Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO I NÚCLEOS DA BASE Estudamos em anatomia, os livros americanos trazem o nome de “gânglios da base” mas não é uma denominação correta, porque aquilo é núcleo, tem mesma origem embrionária do telencéfalo, então são “núcleos cinzentos da base”. O Tálamo pela escola alemã é considerado um núcleo da base, e a escola alemã considera esse núcleo como parte do núcleo da base. A escola americana, inglesa, e, francesa, acha que por ele ter outras funções sensoriais, ele todo não seria participante dos núcleos da base. Na região mesencefálica, temos a substância negra. O Núcleo Caudado tem forma de cauda, cabeça está muito ligada a região frontal, o corpo, e, a cauda, que vai se aproximar da Amígdala temporal, isso é de cada lado, essa estrutura é dupla. Vemos nessa imagem à direita também o Putâmen, parece uma concha, e, mais para dentro, temos o Globo Pálido Externo e Globo Pálido Interno (tem esse nome porque na macroscopia é visto empalidecido). Nesse corte, com uma coloração específica, em que a substância branca fica escura, e a substância cinzenta fica mais clara, podemos ver bem. Temos a cabeça do Núcleo Caudado, o Putâmen, formando o Neoestriado, porque é o estriado mais novo na embriogênese, ou simplesmente, “Estriado”. Temos o Núcleo Accumbens, que alguns colocam como Núcleos da Base, mas, esse é mais importante na doença de Alzheimer. O núcleo é chamado de Estriado porque entre os dois passa a cápsula interna, e, existem pontes entre o Caudado e o Putâmen, que estriam a cápsula interna. Então, o aspecto que se dá é de Núcleo Estriado. DISCIPLINA NEUROLOGIA AULA DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO I PROFESSOR CARLOS HENRIQUE ▪ NÚCLEO ESTRIADO = CAUDADO + PUTÂMEN; ▪ NÚCLEO LENTIFORME = PUTÂMEN + GLOBO PÁLIDO; ▪ NÚCLEO ACCUBENS = PUTÂMEN CABEÇA DO CAUDADO; ▪ NÚCLEO SUBTALÂMICO DE LOUIS; ▪ AMÍGDALA. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Na região mesencefálica, temos a Substância Negra, o Locus Niger de cada lado. Temos o feixe piramidal, o núcleo vermelho, e, o tegumento do mesencéfalo, e, temos também o núcleo do III nervo. RESUMO O Complexo Amigdaloide, faz parte do Arquicerebelo, está muito mais ligado ao lado da emocionalidade, das respostas vegetativas. Então, devemos nos atentar que os sintomas de alteração de núcleos da base pioram com quadros emocionais, estresse, devido essa interligação. CIRCUITOS Podemos ver uma conexão entre o córtex, passando por esses núcleos, indo ao tálamo, e, do tálamo, retornando ao córtex. Então, é um circuito. Todo circuito no SN indica um feedback, então, temos aqui uma eferência e uma aferência. *Não tem ligação de qualquer núcleo da base com o motoneurônio inferior, isso é feito diretamente pela via piramidal. Então, para esses núcleos participarem da formação de movimentos voluntários, e, da adequação de movimentos voluntários com a sua intenção. Por exemplo, “estou a frente da minha caneca, e quero pegá-la para beber água”, eu planejei o movimento, e, vou executar. Esse movimento de execução é diferente, por exemplo, se tiver algo mais pesado em cima da mesa, que eu tenha que tirar de cima da mesa. Tenho que aplicar mais energia, o movimento tem que ser outro, então, o que acontece é que na região pré-motora, onde começa a ser construído a proposta de execução daquilo que foi planejado, manda informação para os núcleos da base, os núcleos da base vão processar essa informação pré-motora, e, devolver à região cortical motora a adequação do movimento. Portanto, os núcleos da base são fundamentais para o planejamento adequado dos movimentos DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY voluntários, e, junto disso, o que dá o embelezamento para alguns movimentos voluntários são alguns movimentos automáticos. Quando andamos, balançamos os braços. O movimento das pernas, deslocamento, é um movimento voluntário, mas, o balançar dos braços não é voluntário, é automático. À medida que caminhamos mais rápido, até o correr, esse movimento automático dos membros superiores vai se ampliar, esses movimentos então, ajudam, de forma a fazer o movimento voluntário ser mais elegante. Uma outra característica, é que se alguém nos empurrar por trás, com uma intensidade muito grande, nós, normais, somos capazes de dar um passo a frente e se reequilibrar, então, esse reequilíbrio, indica rearranjo do reflexo tônico-postural. A mesma coisa, se alguém nos empurrar para trás, se não for muito brusco, somos capazes de dar um passo para trás, e, se reorganizar, pelo reflexo tônico-postural, essa é outra função dos núcleos da base. Então, são núcleos que participam dos movimentos automáticos. Antigamente, eles eram chamados de “Núcleos Extrapiramidais”, que estavam fora do feixe piramidal, mas hoje se viu que é melhor reuní-los com o nome de “Núcleos da Base”. Esses circuitos, tem uma rica suplência de neurotransmissão, que vai interferir junto a função de cada um desses núcleos, e, no final, na função do córtex. Os estímulos que vem do córtex para região de núcleos da base, o neurotransmissor de preferência, é glutamatérgico. Mas há presença em outras regiões de outros neurotransmissores, como os colinérgicos, gabaérgicos, dopaminérgicos (na substância negra). Essa circuitaria é uma ligação sináptica com neurotransmissores diferentes. Do córtex cerebral para o estriado (núcleo caudado + putâmen), o neurotransmissor, por excelência, é o Glutamato. O Glutamato é um neurotransmissor que ativa, ele é excitatório. A partir disso, existem dois tipos de caminhos, o