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DESCRIÇÃO Discussão teórica e prática do processo de investigação em Psicologia por intermédio das entrevistas psicológicas em seus mais diversos campos e abordagens. PROPÓSITO Explicar o conceito de entrevista psicológica para fins de aprofundamento nos paradigmas essenciais sobre o assunto, a fim de que você compreenda como conduzir uma entrevista na prática profissional e como transmitir segurança e empatia ao paciente. OBJETIVOS MÓDULO 1 Caracterizar o conceito de entrevista psicológica em sua forma ampla MÓDULO 2 Identificar a função do entrevistador em suas mais diversas áreas da Psicologia, bem como técnicas práticas de entrevista em Psicologia MÓDULO 3 Reconhecer as características que diferenciam os tipos de entrevistas psicológicas INTRODUÇÃO Os motivos que levam uma pessoa a procurar ajuda psicoterápica podem ser os mais diversos: busca por autoconhecimento, auxílio no enfrentamento de traumas, sintomas relacionados a transtornos psiquiátricos, dificuldade para lidar com sentimentos intensos, padrões disfuncionais de pensamentos, comportamentos inadequados que trazem sofrimento e que se repetem em padrões não percebidos pelo próprio indivíduo. Independentemente do motivo pela busca da Psicoterapia, é sempre importante que o profissional siga certos objetivos para que o processo terapêutico seja construído de forma saudável e eficaz. Nesse aspecto, a entrevista psicológica pode ser considerada um dos objetivos primordiais para se construir uma boa relação terapêutica e uma boa compreensão sobre o paciente (MURTA & ROCHA, 2014). Fonte: Shutterstock.com A necessidade de compreender aquele que procura o profissional de Psicologia é de suma importância para se ir além do que essa pessoa apresenta como queixa. Aquele que busca o auxílio de um(uma) psicólogo(a) traz consigo um grande quebra-cabeças e o objetivo do profissional, portanto, é reunir e organizar dados importantes sobre a vida dessa pessoa, agrupando o máximo de peças possíveis do quebra-cabeças com o objetivo de obter uma imagem adequada daquilo que se deseja investigar. MÓDULO 1 Caracterizar o conceito de entrevista psicológica em sua forma ampla A ENTREVISTA PSICOLÓGICA A maneira mais direta de se saber o que se passa com uma pessoa é perguntando a ela, e isso é o que uma entrevista se propõe a fazer. Segundo Perpiñá (2012), sua versatilidade é tal que, embora tenha nascido em um contexto de avaliação e diagnóstico, a entrevista psicológica tem sido utilizada com muitas outras funções no processo de avaliação- intervenção, mesmo fora do campo da saúde ou da relação de ajuda. De forma geral, nas áreas de ciências humanas, sociais ou da saúde, uma entrevista pode ser definida como um processo interpessoal no qual o entrevistador almeja obter informações acerca do entrevistado, tendo este primeiro um objetivo claro a alcançar e questões para responder. No campo da Psicologia, pode-se dizer que a entrevista psicológica tem o objetivo específico de descobrir, por meio de perguntas formuladas pelo entrevistador, aquilo que não está aparente no entrevistado, mas se manifesta em forma de pensamentos, emoções e comportamentos com objetivos psicológicos específicos e seguindo referenciais teóricos demarcados. Fonte: Shutterstock.com Desta forma, usaremos como definição de entrevista psicológica as apresentadas pelos seguintes autores: EM PSICOLOGIA, A ENTREVISTA CLÍNICA É UM CONJUNTO DE TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO, DE TEMPO DELIMITADO, DIRIGIDO POR UM ENTREVISTADOR TREINADO, QUE UTILIZA CONHECIMENTOS PSICOLÓGICOS, EM UMA RELAÇÃO PROFISSIONAL, COM O OBJETIVO DE DESCREVER E AVALIAR ASPECTOS PESSOAIS, RELACIONAIS OU SISTÊMICOS (INDIVÍDUO, CASAL, FAMÍLIA, REDE SOCIAL), EM UM PROCESSO QUE VISA FAZER RECOMENDAÇÕES, ENCAMINHAMENTOS OU PROPOR ALGUM TIPO DE INTERVENÇÃO EM BENEFÍCIO DAS PESSOAS ENTREVISTADAS. (TAVARES, 2003, p. 45) “(...) COMUNICAÇÃO ENTRE DUAS PESSOAS. E AINDA, A EXPRESSÃO DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA É EFETUADA PELOS PSICÓLOGOS NO EXERCÍCIO DE SUAS ATIVIDADES. ESTES LEVAM EM CONTA, POR CERTO, REGRAS E FATORES PSICOLÓGICOS OBSERVADOS ANTERIORMENTE, MAS O OBJETIVO VISADO É O DE RESOLVER UM DOS PROBLEMAS QUE ENTRAM NORMALMENTE NO QUADRO DA PSICOLOGIA (SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL, PESQUISAS PSICOLÓGICAS, ESTUDOS DE OPINIÃO PÚBLICA, EXAME DE PERSONALIDADE ETC.). (ALMEIDA, 2004) DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA Fonte: Shutterstock.com A entrevista psicológica é essencial, uma vez que é a partir dela que o profissional irá conhecer o paciente, acolhê-lo, compreender os motivos da demanda, levantar as primeiras hipóteses e planejar quais os passos seguintes no trabalho a ser desenvolvido, estabelecer a relação terapêutica e o contrato com o cliente. É também importante que, ao longo da entrevista, o profissional ajude o cliente a compreender os objetivos que serão explorados ao longo de todo o processo psicológico contratado. ATENÇÃO A entrevista psicológica, portanto, deve ser encarada como um processo investigativo amplo no campo da Psicologia como ciência. Este processo é essencial para o levantamento de informações que ajudarão o entrevistador a interligar experiências vivenciadas pelo paciente, fazer inferências, planejar como o trabalho será encaminhado e quais as decisões a serem tomadas, tudo isso dentro dos conceitos da clínica psicológica. O psicólogo ou estagiário de Psicologia que está iniciando suas experiências na prática da profissão, pode sofrer certa inquietude pelo fato de que a quantidade de informações e todos os aspectos a serem analisados em uma entrevista inicial acabem sendo difíceis de serem concluídos em apenas um encontro. Por isso, não raramente, fala-se em “entrevistas iniciais” ao invés de seu termo no singular, já que é comum e esperado que os primeiros encontros sejam destinados a realização dos inquéritos necessários até que o máximo de questões tenham sido satisfatoriamente investigadas (TAVARES, 1990). Segundo Almeida (2004), é necessário mencionar a importância do equilíbrio entre o domínio das técnicas clínicas específicas e a capacidade de interação adequada com o entrevistado. Desta forma, diversos autores enumeram diferentes condições e regras de ouro a seguir na entrevista psicológica. Segundo estes autores, o entrevistador deve ser capaz de: Mostrar-se inteiramente disponível ao entrevistado, ouvindo-o sem julgamentos. Permitir as condições para que o entrevistado se sinta à vontade, facilitando o desenvolvimento de uma relação de trabalho segura e consistente. Facilitar a exposição das razões que levaram a pessoa a procurar auxílio psicológico. Não permitir que fiquem dúvidas sobre o relato do entrevistado. Caso o entrevistado falte com clareza, esquive ou se contradiga, é importante que a(o) psicóloga(o) saiba como esclarecer suas dúvidas de forma empática e adequada. Ser tolerante com os afetos negativos, caso o entrevistado os manifeste no encontro. Ser proativo nos momentos de possíveis impasses e conflitos. Apropriar-se adequadamente das técnicas utilizadas pela abordagem escolhida. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ORIGENS DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA A entrevista mostra-se uma prática muito rica e em constante construção, sendo adaptada e enriquecida por todos os campos e abordagens nos quais é utilizada. Há relativa concordância entre autores de que a entrevista ganhou importância no campo clínico com o psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856 – 1926), no final do século XIX, cujo interesse era explorar em detalhe os sintomas do paciente e diagnosticá-lo segundo classificação de transtornos mentais. Nesse ponto, é importante mencionar a diferença entre a entrevista psiquiátrica e a entrevista psicológica, uma vez que ambas podem ser complementares. Entrevista psiquiátrica busca investigar a presença de sintomas passíveis de um diagnóstico nosográfico, estabelecendo, com isso, quais serão as propostasterapêuticas para cada paciente, por exemplo, se há necessidade do uso de medicação e se o tratamento poderá ser ambulatorial ou se necessitará de internação. DIAGNÓSTICO NOSOGRÁFICO Nosologia é a ciência que trata da classificação das doenças. Aqui, nos interessa a entrevista psicológica, entendida como aquela na qual se buscam objetivos psicológicos (investigação, diagnóstico, terapia, anamnese, triagem, entre outros). A prática clínica em Psicanálise trouxe uma contribuição importante para o aprimoramento da entrevista psicológica, uma vez que a entrevista passou a ser ponto crucial para estimular a fala espontânea do paciente, por meio de suas associações livres, e porque passou a dar mais ênfase aos processos psicológicos e menos ao diagnóstico. Houve também importante contribuição da Sociologia, a qual, segundo Sullivan (1970) e seu método de observação participante, compreende a entrevista como uma díade em que, tanto entrevistador, quanto entrevistado participam ativamente. Por fim e não menos importante, Carl Rogers (1973), em sua abordagem centrada na pessoa, conferiu à entrevista psicológica uma prática não diretiva, cujo objetivo passou a ser compreender o paciente despindo-se de quaisquer conceitos, focando apenas na expressão e aceitação emocional manifestadas. javascript:void(0) Bleger (1998) é um dos autores mais famosos que explana as particularidades da entrevista psicológica em que, ao delimitar a entrevista psicológica como técnica, destaca que ela possui seus próprios procedimentos ou regras empíricas. Segundo Bleger (1998), existe uma duplicidade muito especial na entrevista psicológica que determina que esta técnica funcione como instrumento de coleta de dados, desde o ponto de vista científico, até o profissional. ATENÇÃO A entrevista psicológica permite a coexistência, através de um processo ininterrupto de interação, da aplicação de conhecimento científico e específico a um marco teórico determinado, possibilitando, por um lado, a compreensão do comportamento do entrevistado através da elaboração de hipóteses e, por outro, a implementação de técnicas de intervenção e análise da prática profissional do psicólogo. Podemos afirmar que a ideia fundamental era de que, cabe ao psicólogo como entrevistador, possuir uma organização que oriente as suas observações segundo um modelo teórico que sustenta a sua prática. Esta organização era, originalmente, muito mais próxima do modelo médico, mas, com o surgimento das diversas perspectivas teóricas na Psicologia, esta organização cobra a sua própria identidade, como veremos com a influência da Psicologia Humanista e do Existencialismo. Para Tavares (2002), as diversas técnicas relativas à entrevista psicológica permitem a manifestação das singularidades das pessoas entrevistadas. Isto permite que o profissional tenha acesso ao conteúdo individual e único do sujeito entrevistado. Ainda segundo Tavares, esta metodologia permite a flexibilização de técnica de aproximação para diversas realidades individuais, facilitando a possibilidade de atender às diversas necessidades e condições enfrentadas na prática. DICA Tratando-se de uma situação de avaliação ou de Psicoterapia, a entrevista psicológica permite, através desta flexibilização de procedimentos, a possibilidade de acessar conteúdo que com outras metodologias não seria acessado. Dentro da entrevista psicológica, a observação exercida pelo entrevistador representa a estratégia essencial para a coleta de informações. Através da observação, o entrevistador poderá recolher e organizar as informações que necessita para a avaliação dos processos a serem estudados do entrevistado. É através da observação que o entrevistador consegue entrar em contato com o mundo mental do entrevistado, objetivo principal nos processos de avaliação psicológica. No entanto, não podemos restringir a observação apenas aos processos de avaliação, na entrevista psicológica, seja qual for o seu objetivo, o objeto de observação é a relação entre os dois, psicólogo e sujeito entrevistado. Por esse motivo, fala-se de uma observação participante, uma vez que o entrevistador também compõe com as suas vivências o campo da entrevista. Fonte: Shutterstock.com VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. COM BASE NO PROCESSO DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA, MARQUE A AFIRMATIVA CORRETA: A) A entrevista psicológica tem a ver com Psicoterapia e só ocorre nesse contexto. B) O psicólogo trabalha juntamente com o entrevistado para saber qual(is) é(são) a(s) queixa(s), mas somente quem chega às conclusões é o próprio psicólogo. C) O psicólogo deve facilitar a exposição das razões que levaram a pessoa a procurar auxílio psicológico D) A entrevista psicológica deve ser conduzida de maneira firme e direta para que a pessoa entrevistada não tenha tempo de pensar. E) Basta deixar o paciente falar livremente, assim, ele mesmo descobrirá suas questões. 2. SOBRE A ENTREVISTA PSICOLÓGICA, É CORRETO AFIRMAR QUE: A) A entrevista psicológica é igual à entrevista psiquiátrica. B) Teve influência da entrevista psiquiátrica nos primórdios, mas hoje não se parecem em nada. C) A entrevista psicológica avalia emoções e a psiquiátrica, comportamentos. D) Teve influência da entrevista psiquiátrica nos primórdios, mas, hoje, tende a não buscar apenas classificações nosográficas dos pacientes. E) A entrevista psicológica substitui a psiquiátrica. GABARITO 1. Com base no processo de entrevista psicológica, marque a afirmativa correta: A alternativa "C " está correta. Na entrevista psicológica, o psicólogo deve, de forma sincera e empática, ajudar o entrevistado a chegar às suas descobertas. 2. Sobre a entrevista psicológica, é correto afirmar que: A alternativa "D " está correta. A entrevista psiquiátrica sofreu uma diversidade de adaptações teóricas e práticas até que tomou os moldes do que se conhece hoje: mais empática, valoriza as emoções e sentimento de forma empática, não se atendo a classificações. MÓDULO 2 Identificar a função do entrevistador em suas mais diversas áreas da Psicologia, bem como técnicas práticas de entrevista em Psicologia ENTREVISTA PSICOLÓGICA NAS DIFERENTES ABORDAGENS MODELO DE ENTREVISTA PSICANALÍTICA A entrevista inicial em Psicanálise demanda a aplicação cuidadosa e empática por parte do terapeuta de um rico arcabouço teórico e técnico em um período limitado. Em uma consulta inicial, o terapeuta escuta, interage e avalia a motivação do cliente, seu estado mental, a força do ego, as tensões atuais, a experiência de si mesmo e dos outros, possíveis defesas, assim como a integridade do superego, o potencial de resposta a diferentes intervenções e, por último, e não menos importante, a qualidade da relação a ser desenvolvida com o terapeuta. SAIBA MAIS Segundo Yalof e Abraham (2005), a entrevista psicanalítica inicial, normalmente, seguirá o tempo de uma sessão