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FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LP-Long Play: surgimento, auge comercial, 
depreciação e seu processo de revalorização 
enquanto mídia analógica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assis 
2010 
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FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LP-Long Play: surgimento, auge comercial, 
depreciação e seu processo de revalorização 
enquanto mídia analógica 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como 
requisito do Curso de Graduação em Comunicação 
Social com Habilitação em Jornalismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde 
Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas 
 
 
 
 
Assis 
2010 
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LP-Long Play: surgimento, auge comercial, 
depreciação e seu processo de revalorização 
enquanto mídia analógica 
 
 
 
 
FÁBIO FERNANDO SIQUEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis como 
requisito do Curso de Graduação em Comunicação 
Social com Habilitação em Jornalismo pela seguinte 
comissão examinadora. 
 
 
 
 
 
Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde 
 
Analisador 1: Msc. Maria Lídia de Maio Bignotto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assis 
2010 
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FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SANTOS, Fábio 
 
LP-Long Play: surgimento, auge comercial, depreciação e seu processo de revalorização 
enquanto mídia analógica / Fábio Fernando Siqueira dos Santos. Fundação Educacional do 
Município de Assis – Instituição Municipal de Ensino Superior de Assis – Assis, 2010. 
 Páginas: 48p. 
 
 Orientador: MSc. David Lucio de Arruda Valverde 
 Trabalho de Conclusão de Curso – Instituição Municipal de Ensino Superior de Assis 
 
 1 compact disk; 2 disco de vinil; 3 LP; 4 mídia; música. 
 
 CDD: 070 
 Biblioteca da FEMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus: Meu caminho não foi fácil, mas tu Senhor me encheste 
de vida, luz, força e esperança para alcançar essa vitória. E 
consegui! Louvarei e glorificarei teu nome para sempre. 
 
Minha esposa, Valquiria Fernanda, que mesmo privada da 
minha presença por várias noites, soube compreender e me 
apoiou durante a elaboração deste trabalho. Agradeço todos os 
dias por ter você em minha vida. 
 
Aos meus queridos e amados filhos Fábio Vinicius, Isadora 
Rosa Santos e Paulo Henrique, foi pensando em plantar e 
cultivar um futuro melhor para eles que enfrentei com prazer e 
alegria todas as dificuldades encontradas. Que essa vitória 
sirva de exemplo para suas vidas de que vale a pena lutar por 
um ideal. 
 
Aos meus pais Manoel Fernando, Maria Anunciada e irmãos, 
Adriano e Caroline pela dedicação infinita e por representarem 
minha razão de viver e lutar por meus sonhos. 
 
 
 
Amo vocês! 
Fábio 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Às minhas colegas de trabalho, Nayara e Bruna, que muito me 
apoiaram em vários momentos desta jornada; 
 
 
Aos amigos, Anderson (feijão) e Sidnei (neizinho) sempre 
presentes nos melhores momentos de minha vida, 
 
 
Aos professores da graduação, que estiveram conosco, 
durante toda essa caminhada, contribuindo intensamente para 
nosso aprendizado. 
 
 
Em especial, ao orientador, Prof. MSc. David Lucio de Arruda 
Valverde pela contribuição nos ensinamentos sem os quais a 
conclusão deste seria impossível. 
 
 
 
Grato, 
Fábio 
 
 
 7
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Sucesso não é o final, 
falhar não é fatal: 
 é a coragem para continuar que conta”. 
 Winston Churchil 
 8
RESUMO 
 
 
 
 
 
A música tem o poder de influenciar toda uma sociedade.Sua função social vai além 
da construção interpessoal e de mobilização cultural O disco de vinil existe há muito 
tempo e, com a evolução dos tempos surgiu o compact disk, que fez com que esta 
midia desaparecesse das lojas. Contudo, gradativamente vem ressurgindo no 
mercado. Entretanto nunca foi esquecido pelos colecionadores. Este trabalho tem 
como objetivo esclarecer as circunstâncias nas quais se insere novamente de um 
material áudio-fônico superado pelas descobertas de mídias que são atualmente 
representativas da modernidade. Pretende-se também demonstrar a opinião dos 
profissionais que utilizam a tecnologia atual como forma de acompanhar os avanços 
nesse segmento. A principal questão que se apresenta para discussão corresponde 
ao por quê uma mídia considerada ultrapassada pelas novas tecnologias em áudio, 
voltou a ser explorada comercialmente nos dias atuais. Utilizou-se como 
metodologia uma pesquisa e campo de natureza exploratória. 
 
 
Palavras-chave: compact disk; disco de vinil; LP; mídia; música. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
ABSTRACT 
 
 
Music has the power to influence the morale of a people, its social construction goes 
beyond the interpersonal and cultural mobilization of the vinyl record has long existed 
and brought much joy to admirers of music, with the changing times came the 
compact disk, which made this instrument gradually disappeared from the shops and 
the market is resurgent, but it was never forgotten by collectors. This study aims to: 
clarify through literature review the circumstances in which it takes place again for 
many, may seem incomprehensible a ransom, an audio-phonic overcome by the 
findings of media that are now the essence of modernity, through in-depth research, 
with extensive discussion and the views of those who favor the old form of the tunes 
on LPs vocalize; Demonstrate the views of professionals using current technology as 
a means of monitoring progress in this segment. We used this methodology is a 
research field and exploratory in nature. The main issue appears to correspond to the 
discussion why a media considered outdated by new technologies in audio, came to 
be exploited commercially today. As a result, it was found that despite faithful 
collectors store, format, inserts, color, sound different and ancient aura are calling the 
attention of younger people. 
 
 
Keywords: compact disk; hard vinyl; LP; media, music. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................11 
2 A MÚSICA NO TEMPO E NA HISTÓRIA ..........................................14 
2.1 A IDENTIDADE SOCIAL E INDIVIDUAL PELA MÚSICA ......................... 19 
3. O DISCO DE VINIL ...........................................................................23 
3.1. HISTORICIDADE ..............................................................................23 
3.2. ANALÓGICO VERSUS DIGITAL ........................................................28 
3.3. O PAPEL DA INDÚSTRIA FONOGRAFICA NA ATUALIDADE............... 33 
4 METODOLOGIA...................................................................................37 
5. RESULTADOS..................................................................................38 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................41 
7 FONTES...............................................................................................43 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................45 
9 ANEXOS...............................................................................................46 
9 ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTA............................................47 
9 ANEXO B – ENTREVISTA COM OS LOCUTORES............................4911
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O disco de vinil existe há muito tempo e trouxe muita alegria aos admiradores 
da música, com a evolução dos tempos surgiu o compact disk, que fez com que este 
instrumento desaparecesse das lojas com tal segmento. 
No ano de 1948 chegava ao Brasil o disco de vinil LP-Long Play, esse que 
delineou por muitos anos como um material de qualidade, durabilidade e 
tecnicamente inconfundível aos ouvidos menos apurados de sensibilidade áudio- 
fônica. 
O presente trabalho se justifica pelo fato de não haver ampla bibliografia 
pertinente ao tema desenvolvida por especialistas na área da Comunicação Social, 
bem como pelo fato de não serem elucidadas as etapas da popularização que teve 
seu auge na década de 1950, sendo substituída pela nova mídia no inicio de 1990 
no Brasil, momento esse que surge o CD-Compact Disk, produto este digitalizado, 
compacto e de fácil transporte podendo ser até mesmo ser ouvido em um receptor 
portátil. 
Tem-se os seguintes objetivos nesta pesquisa: 
Esclarecer por meio de revisão de literatura as circunstâncias nas quais se 
insere novamente o que para muitos, pode parecer um resgate incompreensível, de 
um material áudio-fônico superado pelas descobertas de mídias que são atualmente 
a essência da modernidade, por meio de uma pesquisa aprofundada, com ampla 
discussão e com as opiniões de todos aqueles que são a favor da velha forma de 
sonorizar as melodias em LPs; 
Demonstrar a opinião dos profissionais que utilizam a tecnologia atual como 
forma de acompanhar os avanços nesse segmento. 
 12
A principal questão se apresenta para discussão corresponde ao por quê uma 
mídia considerada ultrapassada pelas novas tecnologias em áudio, voltou a ser 
explorada comercialmente nos dias atuais. 
Outra questão que preocupa este estudo é o fato de se ter apenas uma 
empresa, localizada na cidade de Belford Roxo, no Estado do Rio de Janeiro, que 
teve suas atividades encerradas no ano de 2007. Reabrirá ainda nesse ano de 2010 
no mês de setembro, com capacidade de prensar até 40 mil LPs mês. 
Acrescente-se a isso, o fato de se saber como a empresa pretende atender a 
demanda do mercado, já que o vinil é um produto analógico e rústico. 
Acredita-se que a empresa que possui a fábrica de LPs vini deckdisk em 
parceria com a Polysom, possa novamente revigorar no mercado, oferecendo para 
aqueles adeptos do produto, a antiga sensação de romantismo do conservadorismo 
No entanto, fica uma preocupação quanto à qualidade a ser oferecida e 
também ao monopólio comercial, já que no Brasil o custo de se manter uma fábrica 
de um produto como este possa encarecer demasiadamente o preço final do 
produto, tornando-o artigo de luxo para uma elite econômica, caracterizando aí uma 
especificidade de perfil consumerista, que também precisa ser avaliado. 
Este trabalho dividiu-se em dois momentos. O primeiro momento, 
caracterizou-se pela metodologia baseada em consulta arquivos de jornais e 
revistas, após a coleta, os artigos fichados e catalogados, analisados e interpretados 
com base nas teorias pertinentes. Utilizou-se também fontes eletrônicas disponíveis 
na Internet, como forma de complementar os materiais coletados, permitindo o 
confronto entre dados tradicionais e eletrônicos. 
No segundo momento, realizou-se entrevista com profissionais de rádios que 
conheceram e trabalharam com discos de vinis e hoje usam o compact disk. 
 13
Ao final, analisou-se os dados para descrever a opinião dos profissionais, 
visto que alguns dizem que o CD, por trazer uma sonoridade muito cristalina, acaba 
tirando o peso do som. O vinil preserva mais graves. Outros defendem o aspecto 
técnico do manuseio das bolachas. Existe uma certa pressão que o disco impõe em 
torno da mudança de lado, do retorno da música, ou da criação de efeitos com os 
dedos. Enfim, o ressurgimento do disco de vinil e do toca-discos terá ou não 
sucesso? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
2. A MÚSICA E O SER HUMANO NO TEMPO E NA HISTÓRIA 
 