estriado manda mensagem para o globo pálido interno (ou medial), daí, para o tálamo, do tálamo, para o córtex. Essa, é uma via que chamamos de direta. Essa via, acaba sendo uma via de inibição da atividade tálamo-cortical. Apesar do Glutamato ser excitatório, o estriado libera GABA que é inibitório, inibe o globo pálido interno, que, por sua vez, também libera GABA, também inibidor, obviamente, sobre o núcleo ventro-lateral do tálamo. Ou seja, retardando o estímulo do Glutamato, inibe o retorno da atividade tálamo-cortical. Então, essa é uma via que pode tanto excitar, quanto pode impedir a atividade tálamo-cortical. VIA DIRETA (excita o córtex): Córtex -> Estriado -> GPi -> Tálamo -> Córtex Temos então, dois caminhos, um caminho da via direta, e, um caminho da via indireta, ambas são moduladas. A substância negra, localizada no mesencéfalo, produz a Dopamina. A Dopamina, dependendo de onde vai se ligar, sendo receptor D1 ou receptor D2, ela vai ter uma ação diferente. Por exemplo, se a Dopamina se ligar ao receptor 1 no estriado, ele vai fazer a produção de GABA, que é inibidor sobre o globo pálido interno, e, também sobre a substância negra (temos a via nigroestriatal, mas existe a via estriatonigral, como se fosse um feedback de facilitação e inibição). Globo DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY pálido interno, também libera GABA para o tálamo, e, daí, inibido, temos a inibição do tálamo. Então, essa é a via direta. A via indireta, temos passagem da Dopamina para o receptor D2, que vai liberar GABA para o globo pálido externo (GPe), para substância subtalâmica de Louis (STN), daí, para o globo pálido interno (GPi), e, então, para o tálamo. VIA INDIRETA (diminui atividade do córtex): Córtex -> Estriado -> GPe -> Substância Subtalâmica de Louis -> GPi-> Tálamo -> Córtex Consequentemente, temos uma outra função. Esse mecanismo de caminho direto, via direta, ou, via indireta, está sendo questionado, porque aqui conseguimos identificar alguns sintomas que ocorrem, por exemplo, em doenças do sistema extrapiramidal, mas não consegue, por exemplo, entender o tremor. *Professor disse para não nos preocuparmos com esses circuitos em avaliações, porque isso está em revisão constante. Além da via direta e indireta, temos também a via hiper- direta, entre a substâncianegra do mesencéfalo, até o núcleo caudado. Aqui vai depender se a Dopamina vai se ligar ao receptor D1 ou D2 de Dopamina. TIPOS DE DISTÚBIOS DOS NÚCLEOS DA BASE: HIPOCINÉTICOS X HIPERCINÉTICOS DISTÚRBIOS HIPOCINÉTICOS Exemplos: DISTÚRBIOS HIPERCINÉTICOS Exemplos: - Resultam da atividade reduzida na via direta; - Restrição ou lentidão dos movimentos; - Não explica o tremor. Doença de Parkinson - Resultam da atividade reduzida na via indireta; - Aumento da atividade tálamo-cortical. Coreia dança das articulações, movimentos involuntários em que as articulações se movem constantemente, podendo haver careteamento também. Balismo movimento brusco de um segmento ou de um dimídio. Atetose movimento constante de dedos das mãos e dos pés, como se fossem movimentos vermiculares nos dedos. Parkinsonismo Tremor movimento oscilatório, rítmico, em torno de seu próprio eixo, podendo ser “tipo contar moedas/pílulas”, ou, movimentos de supinação/pronação. Mioclonia abalo de um grupo muscular, igual a mioclonia do sono, que todos nós temos, a mioclonia existe em várias situações clínicas, inclusive nas epilepsias, as chamadas “epilepsias mioclônicas”. Distonia contração mantida de um segmento, ou de todos os segmentos durante um tempo, por exemplo, ele roda o pescoço e fica mantendo essa contração durante um tempo, de maneira automática, isso não depende do paciente, não é voluntário. Acatisia irriquietude, paciente não para quieto, senta, levanta, caminha anda. Tique “cagoete”, pode ser um movimento rápido, intenso, que se assemelha a alguma coisa que você já conhece, podendo ser com a boca, com a voz, bater em uma mesa, repetir um movimento constantemente. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY DOENÇAS DOS NÚCLEOS DA BASE DOENÇA DE PARKINSON TREMOR ESSENCIAL COREIA DE SYDENHAN DOENÇA DE HUNTINGTON DOENÇA DE WILSON SINDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA DOENÇA DE GILLES DE LA TOURETTE DISTONIA INTRODUÇÃO DOENÇA DE PARKINSON JAMES PARKINSON (1817) A doença de Parkinson foi descrita em 1817 por James Parkinson, um médico inglês, que era portador dessa condição. Ele observou nele e em outros doentes, um quadro que ele chamou equivocadamente de uma “paralisia agitante”, ou “paralisia tremulante”. Ele achava que o paciente tinha paralisia, mas não era paralisia, já que a paralisia ocorre quando há comprometimento da via motora, seja piramidal, ou, do segundo neurônio. Ele fez a descrição dessa condição apenas com observação e inspeção, usando a técnica hipocrática, não conhecia martelo de reflexos, nem diapasão. Ele reconheceu bem o tremor, não reconheceu a rigidez, mas reconheceu a bradicinesia (pouco movimento). Identificou como uma condição médica independente das já descritas até o momento, então, é uma entidade mórbida isolada, e, na opinião dele, a doença era causada pelo uso imoderado de cafeína. Charcot e Vulpian, melhoraram a observação dessa condição, e, em homenagem a James Parkinson, tiraram o nome de “paralisia tremulante”, e deram o nome de “Doença de Parkinson”. O que chamava mais atenção, ao final de alguns anos, era uma mente cognitiva ativa, aprisionada em um corpo disfuncional. O grande medo dos doentes, é de perder o controle da própria liberdade de movimento, e, estar