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T003 Aula 3 - A Religião no Mundo-convertido

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A RELIGIÃO NO MUNDO
Prof. Mario Rafael Yudi Fukue
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T003
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NESTE
 
CAPÍTULO,
 
VOCÊ
 
VAI
 
APRENDER
)A compreender o fenômeno religioso como uma dimensão antropológica, constituinte das civilizações;
A conhecer as principais formas religiosas e as principais religiões do mundo ocidental e oriental;
A reconhecer os principais fatos da história das religiões, bem como suas consequências;
A demonstrar consciência da diversidade, respeitando o ser humano em suas diferenças geracionais, religiosas, de acesso, credo, gênero, classes sociais, escolhas sexuais e das pessoas com deficiência;
A analisar a importância dos valores éticos, morais e espirituais na formação integral do ser humano.
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Quem sou eu? Como foi que tudo veio a existir? Por que existe tanto sofrimento? Existe um propósito no Universo? Se Deus existe, como faço para ser salvo? O que acontece depois da morte? - essas são algumas questões presentes em todas as culturas humanas. São questões existenciais, pois lidam com a existência humana. Elas formam a base de todas as religiões e, por conseguinte, de toda a cultura humana. Conforme Gaardner, “não existe nenhuma raça ou tribo de que haja registro que não tenha tido algum tipo de religião” (2013, p. 11).
As culturas dos povos foram moldadas conforme as respostas que suas religiões ofereciam às questões existenciais. Por exemplo, o conceito de Direitos Humanos tem profundas raízes na tradição bíblica, especialmente no visão do ser humano como “criado à imagem de Deus”.
Outro exemplo é a preferência de hindus pela culinária vegetariana por razões religiosas, pois acreditam que todos os animais carregam um atman, grosso modo, uma alma imortal.
Além da capacidade de moldar culturas, os conceitos religiosos de um povo também influenciam a forma como indivíduos fazem suas escolhas cotidianas. Por exemplo, um judeu ou adventista não trabalham depois do pôr do sol da sexta-feira, que, para eles, marca o início do sábado, dia de santificar a Deus e se dedicar ao descanso. Outro exemplo é o pastor Dietrich Bonhoeffer que, por razões religiosas, se opôs ao regime nazista e chegou a afirmar: “Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador” (Declaração de Bremen).
Em um mundo cada vez mais interconectado, você certamente trabalhará com pessoas de diversas etnias e de variadas tradições religiosas. Mesmo aqueles que não professam nenhuma crença específica são filhos e filhas de culturas marcadamente religiosas. Por todas essas razões, conhecer as grandes religiões do mundo é útil para desenvolver competências que ajudarão você a melhor se relacionar com todas as pessoas, especialmente com aquelas que agem, creem e pensam diferentemente de você. Além disso, esse conhecimento ajudará você a compreender melhor suas próprias questões existenciais. Neste capítulo, começaremos nossa jornada no Oriente e conheceremos a tradição dos hindus na Índia, os ensinos de Sidarta (Buda) e a pregação da simplicidade e da ordem por parte de Confúcio e Lao Tsé. Depois, iremos ao Oriente Médio e estudaremos as religiões abraâmicas que moldaram a sociedade ocidental: o Judaísmo e o Islamismo.
Para saber mais:
 Direitos humanos: o que a igreja tem a ver com isso?
 Dietrich Bonhoeffer: uma biografia.
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UÇÃO
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Vamos encontrar, nesta seção, quatro grandes religiões: Hinduísmo, Budismo, Confucionismo e Taoísmo. De cada uma podemos tirar lições transmitidas por séculos e vividas por seguidores que buscavam sentido para a vida entre essas religiões e filosofias.
HINDUÍSMO
O Hinduísmo não tem fundador, nem credo fixo. Na verdade, o Hinduísmo é o conjunto de religiões que se originam das interações entre o povo nativo do vale do rio Indo e os povos indo-europeus, que chegaram na região 4 mil anos atrás.
A religião que surge dessas interações de povos sustenta uma visão cíclica da história. A cada final de ciclo, o Deus Shiva dança sobre o mundo até reduzi-lo a pedaços. Depois, o deus Brahman recria o mundo novamente.
Um hindu crê que, depois da morte, sua alma renasce numa nova criatura, humana ou animal. O que determina a próxima existência é o carma, que aponta para o movimento de “ação e reação”: o que você faz nesta vida determinaria sua próxima existência. Veja que a visão cíclica também está presente na forma como o Hinduísmo explica o sofrimento e a libertação dele. A esse ciclo de nascimento, morte e renascimento dá-se o nome de Samsara, a roda da vida. Para se libertar da Samsara, o hindu deve dedicar-se a ações nobres. O que determina a próxima existência é o carma, que aponta para o movimento de ação e reação: o que você faz nesta vida determinaria sua próxima existência. Também há no conceito de carma a ideia de ordem natural das coisas, da existência que deve ser aceita para que o indivíduo aprenda e evolua.
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ÕES DO
 
