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CORREÇÃO E ORIENTAÇÃO DE TEXTOS Grupo IFEN de Redação Henrique Viana 1 1. COMPETÊNCIAS DO ENEM Prezado aluno leitor, O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sabem da importância do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para você e sua família. Por isso, todos os anos, eles apresentam uma importante Cartilha sobre a Redação no Enem sobre as competências do ENEM, preparada com muito empenho e rigor para ajudá-lo nesse momento tão importante. Nós do IFEN acreditamos que a cartilha é o material mais importante a ser lido pelos candidatos, por isso decidimos trazer aqui um resumo das competências cobradas no Enem lançadas nesse material, bem como algumas dicas de estrutura de texto. No entanto, orientamos que vocês leiam a Cartilha completa posteriormente. COMPETÊNCIA 01 Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. O uso da norma padrão de maneira clara e convincente depende de muito estudo. Em relação à construção sintática, você deve estruturar as orações e os períodos de seu texto sempre buscando garantir que eles estejam completos e contribuam para a fluidez da leitura. Quanto aos desvios, você deve estar atento aos seguintes aspectos: - Convenções da escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas. - Gramaticais: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, regência verbal e nominal e colocação pronominal. - Escolha de registro: adequação à modalidade formal, isto é, ausência de uso do registro informal e/ou de marcas de oralidade. - Escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e apropriadas para o texto. 2 COMPETÊNCIA 02 Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Atente-se sobretudo a três pontos: - A interpretação das propostas das redações sempre foi um empecilho aos escritores de redação, tornando-se um dos principais motivos de nota zero no Enem. Algumas palavras, como "persistência", "caminhos para combater" e "desafios", utilizadas nos comandos das últimas propostas do Enem, têm sido o foco das abordagens argumentativas. Portanto, uma abordagem incoerente com tais direcionamentos pode ser muito prejudicada. - As ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS - citações, alusões históricas, dados, pesquisas, fatos comprováveis, pequenas narrativas, comparações, entre outras - devem ser exploradas nos textos do Enem, pois elas garantem boas notas nesta competência. - As características do texto dissertativo-argumentativo não podem ser perdidas na elaboração da redação do Enem. Lembre-se de elaborar uma tese e de defendê-la com argumentos relevantes e coerentes. Qualquer desvio do tipo textual dissertativo-argumentativo pode lhe custar muito na redação do Enem. COMPETÊNCIA 03 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. As relações feitas entre as Estratégias Argumentativas e sua tese devem ser claras e relevantes, pois esta competência trata da inteligibilidade do seu texto, ou seja, de sua coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, pela elaboração de um projeto de texto. A inteligibilidade da sua redação depende, portanto, dos seguintes fatores: 3 • relação de sentido entre as partes do texto; • precisão vocabular; • seleção de argumentos; • progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco apresentadas, em uma ordem lógica; e • adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real. COMPETÊNCIA 04 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Procure utilizar as seguintes estratégias de coesão para se referir a elementos que já apareceram no texto: a)substituição de termos ou expressões por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que indicam localização, artigos; b)substituição de termos ou expressões por sinônimos, hipônimos, hiperônimos ou expressões resumitivas; c)substituição de substantivos, verbos, períodos ou fragmentos do texto por conectivos ou expressões que resumam e retomem o que já foi dito; e d)elipse ou omissão de elementos que já tenham sido citados ou que sejam facilmente identificáveis COMPETÊNCIA 05 1- O que é possível apresentar como proposta de intervenção para o problema abordado pelo tema? A nota máxima na proposta de intervenção não depende apenas da dela 4 mesma, pois a solução deve ser coerente com a tese desenvolvida e com os argumentos utilizados, já que expressa sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão já discutida. 2- Quem deve executá-la? O ator social competente para executá-la, de acordo com o âmbito da ação escolhida: individual, familiar, comunitário, social, político, governamental e mundial. 3- Como viabilizar essa proposta? Ao redigir seu texto, evite propostas vagas ou muito genéricas; busque ações mais concretas, mais específicas ao tema e consistentes com o desenvolvimento de suas ideias. 4 - O detalhamento? Justifique, exemplifique ou explique algo mais acerca de sua proposta, sobretudo da ação e do meio. 5 - Qual efeito ela pode alcançar? Deve conter a finalidade. Para que vai servir sua proposta? Qual o resultado que pretende alcançar? Em síntese, de nada vale a teoria sem o exercício repetitivo da prática textual, pois só ela irá deixá-lo o mais próximo da perfeição! 