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Brasília, 2010 
 
 
 
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa 
Stricto Sensu em Gerontologia 
 
 
 
 
 
 
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA 
COMO EXERCÍCIOS FÍSICOS EM IDOSAS 
ATIVAS: EXAMINANDO UMA PROPOSTA DE 
INTERVENÇÃO 
 
 
 
 
 Autora: Maribel Silva Dias 
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima 
 
 
Brasília, 2010 
MARIBEL SILVA DIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA COM EXERCÍCIOS 
FÍSICOS EM IDOSAS ATIVAS: EXAMINANDO UMA PROPOSTA DE 
INTERVENÇÃO 
 
 
 
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação 
Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade 
Católica de Brasília, como requisito parcial para 
obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. 
 
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
A minha querida mãe, Coraci Silva, por amor 
e gratidão e a todas as idosas que gentilmente 
cooperaram para que esse trabalho se 
concretizasse. 
 
 
 
SINCEROS AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente a Deus, pela oportunidade de crescimento, iluminação, força e 
determinação para realizar meus sonhos. 
A minha mãe, Coraci Silva, que me preparou para a vida e me ensinou a 
vencer obstáculos. 
Ao Prof. Dr. Ricardo Moreno Lima, meu orientador, pela dedicação e 
paciência que teve comigo. 
À Secretaria de Educação do Distrito Federal, que me proporcionou o 
afastamento do trabalho para que pudesse me dedicar exclusivamente ao mestrado, 
dando-me a oportunidade de crescimento pessoal e profissional. 
Ao Centro de Aperfeiçoamento em Pessoal de Ensino superior (Capes), pela 
concessão da bolsa, que me apoiou financeiramente nesta jornada. 
À Secretaria de Esportes do Distrito Federal, pela cessão do espaço físico e 
apoio no desenvolvimento do Projeto Piloto de Pesquisa. 
Ao Serviço Social do Comércio (SESC-Guará), em especial, Mauro Francisco 
M. Marques, supervisor de atividades do SESC-Guará e Regina Caetano, 
coordenadora de Assistência Social do SESC, por terem me dado a oportunidade de 
executar essa pesquisa nessa instituição, tão séria, que realiza um trabalho 
exemplar e comprometido em melhorar a qualidade de vida dos idosos. 
A todo o corpo docente do Programa de Pós-Graduação Strito Sensu em 
Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, que com muita eficiência 
compartilhou seu saber e me fez apaixonar pelo estudo do envelhecimento humano 
e em especial à professora Dra. Gislane Ferreira Melo, que com suas 
argumentações me conduziu ao insight de como unir atividades físicas a estímulos 
cognitivos. 
A todos os idosos e idosas que participaram dessa pesquisa e às voluntárias, 
Emília Borges e Delmari Corrêa Mendes, minhas auxiliares, que contribuíram para a 
realização deste trabalho. 
Aos meus ex-alunos que sempre me motivaram e me inspiraram a buscar 
respostas através do conhecimento, em especial, Sr. Joel de Medeiros, que me 
incentivou a ingressar no mestrado. 
Às amigas e enfermeiras Isabel Borges Santos e Neusa Matos, por terem 
dividido seus conhecimentos comigo, me permitindo acompanhar a Oficina de 
Memória ministrada por elas na Unidade Mista de Saúde de Taguatinga, me 
proporcionando unir à teoria a prática. 
A minha querida amiga Maria Helena Rodrigues Astolfi que sempre esteve 
comigo nesta caminhada, ouvindo minhas angústias e aflições, me apoiando, 
auxiliando e me dando forças para vencer as dificuldades que se apresentavam. 
 
 
 
Aos amigos Paulo Eduardo Lopes, Henrique Cruvinel, Divina Evangelina 
Ferreira, minha sobrinha Isadora Macedo Carneiro e minha irmã Luciene Silva pelo 
auxílio em diferentes etapas deste trabalho. 
 Aos colegas, professores de Educação Física e meus familiares pela torcida 
no sucesso desta jornada. 
Às Examinadoras, que aceitaram o meu convite, e com certeza as suas 
correções contribuirão para o meu crescimento acadêmico e profissional. 
Muito obrigada a todos! Vocês foram verdadeiros anjos que Deus colocou no 
meu caminho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
¨Vem, envelhece comigo. O melhor ainda 
é viver a segunda parte da vida, para qual 
a primeira foi feita¨. Nossos tempos estão 
em suas mãos. Dele é que diz,¨eu 
planejei o todo, a mocidade só mostra a 
metade. Confia em Deus, vê tudo e não 
temas¨. 
 
Browning 
 
 
 
RESUMO 
 
Dias, Maribel Silva. Estimulação Cognitiva Conjugada com Exercícios Físicos 
em Idosas Ativas: Examinando uma proposta de Intervenção. 2010. 132 p. 
Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília, 
Brasília - Distrito Federal, 2010. 
 
Objetivo: A finalidade desse estudo foi verificar os efeitos da conjugação de 
estimulação cognitiva e exercícios físicos na memória de idosas ativas, inserindo 
técnicas mnemônicas e estratégias de oficinas de memória tradicionais em sessões 
de atividade físicas. Metodologia: Este estudo apresentou um delineamento 
experimental. A amostra foi constituída por 55 mulheres idosas, com idade entre 60 
a 80 anos com média e desvio padrão de 68,4 ± 5,6 residentes no Distrito Federal, 
as quais foram aleatoriamente divididas em três grupos: 1) Estimulação Cognitiva 
Tradicional (ECT), com 17 idosas; 2) Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos 
(ECE), com 19; e 3) Grupo Controle (GC) com 19 idosas. As intervenções foram 
realizadas em doze sessões, numa frequência semanal de 3 vezes. No grupo ECT 
foram aplicados exercícios de oficinas de memória tradicionais; no ECE, exercícios 
de oficina de memória aliados a atividades físicas; e o grupo controle permaneceu 
com suas atividades normais, sem intervenção do pesquisador. Para seleção da 
amostra foram aplicados o Mine Exame do Estado mental (MEEM) e Escala de 
Depressão Geriátrica - Versão resumida (EDG- 15) e questionário de identificação. 
Para avaliar a memória foram utilizados os seguintes testes: Memória de Lista de 
Palavras (MLP), Fluência Verbal (FV) e Escala de Queixas de Memória (EQM). 
Essas avaliações foram realizadas em todas as participantes, antes e após o 
período de intervenção. Resultados: Foi observada diferença significativa entre o 
pré e pós-intervenções nos grupos ECE e ECT, para todas variáveis avaliadas de 
memória, enquanto que nenhuma alteração significativa foi notada no GC. Ainda, foi 
verificado que o valor de EQM na pós-intervenção foi significativamente maior no GC 
em comparação ao ECE e ao ECT e houve uma interação significativa tempo*grupo 
nas variáveis EQM e FV, nos grupos ECE e ECT, indicando uma maior magnitude 
de alteração, em relação ao GC. Conclusão: A Estimulação cognitiva aliada a 
exercícios físicos produziu efeitos semelhantes àqueles observados com oficinas de 
memória tradicionais. Os grupos que foram submetidos às intervenções (i.e., ECE e 
ECT) exibiram melhor rendimento nos testes de MLP e FV, e menor escore na EQM, 
quando comparado ao momento pré-intervenção. O GC não apresentou alterações 
significativas nos testes pré e pós para nenhuma das variáveis estudadas. Embora a 
conjugação de exercícios físicos e estimulação cognitiva da memória não tenham 
apresentado escores superiores significativos, demonstrou ser eficaz e válida como 
intervenção para a estimulação da memória em grupos de idosas. 
Palavras-chaves: memória, exercícios físicos, cognição, idoso. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Dias, Maribel Silva. Conjugated Cognitive Stimulation with physical exercise in Active 
Elderly Women: Examining a Proposal of Intervention. 2010. 131 pages. Dissertation 
in Gerontology from the Catholic University of, Brasilia – Federal District, 2010. 
 
Objective: This study´s purpose was to verify the effects of the combination of 
cognitive stimulation and physical exercises in the active elderly ladies memories by 
inserting mnemonics techniques andstrategies from traditional memory workshops in 
physical activities lesion. Additionally, to verify if the proposition of stimulating 
cognition conjugated with physical exercises combined to cognitive stimulation 
provides additional benefits to memory when compared to cognitive stimulation by 
itself. Methodology: This study presented an experimental delineation. The sample 
was constituted by 55 elderly women, whose ages were between 60 and 80 years 
old, with an average of 68, 4 years old and 5,6 years old of standard deviation. These 
women live in Federal District of Brazil and were randomly divided in three groups: 
1)Traditional Cognitive Stimulation (TCS), composed by 17 elderly women; 2) 
Cognitive Stimulation and Physical Exercise (CSPE), composed by 19 elderly 
women; 3) Control Groups (CG), composed by 19 elderly women. These 
interventions were made during twelve sessions, occurring three times a week. In 
the TCS group were applied exercises from traditional memory workshops in the 
CSPE group were applied memory workshop exercises combined to physical 
exercises; and the control group remained with its normal activities and had no 
intervention from the researcher. The Mini-Mental State Examination (MMSE), the 
Scale of Geriatric Depression Resumed Version (GDS-15) and an identification 
questionary were applied to select the sample. The following tests were used to 
evaluate the Word List Memory task (WLM), Verbal Fluency (VF), Scale of Memory 
Complaints (SMC). These evaluations were taken by all of the participants before 
and after the intervention. Results: It was observed a significant difference between 
the pre-intervention behavior and the post-intervention one in the TCS and the CSPE 
groups, to all memory variables evaluated, as no significant difference was noticed in 
the CG. Yet, it was verified that the post-intervention SMC value was significantly 
bigger in the CG compared to the TCS and CSPE groups and there was a 
meaningful time * group interaction in the SMC and VF variables in the TCS and 
CSPE groups. This last fact indicates a bigger alteration magnitude related to the 
CG. Conclusion: The cognitive stimulation combined to physical exercises produced 
similar effects to those observed in traditional memory workshops. The intervention 
subjected groups (i. e. TCS and CSPE) exhibited better throughput in the WLM and 
VF tests and a lower score in the SMC when compared to the pre-intervention 
moment. The CG did not present significant changes between the pre-intervention 
and the post-intervention tests for any of the studied variables. Although the 
 
 
 
combination of cognitive stimulation to physical exercises did not present significantly 
superior scores, it proved to be efficient and valid as an intervention to memory 
stimulation in groups composed by elderly ladies. 
 
