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FUNDAMENTOS DA BIBLIOTECONOMIA AULA 4 Biblioteconomia Científica Abertura Olá! A Biblioteconomia científica tem seu nascimento associado ao século XIX, um momento em que as mudanças suscitaram uma virada na postura do campo. Anterior a essa definição, a Biblioteconomia fora marcada pelos termos pré-científica e proto-científica, as quais demonstram um movimento em direção a constituição desse saber, refletidas em práticas e em algumas produções, sobretudo, os manuais, voltados também para a instituição biblioteca. Para saber mais sobre este assunto, acompanhe esta aula. BONS ESTUDOS! Referencial Teórico Ao longo de sua trajetória, a Biblioteconomia entrelaça com outros campos como a Bibliografia, Bibliologia, Documentação e, desde o século XX, com a Ciência da Informação, que contribuem para a configuração e a delimitação dos campos. Compreender essa senda da Biblioteconomia contribui para um maior entendimento de sua história e de seu processo de constituição como campo do saber inserido dentro de um processo repleto de acontecimentos históricos, os quais incidem sobre o desenvolvimento da Biblioteconomia. Faça a leitura do trecho selecionado para esta aula e, ao final, você saberá: • Entender a delimitação do campo de estudo da biblioteconomia frente as outras áreas como a documentação e a Ciência da Informação. • Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo científico. • Refletir sobre a trajetória da Biblioteconomia científica BOA LEITURA! 41 1. INTRODUÇÃO Vamos começar nossa quarta unidade de estudo. Nela va- mos abordar a revolução técnica e científica da Biblioteconomia, que resultou na necessidade de estudos mais avançados sobre as técnicas empregadas em bibliotecas e centros de documentação. O progresso técnico e científico ampliou a capacidade humana em todas as direções, resultando em um grande acúmulo de informação. Esse grande volume de informação, por conseguinte, ampliou as funções, as atividades e as responsabilidades do bibliotecário profissional. 2. O CAMPO CIENTÍFICO EM BIBLIOTECONOMIA No Brasil, o primeiro bibliotecário foi o jesuíta português An-tônio Gonçalves, que em 1604 passou a trabalhar na biblioteca do Colégio da Bahia (FONSECA, 1979). Naquele período, e até o início do século 20, não havia cursos de formação de bibliotecários no Brasil. O ensino de Biblioteconomia surgiu a partir do Decreto no 8.835, de 11 de julho de 1911, que definiu a criação do primeiro curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional. Tal fato ocorreu devido ao empenho do pernambucano Manuel Cícero Peregrino da Silva (1866-1956), diretor da Biblioteca Nacional na época. 42 Entretanto, as aulas só tiveram início em abril de 1915 de- vido a desistência dos inscritos (RUSSO, 1966; CASTRO, 2000). O exame de admissão neste primeiro curso era composto de prova escrita de português e provas orais de geografia, literatura, histó- ria universal e línguas (francês, inglês e latim). Era pré-requisito para ser bibliotecário possuir cultura geral. O ensino da Biblioteca Nacional era influenciado pela esco- la francesa École National des Chartes, com forte característica humanística e voltada para os funcionários daquela biblioteca. Em 1936 também foi oferecido um curso de Bibliotecono- mia em São Paulo, que em sua criação era mantido pela Prefeitu- ra do Município de São Paulo. Em 1940, o curso foi incorporado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Nos primeiros anos de criação, diferentes visões guiaram as escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira mantinha suas raízes humanísticas, enquanto a segunda era basicamente técnica. Consequentemente, os bibliotecários formados passavam a defender a abordagem tecnicista ou humanística, de acordo com a escola em que haviam estudado. Considera-se que a polêmica entre Rio e São Paulo foi mar- cante quanto às questões técnicas da área. No entanto, com o movimento de americanização do Brasil e devido às exigências do mercado de trabalho, a Biblioteca Nacional em 1944 modificou seu currículo com o acréscimo de disciplinas técnicas, tais como: Ca- talogação, Classificação, Bibliografia e Referência (CASTRO, 2000). Contudo, não deixou de lado sua influência humanística. O ensino de Biblioteconomia no Rio de Janeiro e em São Paulo apresenta- vam diferenças, inclusive relacionadas a controvérsias da prática de técnicas e de disciplinas cursadas (CASTRO, 2000). 