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Indaial – 2020 Prática Vocal Profª Mariana Lopes Junqueira Profª Tereza Cristina Benevenutti Lautério 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª Mariana Lopes Junqueira Profª Tereza Cristina Benevenutti Lautério Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: J95p Junqueira, Mariana Lopes Prática vocal. / Mariana Lopes Junqueira; Tereza Cristina Benevenutti Lautério. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 215 p.; il. ISBN 978-85-515-0458-1 1. Fisiologia da voz. - Brasil. I. Lautério, Tereza Cristina Benevenutti. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 780 III aPresentação Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Prática Vocal. A voz é o “instrumento” de trabalho do professor. Segundo Nemr et al. (2002), a voz é um dos aspectos mais importantes da comunicação. Assim, trabalhar com a voz possibilita revelar nossos sentimentos, nossas emoções, nosso estado afetivo, traços de nossa personalidade. Com relação à música, a voz é o mais natural de todos os instrumentos musicais. A voz também pode se configurar em um instrumento muito importante para o ensino de música na educação básica, uma vez que é acessível a quase todos. Por isso é muito importante conhecer a fisiologia da voz, os cuidados que precisamos ter com ela, assim como trabalhar com diferentes faixas etárias, pois em cada uma, a voz apresenta características diferentes. A disciplina de Prática Vocal têm como objetivos desenvolver conhecimentos sobre a técnica e saúde vocal, bem como conhecer aspectos básicos da prática vocal voltada para a educação musical nos mais variados contextos de atuação do professor. Ao falar sobre voz, é importante compreender o que ela é e como ela é produzida. No caso do educador musical, ainda é considerado importante entender que cada faixa etária e, assim, cada pessoa, possui diferentes características vocais, dependendo de sua anatomia. Este livro está organizado em três unidades. Na primeira unidade, conheceremos a fisiologia da voz; como ela é produzida; e as características da voz falada e cantada. Conversaremos também sobre os cuidados que temos que ter com a nossa voz, assim como manter uma higiene vocal. Na segunda unidade, iremos refletir sobre as questões musicais da voz, dialogando sobre a técnica vocal, exercícios vocais, sobre a interpretação vocal e as características da voz infantil e da voz adulta. Na terceira unidade, conversaremos sobre a prática vocal voltada para a educação musical, e o seu trabalho com crianças, adolescentes e adultos, assim como o trabalho vocal em espaços alternativos de ensino. Durante todo o livro, daremos sugestões de vídeos para ampliar o seu conhecimento sobre o assunto, assim como sugestões de exercícios. É importante que você assista os vídeos para complementar seus estudos e realize os exercícios sugeridos! Bons Estudos! Profª Mariana Lopes Junqueira Profª Tereza Cristina Benevenutti Lautério IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII sumário UNIDADE 1 – A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS ................................................................... 1 TÓPICO 1 – FUNÇÃO VOCAL ........................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 APARELHO RESPIRATÓRIO ........................................................................................................... 4 2.1 RESPIRAÇÃO .................................................................................................................................. 6 2.2 EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO .................................................................................................. 8 3 APARELHO FONADOR .................................................................................................................... 10 4 APARELHO RESSONADOR ............................................................................................................ 17 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21 TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS VOCAIS .................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23 2 VOZ FALADA ...................................................................................................................................... 23 3 VOZ CANTADA .................................................................................................................................. 27 3.1 RESPIRAÇÃO E APOIO ................................................................................................................. 29 3.2 CLASSIFICAÇÃO VOCAL ............................................................................................................. 33 3.3 AFINAÇÃO ...................................................................................................................................... 36 3.4 VIBRATO ........................................................................................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 40 TÓPICO 3 – HIGIENE E SAÚDE VOCAL ......................................................................................... 43 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 43 2 PROFESSOR: UM PROFISSIONAL DA VOZ .............................................................................. 53 LEITURA COMPLEMENTAR ..............................................................................................................56 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 59 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 60 UNIDADE 2 – A VOZ – QUESTÕES MUSICAIS ............................................................................ 63 TÓPICO 1 – TÉCNICA VOCAL ........................................................................................................... 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 65 2 RESSONÂNCIA ................................................................................................................................... 66 3 ARTICULAÇÃO ................................................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 80 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 81 TÓPICO 2 – INTERPRETAÇÃO VOCAL .......................................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83 2 EMISSÃO E PROJEÇÃO VOCAL .................................................................................................... 83 3 VOZ E INTERPRETAÇÃO ................................................................................................................. 85 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 92 VIII TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS VOCAIS .................................................................................... 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 95 2 VOZES INFANTIS ............................................................................................................................... 95 3 VOZES ADOLESCENTES ................................................................................................................. 98 4 VOZES ADULTAS ............................................................................................................................... 102 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 105 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 106 TÓPICO 4 – EXERCÍCIOS PARA TÉCNICA VOCAL .................................................................... 107 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 107 2 AQUECIMENTO E RELAXAMENTO CORPORAL .................................................................... 107 3 AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL ..................................................................... 111 4 VOCALIZES .......................................................................................................................................... 113 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 122 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 129 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 130 UNIDADE 3 – A PRÁTICA VOCAL VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL ............... 131 TÓPICO 1 – O CANTO NA EDUCAÇÃO MUSICAL .................................................................... 133 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 133 2 TRABALHANDO COM A VOZ INFANTIL .................................................................................. 134 2.1 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................... 144 2.2 REPERTÓRIO .................................................................................................................................. 148 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 164 TÓPICO 2 – TRABALHANDO COM A VOZ ADOLESCENTE ................................................... 167 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 167 2 EXERCÍCIOS ......................................................................................................................................... 168 3 REPERTÓRIO ....................................................................................................................................... 