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Biblioteconomia, Legislação e Normas

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BIBLIOTECONOMIA, 
LEGISLAÇÃO E NORMAS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas Mattos
Indaial - 2020
1ª Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M444b
 Mattos, Miriam de Cassia do Carmo Mascarenhas
 Biblioteconomia, legislação e norma. / Miriam de Cassia do
Carmo Mascarenhas Mattos. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 162 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-084-0
 ISBN Digital 978-65-5646-085-7
1. Biblioteconomia. – Brasil. 2. Ciência da informação. – Brasil.
3. Eventos. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 020
Impresso por:
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
O CONTEXTO DA BIBLIOTECONOMIA ..........................................7
CAPÍTULO 2
A FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO NO BRASIL ...65
CAPÍTULO 3
ASPECTOS ÉTICOS NA FORMAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO ..... 117
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico, tudo bem? Seja bem-vindo à especialização de Gestão 
de bibliotecas escolares e salas de leitura. Nesta disciplina, “Biblioteconomia, 
Legislação e Normas”, abordaremos diversos assuntos fundamentais da área, 
sendo seus conteúdos divididos em três capítulos. 
No Capítulo 1, faremos uma incursão ao contexto da Biblioteconomia e 
sua grande área de pesquisa, a Ciência da Informação, inserindo alguns pontos 
históricos e conceituais principais. Também apresentaremos os tipos de Unidades 
de Informação e suas especificidades, ressaltando as atividades que permeiam a 
profissão de bibliotecário em cada uma delas. 
No Capítulo 2, apresentaremos o contexto histórico da formação do 
profissional de Biblioteconomia no Brasil, bem como os aspectos jurídicos do 
exercício da profissão no Brasil. Também destacaremos os diferentes serviços 
da área. Neste, traremos as especificidades da sociedade contemporânea e a 
necessidade de atualização profissional. 
No Capítulo 3, falaremos sobre a importância e aspectos éticos na formação 
e atuação do profissional de Biblioteconomia, apresentando seu código de ética e 
os diversos contextos aos quais a postura ética se destaca. 
Esperamos que goste da disciplina e que ela faça diferença em sua formação 
profissional e intelectual. 
Bons estudos!
Professora Miriam Mattos.
CAPÍTULO 1
O Contexto Da Biblioteconomia
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• entender o contexto da Biblioteconomia e sua área de pesquisa;
• diferenciar Biblioteconomia da Ciência da Informação;
• compreender os principais conceitos e aspectos históricos que envolvem a 
área;
• saber atuar em diferentes contextos profissionais da área;
• executar atividades gerais da área de Biblioteconomia.
8
 Biblioteconomia, legislação e normas
9
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo, iniciaremos nossos estudos fazendo uma incursão 
no contexto da Biblioteconomia e sua principal área de pesquisa, a Ciência da 
Informação – CI.
A CI estuda a informação desde a sua gênese até o processo de 
transformação de dados em conhecimento. Também pesquisa a aplicação 
da informação em organizações, englobando seu uso e as interações entre 
pessoas, além da organização e sistemas de informação, logística, planejamento, 
modelagem de dados e análise da informação. 
Várias áreas do conhecimento utilizam a Ciência da Informação e atuam 
em pesquisas nesse contexto, dentre elas: Biblioteconomia, Arquivologia e 
Museologia, que, ao debaterem teoria da organização, se relacionam diretamente 
com a CI. 
Assim, neste primeiro capítulo, traremos informações históricas da CI, 
seus conceitos iniciais e fundamentais da área, contextualizando sua natureza 
interdisciplinar, bem como os paradigmas da Biblioteconomia e da Ciência da 
Informação. 
Aprofundaremos o debate sobre o objeto de pesquisa na área, a informação 
que se relaciona com o documento e a recuperação da informação, resgatando a 
mudança dos suportes da informação ao longo da história.
Por fim, introduziremos a história da Biblioteconomia e das Bibliotecas, 
trazendo as tipologias de bibliotecas existentes, bem como suas especificidades 
na atividade do profissional. 
A seguir, você pode visualizar nosso caminho de aprendizagem: 
FIGURA 1 – PRINCIPAIS TEMAS DA UNIDADE
FONTE: A autora
10
 Biblioteconomia, legislação e normas
2 CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Segundo Oliveira (2005), existe uma vasta literatura a respeito da 
fundamentação teórica que sustenta a origem da Ciência da Informação, ao 
mesmo tempo que reflete as diversas tentativas de contextualizá-la, e de melhor 
definir seu objeto de estudo, ou seja, a informação. Também as relações da CI 
com outras disciplinas, que caracterizam sua interdisciplinaridade.
A Ciência da Informação, a exemplo de outras áreas, nasce no bojo da 
revolução científica e técnica que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Para 
alguns autores, como Harmon (1971), Saracevic (1999) e Pinheiro (2002), 
a história da Ciência da Informação sofreu influências marcantes de duas 
disciplinas, que contribuíram não só para sua gênese, mas também para seu 
desenvolvimento, a documentação e a recuperação da informação.
FIGURA 2 – ÁREAS DE INFLUÊNCIA NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
FONTE: A autora
A documentação trouxe novas conceituações e, a recuperação da 
informação, viabilizou o surgimento de sistemas automatizados de recuperação 
de informações. 
Detalhes dessa contribuição, veremos no próximo tópico, que fala da história 
da ciência da informação. 
2.1 HISTÓRIA DA CIÊNCIA DA 
INFORMAÇÃO 
É difícil definir um marco inicial para o surgimento de debates acerca da 
Ciência da Informação. Muito antes de se falar desta ciência, já havia diversos 
estudos com o objetivo de melhor organizar, guardar e disseminar a informação, 
11
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
deixando resquícios do que viria após. Já na Antiguidade, na busca de organizar 
a informação, buscavam-se métodos como ordem alfabética, ou ainda, na Idade 
Média, os catálogos e inventários. Há autores que vão mais longe, falando da 
existência de análise documentária na Mesopotâmia, por volta de 2000 a.C. 
(WITTY, 1973).
Mas é no século XIX que encontramos alguns marcos nessa história. 
É notoriamente reconhecido que, neste estágio, autores como Charles A. 
Cutter, Melvin Dewey, Henry E. Bliss e Ranganathan produziram princípios 
para organização do conhecimento que prosseguem válidos e importantes na 
atualidade. 
QUADRO 1 – AUTORES E SUAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES
CHARLES CUTTER
MELVIN 
DEWEY
HENRY E.
 BLISS
RANGANATHAN
Criou a tabela de 
Cutter, utilizada até 
os dias atuais para 
elaboração das nota-
ções dos livros. 
Criou o sistema de 
classificação de 
assuntos que levou 
seu nome, conhecida 
como CDD. É a mais 
utilizada no mundo 
ainda nos dias atuais. 
Também criou 
um sistema de 
classificação, 
que é utilizado 
principalmente no 
Reino Unido.
Autor das 5 Leis da Biblioteco-
nomia: 
“Livros são para uso; 
para cada leitor, seu livro; 
para cada livro, seu leitor; 
poupe o tempo do leitor; 
a biblioteca á uma orga-
nização em crescimento”.
FONTE:A autora
Por meio desses autores, temos um período que Hjorland (2003, p. 262) 
define como sendo “de profissionalização de classificações e indexações, 
criação da CDD – Classificação Decimal Dewey e fundação de escolas de 
biblioteconomia”. 
É também nesse período que as comunicações científicas passam a ser 
um espaço de larga divulgação de trabalhos na área, com a criação de institutos 
internacionais, a publicação da CDU – Classificação Decimal Universal e diversos 
estudos, sendo os principais autores Paulo Otlet, Bernal e Bradford.
12
 Biblioteconomia, legislação e normas
CLÁSSICOS DA BIBLIOTECONOMIA 
Paul Otlet é um clássico da área de Biblioteconomia. Com seu 
amigo La Fontaine, em 1904, criaram a CDU (Universal Decimal 
Classification) com base na CDD (Dewey Decimal Classification). 
Otlet escreveu diversos ensaios sobre a forma de organizar o 
mundo do conhecimento, resultando em dois livros, o Traité de 
documentation (1934) e Monde: Essai d’universalisme (1935).
Seu legado é apresentado no livro As contribuições de Paul 
Otlet para a Biblioteconomia, em especial em seu Capítulo 1 – PAUL 
OTLET: BIOGRAFIA E LEGADO, que sugerimos como leitura. 
Tal livro está disponível em: 
https://www.acbsc.org.br/wp-content/uploads/2018/08/EBOOK-
Paul-Otlet-ACB-vers%C3%A3o-final-revisada-22-08-2018.pdf.
Na década de 50 do século passado, surgem os primeiros protótipos de 
armazenamento e recuperação da informação em formato digital. Se para a 
sociedade em geral, esse período será marcado por um avanço tecnológico, para 
a Ciência da Informação será o momento propício para seu nascimento. 
As novas tecnologias da informação, como Sistemas de Recuperação da 
Informação (SRIs), bases de dados, entre outras, já modificavam o dia a dia das 
indústrias, universidades e sociedade em geral. As teorias de comunicação de 
Shannon e Wienner, bem como estudos de outros autores, dentre eles Bradford, 
que falava do caos documentário e usou pela primeira vez o termo Ciência da 
Informação em 1948, já pressagiavam o que viria alguns anos depois. 
13
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Um dos autores que destacamos em nossos estudos foi Vannevar Bush 
(1945), que durante a Segunda Guerra Mundial, em julho 1945, escreve o texto 
As We May Think – Como Podemos Pensar, que discute um dos problemas 
mais difíceis para a comunidade científica em tal período, e para a humanidade 
em geral: encontrar uma forma de armazenar e recuperar o conhecimento 
que desenvolvemos em nossas pesquisas e investigações. O artigo apresenta 
propriedades importantes que as soluções existentes na época poderiam evoluir 
para oferecer, e sugere um mecanismo para automatizar as ações de guardar, 
indexar e recuperar conhecimento. O autor chama este aparelho de Memex.