ciente disso é uma perspectiva aterrorizante para a maioria das pessoas. Então, até o momento essa é uma condição crônica e inexorável, que vai piorando com o passar dos anos, a velocidade de progressão, é o que podemos alterar com o tratamento. PANDEMIA DE GRIPE ESPANHOLA (1918-1920) Quando foi no início de século XX, aconteceu uma famosa pandemia, que rapidamente acometeu o mundo todo. Era um quadro muito rápido de um processo gripal, que com poucos dias podia levar o paciente a um quadro letárgico, de grande sonolência. Veio então a famosa pandemia, da gripe chamada inconvenientemente de “espanhola”, que acometeu o mundo entre 1918 e 1920, o pico foi entre 1918-1919. Hoje se sabe que essa doença se originou em um forte no Cansas, onde os soldados americanos estavam sendo treinados para irem para a primeira guerra mundial na Europa. Quando chegavam na Europa, os soldados americanos aportavam na Espanha e na França, como muitos soldados entraram pela Espanha, e, a Espanha não estava em guerra, então tinha muito espaço na imprensa para divulgar esse novo acontecimento sanitário, então, pela quantidade de matérias na imprensa espanhola, ficou com esse nome. Ficou durante muito tempo como uma doença de causa desconhecida, mas infecciosa. ENCEFALITE LETÁRGICA (ENCEFALITE VON ECONOMO): Constantin Von Economo, um austríaco, começou a estudar essa doença europeia do sono, porque os doentes entravam depois do quadro gripal, em grande sonolência, por isso, era chamada de “Encefalite Letárgica”. Eles tinham um quadro gripal, que era seguido rapidamente por grande sonolência (as vezes torpor e coma), paralisias oculares, alterações bulbares (dificuldade para deglutir) e alterações de comportamento. Acometia principalmente crianças e adultos jovens (diferente da pandemia atual, a princípio). Evolução as vezes rápida, alguns morriam na fase aguda (40%), em poucos dias. Aqueles que não faleciam, podiam permanecer no quadro de catatonia lúcida (bradicinesia, que lembrava a doença de Parkinson). Desses 60% que sobreviveram, 1/3 desenvolveu, 3 a 5 anos depois da Encefalite Letárgica um quadro de grande rigidez e bradicinesia, como não era igual a doença de Parkinson, e, sim, parecida, começou-se a chamar essa condição de Parkinsonismo. RELAÇÃO COM ATUALIDADE Núcleos da base tem receptores AC2, receptores para o coronavírus, por isso, é bem provável que possam ocorrer casos de Parkinsonismo daqui alguns anos. Hoje, os doentes de Parkinson, já com diagnóstico, podem piorar muito seu quadro, por 2 motivos, a necessidade de aumentar o medicamento, que estavam controlando sua condição clínica, provavelmente, por uma ação ou direta do vírus, ou pela tempestade de citocinas que o doente passa durante o processo de infecção. Outro motivo, pode ser pelo quadro de diarreia, que alguns pacientes podem apresentar, e, consequentemente, com a diarreia, menos medicação fica no tubo digestivo para ser absorvido, e, o doente tem então piora do seu quadro clínico. OLIVER SACKS Inglês que se formou em medicina, depois fez neurologia, e, migrou para os EUA, lá, como era de uma família de poucos recursos, aceitou o primeiro emprego que apareceu na vida dele, que foi trabalhar como médico em um dispensário de pacientes psiquiátricos, lá chagando, ele verificou que muitos pacientes eram vitimados pela Gripe Espanhola, e, tinham esse quadro de Parkinsonismo pós encefalítico. Ele descreve isso em seu livro “Em tempo de despertar”. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY PARKINSONISMO DOENÇA DE PARKINSON “IDIOPÁTICA” PARKINSONISMO SECUNDÁRIO INDUZIDO POR FÁRMACOS PARKINSONISMO-PLUS (ATÍPICO) Parkinsonismo + alguma coisa, como alteração cognitiva, de equilíbrio, hipotensão postural, ataxias, déficits cognitivos maiores Temos no início do século XX a descrição da doença de Parkinson idiopática, que não sabemos a causa até hoje. Esporádica (baixa penetrância genética) ou familiar (autossômica dominante). PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA DEGENERAÇÃO CORTICOBASAL ATROFIA DE MÚLTIPLOS SISTEMAS DCL - Síndrome de Shy dragger; - Degeneração nigroestriatal; - Atrofia olivopontocerebelar. Depois começou a aparecer quadros parecidos com a Encefalite Letárgica, mas já decorrente a fármacos e substâncias tóxicas. INDUZIDO POR DROGAS INDUZIDO POR TOXINAS VASCULAR INFECCIOSO HIPOPARATIREOIDISMO - Neurolépticos; Ex: Haloperidol. - Metoclopramida; Ex: Plasil. - Lítio; Vem sendo muito usado em doenças psiquiátricas, profiliaxia da Enxaqueca em salvas. - Cinarizina. Foi muito usada para vertigem. - Manganês Costuma ocorrermuito no Maranhão, que tem mina de Manganês, não tem tremor – não é típico-, já começa bilateral, rigidez, e, grande bradicinesia, e, às vezes, alteração da motricidade extrínseca ocular. - Monóxido de carbono Não tem odor. - Metanol; Encontrado na gasolina, já que é permitido usar o álcool na gasolina, e, ele, no seu processo de síntese, pode ser usado alguns fragmentos da folha da cana, não só a cana, que invés de produzir Etanol, produzem Metanol, que é extremamente volátil. Problema sério não só para cegueira (lesão do nervo óptico), quanto para desenvolvimento de doenças, como o Parkinsonismo. O que deveria ser feito, é que ao abastecer o carro, mesmo com gasolina, o frentista devia usar máscara, e, nós deveríamos sair do carro, para não ter possibilidade de absorver Metanol. - MPTP; Substância que foi usada para aumentar o potencial da Heroína, em pessoas que são adtas a Heroína, mas essa substância na veia, foi observado que desenvolvia um quadro agudo de