5 2. ESTRUTURA DA REDAÇÃO Comumente, são quatro parágrafos: introdução, desenvolvimento (D1 e D2), conclusão com proposta de intervenção. Alan Gomes é ex-aluno que tirou 960 e 980 na redação do ENEM, é monitor do Grupo IFEN, e atualmente cursa Medicina na UFOB. 6 3. ESTRUTURA DA INTRODUÇÃO 1. Estratégia Argumentativa Apresente um diferencial ao leitor, alguma informação que tire seu texto do senso comum. Citação, pesquisa, dados, alusão à legislação, à História ou à Sociologia, por exemplo. 2. Aplicação na Atualidade Demonstre conhecimento sobre o cenário brasileiro atual dentro do tema. 3. Lançamento da Tese Opine! Divida sua opinião em duas bases. Exemplo 1: Tema: Doação de Órgãos no Brasil O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição de 1988, revolucionou a saúde pública brasileira, possibilitando que milhares de brasileiros pudessem receber tratamentos e realizar cirurgias gratuitamente, incluindo transplantes. No entanto, a quantidade de doações feitas ainda não é suficiente para que todos os necessitados recebam seus órgãos, o que gera consequências negativas para eles. Nesse viés, surgem os principais desafios da problemática, como a negação familiar e a falta de informação. Exemplo 2: Tema: Desafios para formação educacional dos surdos no Brasil A plena formação acadêmica dos deficientes auditivos, uma parcela das chamadas Pessoas com Deficiência (PCD), é um direito assegurado no recém aprovado Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, também conhecido como Lei da Acessibilidade. Além de um direito legalmente garantido, a educação para esse grupo social é sociologicamente analisada como essencial para uma sociedade tolerante e inclusiva. Entretanto, observa-se o desrespeito a essa garantia devido ao preconceito, muitas vezes manifestado pela violência simbólica, e à insuficiência estrutural educacional brasileira. 7 4. ESTRUTURA DOS DESENVOLVIMENTOS 1. Tópico Frasal Reafirme a base de sua tese com mais detalhes. 2. Estratégia Argumentativa Citação, pesquisa, dados, alusãoà legislação, à história ou à sociologia. 3. Aplicação na Atualidade Comprove o tópico frasal na atualidade brasileira. 4. Fechamento da ideia Conclua retomando a tese ou reafirme alguma necessidade. Exemplo: Tema: Violência infantil no Brasil É válido ressaltar, a princípio, que a suscetibilidade das crianças à violência infantil é determinada pelos contextos sociais de suas vivências. Nesse ínterim, o livro “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, evidencia a realidade violenta e controversa de meninos do subúrbio soteropolitano. Sobre essa temática, fantasia e realidade compartilham do mesmo problema, já que um ambiente que negligencia os direitos infantis, ou seja, demarcado pela desestruturação familiar e recursos básicos irrisórios, torna-se mais propício à ocorrência dessa situação, a exemplo observa-se a recorrência desses casos com crianças de locais marginalizados. Dessa forma, o cenário de convivência dos infantes influencia diretamente na intensificação da violência infantil no país. 8 5. CONSTRUÇÃO DOS ARGUMENTOS A tese é a parte mais importante de seu texto, por isso é fundamental saber adaptá-la ao tema, princincipalmente ao comando da proposta. Sendo assim, prepare-se para elaborar teses a partir dos seguintes esquemas: 1. Temas polêmicos (temas de dupla opinião); 2. Foco nas causas, justificativas ou empecilhos; 3. Direcionamentos, caminhos; 4. Consequências, reflexos, impactos. Exemplos: Tese positiva/negativa Apesar do descrédito vigente acerca da sua qualidade, o ensino a distância é uma tendência global e deve ser implementado com responsabilidade na educação básica. Tese foco nas causas: Diante dessa realidade, deve-se pontuar que, além da negligência estatal, o alheiamento da população é fator importante para a perpetuação da problemática. Tese caminhos e direcionamnetos: Diante dessa realidade, uma efetiva atuação do poder público, em consonância com a participação da sociedade, mostra-se indispensável para o combate a esse empecilho. Tese consequências: Dessa maneira, evidencia-se a necessidade de impedir que o alcoolismo continue a gerar impactos à saúde e à vida social dos jovens. Deixe um “esqueleto” com mecanismos coesivos prontos para cada um desses comandos. 9 Principais pilares argumentativos: político, econômico, educacional, social, histórico e cultural. ÚLTIMOS TEMAS DO ENEM 2014 "Publicidade infantil em questão no Brasil" 2015 "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" 2016 "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil" 2017 "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil" 2018 "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet" 2019 "Democratização do acesso ao cinema no Brasil" BASES ADAPTÁVEIS: As teses são compostas por duas bases argumentativas, uma para cada desenvolvimento. Sendo assim, as bases adaptáveis facilitam sua argumentação, sobretudo em temas mais complexos, sobre os quais você não tem vasto repertório, por isso é fundamental estudar vários temas. Caso não conheça o tema, tente adaptar algumas teses. Espero que não precisem, mas vejam alguns exemplos. Poder Público: _ Legislação incoerente; _ Investimento insuficiente; _ Precária educação direcionada ao problema; _ Morosidade judicial ou fiscalizatória; _ Descrédito das ações do governo. Algumas estratégias: ➢ Max Weber: Segundo este sociólogo, o Estado, teoricamente, possui monopólio da justiça e da violência, o que garante coesão social, todavia, ao falhar ou tardar em cumprir suas funções torna-se ineficiente o que estimula a barbárie ➢ Thomas Hobbes: De acordo com esse sociólogo o homem, em seu estado natural, está em constante guerra e violência. Logo, quando o governo se torna ausente o homem volta a este estado natural de barbárie e sem valores morais. ➢ Nesse parâmetro, o sociólogo Hans Kelsen afirma que para uma norma ser validada no âmbito social ela precisa ser dotada de aplicabilidade e eficácia. 