 
Segundo Ferreira (2005) os Neandertais podem ter dado início a uma 
atividade que seria objeto de fascínio do Homem, que só surgiu 100 mil anos depois, 
até os dias de hoje. Não se sabe qual a funcionalidade das flautas de ossos usadas 
por esses hominídeos1, mas talvez esses sejam os registros mais antigos de que se 
tem conhecimento e que revelam a presença da música até a pré-história. 
A música esta presente em nossas vidas desde amais tenra idade, exemplo 
disso, bebês ao nascerem imediatamente ganham de presente uma caixinha de 
música e verifica-se que normalmente se acalmam com a presença da música. 
Para Beber (2009) a música esteve e está presente em todas as civilizações, 
exercendo forte influência sobre as diversas culturas. E bem provável, portanto, que 
ela tenha provocado mudanças importantes no rumo da história dessas sociedades. 
 
A música funciona como meio de o homem exprimir seus 
sentimentos e de se comunicar, a música é um indicador da época, 
revelando, para os que sabem como ler suas mensagens 
sintomáticas, um modo de reordenar acontecimentos sociais e 
mesmo políticos (SCHAFER, 2001, p. 23). 
 
De acordo com Schafer (2001) atribuíram à música diversas funções, seja de 
caráter mágico-religioso, ritualístico, catártico, comunicacional, mobilizatório, ou 
mesmo de entretenimento. Direcionando sentimentos e ações, a atividade musical 
de cada época teve um objetivo. O homem da pré-história batia mãos e pés de 
forma ritmada, pedindo proteção aos deuses. Diversas passagens bíblicas mostram 
 
1 Os hominídeos constituíram uma família da ordem dos primatas cuja única espécie atual é o homem 
(Homo sapiens sapiens). Os fósseis indicam a existência, no gênero Homo, das espécies extintas H. 
habilis e H. erectus, das subespécies de H. sapiens de Neandertal e de Cro-Magnon e, em épocas 
mais remotas, de antecessores de outros géneros, o Ramapithecus e o Australopithecus ( disponível 
no site http://heitornahistoria.blogspot.com/2009_03_01_archive.html) 
 
 15
que judeus e cristãos tinham a música como hábito. Mais tarde ela evoluiu, assim 
como os instrumentos musicais e as técnicas de produção e gravação. Há a música 
para subverter as massas, como nas ditaduras autoritárias e nos regimes totalitários, 
e também para a revolução, seja ela política como a Marselhesa, seja social como o 
rock. 
Ferreira (2005) relata que Freud referiu-se à arte em geral em vários de seus 
escritos. Entretanto, não dedicou-se a música para análise, o que resultou na falta 
de uma teoria específica sobre o tema por parte do psicanalista. Estudiosos chegam 
a afirmar até que Freud desprezava a música, pois, de acordo com este, algo 
interferia no seu gozo. 
Pode-se verificar que apesar da música um prazer geral para a maioria das 
pessoas, podem existir indivíduos que não consiga aprecia-la. 
De acordo com Sekeff (2002, p.35 apud FERREIRA, 2005), no entanto, a 
indiferença do psicanalista à referida arte parte de sua tentativa frustrada de não 
conseguir entender o que na música lhe causava emoção. 
Sekeff (2002, apud FERREIRA, 2005, p.35) acrescenta ainda a relação de 
desconforto de Freud com a música desde a infância, quando os estudos de piano 
de sua irmã lhe tiravam a concentração. A música o incomodava tanto ao ponto 
de pedir aos pais que se desfizessem do piano. Mesmo sem saber como e porque a 
música afetava os sentidos, Freud não poderia negar o fato de que ela é capaz de 
influenciar os humores do homem. 
Enfim, conforme afirma Ferreira (2005) várias teorias explicam ainda a 
importância da música para as diferentes sociedades do planeta, principalmente se 
levar em consideração o fato de aquela estar presente em quase todas estas 
 16
culturas. Talvez sua principal função fosse a de facilitar a convivência e a motivação 
para atividades em conjunto dospovos antigos. 
 
Uma das hipóteses mais aceitas hoje é a de que a música teve 
função primordial na formação e sobrevivência dos grupos e na 
amenização de conflitos. Se ela existe e persiste, é porque provoca 
respostas que agem como um forte fator de coesão social (GIRARDI, 
2004, p,76). 
 
No século V a.C., Pitágoras formulou a hipótese de a música ser responsável 
por manter a ordem do Universo, regendo a harmonia entre os astros e os homens. 
Para ele, a música refletiria os números do macrocosmo. Os chineses preocupam-se 
com o efeito moral do som. Este teria influência não só sobre a sociedade como 
também sobre o cosmos, que dependeria das vibrações musicais (FERREIRA, 
2005). 
Pode-se notar que muitos estudiosos viam e veem a música como parte 
fundamental para o nosso desenvolvimento. 
Para Corazza (2005) a teoria da evolução de Charles Darwin fala também da 
importância da música, pois segundo ele, a fêmea se sentiria atraída pelo macho 
que cantasse melhor. Esta associação entre música e comportamento sexual, ocorre 
tanto no processo de conquista humano, como nos rituais de acasalamento dos 
animais. 
Verifica-se que no homem, mais especificamente, os efeitos da música 
podem ser percebidos tanto psíquica como fisiologicamente. A vivência musical é 
capaz de suscitar experiências emocionais, intelectuais e comportamentais, 
estimulando o sistema sensorial, afetivo, mental, motor e o organismo em sua 
totalidade. 
 