172 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 183 TÓPICO 3 – TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA E IDOSA .............................................. 185 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 185 2 TRABALHANDO COM A VOZ ADULTA ..................................................................................... 185 2.1 EXERCÍCIOS E RESPIRAÇÃO ..................................................................................................... 186 3 TRABALHO VOCAL COM IDOSOS .............................................................................................. 194 3.1 EXERCÍCIOS E REPERTÓRIO ...................................................................................................... 195 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 203 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 207 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 208 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 209 1 UNIDADE 1 A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a fisiologia vocal; • refletir sobre o trabalho correto de cada aparelho responsável pela emissão vocal; • conscientizar-se sobre as características da voz falada e da voz cantada; • conhecer os cuidados básicos para preservar a saúde vocal; • refletir sobre os cuidados com a voz no cotidiano da profissão docente. Esta unidadeestá dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – FUNÇÃO VOCAL TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS VOCAIS TÓPICO 3 – HIGIENE E SAÚDE VOCAL Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 FUNÇÃO VOCAL 1 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar de que forma a sua voz é produzida? A produção e a emissão da voz são um trabalho complexo, nos quais vários músculos trabalham intensamente. A voz é uma ferramenta de comunicação e expressão, seja falada ou cantada. Fisiologicamente falando, “a voz é a utilização inteligente dos ruídos e sons musicais produzidos no interior da laringe com o impulso da expiração controlada, ampliados e timbrados nas cavidades de ressonância e modelados pelos articuladores no tempo, no meio e no estado pulsátil de cada pessoa” (COELHO, 1994, p. 13). Para as autoras, além da definição citada, a voz é também a expressão sonora da personalidade dos sujeitos, bem como o reflexo de seu estado psicológico. O professor, de modo geral, utiliza diariamente sua voz, como um instrumento de seu trabalho, e por vezes não faz o uso consciente da sua voz, o que pode causar danos a sua saúde vocal. Ao cursar a Licenciatura em Música, você poderá exercer a docência na educação básica, e em outros espaços educativos, como organizações não governamentais (ONGs), escolas livres de música, bandas, corais, entre outros (KANDLER; GUMS; SCHAMBECK, 2014). Ao realizar um trabalho com a voz, é importante conhecer e se conscientizar de como ela é produzida, bem como os cuidados que você precisa ter para preservá-la, assim como as características vocais das diferentes faixas etárias, para trabalhar adequadamente com cada uma. Portanto, o cuidado com a voz não deve ser apenas ao utilizá-la para cantar, mas também quando fazemos um uso prolongado dela ao falar. A função vocal é um conjunto determinado pela interação entre os diferentes órgãos responsáveis pela emissão dos sons e órgãos respiratórios. A atividade muscular utilizada na emissão da voz, produz em nós uma série de sensações, as quais precisamos ter consciência para uma melhor emissão sonora. Essas sensações não são percebidas pelos ouvintes, mas são muito importantes para o cantor, uma vez que serão o resultado de um longo treinamento. Além de ter consciência e controle sobre esses músculos, o cantor também precisa desenvolver a percepção sonora, pois é por meio dela que ele vai ter consciência se está realizando o uso adequado da voz (DINVILLE, 1993). UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 4 Ao estudarmos um instrumento musical, aprendemos sobre os diversos cuidados que devemos ter com esse instrumento, assim como devemos praticá-lo para melhorar nosso desempenho. A voz como instrumento é o meio mais natural e antigo que possibilita a produção musical. Devemos cuidar desse instrumento, realizar exercícios para que possamos utilizá-la de maneira correta e eficiente, para não prejudicar nossa saúde vocal e dos nossos alunos. O instrumento vocal é separado em três partes: aparelho respiratório, aparelho fonador e aparelho ressonador. Estudaremos cada um deles, para que você conheça o funcionamento de cada um. 2 APARELHO RESPIRATÓRIO A respiração é uma função vital que garante a troca do gás carbônico (CO2), que está no sangue, por oxigênio (O2), vindo do ambiente, é “um gesto inconsciente, instintivo, cujos movimentos são regulares, rítmicos, simétricos e sincrônicos” (DINVILLE, 1993, p. 51). Segundo Coelho (1994), a respiração é um ato espontâneo de caráter ativo-passivo realizado pelo movimento do músculo diafragma e dos músculos intercostais, este movimento tem sua origem no cérebro. Assim, o ato de respirar envolve o trabalho de muitos músculos e órgãos do nosso corpo. O aparelho respiratório é formado pelas vias aéreas e pulmões: • Vias aéreas: narinas, fossas nasais, faringe, glote, laringe e traqueia. • Pulmões: brônquios, bronquíolos e alvéolos (MARSOLA; BAÊ, 2000). No ato da respiração realizamos dois movimentos: a inspiração, caracterizada pela entrada de ar nos pulmões, e a expiração, que compreende a saída de ar dos pulmões. “As inspirações e expirações ocorrem a partir dos níveis de oxigênio no sangue e são naturalmente comandadas pelo sistema nervoso involuntário” (PACHECO; BAÊ, 2006. p. 17). TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 5 FIGURA 1 – APARELHO RESPIRATÓRIO FONTE: <http://static.todamateria.com.br/upload/54/07/540759a3340e6-sistema-respiratorio.jpg>. Acesso em: 1º set. 2019. Cada órgão do aparelho respiratório exerce uma função. No Quadro 1, conheceremos um pouco mais sobre cada órgão do aparelho respiratório. QUADRO 1 – APARELHO RESPIRATÓRIO Órgão Características Narinas Têm como função aquecer, umedecer e filtrar o ar. Traqueia Divide-se em bifurcações que dão origem aos brônquios. Tórax Composto de 12 pares de costelas, que são fixas atrás da coluna vertebral. Pulmões Localizam-se na caixa torácica e são os principais órgãos do aparelho respiratório. Os pulmões possuem consistência esponjosa e cor rosada, devido à grande quantidade de sangue que nele circula. Brônquios Levam ar aos pulmões. Alvéolos Realizam a troca de oxigênio pelo gás carbônico. O oxigênio vem do ar inspirado e o gás carbônico vem do sangue, que é devolvido para o ar. O ar entra e sai dos alvéolos pelo movimento realizado pelo tórax e diafragma. FONTE: Adaptado de Marsola e Baê (2000) UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 6 Os pulmões têm em média o peso de 700 gramas, e sua altura geralmente corresponde a 25 centímetros (DINVILLE, 1993). NOTA 2.1 RESPIRAÇÃO A voz é o som produzido pelo ar que sai dos pulmões, passa pelas pregas vocais, comumente chamadas de cordas vocais, e é amplificado e modulado pelas cavidades de ressonância (face e tórax) e órgãos articuladores (palato, língua e maxilar). A passagem do ar faz com que nossas pregas vocais vibrem, assim, sem ar não há som. O ar pode ser considerado o combustível da nossa voz. Para uma boa emissão vocal, é muito importante aprendermos a respirar de maneira correta. Para tanto, é preciso que tenhamos consciência de como nosso sistema respiratório funciona, assim como é importante exercitarmos nossa respiração. Quando respiramos naturalmente há uma contração muscular ativa durante a inspiração e passiva durante a expiração, fazendo com que a entrada e saída do ar dos pulmões seja realizada com o auxílio da musculatura torácica superior. Existem três tipos de respiração consideradas naturais: a costal superior, a diafragmática abdominal e a costodiafragmático abdominal (PACHECO; BAÊ, 2006). Você sabe quando cada um desses tipos de respiração é utilizado? • A respiração costal superior é a que realizamos durante a atividade física, ela permite uma entrada mais rápida de ar e maior oxigenação. • A respiração diafragmática abdominal é a que utilizamos enquanto dormimos. • A respiração costodiafragmático abdominal é a ideal para utilizarmos enquanto falamos e cantamos (PACHECO; BAÊ, 2006). A respiração costodiafragmático abdominal fortalece os pulmões e oxigena o sangue, ativando, assim, os órgãos responsáveis por equilibrar estas funções (MARSOLA; BAÊ, 2000). O ar entra e sai dos alvéolos devido ao movimento conjunto do tórax e do diafragma. O diafragma é um músculo que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. Ele possui um centro tendíneo que lhe dá resistência, e que permite a movimentação da parte muscular que está ao redor desse centro, durante a inspiração e a expiração (PACHECO; BAÊ, 2006). TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 7 FIGURA 2 – DIAFRAGMA FONTE: <https://drauziovarella.uol.com.br/wp-content/uploads/2017/06/ diafragma2-e1497469202603.jpg>. Acesso em: 7 set. 2019. Quando inspiramos, o cérebro emite um comando que faz com queo centro tendíneo do diafragma se contraia e abaixe, fazendo com que a parte muscular do diafragma comprima as vísceras e empurre a parede abdominal para a frente. Na expiração o diafragma é elevado, retornando à posição inicial (PACHECO; BAÊ, 2006). Além de auxiliar no processo de respiração e na sustentação do ar para a atividade do canto, outra função do diafragma é ajudar no processo de digestão dos alimentos. Os movimentos desse músculo, contração e força, também são importantes para: tosse, espirro, parto e no processo de defecação (WEISS, 1988). FIGURA 3 – ATIVIDADE DO DIAFRAGMA DURANTE A RESPIRAÇÃO FONTE: <https://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/respiracao11.jpg>. Acesso em: 9 set. 2019. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 8 Para observar a ação do diafragma no momento da respiração, assista ao vídeo “Funcionamento do diafragma”, disponível no link: https://www.youtube.com/ watch?v=T5gY6G64H54. DICAS Assim como abordamos anteriormente, a voz é um dos instrumentos de trabalho do professor, seja qual for sua formação. Para o professor de música, além disso, apresenta-se como um elemento para o desenvolvimento de trabalhos musicais na educação básica e em outros contextos de educação musical, como os corais. O Quadro 2 apresenta sinteticamente a função de cada órgão do aparelho respiratório, na sua função biológica e na sua função fonatória, ou seja, na produção sonora. QUADRO 2 – FUNÇÕES DOS ÓRGÃOS DO APARELHO RESPIRATÓRIO Órgão Função Biológica Função Fonatória Cavidades Nasais. Filtrar, aquecer e umidificar o ar. Vibração e amortização do som – ressonância nasal. Faringe. Via de passagem do ar. Amplia os sons – caixa de ressonância. Laringe. Via de passagem do ar. Vibrador – contém as pregas vocais. Traqueia. Via de passagem do ar - defesa da via aérea. Suporte para a vibração das pregas vocais. Pulmões. Trocas gasosas e respiração vital. Fole e reservatório de ar para vibrar as pregas vocais. Musculatura respiratória. Desencadeia o processo respiratório. Produção de pressão no ar que sai. FONTE: <http://canone.com.br/attachments/article/252/a_fisiologia_da_voz.pdf>. Acesso em: 14 set. 2019. Sintetizando, além da função biológica e vital, o aparelho respiratório participa ativamente na função fonatória, atuando nas funções de produção e emissão sonora, como vibração e ressonância. 2.2 EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO Para que você possa ter mais consciência sobre a sua respiração, e ter mais controle sobre a sua expiração, é muito importante realizar exercícios de TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 9 respiração. Ao realizar algum trabalho de educação musical que utiliza o canto, também é importante realizar os exercícios de respiração com os alunos. É importante que você mantenha uma constância nos exercícios, se possível realizá- los diariamente, para que assim, você possa aprimorar a sua técnica de respiração e para trabalhar a sua musculatura respiratória. É importante também repetir os exercícios, e não fazer cada exercício apenas uma vez. Lembre-se de observar se os músculos estão trabalhando corretamente durante os exercícios. Assim como um atleta cuida do seu corpo para ter um bom desempenho, o profissional da voz (aqui, o professor) deve procurar exercitar e trabalhar sua voz, passando inicialmente por exercícios de respiração. Vamos exercitar? Um lembrete: procure inspirar pelo nariz e expirar pela boca. É importante lembrar que ao inspirar pelo nariz, o ar é filtrado e umedecido, retirando assim, as impurezas presentes. Em alguns momentos, em especial, no canto, será necessário fazer a inspiração oro-nasal, pelo nariz e pela boca, considerando o tempo das frases musicais. Você pode realizar os exercícios em frente ao espelho. Assim, você pode observar os seus músculos trabalhando durante a respiração. Ao realizar os exercícios você pode sentir uma tontura, se isso acontecer com você, pare um pouco e, quando se sentir melhor, volte a realizar os exercícios. Com a prática você não vai mais sentir essas tonturas. 1. Inicialmente procure uma posição confortável, sentado, de pé ou mesmo deitado. Sinta sua respiração. Procure observar como o ar entra e sai de seu corpo. Quais músculos são ativados. Neste exercício, é importante que você inspire pelo nariz e expire pela boca. O exercício ajudará na consciência respiratória. Sinta o ar. Inspire como se estivesse sentindo um aroma, um cheiro agradável. 2. Ande em uma velocidade tranquila pelo espaço, inspire em um passo e expire emitindo o som de “ssss” em dois passos. Conforme fizer os exercícios, vá aumentando os passos sempre expirando no dobro de passos, do que inspirou. Exemplo: Inspirar em 2 passos, expirar em 4 passos; inspirar em 3 passos e expirar em 6 passos. Cada vez que realizar o exercício tente aumentar o número de passos. 3. Expire todo o ar. Inspire (neste momento repare se você está abrindo as costelas e expandindo o abdômen; imagine que seus pulmões são dois balões e será necessário enchê-los), e expire emitindo o som de “sssssssss”, controlando o fluxo de saída do ar. Comece emitindo o som em torno de 10 segundos, depois vá ampliando, gradualmente, o tempo de emissão do som. 4. Realize o mesmo exercício explicado anteriormente (exercício 3), mas agora emita o som de “fffffff” ao soltar o ar. 5. Realize o exercício 3, emitindo o som de “chchchchch” ao soltar o ar. Procure soltar o ar e controlar a musculatura, deixando as costelas abertas; soltando o ar aos poucos. 6. Expire todo o ar. Inspire (repare nos seus movimentos), e expire emitindo o som de “s”, com sons curtos (em staccato, isto é, pequenos golpes realizados pela musculatura do diafragma). 7. Expire todo o ar. Inspire, e expire emitindo o som de “s”, com sons curtos e depois emita o som de “ssss” com um som contínuo. 8. Expire todo o ar. Inspire e expire emitindo o som de vibração de língua e lábio. INTERESSA NTE UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 10 9. Para ampliar sua capacidade respiratória, inspire em 4 segundos, segure o ar por 4 segundos e solte em 4 segundo. Aos poucos vá ampliando o tempo. Obs.: durante a realização dos exercícios de respiração, procure ingerir água, para hidratar o corpo e as mucosas do trato vocal. Para o educador musical e para o cantor… O grande problema da angústia respiratória dos cantores não está na falta de ar, mas em sua utilização errada (COELHO, 1994, p. 34). NOTA 3 APARELHO FONADOR O aparelho fonador é composto pela laringe, onde se encontram as pregas vocais, pelos pulmões, traqueia, órgãos articuladores e ressonadores. O aparelho fonador é o lugar “onde o ar se transforma em som” (MARSOLA; BAÊ, 2000). A voz é produzida por um som básico, gerado na laringe. A laringe está localizada na região anterior do pescoço e é formada por músculos e cartilagens. A laringe é responsável pela entrada e saída de ar do pulmão, pela proteção da via aérea enquanto engolimos (deglutimos) os alimentos, e pela produção do som. É um órgão que conecta a faringe com a traqueia, e está situada na linha mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervical (WEISS, 1988). A traqueia, por sua vez, é um tubo que dá continuação à laringe, passa pelo tórax e bifurca-se nos dois brônquios principais. A laringe pode se movimentar, elevando-se, abaixando-se, deslocando- se para frente e para trás. É um órgão muito versátil e pode realizar diversos “ajustes” que auxiliam na produção de diversos tons e intensidades vocais (PACHECO; BAÊ, 2006). A laringe possui cinco cartilagens principais que são: epiglote, tireoide, crinoide e o par de carotenoides. As cartilagens dão estrutura à laringe e apoio aos músculos intrínsecos e extrínsecos. A ação dos músculos extrínsecos e intrínsecos determinam os movimentos de abaixamento e elevação da laringe, assim como de abertura e fechamento das pregas vocais (PACHECO; BAÊ, 2006). TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 11 FIGURA 4 – ESTRUTURA DA LARINGE FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/57/21/5721f5a273865-laringe.jpg>.Acesso em: 7 set. 2019. O ar é transformado em som ao passar pelas pregas vocais. Esse som, ainda não é o som da voz que ouvimos, ele é chamado de buzz laríngeo e o seu som se parece com o de um vibrador elétrico (BEHLAU; PONTES, 2001). Para o som se transformar naquilo que ouvimos, ele ainda precisa passar pelos outros órgãos responsáveis pela emissão da voz. Nós temos um par de pregas vocais, que estão localizados na laringe em forma de “V” e se encontram na posição horizontal. As pregas vocais abrem e fecham enquanto nós respiramos e durante a fonação. Os homens possuem pregas vocais maiores que as mulheres. A prega vocal maior e mais espessa, produz uma voz mais grave. A prega vocal menor e menos espessa, produz uma voz mais aguda. Por isso, a voz de cada pessoa é única, pois dependem das características anatômicas de cada um. Por exemplo, uma criança possui a voz mais aguda, em relação ao adulto, uma vez que suas pregas vocais são mais curtas. Quando a voz é emitida, as pregas vocais se aproximam, esse trabalho é feito pelos músculos intrínsecos, que são comandados pelo cérebro (PACHECO; BAÊ, 2006). UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 12 FIGURA 5 – PREGAS VOCAIS Observe a Figura 5. No momento da inspiração as pregas vocais estão