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Resenha Crítica Geologia

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Ingrid Beatriz Lizas
Resenha/Relatório de trabalho de campo
SERRA DO ITAQUERI
A litologia e os paleoclimas na diversidade da paisagem geomórfica paulista
Trabalho apresentado para avaliação no componentecurricular de Geologia do curso de Licenciatura em Geografia no Instituto Federal de São Paulo.
Docente: Profª. M.a. Fabiana Souza Ferreira
São Paulo
2019
Sumário
Introdução...................................................................................................................3
Rio Claro......................................................................................................................4
Figuras 1 e 2 – Trilha para acessar a caverna de Ipeúna/Rio Claro...................4
Figura 3 – Entrada da caverna............................................................................5
Figuras 4 e 5 – Interior da caverna......................................................................6
Figura 6 – Chão da caverna................................................................................6
Figuras 7 e 8 – A fauna contida na caverna........................................................7
Analândia....................................................................................................................8
Figuras 9 e 10 – Propriedade em que se encontra a “Toca do Índio”.................8
Figuras 11 e 12 – Caminho percorrido para chegar a Toca do Índio..................9
Figuras 13, 14 e 15 – Entrada e interior da caverna Toca do Índio...................10
Conclusão.................................................................................................................11
Referências............................................................................................................
Introdução
Este texto tem o intuito de descrever e analisar as questões geológicas e geográficas contidas na região da Serra do Itaqueri situada no interior do Estado de São Paulo, local selecionado para trabalho de campo na disciplina de Geologia e de importância fundamental para ilustrar a ação geológica sofrida nessa porção do território brasileiro, sobretudo, entre o Permiano e o Cretáceo (eras geológicas em atividade a cerca de 300 milhões de anos).
Para um embasamento científico contundente serão utilizados três artigos relacionados ao assunto, porém, algumas questões e apontamentos terão como fonte a experiência em campo de alguém que já esteve nestes locais.
Toda a região percorrida no trabalho de campo se situa na Bacia do Paraná, a qual possui uma composição - ao menos nessa região - ígnea-sedimentar, formada por arenitos, derrames basálticos, soleiras e diques de Diabásio e até mesmo alguns argilitos, segundo (PERINOTTO, ETCHBEHERE, SIMÕES & ZANARDO, 2008).
A primeira parada localizada no meão entre Rio Claro e Ipeúna, temos a primeira caverna, composta fundamentalmente de arenito reforçado por derramamentos basálticos, sua formação em estratificação cruzada é amplamente visível e se encontra a cerca de 600 metros de altura o que a torna ainda mais deslumbrante e de grande importância para a ciência geológica.
Sua coloração que varia entre tons de laranja e rosa revela a presença de óxidos e hidróxidos de ferro, resultantes da ação basáltica, sendo esta uma rocha ígnea extrusiva que quando em contato com os diversos tipos de intemperismo, apresentam em sua superfície características de seus compostos químicos e minerais.
Outro fator interessante sobre essa região é a grande incidência de fósseis, sobretudo, de mesossaurídeos (pequenos répteis de adaptação aquática, pertencentes ao período permiano) indicando que em períodos anteriores a região era coberta de água, muito provavelmente água salgada. A descoberta destes fósseis foi permitida devido ao grande número de pedreiras na região, ocasionando em afloramentos rochosos que continham fósseis, como descrevem os autores:
No que diz respeito a coleta de amostras (fósseis) para estudo, as pedreiras representam importantes fontes de dados, uma vez que o trabalho de exploração expõe grandes frentes de rochas e estratos que ainda não sofreram a ação do intemperismo e erosão, como ocorre em exposições de taludes de estradas, por exemplo. (BRANCO, CAIRES & SILVA, 2008 p. 79)
Rio Claro
O caminho que leva até a primeira caverna não é de fácil acesso, passando por uma trilha estreita com bastante vegetação são necessários alguns bons minutos de caminhada entre descidas e subidas para chegar à entrada principal da caverna, o que tanto geológica quanto “biogeograficamente” é um ponto positivo, pois, com difícil acesso humano a preservação e manutenção natural da caverna e da vida existente dentro dela têm maiores chances de ocorrerem de forma bem-sucedida.