43 O Quadro 1 apresenta as disciplinas que compunham o curso em Biblioteconomia entre 1915 e 1962. Nota-se que, em- bora tivessem perfis diferentes, havia sintonias entre as forma- ções de São Paulo e do Rio de Janeiro. Quadro 1 O início do ensino de Biblioteconomia no Brasil. Fonte: Castro (2000). 44 Percebemos que a Biblioteconomia brasileira é assumida quase que diretamente como origem e subárea da Ciência da Informação. O fato é que houve um processo de acomodação entre as duas áreas: • de um lado, definiu-se a Biblioteconomia como estudo formativo vinculado às diretrizes curriculares nacionais, com seus aspectos legais, com o intuito de graduar; • do outro, definiu-se, como espaço para a Ciência da In- formação, o campo de estudos e pesquisas avançados em cursos e programas de pós-graduação. Todo campo científico necessita de uma literatura especia- lizada e atualizada. No Brasil alguns dos principais periódicos que tratam temas da Biblioteconomia e Ciência da Informação são: 1) DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação (1999-). 2) Perspectivas em Ciência da Informação (1996-). 3) Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação (1996-). 4) Morpheu: Revista Eletrônica em Ciências Humanas – Conhecimento e Sociedade (2002-). 45 5) RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (2003-). 6) Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) (2003-). Você conhece esses periódicos? A leitura de seus artigos vão ajudar muito em seu aprendizado. Consideramos que a Biblioteconomia não se constitui como uma área científica, mesmo com a incorporação de novos equipamentos tecnológicos à sua rotina, alterando serviços bá- sicos como a catalogação (utilização das redes colaborativas) e o atendimento ao usuário (serviço de referência virtual). Segundo Pinheiro (1999), a Biblioteconomia precisaria de uma "ciência" para lhe dar respeitabilidade acadêmica. Para ele, mesmo com a disseminação e uso de equipamentos e proce- dimentos físicos no âmbito digital, a área ainda não conseguiu relacioná-los efetivamente com base na produção que realiza e com o uso da informação em um contexto específico. Agora vamos ver algumas características da Bibliotecono- mia na Europa e nos Estados Unidos. Europa e EUA A partir da primeira metade do século 20, a Europa inovou em termos de pesquisa e experimentos de processos de organi- zação da informação. Contudo, devido ao patamar tecnológico da época e das dificuldades políticas e econômicas daquele mo- mento, essas pesquisas e experimentos não foram disseminados e implantados (Buckland, 1991). 46 No mesmo período, os Estados Unidos estavam preocu- pados em aumentar o número de bibliotecas. Estas eram vistas como equipamentos culturais e educacionais, capazes de garan- tir acesso universal aos seus acervos. Apesar de haver alguma pesquisa e experimentação de tecnologias no país, elas ainda não eram técnicas e modelos aplicados para processos de biblio- tecas, não sendo, assim, significativas. Foi só durante e após a Segunda Guerra Mundial que o espírito pragmático e o apoio em pesquisa tecnológica dos Es- tados Unidos levou a um grande avanço, permitindo várias implantações. No período, a Europa estava devastada pela Guerra e não acompanhou o avanço dos Estados Unidos, recebendo, entre- tanto, suas influências. Surgia uma nova concepção de bibliotecas, diante da ne- cessidade de mudança do conceitoelitista desse ambiente. A biblioteca até então encarada como depósito de conservação de livros raramente lidos ou de acesso reservado apenas para determinado público: Fechadas em si mesmas, solenes e pouco convidativas, difi- cultando muitas