tempo é influenciada por ele. A revolução industrial significou um momento decisivo para as sociedades ocidentais. As mudanças promovidas por ela, especialmente a partir do desen- volvimento das ciências duras, a física, a química, a biologia, a engenharia de 18 19 um modo geral, sempre a serviço das novas formas de produção protagoni- zadas pela Indústria, fizeram com que toda a vida cotidiana da população que vivia do próprio trabalho ficasse de pernas para o ar. A nova forma de produzir o que é necessário para a vida, o modo industrial, pro- duziu um grande fluxo migratório da população camponesa para os novos centros urbanos. Esse movimento trouxe como consequência uma urbanização precarizada, surgindo grandes concentrações populacionais, criando, assim, um ambiente propí- cio ao alastramento de doenças que dizimava parte da população. Sob estas condições é que se desenvolve o movimento chamado higienista.As condições de moradia, o alargamento das ruas, o recolhimento do lixo, as descobertas médicas, como as vacinas, entre outras, e a preocupação com os hábitos saudáveis de higiene, que vai do lavar as mãos até o hábito da prática de ginástica ou esporte. (VAZ, 2010b) A Educação Física no Brasil, em seus primórdios, está calcada na visão médico- -higienista. Ela preconiza a disciplina e a automatização dos gestos por meio da re- petição. Passa a ser vista como uma receita para a obtenção do corpo perfeito, pro- dutivo e saudável, que deveria livrar a sociedade toda da preguiça. (ANJOS, 1995) As mudanças que ocorreram nesse período, de forma razoavelmente rápida e de modo radical, provocaram grandes transformações nas funções e nas expectativas acerca do corpo e da vida das pessoas, com o desenvolvimento de políticas especí- ficas em favor de um determinado desenvolvimento corporal e social. A Revolução Industrial foi, a passos largos, intensificando o comércio e, consequentemente, os intercâmbios sociais, produzindo o desenvolvimento de um novo espaço social, que mudou de vez a forma e o estilo de vida de boa parte da população. (VAZ, 2010b) O corpo passa agora a ser visto apenas sob o ponto de vista anatomofisiológico, estudado e explicado cientificamente. Essas ciências descobrem o papel do exercício e do movimento na saúde física das pessoas. Passa a exercer pressão por uma nova política para o corpo, que afetará diretamente as práticas educativas que envolvem o corpo. As políticas para o corpo negam os acrobatas, os corpos dos artistas, pri- vilegia o corpo-máquina. (SOARES, 1994) Mas as políticas do corpo não são afetadas, nesse período, apenas pelas políticas higienistas que acabamos de apresentar. Outro movimento, baseado no que se acha- va ser uma ciência, a Eugenia, também marca fortemente a cultura ocidental, com reflexos até os dias de hoje. Ela diz respeito ao fortalecimento ou melhoria da raça. Estas teorias fortaleceram as teses racistas, chegando a dar uma cara “cientí- fica” para esses movimentos. Apesar de ter sido elabora no final do século XIX, é nas primeiras décadas do século XX que ela se torna uma questão de Estado. Alemanha, Suécia, Estados Unidos e a Rússia, seguida pela extinta URSS, dis- putavam a hegemonia dessas pesquisas “científicas” e as consequentes políticas ancoradas em tais estudos. Esse movimento esteve na base da Segunda Grande Guerra. (VAZ, 2010c) 19 UNIDADE O Corpo e o Ser Social Para essas teorias, a miscigenação coloca em perigo a qualidade da raça. Assim, o preconceito contra o diferente se justifica, especialmente entre aqueles povos que tiveram poucos intercâmbios com povos de outras localidades. Tomar a nossa cul- tura e tudo que ela representa como valores, hábitos, costumes, etc., como natural, como correto, parece fazer parte de qualquer formação social. (VAZ, 2010c) Assim, estranha-se tudo aquilo que é diferente, e, ao se estranhar, atribui- -se um determinado valor, criando-se, a partir daí, uma relação hierárqui- ca: valoriza-se o que é nosso, o que é “normal”, e desvaloriza-se o que não é nosso, logo, o que é “anormal”. (VAZ, 2010c, p. 53) Nesse percurso pudemos ver o quanto o corpo é determinante no processo de humanização e o quanto ele é vulnerável aos interesses políticos e econômicos das diferentes sociedades. Você consegue perceber em sua vida cotidiana como o corpo é afetado por interesses vari- ados e que é a sede de vários tipos de preconceitos e transtornos contemporâneos? Pois é, este é o assunto para a próxima unidade. Ex pl or 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Filmes Guerra do Fogo “Guerra do Fogo”. Direção de Jean-Jacques Annaud, Canadá, 1981. Distribuição Fox Vídeo. O filme narra a história de uma tribo pré-histórica que ainda não conhece a técnica para a produção do fogo. No decorrer do filme esse grupo vai se defrontando com outras tribos, umas mais avançadas e outras menos do ponto de vista da produção de material e cultura, o que acaba por movimentar a concepção do grupo acerca das possibilidades do corpo no processo social. Ilha das Flores “Ilha das Flores”. Direção de Jorge Furtado. Brasil, 1989. O filme apresenta claramente o papel do corpo no desenvolvimento da humanidade, especialmente as possibilidades advindas a partir do “polegar opositor”, que permite a capacidade de apreensão pela mão, e a partir daí toda a revolução ocorrida. Leitura Culto ao corpo: beleza ou doença? Artigo que faz uma reflexão sobre os efeitos contemporâneos da cultura fitness so- bre as pessoas. https://goo.gl/2Vyii1 Mídia e o culto à beleza do corpo Artigo discute a influência do consumismo sobre o corpo. CAMARGO, Orson. Mídia e o culto à beleza do corpo; Brasil Escola. https://goo.gl/uDPMB5 21 UNIDADE O Corpo e o Ser Social Referências ANJOS, José Luiz. Corporeidade, Higienismo e Linguagem. Vitória: EFES/ CEFD, 1995. FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: o nascimento do ocidente. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2001. FREIRE, João B. Métodos de confinamento e engorda: como fazer render mais porcos, galinhas e crianças. In: MOREIRA, Wagner Wey (Org.) Educação Fí- sica & Esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 1993, p. 109-122. GASTALDO, Édison Luis e BRAGA, Adriana Andrade. Corporeidade, esporte e identidade masculina. Estudos Feministas, Florianópolis, 19(3): 875-893, setem- bro-dezembro/2011. LESSA, Sérgio. Para Compreender a Ontologia de Lukács. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2007. (revista e ampliada). RAMOS, Jair J. Os Exercícios Físicos na História e na Arte. São Paulo: Ibra- sa, 1982. SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Ontogênese e filogênese do gênero: ordem patriarcal de gênero e a violência masculina contra mulheres. Série Estudos e Ensaios / Ciências Sociais / FLACSO-Brasil - junho /2009. SOARES, Carmen L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. Campinas: Au- tores Associados, 1994. VAZ, Antônio Carlos. Corpo e movimento no processo de humanização. In: ________. Educação, corpo e movimento. Curitiba: IESDE, 2010a. p. 11-30. VAZ, Antônio Carlos. Corpo e movimento na educação: uma visão histórica. In: ________. Educação, corpo e movimento. Curitiba: IESDE, 2010b. p. 33-51. VAZ, Antônio Carlos. Corpo e o racismo: a herança da eugenia. In: ________. Educação, corpo e movimento. Curitiba: IESDE, 2010c. p. 53-73. 22
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