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Dissertação: O papel do/a enfermeiro/a no contexto das ações de Atenção Primária à Saúde. A priori, para dar início a discussão, faz-se mister entender o contexto sobre a saúde da família, bem como, a necessidade do profissional da enfermagem como agente mediador da promoção a saúde e do bem estar dos indivíduos, partindo desse pressuposto, cabe ressaltar que a família é o foco da atenção básica, sendo um dos atributos da Atenção Primária em Saúde, visto que, é necessário conhecê-la em sua dinâmica e assisti-la em suas necessidades individuais e do grupo, com a interação geral dos membros. Hodiernamente, no Brasil, considerar a família como foco do cuidado de Enfermagem parece ser consenso, concomitantemente realizar tal cuidado tem concebido um desafio para prática profissional. Frente ao desafio de construir referenciais que norteiam a formação do enfermeiro para a saúde da família, deve-se considerar as diversidades impressas na sociedade brasileira pela política e prática de saúde. Entre as quais destacam-se com grande relevância os padrões de comportamento da população, quando questiona o trabalho do enfermeiro junto à família, principalmente, no âmbito domiciliar. Assim como também, a crise econômica do setor saúde, que gera barreiras para ter acesso aos serviços públicos de qualidade, impulsionando assim, a venda de planos de saúde privados, inacessíveis para a maior parte da população. Bem como, a dicotomia entre a prática e teoria, na origem da formação do enfermeiro. Este quadro apresenta o desafio de propor estratégias de formação de enfermeiros para atuarem junto às famílias. Na atualidade, algumas estratégias são propostas pelo Programa Saúde da Família (PSF). É no cotidiano, no concreto do espaço da família, que os profissionais do sistema, em interação com estas, buscam a construção da saúde, priorizando proteção, a promoção do autocuidado, buscando dessa forma, sair do modelo biomédico, dependente, centrado na doença. Vê-se, assim, que a filosofia que perpassa é mais do que uma simples extensão de serviços, pois enseja uma prática que oportunize crítica, mudanças, construção de saber. O enfermeiro é um profissional, obrigatoriamente, integrante da equipe de trabalho do PSF, tem explicitadas funções em dois campos essenciais: na unidade de saúde e na comunidade, prestando, permanentemente, cuidados e promovendo aspectos de educação. Isto exige que esse profissional, disponha de um repertório que lhe permita assumir múltiplos papéis: de prestador de cuidados, educador, consultor, uma vez que está sujeito a constantes solicitações e transformações da sua função, inserida nas constantes metamorfose que ocorrem no seu trabalho. O papel do enfermeiro é multiprofissional atuando de forma autônoma e emancipada através de suas atividades específicas norteadas pelas atribuições do enfermeiro na atenção básica. Os enfermeiros da atenção básica são responsáveis por supervisionar e treinar os técnicos e/ou os auxiliares de enfermagem e os agentes comunitários de saúde, além de cumprir atividades de educação continuada com os referidos profissionais. O Ministério da Saúde, através da portaria Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta portaria descreve as funções das equipes que atuam na Atenção Básica, estabelecendo a finalidade das práticas, bem como os protocolos, as diretrizes clínicas e terapêuticas. Falando especificamente das equipes de enfermagem, portaria estabelece que cabe aos Enfermeiros: I-Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), em todos os ciclos de vida; II-Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar exames complementares, prescrever medicações conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; III-Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qualificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabelecidos; IV-Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas no território, junto aos demais membros da equipe; V-Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela rede local; VI-Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; VII-Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem e ACS; VIII-Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e IX-Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. Nesse sentido, fica evidente a importância do protagonismo do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde (APS). Conforme a Lei do Exercício Profissional, de 1996, o enfermeiro assume diferentes modelos assistenciais e atividades indispensáveis. Assim como o planejamento, a execução, as consultas, a prescrição medicamentosa, a solicitação de exames, e avaliação dos serviços, entre outras. É nesse viés que entra a importância do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde. Seja qual for o tipo de cuidado, o enfermeiro baseia-se em ações fortalecidas e bem orientadas. No campo da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cabe ao profissional substituir o modelo hegemônico biologicista, melhorando a saúde das famílias e consequentemente superando os indicadores de qualidade, a fim de promover o bem estar da população. O trabalho de enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS) tem uma na dupla dimensão, assistencial e gerencial, quando está voltado para o indivíduo está relacionado a produção do cuidado de enfermagem e gestão de projetos terapêuticos, como prescrição medicamentosa, consultas e solicitação de exames, entre outras, e quando está voltada para o coletivo tem foco no monitoramento da situação de saúde da população em geral, além de gerenciamento da equipe de enfermagem e do serviço de saúde, bem como planejamento, execução e avaliação dos serviços prestados. Embora seja concebida atribuições para desenvolver e planejar estratégias para promoção da saúde da família, sua execução não é uma tarefa fácil, pois, quando não lhe é dado condições necessárias, para a execução das estratégias de prevenção, bem como disponibilização dos materiais, aos quais são necessários para promoção da saúde dos integrantes da família, como por exemplo, quando uma gestante, durante no pré natal, após a consulta da enfermagem, não tem condições de comprar vitaminas