Figuras 1 e 2 – Trilha para acessar a caverna de Ipeúna/Rio Claro
Fonte: Autoria própria
Como é possível ver na imagem é um caminho para quem já sabe da existência da caverna, pois, para desavisados esta trilha facilmente passaria despercebida.
Figura 3 – Entrada da caverna
Fonte: Autoria própria
Na figura 3 podemos observar a grande formação de arenito reforçada pelo derramamento basáltico, porém, não é possível ilustrar a estratificação cruzada por meio desta, apenas a coloração anteriormente destacada no texto e também a ação humana que se faz presente mesmo com o difícil acesso.
As cavernas de modo geral são compostas pela ação da água em algum período geológico, dissolvendo as rochas por conta de sua acidez e fazendo grandes buracos por entre as rochas, ação chamada de dissolução de rochas, estes buracos nomeados galerias são os espaços dentro das cavernas que nos permitem transitar, no caso desta caverna formada por arenito as galerias vão se expandindo ou se fechando gradativamente devido a própria fragilidade da rocha que, mesmo tendo um reforço de basalto não tem resistência suficiente para se manter sempre intacta, por tanto, em seu interior o chão é revertido por quantidades significativas de areia e em algumas partes as rochas se fragmentam tornando alguns trechos mais instáveis. 
Figuras 4 e 5 – Interior da caverna
Fonte: Autoria própria
Figura 6 – Chão da caverna
Fonte: Autoria própria
É possível notar por meio das imagens, a grande quantidade de areia que se encontra depositada no chão da caverna devido a sedimentação natural do arenito, nesse ponto o sedimento se encontra com uma coloração mais avermelhada por estar mais próximo da entrada da caverna e conter uma grande parte dos óxidos e hidróxidos de ferro contidos no basalto.
Quanto às galerias, de modo geral suas dimensões não eram muito expressivas e as passagens de uma galeria a outra se davam por pequenas frestas entre o chão da caverna e a parte inferior das rochas, como é possível verificar nas imagens 4 e 5.
Figuras 7 e 8 – A fauna contida na caverna
Fonte: Autoria própria
A pouca quantidade de luz e temperatura constante e amena no interior das cavernas, fornece um ambiente favorável para alguns tipos específicos de vida se desenvolverem. Nas imagens 7 e 8 podemos ver respectivamente, um tipo de inseto com características peculiares, coloração branca – desenvolvida devido a não exposição de luz solar – e com antenas longas e grossas que possivelmente servem como sensores para a locomoção deste inseto num ambiente onde apenas os olhos não seriam o suficiente para se orientar. Na imagem 8, vemos dois morcegos (dentro do círculo vermelho), mamíferos de hábitos noturnos que são conhecidos por se adaptarem bem a ambientes como os de cavernas.
Nestas imagens, outro destaque vai para a cor da areia na imagem 7 por se encontrar já no fundo da caverna, mais afastada dos intemperismos e até mesmo da porção de basalto, o arenito nesse ponto se revela na cor original, branco.
Analândia
No segundo dia de campo, o município de Analândia é o destino para encontrar mais uma caverna composta por arenito, a Toca do Índio a qual se encontra dentro de uma propriedade privada onde é necessário pagar uma taxa de visitação, existem funcionários no local que fazem o acompanhamento
dos visitantes até a caverna que mesmo situada em uma área privada com construções, não fica tão próxima da área construída é necessária uma caminhada até o encontro da formação arenítico-basáltica que apresenta belamente sua estratificação cruzada.
Figuras 9 e 10 – Propriedade em que se encontra a “Toca do Índio”
Fonte: Autoria própria
Com um ambiente pacato e interiorano, o terreno que abriga a caverna Toca do Índio se apresenta como um local de contato próximo com a natureza, sem evidências de atividades de extração mineral, ou grandes plantações, demonstrando assim certa preocupação com a preservação dos entornos deste patrimônio geológico.
Figuras 11 e 12 – Caminho percorrido para chegar a Toca do Índio
Fonte: autoria própria
O percurso que leva a caverna de Analândia, diferente do anterior, possui vegetação rasteira em grande parte do caminho, algumas rochas e muita subida. Outra importante característica do percurso é a visão que temos do morro testemunho, no qual podemos ver na figura 12, que complementa o cenário deste estudo geológico.