É um dispositivo em que o indivíduo armazenará seus livros, seus registros, 
suas anotações, suas comunicações. O dispositivo será mecanizado de modo a 
poder ser consultado com extrema velocidade e flexibilidade. Digamos que seja 
um suplemento íntimo a nossa memória: uma grande expansão da memória 
pessoal (BUSH,1945).
FIGURA 3 – MEMEX DE VANNEVAR BUSH
FONTE: <https://king.host/blog/2017/05/do-memex-de-vannevar-
bush-ate-web-de-todos-nos/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
Em 1958 é assinalada com um dos marcos na formalização da Ciência da 
Informação, quando foi fundado no Reino Unido o Institute of Information Scientist. 
Alguns autores descrevem a origem da nova disciplina a partir das bibliotecas 
especializadas (em indústrias e outras organizações, e especialmente pela ênfase 
dada por estas, a ideia de documentação). Na indústria moderna, houve uma 
crescente demanda de informação para maior desempenho das organizações. 
Então, alguns cientistas qualificados se deslocaram para a área de pesquisa e 
desenvolvimento ou de produção com o intuito de estabelecer um serviço de 
informação ativo para seus colegas, eles se consideravam cientistas. Como a 
atividade se expandiu e se formalizou, houve necessidade de treinamento para 
14
 Biblioteconomia, legislação e normas
aqueles que optavam por essa atividade. O conjunto desse treinamento passou a 
se chamar Ciência da Informação. 
Ou seja, o uso do termo “Cientista da Informação” pode ter tido 
a intenção de distinguir os cientistas da informação dos cientistas de 
laboratório, uma vez que o interesse principal daqueles membros era 
a organização da informação científica e tecnológica. Os membros 
denominados cientistas da informação eram profissionais de várias 
disciplinas que se dedicavam às atividades de organizar e suprir de 
informação científica seus colegas pesquisadores.
Um ponto importante salientado por Meadows (1991) foi a intensidade com 
que o computador afetou a estrutura dentro da qual a Ciência da Informação 
opera. Como outros campos científicos de natureza semelhante, por exemplo, a 
ciência da computação, a ciência da informação tem sua origem na esteira da 
revolução científica e técnica que se seguiu a Segunda Guerra Mundial. As novas 
tecnologias projetaram-se sobre a ciência da informação da mesma maneira que 
o fazem sobre muitos outros campos do conhecimento. No entanto, há consenso 
entre muitos estudiosos da ciência da informação de que está inexoravelmente 
conectada à tecnologia da informação. A recuperação da informação teve papel 
importante no surgimento da área, guarda em sua evolução as associações da 
ciência com a tecnologia da informação. 
Já as décadas de 60 e 70 do século passado foram marcadas pelas mudanças 
nos contextos históricos, políticos e econômicos, principalmente ocasionados pela 
tecnologia e suas implicações na vida social e acadêmica. Sabe-se que, em uma 
reunião do Instituto Tecnológico da Geórgia, em 1962, nasceu “oficialmente” a 
Ciência da Informação, cuja principal característica era estudar as propriedades 
e comportamentos da informação, investigando a sua geração, armazenamento, 
processamento, disseminação e uso da informação. 
Em relação ao tempo histórico, podemos considerar que a ciência da 
informação é um campo científico recente, e, portanto, ainda em construção. 
Cada disciplina científica possui conceitos e teorias consistentes, reconhecidas e 
partilhadas por sua comunidade. Com cerca de 50 anos de existência, a ciência 
da informação não conta ainda com uma construção teórica que integre todos os 
seus conceitos e práticas, por isso opera baseando-se em construções teóricas 
mais ou menos fragmentadas. 
15
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Desde o seu surgimento, muitos estudiosos da área já conceituaram o que é 
ciência da informação. Alguns apresentam uma visão ampla da área, outros têm 
dela uma visão mais restrita, dependendo do entendimento do autor sobre o que é 
informação e seu universo de atuação. 
Para ter ideia dessa problemática, no estudo Mapa de Conhecimento da 
Ciência da Informação, realizado por Chain Zins entre 2003 a 2005, o autor 
documentou mais de 50 definições de Ciência de Informação, traçando correntes 
teóricas mais relevantes à formulação de uma concepção sistemática. Zins (2007, 
p. 528) formula seis concepções diferentes do campo e discute suas implicações, 
constatando que “o campo de Ciência da Informação está em constante mudança. 
Portanto, os cientistas da informação regularmente necessitam revisar – e se for 
necessário – necessitam redefinir seus fundamentos epistemológicos”. 
Leia o artigo de Zins (2007), que pode ser acessado em: 
http://www.success.co.il/is/bjis-2007.pdf. Trata-se de um painel 
internacional composto de 57 acadêmicos de 16 países que 
representam quase todos os subcampos e os aspectos mais 
importantes da área de Ciência da Informação.
Chaim Zins é um cientista da informação israelense, 
especializado em mapeamento do conhecimento. Dentre seus 
principais projetos de pesquisa estão: metodologia de pesquisa, 
10 pilares do conhecimento,mapa da Ciência da Informação, e o 
Delphi crítico. Professor na Universidade de Haifa (Israel), do Gordon 
College of Education (Israel), e também foi professor visitante no 
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP 
(Marília, SP), ele possui um site onde é possível acompanhar seus 
estudos e pesquisas, principalmente na área de mapeamento do 
conhecimento. 
16
 Biblioteconomia, legislação e normas
FIGURA – CHAIM ZINS
FONTE: <https://i1.rgstatic.net/ii/profile.image/279349489094679-1443613516542_
Q512/Chaim_Zins.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020.
Mas, aqui, trabalharemos com a definição de Borko (1968, p. 2), para quem a 
Ciência da informação é: 
Uma Ciência interdisciplinar que investiga as propriedades e 
comportamento da informação, as forças que governam os 
fluxos e os usos da informação e as técnicas, tanto manual 
quanto mecânica de processamento da informação. Relaciona-
se com o corpo de conhecimento relativo à produção, coleta, 
organização, armazenagem, recuperação, interpretação, 
transmissão, transformação e utilização da informação.
As ideias de Borko, ao conceituar a nova disciplina, apontam a essência do 
problema que orienta o campo da Ciência da Informação: organizar e disponibilizar 
para uso as informações sobre o que é produzido socialmente (BORKO, 1968).
Haroldo Borko é considerado um dos autores clássicos em Ciência da 
Informação, centrou-se no início dos anos 1960, no estudo da aplicação dos 
computadores ao processamento da linguagem e à recuperação da informação, 
mantendo, todavia, projetos paralelos como o da classificação automática de 
documentos. 
17
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
FONTE: https://www.asist.org/about/history-of-information-science/
pioneers-of-information-science/harold-borko-2/
Em 1968, ele escreve um breve, mas denso texto, intitulado 
Ciência da informação: O que é isso?. Borko dá uma contribuição 
decisiva para os fundamentos científicos da Ciência da Informação 
com a formulação de uma definição de Information Science (IS), que 
vai muito além das apresentadas em 1961 e 1962 nas conferências 
do George Institute of Technolog.
FIGURA – HAROLDO BORKO
2.1.1 A Natureza Interdisciplinar da 
Ciência da Informação
Há unanimidade entre os praticantes e pesquisadores da ciência da 
informação sobre o fato de esta ser um campo interdisciplinar. Isso significa que 
os problemas da área, tanto de natureza teórica quanto os técnicos, têm sido 
equacionados com a participação de outros ramos do conhecimento.
Na opinião de Saracevic (1999), a interdisciplinaridade foi introduzida na 
Ciência da informação pela variedade de antecedentes de todas as pessoas 
que se ocuparam com seus problemas (já descritos). Entre os pioneiros, 
havia engenheiros, bibliotecários, químicos, linguistas, filósofos, psicólogos, 
matemáticos, cientistas da computação, homens de negócio e outros, oriundos de 
diferentes profissões ou ciências.
18
 Biblioteconomia, legislação e normas
Nem todas as disciplinas das quais tais pessoas se originaram, tiveram 
contribuições relevantes, mas essa multiplicidade de visão nas construções da 
área foi responsável pela introdução e pela permanência do objetivo interdisciplinar 
na Ciência da informação.
A participação de outros campos do conhecimento na Ciência da informação 
permanece em função da complexidade dos problemas a serem equacionados pela 
área, o que exige contribuições de diferentes profissionais e/ou pesquisadores.
Dentre as disciplinas com as quais a Ciência da informação tem trabalhado 
distinguem-se: Biblioteconomia, Ciência da Computação, Comunidade 
Social, Administração, Linguística, Psicólogos, Lógica, Matemática, Filosofia/
Epistemologia.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 
Órgão federal de financiamento e pesquisa no país, adotou uma conceituação 
para a área, para assim administrar a demanda de financiamento à pesquisa. 
Essa definição foi descrita no documento Avaliação e perspectiva que analisa a 
Ciência da informação, a Biblioteconomia e a Arquivologia. Tal documento que 
descreve as atividades da área de Ciência da Informação, no Brasil, foi elaborado 
por uma comissão composta por consultores de tais disciplinas. A conceituação 
da área, elaborada por aquela comissão, apoiou-se nas orientações da UNESCO, 
que, então, estimulava a criação de uma infraestrutura de informação com base 
de sistemas nacionais de informação. No contexto daquele documento, a área 
é assim definida: “Ciência da informação designa o campo mais amplo, de 
propósitos investigativos e analíticos, interdisciplinar por natureza, que tem por 
objetivo o estudo dos fenômenos ligados à produção, organização, difusão e 
utilização de informações em todos os campos do saber” (CNPQ, 1983, p. 52 
apud OLIVEIRA, 2005, p. 143).