10 Exemplo 1: Em primeira análise, é insofismável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do óbice. Conforme o jurista Hans Kelsen, toda lei deve ser dotada de validade e efetividade, de modo que, por meio da sua aplicação satisfatória, o equilíbrio social seja alcançado. Em contraste, é possível perceber que, no Brasil contemporâneo, a inexequibilidade constitucional rompe essa harmonia, ao levar-se em consideração que apesar do Marco Civil da Internet garantir que o cidadão tenha liberdade de leitura em sites, aplicativos de compras online ou redes sociais armazenam informações que lhe convém e, com isso, manipula o usuário e impede que esse absorva outras fontes em prol do conhecimento. Desse modo, evidencia-se que a inocuidade da gestão pública em coibir esses imbróglios, corrobora ainda mais a manipulação em rede. Exemplo 2: Outrossim, é válido ressaltar que o governo é negligente no que tange à defesa dos animais. Sob esse prisma, segundo o filósofo inglês Thomas Hobbes, é dever do Estado garantir a ordem social. Conquanto, não é o que ocorre, dado que muitos animais, sejam eles domésticos ou silvestres, são violentados e submetidos a ínfimas condições de sobrevivência. Nesse ínterim, tal cenário é inconstitucional, visto que desrespeita o principio de proteção previsto na Declaração Universal dos Direitos dos Animais, promulgada pela UNESCO em 1978. Modelo econômico - Concentração de renda; - Objetivação do lucro; - Processo de mercadorização; - Obsolescência programada; - Consumismo. Algumas estratégias ➢ Karl Marx: Segundo esse filósofo, existe o estímulo ao consumo para a manutenção do sistema capitalista, com esse objetivo foi criado o “fetichismo da mercadoria”, valor simbólico que os produtos passam a ter e a sua representatividade na 11 padronização social. ➢ Darcy Ribeiro: Conforme o antropólogo, o Brasil tem uma perversidade intrínseca do período de escravidão, que torna a classe dominante enferma de desigualdade, de descaso. ➢ Friedrich Engels: Para o filósofo, o conflito de classes existente no capitalismo tem relação com a apropriação do lucro por uma pequena parte da população, uma vez que a burguesia detém todo o rendimento produzido pela classe proletária. Exemplo 1: Além disso, o modelo capitalista que visa à concentração de renda é outro fator agravante do problema da fome no Brasil. Nesse contexto, de acordo com o filósofo Friedrich Engels, o conflito de classes existente no capitalismo é decorrente da apropriação do lucro por um pequeno grupo social. Sob essa ótica, observa-se que enquanto parte da população luta para obter os elementos básicos à vida, a exemplo do alimento, o outro segmento objetiva o acúmulo de rendimentos, o que gera um processo antagônico na busca pelas condições igualitárias de sobrevivência. Logo, isso demonstra que o perfil individualista da sociedade coopera para a inexistência de todas as refeições diárias em parte dos lares brasileiros. Sociedade civil _ Costumes enraizados historicamente; _ Influência do meio; _ Falta de interação social; _ Preconceito por desconhecimento; _ Cegueira social; _ Precário exercício da coletividade. _ Individualismo, egocentrismo, etnocentrismo. Algumas estratégias ➢ Émile Durkheim e os “fatos sociais”: a coercitividade, exterioridade e generalidade - (coerção) sobre o indivíduo. ➢ Zygmunt Bauman: “a sociedade contemporânea é líquida”. Segundo Bauman, em seu livro “Modernidade Líquida”, a sociedade moderna é marcada pela superficialidade em decorrência do uso excessivo de recursos tecnológicos. ➢ José Saramago, na obra “Ensaios sobre a cegueira”, relata a incapacidade dos seres humanos de perceber os problemas sociais que os rodeiam, denominada “cegueira 12 branca”. ➢ Jean Piaget, um dos maiores pensadores do século 20, explica que a construção da identidade humana eseus valores morais ocorrem a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais. ➢ Eleanor Roosevelt - "uma geração constrói a estrada pela qual a outra trafega." Exemplo 01: É indubitável que o pensamento retrógrado está entre os agravantes da problemática. Segundo Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de pensar e agir dotado de alto poder coercitivo. De maneira análoga, é possível perceber que os empecilhos escolares encontrados pelos surdos são oriundos da demora no processo de atualização profissional e social para tratar dessa necessidade específica, pois os métodos de ensino tradicionais são transmitidos de geração a geração