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Castas
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Desde tempos imemoriais, sempre houve quatro varnas (cor em sânscrito). De acordo com
o RigVeda (textos sagrados hindus), as varnas se originam do sacrifício do deus Purusha: da boca, nasceram os brâmanes (classe sacerdotal); de seus braços, vieram os guerreiros; de suas pernas, surgiram os agricultores e artesãos; e de seus pés, os servos. Havia também os dalits (intocáveis), que teriam nascido do pó das unhas de Purusha.
A base religiosa desse sistema é a noção de impureza e pureza. Castas baixas ocupam trabalhos impuros para ajudar as castas altas a se manterem puras, que por sua vez realizam rituais religiosos em favor de todas as castas. Para reencarnar em uma casta superior, o indivíduo deve usar suas existências para melhorar seu carma.
Apesar de abolido pela Constituição indiana de 1947, o sistema de castas continua tendo um papel importante na sociedade indiana.
Preconceito? Não é bem assim que os indianos pensam. Quer saber mais sobre as castas?
 Clique aqui.
Da vaca ao conceito de ahimsa (resistência pela não-violência)
A vaca é um animal sagrado na Índia, e é considerada mais pura do que um brâmane. Para os hindus, a vaca e todos os outros animais possuem atman (alma) e, por essa razão, não podem ser mortos. Isso transformou muitos hindus em vegetarianos e, conforme Gaarder (2013, p. 48) “abriu caminho para o ideal da não violência, que ficou mais tarde conhecido com a luta de Gandhi pela independência da Índia."
Mahatma Gandhi ensina a ahimsa - a resistência pela não violência. Conheça mais de suas ideias neste link.
Como se libertar do carma? Três vias de Salvação
No Hinduísmo védico, o ciclo do carma e reencarnação era visto como positivo. Mais tarde, a reencarnação foi vista como um círculo vicioso, do qual seria necessário se libertar. No período védico tardio, de 1000 a.C. a 500 a.C., os escritos Upanishads introduziram a noção de Brahman, a força divina que permeia todo o universo.
Assim, três novas formas de se libertar do carma foram sendo gradualmente formados: Via do sacrifício - o hindu deve realizar corretamente os rituais religiosos, além de seguir o caminho do ascetismo; Via do Conhecimento - conforme os Upanishads o ser humano alcança a libertação por meio da compreensão plena da unidade entre o atman (alma) e Brahman; Via da Devoção - nesta via ensina-se que a libertação por meio do bhakti, isto é, a fé e devoção a Deus, realizando os rituais sem pensar em recompensas.
O hindu empenha-se em se libertar do carma e da reencarnação e atingir o moksha, que é a união final do atman (alma) com o Brahman. No moksha não haverá mais individualidade, pois todos estarão dissolvidos no Brahman.
 