O termo interdisciplinaridade, aqui empregado, trata da síntese de duas 
ou várias disciplinas, instaurando um novo nível de discurso, caracterizado 
por uma nova linguagem. Já a transdisciplinaridade é o reconhecimento da 
interdependência de todos os aspectos da realidade. É consequência normal da 
síntese provocada pela interdisciplinaridade, quando esta for bem-sucedida.
No entendimento daqueles consultores, a Biblioteconomia e a Arquivologia 
são disciplinas aplicadas que tratam da coleta, da organização e da difusão de 
informações preservadas em diferentes tipos de suporte materiais. Diferenciam-
se, basicamente, pelo fato de:
• Que as bibliotecas e outros órgãos assemelhados lidam com a 
necessidade de prover os usuários com informações substantivas sobre 
19
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
o universo dos conhecimentos, ou parte deles. 
• Enquanto os arquivos lidam com aqueles documentos que foram 
produzidos como resultado das atividades desenvolvidas por uma 
pessoa física ou jurídica e que, portanto, documentam essas atividades. 
Assim, percebe-se no estudo daquele documento, que a ciência da 
informação é vista como uma grande área na qual estão abrigadas subáreas, 
como a Biblioteconomia e a Arquivologia, disciplinas mais voltadas à aplicação 
técnica, que não quer dizer que no âmbito daquelas disciplinas não se realizem 
pesquisas ou se produzam novos conhecimentos com possibilidades de distender-
se para abrigar novas habilidades ligadas às novas atividades de informação. 
2.2 PARADIGMAS DA CIÊNCIA 
DA INFORMAÇÃO E DA 
BIBLIOTECONOMIA
A ciência da informação se desenvolveu no Brasil, mais do que nos países 
centrais, imbricada com a biblioteconomia. Ou seja, a ciência da informação é 
um conjunto de teorias e, como campo científico, produz intercâmbio com outras 
disciplinas. Uma delas é a Biblioteconomia, área com a qual ela tem falado mais 
de perto, pelo menos na realidade brasileira. Mas a Ciência da Informação 
não é uma evolução da Biblioteconomia, pois cada uma delas se baseia 
em orientações paradigmáticas diferenciadas. As teorias da Ciência da 
Informação, aliadas às novas tecnologias de informação, vêm contribuindo com 
novas práticas e serviços bibliotecários. 
Biblioteconomia e a Ciência da Informação trabalham juntas na busca de 
solução para o mesmo problema que orienta a área. 
Segundo Thomas Kuhn (2003), paradigma é um modelo ou padrão de ciência 
que é compartilhado por uma determinada comunidade. 
O Paradigma da ciência da informação compõe-se de um grupo de ideias 
relativas ao processo que envolve o movimento da informação em um sistema 
de comunicação humana. Este paradigma surgiu nos anos 1950, quando as 
ideias da engenharia de comunicações e teorias cibernéticas obtiveram êxito na 
representação das propriedades do sistema de transmissão de sinais em termos 
matemáticos. Tornou-se então, base das tentativas para caracterizar e modelar o 
processo de recuperação da informação e/ou do documento. 
20
 Biblioteconomia, legislação e normas
SegundoOliveira (2005), este paradigma tem influenciado profundamente 
o campo da Biblioteconomia, contribuindo não só com a palavra informação 
para denominar o novo campo, mas também, suprindo a área com um conjunto 
completamente novo de termos com os quais os praticantes caracterizavam 
suas atividades. O paradigma evidencia, particularmente, o fluxo de informação 
que ocorre em um sistema no qual objetos de representação do conhecimento 
(documentos) são buscados e recuperados em resposta à pergunta iniciada pelo 
usuário. Isso pressupõe uma grande extensão de assuntos específicos envolvendo 
processos também específicos, por exemplo, a criação e o crescimento do volume 
de documentos na sociedade, a organização e a recuperação desses documentos 
e/ou da sua representação e também uso. 
Esse modelo de sistema de informação tem origem em um contexto mais 
geral, que é a teoria matemática da comunicação. A teoria consiste em um ponto 
de destino (receptor) com possibilidade de codificação e decodificação para fins 
de retroalimentação. 
FIGURA 4 – MODELO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE SHANNON WEAVER
FONTE: Shannon-Weaver (1949, p. 22)
Essa estrutura tem sido aplicada em bibliotecas como modelo de recuperação 
de documentos e para caracterizar agências que se dedicam às atividades tanto 
de Biblioteconomia quanto de Ciência da Informação. O modelo permitiu estudo 
sobre fluxos de informação em agências públicas e privadas, entre membros de 
uma disciplina, profissões especialistas etc. 
Para Miksa (1992), a importância desse paradigma se expressa em três 
ideias básicas: 
21
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
1. Permitiu a formalização da ideia de que informação é algo que flui dentro 
de um sistema. A partir daí, surgiram os conceitos de entropia e incerteza, 
redundância, retroalimentação, sinal para taxas de ruídos.
2. A informação passou a ser entendida como algo divisível dentro de 
unidades feitas em partes, num sistema.
3. A ideia de movimento da informação tem intensificado a busca de 
entendimento da informação em si mesma. A princípio, tal movimento 
foi discutido como fenômeno físico – isto é, como a transmissão 
de sinais mensuráveis, o que tornou flexível o conceito principal do 
paradigma. Depois foram acrescentados outros domínios do movimento 
da informação, por exemplo, aqueles relacionados ao fluxo de ideias, 
significados, ou mensagens cheias de significados envolvidos com a 
semiótica e a semântica. 
Após a década de 1990, as tecnologias avançam ainda mais. Debates como 
o da arquitetura da informação passam a ser imprescindíveis dentro da Ciência 
da Informação, com espaço garantido em eventos nacionais e internacionais da 
área, bem como inseridos em disciplinas das graduações de Biblioteconomia. 
Neste sentido, Santos e Vidotti (2008, p. 21) afirmam que “O entendimento 
deste momento que se constrói historicamente remete à compreensão de que 
a potencialização da competência informacional digital muda a cultura, criando 
rupturas, rompendo paradigmas e introduzindo novas posturas experimentais a 
princípio, mas que solidificam novos hábitos”. 
Segundo Barreto (2009, p. 54):
O ciberespaço é visto como uma dimensão da sociedade em 
rede, onde os fluxos definem novas formas de relações sociais. 
É associada à rede mundial de documentos multiculturais. O 
indivíduo rompe com alguns princípios tidos como regras do 
linguagear permitido, alterando alguns valores e crenças, 
como uma determinação de uma nova sociabilidade existente 
no mundo.
Sendo notória essa mudança na sociedade, acredita-se que o espaço dos 
debates acerca de tecnologias e arquiteturas digitais, que deem um respaldo 
às necessidades sociais, tendem a crescer. Corroborando com Braga (1995, 
p. 23), “está se tornando cada vez mais difícil estudar algo do qual só estamos 
conseguindo perceber o rastro”.
Enfim, Ciência da Informação é considerada uma ciência nova e em 
construção, ligada diretamente ao processo de comunicação e aos avanços 
tecnológicos. É considerada, também pela maioria dos autores, uma ciência 
interdisciplinar ou até mesmo transdisciplinar, pois a informação, seu objeto 
22
 Biblioteconomia, legislação e normas
de pesquisa, perpassa todas as áreas de conhecimento. Entre seus principais 
desafios, está a ampliação e qualificação de seu quadro teórico.
O link a seguir apresenta os paradigmas epistemológicos da CI 
(físico, cognitivo e social) elaborados por Rafael Capurro. Acesse: 
http://www.capurro.de/enancib_p.htm.
3 A INFORMAÇÃO E DOCUMENTO
De acordo com Ortega e Lara (2008), a Ciência da Informação estuda o 
conhecimento sob o ponto de vista dos registros que lhe conferem permanência 
e possibilitam seu acesso e uso. Tais registros constituem documentos que, para 
serem efetivamente informacionais, têm de ser construídos de modo a serem 
apropriados. Assim, nesta seção, veremos as diferenças e relações desses dois 
conceitos. 
3.1 INFORMAÇÃO 
Em um primeiro olhar, parece simples um processo de conceituação do 
objeto de pesquisa da Ciência da Informação, ou seja, da Informação. Mas, em 
uma leitura atenta dos clássicos da CI, podemos observar dificuldades nessa 
definição. Em Buckland (1991), por exemplo, em seu texto Informação como 
coisa, o autor trabalha a ambiguidade do termo “informação”. Ele a define em três 
contextos diferenciados:
23
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
FIGURA 5 – BUCKLAND E A AMBIGUIDADE DA INFORMAÇÃO
FONTE: A autora
Segundo Oliveira (2005), a Ciência da Informação, desde seu surgimento, 
padece de dificuldades para isolar e descrever seu objeto de pesquisa, a 
informação. Há muitas definições para o termo informação, que conduzem 
às diferentes visões dos autores sobre o que é um processo de informação. É 
preciso relembrar que esse objeto não é exclusivo da ciência da informação, pois 
perpassar todas as áreas de conhecimento, sendo interpretado também de forma 
adversa. Mas a autora ressalta que, na ótica da Ciência da Informação, o objeto 
informação é uma representação do conhecimento, do real, se tornando uma 
representação da representação. Sendo um objeto complexo, flexível, mutável, 
de difícil apreensão, sendo que sua importância e relevância estão ligadas ao seu 
uso. 