o que dificulta a educação das pessoas. Dessa forma, explicita-se a necessidade de promover melhorias educacionais para acabar com o problema. Exemplo 02: Dentro do contexto midiático, as indústrias possuem influência direta na formação de conceitos individuais hodiernos. Em decorrência disso, a manipulação por parte desses recursos influencia de maneira direta nos ideais dos brasileiros. Isso está vinculado à divulgação de notícias falsas com o intuito de controlar a capacidade questionadora humana. Segundo Zygman Bauman, em seu livro Modernidade Líquida , a sociedade moderna é marcada pela superficialidade em decorrência do uso excessivo de recursos tecnológicos. Esse pensamento evidencia que, pelo fato da população ter essência frágil, não há aprofundamento de conhecimentos e, consequente, o ludíbrio é imposto como correto. Dessa forma, torna-se explícito o impacto que a disseminação de inverdades traz para a sociedade moderna. Família - Falta de protagonismo familiar; - Núcleo familiar desestruturado; - Escassez de diálogo; - Influência do meio. 13 Algumas estratégias ➢ Talcott Parsons: Segundo o sociólogo, a família atua como uma máquina que tem como potencial a produção de personalidades humanas. ➢ Augusto Cury: Conforme o escritor, a imposição de limites aos filhos deve ser precedida de uma explicação. ➢ Vygostsky: Na “Teoria da aprendizagem”, o psicólogo ressalta a importância dos adultos, pais, responsáveis e professores, na mediação no processo de aprendizagem. Exemplo: Ademais, a falta de protagonismo familiar é outro fator que agrava a situação da pedofilia na internet. Nesse contexto, o psicólogo Vygotsky, na “Teoria da Aprendizagem”, ressaltava a importância da mediação no processo de aprendizagem dos indivíduos. Com efeito, a escassa fiscalização dos pais, com relação aos conteúdos acessados pelos filhos na internet, favorece a vulnerabilidade desse grupo ao ataque de pedófilos na rede virtual, a exemplo dos casos em que esses criminosos se passam por mais jovens, na mesma faixa etária do público-alvo, para atrair as crianças. Logo, é imprescindível a atuação do núcleo familiar na orientação dos perigos presentes no mundo virtual, haja vista as crianças ainda não terem discernimento suficiente para o uso da internet de maneira segura. Influência da mídia _Manipulação de comportamentos; _Imposição de padrões; _Poder influenciador das mídias sociais; _Incentivo ao consumismo e capitalismo; _Alienação exercida pelos meios de comunicação. Algumas estratégias: ➢ “A imprensa é a vista da nação, portanto, uma imprensa degenerada representa uma sociedade cega.” (Ruy Barbosa) ➢ George Orwell: “A massa mantém a marca, a marca mantém a mídia e a mídia controla a massa.”. ➢ Segundo a Escola de Frankfurt, a indústria cultural é formada por produções artísticas que utilizam os meios de comunicação de massa para padronizar comportamentos e pensamentos, através do consumo. 14 Exemplo 1: O consumo da nicotina é estimulado pela idealização dessa droga. Nesse contexto, a 1ª Guerra Mundial ampliou o mercado consumidor do cigarro com a inserção da mulher no mercado de trabalho, e o cinema francês rapidamente se apropriou da imagem da mulher fumante nas insinuações de duplo sentido. Com a "Belle Epóque", essa abordagem disseminou o ideal de que fumar é sexy, elegante e atraente, e criar esse produto ideológico acerca do tabagismo pode ter sido a causa para o aumento alarmante e exponencial do público consumidor dessa droga no século XIX. Portanto, o discurso midiático alimenta a idealização do fumo através da sua capacidade de criar padrões. Exemplo 2: Somada a isso, a mídia desenvolve um papel importante para a indústria cultural, ao veicular o que convém à obtenção de capital. De acordo com filósofos da Escola de Frankfurt, a razão instrumental é uma forma de fazer ciência que somente se interessa pelos fins, mesmo que não haja um “bem comum” para a sociedade. Logo, a grande mídia realiza essa função no Brasil, ao produzir a conhecida “cultura de massa”, que possui como único intuito o lucro. Dessa maneira, a mídia escolhe as produções que mais irão vender, sem se importar com a qualidade ou se a obra é dotada e criticidade e finalidade social. 6. ESTRUTURA DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A proposta de intervenção do ENEM, além dos critérios de respeito aos Direitos Humanos, criatividade, articulação, originalidade e exequibilidade, exige do escritor 05 (cinco) partes obrigatórias: 1. AGENTE: aquele que executa a ação; 2. AÇÃO: o que será executado pelo agente; 3. MEIO ou MODO: o meio, a maneira ou os instrumentos utilizados; 4. DETALHAMENTO: algum detalhe a mais, ou exemplo, ou explicação, ou justificativa; 5. EFEITO: a finalidade da ação, o que se pretende alcançar com ela. 15 Exemplo: Verifica-se, então, a necessidade de ampliar o acesso ao cinema no Brasil. Para isso, faz-se imprescindível que o Ministério da Educação e da Cultura, por intermédio de minicursos, instrua os educadores — especialmente os docentes em sociologia, haja vista o conhecimento cultural inerente a tal curso — a elucidar em suas aulas a importância da valorização dos bens culturais para a ampliação do conhecimento, a fim de estimular os alunos a irem aos cinemas. Paralelamente, precisa-se que a sociedade civil organizada, mediante a criação de projetos de lei, os quais tornam obrigatória a descentralização dos cinemas, pressione o Poder Judiciário a aprová-los, com o objetivo de democratizar o acesso a esse meio de entretenimento. Assim, tornar-se-á possível a construção de uma sociedade permeada pela efetivação dos elementos elencados na Magna Carta. 