 17
A música relaciona-se com a mente humana, pois responde às 
necessidades do indivíduo por meio de gratificação e auxilia na 
defesa contra forças diversas, como a ansiedade e o medo. Ela age 
na percepção, integrando e associando experiências e induzindo 
uma ação. Atua no equilíbrio afetivo e emocional, estimula a 
criatividade, a inteligência e a memória, aumentando a capacidade 
de atenção. Para Aristóteles, a música tem diversas funções, já 
que pode servir para a educação, para o repouso da alma e, 
principalmente, para proporcionar a catarse; trata-se de uma forma 
de purificação espiritual e expurgação moral dos espectadores, 
tocados pelas paixões que movem as personagens de uma tragédia 
(1998, CATARSE apud FERREIRA, 2005, p.1249). 
 
Sekeff (2002, p. 93) relata que as primeiras referências acerca da ação da 
música sobre o homem remontam aos papiros médicos egípcios datados de 1.500 
anos a.C., que foram descobertos pelo antropólogo inglês Flandres Petrie em 
Kahum, por volta de 1899. Esses papiros tratam do encantamento da música sobre 
as mulheres, estimulando sua fertilidade. 
A música apesar de ser conhecida desde os primórdios tempos, só foi 
oficializada como terapia no século XX por estudiosos como Wilhen van de Wall, 
Izabel Parkman, Clara Maria Liepmann, entre outros. A música vem sendo utilizada 
como elemento terapêutico há trinta mil anos (FERREIRA, 2005). 
A música é uma forma de se comunicar e expressar sensações, sentimentos 
e pensamentos, através da organização e relacionamento expressivo dado entre o 
som e o silêncio (BEBER, 2009). 
Santos (1997 apud CONSONI, 2009), menciona que não se pode imaginar 
um mundo sem som e, se houver a analise, pois quase todos os sons que se ouve 
durante dia-a-dia, são como instrumentos musicais tocando alguma melodia, e isso 
vai desde os pingos de uma torneira, os trovões, a chuva, as cigarras cantando lá 
fora, o arrastar de um chinelo ao andar, as ondas do mar explodindo na praia e 
tantos outros. Música é a arte de coordenar fenômenos acústicos para produzir 
efeitos estéticos. 
 18
Em seus aspectos mais simples e primitivos, a música é manifestação 
folclórica, comum a quase todas as culturas: nesse caso, essencialmente anônima e 
apoiada na transmissão oral, espelha particularidades étnicas determinadas. Com o 
fim do isolamento cultural que a geografia impôs à humanidade durante séculos e 
com a crescente urbanização, muitas tradições desse caráter estão ameaçadas de 
total desaparecimento (SANTOS, 1997 apud CONSONI, 2009). 
Além de todas as considerações apresentadas por estudiosos da música, no 
século XVIII, à música foi atribuido um efeito tríplice: excitante, calmante e 
harmonizante (SANTOS, 1997 apud CONSONI, 2009). 
Constata-se então que a música faz parte da educação desde há muito 
tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a 
formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. 
 
A música é a forma mais antiga de nos expressarmos. De fato, a 
música é o homem e o homem é a música, pois ela toca em 
sentimentos profundos fazendo com que respondamos com todo o 
nosso ser (SANTOS, 1997). 
 
Conclui-se então que a música tem um poder muito grande na vida do ser 
humano, ela vai muito mais além do lazer de escutar um disco ou ensinar como um 
processo pedagógico, podendo servir até mesmo para fins terapêuticos, como 
exemplo, o caso da Musicoterapia, ciência que utiliza a música e seus elementos 
sonoros como terapia para a obtenção de uma potencialidade do individuo, 
resultando numa melhor qualidade de vida. 
 
 
 
 
 19
2.1. A IDENTIDADE SOCIAL E INDIVIDUAL PELA MÚSICA 
 
 
A música tem o poder de influenciar a moral de um povo, sua função social 
vai além da construção interpessoal e da mobilização cultural. 
De acordo com Roederer (2002) a música, enquanto modo de comunicação, 
exerceu ao longo da história da humanidade o papel de construtora das relações 
interpessoais e de mobilizadora cultural de cada novo período histórico que surgia. 
Ela em sua forma de experiência estética, demonstra um meio de alcançar uma 
coerência comportamental em um grande grupo de pessoas. Segundo o autor, em 
um passado distante, essa função social da música teve seu valor de sobrevivência, 
já que o ambiente humano cada dia mais complexo demandava ações coletivas 
coerentes por parte da sociedade humana. 
Nota-se então que, a música desempenha papel fundamental na vida das 
pessoas, pois ela representa mais do que um fenômeno social com o objetivo de 
manter as funções tradicionais em diferentes sociedades, no que diz respeito à 
evolução da espécie, como também cria cenários para os relacionamentos 
humanos. 
Para Merriam (1964 apud POLI, 2008), a música inserida em um contexto 
sócio-político-cultural opera como um mecanismo de liberação de emoção em 
relação a um determinado grupo de pessoas de forma conjunta. A música, então, é 
definida como um meio de interação social produzida por especialistas, produtores 
destinada a outras pessoas - receptores. 
Com isso a música é considerada é um fenômeno humano capaz de existir 
apenas quando há interação social (MERIAM, 1964 apud POLI, 2008). 
 20
Constata-se que a música atua, atua tanto sobre o comportamento individual 
quanto social fazendo com que ocorra a interação social. 
A música, carrega um significado social, tanto por estar em relação com o 
contexto social, quanto por possibilitar aos sujeitos a construção de múltiplos 
sentidos singulares e coletivos, contribuindo na influência social em virtude de sua 
capacidade de induzir afeto. Sua importância se deve aos processos determinados 
na relação entre música e afeto como tomada de decisão, formação de uma primeira 
impressão, formação de julgamentos relativos a membros de um mesmo grupo, 
mensagens persuasivas, entre outros (POLI, 2008). 
 
Essa consciência afetiva pode ser vista como as emoções e os 
sentimentos do indivíduo, que interagem na atividade humana 
configurando na construção dos significados singulares da música, 
de acordo com a sua própria reflexão acerca de si e de suas 
experiências. Além disso, para a autora, a música, ao despertar a 
afetividade, constrói a forma como o sujeito significa o mundo que o 
cerca. Ou seja, os significados e sentidos ressoam nas vivências do 
sujeito e são construídos na sua relação com a música 
(WAZLAWICK ET AL, 2007, p.110). 
 
Acredita-se que tais significados,partem das vivências afetivas do sujeito, 
demonstrando a utilização viva da música, uma vez que mudam, desconstroem-se e 
são recriados, porque também são constituídos pelos sentidos, ligados ao uso da 
música de modo idiossincrático e em relação ( POLI, 2008). 
Segundo Cutrim (2009) a ausência de educação musical é comparável ao 
analfabetismo funcional, pois diferencia o escutar de ouvir. No escutar, os ouvidos 
estão captando tudo, independentemente da vontade e apreciação, compara-se ao 
manter-se ligados 24 horas, e isso é uma realidade até no momento do sono, ou 
seja, não se pode desligar os ouvidos. É muito comum escutar-se música ante a um 
trânsito barulhento, com fones de ouvido na rua, no carro com pessoas falando em 
cima da música, em lugares públicos coletivos, como praias, com caixinhas de som 
 21
em alto volume e até distorcendo, fazendo com que as pessoas gritem para poder 
conversar, impedindo a conversa em tom normal de voz, sem forçá-la; enfim, em 
diversas situações semelhantes a essa. 
Cutrim (2009) define este processo como escutar música, não de ouvir 
música. 
 