Para Le Coadic (1996, p. 41): “A informação é um conhecimento inscrito, 
ou seja, gravado, sob a forma escrita, que pode ser impressa ou numérica, ou 
ainda oral ou audiovisual. A informação comportaria um elemento de sentido. Um 
significado transmitido a um consciente por meio de uma mensagem inscrita em 
um suporte”.
Essa inscrição é feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este 
que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: 
signo alfabético, palavra, sinal de pontuação. O objetivo da informação permanece 
sendo a apreensão de sentidos ou seres em sua significação, ou seja, continua 
sendo o conhecimento; e o meio é a transmissão do suporte, da estrutura (LE 
COADIC, 1996).
24
 Biblioteconomia, legislação e normas
FIGURA 6 – ESQUEMA DE INFORMAÇÃO
FONTE: A autora
Segundo Pinheiro (2002), a informação está imersa em um campo vasto e 
complexo de pesquisas que, por tradição, se relacionam a documentos impressos 
e a bibliotecas. No entanto, a informação de que trata a ciência da informação não 
se restringe a documentos impressos, pode ser percebida em conversas entre 
cientistas e outros tipos de comunicação informal. Ela representa também em 
uma inovação para o setor produtivo, na forma de patente, fotografia ou objeto, 
no registro magnético da base de dados, numa biblioteca virtual ou repositório 
na internet. Em seu estudo, Pinheiro (2002) extrai de vários outros autores os 
atributos da informação. Vejamos:
FIGURA 7 – ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO
FONTE: Adaptada de Pinheiro (2002)
Em resumo, a informação trata-se de um fenômeno tão amplo que abrange 
todos os aspectosda vida em sociedade; pode ser abordado por diversas óticas, 
seja a comunicacional, a filosófica, a semiológica, a sociológica, a pragmática, 
entre outras. Essa multiplicidade de possibilidades de análise do fenômeno 
25
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
conduz a uma reflexão sobre a natureza interdisciplinar, ou transdisciplinar, da 
área, uma vez que esta, se por um lado busca sua identidade científica, por outro, 
fragmenta-se ao abordar diferentes temáticas relacionadas ao binômio informação 
comunicação. 
3.2 DOCUMENTO
Documento pode ser definido como o registro de uma informação, 
independentemente da natureza do suporte que a contém (PAES, 2004). Outra 
designação para documento – o suporte material do saber e da memória da 
humanidade.
Os documentos podem ser diferenciados segundo suas características, 
vejamos:
• Textuais: livros e e-books, periódicos, fichas, textos de leis etc.
• Não textuais: imagens; mapas; plantas; cartazes; discos; fitas; 
quanto à forma de produção; quanto à modalidade de utilização.
Quanto à forma de produção, os documentos podem ser Brutos ou 
Manufaturados:
• Bruto: minerais; plantas; ossos; fósseis e meteoritos.
• Manufaturados: artesanal; industrial; intelectual e utilitário. 
Existem vários e-books disponíveis para web para consulta. 
Conheça a iniciativa do Google books: https://books.google.com/.
Quanto à utilização, os materiais podem também ser utilizados pelos homens, 
ou ainda, serem equipamentos especiais e de informática. 
Quanto à periodicidade, podem ser produzidos apenas uma vez, ou ainda, 
terem uma regularidade de volumes, exemplares, tiragens e tomos. Podem 
também ser organizados em coleções. 
26
 Biblioteconomia, legislação e normas
Você sabe o que é um tomo? O conceito de tomo é geralmente 
usado relativamente à segmentação de uma obra escrita. Um escritor 
pode tomar a decisão de dividir um livro em várias partes: cada uma 
destas partes recebe o nome de tomo.
Quanto à forma, também podem ser publicados ou não. Os materiais não 
publicados também são considerados literatura subterrânea, não convencional 
ou cinzenta. Por exemplo, aqueles que são produzidos em todos os níveis do 
governo, institutos, academias, empresas e indústria em formato impresso e 
eletrônico, mas que não são controlados por editoras ou científicas ou comerciais. 
Aqui também estão os documentos manuscritos. 
Curiosidade – Incunábulos são obras impressas anteriormente 
ao ano de 1500, nos primeiros tempos com a invenção da imprensa 
com tipos móveis. Essas obras imitavam os manuscritos. Assim, 
demorou-se 50 anos para que o livro impresso passasse a ter 
suas próprias características, abandonando, paulatinamente, as 
características do livro manuscrito. A sua origem vem da expressão 
latina in cuna, referindo-se assim ao berço da tipografia.
Quanto ao grau de elaboração, podem ser primários, ou seja, originais. 
Secundários, que se referem aos primários, como bibliografias, catálogos, boletins. 
Ou ainda, terciários, elaborados a partir de documentos primários e secundários. 
Quanto à origem, os documentos podem ter fonte: pública; privada; 
anônima; conhecida; individual; coletiva; secreta ou divulgada. Podem ainda ter 
autoria: pessoal ou coletiva, se autor entidade; ser de domínio público ou ainda 
propriedade literária. 
27
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
SAIBA MAIS – Os direitos autorais duram por 70 anos após a 
morte do autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao 
falecimento. Depois desse prazo, a obra passa a ser domínio público. 
Com um acervo de mais de 123 mil obras e um registro de 18,4 
milhões de visitas, o Portal do Governo Federal, “Domínio Público”, é 
a maior biblioteca virtual do Brasil.
Lançado em 2004, oferece acesso de graça a obras literárias, 
artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e 
vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação 
autorizada. Acesse http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
PesquisaObraForm.jsp. 
3.3 OS SUPORTES DA INFORMAÇÃO 
O suporte pode ser entendido como toda e qualquer mídia que armazene 
informação ao longo dos tempos. Monte e Lopes (2004, p. 22) definem suporte 
da informação como “o produto utilizado para o armazenamento das informações, 
podendo conter dados, histórias, documentos, imagens, filmes, sons símbolos 
entre outros. A partir da popularização da informática, este termo ficou conhecido 
como mídias ou dispositivos de armazenamento”. 
28
 Biblioteconomia, legislação e normas
Um dos primeiros suportes utilizados para registrar a expressão gráfica 
humana remonta à Pré-História e utilizava a pedra como mídia. São exemplos 
clássicos desse período, os painéis de arte rupestre, executados nas paredes das 
cavernas onde o homem primitivo desenhava o seu cotidiano (MONTE; LOPES, 
2004). A arte rupestre iconizava normalmente rituais primitivos para boa colheita, 
condições ambientais, guerras, cotidiano, entre outros.
FIGURA 8 – GRAVURA RUPESTRE LOCALIZADA NA 
PEDRA DO INGÁ, PARAÍBA (BRASIL)
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
FIGURA 9 – PINTURA RUPESTRE ENCONTRADA NA ARGÉLIA (ÁFRICA)
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
29
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Você percebeu, assim como vimos antes, que a pedra foi o mais primitivo 
suporte utilizado para armazenamento de informações, porém, com o advento 
da escrita sistemática, outros materiais foram sendo testados, utilizados e 
substituídos, evoluindo em direção à eficiência do registro e da comunicação. As 
formas mais importantes de suportes utilizados antes do aparecimento do papel 
foram o papiro e o pergaminho.
O papiro era um suporte orgânico de origem vegetal, feito a partir de tiras de 
uma planta da família das ciperáceas (cyperus papyrus). Segundo Donato (1951), 
atingia até três metros de altura, haste nua, formada por uma série de películas 
concêntricas, umas sobre as outras. O papiro foi bastante difundido como suporte 
de informações, sendo encontrado há mais de 3500 anos, nas margens do Rio 
Nilo, no Egito. Martins (1996) afirma que o papiro foi o mais célebre de todos os 
produtos vegetais empregados na escrita na Antiguidade. Embora não se conheça 
o momento exato em que se transformou em material de escrita, tudo indica que 
se trata de uma época extraordinariamente longínqua.
FIGURA 10 – PAPIRO
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/01/Sesostris%27_
boook_of_the_dead%2C_Papyrusmuseum_Wien.jpg/1200px-Sesostris%27_
boook_of_the_dead%2C_Papyrusmuseum_Wien.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020.
O pergaminho se tornou o principal suporte da escrita na Idade Média. 
Segundo Luccas e Seripierri (1995), sua preparação era semelhante ao curtimento 
do couro. Depois de lavada, a pele era depilada, estendida num retângulo de 
madeira e amaciada com pedra-pomes, até a obtenção de uma superfície lisa 
e clara. Segundo Martins (1996, p. 68), o Pergaminho viabilizou o aparecimento 
das cores, “nome dado aos manuscritos cujas folhas eram reunidas entre si pelo 
dorso, e recobertas de uma capa semelhante à das encadernações modernas”, 
o pergaminho foi largamente utilizado até a descoberta e difusão do papel, uma 
invenção dos chineses.
30
 Biblioteconomia, legislação e normas
Já o papel foi inventado por T’sai-Lun, Diretor das Oficinas Imperiais, na 
província de Hunan, ao norte da China, por volta do ano 105 d.C. (LUCCAS; 
SERIPIERRI, 1995) e revolucionou o mundo da escrita, rapidamente, tornando-
se o suporte mais utilizado para guarda e armazenamento de informações no 
mundo moderno. Mas percebe-se que os recursos que existiam no passado ainda 
eram limitados para viabilizar a disseminação da informação e ficava restrito a 
poucos.O surgimento das tecnologias da informação e comunicação (TIC) 
provocou uma grande revolução nos registros de informação e do conhecimento. 
Com o aparecimento da internet e com os novos processos de gestão, guarda, 
preservação e disseminação de informações, novos estoques foram se 
desenvolvendo e pressionando a indústria de Tecnologia da Informação (TI) a 
produzir suportes mais eficientes para o armazenamento de registros em meio 
digital.