 Três deuses
 
 Até o momento, você já ouvir falar sobre Shiva, o deus destruidor,e Brahman, o deus criador, que permeia todo o universo, mas o Hinduísmo também tem um terceiro grande deus: Vishnu, o deus sustentador.
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Brahman
conhecido como o Deus criador, Senhor da Sabedoria, cultuado pelos sacerdotes. Todos
 
nascem dele.
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Vishnu
 o deus mantenedor da criação.
)
 (
 
Shiva
deus renovador, senhor da vida e da morte, o deus dos iogues, retratado como um asceta, traz a doença e a morte, mas também a cura.
)
O hindu comum não dirige suas orações aos três grandes deuses, mas aos milhares de divindades locais. Quase todas as aldeias têm a sua própria divindade local. Além disso, há uma infinidade de deusas. Segundo Gaarder (2013, p. 48): “Alguns adotam a teoria de que essa abundância de deusas não passa da expressão de uma grande e poderosa divindade feminina, a “Rainha do Universo” ou “Deusa-Mãe””. A importância das deusas na religião indiana é visível pela escolha da “Mãe Índia” (Bhárata Mata ou Bharthamata) como a divindade nacional do atual Estado da Índia.
 BUDISMO
O Budismo teve início com o príncipe Siddartha que cresceu em meio à fortuna e ao luxo. Aos 29 anos, ele teria tido o primeiro contato com um velho, um doente e um cadáver. Ao mesmo tempo, ele teria visto um alegre asceta. Dessa comparação, ele concluiu que a vida de conforto não concede plenitude à existência.
Siddatha renuncia à vida do palácio e parte para uma vida de ascetismo, que não lhe traz resultados. Tendo experimentado os dois extremos, conforto e ascetismo, Siddartha conclui que nenhum deles levavam ao nirvana. Por isso, propôs o “caminho do meio”, da meditação, pelo qual chegou à iluminação (bodhi). Pela meditação, ele percebe que todo o sofrimento do mundo é causado pelo desejo. Assim, é apenas suprimindo o desejo que se pode escapar de outras encarnações.
No “Sermão de Benares”, Siddartha apresenta as quatro verdades que guiam o ser humano na superação do sofrimento:
· Tudo é sofrimento. O apego aos elementos dessa existência nos leva ao sofrimento, tudo aquilo que amamos não dura para sempre. Tudo é maya (ilusão).
· Desejo é a causa do sofrimento. Se tudo é ilusão, não há razão para se apegar ao que quer que seja, pois sofremos sempre que perdemos o ser ou o objeto a que somos apegados;
· Quando o desejo cessa, começa o nirvana. Abandonar o desejo e conhecer a transitoriedade da vida é a saída do carma e o início do Nirvana;
· Uma pessoa alcança o Nirvana pelo caminho das oito vias:
1. entendimento justo: conhecer o caminho que conduz à cessação do sofrimento;
2. resolução justa: não prejudicar ou matar qualquer ser vivo;
3. palavra justa: abster-se da mentira, calúnia e injúria;
4. conduta justa: abster-se de tirar a vida, de roubar e praticar a luxúria;
5. sustento de vida justo: abster-se das armas, álcool, tóxicos e de qualquer atividade ilícita;
6. esforço justo: a vontade necessária para estancar as más qualidades que afloram à mente;
7. pensamento justo: ter consciência do seu próprio corpo, dos sentimentos e das atividades da mente;
8. meditação justa: a serenidade interna é desenvolvida através da prática de meditação que, em última análise, conduz ao nirvana.
 Tipos de Budismo
Depois da morte de Siddartha, o Budismo se dividiu em duas tendências: o Theravada (“a escola dos antigos”), predominante no sul da Ásia e o Mahayana (“grande veículo”), predominante na China, Coréias e Japão.