convencional, ou seja, de cinquenta a sessenta minutos de duração, e exigirá do terapeuta habilidade e flexibilidade dentro dos paradigmas propostos em uma orientação psicanalítica. Em geral, o objetivo da entrevista na perspectiva psicanalítica é compreender as características das manifestações inconscientes, o funcionamento psíquico do paciente e, portanto, compreender os aspectos que caracterizam sua personalidade. Para tal, o terapeuta deve voltar a acurácia da sua escuta para fenômenos psicológicos essenciais, como, por exemplo, as resistências do paciente, a transferência e a própria contratransferência, colhendo informações sobre o funcionamento de seu psiquismo e da dinâmica da sua energia psíquica. Neste tipo de entrevista, mantém-se a dinâmica clássica da relação terapêutica médico – paciente. Fonte: Shutterstock.com MODELO DE ENTREVISTA DE BASE HUMANISTA DE CARL ROGERS O modelo terapêutico proposto por Carl Rogers permitiu uma grande mudança de paradigma no que tange ao processo psicoterápico. Tal modelo distanciou-se das abordagens psicanalistae behaviorista, assumindo menor importância à nosografia e às características da personalidade e creditando maior importância às potencialidades humanas que poderiam ser desenvolvidas na relação com o outro, no caso, o terapeuta. Não há, portanto, técnicas envolvidas à entrevista, todavia o terapeuta deve se guiar, segundo Scheeffer (1969), por alguns paradigmas essenciais à terapia humanista, tais como: ENTREVISTA NÃO DIRETIVA ACEITAÇÃO DO DISCURSO COMPREENSÃO EMPÁTICA RELAÇÃO TERAPÊUTICA CONSTRUTIVA ENTREVISTA NÃO DIRETIVA A entrevista é livre e não se pauta em questionamentos levantados a priori . ACEITAÇÃO DO DISCURSO Aceitar o sujeito em sua ampla completude, não fazendo juízo de valor e respeitar a sua história e discurso, com o intuito que isso gere maior conforto e sensação de segurança ao entrevistado. COMPREENSÃO EMPÁTICA Estar inteiro na entrevista, ou seja, focar totalmente sua atenção ao paciente e direcionar sua escuta única e exclusivamente à fala do entrevistado, sendo sincero e autêntico, demonstrando maior aproximação e cumplicidade às emoções trazidas. RELAÇÃO TERAPÊUTICA CONSTRUTIVA Expressar a ideia de companheirismo ao entrevistado, demonstrando segurança e capacidade de aceitação e compreensão do entrevistado. MODELO DE ENTREVISTA DE BASE SISTÊMICA Fonte: Shutterstock.com A abordagem sistêmica surgiu a partir de trabalhos de autores interessados no estudo das relações familiares, da Teoria Geral dos Sistemas (TGS) e da Teoria da Comunicação. A primeira postula que toda a natureza segue uma tendência a se organizar de maneira sistêmica. Em outras palavras, seu funcionamento não é baseado apenas em um aglomerado, mas sim na interação integradas entre as partes. Já a Teoria da Comunicação, elaborada por Gregory Bateson, na década de 1950, defende a ideia de que as perturbações mentais observadas no quadro esquizofrênico não estariam limitadas a questões orgânicas, uma vez que os conflitos internos presentes nesses pacientes seriam oriundos das falhas de comunicação decorrentes de um ambiente familiar permeado de atitudes incongruentes entre seus membros. Segundo as autoras Zordan, Dellatorre e Wieczorek (2012), é importante haver, inicialmente, uma compilação de dados básicos do paciente identificado, isto é, aquele(a) que manifesta os sintomas emocionais da família disfuncional: Nome completo Idade Profissão Número de irmãos vivos Posição que ocupa entre os irmãos Quem encaminhou para consulta Motivo da consulta Estrutura da família (dados pessoais dos pais e irmãos) Impressões de quem recebeu o paciente Quais os membros selecionados para a primeira sessão Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO São importantes também dados sobre a saúde de cada membro da família, assim como informações sobre os avós maternos e paternos. Para as autoras, essas informações são muito importantes para se ter as primeiras impressões da estrutura familiar do paciente identificado, estabelecer primeiras hipóteses e saber ao que se deve estar mais atento na primeira sessão com ele(a). No que diz respeito à entrevista psicológica em si, diversos autores apontam algumas características importantes a serem seguidas pelo psicólogo entrevistador: EMPATIA Ter escuta ativa, manter a atenção focada e demonstrar interesse genuíno ao que cada membro da família expõe. AUTENTICIDADE E CREDIBILIDADE Demonstrar segurança e aplicar os pressupostos profissionais de forma clara e adequada ao momento. CLAREZA NA COMUNICAÇÃO Utilizar linguagem clara, direta e objetiva, assegurando-se de que todas as perguntas, os aconselhamentos e explicações são compreendidos por todos da família. RITMO Respeitar o tempo de cada indivíduo presente para absorver as informações e aceitar as emoções. Diante de cada elemento da família é tudo muito novo, portanto, não devem se sentir apressados ou interrompidos. ESTÍMULO PARA QUE O CLIENTE FALE É importante que cada membro presente da família se expresse verbal e emocionalmente, sendo respeitado por todos ou outros. ESTRUTURA DA INFORMAÇÃO Normalmente, os membros da família trazem informações que podem passar por contradições e incongruências. O entrevistador deverá guiar a sessão de modo a fazer com que a história tenha mais sentido. CONTROLE DAS EMOÇÕES O entrevistador deve criar um ambiente propício ao equilíbrio emocional de todos, respeitando o lugar de fala de cada um e possibilitando o avanço do processo terapêutico. MODELO DE ENTREVISTA DE BASE COGNITIVO- COMPORTAMENTAL As terapias cognitivo-comportamentais (TCC) são baseadas nas técnicas das teorias da aprendizagem e nas teorias cognitivas. O modelo mais tradicional adotado pelos terapeutas cognitivo-comportamentais é o de Aaron Beck, o qual compreende os distúrbios emocionais como consequência de cognições disfuncionais e que, por sua vez, geram interpretações inadequadas sobre a realidade, comportamentos compensatórios e tensões emoções que tendem a reforçar esse sofrimento. Fonte: Shutterstock.com A entrevista em TCC é considerada o primeiro passo para se desenvolver a conceitualização cognitiva e obter o modelo cognitivo do paciente. Isto significa dizer que entrevistar o paciente adequadamente, buscando as informações cruciais sobre a queixa e seu histórico de vida será essencial para entender quais as visões de mundo, características de personalidade e padrões de comportamento e pensamento. O modelo cognitivo nos possibilita compreender: Cognições superficiais e corriqueiras, mas que, normalmente, trazem tensões emocionais no dia a dia (pensamentos automáticos). Cognições que revelam regras e pressupostos (crenças subjacentes). Cognições que são mais profundas, difíceis de serem acessadas pelo paciente e que influencia sua visão de si, das pessoas e do futuro (crenças centrais). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal DICA Estando informado dessa hierarquia de pensamentos, é possível planejar o processo terapêutico, estabelecer metas e melhorar a qualidade de vida do paciente. A abordagem cognitivo-comportamental possui bastante influência da prática psiquiátrica e, por isso, traz algumas semelhanças. Em vista disso, segundo Wainer e Piccoloto (2011) as entrevistas iniciais em TCC, buscam acessar informações básicas, como as de uma anamnese, até aquelas mais profundas e relacionadas às cognições do indivíduo, por exemplo: Dados pessoais (nome, idade, gênero, orientação sexual e identidade de gênero, estado civil, filhos, organização familiar, religião, escolaridade, profissão). Se faz uso de medicação e se está em acompanhamento psiquiátrico. Se já fez atendimento psicoterápico no passado. Se faz uso de substâncias. Motivo(s) da busca. Situações ativadoras. Dados relevantes do passado. Histórico familiar. Estratégias de manutenção do estresse. Pontos fortes e que favorecem a adaptação ao ambiente. Se necessário, aplicação de inventários para avaliação de ansiedade, humor, estresse e transtorno de personalidade. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Fonte: Shutterstock.com No que tange à conduta do entrevistador, há também pontos específicos a serem destacados que servem como princípios básicos da Psicoterapia cognitivo-comportamental: O psicólogo entrevistador deve psicoeducar o paciente acerca do modelo cognitivo e como será a estrutura da terapia. Ressaltar ao paciente a possibilidade de mudança. Avaliar características psicológicas, emocionais e comportamentais, estabelecendo, quando necessário, hipóteses de diagnóstico multiaxial pautadas no DSM-V ou CID-10. Caso haja concordância em seguir processo terapêutico, o entrevistador deve desenvolver uma relação colaborativa com o paciente, estabelecer metas para a terapia e estimular o engajamento do paciente na terapia. TÉCNICAS DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA PAPEL DO ENTREVISTADOR E TÉCNICAS DA ENTREVISTA PSICOLÓGICAFonte: Shutterstock.com A entrevista psicológica, como já mencionado anteriormente, é uma técnica em si mesma e de suma importância ao trabalho do psicólogo. Contudo, é importante discutir algumas técnicas para a condução de uma sessão de entrevista adequada e que podem fazer diferença na coleta de informações mais eficiente e em um desfecho mais rico. Segundo Bleger (1980), o entrevistador deve ter em mente a ordem de fatores: OBSERVAÇÃO HIPÓTESE VERIFICAÇÃO Isso porque, através da atenção focada no sujeito, espera-se realizar uma observação competente, que trará hipóteses a serem verificadas. Para que o diálogo transcorra de maneira fluida e proveitosa, o profissional deve evitar perguntas simples que gerem respostas pouco proveitosas, como “sim” ou “não”. É preferível que sejam feitas perguntas objetivas, mas que exijam respostas mais elaboradas, por exemplo: “Percebo que você não falou muito sobre... Como você descreveria sua relação com essa pessoa?” O psicólogo deve pensar que a entrevista começa bem antes do primeiro contato com o sujeito que o procura e seu término igualmente deve terminar bem depois do fim da sessão. Primeiramente, é de bom tom que um modelo de entrevista já tenha sido previamente elaborado em um formato semiestruturado, respeitando as premissas da abordagem teórica adotada, para que permita ao profissional maior segurança sobre o que irá investigar e como poderá conduzir a sessão. Isso nos permite pensar nos pontos que o profissional julga serem mais importantes, com base em sua experiência prática e na teoria em que se apoia. EXEMPLO Além disso, é valido ter disponível no ambiente de trabalho alguns inventários primordiais, como: escalas para avaliação da depressão, ansiedade, desesperança, pensamentos suicidas, estresse, ataques de pânico, obsessões e compulsões. Aspecto similarmente significativo é atentar-se à recepção do paciente. O primeiro contato é muito importante, pois, além da atenção tenaz que se deve dedicar ao sujeito, é necessário se pensar no rapport , ou seja, tentar estabelecer uma ligação empática. Nesse momento, gentileza, carisma e serenidade nos gestos e no tom de voz podem ser de grande ajuda. Além disso, é necessário que o relato trazido pelo sujeito seja registrado e, para isso, deve-se anotar o relato do paciente. Alguns psicólogos preferem anotar durante a sessão e outros, após. Caso seja feito durante a entrevista, não se pode perder a atenção ao paciente e ao seu discurso, portanto, é válido que sejam anotadas apenas informações pontuais e, posteriormente, redigido com maior riqueza de detalhes. Mas, se anotar tudo após a entrevista, então, que seja pouco tempo finda a sessão, evitando a perda ou confusão de informações. Fonte: Shutterstock.com A entrevista em si não é uma prática simples e que deva ser desenvolvida sem uma prévia qualificação do profissional. Para tanto, Scheeffer (1969) propõe alguns cuidados para serem atentados a quem está iniciando seus estudos e sua prática: 1 2 3 4 5 6 7 1 O entrevistador de forma alguma deve completar as frases do entrevistado. Mesmo que ele tenha alguma questão que demande maior tempo de reflexão, é necessário permitir que o sujeito não deixe de alimentar a sensação de liberdade e segurança que tanto se deve prezar em um setting terapêutico. 2 É importante cuidar para que a entrevista não se transforme em uma discussão coloquial. O entrevistador está em uma posição destacada de influência e, até certo ponto, de poder em relação ao entrevistado. Isso tem uma relevância, porque traz percepção de segurança ao sujeito. Portanto, mesmo que a entrevista porventura apresente um aspecto mais informal em determinados momentos, ela não deve assumir uma orientação que esboce coloquialidade, para evitar que o paciente perca a confiança e a sensação de segurança de quem está conduzindo o processo. 3 Evite o controle das pausas silenciosas. Mesmo que isso possa parecer algo incômodo e inadequado, é possível que o entrevistado esteja elaborando alguma experiência ou pensamento e é importante dar o tempo que ele precisa. Caso o tempo se estenda além do normal, pode-se fazer uma interrupção empática, tal como: “Está tudo bem com você? Não há problema algum em aceitar suas emoções!”. 4 A atitude do entrevistador deve tender à aceitação completa das experiências trazidas pelo entrevistado. Ou seja, a escuta deve ir na contramão do julgamento de valor e da discussão acerca de pontos de vista. O entrevistado deve ter a sensação de que não há uma resposta certa ou mais adequada, mas sim a experiência que ele viveu e que contribuiu para ser quem é no presente momento. 5 É recomendado o uso de expressões mais generalistas no lugar do pronome de primeira pessoa, isto é, “você disse que...”, “parece que...”, “o que foi dito leva a crer...”. 6 O tempo de entrevista deverá ser previamente acordado e, caso necessário, será marcado outro encontro. Alguns psicólogos destinam um tempo maior para a primeira sessão, para dar mais liberdade ao entrevistado, o que, de qualquer forma, não significa que não há um limite. 7 Para não se encerrar a sessão de forma abrupta, é apropriado que se faça um resumo da sessão, abordando em tópicos os pontos principais trazidos pelo entrevistado. Isso é interessante, porque ajuda o entrevistador a fixar aquelas informações, demonstra ao entrevistado que a atenção do terapeuta não flutuou ao longo da sessão e permite que ele próprio escute sua história como em um resumo de um filme. TÉCNICAS PARA ATENDIMENTO REMOTO Classicamente, a entrevista psicológica sempre foi realizada presencialmente e, é possível que assim continue, ao menos por algum tempo. Porém, o contexto de pandemia, em 2020, evidenciou a possibilidade do atendimento remoto, ganhando cada vez mais adeptos entre os profissionais de Psicologia. Baixo custo de manutenção, facilidade de acesso, ampliação da amostra de usuários e flexibilidade com os horários são alguns exemplos de motivadores que podem sinalizar a mudança de preferência dos pacientes. Por se tratar de uma tendência atual e que, provavelmente, deve fazer parte da realidade, alguns autores começam a investigar o impacto dessa mudança na prática clínica. Fonte: Shutterstock.com Para a realização de uma entrevista adequada, alguns detalhes devem ser levados em consideração: Garantir que ambas as conexões são adequadas o suficiente para suportar a conversa. Destinar um tempo para se certificar de que o sujeito sabe manusear o software a ser utilizado. Manter a voz firme, porém com entonação que expresse gentileza e empatia, para que o paciente entenda o que está sendo dito, mas não tenha a impressão de que se está irritado. Os microfones costumam emitir ruídos, por isso, é importante manter a clareza nos gestos, nas expressões faciais e na fala para evitar ambiguidade. O rapport exige maior comprometimento e a capacidade de transmitir empatia é ainda mais importante. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal ATENÇÃO O Conselho Federal de Psicologia não autoriza o atendimento remoto de pessoas que sejam vítimas de algum desastre ou emergência e vítimas de violência ou violação dos direitos humanos. Da mesma forma, menores de idade só podem fazer atendimento on-line após assinatura de termo, por parte dos pais, autorizando a Psicoterapia por via remota (CFP, 2018). TÉCNICAS DE QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO É uma forma de questionamento reflexivo que ajuda uma pessoa a refletir sobre pensamentos complexos e mais profundos. Em terapia, essa estratégia é muito rica e valiosa para auxiliar o paciente a trazer à tona pensamentos mais profundos e que podem revelar características de sua personalidade e sua maneira de compreender o mundo. São questionamentos sistemáticos que visam induzir à razão e buscar definições mais amplas que partem do indivíduo. O método socrático de perguntas é, de fato, mais empregado ao longo doprocesso terapêutico, haja vista sua capacidade de fazer o indivíduo refletir sobre suas ações e emoções e pensar em mudanças ou reconhecer as raízes de seus problemas. No entanto, pode ser uma ferramenta útil na entrevista psicológica, quando se quer descobrir pensamentos menos superficiais. Alguns exemplos seguem abaixo: Tabela 1. Exemplos de possíveis questionamentos socráticos. 1. O que esse pensamento significa sobre você? 2. O que você acredita que pode fazer sobre essa situação agora? 3. Há outra maneira de entender essa situação? Fonte: O autor. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal TÉCNICAS DE ENTREVISTA MOTIVACIONAL A entrevista motivacional (EM) é uma abordagem terapêutica contemporânea, de foco cognitivo-comportamental, mas que pode trazer benefícios à prática de qualquer profissional de Psicologia. Ela é centrada no paciente e tem por objetivo viabilizar que próprio paciente protagonize seu processo de mudança, pautado em seus valores e preferências. Esse tipo de ferramenta é bastante indicado em casos em que os pacientes se encontram em uma posição dicotômica: há razões consideráveis para se modificar um comportamento, mas também há boas razões para se manter esses comportamentos; mas pode ser igualmente indicada em casos em que o paciente estagnou em seu processo terapêutico. Esse trabalho consiste em não forçar a mudança do paciente, mas, primeiramente, chamar a atenção dele para um discurso de mudança, dando-lhe espaço para que elabore os motivos para essa mudança, aceitando e se engajando no compromisso de mudar. É muito comum que se utilize algumas das técnicas de entrevista motivacional antes do início da terapia para aumentar o engajamento do indivíduo no processo. Antes de qualquer coisa, percebe-se que as expressões negativas dos pacientes corroboram para a manutenção dos comportamentos e pensamentos disfuncionais, ao passo que, quando o terapeuta se utiliza de respostas estratégicas, pode diminuir a força dos discursos de manutenção dos sintomas e aumentar o engajamento em um discurso de mudança. Para isso ser possível, são preconizados alguns fatores essenciais: Intenção colaborativa Aceitação absoluta do paciente, demonstrando interesse genuíno em compreender sua queixa Busca, juntamente com o paciente, de suas motivações para a mudança Compaixão Em seu capítulo destinado a explicar a entrevista motivacional, Wenzel (2018, p. 45) expôs através de tabela uma lista com as técnicas mais comuns a serem empregadas em uma entrevista motivacional: 1. Reflexão simples: Consiste em o terapeuta repetir logo em seguida o que o paciente disse. Tem o objetivo de demonstrar que o terapeuta está atento às falas do entrevistado. 2. Reflexão complexa: O terapeuta deve adivinhar o sentido daquilo que acabou de ser dito pelo paciente ou tentar adivinhar o que ele irá dizer. O objetivo é transmitir a ideia de que está ouvindo o paciente e que também respeita seu ponto de vista. Por exemplo: Paciente: “Não consigo largar esse vício, porque...” Terapeuta: “Deixa ver se eu entendi: você não consegue largar esse vício porque nunca deu certo antes. É isso?” 3. Reflexão amplificada: O terapeuta repete uma expressão do discurso de continuidade do cliente de forma mais intensa ou acentuada. Aumenta a chance do cliente se espantar com a situação, recuando de sua posição de continuidade e tendendo a evocar discurso de mudança. 4. Reflexão de dois lados: O terapeuta repete ambos os lados da ambivalência. O objetivo é transmitir a ideia de que está ouvindo o paciente e que também respeita seu ponto de vista. 5. Reenquadramento: Reconhecimento do terapeuta sobre algo positivo na ambivalência do paciente. Demonstra respeito pela autonomia do paciente e sobre a sua história de vida. 6. Concordar, com um toque extra: Reconhecimento da ambivalência do cliente, mas com um pouco de reenquadramento. Tal atitude tem o objetivo de demonstrar respeito ao ponto de vista do paciente, mostrando o quanto o terapeuta está presente com sua escuta e, além disso, deverá avançar na discussão. 7. Acompanhar: O terapeuta deve fazer algum apontamento ou trazer algum exemplo que diga respeito à situação do paciente. Essa atitude também traz a sensação de que o paciente está sendo ouvido, que sua opinião está sendo respeitada, e isso é importante para se estimular o discurso de mudança. 8. Correr na frente: O profissional deve trazer à tona os muitos motivos pelos quais o cliente está relutante em mudar e, doravante, questiona acerca dos motivos para as mudanças. O objetivo aqui é reduzir a sensação de que o paciente está sendo obrigado a mudar. 9. Mudar o foco: O terapeuta deve estimular o paciente a modificar seu foco frente aos obstáculos que podem desmotivá-lo a mudar. Essa atitude diminui a possibilidade de o paciente ver o terapeuta como um elemento de persuasão pela mudança ou acirre pontos de discordância. 10. Enfatizar a autonomia: O terapeuta deve indicar explicitamente que a decisão pela mudança em sua vida deve ser feita pelo próprio paciente. Assim, o que se espera é que o paciente sinta que sua história de vida está sendo respeitada e se aproprie da mudança. 11. Afirmação: O profissional faz um comentário positivo sobre o paciente. Expressa respeito pela história do paciente e fortalece a relação terapêutica ou a repara caso algo de negativo tenha se passado. 12. Sondar extremos: Nesta técnica, deve-se perguntar quais as piores coisas que podem acontecer caso o paciente continue como está ou quais as melhores coisas que podem acontecer se ele mudar. Essa ação tem o objetivo de evocar discurso de mudança. 