FIGURA 11 – EVOLUÇÃO DOS SUPORTES TECNOLÓGICOS
FONTE: <http://cantinhotic.blogspot.com/2013/02/evolucao-dos-
suportes-de-informacao.html>. Acesso em: 5 ago. 2020.
No decorrer de uma década, romperam-se seguidamente diversos limites 
de armazenamento, vencendo com facilidade a barreira dos gigabytes de 
capacidade, por unidade de memória. Com o advento da informática, da internet 
e com a expansão geométrica do volume de usuários e pontos de presença na 
web, novos produtos de informação foram gerados e, consequentemente, novos 
suportes para o armazenamento dessas informações foram desenvolvidos. O 
disquete, fita magnética, disco rígido, CD, DVD, Blue-Ray, HD Externo, Pen Drive, 
são exemplos recentes do esforço tecnológico realizado para o armazenamento 
da informação digital gerada, até o armazenamento nas nuvens, 
31
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
4 BIBLIOTECONOMIA 
A Biblioteconomia está relacionada ao significado de suas três palavras: 
biblio – teca – nomia. A primeira está associada a livros (ou de forma mais 
ampla, materiais bibliográficos), enquanto a segunda é relativa à caixa (algo que 
arranja, arruma ou organiza), e a terceira, por fim, quer dizer norma, isto é, norma 
estabelecida para um determinado fim (FONSECA, 2007).
Pensar a Biblioteconomia pode perpassar em termos técnicos, 
científicos, profissionais ou acadêmicos. Porém, é pertinente ressaltar 
que a aventura de compreender o que é a Biblioteconomia é uma 
necessidade premente dos mais diversos representantes de sua área, 
é o que nos entusiasma a tentar conceber uma síntese sobre o assunto 
(BIBLIOO, 2019). 
Podemos conceber que a Biblioteconomia é a união de 
duas palavras, biblioteca e economia, no sentido de organização, 
administração, gestão. Le Coadic (1996), em sua obra A Ciência da 
Informação, afirma que a Biblioteconomia não é nem uma ciência, nem 
uma ciência tecnológica rigorosa, mas uma prática de organização: a 
arte de organizar bibliotecas.
4.1 ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS 
DA BIBLIOTECONOMIA E DAS 
BIBLIOTECAS
Os conceitos etimológicos que ganharam força, sobretudo durante o século 
XIX até o final do século XX, significam dizer que a Biblioteconomia pode ser 
considerada, em sua essência epistemológica, uma norma estabelecida (conjunto 
de normas) para a organização de acervos de uma biblioteca que está embasada 
pelos códigos e materiais de catalogação, classificação, indexação e de outros 
instrumentos técnicos de organização, visando promover disseminação e acesso 
à informação para a sociedade.
Historicamente, o emprego da palavra biblioteca já se encontra expandido 
durante os séculos XVII e XVIII na Europa e século XIX no continente americano, 
com o surgimento das grandes bibliotecas nacionais. Todavia, o emprego do 
termo biblioteconomia começa a se expandir na primeira metade do século XX, 
com o início dos primeiros cursos de Biblioteconomia. 
Le Coadic 
(1996), em sua 
obra A Ciência 
da Informação, 
afirma que a 
Biblioteconomia não 
é nem uma ciência, 
nem uma ciência 
tecnológica rigorosa, 
mas uma prática 
de organização: a 
arte de organizar 
bibliotecas.
32
 Biblioteconomia, legislação e normas
Também podemos afirmar que a história das bibliotecas acompanha a 
história da escrita e das formas de registro do conhecimento humano. Que, como 
pudemos observar no tópico anterior, perpassa as tábuas de argila, as coleções 
de papiros e pergaminhos, papel até o surgimento de novas tecnologias. 
Uma das mais famosas bibliotecas da Antiguidade foi Alexandria, no Egito. 
Criada no século III a.C., chegou a reunir cerca de 700 mil volumes de manuscritos. 
Ela compreendia dez grandes salas e quartos separados para os consulentes. 
A Biblioteca de Alexandria foi o grande marco da história das bibliotecas da 
Antiguidade e foi destruída por um grande incêndio provocado pelos árabes, em 
646 da Era Cristã (OLIVEIRA, 2005).
Na Idade Média, existiam três tipos de bibliotecas: as bibliotecas dos 
mosteiros (lembradas por Umberto Eco, em seu livro O Nome da Rosa) e de 
ordens religiosas diversas, as bibliotecas das universidades e as bibliotecas 
particulares, quase sempre pertencentes aos reis, nobres ou grandes senhores. 
Estas últimas constituem a origem das bibliotecas nacionais. 
Desde o surgimento das bibliotecas até o período da Renascença, os 
guardiões dos livros não tinham uma existência social como os bibliotecários 
que conhecemos hoje; eram sempre eruditos (sacerdotes ou figuras da elite) que 
viviam reclusos em suas bibliotecas e preocupados em salvaguardar e copiar as 
obras dos acervos. As bibliotecas da Antiguidade e da Idade Média não tinham 
como objetivo dar acesso ao grande público, pelo contrário, eram símbolos de 
poder e acúmulo de conhecimento para os poucos que tinham o privilégio de 
consultá-las. Tanto que nas invasões e guerras, as bibliotecas não eram poupadas 
da destruição do inimigo, dada a importância simbólica que exibiam. Dizimar os 
símbolos do saber acumulado de um povo era, também, dizimá-lo da História. 
Quando a tipografia foi criada na Renascença, o livro ganhou uma maior 
visibilidade e veiculação, tornando a biblioteca e, consequentemente, o 
bibliotecário, mais populares. Mas o bibliotecário, nesse período, ainda era um 
erudito ou um escritor que cuidava dos acervos, à procura de paz para idealizar 
e escrever sua obra, neste contexto, arquivos e museus eram uma só entidade, 
onde eram guardados todos os tipos de documentos. 
Com o surgimento do livro impresso, a biblioteca também ganha uma 
existência própria. A partir do século XVII, surgiram as primeiras bibliotecas 
públicas, patrocinadas por mecenas (pessoas que patrocinavam artistas e 
escritores para obter prestígio). A abertura maciça das instituições, até então 
restritas ao grande público, como museus e bibliotecas, deu-se a partir da 
Revolução Francesa, que também foi o estopim para os ideais de uma educação 
33
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
pública laica e gratuita. A figura do bibliotecário começou a ganhar uma visibilidade 
social e a biblioteca passou a não ser mais o local do saber e conhecimento 
restrito, mas sim o local que deveria ser organizado de modo que todos pudessem 
ter acesso aos conteúdos que ela disponibilizasse. 
A partir de meados do século XIX, sentiu-se a necessidade de haver um 
profissional com formação especializada e técnica, pois se reconheceu que era 
uma profissão socialmente indispensável. 
Um livro-chave para compreensão da Biblioteconomia, de uma forma 
bem brasileira, é Introdução a Biblioteconomia, de Edson Nery da Fonseca. 
Nele, Fonseca (2007) aborda os aspectos e objetos presentes na história da 
Biblioteconomia, conceituando e apresentando suas formas de organização e 
suas funções na sociedade. Também contextualiza a evolução histórica da área. 
Para o autor: 
• O livro é uma ferramenta importantíssima como veículo de comunicação 
e estímulo ao conhecimento.
• A biblioteca é onde são reunidos os livros, bem como os seus leitores e 
onde o bibliotecário exerce suas funções. 
• O leitor é destacado por Fonseca (2007) como figura central, pois sem 
ele, a biblioteca não existiria.
• A leitura vai além do que está escrito, é a criação de ideias, a expansão 
do conhecimento. 
• O bibliotecário é a chave dessa mediação, entre os livros e o 
conhecimento adquirido pelos leitores. Verdadeiro disseminador da 
informação, sem ele a biblioteca fica desorganizadae sem sentido. 
34
 Biblioteconomia, legislação e normas
FONTE: <https://s2.glbimg.com/dhAfpw3DyB7dwRqScvm954B6AS8=/290x217/
s2.glbimg.com/tICgpAU6QRY5fnuEdSxsBBaftcI=/s.glbimg.com/jo/
g1/f/original/2011/11/12/nery.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2020.
Nascido no Recife, em 6 de dezembro de 1921, a trajetória 
do Mestre Edson se entrelaça com a história da biblioteconomia 
brasileira. Foi fundador dos cursos de biblioteconomia do Recife 
(1948) e da Universidade de Brasília (1962), onde também foi 
o primeiro diretor da sua Biblioteca Central. Colaborou, a partir 
de 1954, com a implantação da Divisão de Bibliografia do antigo 
Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (hoje, Ibict); foi 
bibliotecário da Câmara dos Deputados e assessor da Fundação 
Joaquim Nabuco (1980-1987).
CLÁSSICOS DA BIBLIOTECONOMIA
FIGURA – EDSON NERY DA FONSECA
Atualmente, a biblioteconomia busca alicerçar seus saberes em conceitos 
e técnicas elaboradas com o intuito de aprimorar seus processos, questionando 
e reelaborando seus métodos, a fim de acompanhar o desenvolvimento 
informacional e atender plenamente aos seus usuários. Esses conceitos procuram 
cientificar a biblioteconomia, desvinculando o aspecto técnico que está fortemente 
vinculado e ela. 
Nesse aprimoramento, o repensar de serviços e processos abre possibilidades 
diversas para a atuação do profissional bibliotecário, além dos locais clássicos em 
que estamos habituados a associar a atividade desse profissional. E entre esses 
novos campos de atuação, outros nomes surgem para definir o bibliotecário, de 
acordo com o enfoque de trabalho e o local de atuação deste.
35
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Podemos considerar algumas definições para Biblioteca: 
• Coleção pública ou privada de livros e documentos congêneres, 
organizados para estudo, leitura e consulta.