parkinsonismo em muitos doentes, e, muitos pacientes sobreviviam, mas muitos poderiam morrer. Aqueles que morriam, durante a necropsia, se observava uma substância negra totalmente despovoada de neurônios dopaminérgicos. Então, mostrando que se conheceu uma substância tóxica, externa, não fabricada pelo organismo, presente na natureza. - Rotenona. Pesticida usada para produção de animais, de modelo experimental para doença de Parkinson. Infelizmente, vem sendo usada na nossa agricultura. A Os núcleos da base precisam de nutrição, temos uma belíssima irritação nos núcleos da base, então, um processo de ateromatose, pode desenvolver esse quadro, e, comprometer função de qualquer parte, ou todo, dos núcleos da base, levando a um quadro de Parkinsonismo vascular. - Pós encefálítico; Qualquer uma. - Neurolues; Ocorreu após a “gripe espanhola”, a neurossífilis, veio na onda do HIV); - AIDS Hemi parkinsonismo. - PRION; Doença infecciosa não por um microrganismo, mas por uma toxina. Depósito de cálcio nos órgãos, e, principalmente, nos núcleos da base. Quadro difuso, predominantemente de rigidez, e, bradicinesia. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Doença de Parkinson é muito mais comum na zona rural em relação a zona urbana, em decorrência do uso de alguns agrotóxicos. Essa, é proibida na Europa, na América do Norte, mas vem sendo usada no Brasil. EPIDEMIOLOGIA ▪ Maior incidência após os 50 anos; ▪ Rara antes dos 20 (PARKINSON JUVENIL); ▪ Prevalência de 1 a 3% em pacientes com mais de 65 anos; Depois do Alzheimer, é a doença “degenerativa” mais comum. ▪ Maior predomínio no sexo masculino (mulheres e estrogênio como possível fator de proteção); ▪ Associação de alguns fatores ambientais (herbicidas e pesticidas). Por isso, é mais comum na zona rural, em relação a zona urbana; ▪ Fatores protetores: Cafeína e Tabaco. DOENÇA DE PARKINSON SINTOMAS MOTORES Das 6 características básicas, não pode faltar de início o TREMOR DE REPOUSO e a BRADICINESIA OU HIPOCINESIA. As outras alterações, vão ocorrer durante a evolução do quadro. Tem uma característica, esses sintomas não comprometem os dois lados de início. 01:08 TREMOR DE REPOUSO* - Diminui ou desaparece quando se inicia o movimento; - Manifesta-se na manutenção prolongada da postura (podendo ser um tremor postural também); Pode ser de MMII, de cabeça, mas, ele começa de forma segmentar (unilateral), (diferente do parkinsonismo- tremor bilateral). Na doença de Parkinson, vai acontecer bilateral, com a evolução, mas sempre com um lado mais evidente em relação ao outro; Tremor pode ser intencional em alguns momentos, ele desaparece quando se inicia o movimento; - Frequência de 4 a 6 Hz; - Preferentemente os membros. Pode atingir segmento cefálico; - Pode ser melhor observado durante a marcha, ou quando pedimos para colocar a mão em cima da mesa de exame; - Tremor de contar moedas; - O tremor só incomoda anos depois, porque a princípio ele devenvolve estratégias para diminuir o tremor (segurar a mão que treme), o que mais incomoda é bradicinesia e freezing. BRADICINESIA OU HIPOCINESIA* - Também começam segmentadas (já no Parkinsonismo, é difuso, universal); - Lentidão de movimentos e hipocinesia à redução da amplitude dos movimentos principalmente nos repetitivos (pedir para fazer movimento de pinça); - Pobreza de movimentos e lentidão de iniciação e na execução de atos motores voluntários e automáticos; - Hipomimia (pouca mímica facial); - Com evolução da bradicinesia, a marcha fica em passos curto. Tende a ter ausência do balançar de braços durante a marcha, início no braço acometido, com a evolução da doença, movimento passa a ser alterado nos dois braços; - Hipofonia (voz muito baixa) e Aprosodia (perde um pouco a melodia da linguagem); - Micrografia (letra pequena e tremulante); - Disfunção de musculatura esofagiana, principalmente esôfago superior, por isso, começa a sair saliva pelo canto da boca (depois de alguns anos, andam sempre com lencinho para enxugar a boca). RIGIDEZ - Hipertonia plástica (“rigidez em cano de chumbo”) que é o aumento da resistência passiva em todo movimento passivo (peço o doente para deixar o braço na nossa mão, apoio o cotovelo em uma das mãos, e, com a outra, faço movimento de flexo-extensão, veremos que ele tem dificuldade para fazer tanto a extensão quanto a flexão); DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY - Movimento também pode ser visto, quando faço movimento de flexo-extensão em uma articulação, é o chamado Fenômeno da roda denteada (movimentos de start-stop), períodos de liberação rítmicos e intermitentes durante a movimentação passiva. Pode ocorrer também na musculatura ocular, pedimos para ele manter a cabeça fixa, e, acompanhar seus dedos na mudança do campo horizontal. Veremos que ele não acompanha de maneira contínua os dedos, ele vai fazendo trancos. É a combinação da rigidez com o tremor; - Na imagem, podemos ver como pesquisar a roda denteada no punho, a mão do examinador segura o punho, ele faz o movimento de flexão-extensão, posso sensibilizar pedindo ao paciente que faça na outra mão o mesmo movimento que está sendo feito nessa, nisso, a tendência é aumentar a roda denteada nesse lado. INSTABILIDADE POSTURAL (PERDA DOS REFLEXOS POSTURAIS) - Reflexos do endireitamento, de ficar em pé e sentado. Instabilidade postural é responsável por quedas. Quanto mais precoces, mais comum nos parkinsonismos-plus (se isso estiver acontecendo desde o início). NÃO ESTÁ PRESENTE NAS FASES INICIAIS DA DOENÇA DE PARKINSON; - Imagem do esquiador (DEPOIS DE MUITOS ANOS DE