Figuras 13, 14 e 15 – Entrada e interior da caverna Toca do Índio
Fonte: Autoria própria
Na figura 13 por meio de uma imagem ampliada é possível ver a abertura de entrada da caverna no meio da formação rochosa, uma abertura relativamente pequena, mas que possibilitou a presença humana períodos antes de nossa visita, tendo em vista as pinturas rupestres contidas no local:
A caverna com registro de pinturas rupestre (Toca do Índio) possui 37 m de projeção horizontal, e desnível total de 6,3 m (Fig. 2). O desenvolvimento da cavidade, em boa parte, acompanha o rumo e o mergulho da estratificação do arenito Botucatu, que possui direção de camada N50W com mergulho de 22 para SW (N50W/22SW). Ocorre na cota de 876m e possui face exposta para sudeste. As pinturas rupestres se localizam no teto da cavidade em uma área de 16m2.
Dentre as muitas peculiaridades nestes sítios arqueológicos, destacam-se a composição das cavernas, mais uma vez derivada do arenito presente na região durante o período Jurássico – possivelmente derivado de uma das muitas glaciações – intercalado com derrames basálticos do período Cretáceo tendo hoje uma composição arenítico-basáltica que além de pouco exploradas, demonstram em sua geomorfologia uma perspectiva completamente diferente das mais conhecidas, cavernas de calcário.
A figura 14 apresenta a perspectiva do interior da caverna, a vista do alto, a formação da abertura, a coloração da formação rochosa resultado do cozimento do arenito pelo derramamento basáltico e também a inclinação da caverna.
Já na figura 15 podemos observar a pouca incidência de luz da caverna, mesmo com duas aberturas relativamente próximas uma da outra e com sua localização em grande altitude. 
Conclusão
O trabalho de campo para a Serra do Itaqueri nos apresenta aspectos geomorfológicos diversos no interior do Estado de São Paulo e revela o histórico geológico dessa região de maneira fascinante, sobretudo por meio da espeleologia que nos permite estar literalmente dentro de um local historicamente formado pela litologia e os paleoclimas da região em que se encontra.
A importância desses campos para o processo de ensino-aprendizagem é imensa, principalmente por se tratar de uma ciência relativamente nova e que está se desenvolvendo nesse momento, a espeleologia deve ser constantemente incentivada, para propiciar a todos a oportunidade de vivenciar a geologia de maneira palpável e completa.
Contudo os sítios arqueológicos do Estado de São Paulo são instrumentos de estudo demasiadamente importantes para compreendermos a formação geológica do Brasil, com sua litologia, paleoclima e biodiversidade, os quais tomamos conhecimento por meio das rochas, geomorfologia, fósseis e registros (pinturas rupestres) encontrados nas cavernas.
Referências
BRANCO, F. R.; CAIRES, E. T.; SILVA, A. M.. Levantamento de ocorrências fósseis nas pedreiras de calcário do Subgrupo Irati no estado de São Paulo, Brasil. Trabalho apresentado para a Revista Brasileira de Geociências. São Paulo. 2008, p. 78-86.
OLIVEIRA, A.M.; FARIAS, V.; COELHO, R.C.S.; RODRIGUES, L.G; MIRANDA, P.R.A.. Novo registro de sítios arqueológicos em cavernas areníticas na região de Analândia, Estado de São Paulo. In: RASTEIRO, M.A.; SALLUN FILHO, W. (orgs.) CONGRESSO BRASILEIRO DE ESPELEOLOGIA, 33, 2015. Eldorado. Anais... Campinas: SBE, 2015, p. 13-20.
PERINOTTO, J. A. J.; ETCHBEHERE, M. L. C.; SIMÕES, L. S. A.; ZANARDO, A.. Diques Clásticos Na Formação Corumbataí (P) No Nordeste Da Bacia Do Paraná, Sp: Análise Sistemática E Significações Estratigráficas, Sedimentológicas E Tectônicas. Trabalho apresentado para o v. 27 da Revista de Geociências da UNESP. São Paulo. 2008, p. 469-461.

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