• Edifício ou recinto onde se instala essa coleção.
• Estante ou outro móvel onde se guardam e/ou ordenam livros. 
• Processamento de Dados. 
• Coleção ordenada de modelos ou de rotinas ou sub-rotinas por meio da 
qual se pode resolver os problemas e suas partes.
O bibliotecário avalia o material a ser adquirido por sua instituição como 
peças isoladas. Os documentos são unidos pelo seu conteúdo e caracterizados, 
em sua maior parte, como impressos. A biblioteca é órgão colecionador, e o seu 
público é formado pelo pesquisador, estudantes e o cidadão comum, possuindo, 
portanto, um maior número de usuários, com os mais tipos de Biblioteca.
4.2 TIPOS DE BIBLIOTECA 
Segundo Oliveira (2005), as bibliotecas se dividem segundo sua finalidade 
em: nacionais; públicas; universitárias; especializadas, infantis, escolares, 
comunitárias e digitais. Vejamos alguns detalhes desses tipos de biblioteca a 
seguir. 
4.2.1 Nacionais
As Bibliotecas Nacionais possuem, em sua gênese, o sinônimo de 
preservação documental de um país. A instituição apresenta o princípio de 
preservar a memória documental da cultura do país. 
FIGURA 12 – BIBLIOTECA NACIONAL BRASIL
FONTE: <https://www.bn.gov.br>. Acesso em: 20 jul. 2020.
36
 Biblioteconomia, legislação e normas
A Biblioteca Nacional do Brasil está localizada no Rio de Janeiro. Para se 
aprofundar na história da criação e desenvolvimento da Biblioteca Nacional, 
recomenda-se a leitura da sessão Histórico, localizada no site da própria 
Fundação Biblioteca Nacional (FBN). 
A Biblioteca Nacional é o órgão responsável pela execução da política 
governamental de captação, guarda, preservação e difusão da produção 
intelectual do País. A Biblioteca Nacional é responsável pelo Controle Bibliográfico 
Universal, formando um grande catálogo nacional de toda a produção intelectual 
da nação. 
Sugestão de leitura para os acadêmicos: Bibliotecas Nacionais: 
Memória, História, Conceitos. 
Acesse: http://www.ufpb.br/evento/index.php/
enancib2015/enancib2015/paper/viewFile/2646/1221.
O Controle Bibliográfico Universal é possível por meio de Depósito Legal, 
“definido como a obrigação do envio de exemplares das obras publicadas em um 
país para uma instituição depositária, as instruções sobre depósito legal, existem 
não só no Brasil, mas em diversos outros países [...]” (GRINGS; PACHECO, 2010, 
p. 77). Tanto o Controle Bibliográfico Legal quanto o Depósito Legal formal são os 
objetivos da própria existência da Biblioteca Nacional.
Fique sabendo:
As bibliotecas nacionais fazem o que é chamado de “Depósito Legal”
O Depósito Legal é definido pelo envio de um exemplar de todas as 
publicações produzidas em território nacional, por qualquer meio ou processo, 
segundo as Leis n. 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010. Tem como 
objetivo assegurar a coleta, a guarda e a difusão da produção intelectual 
brasileira, visando à preservação e formação da Coleção Memória Nacional. 
Nele estão inclusas obras de natureza bibliográfica e musical.
Para assegurar a coleta, a guarda e a difusão da produção intelectual 
brasileira, visando à preservação e formação da Coleção Memória Nacional, 
foi estabelecido o dispositivo de Depósito Legal, incluindo obras de natureza 
bibliográfica e musical.
37
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
O Depósito Legal é definido pelo envio obrigatório de no mínimo um exemplar 
de todas as publicações produzidas em território nacional, por qualquer meio ou 
processo, para distribuição gratuita ou venda, no prazo máximo de 30 dias após 
sua publicação.
O cumprimento de leis de Depósito Legal Estadual não isenta a 
obrigatoriedade do Depósito Legal Federal através do envio das publicações 
para a Biblioteca Nacional por meio dos Correios ou da entrega direta no edifício 
Sede. As remessas deverão ser acompanhadas de carta ou documento similar 
contendo lista dos títulos e os dados do depositante (nome, endereço completo, 
telefones e e-mails) para emissão de recibo.
Não é necessário efetuar o pagamento de taxas específicas para a 
Biblioteca Nacional para fins de depósito legal nem preencher formulários.
Duas leis regem o Depósito Legal, dependendo do tipo de obra:
Lei nº 10.994, de 14/12/2004, para as obras de natureza bibliográfica;
Lei nº12.192, de 14/01/2010, para as obras de natureza musical – partituras, 
fonogramas e videogramas musicais.
O depósito deverá ser efetuado pela pessoa física ou jurídica responsável 
pela impressão, cabendo ao seu editor e ao autor verificar a efetivação dessa 
medida. Já no caso de obras musicais, essa verificação cabe à editora, ao 
produtor fonográfico e ao produtor videográfico.
O cumprimento das leis de Depósito Legal Estadual não isenta a 
obrigatoriedade do envio das publicações para a Biblioteca Nacional, em 
cumprimento da Lei de Depósito Legal Federal.
O que deve ser enviado para o Depósito Legal:
Livros
Periódicos
Partituras
Fonogramas
Videogramas
O que não deve ser enviado para o Depósito Legal:
Publicações com fins publicitários
Cartazes de material de propaganda
Publicações em xerox do original publicado
Reimpressões de obras com o mesmo ISBN
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 Biblioteconomia, legislação e normas
Calendários/ Cadernetas escolares
Agendas
Recortes de jornais
Obras não editadas (no prelo)
Provas de impressão ou ‘bonecas’
Folders/ Convites
Monografias/ Teses universitárias (sua guarda e tratamento são de 
competência das respectivas universidades de origem).
FONTE: Biblioteca Nacional. Disponível em: https://www.bn.gov.
br/sobre-bn/deposito-legal. Acesso em: 20 jul. 2020.
4.2.2 Bibliotecas Públicas
A biblioteca pública tem por consenso ser um espaço que proporcione 
igualdade de acesso para todos os cidadãos, não fazendo restrição ou 
diferenciação de idade, raça, sexo, gênero, crença, status social etc., tendo como 
forte característica a disponibilização à comunidade de todo tipo de conhecimento 
(não se dedicando aos conhecimentos científicos, por exemplo, como nas 
bibliotecas universitárias). Diante desse quadro, podemosdizer que a biblioteca 
pública é a unidade de informação mais democrática no que tange a sua razão de 
existir, ou seja, toda a sociedade. 
A biblioteca pública deve ser compreendida como “um ambiente realmente 
público, de convivência agradável, onde as pessoas possam se encontrar 
para conversar, trocar ideias, discutir problemas, autoinstruir-se e participar 
de atividades culturais e de lazer” (BIBLIOTECA PÚBLICA..., 2000, p. 17), ou 
pelo menos assim deveria se constituir. O Manifesto da IFLA/UNESCO sobre 
Bibliotecas Públicas (1994, p. 1), a define como “o centro local de informação, 
tornando prontamente acessíveis aos seus utilizadores o conhecimento e a 
informação de todos os gêneros”. O conceito é amplo e visa agregar sob um 
mesmo prisma, todas as unidades de informação de caráter pública (em suas 
funções e não necessariamente em relação a sua instituição mantenedora).
39
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Conheça o Manifesto da IFLA/UNESCO sobre Bibliotecas 
Públicas (1994). Acesse https://www.ifla.org/files/assets/public-
libraries/publications/PL-manifesto/pl-manifesto-pt.pdf.
Andrade e Magalhães, em seu clássico texto de 1979, expõem o que para as 
autoras seriam as funções das bibliotecas públicas:
 
• Função de apoio à educação em suas diferentes origens, formal e não 
formal.
• Função informativa, de acesso à informação e ao conhecimento. 
• Função cultural, de reconhecimento, fortalecimento e preservação das 
identidades e culturas locais.
• Função recreativa, proporcionando lazer à comunidade frequentadora da 
biblioteca. 
Como exemplo, sugerimos que você navegue no site da Biblioteca 
Pública de SC:
FIGURA 13 – BIBLIOTECA PÚBLICA DE SC
FONTE: <http://www.cultura.sc.gov.br/espacos/biblioteca>. Acesso em: 20 jul. 2020.
40
 Biblioteconomia, legislação e normas
4.2.3 Bibliotecas Universitárias 
Para Cunha (2010, p. 22), as bibliotecas universitárias são “organizações 
complexas, com múltiplas funções e uma série de procedimentos, produtos e 
serviços que foram desenvolvidos ao longo de décadas”. Sendo assim, a definição 
exata de biblioteca universitária é sempre um desafio, pois cada unidade é 
diferente uma da outra, sendo moldada conforme as características da instituição 
a qual está subordinada. 
Em uma definição tradicional, Cunha e Cavalcanti (2008, p. 32) consideram 
que as bibliotecas universitárias “são aquelas mantidas por instituições de ensino 
superior e se caracterizam por assumir a responsabilidade de oferecer suporte 
informacional a toda comunidade acadêmica da instituição, entendida como o 
corpo docente, discente e pessoal técnico-administrativo”. Machado (2009, p. 21) 
aponta a importância e os significados da biblioteca universitária, a qual pode:
[...] ser entendida como a instância que possibilita à universidade 
atender às necessidades de um grupo social ou da sociedade 
em geral, através da administração do seu patrimônio 
informacional e do exercício de uma função educativa, 
ao orientar os usuários na utilização da informação. É um 
ambiente de fundamental importância, pois gera conhecimento 
e produção científica na comunidade acadêmica em que 
está inserida, bem como contribui para o desenvolvimento 
intelectual da sociedade à qual ela pertence. 