vezes o acesso à informação, com fundos que pouco ou nada têm a ver com os interesses da generalidade da população (NUNES, 1996, p. 57). Uma nova perspectiva, em oposição ao espírito de conser- vação das bibliotecas, fez com que a divulgação, o acolhimento dos usuários e a função de referência aos poucos deixassem de ser consideradas secundárias. Essa transformação começou na Inglaterra, onde a ideia da verdadeira biblioteca pública surgiu no começo do século 19, com o movimento liderado por Horace Mann (1796-1859) e 47 Henry Barnard (1811-1900), em favor da educação para todos os segmentos da sociedade (FONSECA, 1992). Assim, os Movimentos pela Biblioteca Pública (Public Li- brary Movements) destacaram-se: • por um lado, devido à importância de se atingir todos os indivíduos da sociedade, propondo uma reformula- ção do conceito de biblioteca (passando a entendê-las como agentes ativos no processo democrático); • por outro lado, devido ao surgimento de diversas inova- ções práticas nas bibliotecas para aumentar a acessibi- lidade física e intelectual (priorizando os serviços de re- ferência, adequando os acervos, criando instrumentos mais fáceis para a busca, entre outros). O salto teórico-conceitual dessa abordagem pelo usuário ocorreu a partir de um grupo de pesquisadores da Graduate Li- brary School da Universidade de Chicago. Nessa instituição foi criado o primeiro programa de doutoramento em Biblioteco- nomia. O grupo de Chicago é considerado fundamental para a passagem de uma Biblioteconomia de orientação meramente profissionalista para uma científica. Nesta mesma época, no Brasil, ainda estávamos revendo influências e organizando nossos primeiros cursos de graduação. Portfólio ATIVIDADE ARTIGO A CONSTITUIÇÃO DA BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA: UM OLHAR HISTÓRICO RESUMO A Biblioteconomia científica, foco desta pesquisa de cunho bibliográfico, tem seu nascimento associado ao século XIX, um momento em que as mudanças suscitaram uma virada na postura do campo. Anterior a essa definição, a Biblioteconomia fora marcada pelos termos pré-científica e proto-científica, as quais demonstram um movimento em direção a constituição desse saber, refletidas em práticas e em algumas produções, sobretudo, os manuais, voltados também para a instituição biblioteca. Ao longo dessa trajetória a Biblioteconomia entrelaça com outros campos como a Bibliografia, Bibliología, Documentação, e desde o século XX com a Ciência da Informação, os quais contribuem para a configuração e a delimitação dos campos. Compreender essa senda da Biblioteconomia contribui para um maior entendimento de sua história e de seu processo de constituição como campo do saber inserido dentro de um processo repleto de acontecimentos históricos, os quais incidem sobre o desenvolvimento da Biblioteconomia. Faça uma reflexão sobre a biblioteconomia científica. ACESSE ARTIGO 01 - 584 - AULA 04 OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado. Pesquisa AUTOESTUDO "Mapas mentais" ou “mapas da mente” é o nome dado para um tipo de diagrama criado pelo inglês Tony Buzan. Os mapas mentais são voltados para a gestões de informações e de conhecimentos. São representações livres de pensamentos que se dividem a partir de um conceito central, para compreensões e soluções de problemas, melhorando a memorização e o aprendizado. Os mapas mentais podem variar de simples a elaborados, podendo ser desenhados à mão ou no computador, incluindo fotos, desenhos, linhas curvas de espessuras variáveis e conterem diversas cores. Compreendemos que os mapas mentais são essenciais na hora do estudo, pois reduz, simplifica e seleciona as informações que serão mais relevantes referente ao que está sendo estudado, ajudando nosso cérebro a fazer novas associações velozmente, melhorando as conexões entre os conceitos-chave, tornando a criatividade mais fluente. Agora é a sua vez!!!! Construa um mapa mental expondo os principais conceitos relacionados à biblioteconomia científica. N
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