EVOLUÇÃO); - Festinação ou precipitação ao andar, pode acontecer no início (evita começar, arrasta os pés no chão, como se tivesse preso a um magneto no chão, e, depois começa a andar mais rápido) ou final da marcha (quando falamos para ele parar, demora a parar, a frenação é lenta, aumenta a velocidade para acompanhar o centro de gravidade alterado). POSTURA FLETIDA - Essa postura fletida chama-se Camptocormia; - Início em MMSS, e, por fim em todo corpo; - Ao caminhar, marcha em bloco, à busca do novo centro de gravidade. BLOQUEIOS MOTORES (CONGELAMENTO= FREEZING) - Bloqueio de movimento por um momento, incapacidade transitória de realizar movimentos ativos. Hesitação no início do andar ou ao aproximar-se de algum obstáculo; - Dificuldade em abrir os olhos, ao mandar ele fechar e abrir os olhos, ele pode ter dificuldade para abrir (apraxia de abertura ocular); - Receio em lidar com barreiras percebidas; - Os pés parecem estar presos no chão, e, de repente, se deslocam. SINTOMAS NÃO MOTORES ▪ Alguns achados precedem os sintomas motores: - A maioria tem hiposmia ou anosmia (já que o núcleo da olfação é dopaminérgico, mas é difícil alguém ir para o ambulatório com essa queixa, até porque muitos pacientes com rinite alérgica tem hiposmia, ou anosmia);- Perda do paladar (hipogeusia ou ageusia); - Constipação intestinal (pode preceder em anos, núcleo dorsal do vago); - Sonolência diurna excessiva (já que começa a ter distúrbios do sono a noite, e sonolência diurna); ▪ Contribuem para o impacto da doença na qualidade de vida, por isso, é uma doença de repercussão sistêmica. O INÍCIO DOS SINTOMAS É UNILATERAL, TORNANDO-SE BILATERAL EM ESTÁGIOS POSTERIORES. MESMO ASSIM, A ASSIMETRIA PERSISTE AO LONGO DA DOENÇA (UMA MÃO PODE TREMER UM POUCO MAIS QUE A OUTRA). VEGETATIVOS Constipação intestinal e hipotensão ortostática ALTERAÇÕES SENSORIAIS Alteração do olfato e paladar NEUROPSIQUIÁTRICAS Depressão, ansiedade, medo e pânico, demências (por último) MISCELÂNEAS Distúrbios do sono, urgência miccional, noctúria, perda inexplicável de peso, distúrbios sexuais, sudorese profusa e seborreia. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY O CURSO DA DOENÇA DE PARKINSON Foi constatado uma correlação entre tempo de doença e número de células dopaminérgicas na substância negra. Se tivermos 100% das células dopaminérgicas funcionantes, não há problema algum. Isso vai morrendo ao longo dos anos, e, parece que 5% por década, mas pode ser acelerado por fármacos, drogas, substâncias tóxicas, ou seja, isso é algo a ser conhecido, o período pré doença, em que ainda não há sintomas. Depois, entra-se em uma fase chamada “fase prodrômica” em que o número de células dopaminérgicas diminui, mas você não sabe, e, começam a aparecer sintomas não motores, como depressão, alteração do sono REM, constipação, perda do olfato. E, vai aparecer os primeiros sintomas motores, quando você já perdeu uma quantidade significativa de células dopaminérgicas. SUBTIPOS DA DOENÇA DE PARKINSON Temos dois subtipos clássicos da doença de Parkinson: TREMULANTE BRADICINESIA-ACINESIA Uma forma que predomina o tremor (parkinson tremulante) tendem a seguir um curso de doença mais lento, e, não comprometem tanto a qualidade de vida do paciente. As formas dominantes de rigidez de bradicinesia-acinesia, prejudicam mais a qualidade de vida dos pacientes TAMBÉM PODEMOS ENCONTRAR QUADROS DE FORMA MISTA (TREMULANTE/ BRADICINESIA-ACINESIA); DEVEMOS LEMBRAR QUE: NEM TUDO QUE TREME É PARKINSON, E, NEM TODO PARKINSON TREME. ▪ Além dessas heterogeneidades clínicas, também existem diferentes formas genéticas e patológicas da doença, todas contribuindo para um fenótipo variado. Temos quadros de PARKINSONISMO FAMILIAR, que se encontram em aproximadamente 10% dos quadros, 90% a doença é episódica, não tem uma história familiar nítida. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOENÇA DE PARKINSON PARA OUTRAS FORMAS DE PARKINSONISMO QUE CHAMAMOS DE ATÍPICO ▪ Início simétrico dos sintomas; ▪ Ausência de tremores; ▪ Anormalidades precoces na marcha; ▪ Instabilidade postural precoce; ▪ Demência que precede sintomas motores; ▪ Sinais piramidais; ▪ Sinais cerebelares (ataxia, prova dedo-nariz, nistagmo); ▪ Movimentos oculares (mais comum nos parkinsonismos atípicos, principalmente, pós encafalíticos); ▪ Hipotensão ortostática sintomática no início da doença. ACHADOS CLÍNICOS QUE SUGEREM DIAGNÓSTICO ALTERNATIVO ▪ Tendência a quedas logo no início da doença; ▪ Pouca resposta a levodopa; ▪ Rápida progressão da perda da instabilidade postural, nos casos de doença leve ou moderada, em relação a outros achados da doença; ▪ Sintomas motores simétricos. DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOENÇA DE PARKINSON X PARKINSONISMO DOENÇA DE PARKINSON PARKINSONISMO ▪ TREMOR DE REPOUSO; ▪ BRADICINESIA; ▪ RIGIDEZ; ▪ ALTERAÇÕES DE REFLEXOS POSTURAIS. ▪ BRADICINESIA; ▪ RIGIDEZ; ▪ CRISES OCULÓGIRAS; ▪ DISTONIAS. ETIOLOGIA ▪ Provavelmente, multifatorial: Fatores genéticos e epigenéticos (trata de mecanismos moleculares envolvidos na interação entre fatores ambientais e a expressão da informação contida no DNA); ▪ Associação epidemiológica com metais (manganês) e derivados do petróleo; ▪ Associação de neurotoxinas ambientais (MPTP que se transforma no organismo em MPP+, tóxico, e, desenvolve Parkinson agudo); ▪ Excesso de produção de radicais livres; ▪ Anormalidades mitocondriais (núcleos da base vivem da energia produzida pela mitocôndria, se ela falha, o neurônio morre); ▪ Predisposição genética; ▪ Envelhecimento do SNC. PATOLOGIA ▪ Perda