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Resumo: SOUZA, Celina. 2006. “Políticas públicas: uma revisão da literatura”. Sociologias, n. 16 (dezembro): 20–45. Por Raissa Januzzi Pessotti O artigo de Celina Souza (2006) traz uma revisão sucinta dos principais modelos de análise de políticas públicas, assim como as contribuições das teorias neo-institucionalistas para a análise de políticas públicas. O objetivo do artigo é contribuir com o campo de pesquisa de políticas públicas, com a tradução de conteúdos normalmente não acessíveis no português. A disciplina de política pública é uma subárea da Ciência Política, nascida nos EUA e na Europa e que se desenvolveu fortemente nos anos 1980, com ênfases distintas, mas com uma inferência inicial em comum, que em democracias estáveis as ações ou omissões dos governos, podem ser sistematicamente formuladas e analisadas. Os pais fundadores da área, são considerados Laswell (1936), com a introdução do conceito de análise de política pública; Simon (1957), com o conceito da racionalidade limitada dos decisores públicos; Lindblom (1959; 1979), incluindo novas variáveis no processo; e Easton (1956), definindo política pública como sistema. Apesar das diferentes definições, políticas públicas podem ser entendidas como ações de um governo passíveis de avaliação em sua formulação, implementação e resultado. Muito embora o governo ocupe um papel central, deve-se considerar a autonomia relativa do Estado, e de acordo com o caso a maior ou menor participação de outros elementos como grupos de interesse e movimentos sociais. Dentre os principais modelos de análise e formulação de políticas públicas, destacam-se o de Thomas Lowi (1964; 1972), contribuindo com as tipologias de política pública como distributivas, regulatórias, redistributivas e construtivas; o incrementalismo de Lindblom em 1979, que considera o impacto das decisões anteriores constrangendo e limitando a correção ou adoção de novas políticas; o ciclo de políticas públicas, dividido em cinco estágios que vão da definição da agenda até a avaliação; o modelo garbage can de Cohen, March e Olsen (1972), cuja solução de problemas está condicionada às opções disponíveis aos decisores; e a coalizão de defesa de Sabatier e Jenkins-Smith (1993), que entendem a política pública como um conjunto de subsistemas, nos quais atuam coalizões de defesa com distintos valores, ideias, crenças e disponibilidade de recursos. O neo-institucionalismo contribuiu para o campo de políticas públicas, com a noção de fundamentalidade das instituições e regras para o processo da política pública, no sentido de que a luta entre grupos sociais por recursos, perpassa pelas instituições. Especificamente, a teoria da escolha racional, critica duas asserções importantes, que a soma de interesses individuais produz ação coletiva, que por sua vez gera bens coletivos. O institucionalismo histórico e estruturalista, defende que a ação racional dos dirigentes não está limitada ao seu autointeresse e também que as instituições moldam suas percepções. Por último, a teoria da escolha pública, traz à luz, limitações para a formulação de políticas públicas pelos governos, como autointeresse, limitação de racionalidade e de acesso à informação, a preponderância de interesses particulares nas agências governamentais.
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