Key-words: memory, cognition, exercises physical, elderly. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Quadro 1- Sistemas e subsistemas da memória.......................................................26 
Figura 1- Fluxograma do recrutamento das voluntárias do estudo..........................45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Estatística descritiva. Valores expressos em média e desvio 
padrão........................................................................................................................46 
Tabela 2 - Caracterização da amostra em relação à reposição hormonal, uso de 
medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, atividade laboral e estado 
civil..............................................................................................................................47 
Tabela 3 - Características da amostra em relação aos grupos estudados................48 
Tabela 4 - Caracterização da amostra em relação à reposição hormonal, uso de 
medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, atividade laboral e estado civil 
nos grupos de estudo.................................................................................................49 
Tabela 5 - Resultados dos testes de memória antes e após o protocolo 
experimental, para os três grupos..............................................................................50 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
CERAD- Consortium to Estabilish a Registry for Alzheimer Disease 
EDG- Escala de Depressão Geriátrica 
EQM- Escala de Queixa de Memória 
ECT- Estimulação Cognitiva Tradicional 
ECE- Estimulação Cognitiva e Exercício 
FV- Fluência Verbal 
GC- Grupo Controle 
MP- Memória Primária 
MCP- Memória a Curto Prazo 
MLP- Memória e Lista de Palavras 
NT-3- Fator Neutrofina 
NGF- Fator de Crescimento do Nervo 
SNC- Sistema Nervoso Central 
SESC Serviço Social do Comercio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 17 
 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 19 
 2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................. 19 
 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 19 
 3 HIPÓTESES ........................................................................................................ 20 
 4 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 20 
4.1 ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO E PLASTICIDADE CEREBRAL20 
4.2 COGNIÇÃO, MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO ............................................... 24 
4.3 EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS .............. 29 
4.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS, COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS .... 31 
4.5 EXERCÍCIOS FÍSICOS CONJUGADOS COM EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO . 33 
5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 34 
5.1- DELINEAMENTO DO ESTUDO ......................................................................... 35 
5.2 - AMOSTRA ........................................................................................................ 35 
5.2.1- Critérios de inclusão ..................................................................................... 35 
5.2.2 - Critério de exclusão ..................................................................................... 35 
5.3 CUIDADOS ÉTICOS .......................................................................................... 37 
5.4 INSTRUMENTOS ............................................................................................... 36 
5.4.1- Mini-exame do Estado Mental ...................................................................... 38 
5.4.2 - Escala de Depressão Geriátrica .................................................................. 38 
5.4.3 - Memória de Lista de Palavras ..................................................................... 39 
5.4.4 - Teste de Fluência Verbal ............................................................................. 39 
5.4.5 - Escala Subjetiva de Memória ...................................................................... 40 
5.5- INTERVENÇÕES ............................................................................................... 40 
 
 
 
5.5.1- Estimulação Cognitiva Tradicional .......................................................... ....41 
5.5.2- Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos ............................................... 42 
5.5.3- Grupo Controle ..............................................................................................43 
5.6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO ......................................................................... 43 
6 - RESULTADOS......................................................................................................44 
6.1- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA..................................................................44 
6.2 - RESULTADOS DAS INTERVENÇÕES.............................................................49 
7 – DISCUSSÃO........................................................................................................50 
7.1- PARTICIPANTES DA PESQUISA......................................................................51 
7.2- ESTIMULAÇÃO COGNITIVA TRADICIONAL.....................................................54 
7.3- ESTIMULAÇÃO COGNITIVA CONJUGADA COM EXERCÍCIOS FÍSICOS....55 
7.4 - RELEVÂNCIA DE CONJUGAR EXERCÍCIOS COGNITIVOS COM 
EXERCÍCIOS FÍSICOS..............................................................................................57 
7.5- LIMITAÇÕES DO ESTUDO................................................................................58 
7.6 - APLICABILIDADE PRÁTICA.............................................................................59 
8- CONCLUSÃO........................................................................................................60 
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................61 
 APÊNDICES.........................................................................................................77 
 APÊNDICE A - Questionário de Identificação........................................................77 
 APÊNDICE B - Mini-Exame do Estado Mental......................................................80 
 APÊNDICE C - Escala de Depressão Geriátrica....................................................85 
 APÊNDICE D - Memória de Lista de Palavras.......................................................86 
 APÊNDICE E - Teste de Fluência Verbal...............................................................87 
 APÊNDICE F - Escala Subjetiva de Memória........................................................88 
 APÊNDICE G - Plano de Ensino das Intervenções................................................91 
 
 
 
 APÊNDICE H - Oficina de Estimulação Cognitiva Tradicional..............................91 
APÊNDICE I - Oficina da Estimulação Cognitiva e Movimento Corporal.............93 
 ANEXOS 
 ANEXO 1-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.....................................95 
 ANEXO 2- Aprovação do Comitê de Ética da FEPECS ......................................97 
 ANEXO 3- Cronograma de Atividades da Pesquisa.............................................98 
 ANEXO 4- Oficina de Estimulação Cognitiva Tradicional.....................................99 
 ANEXO 5- Oficina de Estimulação Cognitiva e Movimento.................................114 
 
 
17 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
O envelhecimento humano sempre despertou interesse, tanto popular como 
das ciências. Estas, geralmente com intuito de compreender, prevenir e amenizar os 
efeitos desse processo e prolongar a vida. Várias conquistas nessa área do 
conhecimento foram obtidas, contribuindo para o aumento da expectativa de vida e o 
bem-estar do homem que envelhece. No entanto, alterações fisiológicas, 
bioquímicas e psicológicas sempre fizeram parte do ciclo natural da vida, e 
continuarão fazendo. Quando se chega à velhice, essas modificações podem trazer 
reduções de capacidade e perdas, podendo chegar a déficits físicos e cognitivos. 
Uma das alterações importantes é a que ocorre no cérebro, em diversos 
aspectos. No aspecto morfológico, ocorre a redução do tamanho e peso, por perdas 
de neurônios e morte celular. No fisiológico, aparece a diminuição da quantidade e 
velocidade das sinapses (AZEVEDO, 2003) e mudanças anatômicas e bioquímicas 
(CANÇADO; HORTA, 2006). Além disso, podem incidir alterações com a pouca 
estimulação (ISQUIERDO, 2003) e escassa reserva cognitiva (STERN, 2002), que 
contribui para que muitos aspectos da memória e do processo cognitivo se 
deteriorem com a idade. Estudo como de Yassuda; Lasca e Neri (2005) mostra que 
mesmo na ausência de patologias, o envelhecimento induz a um declínio modesto, 
mas gradual e significativo da memória. Todavia, esse declínio não é uniforme e 
alguns tipos de memória são afetados e outros não. Do mesmo modo, ocorrem 
diferenças individuais sobre os efeitos do envelhecimento na memória (CANÇADO; 
HORTA, 2006). 
Os limites entre o declínio normal e patológico não estão bem determinados. 
Na Doença de Alzheimer (DA), ainda não existe um marcador biológico seguro e os 
testes psicométricos podem dar resultados falso-positivos ou falso-negativos. No 
idoso normal, o declínio da memória operacional e memória secundária (recente) é 
maior que o das memórias primária (imediata) e terciária (remota), de modo similar 
ao encontrado nas fases iniciais da DA. Na neuroimagem, os achados de atrofia ou 
hipoperfusão em regiões entorrinais-hipocampais ou temporo-parietais são 
sugestivos de DA, mas podem estar ausentes nas fases iniciais desta doença. 
(DAMASCENO, 1999). Outras características patológicas da doença de Alzheimer, 
18 
 
 
como a perda de sinapse, placas amilóides e emaranhados neurofibrilares, pode 
correlacionar com declínio cognitivo no envelhecimento e tornar-se extensas na 
doença de Alzheimer, mas são detectados em vários graus em muitos indivíduos 
com idade avançada e com ausência de demência (SNOWDON, 2003; BISHOP, LU 
TAO E YANKER, 2010). Muitas vezes, o declínio cognitivo pode chegar a um 
comprometimento cognitivo ou pode ser prelúdio de demências, trazendo 
dificuldades para as atividades diárias, problemas no convívio social e perda da 
autonomia (FALCÃO; BUCHER-MALUSCHKE, 2009). A taxa de conversão de 
comprometimento cognitivo leve para a doença de Alzheimer é de aproximadamente 
de 10% a 15% ao ano (PERTENSEN, 2001). 
Por ser a memória uma das funções cognitivas essenciais para a vida, pois é 
através dela que retemos e utilizamos informações, nela incide grande parte das 
queixas dos idosos. Estudos epidemiológicos indicam que 4% a 54% dos idosos 
apresentam queixas relacionadas à memória (BARKEN; JONE; JENNISON, 1995). 
Pela importância de manter essa função para se ter um envelhecimento saudável, é 
necessário a aplicação de intervenções nos declínios normativos ou em demências, 
com o objetivo de assegurar um desempenho razoável que garanta a qualidade e 
gestão da própria vida e evitar maiores prejuízos. 
Com o intuito de estimular a memória e promover a plasticidade cerebral, 
várias intervenções têm sido propostas em estudos científicos, tais como: treino 
cognitivo em oficinas (VERHAEGHEN; MARCOEN; GOOSENS, 1992; SHERRY et 
al., 2006; YASSUDA, 2006; NOVOA; JUAREZ; NEBOT, 2008), programas de 
computador (GUENTHER, 2003), musicoterapia (GATTI, 2008), videojogos 
(TORRES; ZAGALO, 2008) e exercícios físicos (Antunes.,et al., 2006). Duas 
intervenções muito comuns e disponíveis, treinamento de memória em oficinas e a 
prática de exercícios físicos, têm evidenciado efeitos benéficos na cognição e 
memória dos idosos. Contudo, na literatura, poucos pesquisadores investigaram a 
união das duas técnicas. Com essa abordagem, ressaltam-se os estudos de Oswald 
et al., (1996), e Fabre et al., (2002), que uniram exercícios físicos e exercícios 
cognitivos com a finalidade de potencializar os efeitos na cognição e na memória. Os 
resultados dessas intervenções sugerem que a união das duas técnicas pode 
melhorar a cognição ou mesmo maximizar seus efeitos. Todavia, os autores desses 
estudos não detalharam os métodos utilizados para essa conjugação. 
19 
 
