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Uso de cimentos à base de óxido de zinco com e sem eugenol na confecção de restaurações provisórias

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Uso dos cimentos à base de óxido de zinco com e sem eugenol na confecção de restaurações provisórias
Os cimentos de óxido de zinco e eugenol são usados desde 1890 e foram muito estudados em função da propriedade de sedação dada pelo eugenol. Cirurgiões-dentistas geralmente utilizam esses cimentos em restaurações temporárias, e sua utilização é justificada devido à rápida execução, à facilidade com que é inserido e removido e ao baixo custo, além de outros detalhes que falaremos a seguir.
Composição, propriedades e indicações
Quadro 3.1 | Formas de usos para o cimentos
	I. para cimentação provisória. 
	II. cimentação defi nitiva (porém existem outros materiais com melhores propriedades).
	III. restaurações provisórias e base (porém o cimento de ionômero de vidro tem propriedades superiores). 
	IV. para forramento.
A composição varia de acordo com a indicação do material. 
O Tipo I e Tipo IV apresentam em sua composição pó ou pasta de óxido de zinco (ZnO - 69%), resina de terebentina (29,3%), estearato de zinco (1%) e acetato de zinco (0,7%). No líquido ou na segunda pasta, eugenol (85%) e óleo de oliva (15%). 
O Tipo II, para apresentar melhores propriedades mecânicas, recebeu o reforço de PMMA ou de EBA, que determinam duas composições: 
• ZnO (80%); de polímero PMMA - polimetilmetacrilato (20%); resinas e copolímeros e, no líquido, o eugenol. 
• ZnO (60 - 74%); alumina (20 - 34%) e resina (6%) e, no líquido, o ácido orto-etoxi-benzoico (EBM 62,5%) e eugenol (37,5%). 
O Tipo III também recebeu os mesmos materiais para reforço:
• Pó: ZnO (80%); de polímero PMMA - polimetilmetacrilato (20%) e, no líquido, eugenol. 
• Pó: ZnO (60 - 74%); alumina (20 - 34%); rosina (6%) e, no líquido, ácido orto-etoxi-benzóico (EBM 62,5%) e eugenol (37,5%). 
Apresenta resistência à compressão que varia de 3 a 55 MPa, dependendo da formulação. Apresenta selamento marginal deficiente, porém é o suficiente para vedamento contra infiltração de microrganismos, e apresenta também propriedades antibacterianas. Esses materiais são os que têm as menores propriedades mecânicas, porém o eugenol presente na formulação confere propriedades analgésicas, antimicrobianas e anti-inflamatórias sobre a polpa e determina aquele “cheiro de dentista” advindo do cravo. Essas propriedades justificam sua utilização em casos em que o paciente Apresenta um bom selamento térmico, porém como não apresenta propriedades mecânicas satisfatórias, pode aumentar a microinfiltração devido à solubilidade. Apresenta pH 7 no momento de sua inserção. Não deve ser aplicado próximo à polpa pois em grandes concentrações pode causar necrose. 
Não deve ser utilizado em casos em que o material restaurador definitivo for resina composta, pois o eugenol interfere e inibe a reação de polimerização. O eugenol também pode interagir com o hidróxido de cálcio, diminuindo sua resistência. Por essa característica foi desenvolvido o cimento de óxido de zinco sem eugenol, comumente utilizado como material para cimentação temporária de provisórios em resina acrílica. 
Atualmente os cimentos de óxido de zinco e eugenol são utilizados como cimento cirúrgico em Periodontia; como cimento para obturar o canal radicular em Endodontia; como agente de cimentação provisória e material de moldagem, na forma de pasta. 
Apresentação comercial e técnicas de manipulação 
Sua apresentação comercial é na forma de pó e líquido, na forma de cápsulas pré-dosadas (para restaurações provisórias) e na forma de duas pastas (cimento cirúrgico e para obturação de conduto radicular).
 Vamos descrever a manipulação do material para restauração provisória ou para base: será utilizada uma espátula no 36, uma placa de vidro ou bloco de espatulação, que deve ser apoiado sobre a placa de vidro. O frasco do pó deve ser agitado para homogeneizar as partículas. A colher dosadora do pó será preenchida e com a espátula, o excesso do pó é removido. O líquido é dispensado com o cuidado de deixar o frasco dosador na posição vertical para não incorporar bolhas. Geralmente a proporção é de uma medida de pó para cada gota de líquido. O pó deve ser dividido em duas partes, e uma delas deve ser novamente dividida em duas. A primeira porção de 50% é adicionada ao líquido, espatulando-se a mistura de 10 a 15 segundos. A segunda porção (25%) é adicionada e incorporada à massa, espatulando-a por 10 a 15 segundos. A terceira porção (25%) é adicionada, e com a espátula devemos dar leves batidas sobre a massa para aflorar o líquido e conseguir incorporar todo o pó; portanto o tempo de manipulação será de 40 a 60 segundos. Uma massa semelhante à utilizada pelos vidraceiros será obtida e deve ser inserida na cavidade com o auxílio de espátula no 1 e condensado com Ward no 1.
Tempo de trabalho
 Seu tempo de trabalho é longo, de dois a três minutos, e pode ser acelerado quando em contato com a umidade da cavidade bucal. Após cinco minutos já apresenta resistência suficiente. 
Química da reação de presa
 Após a mistura do pó ao líquido, este hidrolisa o óxido de zinco; em seguida ocorre uma reação de quelação entre o hidróxido de zinco com o eugenol, formando um quelato. A água é necessária para iniciar a reação e também é um subproduto. Assim, tanto na presença de água e como na presença de calor essa reação é acelerada.
Restaurações provisórias
As restaurações provisórias são utilizadas quando o paciente está recebendo adequação do meio bucal durante a fase inicial do tratamento odontológico, para propiciar uma redução da contaminação e dar tempo para o paciente se adequar à técnica de higienização, quando o paciente apresenta relato de dor, quando se deseja prevenir a exposição do tecido pulpar ou quando não é viável realizar a restauração definitiva na mesma sessão. 
Quando o paciente apresenta lesão de cárie extensa em dentina e o cirurgião-dentista opta por remover a dentina infectada utilizando curetas e evita a utilização de brocas a fim de não levar à exposição pulpar, é possível realizar uma restauração com materiais que tenham atividade antibacteriana, que permitam a remineralização da dentina afetada e que permitam um bom selamento marginal. Nesta situação, o complexo dentinopulpar pode ser preservado e pode ocorrer sua recuperação. Assim, é muito importante o conhecimento destes materiais para sua melhor indicação ou sua associação para obter suas melhores propriedades.
 Nos casos em que o paciente apresenta sensibilidade dolorosa é importante o correto diagnóstico do tipo de dor a escolha de um material que apresente propriedade sedativa, antimicrobiana e o selamento marginal para impedir o trânsito de metabólitos em direção à polpa, através dos túbulos e canalículos dentinários. 
Nos casos em que a dentina remanescente dentro do preparo cavitário está desmineralizada pela lesão de cárie e necessita ser remineralizada e em casos em que há uma grande perda de dentina, permanecendo esmalte socavado, o material a ser indicado precisa ter comportamento semelhante à dentina artificial, que tenha atividades bacteriostática e bactericida, como os cimentos de ionômero de vidro, que neste caso são indicados para a confecção da restauração provisória.

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