essenciais para fase inicial da gestação, e na farmácia da unidade básica do município, por vezes não disponibiliza de forma gratuita, é possível que essa mesma gestante venha a sofrer consequências posteriormente com deformação do feto, em decorrência da falta da vitamina essencial para desenvolvimento adequado do feto. Isso, irá agravar todo o grupo familiar com a chegada do bebe com deformações, que necessita de cuidados especiais, tirando a possibilidade da mãe de trabalhar para complementar a renda da família. O maior desafio para a enfermagem, é executar o cuidar com foco na prevenção, quando na realidade em muitos municípios, a falta de recursos limita as ações do profissional na promoção da saúde do núcleo familiar, que se materializa em prejuízos para a saúde de toda a população. Outro desafio para o enfermeiro, surgem quando ele tem que prescrever medicações que o SUS autoriza ao enfermeiro prescrever, porém, o mesmo sabe que quando o paciente sair da consulta da enfermagem, o pacientenão poderá comprar a medicação, e certamente retornará dias depois, novamente em busca de assistência para o problema recorrente devido a ausência de tratamento adequado, virando assim um ciclo vicioso, com doença mal curada persistente, agravado pelo fato do paciente não ter poder aquisitivo para tratar de forma adequada. Ao enfermeiro, cabe planejar e adequar a promoção a saúde, orientando a população carente, como ter mais qualidade de vida, de acordo com as possibilidades individuais de cada um, por meio da prevenção das doenças, principalmente daquelas que acometem com mais frequência os indivíduos que estão expostos a patógenos, que são encontrados em ambientes onde não há saneamento básico adequado, e onde a maior exposição a risco com contaminação parasitária, por falta de água potável, deve orientar para a importantância de tratar água e do uso adequado de cloração na água, ao qual o paciente tem disponível para o consumo. Além da assistência em orientação do paciente, o enfermeiro tem responsabilidade técnica de organização, supervisão e controle de serviços como sala de vacina, de curativos, de aerossolterapia, Terapia de Reidratação Oral (TRO), retiradas de suturas de procedimentos de material e esterilização. Organizar seu processo de trabalho com base em tecnologias leves relacionais e coordenar suas equipes para que faça o mesmo, com o intuito de ampliar as ações de promoção da saúde, conforme os programas de saúde e os cuidados coletivos à família e não individualizando aos sujeitos, mas o conjunto como todo. Conforme os Programas do Ministério da Saúde (PMS), que têm o objetivo de proporcionar cuidados de saúde aos usuários da ESF conforme especificidade da clientela. Dentre eles, o programa da mulher; saúde do idoso; saúde mental. Em relação à puericultura (promover e proteger a saúde das crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança como um ser em desenvolvimento com suas particularidades), os profissionais enfermeiros vêm tendo uma interação com a consulta de enfermagem. A consulta de puericultura é destinada à avaliação completa do paciente, desde a pesagem, capacidade visual e auditiva, até o desenvolvimento neuropsicomotor e da sexualidade, visando o acompanhamento do desenvolvimento do paciente desde a infância e no decorrer da vida, bem como a família como todo.. Embora essa prática assistencial seja atribuída ao enfermeiro da Estratégia Saúde da Família (ESF), pelas normas do programa, o enfermeiro não desenvolve apenas por cumprimento de uma obrigação, mas sim por considerá-la um instrumento de assistência indispensável para promoção, prevenindo e reabilitando a saúde das crianças, de suas famílias e da comunidade a qual estão inseridas. O enfermeiro é o profissional que conduz as ações da equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF). Portanto, é importante que ele esteja habilitado para o desenvolvimento de atividades e cuidados na atenção à saúde mental que vislumbram dar um reforço no cuidado, já que por muitas vezes nem a família, nem o Portador de Transtorno Mental (PTM) são atendidos em todas as suas necessidades individuais. Porquẽ o foco da enfermagem é prevenção, e a saúde mental é o principal determinante do bem estar do paciente. Considerando o objetivo de refletir sobre novos saberes e fazeres do enfermeiro para atenção à saúde mental na atenção primária e o desenvolvimento de habilidades para atender a saúde mental na Estratégia Saúde da Família (ESF), acredita-se que estas devam ser constituídas a partir de novos saberes e fazeres em sinergia com o modelo psicossocial. Essa é a perspectiva, de um caminho para transpor com o modelo biomédico, embora esse seja complexo e ainda em construção. Ao longo da discussão sobre o papel do/a enfermeiro/a no contexto das ações de Atenção Primária à Saúde, foi possível constatar, várias ações de cuidado, realizadas pela enfermagem na Estratégia Saúde da Família (ESF), o que reforça o quanto seu trabalho é importante dentro da ESF e em todo território adscrito à região de abrangência. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília DF, 21 set. 2017. https://apsredes.org/guia-de-enfermagem-na-atencao-primaria-a-saude-aps. Acesso em: 27/ 05/ 21. http://revista.domalberto.edu.br/index.php/revistadesaudedomalberto/article/view/420/368. . Acesso em: 28/ 05/ 21. http://www.cofen.gov.br/papel-dos-enfermeiros-na-atencao-primaria-e-abordado-em-livro-lan cado-pela-oms_63767.html. Acesso em: 27/ 05/ 21. https://www.iespe.com.br/blog/o-que-faz-o-enfermeiro-na-esf-estrategia-saude-da-familia. Acesso em: 28/ 05/ 21. Saúde da Família: uma estratégia de organização dos serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1996. https://apsredes.org/guia-de-enfermagem-na-atencao-primaria-a-saude-aps/ http://revista.domalberto.edu.br/index.php/revistadesaudedomalberto/article/view/420/368 http://www.cofen.gov.br/papel-dos-enfermeiros-na-atencao-primaria-e-abordado-em-livro-lancado-pela-oms_63767.html http://www.cofen.gov.br/papel-dos-enfermeiros-na-atencao-primaria-e-abordado-em-livro-lancado-pela-oms_63767.html https://www.iespe.com.br/blog/o-que-faz-o-enfermeiro-na-esf-estrategia-saude-da-familia/
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