13. Olhar em retrospectiva: O terapeuta solicita que o paciente olhe para o passado, no período anterior ao momento em que ele começou a desenvolver as questões emocionais que o motivaram a procurar ajuda e compare como ele está agora. Também é um exercício cujo intuito é incentivar o discurso de mudança. 14. Olhar adiante, considerando condições de mudança e de nenhuma mudança: Pergunta-se ao paciente como será sua vida no futuro se ele mudar ou se ele não mudar. Mais uma vez, aqui o objetivo é evocar discurso de mudança. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Os exemplos mencionados acima e explorados por Amy Wenzel (2018) são técnicas empregadas em entrevista motivacional, vertente de trabalho mais alinhada à terapia cognitivo- comportamental, porém, são indicados para quaisquer processos psicoterápicos em que se observe dicotomia entre a intenção de mudar e de não mudar. Segundo Miller e Rollnick (2000), a entrevista motivacional deve ser trabalhada em pelo menos duas fases importantes: a primeira, centrada na construção de uma ideia de motivação e a outra, centrada na consolidação do compromisso de mudar. Além disso, o trabalho de motivação pode ser muito válido para engajar o paciente na terapia e melhorar a relação terapêutica, sendo muito válida com pacientes drogradictos, alcoólicos e com transtornos alimentares. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DIVERSOS SÃO OS PRINCÍPIOS EMPREGADOS PARA DESEMPENHAR UMA ENTREVISTA PSICOLÓGICA BEM SUCEDIDA. MARQUE A ALTERNATIVA ABAIXO QUE APRESENTA 2 DESSES PRINCÍPIOS PLAUSÍVEIS. A) Agressividade e postura rígida B) Empatia e escuta focada C) Escuta focada e independência terapêutica D) Empatia e objetividade E) Supressão emocional e livre associação 2. COM BASE NAS ENTREVISTAS CONDUZIDAS REMOTAMENTE, É POSSÍVEL AFIRMAR QUE: A) Basta o profissional assumir os mesmos cuidados que assumiria no atendimento presencial. B) O terapeuta deve se atentar às condutas que facilitem ao paciente sentir-se aceito e emocionalmente validado. C) Há grande risco de não haver amadurecimento da relação terapêutica. D) Todos os meios digitais são úteis para o atendimento remoto. E) Emoções dificilmente são expressas adequadamente por via digital. GABARITO 1. Diversos são os princípios empregadospara desempenhar uma entrevista psicológica bem sucedida. Marque a alternativa abaixo que apresenta 2 desses princípios plausíveis. A alternativa "B " está correta. Toda entrevista aumenta a possibilidade de engajamento pelo paciente quando o terapeuta demonstra maior empatia e estar atento a tudo o que o paciente traz. 2. Com base nas entrevistas conduzidas remotamente, é possível afirmar que: A alternativa "B " está correta. Qualquer entrevista psicológica demanda aceitação e validação emocional. Por meio remoto, precisamos tomar maior cuidado e nos atentarmos a mais detalhes. MÓDULO 3 Reconhecer as características que diferenciam os tipos de entrevistas psicológicas CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE ENTREVISTA PSICOLÓGICA Fonte: Shutterstock.com As entrevistas psicológicas podem ser classificadas quanto ao modelo e quanto aos objetivos. Quanto ao modelo, Serafini (2016) afirma que as entrevistas podem ser classificadas como: de livre estruturação, semiestruturada e estruturada. LIVRE ESTRUTURAÇÃO São perguntas abertas e não há perguntas previamente formuladas. Nessa modalidade, o paciente fica mais à vontade para trazer as informações que ele quiser, na ordem e no momento que desejar. No entanto, o entrevistador deve manter sua atenção focada a intervir, direcionando a entrevista sempre que julgar necessário e não deixar de coletar informações pertinentes. Embora a entrevista não tenha um roteiro predefinido, não significa que não haja um foco. Vale acrescentar que esse modelo de entrevista é pouco convencional em processos que exigem algum roteiro, ou que haja interesse por parte do psicólogo de ter algumas perguntas previamente elaboradas sendo respondidas, como na avaliação psicológica de contexto clínico ou não. Normalmente, é mais empregada na clínica psicanalítica, a qual tem a livre associação como um objeto de análise. SEMIESTRUTURADA São entrevistas flexíveis, na qual o entrevistador tem clareza dos seus objetivos e existe um roteiro com perguntas previamente selecionadas. Aqui, o entrevistado deve responder às perguntas trazidas pela(o) psicóloga(o), no entanto, as respostas dadas podem gerar novos questionamentos. Além de garantir a obtenção da informação necessária de modo razoavelmente padronizado, esse tipo de entrevista aumenta a confiabilidade da informação. Sendo assim, as entrevistas semiestruturadas são de grande relevância, onde é necessária a padronização de procedimentos e registro de dados, como em clínicas sociais, saúde pública, hospitais etc. A vantagem desse tipo de entrevista é que o profissional pode formular suas questões com base no que quer investigar, ou nas hipóteses que gostaria de descartar ou validar, partindo de uma estrutura de questões definidas, porém, tão flexível e aberto a novas perguntas quanto forem necessários; pode organizar ou seguir as questões na ordem que mais lhe interessar e ampliar o roteiro para investigar algum tema que perceba ser mais importante, por exemplo. ESTRUTURADAS São entrevistas mais rígidas e fechadas, em que as perguntas são predeterminadas e objetivas e as respostas devem se ater a isso. Dificilmente, um entrevistador irá apenas se basear em uma entrevista estruturada, uma vez que esse modelo irá limitá-lo. Portanto, são muito comuns quando há necessidade de uma avaliação mental mais aprofundada ou em contexto de pesquisa, já que as respostas devem ser padronizadas e analisadas quantitativamente. Exemplos desse tipo de entrevista são: o questionário SNAP-IV para avaliação do TDAH em crianças. O tipo de entrevista estruturada facilita a possibilidade de padronizar, quantificar e, portanto, classificar os resultados a comparações numéricas. Este tipo de entrevista surgiu para resolver o problema da escassez de evidências de validade que outros métodos de avaliação, especialmente, aquelas que envolvem decisões diagnóstico. CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DAS ENTREVISTAS PSICOLÓGICAS Fonte: Shutterstock.com Tabela 2. Exemplo de um item de uma entrevista estruturada. Nem um pouco Só um pouco Bastante Demais 1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas. Fonte: Adaptado de MATTOS et al ., 2006. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tavares (2003) salienta que é uma tarefa complexa estabelecer objetivos à entrevista psicológica, uma vez que tais objetivos são coerentes às especificidades de cada abordagem. Como exemplo, o autor cita duas abordagens completamente distintas, a psicodinâmica e a comportamental. Para ele, embora ambas entrevistas teriam, aparentemente, o mesmo objetivo, os entrevistadores atuariam de maneira completamente diferente. E é bem verdade, que, embora ambas necessitem de uma entrevista inicial para compreender o caso, o olhar teórico e a prática de cada uma dessas abordagens influenciará nos objetivos planejados pela(o) psicóloga(o). Portanto, há um objetivo primeiro, o qual seria o de compreender a demanda do indivíduo para propor a devolutiva. Além disso, o autor sugere que é possível apontar alguns objetivos que podem ser compartilhados e praticados independentemente da abordagem, tais como: ENTREVISTA DE TRIAGEM Tem a finalidade de avaliar o paciente e realizar um encaminhamento. Tal tipo de entrevista é muito comum em clínicas sociais, serviços de Psicologia aplicada das universidades e no serviço público. Nesses casos, é essencial que o profissional ou estagiário que, muito provavelmente não ficará com o caso, avise o paciente sobre o encaminhamento. O autor também ressalta que o mesmo encaminhamento pode ser realizado por um clínico independente o qual avalia a demanda do paciente como incongruente às suas qualificações. ENTREVISTA DE ANAMNESE O objetivo dessa entrevista é conhecer de forma pormenorizada a história desenvolvimental do paciente. Para isso, é importante buscar informações de todas as fases de vida da pessoa, principalmente, a atual, refletindo sobre como essa cronologia pode trazer luz às questões psíquicas trazidas. ENTREVISTA DIAGNÓSTICA Aqui, de certa forma, é um objetivo quase sempre comum a todas as entrevistas. No entanto, aqui se refere ao chamado diagnóstico multiaxial e diagnóstico teórico. O primeiro tem como finalidade avaliar sinais e sintomas para um possível quadro nosográfico (transtorno de humor, por exemplo). Já o diagnóstico teórico deve focar em características psicológicas que apontem o modo de funcionamento do indivíduo. Saber a relação entre tais características, permite que o profissional tenha um maior entendimento sobre o paciente. ENTREVISTA DEVOLUTIVA O objetivo é de comunicar ao paciente os resultados de uma avaliação. Normalmente, a devolutiva é feita em uma sessão por completo com o paciente ou seus responsáveis, no caso de menores de idade, porém, é possível que seja realizada no fim da entrevista inicial. Sua importância é pelas consequências derivadas dela, uma vez que será discutido com o paciente as hipóteses diagnósticas e as propostas de tratamento ou encaminhamento. ENTREVISTA DE SELEÇÃO Como o psicólogo também desempenha importante papel em outras áreas que não somente a clínica, é necessário falar do objetivo de uma entrevista para a escolha de colaboradores de uma empresa. Tal objetivo diz respeito à prática organizacional, na qual o psicólogo irá comparar as informações pessoais e profissionais do sujeito com o perfil da vaga. ENTREVISTA DE ALTA O objetivo é discutir com o paciente os aspectos relacionados à alta terapêutica. São discutidos aspectos prognósticos, as mudanças comportamentais, emocionais e cognitivas. O psicólogo deve ter segurança da autonomia do paciente e dar também a ele voz para que opine sobre sua melhora e, caso necessário, sobre a possibilidade de trabalhar novas demandas. ENTREVISTA DE PESQUISA Tem único objetivo de coletar dados gerais sobre um determinado tema entre um grupo de sujeitos para se obter um resultadoa ser analisado. Para isso, é necessária a autorização de cada sujeito por meio de assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. DIVERSOS CONTEXTOS DA ENTREVISTA PSICOLÓGICA Embora no Brasil a Psicologia Clínica tenha maior destaque que as demais áreas da Psicologia, tanto em termos de profissionais, quanto de cursos oferecidos, é importante discutirmos o presente tema em outras áreas, já que são igualmente importantes e demonstram crescimento de procura nos últimos anos. ENTREVISTA PSICOLÓGICA NO CONTEXTO HOSPITALAR A Psicologia Hospitalar pode ser entendida como a área da Psicologia especializada em prestar serviços de cuidados aos aspectos psicológicos relacionados às enfermidades do paciente que se encontra hospitalizado. Ainda, o psicólogo em situação hospitalar atua no sentido de reduzir as angústias e os sofrimentos do paciente internado, contribui com os demais profissionais da saúde e oferece suporte aos familiares dos pacientes que necessitam maior atenção. Fonte: Shutterstock.com O papel da entrevista psicológica não difere no ambiente hospitalar, pois continua tendo a relevância de ser usada como técnica para melhor conhecimento sobre o próprio paciente, conhecer suas demandas, seus pontos fortes e de fragilidade e esboçar um projeto terapêutico para essa pessoa. No entanto, a aplicação da entrevista psicológica no contexto hospitalar é consideravelmente distinta daquela feita em consultório. Começando pelas características ambientais, o psicólogo deve saber lidar com o dinamismo ao qual ele deverá encontrar no contexto hospitalar, o ambiente permeado de sofrimento, o tempo escasso, falta de setting e menor privacidade. Aspectos relevantes da entrevista, como o estabelecimento do rapport , a escuta focada, não julgadora e empática tão característica de uma entrevista psicológica convencional se mantém no hospital, porém, há características inerentes à prática que necessitam de um preparo específico do psicólogo: focar nos sintomas do paciente, na sua história de vida, no desenvolvimento da doença/quadro e condições de as condições de assistência que o paciente está recebendo. Imbuído dessas informações, o psicólogo é capaz de julgar ser pertinente conversar com outros profissionais da saúde para proporem mudanças estruturais ou, até mesmo, em aspectos específicos do tratamento. ENTREVISTA PSICOLÓGICA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL A Psicologia Organizacional é um ramo da psicologia que atrai muita atenção, trazendo muitas inovações nos estudos em Psicologia Social e Análise do Comportamento aplicado às organizações. A Psicologia Organizacional pode ser entendida como o estudo do comportamento humano em um ambiente de trabalho, atuando na Gestão de Recursos Humanos. Na prática profissional do psicólogo das organizações, a entrevista psicológica é muito empregada em dois momentos: no desligamento de funcionários e, principalmente, na seleção de pessoal. A entrevista de desligamento é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, tendo como um objetivo importante obter um feedback sobre as características do ambiente de trabalho para planejar tomadas de decisões que favoreçam a melhoria da empresa. Fonte: Shutterstock.com No mesmo caminho de melhorar a qualidade do ambiente de trabalho e estimular a produtividade, as entrevistas de seleção de pessoal possuem importância diferenciada por conta das influências positivas e negativas que as contratações podem trazer para a organização. Aqui, a entrevista adquire uma configuração bastante diferente de uma entrevista clínica, uma vez que aspectos como olhar empático e relação terapêuticas não fazem tanto sentido. Para a seleção, costuma-se considerar três métodos importantes: OBSERVAÇÃO FOCADA APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS ENTREVISTA PROPRIAMENTE DITA A observação atenta será importante para avaliar na prática o desempenho do empregado em estágio probatório. O uso de questionário é variável, podendo ser utilizado para se avaliar habilidades específicas que serão importantes para a vaga, com perguntas relacionadas à prática a ser desempenhada até questões de caráter cognitivo (ex.: atenção, raciocínio lógico, resolução de problemas) e de personalidade. Os questionários podem ser considerados parte da entrevista, mas de cunho estruturado, portanto, são fechados e focados em algum objetivo específico. Já a entrevista com o candidato também deverá ter o caráter avaliativo, ou seja, certificar se ele tem mesmo as competências que apresentou no currículo, suas características pessoais e a maneira como o candidato se porta durante a entrevista. ENTREVISTA PSICOLÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR Fonte: Shutterstock.com A Psicologia Escolar é a área de atuação da Psicologia a qual se