abertas. E no momento da fonação estão mais próximas. Se no momento da expiração não formos produzir nenhum som, as pregas vocais estarão afastadas, permitindo somente a saída do ar. FONTE: <https://static.mundoeducacao.bol.uol.com.br/mundoeducacao/conteudo/traqueia3. jpg>. Acesso em: 7 set. 2019. Você já se perguntou se uma pessoa muda possui pregas vocais? Essa é uma dúvida muito comum. Segundo Pacheco e Baê (2006): a laringe tem função biológica e não biológica. Sua função biológica é possibilitar a entrada e a saída de ar do pulmão e também proteger a via aérea durante a deglutição, expulsando elementos estranhos através da tosse. Sua função não biológica é a fonação. Assim, o som é produzido, enquanto as funções biológicas não acontecem (PACHECO; BAÊ, 2006, p. 33). As pregas vocais que estão localizadas na laringe, então, apresentam funções biológicas e não biológicas, sendo parte do corpo humano. INTERESSA NTE Os músculos intrínsecos, responsáveis pela movimentação das pregas vocais, são divididos em: • adutores: unem as pregas vocais durante a fonação e deglutição; • abdutores: separam as pregas vocais durante a inspiração; • tensores: alongam as pregas vocais (PACHECO; BAÊ, 2006). Nos músculos adutores, que são responsáveis por unir as pregas vocais, encontramos o músculo Tireoaritenóideo (TA). O TA se divide em duas partes: a TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 13 externa e a interna. A parte interna desse músculo é chamada de corpo das pregas vocais, esse músculo é o responsável pelo fechamento das pregas vocais durante a fonação (PACHECO; BAÊ, 2006). FIGURA 6 – MÚSCULO TA FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/--96tnnRNPkU/VlYz9vDbpVI/AAAAAAAAL7U/MpfN9jNxwd4/ s400/laringe-intrinsecos-adutores.jpg>. Acesso em: 9 set. 2019. O músculo Cricoaritenóideo Lateral (CAL) auxilia no fechamento da parte medial e posterior das pregas vocais, com o músculo Interaritenóideo (IA) (PACHECO; BAÊ, 2006). FIGURA 7 – MÚSCULO CAL FONTE: <https://static.wixstatic.com/ media/6d7400_43200834411240c28827260753c5fbbd~mv2.jpeg/v1/fill/w_333,h_297,al_c,lg_1, q_90/6d7400_43200834411240c28827260753c5fbbd~mv2.webp>. Acesso em: 28 fev. 2019. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 14 O IA, quando contraído aproxima a parte posterior das pregas vocais. Para as pregas vocais se fecharem por completo, o TA, o IA e o CAL precisam entrar em funcionamento (PACHECO; BAÊ, 2006). FIGURA 8 – MÚSCULO IA FONTE: <https://massoterapiataichi.files.wordpress.com/2014/09/muscoli_della_laringe.jpg>. Acesso em: 16 set. 2019. O músculo Cricotireóideo (CT), é um músculo tensor, que ao se contrair aproxima as cartilagens tireoide e crinoide, esse movimento tensiona e alonga as pregas vocais, permitindo a emissão de tons mais agudos (PACHECO, BAÊ, 2006). FIGURA 9 – MÚSCULO CT FONTE: Adaptado de <https://image.slidesharecdn.com/aula-02-171218010449/95/ aula-02laringe-21-638.jpg?cb=1513559452>. Acesso em: 28 fev. 2019. TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 15 Para ver as pregas vocais, é necessário fazer um exame chamado estroboscopia. Você pode assistir o exame sendo realizado em cantores, para ver como as pregas vocais se movimentam. Esse vídeo está disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=odmeSd1UCrs. Outro vídeo que mostra o funcionamento das pregas vocais está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DwTjSTHl5QE. DICAS A produção do som ocorre pela modificação da corrente de ar que vem dos pulmões, passa pelas pregas vocais e pelos órgãos articuladores. Os órgãos responsáveis pela articulação são: mandíbula inferior, língua, palato mole (a parte final do céu da boca), lábios, alvéolos, dentes e palato duro (a parte inicial do céu da boca). Desse modo, quando os órgãos articuladores recebem o som da laringe (pregas vocais), levam-no para o aparelho ressonador (MARSOLA; BAÊ, 2000). Desses órgãos, os que realizam movimentos durante a articulação são: língua, mandíbula, lábios e palato mole. Já os órgãos articuladores passivos são: dentes, palato duro e alvéolos. As vogais e consoantes são produzidas pelo movimento desses órgãos (PACHECO; BAÊ, 2006). Você já percebeu como seus órgãos articuladores se movimentam conforme a emissão das vogais e consoantes? Você pode ir em frente ao espelho e emitir as vogais, e algumas consoantes como B, V, D, Z, L, N, M, S, para perceber como os órgãos trabalham na emissão de cada uma delas. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 16 FIGURA 10 – APARELHO FONADOR FONTE: <https://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/impvocal/propdosinal.htm>. Acesso em: 8 set. 2019. Estudaremos na próxima unidade, mais profundamente, questões referentes aos movimentos articulatórios no momento da produção e emissão sonora. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 17 4 APARELHO RESSONADOR O aparelho ressonador é o local onde se tira a qualidade do som, ele influencia na constituição do timbre, na sonoridade e na amplitude da voz. O timbre é uma das características do som. É o que distingue uma mesma frequência quando produzida por diferentes instrumentos ou vozes, ou seja, é a identidade dos sons. Sem o aparelho ressonador não seria possível ouvirmos a voz. O ar que faz as pregas vocais vibrarem, produz um som fundamental, que é amplificado e modulado pelo aparelho ressonador. O aparelho ressonador é formado pela: • Caixa de ressonância inferior: faringe, traqueia, brônquios e pulmões. • Caixa de ressonância superior: cavidades bucais e cavidades da face (MARSOLA; BAÊ, 2000). FIGURA 11 – RESSONÂNCIA SUPERIOR FONTE: Pacheco e Baê (2000, p. 18) Quando o som passa pelo nosso trato vocal (formado pela laringe, faringe, palato mole, palato duro, língua, mandíbula, dentes, lábios e cavidade nasal) ele é ampliado ou abafado. O trato vocal interfere na produção vocal, assim cada alteração influenciará na nossa voz. Isso também faz com que cada pessoa tenha uma voz única, pois cada um de nós possui caixas de ressonâncias diferentes (PACHECO; BAÊ, 2006). Quando estamos resfriados ou gripados, com sinusite ou rinite, nossa voz fica com um aspecto anasalado, isto ocorre porque nossa caixa de ressonância está com secreção, o que impede a livre circulação do ar entre os espaços ósseos. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 18 Um exercício para trabalhar a ressonância dos seios faciais é o bocca chiusa. Este exercício consiste na produção de um som: hummmm; a boca deve estar fechada e com uma posição de bocejo e a língua relaxada e apoiada nos dentes inferiores. DICAS Acústica da Voz A acústica é um ramo da física que estuda o som e suas propriedades. O som é definido, acusticamente, como uma onda que vibra e se propaga num meio elástico, por exemplo, o ar. O ar é feitode partículas ou moléculas, que se movem em resposta à energia que o movimenta. Se fizermos vibrar a corda de um violão o vai e vem que se repete recebe o nome de vibração. Essas vibrações põem as moléculas de ar em movimento, deslocando- as e fazendo-as voltar ao lugar anterior. Esse vai e vem é representado na forma de ondas sonoras, que se propagam em todas as direções. As ondas sonoras, ao atingirem nossos ouvidos, colocam em movimento a membrana do tímpano. Esta movimentação do tímpano é transmitida ao cérebro por impulsos nervosos, possibilitando que os diferentes sons sejam identificados por nós. Portanto, o som é a sensação produzida no ouvido pela vibração de corpos elásticos. FIGURA – FREQUÊNCIA DO SOM NOTA FONTE: <https://anasoares1.files.wordpress.com/2011/01/som_freq1.png?w=300&h=230>. Acesso em: 28 fev. 2020. TÓPICO 1 | FUNÇÃO VOCAL 19 As propriedades do som são: Altura – determinada pela frequência mais grave ou aguda. Duração – tempo de produção do som. Intensidade – determinada pela amplitude das vibrações, dando ao som a propriedade de ser mais forte ou mais fraco. Timbre – qualidade do som que permite reconhecer sua origem. Dependendo do som que ouvimos, podemos identificá-lo como sendo de um piano, de um violino ou de uma voz. Outros aspectos importantes que fazem parte do som que escutamos são: Frequência – corresponde ao número de vibrações por segundo do corpo elástico que está vibrando, sendo medida em hertz. Harmônicos – o som tem uma frequência principal denominada frequência fundamental. Essa frequência vem acompanhada de outras frequências ou sons secundários denominados harmônicos. FONTE: PACHECO, C.; BAÊ, T. Canto: equilíbrio entre corpo e som: princípios da fisiologia vocal. São Paulo: Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio, 2006. 20 Neste tópico, você aprendeu que: • A voz é um instrumento de trabalho para vários profissionais: professores, cantores, locutores, dentre outros. • A voz humana é o nosso primeiro instrumento musical, e é importante conhecermos como ela é produzida, para que possamos produzir um som com mais qualidade, além de não prejudicarmos a nossa saúde. • O aparelho respiratório é responsável pela respiração. O ar é o combustível da voz, sem ar não há som. • O aparelho respiratório é formado pelas vias aéreas e pulmões. • A respiração ideal, quando utilizamos a voz, é a costodiafragmático abdominal. • No aparelho fonador o ar é transformado em som, chamado de buzz laríngeo, mas esse som ainda não é o som que ouvimos. • Quanto maior e mais espessa as pregas vocais, mais grave será a voz produzida. Quanto menor e menos espessa as pregas vocais, mais aguda será a voz produzida. • O sistema ressonador e os órgãos articuladores são os responsáveis, respectivamente, por amplificar e moldar o som. • O sistema ressonador é formado pela caixa de ressonância superior e a caixa de ressonância inferior. • Os órgãos articuladores são: mandíbula inferior, língua, palato mole, lábios, alvéolos, dentes e palato duro. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 A emissão da voz é um sistema complexo, no qual vários órgãos trabalham em conjunto. Sobre a emissão da voz, classifique V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas: ( ) O ar é transformado em som ao passar pelas pregas vocais. ( ) As pregas vocais são imóveis, ou seja, elas não podem se movimentar. ( ) Quando o ar passa pelas pregas vocais, ele é transformado no som que ouvimos. ( ) A alteração no trato vocal não interfere na produção da voz. Assinale a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F. b) ( ) V – F – F – F. c) ( ) F – F – V – V. d) ( ) F – V – F – V. 2 Os órgãos que compõem o aparelho respiratório possuem funções biológicas, vitais e funções fonatórias, que auxiliam na produção sonora. Sobre este assunto, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) As cavidades nasais têm como função biológica filtrar, aquecer e umidificar o ar que entra em nosso corpo. Já sua função fonatória, consiste em auxiliar na vibração e amplitude do som. b) ( ) Os pulmões são responsáveis pelas trocas gasosas, sendo o órgão principal da respiração. Assim, na função fonatória são considerados o reservatório de ar para a produção sonora. c) ( ) A traqueia funciona como uma via de defesa do sistema respiratório, possibilitando somente a entrada de ar nos pulmões. Também é o órgão que dá suporte para a vibração das pregas vocais. d) ( ) A laringe tem como função biológica fazer com que as pregas vocais vibrem. Também é responsável pela produção de pressão no ar que é expirado. 3 Cada pessoa possui uma voz única, assim como a impressão digital é única, não existem duas pessoas com o mesmo timbre de voz. Disserte sobre o que faz cada pessoa ter uma voz única. AUTOATIVIDADE 22 23 TÓPICO 2 CARACTERÍSTICAS VOCAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A voz é considerada um instrumento de comunicação, e por meio dela é possível transmitir informações e emoções. Vários profissionais utilizam a voz como instrumento de trabalho, como: atores, dubladores, locutores, repórteres, telefonistas, vendedores, professores, entre outros. A voz é uma expressão sonora absolutamente individual, podendo ser comparada a uma impressão digital. Cada voz é única e possui peculiaridades, de modo que as características vocais de uma pessoa se devem, em parte, as suas características anatômicas, como tamanho do trato vocal, dimensão das pregas, formação da estrutura da face etc. No entanto, a identidade vocal não se limita apenas às configurações anatômicas, já que a história pessoal, os relacionamentos interpessoais, a idade, as condições ambientais, a saúde física, a situação e o contexto de comunicação são fatores determinantes na constituição da identidade vocal de cada um (COSTA; ZANINI, 2016, p. 120). Assim, cada pessoa possui uma voz única, apresentando características que a definem e possibilitam o seu reconhecimento. O professor de música, por sua vez, além de utilizar a voz como os demais professores, pode empregá-la como um instrumento musical de possibilidades diversas em contextos de educação musical, sendo um recurso acessível ao fazer musical porque quase todos a levam consigo. Apesar de serem produzidas por um único aparelho fonador, voz cantada e voz falada apresentam características diversas. A seguir, serão apresentadas as especificidades da voz falada e da voz cantada. 2 VOZ FALADA Já nascemos com a nossa voz, e ela se manifesta por meio do choro, riso e grito, ou seja, ela é um dos meios de interação mais poderosos que temos, assim como um meio de comunicação entre as pessoas (BEHLAU; PONTES, 2001). UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 24 Conforme as autoras: Comunicamo-nos de múltiplas formas: pelo olhar, pelos gestos, pela expressão corporal, pela expressão facial e pela fala. A voz, porém, é responsável por uma porcentagem muito grande das informações contidas em uma mensagem que estamos veiculando e revela muita coisa sobre nós mesmos. A voz fala mais do que as palavras [...] (BEHLAU; PONTES, 2001, p. 1). Na fala, a voz é espontânea e serve como instrumento de expressão e da comunicação. O foco principal do falante é o conteúdo de sua fala. Não se separa voz, da fala e da linguagem. Como mencionamos anteriormente, cada voz é única, mas nossa voz pode mudar de acordo com a situação que estamos passando, com a pessoa que estamos conversando, com o nosso estado físico e emocional. “Assim, nossa voz em casa é diferente da voz no trabalho; a voz com que nos dirigimos às crianças é diferente de quando conversamos com nosso cônjuge; e, quando estamos tristes ou felizes, nossa voz também demonstra esse sentimento” (BEHLAU; PONTES, 2001, p. 11). O fato de podermos mudar nossa voz demonstra o quanto todo o sistema que produz a voz é flexível, ao mesmo tempo em que temos um padrão básico vocal que nos identifica (BEHLAU; PONTES, 2001). Um exemplo de como nossa voz representanossa personalidade e quem somos, é o fato que muitas pessoas não gostam de ouvir a gravação de sua própria voz, porque geralmente acham sua voz diferente e chata. Algumas pessoas não conseguem reconhecer a sua própria voz em uma gravação, mas conseguem reconhecer a voz de outras pessoas. Isso acontece porque nós escutamos a nós mesmos, de um modo diferente de como as outras pessoas nos escutam. A nossa própria voz chega até os nossos ouvidos por dois caminhos: pela via externa e pela via interna. A via externa é quando a voz sai dos nossos lábios e as ondas sonoras se propagam pelo ar, atingem nossos ouvidos, passando por alguns órgãos até chegar ao nosso cérebro. E a via interna, é quando as ondas sonoras põem o nosso corpo em vibração, levando o som diretamente para nossos ouvidos. Como nós ouvimos dessas duas formas, nossa voz se torna mais grave para nós. Já as outras pessoas nos ouvem apenas pela via externa, percebendo assim a nossa voz mais aguda (BEHLAU; PONTES, 2001). Você já parou para pensar como as outras pessoas escutam a sua voz? Você já ouviu a sua voz em uma gravação? Para saber como é a sua voz, ouça uma gravação dela. Apesar da nossa voz ser determinada pelas nossas características anatômicas, a nossa história, os nossos relacionamentos interpessoais e a forma como nos comunicamos com as outras pessoas também formam a nossa identidade vocal. Nesse sentido, nossa voz carrega uma série de informações que correspondem a três dimensões: a biológica, a psicológica e a socioeducacional. • Dimensão biológica – revela nossos dados físicos básicos, como gênero, idade e condições de saúde. • Dimensão psicológica – está relacionada às características básicas da personalidade e do estado emocional durante a emissão da voz. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 25 • Dimensão socioeducacional – revela sobre os grupos que pertencemos, tanto sociais quanto profissionais (BEHLAU, PONTES, 2001). Quando falamos devemos ter alguns cuidados, para que possamos nos expressar melhor. Um desses cuidados é a velocidade em que falamos, se falamos muito rápido, as pessoas podem ter dificuldade em nos entender, mas também passamos a sensação de sermos uma pessoa ansiosa e que queremos falar rápido para terminar logo o assunto. Temos que cuidar com a velocidade que estamos falando, não podemos falar nem muito rápido, nem muito devagar. Cabe destacar que a respiração na voz falada se apresenta de forma natural e o ciclo completo depende do comprimento das frases e da emoção. A respiração será lenta e nasal nas pausas e mais rápida e bucal durante a fala, pouca expansão torácica e expiração passiva. O ciclo respiratório é o que mais se altera frente a emoção. Por isso, a voz carrega consigo várias expressões. Outro aspecto que devemos cuidar ao falar é a intensidade da nossa voz. A intensidade do som é o volume, ou seja, a força com qual o som é produzido (POUGY; VILELA, 2016). Quando falamos muito alto, pode parecer que estamos invadindo o espaço da outra pessoa, que não estou respeitando o meu interlocutor. Se falamos muito baixo, podemos parecer uma pessoa calma, mas podemos demonstrar também certa insegurança, o que pode fazer com que a pessoa que está nos ouvindo tenha dificuldade em entender o que estamos falando, assim como causar uma certa monotonia com a nossa fala. Devemos falar em um volume médio, e evitar o uso excessivo da voz em locais com muito barulho. No Quadro 3, você pode conferir como nossa voz pode interferir na interpretação de quem nos ouve. QUADRO 3 – EXEMPLOS DE PARÂMETROS VOCAIS E SUAS ASSOCIAÇÕES PSICODINÂMICAS Voz do falante Interpretação do ouvinte Voz rouca. Cansaço, estresse, esgotamento. Voz soprosa. Fraqueza, mas também sensualidade. Voz comprimida. Caráter rígido, emissões contidas, esforço e necessidade de controle da situação. Voz monótona. Indivíduo monótono, repetitivo, chato e desinteressante. Voz trêmula. Sensibilidade, fragilidade, indecisão ou medo. Voz infantilizada. Ingenuidade ou falta de maturidade emocional. Voz nasal (fanhosa). Limitação intelectual e física, falta de energia e inabilidade social. Voz grave. Indivíduo enérgico e autoritário. Voz aguda. Indivíduo submisso, dependente, infantil ou frágil. Conversa em tons agudos. Clima alegre. Conversa em tons graves. Clima triste e melancólico. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 26 Pouca variação de tons na fala. Rigidez de caráter e controle das emoções. Variação rica de tons na fala Alegria, satisfação e riqueza de sentimentos. Intensidade elevada (falar alto). Franqueza, energia ou falta de educação. Intensidade reduzida (falar baixo). Pouca experiência nas relações pessoais, timidez ou medo. Articulação definida dos sons da fala. Clareza de ideias, desejo de ser compreendido. Articulação imprecisa dos sons da fala. Dificuldade na organização mental ou desinteresse em comunicar-se. Articulação exagerada dos sons da fala. Sinal de narcisismo. Velocidade lenta da fala. Falta de organização de ideias, lentidão de pensamento e atos. Velocidade elevada da fala. Ansiedade, falta de tempo ou tensão. Respiração calma e harmônica. Organismo equilibrado e mente calma. Respiração profunda e ritmada. Pessoas ativas e enérgicas. Ciclos respiratórios irregulares. Agitação e excitação. FONTE: Behlau e Pontes (2001, p. 19-21) Ao falarmos temos que cuidar também com a nossa articulação. Devemos articular bem as palavras para que as pessoas possam nos entender melhor. Quando falamos, devemos abrir a nossa boca, para que aumente a amplificação do som. Devemos também articular bem cada palavra. Você deve cuidar também, para não exagerar nessa articulação. Os articuladores têm a função de ajudar na formação dos fonemas e dirigir o som para o aparelho ressonador. Como vimos anteriormente, são articuladores: mandíbula inferior, língua, palato mole, lábios, dentes, palato duro (céu da boca) e as pregas vocais. Os articuladores serão tratados mais especificamente na próxima unidade. A postura é outro ponto que influencia na emissão da voz, por isso é importante que você preste atenção na sua postura, você deve manter uma postura ereta e não tensionar o seu corpo. Preste também atenção na sua cabeça, para que ela não fique abaixada, nem muito elevada. Quando utilizamos a voz como instrumento do nosso trabalho, é importante realizarmos períodos de descanso, para não forçarmos a nossa voz. Assim, devemos realizar pequenas pausas. Por exemplo, se ao falar estivermos interagindo com outras pessoas, devemos dar espaços para que elas possam falar, assim conseguimos descansar a nossa voz. A voz falada comumente prima pela emissão da mensagem, com grande demanda da articulação para a transmissão do conteúdo vocal. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 27 3 VOZ CANTADA A voz é o instrumento musical que une o texto à música (DINVILLE, 1993). Dessa forma, ao cantarmos transmitimos emoções e sensações. Ao nos expressarmos durante o canto, refletimos também a nossa personalidade. Mais adiante, abordaremos a expressividade durante o canto. É importante termos a consciência de como nosso corpo trabalha para que a nossa voz seja produzida, que foi o tópico que abordamos anteriormente. Ao cantarmos, precisamos ter consciência de como cada parte do corpo trabalha, para podermos ampliar a nossa qualidade vocal. No ato de cantar, diferentemente do ato de falar, a respiração é treinada e varia de acordo com as frases musicais. Segundo Dinville (1993), na voz cantada, ao contrário da voz falada, a ênfase está muito mais na sua forma, em como emitir esta voz. O conteúdo do que se canta já é sabido, não é espontâneo, elaborado pelo cantor naquele momento. É estudado, é uma realização mental prévia do som que se quer obter. Há também diferenças de ritmo observadas na voz falada e na voz cantada. O ritmo caracteriza-se pelo movimento do som ordenado no tempo. No canto, o que determina o ritmo é a estrutura melódica, sendoque, às vezes, uma sílaba pode demorar mais que um compasso. Já na fala, o ritmo dependerá diretamente do sujeito falante ou, no caso do ator, das exigências interpretativas. No Quadro 4 você pode conferir as diferenças entre a voz falada e cantada no que diz respeito à fonação, ressonância e projeção de voz, qualidade vocal, articulação dos sons, pausas, velocidade e ritmo e postura: QUADRO 4 – DIFERENÇAS ENTRE VOZ FALADA E VOZ CANTADA Voz falada Voz cantada Fonação As pregas vocais fazem ciclos vibratórios com o quociente de abertura (O quociente de abertura é um parâmetro que mede a relação entre o tempo de abertura da glote pelo tempo total de um ciclo. Está relacionado à intensidade vocal, quanto maior a intensidade vocal, menor será o valor de quociente de abertura), levemente maior que o de fechamento (o quociente de fechamento é um parâmetro que mede a relação entre o tempo de fechamento da glote pelo tempo total de um ciclo). As pregas vocais fazem ciclos vibratórios com o quociente de fechamento maior que o de abertura, o que gera um som acusticamente mais rico e com maior tempo de duração. Produz-se uma série regular de harmônicos, vinte deles, em média, com intensidade decrescente em direção aos tons mais agudos. Produz-se uma série rica, de mais de trinta harmônicos com maior intensidade. A extensão de frequências em uso habitual é de 3 a 5 semitons, dependendo da língua que se fala e da entonação empregada. A extensão de frequências no canto é ampla, ao redor de duas oitavas e meia. UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 28 Ressonância e projeção de voz A ressonância é geralmente média, em condições naturais do trato vocal, sem maior uso de uma ou outra cavidade, pois geralmente não há necessidade de grande projeção vocal, a não ser para gritar. A ressonância é geralmente alta, dita “na máscara” (quando são utilizados os ressonadores faciais), o que indica que o foco ressonantal concentra-se na parte superior do trato vocal. Estes recursos são utilizados para se conseguir uma maior projeção vocal. Ressonância e projeção de voz Quando a projeção vocal é necessária, para chamar alguém que está distante ou para dar um grito, geralmente, utiliza- se uma inspiração profunda, aumenta- se a abertura da boca e utilizam-se sons mais agudos e mais extensos. Projeção vocal é uma necessidade constante no canto, que deve ser audível mesmo durante a emissão de sons pianíssimos; para tanto, a expiração é maior que a usada na fala, e a boca tende a ficar mais aberta. A intensidade habitual situa-se ao redor de 64 dB (decibéis) para conversação, mantendo-se relativamente constante durante o discurso; a faixa de variações fica ao redor de 10dB. A intensidade quase nunca é constante, com variações controladas e rápidas do pianíssimo ao fortíssimo, podendo variar de 45dB a 110dB. Qualidade vocal (timbre da voz) A qualidade vocal pode ser adaptada ou com pequenos desvios que identificam o falante, mas que não chegam a ser considerados sinais de disfonia, por exemplo, voz levemente rouca, soprosa ou nasal. A qualidade vocal depende da natureza do canto, do estilo musical e do repertório. A qualidade vocal é extremamente sensível, dependendo de quem seja o interlocutor, qual a natureza do discurso ou quais os aspectos emocionais da situação. Variações ocasionais, como presença de tremor ou palavras sussurradas, são aceitas como parte do conteúdo emocional do discurso. A qualidade vocal é estável em função do treino dos cantores e sofre menos influência de fatores externos à realidade musical. Qualidade vocal (timbre da voz) Os distúrbios na produção da voz falada são chamados de disfonias. Os distúrbios na produção da voz cantada denominam-se disodias, podendo ou não ser acompanhados de disfonia. Articulações dos sons A articulação deve ser precisa para que as palavras sejam inteligíveis, uma vez que o principal objetivo é a transmissão da mensagem. A mensagem a ser transmitida está além das palavras e, portanto, privilegiam-se os aspectos musicais, o que pode significar, em alguns casos, a não valorização da articulação de certos sons, que podem ser sub articulados. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 29 As vogais e as consoantes têm duração definida de acordo com a língua que se fala. Na frase musical, as vogais são geralmente mais longas que as consoantes e servem de apoio para a manutenção da ressonância, qualidade musical e afinação. Os movimentos articulatórios básicos são definidos pela língua utilizada, porém, o padrão de articulação sofre grande influência dos aspectos emocionais do falante e do discurso. Os movimentos articulatórios básicos recebem influência dos aspectos tonais da música e da frase musical. Pausas As pausas sofrem influência direta das características de personalidade do falante, podendo ocorrer por hesitação de valor enfático ou, ainda, refletir interrupções naturais do discurso. As pausas são pré-programadas e definidas pelo compositor e/ ou regente do coro, para que se cause apelo emocional durante a interpretação. Velocidade e ritmo A velocidade e o ritmo da emissão falada são pessoais e dependem de múltiplos fatores, tais como características da língua falada e regionalismo, personalidade, profissão, intenção emocional do discurso e fatores de controle neurológico do falante. A velocidade e o ritmo da emissão cantada dependem do tipo de música, da harmonia, melodia e do andamento que o regente confere ao tema. Alterações na velocidade e no ritmo da emissão geralmente ocorrem de forma inconsciente, mas podem ser reguladas de acordo com o objetivo emocional da emissão. Alterações na velocidade e no ritmo da emissão são controladas, ensaiadas e pré- programadas. Postura É variável, com mudanças constantes. A utilização da linguagem corporal é um complemento importante para transmitir a mensagem e tornar a comunicação mais atraente. É menos variável, devendo-se sempre manter o tronco ereto, para facilitar o apoio respiratório e a estabilidade na produção da voz. As mudanças habituais na postura corporal não interferem de modo significativo na produção da voz coloquial. As mudanças na postura corporal podem interferir na qualidade vocal e, consequentemente, no desempenho profissional. FONTE: Adaptado de Behlau e Rehder (2009) 3.1 RESPIRAÇÃO E APOIO A respiração ideal para o canto é a costodiafragmático abdominal, que já vimos no Tópico 1. Nesse tipo de respiração, na inspiração você deve abrir as costelas e expandir o abdômen, para que assim, possa encher com o ar toda a estrutura dos pulmões. Nesse momento da inspiração, é muito importante que você observe se está levantando os ombros, pois se estiver, você realizará uma respiração mais torácica. Durante a expiração, as costelas permanecem abertas, UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 30 e o abdômen é contraído. É muito importante que, ao expirar, você contraia o abdômen na região abaixo do umbigo (quatro dedos abaixo do umbigo), porque se você contrair a região mais alta do abdômen pode causar uma tensão nas costelas. É importante frisar que ao contrair o abdômen, você não pode apertá-lo, para não tencioná-lo. Tente inspirar e expirar, utilizando a respiração costodiafragmática abdominal, para verificar se você está respirando corretamente, treine em frente ao espelho, e coloque as mãos sobre as costelas e sobre o abdômen para verificar se você está movimentando-os corretamente. INTERESSA NTE Durante a fala e o canto é muito importante que você faça o apoio durante a respiração. O apoio é a capacidade de controlar a saída do ar, para não o gastar desnecessariamente. O apoio é muito importante, em especial, para o canto, pois permite uma boa projeção da voz, melhora a qualidade vocal e ajuda na sustentação das notas musicais. Vários órgãos trabalham para fazer a função de apoioenquanto cantamos. São eles: • A cinta abdominal: reto abdominal, oblíquo interno e externo e transverso do abdômen. • A musculatura superior: diafragma e intercostais, internos e externos. • A musculatura torácica inferior: quadrado lombar, oblíquos e ilíaco (PACHECO; BAÊ, 2006). Para a abertura das costelas, para que a base dos pulmões receba o ar, imagine que seus pulmões são dois balões. DICAS TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 31 FIGURA 12 – MÚSCULOS UTILIZADOS DURANTE O APOIO FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-vyRJBLtPlGQ/UI-y5o5O5aI/AAAAAAAAADM/aYhkuAk5HA8/ s640/popo.jpg>. Acesso em: 7 set. 2019. Ao cantar a sua inspiração deve ser normal, sem exageros. Já na expiração é importante saber controlar o sopro, economizando o ar, para utilizar somente o que a música necessita, assim como para inspirar nos momentos corretos da frase musical, para não interromper nenhuma frase. Por isso é importante praticarmos a respiração, para aprender a utilizar apenas o necessário (MARSOLA; BAÊ, 2000). O apoio durante a respiração, faz com que você solte o ar de maneira constante, e de acordo com a necessidade das frases e dos sons que serão emitidos. No apoio devemos realizar uma pressão suave e firme na musculatura pubiana (é a musculatura que fica quatro dedos abaixo do umbigo), essa contração gera uma pressão interna no abdômen que irá pressionar levemente o diafragma para cima. Algumas pessoas pressionam a musculatura pélvica e abdominal gradativamente para dentro, com a intenção de utilizar o apoio, mas além de pressionar essa musculatura para dentro, é importante conseguir mantê-la parada, ao executar alguns trechos musicais para se obter o apoio necessário (PACHECO; BAÊ, 2006). A respiração de apoio é um dinâmico e imutável relacionamento entre as forças que trazem o ar para dentro do seu corpo e aquelas que o fazem sair. É a relação dinâmica entre os músculos da inalação/inspiração e da exalação. Outro ponto importante para uma boa respiração é a postura. Uma boa postura na hora de cantar, auxilia na respiração. Uma boa postura para cantar, é manter o corpo relaxado, mas firme, é importante não tensionar o corpo, manter as costas retas e a cabeça alinhada. Se estiver sentado, o ideal é sentar mais na ponta UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 32 da cadeira, e manter o corpo relaxado, as costas retas e a cabeça alinhada. Os pés devem ficar apoiados no chão. Durante a respiração, a capacidade pulmonar pode variar de acordo com cada pessoa. A posição na qual nos encontramos também influencia na respiração, quando estamos em pé a capacidade pulmonar é mais profunda, e quando estamos sentados ela perde um pouco de sua capacidade (DINVILLE, 1993). Como sentir a respiração de apoio? Coloque-se em uma boa postura, inspire e expire lentamente. Inspire novamente e solte fazendo um leve chiado; aumente gradativamente o som do chiado. Procure observar o que você sente na região abdominal quando produz o pequeno chiado, e quando o som vai aumentando. Essa é a sensação da respiração de apoio. INTERESSA NTE A respiração no ato de cantar apresenta quatro estágios: (1) inspiração (inalação); (2) instalação (sustentação); (3) expiração controlada (realização do som vocal enquanto exala) e (4) descanso ou recuperação. QUADRO 5 – ESTÁGIOS DA RESPIRAÇÃO DURANTE O CANTO Estágios da respiração Descrição do estágio (1) Inalação / inspiração Deve ser mais rápida que a inspiração natural. Mais ar é tomado e a respiração para os pulmões é mais profunda. Ao inalar, você deve sentir o ar mover-se dentro do seu corpo, descendo para os pulmões e se espalhando pela parte central do seu tronco. A inalação deve ser fácil, sem barulho e não de forma forçada. Uma boa inalação tem o mínimo de ruído. (2) Instalação / Sustentação Não é realizada na respiração natural, pois não se faz necessária, mas no canto é muito importante que a respiração seja sustentada. O propósito desse momento de sustentação é ajustar ou graduar o ar exalado que vai ser usado no som vocal. Quando é realizada corretamente, a sustentação possibilitará começar o som sem esforço significativo. A sustentação deve ser elaborada e praticada pelo cantor, através dos exercícios de respiração, até que se torne espontânea. (3) Expiração controlada No canto é o momento no qual o som vocal é produzido. A respiração precisa ser conservada (mantida), e depois solta de uma forma bem lenta, de acordo com a música executada. Assim como a sustentação, a expiração controlada deve ser exercitada pelo cantor. TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 33 (4) Descanso/Recuperação É o breve momento ao final de cada respiração quando todos os músculos se associam a um relaxamento. O período de recuperação na respiração natural é bem mais longo que no momento do canto, pois a música pede um retorno imediato à ação. FONTE: Adaptado de McKinney (1983) Os quatro estágios da respiração para o canto, de acordo com McKinney (1983), devem ser praticados de forma pensada e lenta, até que todo o processo esteja bem seguro e espontâneo. Quando cantamos, diferente do que abordamos na voz falada, há uma diferença na duração dos sons das notas que emitimos, e cantamos notas mais agudas. Alcançamos notas mais agudas por meio de exercícios específicos e trabalhando o apoio durante a respiração. Repare que todos os órgãos que abordamos anteriormente, trabalham em conjunto para uma boa qualidade vocal. O Quadro 6 sintetiza algumas diferenças no ato da respiração na voz falada e na voz cantada. Observe: QUADRO 6 – DIFERENÇAS ENTRE VOZ FALADA E VOZ CANTADA NO QUE SE REFERE A RESPIRAÇÃO Voz falada Voz cantada ● A respiração é natural. ● A respiração completa (entrada e saída de ar) varia de acordo com a emoção e com comprimento da fala. ● A saída do ar é um processo passivo. ● O objetivo da voz falada é a transmissão da mensagem, portanto a articulação deve ser precisa, mantendo a identidade dos sons. ● A respiração é treinada. ● A respiração completa (entrada e saída de ar) será pré-programada de acordo com as frases musicais. ● O controle da saída do ar (expiração) será ativo, mantendo a caixa torácica ativa. ● A mensagem a ser transmitida no canto está além das palavras, privilegiando também os aspectos musicais: ritmo, altura. FONTE: Adaptado de Fagundes (2004) 3.2 CLASSIFICAÇÃO VOCAL A voz humana possui uma classificação. A classificação se refere à voz cantada, considerando as bases anatômicas, morfológicas e acústicas de cada pessoa. O sistema classificatório mais adotado é o SATB (Soprano, Alto/Contralto, Tenor e Baixo), sendo: soprano (mulher) e tenor (homem), vozes agudas e