7. GRAMÁTICA NA REDAÇÃO 1. Acentuação Gráfica O primeiro passo para longe do erro em acentuação é o treinamento da separação silábica e a identificação das sílabas tônicas. Exemplo: “interim” Por ser uma palavra comum nos erros de acentuação, primeiramente oriento separar as sílabas e identificar a tônica – in.te.rim – depois aplicar a regra: toda proparoxítona é acentuada. Então, acentuamos “ínterim”. Outra dica simples é decorar as terminações. Para isso, você pode usar o “jaleco, hem!”. O “paletó” também serve. Com essa dica (já que é o sonho de muitos estudantes um dia usar o jaleco de medicina), poderemos memorizar as terminações que envolvem grande parte das regras de acentuação. Exemplo: toda oxítona terminada em a(s), e(s), o(s) e em(ns) - letras destacadas na frase “jaleco, hem!” – é acentuada. Devemos, então, identificar as palavras oxítonas e depois aplicar-lhes a regra. Ca.fé, Pa.na.má, pés, Ca.i.có, a.té, re.fém, de.tém/de.têm (singular/plural). 16 Já as paroxítonas, se terminam com “jaleco, hem”, NÃO acentuaremos, exceto em caso de ditongo! Portanto, as paroxítonas terminadas em ditongo, e em praticamente todas as outras terminações, serão acentuadas. Mas precisamos identificar a paroxítona, sempre! Exemplo: “evidencia” – e.vi.den.ci.a ou e.vi.den.cia. Perceba que a primeira opção é paroxítona terminada em a (jaleco,hem!) então NÃO acentuamos, mas a segunda é paroxítona terminada em ditongo, por isso recebe o acento. A primeira é o verbo evidencia e a segunda, o substantivo evidência. Outras terminações acentuadas naparoxítona: l, n, r, ps, x, us, i, is, om, nos, um, uns, ã(s), ão(s). Exemplos: fácil, pólen, cadáver, bíceps, tórax, vírus, júri, lápis, íonx, álbuns, órfã e órfãos. Dica de memorização: oxítona com jaleco, hem! Paroxítona sem. *Regras especiais: As paroxítonas que apresentam ditongos abertos eu(s), ei(s) e oi(s) NÃO acentuamos mais. Contudo, as oxítonas ói(s), éi(s), éu(s), sim. Exemplo: Paroxítonas: paranoico, ideia, assembleia, heroico, arcaico. Oxítonas: herói, coronéis, chapéu. ACENTUAREMOS quando "i" e "u" tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de "s", desde que não sejam seguidos por "-nh" (rainha). Exemplo: sa.í.da, sa.ú.de, fa.ís.ca, ba.ú, Lu.ís. Opa! Mas se vierem depois de ditongo, também não acentuamos: Bocaiuva, feiura, Sauipe. Além disso, se as vogais do hiato forem repetidas NÃO acentuaremos, como: xi.i.ta, pa.ra.cu.u.ba. Opa! Muito cuidado, pois se incorrer em outra regra, ACENTUAMOS! Veja: apesar de serem vogais repetidas, toda proparoxítona é acentuada: fri.ís.si.mo. O acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” foi abolido. Exemplo: creem, leem, enjoo, voo, veem. 17 2 – O uso da vírgula Para aprendermos o uso da vírgula, do ponto e do ponto e vírgula, devemos antes entender noções básicas de sintaxe. TERMOS DA ORAÇÃO Os termos essenciais da oração NÃO devem ser separados por vírgula. São eles: sujeito, verbo e seus complementos. Atentemo-nos aos períodos compostos, os quais apresentam mais de um verbo. Neles, os termos essenciais podem ser formados por orações subordinadas, fato que demanda ainda mais atenção. Exemplo: “Fazer parte da lista de aprovados é o destino de todo estudante dedicado”. O trecho em negrito, apesar de apresentar um verbo, é o sujeito da oração principal, por isso não deve ser destacado do verbo principal com vírgula, assim como a parte em itálico, que é o predicativo (sujeito + verbo + complemento). Identificamos, assim, apenas termos essenciais da oração. São termos acessórios da oração: o adjunto adverbial, o adjunto adnominal e o aposto. Eles devem ser destacados por vírgulas quando intercalados ou antecipados à oração principal. Exemplo: Em “Lentamente, adormeci no colo da minha amada”. O pronome “Eu” é o sujeito oculto do verbo adormeci, que é intransitivo (sem complementos). Identificados os termos essenciais, percebemos que “Lentamente” e “no colo da minha amada” são termos acessórios, adjuntos adverbiais de modo e lugar respectivamente. “Lentamente” está separado por vírgula porque antecipa-se à oração principal. Atenção! Os termos acessórios também podem ser orações subordinadas. Exemplo: “Com as pálpebras cerrando-se lentamente, adormeci no colo de minha amada”. Porém, caso esteja no final da oração, a vírgula é facultativa, com a intenção de ênfase ou garantia de sentido. 