O Budismo Theravada enfatiza a salvação por meio de ascetismo e meditação. Não há deuses. E nem mesmo Buda seria capaz de iluminar alguém. Cada indivíduo deve imitar o exemplo de buda até atingir o Nirvana. Nessa linha de Budismo, o nirvana só é possível para monges.
Conheça mais do Budismo Theravada e Mahayana, assistindo o vídeo:
O Budismo Mahayana, por seu turno, ensina que todas as pessoas podem alcançar o nirvana. A famosa escola Zen Budista, por exemplo, enfatiza a “visão direta” de Buda por meio de um estudo e contemplação de si mesmo. Na prática zen, a iluminação também pode ocorrer nas atividades rotineiras. Por esse motivo, no Japão, atividades como fazer arranjo de flores (ikebana), tomar chá, poesia (haicai) e lutar (bushidô) passaram a ter importância ritualística.
Assista A esse vídeo e compreenda a diferença entre as escolas budistas:
 CONFUCIONISMO E TAOÍSMO
Com seu PIB de 12,7 trilhões de dólares (2017), a China é segunda maior potência econômica. Provavelmente, hoje ou no futuro próximo, seu trabalho e relações terão algum ponto de contato com o maior país da Ásia. Por isso, conhecer as religiões que formaram a cultura e religiosidade chinesa são importantes.
Confucionismo
Confúcio nasceu em 551 a.C em uma China devastada pelas guerras civis. Depois de tentar reformar o país pela via política, se estabelece como professor particular. A filosofia de Confúcio não dedica muita atenção às grandes perguntas existenciais, mas à vida diária e a busca por harmonia. Ele está mais preocupado com uma visão política pragmática do que com o destino da alma após a morte. Ele teria dito: “quando não se compreende nem sequer a vida, como se pode compreender a morte?”.
 Ensinos
Confúcio buscava o tao, a harmonia predominante do Universo, que só pode ser alcançada
com conhecimento e compreensão. Nesse ponto, o estudo da tradição era capaz de ensinar ao ser humano as regras éticas corretas, as celebrações rituais corretas e seu lugar correto na sociedade. Para Confúcio, os conceitos de uma atitude correta em todas as esferas são piedade filial, respeito e reverência.
Outro ponto do ensino de Confúcio é a simplicidade como base da harmonia. Por isso, um mundo em paz começa com honra do indivíduo. Para ele, se um indivíduo possui honra, terá caráter. Se tem caráter, seu lar terá harmonia. Se há harmonia na família, o país estará em paz. E países em paz produzem um mundo harmonioso. Quer mudar o mundo? Comece com seu quarto.
O Confucionismo conquistou as classes dominantes, tornando-se praticamente uma religião estatal, que influencia a forma chinesa de pensar até hoje. O coração do povo simples não foi conquistado por Confúcio, mas por Lao Tsé, fundador do Taoísmo.
Taoísmo
A origem do taoísmo é apresentada com o nome de um homem chamado Lao-Tsé, o grande e velho mestre. Teria sido contemporâneo de Confúcio.
O Livro Sagrado e seus conceitos
Uma boa ideia do início do taoísmo, como conta a tradição, é o que lemos no texto de Huston Smith (2001, p. 194), que assim coloca:
Lao-tsé (...) recolheu-se durante três dias e retornou com um magro volume de 5.000 caracteres intitulado Tao Te King, ou O Caminho e o seu Poder. (...) Um livrinho de apenas 25 páginas e 81 capítulos.
No Tao Te King, tudo gira em torno do Tao, que literalmente significa “caminho”. Esse caminho pode ser entendido de três maneiras: 1- Tao é o caminho da realidade última; 2- Tao é o caminho do Universo, o poder propulsor de toda a natureza, o princípio ordenador por trás da vida; 3- O Tao refere-se ao caminho da vida humana, quando ela se harmoniza com o Tao do Universo.
 YIN/YANG
Uma das principais características do taoísmo é a sua noção da relatividade de todos os valores e, como ideia correlata, a identidade dos opostos. Nesse aspecto, o taoísmo está ligado ao tradicional símbolo chinês do yin/yang:
Essa polaridade resume todas as oposições básicas da vida: bem/mal, ativo/passivo, etc. Mas as metades, embora estejam em tensão, se contemplam e se equilibram com a outra. “A vida não se dobra sobre si mesma, e chega, completando o círculo, à percepção de que tudo é um e tudo está bem” (SMITH, 2001, p. 210).
O conceito de Tao e Ying/Yang está presente na realidade brasileira, especialmente em práticas vindas da China, tais como terapias chinesas do Do-In, Acupuntura e Reiki, Feng- Shui (harmonização de ambientes), artes marciais como Kung Fu.
 Quer conhecer mais desseconceito? Leia neste link e assista esse vídeo.
 RELIGIÕES ABRAÂMICAS
O que Cristianismo, Judaísmo e Islamismo têm em comum? Seus seguidores adoram somente um Deus, Senhor e Criador de tudo. As três religiões possuem origem no patriarca Abraão, por isso também são chamadas de religiões abraâmicas. Neste capítulo, estudaremos o Judaísmo e o Islamismo.
 JUDAÍSMO
O Judaísmo possui muitas narrativas que são compartilhadas pelo Cristianismo e Islamismo.
O Monoteísmo das religiões abraâmicas reconhece “Elohim” como o Deus único, o criador do mundo e de suas criaturas. Toda vida depende dele e tudo o que é bom flui dele. É um deus pessoal, que tem preocupação com as coisas que criou e nelas intervém. O nome pessoal de “Elohim” é representado pelas letras IHVH, que significa “eu sou o que sou” em hebraico.
Assim, conforme o relato de Gênesis, Deus criou o universo e fez o ser humano à sua imagem e semelhança. Tudo na mais perfeita ordem, pois “viu Deus que tudo era bom” (Gênesis 1.31).
Perceba que, na tradição abraâmica, o ser humano está acima das outras coisas criadas. O conceito de “imagem de Deus” serviu de base na criação dos Direitos Humanos, que prevê direitos inalienáveis do ser humano, como liberdade e direito à vida. Além disso, o ser humano é considerado o parceiro de Elohim na cuidado e preservação da Criação. Por isso, no Judaísmo, a ética ecológica brota do relacionamento com Deus.
Com a desobediência (pecado) de Adão e Eva, o primeiro casal, a humanidade abandona o relacionamento com Deus. Essa distância e rebeldia contra Deus seria a causa do sofrimento humano.
Visto que o ser humano é incapaz de alcançar a Deus e pagar seus pecados, o próprio Deus promete abençoar todas as famílias por meio de Abraão e seus descendentes. Abraão foi chamado por Deus (Elohim) da distante Ur dos Caldeus (cidade situada na região da Mesopotâmia), para ocupar a Terra de Canaã, situada nas proximidades do Mar Mediterrâneo.
Deus cumpre sua promessa e concede inúmeros filhos a Abraão. Um deles é Isaque, que vem a ser pai de Jacó, também chamado de Israel, termo que designa todos os descendentes de Jacó.
O povo de Israel considerava-se o “povo escolhido” não como uma superioridade étnica, mas como resultado da Aliança de Deus com Abraão. Assim, Israel considera sua missão a redenção dos povos e reconciliação de toda humanidade com Elohim.
 Libertação do Egito e os 10 Mandamentos
Um evento importante na história do povo de Israel é a libertação da escravidão do Egito.
Após anos de escravidão, Deus envia Moisés ao Egito para libertar os israelitas. Confira essa história a partir de Gênesis, capítulo 25, e a história da Libertação da Escravidão do Egito nos capítulos iniciais do livro de Êxodo, neste link.
Durante a fuga do Egito, após a épica travessia do Mar Vermelho, Moisés recebe da parte de Deus a Lei, ou os dez mandamentos ou “decálogo”, fonte da ética judaica (KWASNIEWSKI, 2008, p. 551).
Você pode conhecer os 10 Mandamentos neste link.
 