encontra inserida no contexto do ambiente das escolas, cujo objetivo é ajudar na construção das condições para promover o desenvolvimento sociocognitivo e emocional, assim como, a aprendizagem. Assim como no contexto hospitalar e organizacional, a entrevista psicológica aplicada no ambiente escolar tem características que se afastam da clínica. Aqui, o trabalho não se limita ao “paciente”, mas também àqueles que irão se envolver no seu processo de desenvolvimento: família, responsáveis e professores. O processo se inicia com o conhecimento da história da criança ou adolescente, quais os eventos negativos e positivos vividos por ela dentro da escola, como brigas, advertências, facilidade ou dificuldade nas matérias, interação com os colegas e fora da escola, como violência doméstica, divórcio dos pais. Ao se entrevistar os pais ou responsáveis, a(o) psicóloga(o) deve investigar: como a família trouxe a queixa, qual o sentido da dificuldade relatada, sentem-se culpados pelo problema ou não se importam, como é a relação com a escola, como participam do processo de escolarização da criança – confere os deveres de casa da criança, olha seus cadernos, tira dúvidas. ATENÇÃO É de suma importância analisar a dinâmica da família, compreender o funcionamento da criança perto e longe dos responsáveis e até mesmo dos próprios responsáveis para se descartar ou confirmar hipóteses que expliquem os problemas apresentados pela criança. É importante também poder ouvir o(s) educador(es) para compreender qual a impressão deles sobre a queixa da criança. É indicado que, dependendo da queixa, os profissionais que acompanham a criança preencham alguns questionários – TDAH, habilidades sociais – e dê liberdade para a educadora expressar o que mais deseja. Além disso, pode-se acompanhar algumas aulas, em diferentes dias, para investigar o quanto da queixa principal pode ser observada facilmente. Ao final, é muito importante que o profissional avalie todas as informações e dê as suas impressões com base na observação e análise dos discursos e materiais coletados. Tal processo deve ser concluído com uma última entrevista: a entrevista devolutiva, onde haverá a comunicação entre psicólogo, responsáveis, professores e criança. Nesse momento, o psicólogo deve ter sensibilidade e técnica suficientes para conseguir passar suas impressões, explicar tudo aos envolvidos e propor soluções. No entanto, é necessário dizer que os dados a serem revelados à professora devem expressar apenas as questões ligadas ao colégio e não às questões íntimas da família. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM HOMEM DE MEIA IDADE PRECISA SER ENTREVISTADO PARA SABER SE ALGUMA FUNÇÃO NEUROPSICOLÓGICA FOI AFETADA. ELE ESTÁ HOSPITALIZADO E ACABOU DE VOLTAR DE UM COMA. O TIPO DE ENTREVISTA MAIS INDICADA PARA ESSE CASO É: A) Livre B) Semiestruturada C) Avaliação cognitiva semiestruturada D) Entrevista estruturada E) Desenho livre 2. A RESPEITO DOS CONTEXTOS NOS QUAIS A ENTREVISTA PSICOLÓGICA PODE ACONTECER, ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA. A) A entrevista de desligamento é igual à entrevista de anamnese. B) Em Psicologia Hospitalar, o maior desafio é escolher quais testes deverão ser aplicados no paciente.C) A entrevista de seleção de vagas em Psicologia Organizacional não depende que o entrevistador demonstre empatia pelo entrevistado, apenas avaliar se suas competências são adequadas. D) Entrevista clínica e escolar seguem o mesmo princípio e usam os mesmos métodos para solucionar os problemas do cliente. E) A entrevista de anamnese só é importante no contexto hospitalar. GABARITO 1. Um homem de meia idade precisa ser entrevistado para saber se alguma função neuropsicológica foi afetada. Ele está hospitalizado e acabou de voltar de um coma. O tipo de entrevista mais indicada para esse caso é: A alternativa "D " está correta. Neste caso, evidencia-se a necessidade de avaliação mais aprofundada e que gere respostas que possam ser analisadas quantitativamente e, por isso, a entrevista estruturada é o tipo de entrevista mais adequado. 2. A respeito dos contextos nos quais a entrevista psicológica pode acontecer, assinale a afirmativa correta. A alternativa "C " está correta. A entrevista de seleção não busca um tratamento, mas sim uma avaliação de competências. Por isso, basta compreender as características do entrevistado. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, foram apresentadas de maneira sucinta as principais características da entrevista psicológica. Essa é uma técnica que representa uma parte muito importante no trabalho do psicólogo. É por intermédio da entrevista que se torna possível compreender a estrutura psíquica do indivíduo que procura o serviço de um(a) psicólogo(a), compreender sua demanda e vislumbrar um meio de como intervir terapeuticamente, encaminhá-lo ou, se necessário for, orientá-lo. O entrevistador que está coletando informações que implicam em relações profissionais precisa garantir o uso adequado, ético e sigiloso do paciente ou cliente, seguindo regras para melhor respeitar a individualidade do cliente e seu foro íntimo. Além disso, pode-se observar que a relação entre entrevistador e entrevistado é completamente assimétrica, pois este fornece informações pessoais. Por isso, há necessidade de consciência por parte do profissional, estabelecendo uma relação de respeito às emoções, queixas e privacidade. Portanto, é primordial que a(o) profissional que conduz a entrevista tenha em mente seu lugar de influência sobre o outro, uma vez que, não raramente, o indivíduo que procura o serviço de um psicólogo encontra-se em uma posição de relativa fragilidade. Logo, a(o) profissional de Psicologia deve lidar com a entrevista como um constante processo de aprendizagem teórico- prática e, acima de tudo, ética. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMORIM, P. Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI): validação de entrevista breve para diagnóstico de transtornos mentais. In : Brazilian Journal of Psychiatry, v. 22, n. 3, 2000. BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1980. CAMPOS, K. C. L. et al . Psicologia organizacional e do trabalho-retrato da produção científica na última década. In : Psicologia: ciência e profissão, v. 31, n. 4, 2011. COLOGNESE, S. A.; MÉLO, J. L. A técnica da entrevista na pesquisa social. 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A entrevista na terapia familiar sistêmica: pressupostos teóricos, modelos e técnicas de intervenção. Perspect, v. 36, n. 136, 2012. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema: Confira os artigos: A entrevista psicológica como um processo dinâmico e criativo , publicado por Nemésio Vieira de Almeida, na Revista de Psicologia da Vetor, em 2004. O uso de entrevistas em estudos com crianças , publicado por Carvalho e colaboradores, na Revista Psicologia em Estudo, em 2004, e aprofunde seus conhecimentos sobre a aplicação das entrevistas psicológicas. Indicamos também: BRUCKI, S. et al . Sugestões para o uso do miniexame do estado mental no Brasil. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 61, n. 3B, 2003. CASTRO, E. K.; BORNHOLDT, E. Psicologia da saúde x psicologia hospitalar: definições e possibilidades de inserção profissional. In : Psicologia: ciência e profissão, v. 24, n. 3, 2004. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução Nº 11, de 11 de maio de 2018. 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