Ouvir música é um ritual, que poucos dedicam-se e não sabem o 
quanto de saúde perdem com esse deleite. No escutar, você não 
aprecia as notas musicais, seus harmônicos e a voz do cantor ou 
cantora, côro e tudo que nela está. Simplemente porque há uma 
sobreposição de barulho ambiental ou simplesmente muitas vozes 
sobrepondo-se à música. Já ouvir música, é um ritual: Você se posta 
numa sala, num sofá, por exemplo, silêncio total ou quase e assim, 
de boca bem fechada, ouve! Aprecia a música e a extensão da voz 
ou vozes do cantor. Ou simplesmente música, erudita ou não, 
necessariamente não precisa ser uma canção. Neste momento, você 
está apreciando a música, treinando seu cérebro para cada vez mais 
perceber sons (CUTRIM, 2009, p. 7) 
 
Ferreira (2005) diz que ao analisar a evolução da música no século no século 
XX, percebe-se que, que das artes, a música parece ser a mais mutável tendo em 
vista todas suas mudanças. Apesar disso, é bem verdade que estudiosos tentaram, 
durante a história, estabelecer uma forma para a canção. Estipularam compassos, 
nomes das notas, desenhos de partitura, tons, andamentos, modo, escalas e claves; 
regras e notações para se produzir um som que soe harmoniosamente belo. Mas, 
mutante que é, a música foi uma das artes que mais se adaptou às diversas 
modificações sofridas pela sociedade, inclusive à necessidade de se criar uma 
notação para ela. Isso aconteceu no seu modo de produção, até que computadores 
e sintetizadores passassem a substituir músicos e instrumentos. 
Posterior a esta evolução, verifica-se que a música teve que se adaptar aos 
moldes da Indústria Cultural, que ditava as regras para o a emissão e recepção da 
música. 
Ferreira (2005) afirma que a música é mutável também, pois tem influência 
sobre o ser humano, visto que sua flexibilidade permitiu, ainda, que a canção 
atingisse os níveis mais profundos da mente; e imaginação, como se sabe, é 
variável de pessoa para pessoa. 
 22
Diante disso, ela é polissêmica, ou seja, revela significados variados para os 
diferentes povos e culturas, pois não impõe significados nem induz interpretações, 
principalmente por lidar, a princípio, com sensações, e não com o visível, mas a 
maior adaptação a que a música se sujeitou aconteceu exatamente pelo 
desenvolvimento da imagem e de uma sociedade que passava a ser cada vez 
menos acústica para se tornar predominantemente visual. Verifica-se que a música 
muitas vezes é submissa, outras vezes direcionadora, pode ser associada à 
imagem e não deixou de ter seu espaço e em nenhum momento perdeu sua 
importância. Seu principal papel foi o de complementar sonoramente elementos 
visuais. 
A música, arte mutante, foi se infiltrando, garantindo seu espaço, e 
se moldando à nova sociedade condicionada ao novo ambiente 
criado pelas novas tecnologias. As transformações ocorridas na 
essência da música muito modificaram as relações entre pessoas, 
povos e ideologias (FERREIRA, 2005, p. 78) 
 
Observa-se que a inversão de papéis quando o público deixou de ir até à 
canção por se identificar com um estilo e a música passou a ir até o público, 
tentando se moldar a seu gosto, entretanto, verifica-se também, e principalmente, a 
perda da abstração musical através de imagens que clareiam, ao mesmo tempo que 
induzem, o que a canção quer transmitir, como também pode-se perceber que, se a 
produção de sentido sofre limitações, o novo estilo de se fazer e reproduzir música 
muito tem a dizer sobre a sociedade atual. Até uma nova cultura foi instaurada, a do 
audiovisual. Uma cultura que exige uma nova função, ou uma nova forma para a 
velha música (FERREIRA, 2005). 
 
 
 
 
 
 23
3. O DISCO DE VINIL 
 
3.1. HISTORICIDADE 
 
Segundo Nascimento (2007) a música executada em tempo real é 
diferenciada daquela cujo som é produzido por um dispositivo mecânico que lê 
gravação feita anteriormente. Mas, nem sempre foi assim, pois até a invenção do 
gramofone, a própria idéia de música ao vivo não existia, pois a música só podia ser 
mesmo ao vivo. O acesso à arte musical era restrito a quem podia freqüentar os 
espaços fechados e as salas de concerto daqueles tempos. 
 
O primeiro produto industrial capaz de gravar sons num suporte 
material foi o fonógrafo, criado por Thomas Edison e patenteado em 
1878. O fonógrafo gravava sons num cilindro recoberto de cera. Era 
um sistema caro, o que inviabilizava a fabricação em série ( 
NASCIMENTO, 2007, p. 1). 
 
A revolução teve seu início em 1886, quando Emile Berliner2 desenvolveu , 
nos Estados Unidos, o gramofone, com disco plano para registrar os sons, em 
substituição ao cilindro de Edison, e a matriz de impressão dos discos, para 
produção em grande escala. A música foi assim libertada dos espaços confinados e 
levada à imortalidade, tornando-se logo um produto acessível ao consumo popular 
(NASCIMENTO, 2007). 
Sabe-se que o disco de vinil teve seu primeiro aparecimento em 1948, caindo 
em desuso os antigos discos de goma-laca com capacidade de 78 rotações, que até 
então eram utilizados. Apresentavam –se mais leves, mais maleáveis e resistentes a 
choques, quedas e manuseio, apresentam melhor qualidade com a capacidade de 
 
2 O principal artesão na invenção do disco plano, nasceu em 1851 em Hanover, Alemanha. Cedo 
imigrou para os EUA onde exerceu diversos trabalhos. Autodidata, instalou um pequeno laboratório 
onde realizava suas experiências sobre o telefone inventado por Bell. Em 1883, após varias 
pesquisas baseadas nos trabalhos de Martinville, Cros e Bell-Tainter, desenvolveu finalmente os 
princípios da fonotipia que consistia no registro dos sons naturais na forma de modulação lateral 
sobre um disco plano. 
 
 24
reprodução de um número maior de músicas e consequentemente oferecendo 
melhor qualidade sonora (NASCIMENTO, 2007). 
De acordo com Maia Jr (2010) os compact discs (CDs) surgiram ao final da 
década de 1980 e início da década de 1990, essa invenção prometia maior 
capacidade, durabilidade e clareza sonora, sem a apresentação de chiados, fazendo 
os discos de vinil desaparecerem quase por completo no final do Século XX. 
Diante de tal situação, finda-se a venda comercial dos discos de vinil, o que 
causou descontentamento de alguns audiófilos que preferiam o vinil, alegando que 
tal produto possuia um meio de armazenamento mais fiel que o CD. 
Os discos de vinil foram produzidos em diferentes formatos, tais como: CD em 
formato de disco de vinil. LP, Long Play (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-
um-pouco-do-vinil.html). 
Este disco de vinil apresentava-se no formato de 31 cm de diâmetro tocado a 
33 1/3 rotações por minuto, possuindo uma capacidade normal de cerca de 20 
minutos por lado. O formato LP era utilizado, usualmente, para a comercializaçãode 
álbuns completos (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html). 
O Extended Play3, apresentava-se na forma de disco medindo 17 cm de 
diâmetro e era tocado a 45 rotações por minuto. Sua capacidade normal era de 
cerca de 8 minutos por lado. O EP normalmente continha em torno de quatro faixas. 
O Single4:, conhecido como compacto simples, apresentava no formato de 
disco com 17 cm de diâmetro, tocado usualmente a 45 rotações por minuto. A sua 
capacidade normal rodava os 4 minutos por lado. O single era geralmente 
empregado para a divulgação das músicas de trabalho de um álbum completo a ser 
 
3 Extended Play, EP: abreviatura do inglês, disponível no site 
(festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html). 
4 Single abreviatura do inglês Single Play: (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-
vinil.html). 
 
 25
posteriormente lançado (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-
vinil.html). 
E finalmente o Máxi5:, disco com formato de disco com 31 cm de diâmetro e 
era tocado a 45 rotações por minuto, possui capacidade era de cerca de 12 minutos 
por lado (festadovinil.blogspot.com/.../conhecendo-um-pouco-do-vinil.html). 
Segundo Nascimento (2007) o primeiro disco gravado no Brasil, intitulado O 
lundu Isto é Bom, de Xisto de Paula Bahia, primeira música gravada no país, na 
interpretação do cantor, com gravação. no Rio de Janeiro no ano de 1902, pela 
Casa Edison, de Frederico Figner, um checoslovaco de origem judaica que trouxe 
dos Estados Unidos o gramofone de Berliner. 
O Brasil foi o primeiro país do mundo responsável pela produção de um disco 
com gravações de ambos os lados. Nos países da Europa e Estados Unidos, isso só 
foi acontecer anos mais tarde (NASCIMENTO, 2007). 
Os primeiros 50 anos de histórias das gravações são denominados de 
período acústico mecânico, uma fase que não envolveu nenhuma interferência 
eletrônica ou elétrica para produzir uma gravação e reprodução de discos 
(NASCIMENTO, 2007). 
O primeiro sistema capaz de gravar e reproduzir o som foi criado por Thomas 
Alva Edison (1847-1931), que no final de 1877 desenhou e produziu em seu 
laboratório em Menlo Park, Nova Jersey, um aparelho denominado phonograph. 
Esse aparelho consistia num cone em cujo vértice era colocada uma membrana ou 
diafragma com uma agulha no centro e um cilindro metálico revestido de estanho 
ligado a uma manivela que, acionada manualmente, fazia o cilindro girar, com o 
propósito de gravar ou reproduzir um som (NASCIMENTO, 2007). 
 