O Reino de Israel e o Messias
Por volta do ano 1.000 a.C., o povo de Israel passa a ser governado por monarquias. Destaques para o rei Davi, que unifica as 12 tribos de Israel, e também para o rei Salomão, que constrói o famoso Templo de Jerusalém no século X a.C.. Depois do reinado de Salomão, Israel se divide em dois reinos: Israel (norte) e Judá (sul).
No período monárquico tardio, Israel e Judá são palco da veneração a outros deuses aliada à injustiça social. Deus levanta profetas para denunciar a infidelidade do povo e a opressão dos pobres pelos ricos. Um exemplo foi o profeta Amós, que viveu por volta de 750 a.C..
Desde os primórdios, Israel considerava-se o povo que traria paz e redenção ao mundo. A partir dos profetas, a esperança por um reino de paz centraliza-se na vinda de um messias (“o Ungido”), que seria descendente do rei Davi. Muitos israelitas passaram a acreditar que esse Messias traria de volta o período de glória e poder dos tempos do reinado de Davi, mas a esperança messiânica mudou ao longo da história.
Quer saber mais sobre o Messias? Clique aqui.
	
 Diáspora e Perseguição
Em 722 a.C., os assírios devastaram Israel, e em 587 a.C, Judá cai sob domínio babilônico.
Os habitantes de Judá tiveram a permissão de voltar a sua terra em 539 a.C. Daí em diante, passaram a se tornar conhecidos como judeus. A partir do século IV a.C., a região de Judá é conquistada pelo Império Romano e em 70 d.C., Jerusalém é destruída pelos romanos, o que leva o povo judeu a se dispersar pelo mundo. O povo judeu se dispersa pelo mundo de novo.
Ao longo da história, os judeus enfrentaram diversas perseguições. Já em 1492, por exemplo, os judeus foram expulsos da Espanha. E, entre 1933 e 1945, o avanço nazista na Europa comete o maior genocídio judeu da história, com 6 milhões de judeus mortos no holocausto.
Em 1948, a ONU cria o atual Estado de Israel. No entanto, a convivência com os povos da região não é pacífica. O Oriente Médio vê, de um lado, israelenses com seus aliados ocidentais e, de outro lado, palestinos com seus aliados, em sua maioria países árabes e muçulmanos.
Por causa do holocausto, para muitos judeus de linha reformista o “messias” não será mais uma pessoa, mas apenas uma era de paz futura.
Os escritos sagrados
O chamado cânone judaico reconhece 24 livros divididos em três grupos: - Torah (a Lei de Moisés); - Nevim (os Profetas): os livros históricos e proféticos; - Ketuvim (os Escritos): os demais livros.
O judeus obedecem ao Talmude, texto baseado em tradição oral e usado pelos rabinos como orientação aos fiéis em situações concretas (KUCHENBECKER, 2005).
O Sábado e a principais festas judaicas:
Shabat (sábado): o shabat dura do pôr do sol de sexta-feira até o pôr do sol de sábado. É uma lembrança do descanso de Elohim, após a Criação.
Rosh há-shaná (Ano-Novo): celebrado em setembro ou outubro, rememora Elohim como criador e rei e convida o povo à autoanálise e ao arrependimento. Culmina no Yom Kippur (Dia do Perdão).
Pessach (Páscoa): relembra a libertação da escravidão e fuga do Egito. É ponto central o fato de Deus ter poupado a vida dos primogênitos daqueles que pintaram os batentes de suas portas com o sangue de cordeiros sacrificados.
Quer conhecer mais sobre a diferença entre o Judaísmo e o Cristianismo? Clique aqui
(Para acessar o link, você deverá estar logado em sua conta Google da Ulbra).
 
 ISLAMISMO
O Islamismo é a religião que mais se expande no mundo e abarca 15% da população mundial (GAARDER, 1998). Islã, em língua árabe, significa “submissão”. O muçulmano, aquele que segue o Islã, submete sua vida à Alá, e tem Mohammed (Maomé) como o grande profeta.
O Islamismo é classificado como uma religião revelada, pois Maomé, o último e mais importante dos profetas, teria recebido revelações por meio do anjo Gabriel, que dariam origem ao sagrado livro Corão (do árabe al qur´rãn, que significa leitura). Por meio deste livro sagrado, o muçulmano aprende a se submeter a Alá, o Deus onipotente e Criador de todas as coisas. 
 Etimologicamente, a palavra Alah se relaciona com a palavra hebraica el, que é utilizada na Bíblia para nomear o Deus dos hebreus.
Conforme a fé islâmica, Alá criou o ser humano e deu-lhe uma posição privilegiada no Universo. O ser humano seria uma criatura divina perfeita e possuidora de uma alma imortal, boa por natureza. Não há a noção de um pecado herdado, mas o muçulmano combate o pecado pela submissão à vontade de Alá.
Basicamente, cinco pilares são essenciais numa existência de submissão a Alá:
1. Confissão de Fé Monoteísta: Alá como Deus único e Maomé como o seu grande profeta;
2. Realização de cinco orações diárias voltadas para Meca;
3. Você deve viver em generosidade para com os pobres;
4. Jejum durante o mês de ramadã e abstinência total de carne de porco e álcool; e
5. Peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. Caso uma pessoa não tenha condições financeiras de ir a Meca, pode cooperar com o envio de uma pessoa, que a representa na peregrinação.
Você deve estar se perguntando“Por que Meca?”
Meca era a principal cidade árabe desde os tempos de Maomé. O profeta inicia as pregações nessa cidade, mas os poderosos se opuseram à pregação monoteísta, pois ela ofendia o tradicional politeísmo dos árabes. Assim, em 622, Maomé sai de Meca e vai para Medina. Esse episódio é conhecido como hégira (partida) (LUCCHESI, 2002). Na década seguinte, ele conquista Meca por meios militares e diplomáticos. O conjunto das atividades desenvolvidas por Maomé com vistas ao retorno a Meca é conhecido como jihad.
A fé islâmica ressignificou o centro de peregrinação politeísta de Meca. Antigo artefato politeísta, Maomé ensina que a Kaaba de Meca foi erigida por Adão, destruída no Dilúvio e reconstruída por Abraão e Ismael, o antepassado dos árabes. A partir daí, a Kaaba se torna o local mais sagrado do Islamismo.
 