 
Adicionalmente, não foi encontrado, no Brasil, nenhum estudo que examinasse o 
efeito dessa conjugação, portanto, esse tema merece maiores investigaçõespara 
elucidar se mesma é possível, se pode produzir efeitos benéficos na cognição como 
a estimulação cognitiva tradicional e se é capaz de reforçar esses efeitos. 
A união de exercícios físicos, com técnicas de oficina de memória demonstrou 
que pode ser uma intervenção interessante e eficiente, com aproveitamento de 
recursos e tempo, visto que, em uma única sessão, podem ser trabalhados 
importantes aspectos para envelhecimento saudável (físico e mental). Com isso, 
essa conjugação Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos (ECE) poderá constituir 
uma estratégia a ser utilizada nas aulas de atividades físicas para idosos, 
exercitando rotineiramente a memória. 
 
2- OBJETIVOS 
 
2.1- OBJETIVO GERAL 
 
Verificar os efeitos da conjugação de estimulação cognitiva e exercícios 
físicos sobre indicadores da memória de idosas ativas. 
 
2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
- Conjugar estímulos cognitivos e exercícios físicos para estimular a memória de 
idosos, inserindo técnicas mnemônicas, em sessão de atividade física para idosos. 
 
- Verificar se a proposta de estimular a cognição conjugada com exercícios físicos 
proporciona ganhos adicionais de memória, quando comparada à estimulação 
cognitiva isoladamente. 
20 
 
 
3- HIPÓTESES 
 
 Com base na revisão da literatura, será considerada a hipótese de que tanto a 
estimulação cognitiva como a estimulação cognitiva conjugada com exercícios 
físicos influenciarão positivamente nos aspectos da memória, com uma possível 
superioridade do grupo que praticou o treino combinado (ECE). 
 
4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
4.1- ENVELHECIMENTO, SISTEMA NERVOSO E PLASTICIDADE CEREBRAL 
 
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas 
funções orgânicas e mentais do homem. Devido aos efeitos da idade avançada 
sobre o organismo, este vai perdendo a sua capacidade de manter o equilíbrio 
homeostático, e todas as funções fisiológicas gradualmente começam a declinar. 
(STRAUB et al., 2001) 
 No sistema nervoso central, durante o processo de envelhecimento, ocorre 
uma perda progressiva das células nervosas (SOARES, 2006) e uma retração 
neuronal (GRILL; RIDDLE, 2002; CANÇADO; HORTA, 2006), caracterizando certa 
atrofia cerebral (CARVALHO FILHO; PAPALÉO NETTO, 2000; CANÇADO; HORTA, 
2006). Essa redução ocorre por morte celular, principalmente no córtex dos giros 
pré-centrais, nos giros temporais e no córtex do cerebelo (CARVALHO FILHO; 
PAPALÉO NETTO, 2000), hipocampo, amígdala, substância negra, núcleos 
hipotalâmicos, núcleos de base, tálamo, tronco cerebral (núcleo facial) e medula 
espinhal. Ainda, ocorrem alterações como redução de tamanho das células na 
substância branca e corpo caloso, e no núcleo coclear do tronco cerebral (MORA; 
PORRAS, 1998). O número de células nervosas decrescendo com o envelhecimento 
é normal. Em algumas áreas a perda da célula é mínima, em outras (por exemplo, o 
hipocampo), a perda é pronunciada (CANÇADO e HORTA, 2006). No cerebelo, a 
21 
 
 
magnitude desta perda se dá em torno de 2,5% das células de Purkinje por década; 
na substância negra, passa de 1,4% entre os quinze e os sessenta e cinco anos, 
para 11% entre os sessenta e cinco e oitenta e cinco anos (MORA; PORRAS, 1998). 
Essa redução neuronal acaba alterando as conexões entre os neurônios 
(AZEVEDO, 2003) e, em função dessas, a velocidade de condução nervosa é 
reduzida (HEATH, 1994), tendo uma queda de 15% entre os cinquenta e oitenta 
anos (BORGE; HERNÁNDEZ; EGEA, 1999) ou, segundo Vargas (2001), de 1% a 
15% até os sessenta anos. 
Ocorrem ainda, alterações dendríticas que podem se refletir em uma 
diminuição da densidade sináptica, sendo este processo geralmente acompanhado 
da degeneração dos axônios mielínicos (BERNHARDI, 2005). Além disso, pode 
incidir uma queda de 50% das sinapses a partir de 80 anos, se comparadas com as 
de indivíduos de 50 a 60 anos. Simultaneamente, pode acontecer o aumento das 
sinapses remanescentes, como um mecanismo compensador (PITELLA, 2005). 
Com todas essas alterações o cérebro humano perde peso e volume. Ou seja, com 
o avanço da idade o peso do cérebro humano diminui, chegando a uma redução em 
torno de 10%. Esse declínio apresenta-se mais precocemente na mulher do que no 
homem Uma explicação para este evento pode estar relacionada ao declínio do 
estrógeno nas mulheres a partir da menopausa (CANÇADO; HORTA, 2006). Em 
relação ao volume, a magnitude desta diminuição seria de aproximadamente 2% por 
década a partir dos cinquenta anos (MORA; PORRAS, 1998; BORGE; 
HERNÁNDEZ; EGEA, 1999). 
Acompanhando esta redução de peso e volume, observam-se mudanças 
anatômicas em diversas estruturas do sistema nervoso. Segundo Pitela (2005), 
estas são: alargamento e aprofundamento dos sulcos corticais, redução da largura 
dos giros, alargamento das fissuras e cisternas basais, redução da substância 
branca e espaçamento das meninges. Além disso, ocorrem alterações bioquímicas 
(CANÇADO; HORTA, 2006) afetando o sistema de neurotransmissores, no qual 
ocorre a diminuição dos níveis de acetilcolina, receptores colinérgicos, ácido gama-
aminobutírico, seretonina, dopamina. Ademais, Richard e Amouyel (2001) 
observaram, por meio de análise histológica que durante o processo de 
envelhecimento podem aparecer placas senis, degeneração neurofibrilar e 
granulovascular e acúmulo de lipofuscina. 
22 
 
 
Somadas a tudo isso, podem ocorrer também modificações fisiológicas no 
processo de envelhecimento que vão influenciar negativamente na cognição, tais 
como: diminuição da audição, aumento da pressão arterial e aumento das doenças 
crônicas não transmissíveis. Estudo como o de Kopper; Teixeira; Dorneles (2009) 
evidencia piores desempenhos no teste de Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), 
de acordo com o grau de deficiência auditiva e escolaridade. No que diz respeito à 
hipertensão relacionada à cognição, um artigo de revisão analisou onze estudos e 
verificou que, em oito destes artigos, encontrou-se uma relação entre hipertensão 
arterial e risco de déficits cognitivos (SASHIDA; FONTES; DRIUSO, 2008). Quanto 
às doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes melitus, diversos trabalhos 
têm associado com as disfunções cognitivas (ALMEIDA-PITTITO, ALMADA FILHO; 
CENDOROGLO, 2008), assim como arteriosclerose, doenças cardiovasculares 
(KIVEPETTO et al., 2001) e obesidade (GUSTAFSON et al., 2003). 
Contudo, Okuma (1998) sugere que o envelhecimento humano é pessoal e 
diferenciado e envolve vários processos, os quais abrangem aspectos 
biopsicossociais. Além de não ser uniforme e não ocorrer de forma simultânea no 
organismo, não está associado à existência de doenças (PALACIOS, 2004). Em 
relação ao envelhecimento do Sistema Nervoso Central destaca-se o experimento 
em modelo animal (ratos) de Rosenzweig et al, (1962), que utilizou o arranjo de 
gaiolas viveiros diferentes daquelas comumente encontradas em biotérios, contendo 
animais em conjunto ou alojados individualmente. Os pesquisadores criaram um 
ambiente enriquecido, onde foram utilizadas gaiolas viveiros maiores e que 
ofereciam uma grande quantidade e variedade de estímulos, tais como objetos de 
formas diferentes, espelhos, rodas de atividades, escadas, além de possibilidades 
diversas para conseguir alimento. Nesse experimento, pode-se observar que, 
independentemente das idades dos animais, houve uma interação com ambientes 
ricos em estimulação, resultando em alterações específicas no Sistema Nervoso 
Central (SNC) dos ratos. Entre estas, estavam incluídas o aumento na espessura 
das camadas do córtex visual, no tamanho de corpos neuronais e dos núcleos dos 
corpos neuronais, no número de sinapses e na área das zonas de contato sináptico, 
no número de dendritos e de espinhas dendríticas, no volume e no peso cerebral, 
além de alterações em níveis de neurotransmissores. 
23 
 