5
 Máxi: abreviatura do inglês Maxi Single 
 26
As vibrações sonoras captadas pelo cone e transmitidas para a membrana e 
para a agulha eram inscritas nos sulcos em movimentos verticais. O lento 
deslocamento lateral do cilindro fazia com que os sulcos fossem gravados numa 
espiral. Invertendo-se o processo, dava-se a reprodução, isto é, colocando-se a 
agulha no começo das espirais e girando-se o cilindro, as vibrações inscritas no 
sulco eram captadas pela agulha que transmitia ao diafragma e ao cone, permitindo 
assim a audição dos sons previamente gravados (NASCIMENTO, 2007). 
O disco de vinil foi desenvolvido no início da década de 1950 para a 
reprodução musical, que usava um material plástico chamado vinil, apresentava-se 
em forma de bolacha confeccionado em material plástico, na cor negra, com 
capacidade de registrar informações de áudio, as quais podem ser reproduzidas 
através de um toca-discos (NASCIMENTO, 2007). 
Este disco possui micro-sulcos em forma espiralada, os sulcos são 
microscópicos e fazem a agulha vibrar, essa vibração é transformada em sinal 
elétrico e por fim amplificado e transformado em som audível (música).que 
conduzem a agulha do toca-discos da borda externa até o centro no sentido horário. 
Trata-se de uma gravação analógica, mecânica (NASCIMENTO, 2007).. 
O vinil é um tipo de plástico muito delicado e qualquer arranhão pode 
comprometer a qualidade sonora. Os discos precisam constantemente ser limpos e 
estar sempre livres de poeira, ser guardados sempre na posição vertical e dentro de 
sua capa e envelope de proteção. A poeira é o pior inimigo do vinil, pois funciona 
como um abrasivo, danificando tanto o disco com a agulha. 
Do gramofone ao DVD - Nos mais de cem anos que nos separam da primeira 
música gravada no Brasil, o sistema de gravação vem se aperfeiçoando. Os 
 27
primeiros discos evoluíram para os de 78 rpm (rotações por minuto), em que podiam 
ser gravadas duas músicas de até 3 minutos cada. 
Nascimento (2007) enumera dois para que se escolha a preferência entre 
música ao vivo e música mecânica. São eles: o ponto de vista do público e o do 
artista. 
Tratando-se do lado do público, verifica-se a possibilidade de se gravar sons 
num suporte material veio favorecer o acesso da imensa maioria à arte musical. O 
que até fins do séc. XIX era privilégio de poucos, tornou-se uma arte popular. De 
fato, é difícil imaginar uma casa onde não se encontre um disco com música 
gravada. 
Por outro lado, a facilidade com que o público tem acesso hoje ao trabalho de 
seus artistas através dos CDs e DVDs impulsionou a afluência desse mesmo público 
aos grandes shows e às pequenas apresentações ao vivo. 
Em relação ao lado do artista, observa-se que a música gravada tem o 
condão de possibilitar que o artista tenha seu trabalho conhecido por um número de 
pessoas bem maior que o que ele atingiria apenas com apresentações ao vivo. Um 
músico que tem CD gravado tem mais chances de divulgar sua arte do que outro 
que ainda não gravou um material próprio. 
De acordo com Nascimento (2007) gravar um CD não é muito caro, uma vez 
gravada a matriz, a duplicação, em quantidades pequenas, é relativamente fácil e 
barata. Isto atende aos anseios do artista local que se propõe atingir o público de 
sua cidade e localidades vizinhas. 
As dificuldades aumentam quando o músico passa a sonhar com uma 
distribuição mais abrangente. O primeiro problema a enfrentar é o custo da produção 
 28
em quantidade. Superado esse obstáculo, vem o mais complexo: a cadeia de 
distribuição e a divulgação. 
A dicotomia é vã a tentativa de opor música ao vivo e música mecânica. São 
lados de uma mesma moeda, aspectos da mesma realidade. Assim, a música 
mecânica não pode ser vista como vilã do músico de bar, porque esse mesmo 
músico sonha um dia gravar suas canções num CD e distribuí-lo ao maior número 
de pessoas possível (NASCIMENTO, 2007). 
 
 
3.2. ANALÓGICO VERSUS DIGITAL 
 
 
Os discos de goma-laca de 78 rotações, foram substituídos pelo LP, com o 
desuso destes, surgiu o CD, compact disk. Este produto teve ampla aceitação 
devido sua praticidade, seu tamanho reduzido e som livre de ruídos. A propaganda 
do CD previa o fim inevitável do LP, que é de manuseio difícil e delicado 
(www.recriartmidias.com.br/historia_do_vinil.html) 
Verifica-se que alguns conhecedores defendem a superioridade do vinil em 
relação às mídias digitais em geral (CDs, DVDs e outros). O principal argumento 
utilizado é o de que as gravações em meio digital cortam as freqüências sonoras 
mais altas e baixas, eliminando harmônicos, ecos e batidas graves e naturalidade e 
espacialidade do som. Estas diferenças, no entanto são pouco perceptíveis a 
ouvidos destreinados. 
Os defensores do som digital argumentam que a eliminação do ruído (o 
grande problema do vinil) foi um grande avanço na fidelidade das gravações. Os 
problemas mais graves encontrados com o CD no início também foram aos poucos 
 29
sendo solucionados. O sucessor do CD, o DVD-Audio, oferece fidelidade superior ao 
CD, apesar de sua baixa penetração no mercado atual. 
 
É notória e indiscutível a superioridade do compact disc sobre os 
aparelhos analógicos, porém esses equipamentos de alta tecnologia, 
grande precisão e incrível fragilidadetêm uma duração muito menor 
do que realmente gostaríamos. Enquanto os discos ópticos duram 
décadas, o leitor poderá durar apenas algumas mil horas! É isso 
mesmo, muitos destes, durante o uso, já apresentam problemas 
muito antes de completar sua primeira milésima hora . Só para 
esclarecer, uma unidade óptica era projetada, no início, para durar 
até 10.000 horas. Infelizmente, na prática, pelo mau uso e com a 
queda de qualidade da produção, estas unidades duram entre 3.000 
e 5.000 horas, com otimismo. (KISZWSKI, 2005, p.2) 
 
Até hoje se fabricam LPs e toca-discos, que ainda são objetos de relíquia e 
estima para audiófilos e entusiastas de música antiga. 
 
Verifica-se que questão do Vinil versus CD tem sido palco de muitos 
e acalorados debates, principalmente na internet, onde existem 
várias publicações sobre o tema. Contudo, notam-se defeitos muito 
graves na abordagem de um tema que é um misto de científico e 
sociológico, sendo o principal deles a falta de uma pesquisa profunda 
e fundamentada. Primeiro, a começar pelo termo incorreto 
"digitalização", que só é mencionado no Brasil, o termo correto e 
usado no resto do mundo é numerização. Numa visão inicial, já 
dizemos de saída: O Disco de Vinil é a primeira cópia exata do som 
real. O Disco Digital é a segunda cópia inexata do som real. Não 
existe som real digital: Originalmente, ele é analógico. E a questão 
da exatidão e da inexatidão é matemática (CUTRIM, 2010, p. 1). 
 