 
Machado e Blattmann (2011, p. 10-11) consideram que a biblioteca 
universitária “serve de apoio ao ensino, pesquisa e extensão, através da 
prestação de serviços aos alunos de graduação, pós-graduação, professores e 
funcionários da instituição na qual está inserida, bem como promove a cooperação 
e o intercâmbio de ideias e conhecimentos científicos com outras bibliotecas e 
a sociedade em geral”. Apresenta um acervo selecionado e atualizado sobre 
diversas áreas do conhecimento, compatíveis com os programas de ensino, 
pesquisa e extensão. As autoras complementam afirmando que é competência 
das bibliotecas universitárias “prover o acesso da comunidade acadêmica aos 
recursos de informação relevantes, de modo a subsidiá-la no desenvolvimento de 
suas atividades de ensino, pesquisa e extensão” (MACHADO; BLATTMANN, 2011, 
p. 11). Além da disseminação da informação entre os membros da comunidade 
acadêmica e em geral, as autoras apontam que as bibliotecas universitárias 
possuem relevante papel no intercâmbio de conhecimento científico com outras 
bibliotecas e instituições. 
Machado e Blattmann (2011) também apontam alguns produtos e serviços 
das bibliotecas universitárias, em virtude de seu acervo e comunidade de usuários 
41
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
que é bem específica, docentes e discentes envoltos no fazer ciência. Os produtos 
e serviços descritos se assemelham aos de todas as bibliotecas, porém com 
características específicas, a saber: 
• Consulta local: item básico de qualquer biblioteca, 
independentemente de sua tipologia.
• Pesquisas em bases de dados e Internet: as bases de dados 
precisam ser específicas nas áreas de interesse da instituição e 
atualizadas, contribuindo com as pesquisas desenvolvidas pela 
comunidade universitária. Há a necessidade de ter-se acessos 
a bases nacionais e internacionais, de grande conhecimento e 
qualidade comprovada.
• Empréstimo em domicílio: compreendendo quantitativo de itens 
relevantes com a comunidade, ou seja, liberar um item por vez não 
basta para estudantes universitários e pós-graduandos, por exemplo. 
Serviço de suma importância nas bibliotecas universitárias visando 
ao aprofundamento das temáticas estudadas e pesquisadas pelos 
usuários.
• Levantamento bibliográfico: produto fundamental, que quando 
devidamente divulgado, se torna essencial para estudantes que estão 
finalizando seus cursos, bem como para docentes e pesquisadores 
que precisam conhecer de forma aprofundada a produção científica 
de um determinado campo/área do conhecimento. 
• Orientação quanto às normas da ABNT (e outras normas): as 
orientações podem ser realizadas em cursos e treinamentos, bem 
como no atendimento especializado do serviço de referência.
• Empréstimo entre bibliotecas: serviço de grande relevância para 
instituições que possuem diferentes campi, seja em uma mesma 
cidade ou em cidades diferentes, contribuindo para atender às 
necessidades dos usuários com itens que não constam em uma 
determinada biblioteca da rede.
• Treinamentos: quanto ao uso da biblioteca, normas, catálogo, 
localização de materiais no acervo etc., bem como para as normas 
na ABNT, Vancouver e APA; Educação de usuários; item por vezes 
negligenciado pelas bibliotecas, mas que em um futuro economizará 
tempo e recursos humanos, tornando os usuários mais autônomos e 
independentes para utilizarem a biblioteca e tudo o que ela oferece.
• Divulgação de eventos: não somente os elaborados pela biblioteca, 
mas também os eventos da instituição e de suas áreas de interesse 
da comunidade.
• Divulgação da própria biblioteca/marketing: muitas vezes, os 
usuários não utilizam a biblioteca ou seus produtos e serviços 
justamente por não os conhecer, é fundamental mostrar aos usuários, 
42
 Biblioteconomia, legislação e normas
e isso não somente nas bibliotecas universitárias. Parte significativa 
dos usuários trabalham durante o dia e frequentam a instituição 
somente à noite para estudarem, e até mesmo por falta de tempo e 
oportunidade, acabam não conhecendo a biblioteca e como ela pode 
os ajudar durante o curso.
Como exemplo, sugerimos que você conheça o sistema de Bibliotecas da 
UFMG:
FIGURA 14 – SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UFMG
FONTE: <https://cerrado.bu.ufmg.br/bu/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
4.2.4 Bibliotecas Especializadas
As bibliotecas especializadas surgem no avanço e especialização das 
ciências, cujos pesquisadores se aperfeiçoavam de forma aprofundada em 
seus estudos em áreas cada vez mais detalhadas e foram realizando novas 
descobertas, consequentemente, necessitando consultar obrascom conteúdos 
específicos de suas respectivas áreas do saber. 
Diante desse contexto, as bibliotecas universitárias passaram a não dar 
conta dessa nova demanda de conhecimento, pois geralmente atuam com todas 
(ou quase todas) as áreas do conhecimento (no caso, as áreas abrangidas pela 
instituição a qual pertence), e de certo modo, uma certa generalização diante das 
novas necessidades. 
43
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Os pesquisadores demandavam acervos focados em suas áreas de estudos 
para aperfeiçoarem suas pesquisas, surgindo então, as bibliotecas especializadas, 
cujos acervos não costumam ser volumosos como os de outras unidades de 
informação, justamente para propiciarem um ambiente de acolhida e simplificação 
do trabalho de seus usuários, focando nas temáticas de real interesse de sua 
comunidade de usuários.
As bibliotecas especializadas se caracterizam por manterem seus acervos 
dedicados a uma área do conhecimento, abrangendo assuntos específicos 
de interesse de sua comunidade de usuários. Geralmente, os usuários são 
pesquisadores especialistas no assunto e que frequentam a unidade para se 
atualizarem e fomentarem seus estudos. 
Litton (1974) aponta cinco características das bibliotecas especializadas que 
as diferenciam de outras bibliotecas, que são:
• Limitam-se a um só assunto no geral e as suas ramificações. 
• Diferenciam-se quanto aos lugares em que são instaladas, como 
bancos, hospitais, indústrias, empresas etc. 
• Quanto aos usuários que atendem, pois são pessoas com um bom 
conhecimento sobre o campo do saber representado no acervo da 
biblioteca. 
• O seu tamanho também é elemento de diferenciação, geralmente 
costumam ser pequenas se comparadas às bibliotecas universitárias 
em geral. 
• Devem fornecer informações precisas, confiáveis e de forma rápida 
aos seus usuários, que justamente pela suas formações acadêmicas 
e atividades profissionais, não costumam ter muito tempo e paciência 
na espera pela informação certa.
Como exemplo, sugerimos que você conheça o sistema de Bibliotecas da 
UFMG:
44
 Biblioteconomia, legislação e normas
FIGURA 15 – BIBLIOTECA ESPECIALIZADA EM SAÚDE
FONTE: <http://brasil.bvs.br/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
4.2.5 Bibliotecas Escolares 
A biblioteca escolar é entendida como espaço de aprendizagem e tem por 
objetivo fomentar a leitura, possibilitar o acesso, promover situação de contato 
com a leitura a todos os educandos, tornando uma alternativa de inclusão social. 
De acordo com Andrade (2005), todos os recursos devem ser mobilizados, a fim 
de que as crianças e os jovens tenham acesso ao conhecimento, que possibilitará 
a inserção social e a realização humana.
Para Andrade (2005), a biblioteca, por ser uma instituição milenar e que 
durante séculos garantiu a sobrevivência dos registros do conhecimento humano, 
apresenta na atualidade seu potencial reconhecido como espaço de mediação 
do processo de formação de leitores e integrante fundamental no processo 
educacional. Sabemos que as bibliotecas têm a função que ultrapassa a ação de 
arquivamento, pois contribui de modo efetivo na formação leitora de crianças e 
jovens, em que a informação e conhecimento assumem destaque central.
Para Pimentel (2007, p. 22), as bibliotecas podem ser classificas como: 
escolar, especializada, infantil, pública e nacional. A autora apresenta algumas 
características de como deve ser o espaço da biblioteca escolar, o que nem sempre 
é concebido na execução do projeto. Por isso, muitas vezes, elas funcionam em 
espaços inadequados. Desta forma, necessita-se de soluções criativas para torná-
la um ambiente adequado, ou ao menos razoável, para atender ao público: “O 
45
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
ideal é que as instalações da biblioteca fossem abrigadas em um prédio próprio, 
projetado para esse fim, em local de pouco barulho e de fácil acesso às pessoas” 
(PIMENTEL, 2007, p. 32).
A biblioteca escolar, como laboratório de autoaprendizagem, oferece aos seus 
usuários diversos materiais bibliográficos (bem como não bibliográficos) e propicia 
aos estudantes conhecer várias informações diversificadas que contribuem para 
o processo de aprendizagem, de alfabetização, de ampliação da atividade de 
leitura, da formação de leitores autônomos. Assim, promove o desenvolvimento 
cognitivo, afetivo e social dos alunos.
De acordo com Pimentel, Bernardes e Costa (2007), o espaço da biblioteca 
escolar deve ser concebido como um espaço dinâmico e indispensável na 
formação do cidadão. Ela abrirá, no ensino básico, os caminhos que despertam 
nos alunos a curiosidade, o senso crítico e os tornarão cidadãos plenos. Diante 
disso, o espaço da biblioteca escolar não deve se resumir a lugar de realização 
de atividades pedagógicas configuradas como aula, servindo de espaço de 
punição a tarefas não realizadas ou limitação à realização de pesquisas. Torna-
se importante pensar na biblioteca escolar como “[…] um espaço perfeito para 
que todos nela atuam possam utilizá-la como uma fonte de experiência, exercício 
da cidadania e formação para toda a vida” (PIMENTEL; BERNARDES; COSTA, 
2007, p. 25).