importante de neurônios da substância negra mesencefálica, e Locus ceruleus na parte dorsal superior da ponte; ▪ Neurônios remanescentes com a presença de inclusões eosinofílicas citoplasmáticas (corpúsculos de Lewy- marcador celular da doença). Nessa imagem, temos a substância negra, ela é negra porque tem neuromelanina, por isso fica com esse aspecto de “bigode escuro”. FISIOPATOLOGIA O que se vê é perda importante dos neurônios dopaminérgicos, os sinais clínicos começam a se manifestar depois de uma perda importante de 60 a 80% dos neurônios dopaminérgicos, a fase motora quando começa a aparecer muitos neurônios dopaminérgicos já morreram, e, não podemos esquecer que perdemos cerca de 5% dos neurônios da substância negra a cada década de vida; SUBSTÂNCIA NEGRA LOCUS CERULEUS RICA EM DOPAMINA RICA EM NORADRENALINA DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY ▪ Zona de patologia neuronal: A principal zona de patologia está dentro do SNC. A perda desses neurônios leva a subsequente redução dos níveis de dopamina no estriado. O estriado é o principal centro sináptico dos núcleos da base, onde ocorre a maior parte da neurotransmissão dopaminérgica funcional; ▪ Os sinais clínicos da doença começam a se manifestar depois de 60-80% dos neurônios dopaminérgicos e suas terminações estriadas são perdidas. Há uma perda de 5% de neurônios do SNC a cada década após o início. Quem coloca no estriado dopamina, é a substância negra, as células param de produzir dopamina para o estriado no Parkinson. ▪ A dopamina é precursora da Melanina. No início usava-se DL-DOPA, forma racêmica, começou a dar muita neoplasia de pele, por conta da produção de melanoma, e, então, eles isolaram, e, começaram a usar só a forma levogira que é a L-DOPA. ▪ Núcleo dorsal do vago é de onde saem neurônios para constituir o vago, por isso, temos a constipação intestinal anos antes dos sintomas motores da doença, porque a doença pode começar no núcleo dorsal do vago. Esses axônios vão para o plexo de Meissner e Auerbach do aparelho digestivo, então, hoje, se hipotetiza a presença de alfa sinucleina mal dobrada, corpúsculos de Levy sendo encontrados lá. Por isso, questiona-se se a doença de Parkinson começaria na parte intestinal e ascenderia, e, ao chegar na substância negra, começaria a parte motora, e, ao ascender para o córtex, viriam as alterações das chamadas demências no paciente parkinsoniano. Isso não é um consenso. ▪ Todas essas doenças podem chamar-se de proteinopatias, tanto a prionica quanto a doença de Parkinson são ocasionadas por dobramento equivocado pelo RNAribossomico, por alteração epigenética, que algo foi feito, que alterou a expressão e transcrição disso. A imagem da direita, mostra na doença de Parkinson a ausência completa da substância negra, comparado, com atrofia de multiplos sistemas, parkinson-plus, que ainda tem um resíduo de substância negra. O defeito é na via nigroestriatal. Essa via conduz a dopamina produzida na parte compacta da substância negra (ela tem a parte reticulada e compacta) para o estriado. Então, na imagem à esquerda, mostra-se em um paciente normal, a riqueza sináptica desse neurônio. E, na doença de Parkinson, a pobreza sináptica pela morte e despopulação de neurônios da substância negra. CORPOS DE LEWY E ALFA-SINUCLEINA DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Depois, estudando de perto o corpúsculo de Lewy, verificou-se que ele era feito, principalmente, por aglomeração de uma proteína, chamada alfa-sinucleína,tem também a ubiquitina (como se fosse o controle de qualidade da célula para haver produção de proteína, quando a proteína é formada, a Ubiquitina se liga a ela, e, leva ela de volta ao proteossoma para ela ser quebrada e reaproveitarem seus aminoácidos). A alfa-sinucleína é uma proteína transmembrana, muito presente no citoplasma, é importante na transmissão sináptica porque ela é importante no processo de vesiculação para formar as vesículas pré-sinápticas, e, armazenar os neurotransmissores, e, ela também é um importante elemento na mitocôndria. O defeito no sistema proteico, pode ser um dos grandes problemas pela morte da célula, a começar pela mitocôndria, se tem fatores genéticos, muitos ligados a expressão genética da proteína chamada ubiquitina, fatores ambientais, como toxinas ambientais, estresse oxidativo, excitotoxicidade (excesso de glutamato nessa região), e, ausência de fatores neurotróficos. Por isso, podemos degenerar a mitocôndria, a célula sem mitocôndria acaba se degenerando. Então, o acúmulo de alfa-sinucleína, quando se acumula, ela se liga umas as outras, ela perde sua função, e, esse grumo formado passa a ser tóxico. Ou é tóxico, ou indica uma disfunção mitocondrial grave, e, consequentemente, há morte dos neurônios. Braak, um grande patologista alemão, que trabalhou com peças armazenadas no banco de cérebro da austria, ele verificou que nos cortes de cérebros armazenados as alterações começavam a acontecer presença do corpúsculo de Lewy na região do núcleo dorsal do vago, ou seja, bem abaixo da substância negra, que está localizada mais acima, no mesencéfalo. Ao olhar os prontuários DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY dos doentes, ele verificou que esses pacientes tinham queixas de constipação intestinal, e, também tinham alterações na olfação. Em outros pacientes, ele já encontrava alteração motora, tinha falta de neurônio no núcleo dorsal do vago, e no núcleo mesencefálico na substância negra. E, um terceiro estágio que ele observava a presença de degeneração de neurônios no tronco