Pode-se observar no decorrer deste estudo que existem outras diferenças 
que marcam um e outro, conforme afirma Cutrim (2010). Para este conhecedor, 
partindo-se do ponto de vista técnico-científico, verifica-se o problema do 
sampleamento para o digital. 
Cutrim (2010) afirma que esta sintetização é feita de forma imperfeita, visto 
que o sinal analógico é especializado e é um espelho do som real do que a banda 
tocou; o sinal digitalizado ou numerizado é simples, é uma amostra, nem cópia pode 
 30
ser chamado já que cópia deve ser matematicamente fiel; trata-se de uma 
semelhança do sinal, não um espelho do sinal elétrico real. 
Para Cutrim (2010) no CD o método é muito menos complexo, chamado de 
eletrônico-óptico-digital; já no vinil o método é denominado eletrofísico6; falam que o 
analógico colore o som (disfarça as imperfeições); o digital purifica o som, é certo, 
mas sacrifica a especialização do sinal; isso aparece com alguma percepção de seu 
ouvido na péssima definição dos agudos altos; o vinil tem uma largura de banda útil 
teoricamente infinita em Khz, pois não há um limite teórico para inserir-se sons em 
um sulco. Enquanto isso, o CD tem uma largura de banda útil 22.05 Khz e o SACD e 
concorrentes, em torno de 180 Khz, embora na maioria dos tocadores de discos 
digitais essa banda seja limitada em 50 Khz, 75 Khz e 90 Khz pela dificuldade de 
determinados amplificadores reproduzirem essa banda de freqüências, de 180 Khz. 
A relação sinal-ruído (Noise Floor) do LP é melhor que a do CD acima de 500 hertz: 
O Vinil tem uma relação sinal-ruído, abaixo dos 500 hz de -50dB. Acima disso, 
ganha do CD: 
Segundo Joaquim Manuel Cutrim (2010) a pesquisadora Christine Tam, 
afirma que a relação aumenta para -96dB, enquanto a do CD fica em -88dB sinal-
ruído. Nesse quesito, o CD só é melhor nas zonas de silêncio, onde o vinil volta aos 
-50dB e o CD mantém -88dB. No entanto, o Vinil conta com o bônus de possuir sons 
ultrassônicos no momento da reprodução do som, portados por transientes. 
 
O CD pretende uma fidelidade de aparência por semelhança; o vinil é 
fidelidade de essência, pois o sinal é matematicamente perfeito. No 
CD há um exemplo do sinal, uma semelhança da realidade, que não 
se pode chamar de cópia, pois a cópia é "Algo quase igual", 
enquanto o semelhante é apenas "parecido". No sulco do vinil, há um 
espelho do sinal elétrico, que por sua vez, é um espelho do som real, 
 
6O vinil é uma grande palheta - seus sulcos tocam a agulha como quem toca o captador de 
uma guitarra. 
 31
é matematicamente perfeito em seu sinal, como já afirmei. E 
finalmente, na vida, não existe o silêncio absoluto: O silêncio 
absoluto só existe no CD (!), razão porque o LP se assemelha ainda 
mais nesse ponto à realidade do som. Uma orquestra sinfônica ou 
uma banda, não tocam só para você: Tocam para uma platéia, e há 
ruídos, que, nem por isso, prejudicam a fidelidade do som (CUTRIM, 
2010, p. 25). 
 
Kötz (2010) relata que a indústria musical anda um pouco conturbada nos 
últimos tempos. O mercado fonográfico, que começou vendendo discos de vinil, 
partiu para a fita cassete, que era menor e mais fácil de guardar, em seguida lançou 
o Compact Disc, o famoso CD, e, num pulo tecnológico, passou para o mp3. O 
formato, que veio acompanhado pelos downloads ilegais, fez com que algumas 
bandas encarassem a realidade e passassem a disponibilizar seu material em sites 
para downloads. 
Segundo um levantamento feito pela Nielsen Soundscan, o mercado musical 
nos Estados Unidos e Canadá caiu 14% nas vendas de 2009, um dado bastante 
previsível. A novidade é que a produção dos discos de vinil aumentou em 89% de 
2008 para 2009, enquanto algumas pessoas deixaram o famoso bolachão para trás, 
nomes como U2, Radiohead, Oasis, Bob Dylan e brasileiros como Lenine, Los 
Hermanos e Fernanda Takai lançam seus novos trabalhos em disco de vinil (KÖTZ, 
2010). 
Para Brain (2010) enquanto CDs e DVDs utilizam a tecnologia digital para suas 
gravações, o disco de vinil utiliza o método analógico para captar os sons. O áudio 
original é analógico por definição. A gravação digital captura dados do sinal 
analógico numa determinada velocidade e mede cada dado com determinada 
precisão. Ou seja, uma gravação digital não captura o áudio em sua totalidade. Ao 
invés disso, aproxima o resultado final ao máximo que pode do original. 
 32
Segundo os seus entusiastas, os discos de vinil possuem detalhes musicais que 
refletem as ondas do áudio original. Assim, nenhuma informação é perdida, como 
acontece na gravação feita digitalmente. Portanto, as ondas sonoras de um disco de 
vinil podem ser mais precisas, o que atrai colecionadores e profissionais do mundo 
da música (BRAIN, 2010). 
No Brasil, somente uma empresa fabrica o LP: a Polysom, na segunda metade 
de 2008, devido ao volumoso crescimento na venda de vinis nos Estados Unidos e 
na Europa, resolveram reativar a empresa. Em setembro do mesmo ano, 
começaram as atividades e a empresa voltou com força total ( BRAIN, 2010). 
Muitos cantores voltaram a gravar em disco de vinil, conforme pode-se constatar 
com a fala seguinte: 
 
Não que eu ache o som do vinil melhor do que o CD, mas o ritual de 
se ouvir música com outro tempo de contemplação parecia mais 
completo. Eu me deitava no sofá de casa pra simplesmente degustar 
um álbum por inteiro. E isso era na época do vinil. Ou eu tinha mais 
tempo. Ou era mais jovem. Ou tudo isso junto (FERNANDA TAKAI7). 
 
Nota-se que a diferença básica entre vinil e cd está no material, e 
principalmente no fato do vinil ser analógico e o CD ser digital. 
Segundo Speaker Brothers (2010) o som analógico do vinil se deve ao fato de 
que todas as ondas e frequências da música estão impressas fisicamente no disco, 
como uma espécie de alto relevo, sendo assim, com o atrito da agulha lêem-se as 
frequências e o som é emitido, por outro lado o CD, por ser um som digital, tem seus 
dados guardados em forma de código binário (zeros e ums) e sua curva dinâmica é 
de 44100 amostragens por segundo, que é bem aproximado do som original, porém 
 
7 Fernanda Barbosa Takai (Serra do Navio, 25 de agosto de 1971) é uma musicista e 
cronista brasileira. Embora ainda vocalista da banda mineira Pato Fu, Fernanda lançou-se 
em 2007 uma carreira solo com boa repercussão. Além de cantar, Fernanda toca guitarra, 
violão e compõe para a banda.33
não exatamente. É essa pequena perda que faz muitos conservadores ainda 
militarem pelo vinil. Em testes de computador a diferença é realmente muito 
pequena. 
Na opinião deste aluno, a desvantagem do vinil em relação ao cd está no 
preço, na variedade, no espaço que ocupa e na manutenção, pois vinil acumula 
poeira e poeira é muito ruim pra eles pois é abrasivo, mas acredito que ambos tem 
suas vantagens e desvantagens, cabe a cada um escolher sua forma de trabalhar. 
 
3.3. O PAPEL DA INDÚSTRIA FONOGRAFIA NA ATUALIDADE 
 
O processo de produção em estúdio sofreu diversas modificações ao longo da 
história da indústria fonográfica, estando intimamente ligado ao desenvolvimento das 
tecnologias de produção e reprodução do som. Inicialmente, este processo consistia 
no mero registro de uma performance. As possibilidades de manipulação do material 
gravado praticamente não existiam e o resultado final dependia, em última análise, 
da capacidade dos músicos e cantores de realizar uma boa performance ( 
MACEDO, 2008). 
Com o surgimento da fita magnética, o processo de gravação 
foi se tornando cada vez mais dependente de operações 
realizadas após o registro do som. Em primeiro lugar, permitiu 
que se fizessem edições de gravações realizadas em 
diferentes momentos, selecionando os melhores trechos de 
cada take8, para montar a versão definitiva. O próximo passo 
foi dado pelo surgimento do overdub – ou overdubbing –, 
técnica que possibilita gravar um novo material, ao mesmo 
tempo que se ouve (sem apagar) o material já gravado 
(RATTON, 2004, p. 108). 
 