 
Apesar de ocorrerem muitas perdas no SNC, podeocorrer também à 
plasticidade cerebral, que pode ser definida como mudança adaptativa na estrutura 
e nas funções do sistema nervoso. A plasticidade cerebral pode vir a existir em 
qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno 
ou externo ou, ainda, como resultado de danos de traumatismos ou de lesões que 
afetam o ambiente neural (PHELPS, 1990). 
O alcance da Plasticidade não parece ser influenciado pela idade, podendo 
esta, assim, ser estimulada inclusive em idosos (BHERER et al., 2006). Lent (2004) 
indica a existência de várias formas de plasticidade: de regeneração, plasticidade 
axônica, dendrítica, sináptica e somática. A plasticidade de regeneração é a 
capacidade de recuperar axônios lesados. A plasticidade axônica permite que os 
terminais axônicos de neurônios sadios possam reorganizar sua distribuição de 
acordo com estímulos do ambiente. Ainda, os dendritos sadios têm essa 
capacidade, que se manifesta nos troncos, ramos e espinhas dendríticas, sendo 
esta a chamada plasticidade dendrítica. Além disso, as sinapses podem fazer uso 
de aumentos ou diminuições nas transmissões sinápticas, ocorrendo a plasticidade 
sináptica. Ademais, também pode ocorrer a plasticidade somática que é a 
capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Segundo 
Cardoso et al. (2007), a plasticidade neural pode ser entendida como a propriedade 
que o cérebro dispõe para amenizar as perdas fisiológicas com a passagem do 
tempo, sendo um mecanismo compensador. 
A capacidade de formação de novos brotos e crescimento dos axônios pode 
ser programada geneticamente ou pode depender do meio. Existe uma classe de 
proteínas regenerativas, as quais promovem esse evento e são denominados fatores 
tróficos. São eles: fator de crescimento do nervo (NGF–nerve growth factor), fator 
neurotrófico derivado do cérebro (BDNF–brain derived neurotrophic), fator 
neurotrofina 3 (NT-3 –neurotrophin-3), neurotrofinas 4, 5 e 6, fator neurotrófico ciliar 
(CTNF–ciliary neurotrophic factor) (ANNUNCIATO; SILVA, 1998), fator neurotrófico 
derivado da glia (GDNF–glial derived neurotrophic factor) (DA SILVA; LIMA; 
TREZENA, 1990), fator de crescimento fibroblástico ácido (AFGF–acidic fibroblast 
growth factor), fator de crescimento fibroblástico básico (BFGF–basic fibroblast 
growth factor), fator de crescimento epidérmico (EGF–epidermal growth factor) 
(CERRUTTI; FERRARI, 1995), dentre outros. 
24 
 
 
 Outro recurso individual no processo de envelhecimento do sistema nervoso e 
declínio das habilidades cognitivas é a Reserva Cognitiva, que pode ser entendida 
como a capacidade de ação de ativação progressiva de redes neurais a demandas 
crescentes. Nesse sentido, a reserva cognitiva é um processo normal utilizado pelo 
cérebro saudável durante as tarefas intelectuais. Por outro lado, pode-se considerar 
Reserva Cognitiva como a capacidade que permite o indivíduo com maior educação, 
maior nível ocupacional e maior inteligência compensar com maior êxito as 
patologias e enfermidades, por utilizar estruturas cerebrais e redes neurais não 
usadas normalmente por cérebros saudáveis (STERN, 2002). Assim, as pessoas 
podem ter a mesma quantidade de tecido no encéfalo, mas uma pode mostrar muito 
mais demência do que a outra (ALVAREZ; RODRIGUES, 2004). Segundo os 
mesmos autores, atualmente o estudo da Reserva Cognitiva tem integrado 
diferentes fatores que atuam no desempenho cognitivo, tais como: capacidades 
inatas, fatores socioeconômicos, educação, posto de trabalho desempenhado e 
atividades de lazer, principalmente em idades mais avançadas. 
 
4.2 - COGNIÇÃO, MEMÓRIA E ENVELHECIMENTO. 
 
A cognição tem sido vista como a função cortical que pode ser subdividida em 
sub-funções distintas, como a atenção, orientação, memória, organização 
visuomotora, raciocínio, função executiva, planejamento e solução de problemas. A 
conceituação, em geral, ilustra a cognição como a capacidade de adquirir e usar 
informação, a fim de que o indivíduo adapte-se às demandas do meio ambiente. 
Esse conceito engloba capacidades de processamento da informação, 
aprendizagem e generalização (ABREU; TAMAI, 2006). 
Entre as funções cognitivas, uma de suma importância é a memória que, 
segundo Xavier (1996), é a capacidade de alterar o comportamento em função de 
experiências anteriores e, segundo Lezak; Howeison; Loring (2004) é a habilidade 
capaz de registrar, armazenar e evocar informações. Historicamente, os romanos 
imaginavam a memória como uma rede de conectores complexa ligados entre si. 
Posteriormente, acreditava-se que era como um lugar onde se guardavam as 
25 
 
 
lembranças. Com o avanço tecnológico, ela já foi comparada a uma central 
telefônica e, mais recentemente, ao computador. Várias pesquisas procuram 
esclarecer o funcionamento da memória, sendo as questões mais frequentes 
relativas à sua localização e funcionamento e, mais recentemente, às associações 
ao envelhecimento e as consequências sociais e familiares (PINTO, 1999). 
Do ponto de vista biológico e funcional, algumas regiões do encéfalo estão 
ligadas ao armazenamento de informações. Considera-se que as informações 
transitórias e duradouras são armazenadas em diversas áreas corticais: memórias 
motoras no córtex motor, memórias visuais no córtex visual, e assim por diante. 
Dessas regiões elas podem ser mobilizadas; por exemplo, a memória operacional é 
mobilizada pelas áreas pré-frontais do córtex em ligação com áreas do córtex 
parietal e occipitotemporal. Do mesmo modo, as memórias explícitas podem ser 
consolidadas pelo hipocampo e áreas corticais adjacentes do lobo temporal medial, 
em conexão com núcleos do tálamo e hipotálamo. O processo de consolidação é 
fortemente influenciado por sistemas moduladores, especialmente aqueles 
envolvidos com o processo emocional, como o complexo amidalóide do lobo 
temporal (LENT, 2004). Contudo, sabe-se que a memória não está localizada em 
uma estrutura isolada do cérebro; ela pode ser considerada um fenômeno biológico 
e psicológico, envolvendo uma aliança de sistemas que funcionam juntos. A tudo 
isso, deve se juntar a dimensão social da vida do homem, a qual contribui para a 
qualidade da memória (PINTO, 1999) 
A literatura sobre esse tema apresenta a memória em vários modelos, 
formada por sistemas. Um dos mais influentes foi o proposto por Atkinson e Shiffrin 
(1968), que define três grupos de memória: memória sensorial ou primária (MP), 
memória de curto prazo (MCP) e memória de longo prazo (MLP). De acordo com 
este modelo, os estímulos externos chegam através do ambiente e são inicialmente 
armazenados na memória sensorial. Uma vez processadas, as informações são 
transferidas para a memória de curto prazo e, posteriormente, para a memória de 
longo prazo. Atkinson e Shiffrin (1968) também identificaram que, quanto mais 
tempo se mantiver um item na memória de curto prazo, maior a probabilidade de 
este ser transferido para a memória de longo prazo (BADDELEY, 1998). Porém, 
esse modelo apresentou algumas limitações, pois indicava que os pacientes com 
déficits em MCP apresentariam também problemas na MLP. Posteriormente, 
26 
 
 
algumas pesquisas que testaram o modelo de Atkinson e Shiffrin (1968) revelaram 
certa independência dos dois subsistemas propostos, apesar de constatarem, nas 
suas atuações, cooperação em determinadas situações (SHALLICE; 
WARRINGTON,1970).
O sistema de memória proposto por Atkinson e Shiffrin se baseia no tempo e 
divide-se em subsistemas, de acordo com o conteúdo (Quadro 1). Apesar de suas 
limitações, esse modelo é utilizado até hoje em estudos. 
 
Tempo Conteúdo 
 
Memória de Curtíssimo Prazo 
 
Memória Sensorial 
 
Memória a Curto Prazo 
 
Memória de Trabalho 
 
 
Memória a Longo Prazo 
Memória Explicita (declarativa) 
 - Episódica 
 - Semântica 
Memória Implícita ( não declarativa) 
 - ProcedimentalFonte: Atkinson e Shiffrin (1968) 
Quadro 1- Sistemas e Subsistemas de Memória 
 
Em relação ao conteúdo deste modelo, a memória sensorial é a memória de 
curtíssimo prazo, cuja retenção dura apenas alguns segundos. Já a memória de 
trabalho é um tipo de memória de curta duração que depende de um 
27 
 
 
armazenamento transitório de processamento de informação para a realização de 
tarefas (BADDELEY, 1981). 
A memória explicita ou declaratória é formada de maneira consciente e é 
evocada por meio da palavra. Ao contrário, a memória implícita é formada de 
maneira inconsciente e não é possível verbalizá-la (IZQUIERDO, 2003). Um tipo de 
memória explicita é a memória episódica, que se refere à retenção de experiências 
sobre fatos e eventos do passado. Outro é a memória semântica, considerada como 
reservatório de conhecimento sobre o mundo e as proposições a respeito dele. Esta 
possibilita que a pessoa mantenha conversas com significado (FRANK; LADEIRA, 
2006). Por fim, a memória procedimental se refere à capacidade de aprender novas 
habilidades motoras, perceptivas ou cognitivas, e requer treino e repetição da tarefa 
em questão (HELENE; XAVIER, 2003). Os sistemas de memória funcionam de 
forma cooperativa, mas muitas vezes independentes (XAVIER, 1996). 
Apesar do modelo de Atkinson e Shiffrin (1968) ser limitado, ele foi utilizado 
como precursor de uma série de modelos e seus sistemas são utilizados em estudos 
até hoje. O presente estudo adotou este modelo, por ser o mais utilizado nos 
estudos científicos. Todavia, outros estudos refletem sobre a existência de diversos 
sistemas de memória, como o modelo de Hunt (1971), que distinguiu entre os 
componentes básicos da memória e os processos de controle. Os componentes 
básicos seriam o buffer sensorial, equivalente à memória sensorial (MS), memória 
de curto prazo (MCP), memória de médio prazo (MMP) e memória de longo prazo 
(MLP). Por exemplo, em uma conversa, a MCP seria responsável pela recordação 
de palavra por palavra, a MMP recordaria o tema geral da conversa e a MLP 
conservaria o conteúdo que se conhece da conversa. Também atuariam processos 
de controle, que seriam os processos atencionais, os quais permitem transferir a 
informação, desde a percepção sensorial até a MLP (COLOM; FLORES, 2001). 
Outro modelo foi o de Craik e Lockhart (1971), que sugeriram a 
independência dos subsistemas e a possibilidade do processamento ser paralelo, 
isto é, a MCP e a MLP poderiam funcionar independente e simultaneamente. De 
acordo com esses autores, a MCP não é o portão de entrada da MLP, mas existe 
uma integração entre a retenção de informação na MCP e na MLP (BADDELEY, 
1999). Entretanto, Olton (1989), questiona a lógica que levou à proposta de 
28 
 