cerebral, e, também no córtex. Então, ele viu um desenvolvimento da Doença de Parkinson caudal-rostral (caudo-encefálico). Isso ficou conhecido como “os estágios de Braak”. Então, verificou-se que, na verdade, o núcleo motor do vago, que já tem esses depósitos de alfa-sinucleína, as origens dos núcleos que vão fazer sinapse com esse núcleo dorsal estão localizados no aparelho digestivo. O aparelho digestivo, ou também chamado de “sistema nervoso entérico”, é o segundo lugar do organismo que tem o maior número de neurônios, tanto que chamamos de “segundo cérebro”. Então, começaram a estudar o sistema nervoso entérico desses pacientes, e, encontraram o corpúsculo de Lewy no sistema nervoso entérico. Então, a pergunta que se faz, é se a doença de Parkinson tem início no sistema nervoso entérico, e, se isso é devido a colonização bacteriana do nosso intestino. Isso explicaria, por exemplo, os sintomas não motores, como a constipação. FATORES DE RISCO ▪ Idade; ▪ Toxinas ambientais; ▪ Vascular; ▪ TCE (doença pugilística- parkinsonismo); ▪ Mais comum no homem do que na mulher (fator protetor- estrogênio, provavelmente); ▪ Afro-americanos tem metade da probabilidade de serem diagnosticados com a doença do que caucasianos; ▪ Genética: - Risco aumentado se houver história familiar; - Achados de concordância completa em gêmeos monozigóticos da doença, pelo menos nas formas de início precoce <50 anos (indica que deve existir algum marcador genético); ▪ Em 1990 foi descoberto o gene PARKIN que é responsável pela síntese da alfa-sinucleína, que vai levar ao prejuízo da função da mitocôndria, e, do trânsito das vesículas sinápticas na região pré-sináptica. Depois se descreveu o gene PARKIN-2 que é uma ubiquitina E3 ligase, responsável por um Parkinson juvenil autossômico recessivo. Depois foram descritos uma série de outros genes, o gene LRRK2 é uma das causas mais comuns de Doença de Parkinson familiar (nesse caso, é autossômica dominante), isso já existe comercialmente para ser identificado. Muitos desses genes do LRRK2 estão associados a disfunção da mitocôndria, sendo provavelmente um dos lugares de disfunção da mitocôndria. ▪ As formas genéticas, começam mais cedo, e, a evolução é mais lenta, e, há uma resposta mais sustentada à terapia de reposição de dopamina, em relação a forma idiopática ou tardia. Pode começar diferente, em lugares diferentes do cérebro. TRATAMENTO DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY FARMACOTERAPIA Não tem um tratamento curativo, o tratamento é de reposição daquilo que falta ao paciente, ou seja, Dopamina. Entretanto, se dermos Dopamina, não terá efeito sob SNC, ela será aproveitada por todas as células dopaminérgicas existentes no intestino, no coração, no rim, mas não penetrará, já que ela não passa a barreira hematoencefálica. 1. L-dopa, também chamada de Levodopa, passa a barreira hematoencefálica. Essa, é a dopa levogira. Esse tratamento é chamado de levodopoterapia. É absorvida, aumenta a oferta de Dopamina, é o mais potente tratamento SINTOMÁTICO da doença de Parkinson. Começo com doses baixas, 2 a 3 vezes ao dia, e, vou aumentando. Não devemos esquecer que a L-dopa sozinha vai ser também absorvida pelos neurônios intestinais, cardíacos, renais, por isso, hoje a combinação comercial é da L-dopa com Inibidor da dopa descarboxilase, que é a enzima que faz a transformação da L-dopa em dopamina. Então, se ela entrar no cérebro, também vai impedir, mas esse inibidor enzimático não penetra a barreira hematoencefálica. Penetra L- dopa, mas não penetra seu inibidor. Então, no SNC a L-dopa é convertida em dopamina, e, consequente, há sua ação sintomática. - Efeitos colaterais: Com o tempo, temos discinesias, e, flutuações motoras. Dizemos que quando o paciente está bem, ele está “on”, está ligado, e, temos o período “off”, seu período desligado. - Em 5 anos, aproximadamente 50% dos pacientes têm deterioração de dose (chamado “wearing off”), eles perdem o efeito da droga antes do tempo. Por isso, é muito importante ao fazer tratamento do Parkinson, perguntarmos quanto tempo dura o efeito da sua medicação. Por exemplo “tomei as 8, começou a fazer efeito meia hora depois, e, durou mais 3 horas, à medida que o tempo vai passando, esse tempo vai encurtando, ao invés de fazer efeito 3,4 horas, faz 1, 2 horas, obrigando o doente a aumentar sozinho o número de medicação, mas, com isso, vai acelerando os efeitos colaterais e a deterioração. Ou tem deterioração da dose, ou súbita perda do efeito terapêutico, esses são dois efeitos indesejados. 2. AGONISTAS DE RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS ESTIMULAM RECEPTORES ESTRIATAIS. Como a L-dopa causa muitos efeitos colaterais, a indústria farmacêutica começou a usar substâncias que agem direto no receptor da dopamina, ao invés de na substância negra, no núcleo caudado e putâmen. Esses são os agonistas de receptores sopaminérgicos. Com isso, esses agonistas estimulam os receptores estriatais dopaminérgicos. Temos dois tipos de agentes, os derivados do ergo (ergolínicos, da família do trigo), e, os não ergolínicos. ▪ Agentes ergolínicos: Bromocriptina; ▪ Agentes não ergolínicos: Pramipexole, Ropinirole, Apomorfina. Então, em pacientes mais jovens, no Parkinson familiar, a tendência é usar mais os agonistas dopaminérgicos. 