 
8 Gravação completa de uma música ou de uma parte de uma música. Equivale à tomada 
de uma cena de um filme (OLIVEIRA In. BURGESS, 2002, p. 3 - N. do T.). 
 
 34
Logo em seguida surgiram vieram os gravadores multipistas, ou multitrack9, 
que permitiam que cada instrumento fosse gravado independentemente. Esta 
técnica oferecia uma grande flexibilidade ao processo de produção, possibilitando 
que várias decisões, antes tomadas durante a gravação, pudessem ser adiadas para 
outras fases do processo: a edição, a mixagem e a masterização. 
Para Macedo (2008) a produção atualmente em estúdio se dá através de 
cinco fases bem definidas: pré-produção, gravação, edição, mixagem e 
masterização, realizadas através do trabalho conjunto de uma equipe de 
profissionais, produtores, cantores, instrumentistas, arranjadores, técnicos e 
engenheiros de som. 
Bahia (1988) diz que um estúdio precisa ter os equipamentos, o ambiente e o 
técnico adequados à realização do projeto ou de uma de suas fases. Projetos de 
música eletrônica, de música pop, de rock, de jazz ou de música erudita necessitam 
de equipamentos e salas diferenciadas. Além disso, para um mesmo projeto podem 
ser utilizados vários estúdios diferentes. 
O processo de produção musical em estúdio se desenvolveu, por um lado, 
intimamente associado ao desenvolvimento das tecnologias de produção musical e, 
por outro lado, ao próprio desenvolvimento geral da música, de seus estilos, de suas 
concepções e de seus ideais estéticos. Se inicialmente a produção em estúdio se 
restringia ao registro de uma performance, hoje existem vários procedimentos 
técnicos e musicais que podem ser utilizados para se chegar ao resultado sonoro 
desejado, técnicas diversas a serem empregadas em função dos objetivos musicais 
e das concepções estéticas que se tem em mente. Desse modo, não podemos falar 
que existe um processo, ou uma técnica de produção adotada universalmente pela 
 
9 Gravador que pode gravar e reproduzir mais do que duas pistas (tracks) de áudio, 
simultânea e independentemente” (RATTON, 2004, p. 101), 
 35
indústria fonográfica, mas, sim, que existem procedimentos técnicos e rotinas de 
produção diversos, cuja utilização deve ser avaliada a partir dos objetivos musicais 
que se tem em mente. 
Nas palavras de Burgess: 
Não existe uma forma correta ou incorreta de fazer discos. Existe, 
sim, uma forma apropriada e uma forma inapropriada de fazer um 
disco específico. A sonoridade e a atitude da produção precisa 
combinar com a sonoridade e a atitude da música. O princípio geral 
afirma que a produção deveria estar totalmente coerente com o estilo 
do artista e o conteúdo da música e das letras (BURGESS, 2002, p. 
97). 
 
 
Verificou-se que, o século XX testemunhou o processo de internacionalização 
da indústria fonográfica, que teve seu início antes mesmo da incorporação de 
empresas brasileiras pelas gravadoras multinacionais, que culminou na formação de 
grandes grupos de mídia, representando uma convergência típica da chamada 
globalização da economia. Contudo, somente a interação desta tecnologia em 
constante desenvolvimento com a produção intelectual de conteúdos populares, em 
um setor que foi se auto-regulamentando através da criação de diversas instituições, 
é que resultou nesta estrutura de mercado como observa-se atualmente, onde o 
controle dos canais de distribuição se mostra tão importante quanto à própria 
produção musical (SILVA, 2001). 
Neste início de milênio as questões de maior relevância no estudo da 
comunicação social se posicionam no campo dos enfrentamentos que a indústria 
cultural deve empreender no sentido de recuperar o espaço perdido para a produção 
independente, graças à democratização dos meios eletrônicos e da Internet; fatores 
que também resultaram no incremento da pirataria que, esta sim, gera prejuízo 
financeiro significativo aos grupos de mídia onde se encontram as maiores 
empresas produtoras de música gravada. 
 36
Em 2007, de acordo com uma pesquisa da Nielsen SoundScan - instituição 
que monitora a movimentação da indústria fonográfica, cerca de um milhão de LPs 
foram comprados, contra 858 mil em 2006. Baseado nas vendas de 2008 até agora, 
esse número pode subir para 1,6 milhão até o fim do ano. Enquanto isso, segundo a 
Associação da Indústria Fonográfica da América, o consumo do CD caiu 17,5% 
durante o mesmo período. As vendas de toca-discos - que despencaram de 1,8 
milhões em 1989 para parcos 275 mil em 2006, de acordo com Associação de 
Consumo de Eletrônicos sofreram uma reviravolta no ano passado, quando quase 
meio milhão foram vendidos. 
 
Eu não acho o som do vinil melhor. Isso é científico: o som do vinil é 
muito melhor. A transformação de sons análogos em digitais 
comprovadamente inibe harmônicos importantes. As diferenças mais 
sentidas dizem respeito à profundidade do som. No CD, tudo fica 
chapado. Porém, essa diferença não justificaria abandonar o CD e 
voltar aos vinis. Há ouvintes para os dois (SCHOTT, 2008 em 
entrevista com JOÃO AUGUSTO, Diretor da Deckdisc ) 
 
Acredita-se que as empresas da indústria fonográfica devem se conscientizar 
que precisam mudar a forma de competir nesse novo mercado fonográfico. É 
interessante notar que este mercado está mais democrático: a existência de 
softwares para gravação de discos em estúdios caseiros, a redução do custo das 
tecnologias e equipamentos de gravação e a facilidade de transmissão via internet, 
têm fornecido autonomia aos artistas e reduzido o poder de barganha das 
gravadoras. Embora esse seja um processo ainda iniciante, parece ser de difícil 
reversão. Esse fato torna ainda mais clara a necessidade de as gravadoras 
repensarem a forma de competir nesse setor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37
4 METODOLOGIA 
 
Trata-se de uma pesquisa e campo de natureza exploratória 
 
4.1 Local 
 
Esta pesquisa foi realizada em uma Radio no município de Paraguaçu 
Paulista , interior Paulista. 
 
4.2 Amostra 
 
A pesquisa será realizada com 4 profissionais de rádio com experiência de 30 
anos na profissão. 
 
4.3 Critérios para Exclusão da Amostra 
 
Não fizeram parte da amostra sujeitos que não trabalharam com discos de 
vinis. 
 
4.4 Material 
 
Utilizou-se-se um questionáriocontendo 5 perguntas que foram respondidas 
de forma aberta 
 
4.5 Procedimento 
 
Marcou-se horário com cada profissional, explicou-se o objetivo da pesquisa e 
gravou-se a conversa para melhor análise dos dados. (ANEXO I). 
 
 
 
 
 
 
 38
5 RESULTADOS 
 
 
Verificou-se que os sujeitos da pesquisa tinham informações de que o disco 
de vinil está voltando para o mercado, no entanto, não acreditam em seu sucesso, 
tendo em vista, que podem adquiri-los em sebos por um preço mais acessível. 
Relatam que a qualidade era muito boa. 
 
Continuo comprando vinis, sempre valorizei muito a música, mesmo 
com esta tecnologia não abro mão de meus discos. Tenho 
aproximadamente 250 (duzentos e cinquenta) Lps e mandei gravar 
tudo em cd. Ganho bastante vinis de presente porque sabem que 
gosto (J.A, colecionador de vinis há mais há cinqüenta anos). 
 
Os sujeitos da pesquisa, não sabem opinar se com a volta do disco de vinil 
haverá demanda de mercado. 
 
Acho que é difícil o disco de vinil voltar a ser vendido no mercado, 
mas será bom para combater a pirataria. Sou a favor da evolução da 
tecnologia, mas gostaria que voltasse o disco de vinil (S.A.DIAS, 71 
ANOS, colecionador de vinis há mais de trinta anos). 
 