contralto (mulher) e baixo (homem), vozes graves. Ainda é possível considerar vozes intermediárias, ou médias: mezzo-soprano (mulher) e barítono (homem). Confira a classificação das vozes no Quadro 7: UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 34 QUADRO 7 – CLASSIFICAÇÃO VOCAL Vozes Características Vozes femininas Soprano Aguda Mezzo-soprano Intermediária Contralto Grave Vozes masculinas Tenor Aguda Barítono Intermediária Baixo Grave FONTE: As autoras O ideal é que um professor de canto, com amplo conhecimento para observar todas as características de um cantor, possa realizar essa classificação. A voz é classificada por alguns fatores como: extensão vocal, tessitura, timbre, a estrutura corporal e as características anatômicas. A extensão vocal é o limite de sons emitidos por uma pessoa, do mais grave ao mais agudo, mesmo os além dos limites naturais da tessitura. A tessitura é o conjunto de notas que você canta com facilidade, ou seja, as notas que consegue cantar de forma tranquila e cômoda, da mais grave até a mais aguda. Em geral, a tessitura abrange 10 notas. O timbre, por sua vez, é a personalidade de cada voz. A voz possui características individuais e, portanto, deve ser classificada de acordo com os padrões que a determinam. Entre as variáveis, encontram-se o fatorbiológico inerente ao sexo, masculino e feminino, e o fator da idade como cruciais no momento da classificação vocal. A literatura aponta outros critérios que devem ser considerados, como as características anatômicas da laringe, a estrutura corporal, os aspectos funcionais (ZIMMER; CIELO; FERREIRA, 2012, p. 1). A seguir, você pode observar a extensão vocal de cada voz, conforme Dinville (1993), lembrando que a extensão vocal é o limite de sons emitidos por uma pessoa, mesmo que essas notas ultrapassem a sua tessitura vocal. FIGURA 13 – CLASSIFICAÇÃO VOCAL Soprano TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 35 Mezzo-soprano Contralto Tenor Barítono Baixo FONTE: Adaptado de Dinville (1993) Para compreender auditivamente as características de cada extensão vocal, ouça atentamente os vídeos, disponíveis nos links a seguir. Voz soprano: https://www.youtube.com/watch?v=9T16YttOcRU. Voz contralto: https://www.youtube.com/watch?v=YPO1iaetL2I. Voz tenor: https://www.youtube.com/watch?v=qVfG8q9HsF8. Voz baixo: https://www.youtube.com/watch?v=hHQlMtN6R1A. DICAS UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 36 Uma extensão vocal pouco encontrada são os contratenores. Os contratenores são homens adultos com voz falada de tenor ou barítono/baixo, que geralmente usam uma técnica vocal de falsete para cantar partes de contralto (alto) ou soprano (CRUZ; GAMA; HANAYAMA, 2004). Para uma melhor contextualização, assista ao vídeo “Vivaldi: il Giustino, "Vedro con mio diletto" par Jakub Józef Orliński”, disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=yF4YXv6ZIuE. INTERESSA NTE 3.3 AFINAÇÃO Como tratado, o professor de música utiliza em suas aulas a voz falada, como os demais professores, e a voz cantada como um recurso pedagógico no processo de educação musical. Assim, o professor/educador musical deve preocupar-se com sua afinação. Você sabe o que é afinação? Diz-se que uma pessoa é afinada quando atinge as alturas sonoras propostas de maneira correta. Segundo Marsola e Baê (2000, p. 47) afinar “é atingir a mesma frequência que foi tocada ou ouvida na melodia original a ser cantada”. O som é uma vibração que possui uma determinada frequência (quantidade de vibrações por segundo). Cada nota musical possui uma frequência. Assim, nós cantamos afinados, quando cantamos com a mesma frequência em que a nota foi tocada na melodia original que devemos cantar (MARSOLA; BAÊ, 2000). Segundo Dinville (1993), a afinação é regulada por movimentos extremamente delicados, pelo domínio de um conjunto de sensações às quais é preciso ficar muito atento. Tafuri (2000) considera que a afinação é uma questão cultural que adquire sentido e importância diferente aos contextos culturais e, por isso, não podemos absolutilizá-la. Contudo, para nossa cultura é um elemento determinante, sobretudo, pelos aspectos sociais como cantar em uma festa de aniversário – cantar em grupo, e imprescindível na atividade musical em sala de aula. Para termos uma boa afinação, é muito importante termos uma boa audição. Alguns fatores interferem na afinação: Marsola e Baê (2000) apontam que a falta de percepção auditiva é um deles e que todos devem aprender a ouvir. Quem canta, ao ouvir um som, deve conseguir compará-lo e diferenciá-lo dos demais, por exemplo: sons graves, médios e agudos; sons fortes ou fracos, sons mais longos ou mais curtos, até distinguir intervalos das notas musicais. Por isso, a audição está atrelada à afinação: porque quando o nosso ouvido capta o som, outros estímulos transmitem a informação para os centros cerebrais, que guarda o som na nossa memória. Quando emitimos o som, novos estímulos partem do nosso cérebro para os centros nervosos dos músculos respiratórios, laríngeos, TÓPICO 2 | CARACTERÍSTICAS VOCAIS 37 bucais, entre outros necessários para emitir o som. Assim, ouvimos, guardamos o som na memória, para depois emiti-lo. A falta da percepção sonora, pode afetar a afinação (MARSOLA; BAÊ, 2000). A falta de atenção, a respiração incorreta, a falta de apoio na respiração, o nervosismo, podem interferir na afinação. Algumas pessoas são conhecidas como tone deaf, essas pessoas podem cantar a música em outro tom sem perceber. O tone deaf, não é a pessoa desafinada, pois a pessoa desafinada percebe quando erra a nota, já o tone deaf não consegue reconhecer a frequência, assim não consegue perceber seu erro, mesmo que uma outra pessoa fale que ele está errado. Existe também a pessoa que tem o ouvido absoluto, que é a pessoa capaz de reconhecer a frequência das notas tocadas imediatamente, tanto as notas isoladas quanto na harmonia (MARSOLA; BAÊ, 2000). Para melhorarmos a nossa afinação, é fundamental realizarmos exercícios de técnica vocal e de percepção auditiva constantemente, e não apenas na hora que iremos cantar, mais adiante abordaremos alguns desses exercícios. Os exercícios de respiração são muito importantes para mantermos uma boa afinação. O nervosismo também pode influenciar na nossa afinação, quando estamos inseguros e nervosos podemos desafinar. A tonalidade que escolhemos para cantar a música também influencia na afinação, podemos estar desafinando porque estamos cantando em uma tonalidade que não é adequada para a nossa voz. Por isso, é importante conhecer sua tessitura vocal, isto é, conhecer o conjunto de sons que você consegue emitir com mais facilidade. Se esse for o caso, devemos transportar a tonalidade da música, para uma tonalidade mais adequada à nossa extensão vocal. Uma dica para você conseguir melhorar a sua afinação, é que você grave enquanto estiver cantando, e depois ouça para identificar se em algum ponto da música você está desafinando. Você pode treinar essa parte específica, e depois gravar novamente para ouvir se a sua afinação melhorou. DICAS O link a seguir apresenta o áudio de uma canção indígena do povo Paiter Surui que vive no estado de Rondônia. Procure observar a forma de cantar e a afinação, que difere da afinação ocidental, observadas em nosso repertório. Disponível no link http:// www.cantosdafloresta.com.br/audios/meko-perewabe/. DICAS UNIDADE 1 | A VOZ – QUESTÕES FISIOLÓGICAS 38 Na próxima unidade trataremos sobre os vocalizes, exercícios que dentre outras funções como o aquecimento e a preparação vocal, trabalham a afinação dos cantores. 3.4 VIBRATO Conforme Pacheco e Baê (2006, p. 69), “o vibrato é descrito como pequenas variações de frequência e intensidade que ocorrem de forma rápida e irregular durante o canto”. O vibrato é um ornamento utilizado tanto no canto popular, quanto no canto erudito. As autoras classificam o vibrato em dois tipos, o vibrato de amplitude e o vibrato de frequência. O vibrato de amplitude é controlado pela movimentação da musculatura abdominal. Nele os músculos abdominais são contraídos, produzindo pulsações rítmicas na pressão aérea, que atuam sobre a musculatura intrínseca da laringe (PACHECO; BAÊ, 2006). Nesse tipo de vibrato é mantida a mesma nota musical, mas há uma mudança na intensidade da nota. O vibrato de frequência, é realizado por contrações do músculo cricotireóideo (CT), situado na laringe. Deve-se ter cuidado para não tensionar a musculatura, uma vez que isso pode interromper a emissão do vibrato (PACHECO; BAÊ, 2006). Esse tipo de vibrato geralmente oscila a frequência da nota em um semitom descendente. Você deve utilizar o vibrato no canto, de acordo com seu gosto musical, mas você deve ter o cuidado de observar se não está exagerando no uso de vibratos, e se o vibrato condiz com o estilo da música. O vibrato, também deve ser estudado e treinado, para ser emitido com mais naturalidade e controle. Uma das formas de treinar o vibrato de sequência, é cantar uma nota musical emitindo a vogal “a” e alternar essa nota em um semitom descendente. Utilize um instrumento musical para auxiliar você, enquanto canta. Por exemplo, cante a nota Dó, emitindo a vogal “a” e alterne cantando a nota Si, retornando para a nota Dó sucessivamente.
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