A morte e Salvação
Influenciado pelo Cristianismo e pela cultura grega, o Islamismo ensina que existem dois destinos após a morte: 1- o muçulmano vai ao paraíso desfrutar dos seus deleites e contemplar o rosto de Alá; e 2- a alma do infiel vai ao inferno. O muçulmano aguarda o dia do juízo e o retorno de Jesus, que virá para proclamar o Islão como religião oficial. Nesse dia, todos serão julgados e receberão o pagamento de suas ações.
O cisma no Islã após Maomé
Antes de sua morte, em 632, Maomé conseguiu unificar a península arábica, fazendo do Islamismo um fator de união e identidade mais forte do que os antigos laços familiares e tribais.
No entanto, após a morte de Maomé, o movimento se divide. Em um primeiro momento, a liderança do movimento (califado) foi assumida pelos parentes de Maomé. Os três primeiros califas eram parentes de Maomé. O quarto califa, Ali, era genro de Maomé e foi assassinado por seus adversários. Os seguidores de Ali eram identificados como xiitas (do árabe Shiat Ali, que significa ‘o partido de Ali’) e julgavam que o califado só poderia ser exercido por um descendente do profeta. Por sua vez, o partido sunita julgava que a liderança poderia ser exercida por qualquer homem reconhecido pela Umma (comunidade islâmica) como califa. Hoje os xiitas se concentram no Irã e Iraque, enquanto que sunitas são majoritários no restante do Oriente Médio.
 (
Ao ler a palavra “califado” você deve estar se perguntando: “E o Estado Islâmico?”
 
Clique
 
aqui
i e leia mais sobre isso. (Para acessar o link, você deverá estar logado em sua conta
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ISLAMISMO NO BRASIL E NO MUNDO
Em nosso país, a religião islâmica chegou, inicialmente, por meio dos escravos vindos da África. Mais tarde, houve uma grande confluência migratória de árabes para o Brasil, contribuindo para a expansão da religião. A primeira mesquita no Brasil foi fundada em 1929, em São Paulo. Atualmente, existem aproximadamente 35.167 muçulmanos no Brasil, de acordo com o último censo IBGE, enquanto que a população mundial de adeptos ultrapassa 1,7 bilhões de pessoas.
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 REFERÊNCIAS
FLOR, Douglas Moacir. Judaísmo e Islamismo. in: Cultura Religiosa. Canoas: ULBRA, 2017.
 	. Religiões Orientais. in: Cultura Religiosa. Canoas: ULBRA, 2017
GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O Livro das Religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
KUCHENBECKER, Valter (Org.). O Homem e o Sagrado. Canoas: Ulbra, 2005.
KWASNIEWSKI, Guershon. Judaísmo. in: Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008.
LUCCHESI, Marco (coord.). Caminhos do Islã. Rio de Janeiro: Record, 2002.
SMITH, Huston. As religiões no mundo: nossas grandes tradições de sabedoria. São Paulo: Cultrix, 2001.
CRÉDITOS
Coordenação e Revisão Pedagógica: Claudiane Ramos Furtado Design: Luiz Specht
Diagramação: Marcelo Ferreira
Ilustrações: Marcelo Germano / Rogério Lopes Revisão ortográfica: Ane Arduin
Produzido por Núcleo de Audiovisual e Tecnologias Educacionais (NATE) - ULBRA EAD Universidade Luterana do Brasil
Todos os direitos reservados.

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