18 Vamos para a prática? Texto 01 Retirado do recorte acima, o sujeito está em destaque: “O movimento artístico Simbolista trata de uma arte subjetiva (l.1)”. O redator não deveria separá-lo do verbo com vírgula, pois são termos essenciais. O segundo período é marcado por um erro de intercalação do termo acessório. Vejamos: “Consoante a isso, a tecnologia atual, através de códigos e algoritmos influencia o comportamento dos usuários”. A parte em destaque funciona como um adjunto adverbial de meio e está intercalado entre o sujeito e o verbo - “A tecnologia atual(...) influencia” - por isso deveria estar entre vírgulas, mas o escritor esqueceu a segunda vírgula. Texto 2 “O processo de globalização observado a partir do século XX, caracterizou- se pelo fluxo constante de informações”. O primeiro passo para não errarmos essa vírgula é identificarmos o sujeito e o verbo, se entre eles houver vírgulas, elas devem estar intercalando algo acessório. Caso seja apenas o sujeito antes do verbo, não podemos usá-la. Portanto, novamente o estudante deixou de colocar a vírgula de intercalação antes de observado. 19 Texto 03 Todo conectivo no início do período deve ser separado por vírgulas. Mentira! Comumente, bons alunos aparecem com esse conceito errôneo de pontuação. Prova disso é o trecho “O efeito disso, configura-se em um cenário de pessoas como mentalidade consumista” (l.18 do texto 03). O sujeito do verbo configurar é “O efeito disso”, por isso não podemos separá-lo do seu verbo. Esse equívoco gera erros posteriores, como regência e concordância, como neste caso - assunto que veremos depois. Texto 04 A mesma separação acontece em “Tal conjectura, colabora para alienação virtual do ser, pois, enquanto este navega sem as devidas instruções, de forma inconsciente é bombardeado e suscetível às informações plantadas silenciosamente na Web”, pois “tal conjectura” é o sujeito do verbo “colabora” – termos essenciais. As únicas partes acessórias do período estão em destaque (tempo e modo). Temos uma oração adverbial ligada à principal pelo conectivo “pois”. Dica nota 1000: sempre separe com uma vírgula a relação coordenada antes de: mas, pois, porém, porque, haja vista que, dentre outras. A vírgula posterior ao “pois” marca a antecipação dos temos acessórios em negrito. O erro neste caso foi não ter pontuado com a vírgula após “inconsciente”, fechando a intercalação. Para facilitar a correção gramatical, o escritor poderia trazer os adjuntos adverbiais de tempo e modo para o início e colocar o sujeito “este” depois 20 deles. Esta forma - “(...), pois, enquanto navega sem as devidas instruções, de forma inconsciente, este é bombardeado e suscetível” - deixa clara a antecipação. Complicou? Então vejamos o exemplo: 1. O governo deve investir na facilitação do acesso das classes menos favorecidas à educação, haja vista que há dificuldade para os moradores de periferias devido à desigualdade social. 2. O governo deve investir na facilitação do acesso das classes menos favorecidas à educação, haja vista que, devido à desigualdade social, os moradores de periferia têm mais dificuldades. No caso 1, não há antecipação na segunda oração, por isso só usamos uma vírgula, já no caso 2 existe a antecipação da expressão adverbial em negrito, justificando a vírgula depois de “haja vista que”. Vimos, portanto, intercalações entre sujeitos e verbos bem como entre orações coordenadas. Ainda precisamos identificar esses fenômenos entre o verbo e seus complementos. Vejamos: Texto 05 “Urge que o Ministério da Ciência e Tecnologia unido à empresas privadas da rede, amplie a disponibilidade de informações para cada usuário, independente das escolhas do algoritmo, proporcionando, através de ‘janelas’ e ‘abas’, um leque de opções durante o acesso”. Os termos acessórios em destaque estão intercalados, o primeiro entre sujeito e verbo, e o segundo está entre o verbo e seu objeto direto (complemento). Dica aleatória nota 1000: perceberam que eu coloquei na linha acima uma vírgula antes do “e”? Só usaremos essa vírgula quando os sujeitos diferentes “o primeiro” e “o segundo”. 21 Em “O Ministério da Ciência e Tecnologia (...) amplie...”, essa intercalação deveria ter sido entre vírgulas, mas não foi. Entretanto, é possível retirá-las e incluir “empresas privadas da rede” no sujeito, tornando-o sujeito composto, que obriga o verbo no plural “ampliem”. No segundo caso, o escritor usou as vírgulas corretamente, pois o adjunto adverbial de meio “através de ‘janelas’ e ‘abas’” está entre o verbo e complemento “proporcionando (algo) um ‘leque’ de opções durante o acesso”. 3 - Concordância nominal Atenção à posição que os adjetivos vão ocupar em relação aos substantivos. Quando o adjetivo concorda com um único substantivo, não importa, mas, quando o adjetivo concorda com dois substantivos as coisas mudam: a) adjetivo anteposto a dois substantivos: concorda com o mais próximo. Mas, caso sejam nomes próprios ou de parentesco, usaremos plural. A escola oferece precárialocalização e ensino. Os admiráveis poderes Legislativo e Executivo. Foram aprovados primo e prima. b) o adjetivo posposto ao substantivo: concorda com o mais próximo ou com todos. Dica nota 1000: use o masculino plural para garantir a clareza. A indústria oferece localização e atendimento perfeito. A indústria oferece atendimento e localização perfeita. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. (preferência) A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. (preferência) c) verbo ser + adjetivo: depende da presença do modificador. Sem modificador - masculino singular; com marcador - concorda com ele. Água é bom para saúde Esta água é boa para saúde. Observação importante: nestes casos ficam invariáveis se o substantivo a que se referem possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo). 