3. OUTROS AGENTES DOPAMINÉRGICOS. ▪ Inibidores da MAO (IMAO): Selegilina (uma dose por dia, se tomada mais de uma vez por dia, pode dar quadro de agitação, e, até mesmo delirium), Rasagilina (mais usada, mas o preço ainda não é muito acessível), Safinamida. A MAO é uma enzima que existe no SNC que degrada a Dopamina, então, se deixarmos a Dopamina sob ação da MAO, ela vai degradar rapidamente, então, hoje se usa alguns agentes dopaminérgicos que são inibidores da MAO. ▪ Dopaminérgico leve, anticolinérgico e antiglutamatérgico (vai atuar no receptor de NMDA): Amantadina. 4. DROGAS ANTICOLINÉRGICAS (AGENTES NÃO DOPAMINÉRGICOS).Foram usadas muito no passado, hoje menos, por causa dos efeitos colaterais. No entanto, os anticolinérgicos são as melhores drogas para diminuir o tremor. ▪ Triexifenidil (mais usado no Parkinson tremulante). ▪ Biperideno (mais usado). Se o paciente já tem problema com trânsito intestinal, vai agravar, vai ter boca seca, dificuldade de esvaziamento gástrico, problemas de pressão ocular, turvação de visão. CIRURGIA Quando todos os outros elementos não dão uma boa resposta na qualidade de vida, podemos planejar algumas cirurgias. ▪ Palidotomia. ▪ Talamotomia. ▪ Estimulação cerebral profunda de alta frequência (NST, visa, geralmente, o núcleo subtalâmico de Louis, já que parece que aí está a origem do tremor). DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY ABORDAGEM IMPORTANTE PARA QUALIDADE DE VIDA ▪ Fisioterapia; ▪ Terapia ocupacional; ▪ Psicoterapia; ▪ Nutrição; ▪ Centros de mútua ajuda. RESUMO TRATAMENTO (HARRISON) LEVODOPA - É administrada como rotina em combinação com um inibidor da descarboxilase para evitar seu metabolismo periférico para dopamina e desenvolvimento de náuseas e vômitos. Nos EUA, a levodopa é combinada com a carbidopa. - A levodopa também está disponível em formulações de liberação controlada e em combinação com um inibidor da catecol-O-metiltransferase (COMT). - A levodopa permanece sendo o tratamento sintomático mais efetivo para a DP, e a ausência de resposta à medicação, apesar de um teste adequado, deve fazer o diagnóstico ser questionado. - Os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos e hipotensão ortostática, que podem ser evitados pelo aumento gradual. - As complicações motoras induzidas pela levodopa consistem em flutuações na resposta motora e movimentos involuntários conhecidos como discinesias. - Quando os pacientes começam a usar o fármaco, os benefícios são de longa duração; com o tratamento continuado, a duração do benefício após uma dose individual se torna progressivamente mais curta. AGONISTAS DA DOPAMINA - Um grupo diferente de fármacos que agem diretamente nos receptores da dopamina. Costumam ser usados os agonistas dopaminérgicos de segunda geração não derivados da ergotamina (p. ex., pramipexol, ropinirol, rotigotina). - Comparados à levodopa, os agonistas dopaminérgicos possuem tempo de ação maior e produzem estimulação mais uniforme dos receptores dopaminérgicos; são menos propensos à indução de discinesia em comparação com a levodopa. - São eficazes como agentes monoterápicos e como adjuvantes da terapia com levodopa. - Os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos e hipotensão postural. Alucinações e déficit cognitivo são mais comuns do que com a levodopa, devendo-se ter cuidado nos pacientes com mais de 70 anos. - Foi relatada a sedação com episódios súbitos de adormecimento na direção. - Existe associação com transtornos de controle dos impulsos, incluindo jogo patológico, hipersexualidade e alimentação ou compras compulsivas. INIBIDORES DA MAO-B - Bloqueiam o metabolismo central da dopamina e aumentam as concentrações sinápticas do neurotransmissor; são, em geral, seguros e bem tolerados. - Fornecem benefícios modestos antiparkinsonismo quando usados como monoterapia na doença inicial. - Trabalhos recentes têm avaliado se esses fármacos podem ter um efeito modificador na doença, porém a significância a longo prazo é incerta. INIBIDORES DA COMT - Quando a levodopa é administrada com um inibidor da descarboxilase, ela é metabolizada primariamente pela COMT; os inibidores da COMT aumentam a meia-vida de eliminação da levodopa, aumentando sua disponibilidade no cérebro. - A combinação de levodopa com um inibidor da COMT aumenta o período sob efeito da medicação. OUTRAS TERAPIAS CLÍNICAS - Os anticolinérgicos (triexifenidil, benztropina) apresentam seu principal efeito clínico sobre o tremor. Seu uso em idosos é limitado pela propensão a indução de disfunção urinária, glaucoma e particularmente déficit cognitivo. - O mecanismo de ação da amantadina é desconhecido; ela possui propriedades antagonistas sobre o N- metil-D-aspartato (NMDA); ela é mais comumente usada como agente antidiscinesia em pacientes com DP avançada. Os efeitos colaterais incluem livedo reticular, ganho de peso e déficit cognitivo; deve-se interromper o uso de forma gradual, pois os pacientes podem apresentar sintomas de abstinência. TRATAMENTO CIRÚRGICO - Nos casos refratários, deve-se considerar o tratamento cirúrgico da DP. - A estimulação cerebral profunda (ECP) do núcleo subtalâmico (NST) ou segmento interno do globo pálido (GPi) substitui em grande medida a cirurgia ablativa (p. ex., palidotomia ou talamotomia). - A ECP é indicada principalmente para pacientes com incapacidade resultante de tremor intenso ou complicações motoras induzidas pela levodopa; o procedimento é bastante benéfico para muitos pacientes. - As contraindicações à cirurgia incluem DP atípica, déficit cognitivo avançado, transtorno psiquiátrico maior, comorbidade clínica significativa e idade avançada (contraindicação relativa). - Procedimentos cirúrgicos experimentais, incluindo terapias baseadas em células, terapias genéticas e fatores tróficos, estão sendo investigados.
Compartilhar