 
diferentes sistemas de memória e propõe uma análise dimensional, envolvendo 
contingências temporais e procedimentos de treinamento que teriam, maior valor 
heurístico para a análise dos processos e mecanismos responsáveis pela memória. 
No envelhecimento normal, muitos idosos apresentam alterações na memória 
(BERTOLLUCI, 2000), e nesse processo os sistemas de memória não são afetados 
uniformemente, sendo alguns mais afetados do que outros (OSTROSKKY-SOLIS; 
JAIME, 1998). Pesquisa sobre esse assunto revela que, na memória de curto prazo, 
a memória sensorial sofre poucas alterações (KAUSLER, 1990), mas a memória de 
trabalho ou operacional sofre um declínio considerável (STUART-HAMILTON, 2002). 
Na memória em longo prazo, a episódica é fortemente alterada (BADDELEY, 1999). 
Sendo que a semântica (RONNLUND et al., 2005) e a implícita são menos afetadas 
(KENSINGER; CORKIN, 2003). 
 Um aspecto importante na memória, que ocorre no processo de 
envelhecimento, é a diminuição da velocidade de processamento de informações 
(SALTHOUSE, 1991). Podem ocorrer ainda déficits em codificação, armazenagem e 
resgate de informações (SÉ GASPARETO; QUEIROZ; YASSUDA 2004). Entretanto, 
a memória pode ser estimulada. Segundo Isquierdo (2003), o exercício contínuo de 
memória provavelmente seja a principal diferença entre o declínio cognitivo entre os 
idosos e as outras pessoas adultas. 
 Segundo Yassuda (2006), alguns fatores determinam a magnitude dos efeitos 
do envelhecimento sobre a memória, sendo eles: composição genética do indivíduo, 
nível educacional e socioeconômico, acuidade visual e auditiva, relações sociais e 
estilo de vida, ademais, depressão e desaceleração na síntese dos peptídeos 
específicos da memória (MCGEER; MCGEER, 1980). Além disso, influenciam 
negativamente na memória as doenças cardiovasculares, a administração de 
medicamentos e sedativos, e a alteração nos níveis de atividade física habitual 
(POITRENAUD et al. 1994), fatores psicossociais como o isolamento (LAMBERTY; 
BIELIAUSKAS, 1991). O estudo de Fratiglion et. al. (2000) sugere que a 
participação em atividades e redes de suporte social e emocional está associada a 
um menor declínio cognitivo na velhice. 
 Os esquecimentos constantes dos nomes das pessoas, dos remédios, dos 
compromissos, de onde deixou algo, do fogão aceso e outros indicam que algo não 
29 
 
 
vai bem. Recursos internos como a consciência de si (self) e o mecanismo de auto- 
regulação pode trazer ao indivíduo a noção do que está ocorrendo. Essa 
consciência é importante para a procura de meios para amenizar esses declínios e 
manter, em níveis razoáveis, a memória. 
 
4.3- EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS 
 
Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que o cérebro perdia a sua 
plasticidade e sua capacidade de mudança à medida que o homem envelhecia 
(COTMAN; BERCHTOLD, 2002; GOLDBERG, 2002). Porém, o desenvolvimento é 
um processo que dura a vida inteira. O cérebro adulto é plástico, está sempre ávido 
para aprender (FOZA; FERREIRA, 2005). Esse fato abre um novo modo de pensar 
sobre os efeitos do exercício cognitivo, como um meio, defendido por estudiosos, 
para manter a mente em intensa atividade e promover a plasticidade cerebral. Esses 
exercícios são capazes de ativar o cérebro, provocar o crescimento de novas 
conexões entre as células nervosas, melhorar o suprimento sanguíneo cerebral 
através do crescimento intensificado de pequenos vasos sanguíneos e, ainda, 
retardar a progressão de desordens cerebrais degenerativas (COTMAN; 
BERCHTOLD, 2002; GLODBERG, 2002). Vários estudos realizados confirmam a 
melhora de várias funções cognitivas, entre elas, a memória, com esses treinos 
(VERHAEGHEN; MARCOEN e GOOSENS,1992; SHERRY et al, 2006, ALMEIDA 
BEGER E WATANABE, 2007) . 
Um estudo realizado entre 1998 e 2004, conduzido por Sherry et al., (2006), 
nos Estados Unidos, com quatro grupos (treinamento de memória, raciocínio, 
velocidade de processamento e grupo controle) em dez sessões e reforço de quatro 
sessões. Em 11 e 35 meses após o treinamento, demonstrou que a cognição teve 
respostas melhoradas até cinco anos depois das intervenções. Ocorreu também um 
menor declínio na habilidade de se executar atividades da vida diária, em 
comparação com aqueles que não receberam o treinamento. Do mesmo modo, 
pesquisa feita por Almeida; Beger e Watanabe (2007) com 45 idosos submetidos a 
uma oficina da memória por um semestre, concluiu que houve uma diminuição no 
30 
 
 
número de queixas sobre a memória de 1,22 para 0,88, e a citação de esquecimento 
não precisa caiu de 38% para 20%. Evidenciou-se, assim, a eficácia do treinamento 
dessa função. Por sua vez, a meta-análise de Verhaeghen; Marcoen; Goosens 
(1992) que pesquisou a diferença no desempenho entre o pré e o pós-teste no grupo 
experimental, controle e placebo de 32 estudos com treino de memória episódica, 
documentaram que estes programas geram um aumento significativo no 
desempenho cognitivo dos idosos. Esse estudo indicou que idosos aprendem a usar 
estratégias de memorização, mesmo as mais complexas, apesar de não sugerir a 
superioridadede nenhuma técnica em particular. Outro estudo de revisão sobre a 
efetividade das intervenções cognitivas na prevenção e deterioração da memória de 
idosos saudáveis sugere que intervenções cognitivas são efetivas e previne o 
declínio dessa função, principalmente a memória recente verbal (NOVOA; JUAREZ; 
NEBOT, 2008). 
 Na busca de recursos para maximizar os efeitos dos treinos cognitivos, 
pesquisadores estão investigando a eficácia de treinos feitos através do computador 
(LAURANCE et al., 2002; GUENTHER, et al., 2003). Ainda, atualmente, as oficinas 
de memória para idosos vêm ampliando suas intervenções em uma abordagem mais 
ampla, de otimização cognitiva, com fatores cognitivos e não-cognitivos. 
(GUERREIRO; CALDAS, 2001). Os fatores cognitivos podem ser divididos em 
internos, externos e condições para realização de tarefas. Os internos são: 
escolaridade, nível cultural, grau de atividade, habilidades, domínio de 
conhecimentos, características cognitivas e metacognição. Os recursos externos 
são: ajudas externas como: agendas, calendário, lista de compra, entre outros. As 
condições para realização de tarefas são as condições ambientais e condições de 
apresentação da informação. Já os fatores não cognitivos compreendem as 
condições relacionadas à saúde física do indivíduo (sono, nutrição, atividade física, 
uso de medicamentos, álcool e outras drogas, tabagismo, hipertensão arterial, 
diabetes, doenças agudas ou crônicas etc.), suas condições psico-afetivas (traços 
neuróticos, ansiedade, depressão, crenças sobre a própria capacidade, motivação, 
etc.) e sociais (engajamento, suporte social, crenças sobre o envelhecimento, etc.). 
Essa abordagem vem demonstrando melhores resultados nos estudos que analisam 
a eficácia de treinamento de memória (VAN DER LINDEN; HUPET, 1994). 
 
31 
 
 
4.4- EXERCÍCIOS FÍSICOS, COGNIÇÃO E MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS 
 
Estudos evidenciam o efeito positivo da atividade física e do exercício físico 
no declínio biológico causado pelo envelhecimento e seus efeitos benéficos no 
processo cognitivo (memória, aprendizagem, atenção, etc) (OKUMA, 1998; SILVA; 
NAVARRO; CAMPOS, 2007; UNGER; JOHNSON, 2008). Além disso, o estudo de 
Rovio (2005) mostra a associação entre atividades físicas e menores risco de 
demência e doença de Alzheimer. A possível influência da atividade física sobre as 
funções cerebrais do idoso foi discutida por diferentes autores (KALSHA; SHAUTH, 
2001; SHEPHARD, 2003; KRAMER et al., 2005; CHIARI et al., 2010). Segundo 
Antunes et al (2006) O exercício físico pode interferir no desempenho cognitivo por 
diversos motivos: a) em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por 
mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na comparação de 
indivíduos fisicamente ativos x sedentários); b) pela melhora cognitiva observada em 
indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis); 
c) na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de uma menor 
flexibilidade mental e atencional quando comparado com um grupo jovem. Ainda, os 
exercícios físicos ativam cascatas musculares e celulares que mantêm a plasticidade 
do cérebro, promovendo a vascularização do cérebrom neurogênese e mudança nas 
estruturas neuronais (COTMAN e BERTCHTOLD, 2002) e mudanças funcionais 
saudáveis no envelhecimento. O estudo de Cavalini e Chor (2003), realizado com 
idosas, para detectar déficit cognitivo, conclui que sedentárias apresentam 
prevalência de déficit cognitivo cerca de duas vezes maior quando comparados com 
idosas ativas. 
Em relação aos efeitos dos exercícios físicos sobre as funções cognitivas, 
entre elas a memória, os exercícios aeróbicos são multifatoriais e estão relacionados 
a alterações em vários sistemas. A diminuição no ritmo do declínio da função 
memória, induzida pelos exercícios aeróbicos, pode ocorrer pelos seguintes 
mecanismos: auxílio no bom funcionamento cerebrovascular, melhoria da função 
cardiorrespiratória e aumento do transporte de oxigênio para o cérebro (ANTUNES 
et al., 2001). Os exercícios físicos aumentam a síntese e degradação dos 
neurotransmissores, auxiliam na diminuição da pressão arterial, na concentração de 
32 
 