Os autores compreendem que a biblioteca escolar faz a junção entre salas 
de aula e o currículo escolar e está intrinsecamente ligada ao processo de ensino-
aprendizagem que, além de promover a leitura e uma gama de informações, 
propiciará ações para atender à comunidade, o que permite construir elos propícios 
para a formação cidadã. O fato de as bibliotecas estarem localizadas em escolas 
e serem organizadas para integrarem-se com as atividades de sala de aula e no 
desenvolvimento do currículo escolar, de modo que “[…] funciona como um centro 
de recursos educativos, integrado ao processo de ensino-aprendizagem, tendo 
como objetivo primordial desenvolver e fomentar a leitura e a informação […]” 
(PIMENTEL; BERNARDES; COSTA, 2007, p. 23).
Assim, a definição de biblioteca escolar parece atrelada à função que ocupa 
no espaço da instituição escolar. De modo que sua função, segundo Pimentel 
(2007), é a de contribuir para o desenvolvimento curricular e ampliar a visão de 
mundo de seus usuários, tornando os cidadãos responsáveis e contribuindo, 
assim, para a formação integral dos sujeitos.
Tendo em vista que nem sempre leitura e biblioteca escolar são valores 
definidos como prioritários, o papel das bibliotecas deverá ser revisto pelo sistema 
de ensino e pelas escolas, transformando-as em um espaço de convivência, 
46
 Biblioteconomia, legislação e normas
de debate, de reflexão e de fomento à leitura. A agenda escolar e o projeto 
político-pedagógico da escola, tomando a leitura e biblioteca como uma de 
suas prioridades, podem contribuir para alterar e definir novos objetivos para a 
educação (BERENBLUM; PAIVA, 2006, p. 33).
Neste sentido, a compreensão de biblioteca escolar como “[…] um espaço 
de convivência, de debate, de reflexão e de fomento à leitura”, conforme sinaliza 
Berenblum e Paiva (2006, p. 33), é fundamental para abrir a discussão sobre a 
biblioteca escolar e as atuações em práticas educativas. Daí um passo importante 
seria contemplá-la como prioridade no Projeto Político-Pedagógico, a fim de 
que todos que integram a instituição escolar, se certifiquem de sua função, 
compreendendo o que ela é, de fato, e não minimizada a um depósito de livros.
Entenda melhor o papel da biblioteca escolar acessando o 
manifesto da IFLA. Disponível em: https://www.ifla.org/files/assets/
school-libraries-resource-centers/publications/school-library-
manifesto-pt-brazil.pdf.
Conheça também uma importante lei para o fomento das bibliotecas 
escolares no Brasil:
LEI Nº 12.244, DE 24 DE MAIO DE 2010
Dispõe sobre a universalização das bibliotecas 
nas instituições de ensino do País.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art.1º As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas 
de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.
47
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção 
de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer 
suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura.
 Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca 
de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao 
respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo 
conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, 
preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares.
Art. 3º Os sistemas de ensino do País deverão desenvolver esforços 
progressivos para que a universalização das bibliotecas escolares, nos 
termos previstos nesta Lei, seja efetivada num prazo máximo de dez 
anos, respeitada a profissão de Bibliotecário, disciplinada pelas Leis nºs 
4.084, de 30 de junho de 1962, e 9.674, de 25 de junho de 1998.
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de maio de 2010; 189º da Independência e 122º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
Carlos Lupi
Este texto não substitui o original publicado no Diário 
Oficial da União - Seção 1 de 25/05/2010
FONTE: Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 25/5/2010, Página 3 
(Publicação Original). Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/2010/lei-12244-24-maio-2010-606412-publicacaooriginal-127238-pl.html. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
4.2.6 Bibliotecas Infantis 
As bibliotecas infantis possuem caráter de entretenimento, propiciando o gosto 
pela leitura de recreação e não necessariamente caráter educativo formal, que 
seria o papel das bibliotecas escolares de um modo geral. As bibliotecas infantis 
se caracterizam pelo encantamento propiciado pelo mundo mágico do descobrir 
ludicamente o mundo, sem a pressão imposta do aprender para progredir de ano/
turma. Por biblioteca infantil, pode-se compreender uma unidade de informação 
específica, ou seja, possuir prédio, acervo e recursos financeiros, humanos e 
materiais próprios, ou também, como um setor dentro de uma biblioteca pública, 
48
 Biblioteconomia, legislação e normas
por exemplo, como se fosse uma biblioteca dentro de uma biblioteca, atendendo 
exclusivamente ao público infantil.
Como objetivos das bibliotecas infantis, Litton (1974) menciona: 
• Formar uma coleção ampla e variada de livros e outros materiais 
apropriados para as crianças, sendo os mesmos acessíveis e de fácil 
uso.
• Orientar os pequenos usuários na seleção de materiais de leitura que 
possam satisfazer as suas necessidades recreativas e escolares.
• Fomentar, divulgar e compartilhar com os usuários, o incentivo e o gosto 
pela leitura.
• Propiciar a aquisição cultural por meio da leitura. 
• Estimular o convívio social. 
As bibliotecas infantis têm como objetivo central “familiarizar as crianças com 
os diversos materiais que poderão enriquecer suas horas de lazer. Visa despertá-
las para os livros e a leitura, desenvolvendo sua capacidade de expressar-se” 
diante do mundo, de sua comunidade e de si mesmo (MELO; NEVES, 2005, p. 3).
Vejamos dois exemplos de bibliotecas infantis:
FIGURA 16 – BIBLIOTECA INFANTIL MULTILINGUE
FONTE: <http://bibliotecainfantil.com.br/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
FIGURA 17 – BIBLIOTECA VIRTUAL INFANTIL
FONTE: <http://www.ufjf.br/bibliotecavirtualinfantil/>. Acesso em: 20 jul. 2020.
49
O Contexto Da BiblioteconomiaO Contexto Da Biblioteconomia Capítulo 1 
4.2.7 Bibliotecas Especiais
As bibliotecas especiais se destinam a públicos específicos e “apresentam 
coleções que tratam sobre temas diversos e possuem vida própria, no sentido 
de que não se constituem em atividades de extensão da biblioteca pública, as 
quais pretendem oferecer material de leitura para grupos especiais de pessoas” 
(TARGINO, 1984, p. 45). É o caso de bibliotecas com acervo em libras para 
deficientes visuais, cujo acervo é formado por conteúdos diversos, considerando 
que os interesses da comunidade de usuários podem e devem ser múltiplos. As 
bibliotecas especiais, portanto, se caracterizam pelo público a que se destina (em 
maior grau) e pelo acervo que armazenam (em menor grau), cuja finalidade é 
proporcionar atendimento educacional e cultural a sua comunidade. Atenta-se 
para a diferenciação dos termos biblioteca especial e biblioteca especializada. 
Enquanto a primeira se destina a atender a um público com deficiências, as 
bibliotecas especializadas se caracterizam por concentrar o seu acervo em uma 
área do conhecimento em específico, conforme estudamos na disciplina. 
Alguns pontos precisam ser levados em consideração em bibliotecas 
especiais, tais como: 
• Projeto arquitetônico.
• Mobiliário adaptado, quando for o caso.
• Acervo com características especiais, quando for o caso. 
• Equipamentos que possibilitem a leitura dos materiais.
• Entorno da biblioteca, como calçadas, rampas e degraus. 
• Sinalização completa e diferenciada, quando for o caso. 
• Iluminação do ambiente, dentre outras. 
Todas essas questões recaem sobre a acessibilidade da biblioteca, as 
quais foram trabalhadas no que diz respeito ao planejamento e organização de 
bibliotecas. De acordo com a Lei nº 13.146 de 6 de junho de 2015, que estabelece 
o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é dever do Estado, das sociedades e da 
família assegurar à pessoa com deficiência a efetivação dos seguintes direitos 
referentes: 
[...] à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, 
à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, 
ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, 
ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao 
turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços 
científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, 
à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes 
da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das 
leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, 
social e econômico (BRASIL, 2015, s.p.). 
50
 Biblioteconomia, legislação e normas
Considera-se muito importante para os bibliotecários que atuam ou forem 
atuar em bibliotecas especiais, bem como para aqueles que atuarem em diferentes 
unidades de informação, que realizem formação continuada em diferentes níveis 
e cursos, tais como Libras e Braille. Atender satisfatoriamente ao seu público 
deve ser missão de todos bibliotecários, independentemente do espaço onde 
desenvolva suas atividades profissionais. Quando o próprio bibliotecário não 
possuir tais conhecimentos, é importante que tenha algum membro da equipe 
com formação para atuar com usuários cegos e surdos, por exemplo. O acervo 
de bibliotecas especiais, além de possuir materiais específicos, como em Braille 
e áudiobooks, deve manter presente tecnologias assistivas (como estudado), as 
bibliotecas digitais e virtuais podem compor e enriquecer o acervo de qualquer 
biblioteca convencional.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência assegura o “acesso a informações e 
disponibilização de recursos de comunicação acessíveis”, ou seja, as tecnologias 
assistivas, imprescindíveis às bibliotecas não só especiais, mas a todas, que 
poderão atender ou já atendem às pessoas com deficiências. Tem-se por 
tecnologias assistivas como sendo os “recursos e serviços que visam facilitar 
o desenvolvimento de atividades da vida diária por pessoas com deficiência. 
Procuram aumentar capacidades funcionais e assim promover a autonomia e a 
independência de quem as utiliza” (MELO; COSTA; SOARES, 2006, p. 62). Os 
autores complementam afirmando que:
Existem tecnologias assistivas para auxiliar na locomoção, 
no acesso à informação

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