22 É notório crianças abandonadas e sem amparo do governo. Para dirimir os problemas, é necessário medidas. No verão, melancia é bom. É preciso cidadania. Não é permitido saída pelas portas laterais. Porém, se estiver determinado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo como o adjetivo concordam com ele. É proibida a entrada de crianças. Esta salada é ótima. A educação é necessária. São precisas várias medidas na educação. d) substantivo modificado por dois ou mais adjetivos no singular: ou o substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do segundo adjetivo, ou o substantivou vai para o plural e retira-se o artigo. O texto fala sobre as carências social e governamental (preferência) O texto fala sobre a carência social e a governamental 4 - Concordância verbal As relações de número e pessoa entre o sujeito e o verbo sempre foi empecilho para nossos estudantes. Quando o sujeito é simples, normalmente não temos dificuldades, todavia existem casos especiais, como: a) quando é formado por uma expressão partitiva - parte de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de – seguida de pronome ou substantivo plural. Neste caso, tanto singular quanto o plural podem ser usados. A mesma concordância ocorre com as expressões coletivas quando especificadas. A maior parte dos deputados estaduais não aprovou o projeto de lei. (preferência) Metade dos candidatos não apresentaram nenhuma proposta interessante. 23 Um bando de vândalos depredou/depredaram as escolas do bairro. (preferência singular). b) quantidade aproximada - cerca de, mais de, menos de, perto de - seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. Cerca de mil manifestantes participaram do protesto. Mais de um voluntário se prontificou a ajudar. c) porcentagem seguida de substantivo: concorda com o substantivo. Sem ele, concorda com o número. 70% dos ex-detentos reincidem na prática de crimes. 30% da população não se cadastrou no plano do governo. 99% fizeram e 1% não fez d) pronomes relativos que e quem. O que mantém a concordância com o temo anterior, e o quem traz a concordância para a terceira pessoa do singular. Foram eles que pintaram o muro da escola. Foram eles quem pintou o muro da escola. Atenção ao uso de “um dos que”, pois sempre concorda no plural. Ele é um dos jogadores que mais fizeram gols em 2018. e) verbo + se: quando o verbo é transitivo indireto, intransitivo ou de ligação, terceira pessoa do singular. Porém, quando o verbo é transitivo direto, concorda com o sujeito. Outros: Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país. (vti) Confia-se em teses absurdas. (vti) Era-se mais feliz no passado. (vl) VTD: Evidenciaram-se as mazelas contemporâneas. 24 Construíram-se novos postos de saúde. Não se devem poupar esforços para solucionar a problemática em questão. Atenção! O que seria objeto direto na voz ativa transformou-se em sujeito: “as mazelas contemporâneas”, “novos postos de saúde” e “esforços”. f) O verbo “ser” (ligação entre sujeito e predicativo), em alguns casos, deve concordar com o predicativo. - sujeito - isto, isso, aquilo, tudo, o - e o predicativo no plural. Isso são problemas incalculáveis. - sujeito no singular e se refere a coisas, predicativo substantivo no plural. Mas se o sujeito indicar pessoa, concorda com sujeito. A nossa rotina eram só obrigações. Breno era só decepções. g) Quando o sujeito for uma expressão de sentido partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural. A grande maioria no protesto eram jovens. O resto foram atitudes imaturas. Sujeito composto Com o sujeito composto anteposto, usamos o plural, mas, quando posposto, temos outras possibilidades: a) concorda com o mais próximo ou com os dois. Faltaram/ Faltou dedicação e persistência. b) com reciprocidade, sempre plural. Cumprimentaram-se o prefeito e o governador. c) sinônimos ou quase sinônimos, plural ou singular. 25 Descaso e abandono marca/marcam a realidade do sistema. d) unidos por "ou" ou "nem", verbo no plural. Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia brasileira. Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. e) expressões correlativas como: "não só...mas ainda", "não somente"..., "não apenas...mas também", "tanto...quanto" , preferência plural. Não só a seca mas também o pouco caso castigam o Nordeste. Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia. Em alguns desses casos, a origem do erro de concordância está tanto na dificuldade de identificar o sujeito quanto no uso da vírgula. Bem como... Em A morosidade judicial, bem como a ausência familiar, favorece a violência. Neste caso, a concordância singular dá ênfase à “morosidade judicial” como sujeito, sendo as vírgulas marcas de intercalação do adjunto adverbial de comparação “bem como a ausência familiar”. Se retirarmos, porém, as vírgulas, teremos o sujeito composto e o verbo no plural. A morosidade judicial bem como a ausência familiar favorecem a violência. Não só... mas também.../ Tanto...quanto... Assim como o “bem como”, tais conectivos geram inúmeras dúvidas quanto à vírgula e, consequentemente, quanto à concordância verbal. Não só os políticos brasileiros mas também toda sociedade civil devem estar empenhados no caso. Ao considerarmos o sujeito composto, não há necessidade do emprego de vírgulas e o verbo fica no plural apesar de alguns teóricos reconhecerem a presença da vírgula como facultativa. 