 
colesterol e triglicerídeos, na inibição da agregação plaquetária (ROBERGS; 
ROBERTS, 2002) e reduz o cortisol (KHALSA; STAUTH, 2001). 
Pesquisa de Colcombe e Kramer (2003), no qual os tecidos cerebrais foram 
mapeados através de técnicas de ressonância magnética funcional, verificou que 
indivíduos fisicamente ativos exibem menores taxas de perdas teciduais durante o 
envelhecimento do que indivíduos sedentários. Um estudo de revisão, incluindo 30 
estudos realizados de 1970 a 2003, demonstrou que os exercícios físicos contribuem 
para a diminuição de ocorrência de demências no envelhecimento (HEYN; ABREU; 
OTTENBACHER, 2004). 
Diferentes características do exercício físico podem interferir na memória. 
Logo após a realização de um exercício físico intenso (efeito agudo do exercício), 
formações de novas memórias podem ser afetadas negativamente Os protocolos 
desenvolvidos para investigar os efeitos do exercício intenso nas funções cognitivas 
são realizados pela demanda anaeróbia máxima, podendo causar um estado de 
fadiga e conseqüentemente um declínio cognitivo (ANTUNES, et al, 2006 Já o 
exercício regular sistematizado pode ajudar no armazenamento de novas 
informações (MELO et al., 2005). 
A maioria das pesquisas, sobre memória e exercícios físicos, foi feita por meio 
de exercícios aeróbicos, evidenciando a melhora dessa função e da cognição como 
um todo (SHERPHARD, 2003; KRAMER et al., 2005), mas, recentemente, os efeitos 
dos exercícios resistidos na memória têm sido pesquisados, sendo o número de 
estudos bem menor do que aqueles utilizando os dos exercícios aeróbicos. Porém, 
seus resultados têm sido animadores. Estudos de Ozkaya et al., (2005) e Busse et 
al., (2008) verificaram a melhoria dessa função com esse tipo de exercício. Todavia, 
a combinação de exercícios aeróbicos e exercícios de força podem melhorar ainda 
mais o desempenho da memória de trabalho, comparada com os efeitos dos 
exercícios aeróbicos. Isso foi demonstrado na metanálise de Colcombe e Kramer 
(2003). 
Pesquisa de Charchat e Moreira (2008) relata que mesmo uma sessão de 
exercícios físicos pode apresentar resultados benéficos no desempenho cognitivo 
em idosos, em atividades que requerem funções executivas, com implicações na 
memória de trabalho. Quanto às funções de atenção e estado de alerta, estudo de 
33 
 
 
Cordova et al. (2009) evidenciou também melhoras. Este estudo mostrou que a 
melhor intensidade para esses efeitos são exercícios moderados a intensos. A 
intensidade mais adequada foi a de 90% do limiar anaeróbio. 
Outro aspecto do exercício físico modulador da memória diz respeito aos 
mecanismos hormonais e humorais estimulados na sua prática. Segundo Izquierdo 
et al., (1988), os mecanismos que influenciam a memória e os mecanismos 
humorais envolvidos no exercício físico conduzem a mais de uma especulação a 
respeito da possível influência do exercício na memória. A adrenalina, noradrenalina, 
adrenocorticotrófico (ACTH), vasopressina, opióide e B-endorfina são moduladores 
fisiológicos da memória e todos estes estão envolvidos na regulação homeostática 
do exercício. Sugere-se com essa relação mais um efeito do exercício físico na 
modulação da memória (SANTOS; MILANO; ROSAT, 1998). 
 
4.5- EXERCÍCIOS FÍSICOS CONJUGADOS COM EXERCÍCIOS DE COGNIÇÃO 
 
Foram encontrados poucos estudos unindo exercícios físicos com exercícios 
para a cognição ou memória. Contendo essa conjugação citamos o estudo 
denominado The SIMA project de OSVALDO et al., 1996, feito no Instituto de 
Psicogerontologia da Universidade de Erlange na Alemanha, sobre a manutenção e 
apoio à vida independente na terceira idade. Os experimentos tiveram a participaçãode 309 pessoas com idade entre 75 e 89 anos e foi realizado em 30 sessões. Os 
idosos foram divididos em seis grupos: grupo controle, grupo de programa de 
treinamento de competências, grupo de treinamento de memória, programa de 
treinamento psicomotor, treinamento psicomotor e competência, e treinamento 
psicomotor e memória. Os resultados demonstram que o treinamento de memória e 
o treinamento combinado, psicomotor e memória, apresentaram melhores 
resultados, sem diferença significativa entre eles. 
 Outro estudo é o de Fabre et al.,(2002), no qual foram comparados os efeitos 
do treinamento físico aeróbio e treinamento mental na função cognitiva, e se 
procurou determinar se a associação das duas técnicas poderia demonstrar 
melhores resultados. Participaram deste estudo 32 idosos entre 60 e 76 anos, que 
34 
 
 
foram alocados em quatro grupos, com intervenções por dois meses (treinamento 
aeróbico, treinamento mental, combinado treinamento aeróbico e mental, e controle). 
O programa de exercícios aeróbicos e o programa de treinamento mental, ambos 
resultaram na melhora da função cognitiva; no entanto, o método combinado foi o 
que obteve melhores respostas na memória, sugerindo que a utilização combinada 
dos dois métodos pode potencializar os resultados mais do que o uso de apenas 
uma das técnicas. 
 
5 - MATERIAIS E MÉTODOS 
 
5.1- DELINEAMENTO DO ESTUDO 
 
O estudo apresentou um delineamento experimental, com intervenções de 
estimulação da memória em dois grupos e a presença de um grupo controle. Foram 
feitas avaliações da memória pré e pós-intervenções nos grupos, comparando seus 
resultados. 
Participaram do estudo mulheres idosas, com idade compreendida entre 60 a 
80 anos, residentes no Distrito Federal, as quais foram aleatoriamente divididas em 
três grupos: 1) Estimulação Cognitiva Tradicional (ECT); 2) Estimulação Cognitiva 
conjugados com exercícios físicos (ECE); e 3) Grupo Controle (GC). No grupo de 
ECT foram aplicados exercícios de oficinas de memória tradicional e, no ECE, 
exercícios de oficina de memória aliados a movimentos corporais. O grupo controle 
permaneceu com suas atividades normais, sem intervenção do pesquisador. Os 
aspectos principais analisados com o estudo foram os efeitos das intervenções 
sobre parâmetros da memória. 
 
 
 
35 
 
 
5.2- AMOSTRA 
 
A amostra foi composta por 96 idosas, praticantes de atividades físicas 
sistematizadas no Serviço Social do Comercio (SESC) na cidade satélite do Guará, 
DF, com idade compreendida entre 60 e 80 anos. Esta foi dividida aleatoriamente 
em três grupos de 32 sujeitos cada: grupo de Estimulação Cognitiva Tradicional 
(ECT); grupo de Estimulação Cognitiva e Exercícios (ECE); e Grupo Controle (GC). 
No entanto, iniciou-se a intervenção com 24 idosas no grupo ECM e 21 no grupo 
ECT, mas frequentaram 70% das sessões, número mínimo para ser incluída na 
pesquisa, 19 e 17 respectivamente. No grupo controle foram selecionadas 
aleatoriamente 19 para o pós-teste, totalizando uma amostra de 55 idosas. O 
presente estudo adotou os seguintes critérios de inclusão e de exclusão. 
 
5.2.1- Critérios de inclusão 
 
• Idosas do sexo feminino com idade compreendida entre 60 e 80 anos e 
aparentemente saudáveis. Isto é, que não apresentassem doenças crônicas 
não controladas que impeçam sua participação no estudo; 
• Alfabetizadas, que saiba ler, interpretar o que leu e escrever. 
• Idosas que praticam atividades físicas sistematizadas 
• As idosas do grupo ECM, aptas a praticarem atividades físicas de intensidade 
leve a moderada. 
 
 
5.2.2- Critérios de exclusão 
 
• Cirurgias recentes; 
• Portadores de doenças crônicas não transmissíveis que não estejam 
controladas; 
36 
 
 
• Idosos que utilizam medicamentos que favorecem a confusão mental como: 
drogas psicoativas, antidepressivos, antipsicóticos, neurolépticos e 
benzodiazepínicos; 
• Alcoolismo; 
• Sinais de provável depressão: ponto de corte acima de 5 na Escala de 
Depressão Geriátrica 15 (Yesavage), versão resumida; 
• Deficiência auditiva e visual sem correção; 
• Comprometimento cognitivo, avaliado por meio do MEEM. Pontos de corte: 
analfabetos, 13; 1 a 8 anos incompletos, 18; e maior ou igual a 8 anos de 
escolaridade, 26 (BERTOLUCCI et al,1994). 
 
Todos os participantes foram orientados para que informassem à pesquisadora, 
caso iniciassem qualquer nova medicação, a fim de excluir possível interferência 
desta no processo cognitivo durante realização das oficinas. 
 