Em relação à qualidade dos discos de vinis, é unanimidade dizerem que tanto 
um como outro mantêm a mesma qualidade desde que não estejam riscados. Não 
observam diferença, outros ainda acham a qualidade do vinil superior. 
 
O áudio do CD é tonalmente desequilibrado. Existe um 
evidenciamento maior dos médios e agudos em relação aos tons 
mais graves, que desaparecem. Já no caso do LP, existe harmonia 
entre os tons. Os médios são mais discretos, recobertos de graves 
aveludados”, analisa Joaquim. Ele destaca também que o vinil é um 
produto complexo, misto de fotografia, música e texto. “Você 
dificilmente tem esse diferencial em um CD, com aquele 
encartezinho de letras minúsculas e fotos pequenas. 
 
Os sujeitos da pesquisa acreditam que seja fácil encontrar equipamento para 
tocar os discos de vinis caso voltem ao mercado, pois a grande maioria dos 
colecionadores já possui o aparelho. 
 39
Pode-se concluir diante da opinião dos entrevistados que acham boa a volta 
dos LP’s, no entanto, pelo que constatou-se já adaptaram à nova mídia. Prova disso, 
que apesar de possuírem os vinis, gravam-nos em compact disk e salientam que 
são a favor da evolução da tecnologia. 
Pesquisas mostram no final da década de 90 o surge o MP3, com isso diminui 
a venda dos CDs. Recentemente sites de venda de música em MP3 estão 
crescendo e com isso a comercialização de discos cai ainda mais, mas no meio 
desta guerra o vinil apresenta uma subida recorde nas vendas ( Disponível no site: 
http://www.pipocadebits.com/2009/01/vendas-de-discos-de-vinil-batem-
recorde.html). 
Segundo uma pesquisa realizada pela Nielsen SoundScan, que monitora a 
venda de música desde 1991, a venda de LPs chegou ao seu nível mais alto desde 
que teve início o registro. Entre os anos de 2006 e 2007 as vendas subiram 14% e 
chegaram a 1,8 milhões de unidades em 2008. Neste mesmo período os CDs 
amargaram uma queda de 553 milhões de unidades para 360 milhões em 2008. 
Fraga (2009) diz que o armazenamento de músicas em arquivos digitais já 
existia desde a década de 80, mas foi somente a partir da criação do formato 
MPEG-1 Layer 3, o MP3, que se tornou possível a gravação de músicas em 
arquivos menores e mais facilmente manipulados. O MP3 é um padrão internacional 
de digitalização de áudio que permite a compressão de sons em até 1/12 do 
tamanho de outros formatos, como o WAV, guardando suas principais 
características em uma qualidade próxima a um compact disc. Mais ou menos na 
época da popularização da MP3, a internet se tornou popular no Brasil, com o 
surgimento dos primeiros provedores de acesso comercial o que possibilitou a troca 
desses arquivos pela rede. 
 40
Verifica-se diante de pesquisas de mercado que os sites de venda de música 
em MP3 (como o ITunes10) estão crescendo muito e a opção de escolher que 
músicas de um álbum comprar é muito mais atrativa do que adquirir um CD inteiro. 
Incrivelmente quem está dando suporte a esta volta do vinil não são os mais 
velhos, que já conheciam o formato, mas sim jovens entre 13 e 24 anos. Uma 
geração que cresceu ouvindo a música em formato digital agora abre os horizontes 
para um som com mais qualidade. 
Ao iniciar esta pesquisa tinha-se a idéia que as pessoas mais velhas veriam a 
volta do disco de vinil com grande expectativa, mas conforme constatado, para eles 
é indiferente desde que consigam adquirir seus discos, por meio de presente ou 
aquisição em sebos. 
Diante disso, concorda-se que o aumento da venda dos LPs deu por conta 
dos jovens que estão redescobrindo a mídia, entretanto, como dito anteriormente, 
existem aqueles que valorizam a música e o disco de vinil, como existem aqueles 
que é indiferente desde que exista a música. 
O CD já é passado. Talvez ninguém no futuro precise baixar nada. 
As músicas e filmes e textos vão estar facilmente disponíveis via 
sistemas de transmissão sem fio em qualquer lugar. E talvez 
ninguém se interesse mais por música como conhecemos hoje, e sim 
por jogos sonoros, onde todos participarão de remixagens eternas do 
que até hoje já foi produzido (SÁ, 2006, p. 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 Íon iTTUSB é uma vitrola com porta USB que permite que você passe as músicas dos LPs 
para CDs ou direto para MP3. Para operar o aparelho, basta usar o CD de instalação, 
conectar o toca-discos a uma porta USB e usar o programa que acompanha o produto. Ele é 
compatível com Mac e PC. É possível até configurar a velocidade de rotação, então até os 
mais antigos singles podem ser convertidos. Ele está à venda por US$ 110. Fonte: 
http://www.onne.com.br/modules.php?name=browse&mode=page&cntid=4548. 
 41
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
A única fábrica de LPs da América Latina, localizada em Belford Roxo, no Rio 
de Janeiro, ficou desativada até ser comprada pelo presidente da Deckdisc, no início 
deste ano. Prestes a voltar a funcionar, a empresa não tem vínculos com a 
gravadora e deve produzir 40 mil peças por mês. Verificou-se que não se fabrica 
mais maquinário para prensar discos de vinil, todo o equipamento da Polysom é 
reaproveitado. Tudo será recuperado desde a mesa de corte até as prensas. A 
empresa vai vender o produto semi-acabado e tentará competir com o mercado 
nacional e internacional. 
Caberá às gravadoras colocar a capa, embalar e vender. mercado com a 
intenção O disco de vinil faz parte da cultura brasileira, pois sempre foi usado e 
existem muitos colecionadores. 
O disco de vinil é uma mídia desenvolvida no início da década de 50. A partir 
do final dos anos 80 e início dos 90, a invenção dos CDs trouxe maior capacidade, 
durabilidade e clareza sonora, sob alguns pontos de vista, fazendo com que os 
discos de vinil fossem esquecidos e desaparecessem do mercado quase por 
completo. 
No Brasil, os discos foram produzidos em escala comercial até 1996. Mas, até 
hoje, milhares de audiófilos ainda preferem o vinil. Para esses, o armazenamento da 
música é mais fiel ao som original, proporcionando, por exemplo, uma melhor . 
Hoje, os Long Plays (LPs) estão atraindo bem mais as pessoas que não 
viveram a época dos bolachões do que a velha guarda. Apesar de conservar fiéis 
colecionadores, formato, encartes, cores, áudio diferenciado e aura antiga estão 
chamando a atenção dos mais jovens. Várias bandas tem investindo na volta dos 
 42
vinis. Eles são como quadros, apesar de não ter encarte e a maioria dos que são 
comprados em sebos já não possuir a página que trazia as letras das músicas. 
Com este trabalho, conclui-se que a qualidade do som dos discos de vinil não 
é o único atrativo, verifica-se muitas pessoas, colecionam por hobby, mesmo 
reconhecendo a praticidade de CD e doMP3, a relação com os discos de vinil é 
diferente 
Atualmente, verifica-se que o vinil tem conquistado a cada dia um número 
maior de adeptos, quem vivenciou os anos de grande popularidade dos LPs também 
possui motivos para querer que eles voltem. 
O que pode-se notar no decorrer do trabalho que não existe uma vantagem 
prática para o retorno do disco de vinil, mas tem um significado afetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43
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 45
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
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comunicação humana. São Paulo, SP: Cultrix, 2007. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47
 
9. ANEXO A – ROTEIRO DA ENTREVISTA 
 
 
 
1- Há quanto tempo o senhor trabalha em Rádio? 
 
 
2 - Sabe que o disco de vinil está voltando para o mercado? 
 
 
3 - Acredita que o disco de vinil terá sucesso em sua volta ao mercado? 
 
 
4 - Com o retorno do disco acredita que será fácil adquirir o aparelho para 
tocar? 
 
 
5 - Acha que o disco de vinil apresenta melhor qualidade que o compact disk? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 48
 
9. ANEXO B – ENTREVISTA COM OS LOCUTORES

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