5.3- Cuidados Éticos 
 
O estudo somente foi colocado em campo após a aprovação pelo Comitê de 
Ética em Pesquisa da Secretária de Estado de Saúde do DF (ANEXO 2). Antes da 
coleta de dados e do início das intervenções, foram feitas reuniões com os 
responsáveis pelo departamento de atividades com idosos do SESC para prestar 
esclarecimentos sobre o planejamento da pesquisa. 
Posteriormente, todos os participantes receberam orientações orais e escritas 
sobre a pesquisa, com todos os aspectos relacionados ao seu formato, sigilo dos 
dados e responsabilidade dos pesquisadores e profissionais envolvidos. Os 
participantes foram ainda informados sobre os possíveis riscos e benefícios do 
protocolo experimental, bem como sobre a possibilidade de deixarem de participar 
da pesquisa a qualquer momento. Em seguida, todos os participantes preencheram 
e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, formulado de acordo 
com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (ANEXO1), 
concordando com sua participação voluntária na pesquisa. 
37 
 
 
5.4- INSTRUMENTOS 
 
 Os critérios de seleção dos testes, que foram aplicados nesse estudo, foram 
os seguintes: aspectos da memória do idoso importantes para avaliação (memória a 
curto prazo, fluência verbal e função executiva e autopercepção da memória), 
qualidade do teste para avaliar esses aspectos, eficiência, praticidade e tempo 
necessário para aplicação, aplicabilidade pela comunidade científica e testes 
específicos para a população de idosos. Os testes adotados foram: para seleção da 
amostra, o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) (FOLSTEIN, 1975) e a Escala de 
Depressão Geriátrica, versão resumida (EDG-15) (SHEIK; YASAVAGE, 1986); para 
a memória, o Teste de Memória da Lista de Palavras (MLP) (ATKINSON; SHIFFIN, 
1971), Teste de Fluência Verbal (FV) (ISAAC; KENNIE 1973) e a Escala Subjetiva 
de Queixa de Memória (EQM) (Cambridge Examination for Mental Disorders of the 
Eldely - CAMDEX, ROTH et al., 1988). 
Para obtenção de resultados mais fidedignos nos testes, a aplicação foi 
precedida de um período de treinamento, sendo este constituído pela observação de 
profissionais experientes e pela aplicação propriamente dita em aproximadamente 
30 idosos, os quais não entraram nas análises do estudo. Antes da aplicação dos 
testes, as voluntárias responderam o questionário de identificação (APÊNDICE A). A 
seguir, encontram-se os detalhes sobre os instrumentos de avaliação que foram 
aplicados nas voluntárias desta investigação. 
 
5.4.1- Mini- Exame do Estado Mental (Apêndice B) 
 
O MEEM foi criado por Folstein (1975) e adaptado para a população brasileira 
por Bertolucci et al. (1994). Foi projetado para ser uma avaliação clinica prática de 
mudanças do estado cognitivo em pacientes geriátricos, com alfa de Cronbach 0,80 
(SANTOS, et al., 2010). Desde a sua publicação, é um importante instrumento de 
rastreio de comprometimento cognitivo, utilizado como instrumento clínico ou em 
pesquisas em estudos epidemiológicos populacionais (BRUCKI et al., 2003). É 
38 
 
 
composto por questões agrupadas em sete categorias, que tem o objetivo de avaliar 
funções cognitivas como a orientação temporal (5 pontos cada), retenção ou registro 
de dados (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), memória (3 pontos), linguagem (8 
pontos), capacidade construtiva visual (1 ponto) e orientaçãoespacial ( 5 pontos). O 
escore pode variar de um mínimo de zero até um total máximo de 30 pontos. A 
versão em português selecionada para este estudo foi traduzida e validada por 
Bertolucci et al., (1994). Atualmente é uma das mais utilizadas no Brasil, e leva em 
consideração diferentes níveis de escolaridade. Seu ponto de corte para analfabetos 
é 13, 1 a 8 anos incompletos de escolaridade, 18 e maior ou igual a 8 anos de 
escolaridade, 26. O MEEM é utilizado para rastreamento de comprometimento 
cognitivo; portanto, foi adotado para identificar voluntárias que estejam abaixo do 
ponto de corte, ou seja, com sugestão de comprometimento que pudesse afetar os 
resultados do presente estudo. 
 
5.4.2- Escala de Depressão Geriátrica- EDG -15 (Apêndice C) 
 
Ainda para selecionar a amostra, foi aplicada a EDG-15, devido à associação 
entre a depressão e o comprometimento cognitivo, que há muito tempo tem sido 
relacionada e vem sendo alvo de pesquisas. Metanálise de Huang et al., 2010 
evidencia relação entre depressão, comprometimento cognitivo e demência. A EDG-
15 foi criada por Sheik e Yasavage (1986) e traduzida para o português por Stoppe 
Júnior; Jacob Filho; Louza Neto (1986) foi validada no Brasil por Almeida e Almeida. 
Foi utilizada por ser de entendimento simples, com respostas do tipo sim ou não, de 
rápida e fácil aplicação, e possuir propriedades de validade e confiabilidade 
satisfatórias para o rastreamento dos sinais sugestivos de depressão no idoso 
(HOYL et al., 1999; ERTA: EKER, 2000), com o alfa de Cronbach 0,94 (PARADELA, 
LOURENÇO; VERAS, 2005). A versão original da Escala de Depressão Geriátrica 
(EDG) possui 30 itens, entretanto foi utilizada uma versão mais curta, no estudo, 
sendo composta por 15 itens. Essa versão aplicada em ambientes não 
especializados (ambulatórios), no Brasil, também foi previamente validada por 
Paradela; Lourenço e Veras (2005). O ponto de corte é o sugerido inicialmente pelos 
39 
 
 
autores que traduziram esta escala para o português. Para eles, a partir de cinco 
pontos haveria sinais sugestivos de depressão. 
 
5.4.3- Memória da Lista de Palavras- MLP (Apêndice D) 
 
O teste de MLP foi concebido por Atkinson e Shiffin (1971), e faz parte da 
Bateria do Consortium to Estabilish a Registry for Alzheimer Disease - CERAD. É um 
instrumento que avalia a memória a curto prazo. O teste consiste na leitura, feita 
pelo examinador, de 10 palavras não relacionadas, no ritmo de cada palavra e em 
dois segundos. Terminada a leitura, é realizada a evocação. Depois, o procedimento 
é repetido, mais duas vezes, com as palavras em uma ordem diferente. A pontuação 
é obtida pela soma das palavras recordadas nas três tentativas. A avaliação será 
realizada antes e após o período de intervenção. 
 
5.4. 4 - Teste de Fluência Verbal- FV (Apêndice E) 
 
Este teste foi validado por Isaacs e Kennie (1973) e fornece informações 
sobre a capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica 
(BUTMAN et al., 2000), habilidade de recuperar informações armazenadas e 
processamento das funções executivas (RODRIGUES; YAMASHITA; CHIAPPETTA, 
2008). Existem duas modalidades do teste de FV: a semântica (animais) e a 
categoria fonológica, com evocação de palavras que se iniciam com uma 
determinada letra. O teste mais empregado em estudos brasileiros é o de categoria 
semântica (animais), devido à facilidade de sua aplicação e à disponibilidade de 
notas de corte definidas em função da escolaridade (NITRINI et al., 2005). A 
memória semântica pertence ao sistema de memória explícita (declarativa) e implica 
o uso de produtos verbais como nomes de pessoas, lugares, descrições de 
acontecimentos, vocabulário, significados e regras gramaticais, classificação e 
conceitos abstratos (IZQUIERDO, 2003). 
40 
 
 
O teste aplicado foi o de categoria de animais de Isaac e Kennie (1973), no 
qual é dado o comando para o sujeito dar o nome de todos os animais que 
conseguir em um minuto. O escore corresponde ao número de animais lembrado 
nesse tempo, não pontuando gêneros iguais, exceto quando as denominações são 
diferentes (ex. cavalo e égua); nesse caso, ambos são pontuados (BERTOLUCCI, 
2001). 
 
5.4.5- Escala Subjetiva de Queixas de Memória (Apêndice F) 
 
 Outro aspecto considerado foi à auto-avaliação dos sujeitos da pesquisa em 
relação a sua própria memória. Nesse sentido, foi aplicado a EQM, que é um teste 
que avalia a percepção da memória. A EQM é uma escala breve em comparação 
com as tabelas oficiais de metamemória, mas seu conteúdo é bastante significativo 
(JONKER; GEERLINGS; SCHMAND, 1996). A percepção do declínio cognitivo pode 
levar à tomada de consciência, gerando ações no sentido de recrutar recursos 
internos e externos para superar as dificuldades apresentadas com tal quadro. A 
EQM é um questionário proveniente da bateria CAMDEX (Cambridge Examination 
for Mental Disorders of the Eldely), sendo composto por 10 questões de forma que, 
quanto mais queixas e quanto mais estas tenham interferência na vida do indivíduo, 
maior será a pontuação, que varia de 0 a 21. 
 
5.5 - INTERVENÇÕES 
 
Para melhor desenvolvimento das intervenções, foi realizado um 
acompanhamento da oficina de memória para idosos, ministrada na Unidade Mista 
de Taguatinga, da Secretária de Saúde do DF, por um período de dois meses. Além 
disso, foram aplicadas cinco sessões-piloto de intervenções em grupos de idosos no 
DF (Secretária de Esporte do DF), com a finalidade de estabelecer ajustes, melhorar 
e viabilizar a proposta. No planejamento das intervenções foi elaborado um plano de 
ensino (APÊNDICE G) e planos de sessões (Apêndices H e G), sendo que as 
41 
 
 
intervenções ECT e ECE foram as mais similares possíveis, diferenciando apenas 
pela inclusão de exercícios físicos. 
 
5.5.1- Estímulação Cognitivo Tradicional (ECT) 
A intervenção de ECT foi realizada no SESC-Guará, DF, com uma frequência 
de três sessões semanais, durante um mês, totalizando doze sessões. Cada sessão 
teve a duração aproximada de noventa minutos e foi estruturada tomando como 
base a pesquisa bibliográfica (ALVAREZ, 2004; GEDIMAN e CRINELLA, 2008; 
DELLSOLA, 2008) e estudos de oficinas de memória tais como Verhaeghen; 
Marcoen; Goosens, (1992), Yassuda (1999); Ball et al. (2002), Lasca (2003) e Matos 
(2006), entre outros. 
O conteúdo incluiu uma parte teórica e outra prática. A parte teórica constou 
de explanações e discussões sobre envelhecimento e crenças, etapas e sistemas de 
memória, metamemória, auto-eficácia e suas influências, estratégias externas e 
internas para facilitar a lembrança. A parte prática foi composta por exercícios de 
estratégias mnemônicas, percepção, atenção e concentração. Ademais, incluiu 
atividades de raciocínio lógico, atividades verbais e resolução de problemas com 
memória recente e memória pregressa. 
Todos os exercícios foram graduados do simples para o complexo e do 
concreto para o abstrato, com atividades individuais e em grupos, jogos e atividades 
lúdicas, estimulando os mecanismos para melhor desempenho da memória. Além 
disso, foram sempre requisitados exercícios para casa, utilizando métodos 
aprendidos nas sessões. Para aderência dos participantes, na pesquisa foram 
utilizadas práticas estratégicas para maximizar a participação dos sujeitos, como 
telefonemas para os idosos faltosos e atividades de integração dos participantes. 
 
 
 
 
42 
 
 
5.5.2- Estimulação Cognitiva e Exercícios Físicos (ECE) 
 
O número de sessões por semana e a duração da intervenção de ECE foi 
igual à intervenção por meio do ECT e o local também foi o mesmo. As atividades 
práticas de estimulação da memória também seguiram o conteúdo da ECT, sendo a 
principal diferença a conjugação com exercícios físicos. As atividades foram 
estabelecidas dentro de um plano de ensino, tendo como base a pesquisa 
bibliográfica (VERHAEGHEN; MARCOEN; GOOSENS,1992; MANIDI e MICHEL, 
2001; YASSUDA 1999; MORENO, 2002; BALL et al, 2002; LASCA 2003; 
GEIS,2003; ALVAREZ, 2004; MATOS, 2006; GEDIMAN e CRINELLA, 2008; 
DELLSOLA, 2008 ) e a criatividade, e foram distribuídas em partes semelhantes às 
sessões de exercícios físicos: parte inicial, parte principal e parte final. 
Na parte inicial, foram feitas exposições teóricas sobre envelhecimento, 
crenças, mitos, memória e metamemória, além de discussões sobre a execução dos 
exercícios que foram passados para casa. Toda essa parte foi intercalada com 
movimentos de preparação corporal e mental para o restante da sessão como, por 
exemplo, caminhada, atividades de mobilidade geral e exercícios respiratórios. 
Na parte principal, foram aplicadas estratégias mnemônicas como: 
associação, categorização, imagem mental e localização. Tudo isso aliado a 
exercícios físicos que contribuem para a flexibilidade, força e resistência aeróbia, 
com todas as atividades exercitando a memória. Além disso, foram utilizadas 
estratégias tais como jogos ativos e moderados de atenção, concentração, rapidez 
de reação, resolução de problemas, ginástica natural e dança. Além de aplicados 
exercícios de Neurobiótica, método de programa de exercícios que consiste em 
proporcionar ao cérebro experiências fora da rotina, utilizando inúmeras 
combinações dos cinco sentidos (KATS, 2000). Ainda foram aplicados exercícios de 
Brain Gym (DENNILSON; DENNILSON, 1996), método que se dá através da prática 
de determinados exercícios que ativam áreas do cérebro e conectam o lado direito 
com o lado esquerdo. 
Encerrando a sessão, a parte final foi composta de exposições teóricas sobre 
estratégias internas e externas para facilitar a lembrança, influências que sofre a 
43 
 
 
memória e auto-eficácia. Tudo isso foi intercalado com relaxamento, exercícios 
respiratórios e técnicas de meditação. 
Os exercícios físicos seguiram os princípios básicos do treinamento físico: 
individualidade biológica, sobrecarga, continuidade, interdependência do volume, 
intensidade e variabilidade. As atividades cognitivas foram igualmente graduadas do 
simples para o complexo e do concreto para o abstrato. Todas as ações de 
aderência estabelecidas no grupo de ECT foram adotadas do mesmo modo no ECE. 
 
5.5.3- Grupo Controle (GC) 
 
O Grupo controle foi instruído a não alterar sua rotina e permanecer sem 
estímulos específicos para a memória durante o tempo da pesquisa. Seus 
participantes apenas foram submetidos aos testes cognitivos, antes e após o 
período da intervenção. Como estratégia de adesão dos participantes à pesquisa, foi 
realizada uma palestra e mantido contato através de telefonemas. Ao final da coleta 
de dados foi oferecido, aos interessados deste grupo, o treinamento de memória 
com atividades da oficina tradicional e da oficina conjugada com atividades físicas. 
 
5. 6 - TRATAMENTO ESTATÍSTICO 
 
Para verificar a normalidade da distribuição dos dados foi utilizado o teste de 
Kolmogorov-Smirnov. Os dados são apresentados através da estatística descritiva, 
utilizando-se os procedimentos de média e desvio padrão. Para verificar diferenças 
entre os grupos na linha de base do estudo, foi conduzida uma análise de variância 
(ANOVA) para as variáveis contínuas, e o teste qui-quadrado para as variáveis 
categóricas. Um ANOVA fatorial {(2 x 3) (Tempo [pré e pós] * Grupo (ECE, ECT e 
GC) foi utilizada para verificar os efeitos da intervenção. Nesse sentido, os valores 
intra-sujeitos foram as variáveis dependentes e os fatores inter-sujeitos foram os 
grupos. Uma vez que o nível de atividade intelectual apresentou uma diferença 
44 
 
 
limítrofe entre os grupos, essa foi tratada como co-variável nas análises. Ocorrendo 
diferença significativa em alguma das variáveis, testes de comparações múltiplas 
Bonferroni foram conduzidos para identificação de contrastes relevantes entre as 
médias. A significância estatística adotada para as análises foi um valor de P ≤ 0,05 
e o software SPSS versão 15,0 foi utilizado para a realização de todas as análises. 
 
 
6 - RESULTADOS 
 
6.1- CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 
 
A coleta de dados da presente pesquisa foi desenvolvida de março a agosto 
de 2010, no Serviço Social do Comércio (SESC), onde, nesse período, praticavam 
atividades físicas 2533 pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. O número 
de idosos participantes das diversas atividades é de 780. Dessa população inicial, 
participantes potenciais foram informados sobre a pesquisa por meio de uma 
palestra acerca da memória e envelhecimento e avisos verbais oferecidos nas 
turmas. Inicialmente, 131 idosas se voluntariaram para as avaliações envolvendo a 
aplicação do EDG e do MEEM. Após aplicação dos critérios de exclusão, 96 
voluntárias foram selecionadas e distribuídas aleatoriamente em três grupos: 1) 
ECE; 2) ECT; e 3) GC. As participantes do GC foram orientadas para que 
permanecessem com suas atividades rotineiras, e também com esse grupo foi 
realizado um encontro, envolvendo uma palestra sobre hipertensão, para controle e 
aderência do mesmo. Os grupos ECE e ECT iniciaram a intervenção com 24 e 21 
idosas, uma vez que as demais apresentaram incompatibilidade de horário. 
Entretanto, frequentaram o número mínimo de sessões (i.e., 70% das sessões) 19 e 
17 voluntárias para o ECE e ECT, respectivamente. Das voluntárias inicialmente 
alocadas no GC, 19 foram aleatoriamente selecionadas para realizar as avaliações 
pós-intervenção. Dessa forma, um total de 55 voluntárias entrou nas análises da 
presente investigação. Para um melhor entendimento do leitor, o fluxograma de 
recrutamento da amostra é apresentado na figura 1. 
 
45 
 
 
 
 
 
GC: Grupo Controle; ECM: Estimulação Cognitiva e Movimento; ECT: Estimulação 
Cognitiva Tradicional 
 
 
 Figura 1: Fluxograma do recrutamento das voluntárias do estudo 
 
 
A Tabela 1 apresenta as características descritivas (média ± desvio padrão) da 
amostra estudada, indicando as variáveis coletadas. Participaram do estudo 55 
idosas, com idade média de 68,4 ± 5,6 anos. Especificamente, são apresentados na 
tabela os dados das variáveis contínuas, tais como idade, número de pessoas no 
domicílio, escolaridade e resultados dos testes psicrométricos de memória. 
 
46 
 
 
Tabela 1. Estatística descritiva (média ± desvio padrão) 
das variáveis estudadas na linha de base do estudo. 
Variáveis 
N 55
Idade (anos) 68,4 ± 5,6
EQM 6,2 ± 4,2
MLP 15,6 ± 4,0
FV 15,4 ± 4,0
MEEM 26,3 ± 2,2
EDG 1,7 ± 1,4
Escolaridade (anos) 10,0 ± 4,8
Pessoas no domicílio 2,8 ± 1,5
EQM = Escala de Queixa de Memória; MLP = Memória de 
Lista de Palavras; FV = Fluência Verbal; MEEM = Mini-
Exame de Estado Mental; EDG= Escala de Depressão 
Geriátrica) 
 
Ainda em relação às características da amostra estudada, estão 
apresentadas na Tabela 2 as variáveis categóricas coletadas na linha de base do 
estudo. Nesse sentido, são apresentados resultados referentes à reposição 
hormonal, uso regular de medicamentos, estados civil, realização de tarefas 
intelectuais e laborais e condições clínicas, como hipertensão arterial, diabetes e 
alterações da tireóide. Tais características foram identificadas, pois podem 
influenciar a memória. 
47 
 
 
Tabela 2. Caracterização da amostra em relação à reposição 
hormonal, uso de medicamentos, hipertensão, atividades intelectuais, 
atividade laboral e estado civil 
Características N(%) 
Reposição Hormonal 
 Sim 4 (7,3%) 
 Não 51(92,7%) 
Uso Regular de Medicamentos 
 Sim 52 (94,5%) 
 Não 3 (5,6%) 
Hipertensão 
 Sim 35 (63,6%) 
 Não 20 (36,4%) 
Diabetes 
 Sim 5 (9,1%) 
 Não 50 (90.9%) 
Realiza Atividades Intelectuais 
 Sim 39 (70,9%) 
 Não 16 (29.1%) 
Atividade Laboral 
 Nunca exerceu 13 (23,6%) 
 Já exerceu 34 (61,8%) 
 Exerce atualmente 8 (14,6%) 
Estado Civil 
 Solteira 4 (7,8%)

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