5 - Regência verbal Entender a transitividade verbal é o primeiro passo para longe do erro. Comumente, o verbo transitivo direto não rege preposição, enquanto o 26 indireto, sim. Mas qual preposição é a correta? #FocoNaPrática! Conhecendo os verbos, descobriremos suas possíveis regências e sentidos. O professor agradou o aluno – acariciar (vtd) O professor agradou ao aluno – satisfazer, causar agrado (vti) O atirador visou o alvo – ver (vtd) O estudante visou à aprovação – objetivar (vti) Cheguei no carro – meio de transporte Cheguei ao carro – lugar Notemos que “chegar” é intransitivo (VI) ou transitivo indireto (VTI), depende da preposição. Por isso, a escolha da preposição é fundamental para a relação entre verbo e o adjunto adverbial ou complemento verbal. Já o verbo “comparecer” aceita as duas preposições sem mudança de sentido. Portanto, conhecer a regência depende de um contato anterior com o verbo, que ocorre sobretudo por meio da leitura. A colocação dos pronomes oblíquos (o, a, os, as), essenciais para a coesão referencial e regência, depende da transitividade verbal. Se VTD, usaremos um deles, porém se VTI usaremos o lhe(s). Os objetos diretos podem assumir as formas lo, los, la, las após verbos (terminados em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após os terminados em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. Exemplos: O professor agradou-lhe (acariciar) O professor agradou-o (causar agrado) O Ministro da Educação apresentou o projeto ao chefe do governo. O Ministroapresentou-o ao chefe. (objeto direto) O Ministro apresentou-lhe o projeto. (objeto indireto) Dica nota 1000: Pesquise listas ou dicionários de regência verbal! 27 6 – Regência nominal Esta é relação existente entre um substantivo, adjetivo ou advérbio intermediada por uma preposição. A melhor dica é perceber se o nome deriva de um verbo e analisar se ambos apresentam exatamente a mesma regência. Observe o exemplo: Obedecer a algo/ a alguém. Obediente a algo/ a alguém. Cuidado, esta não é uma regra geral. Procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si, com sinonímia, ou a algum verbo cuja regência você conhece. Atenção! Alguns nomes derivados de verbos transitivo direto passam a reger a preposição. Exemplo: O PROERD é um programa eficiente para combater as drogas. (Combater algo) O PROERD é um programa eficiente no combate às drogas. (Combate a algo) Enfim, a memorização das regências só será feita efetivamente através do contato com a leitura e o uso repetitivo destes nomes. Treine! 7 - Crase Conhecer a regência é fundamental para identificar a ocorrência da crase (com o sinal grave). Se o termo anterior rege a preposição “a” e o seguinte for uma palavra feminina que não faz parte das exceções, ocorre a crase. Uma dica comum é transformar o termo seguinte para o masculino, caso se forme a junção “ao”, provavelmente haverá crase no feminino, pois a + o ou a + a = preposição + artigo, assim a + a = crase. Exemplo: A poluição cresce devido ao acúmulo de desrespeitos. A poluição cresce devido à junção de vários fatores. Vimos nos tópicos de regência verbal inúmeras preposições regidas tanto por verbos quanto por nomes. Dentre elas, a preposição “a” é a que 28 demanda mais atenção, pois o erro de crase é o responsável por muitos descontos nos nossos textos do ENEM. “Mas eu nunca aprendo crase, professor”. É comum ouvirmos essas palavras dos alunos, mas decerto a principal dificuldade é de conhecer as regências. Vejamos alguns exemplos: Prefiro pizza à pipoca. Quem prefere, prefere isso a isso, o “a” em negrito é preposição. Se o segundo “isso” for uma palavra feminina que não está nas exceções, ocorre a crase. As exceções são palavras que não aceitam o artigo. Por exemplo: Barreiras, essa, ela, dentre outras que detalharemos a seguir. Veja que nas orações simples: Barreiras é linda, essa menina é linda e ela é linda, o artigo a não aparece. Já na palavra pipoca: a pipoca é linda, o artigo está presente. Então, junta-se a preposição de prefiro “a” com o artigo “a” da pipoca, assim ocorre o fenômeno da crase. EXCEÇÕES DA CRASE Algumas palavras não aceitam o artigo a(s), tais como: • Palavras masculinas; • Verbos, quando o a vem antes deles; • Pronomes (mesmo se fizerem referência a palavras femininas), com exceção dos demonstrativos (aquele(s), aquela(s), aquilo) e dos possessivos (minha(s), tua(s), sua(s), dela(s), nossa(s), vossa(s)); • Palavras repetidas; • A preposição a antes de uma palavra plural; • A palavra casa sem especificativo; • A palavra terra sem especificativo. Exemplo: Estudo Gramática visando ao máximo de pontos na competência 01 e também à aprovação. Quem não conhece a regência do verbo visar no sentido de objetivar dificilmente acertará essa regência da preposição “a”, que se juntou ao artigo “o” = ao, e formou a crase a+a = à. O assunto refere-se à possível temática da redação do Enem. 29 Aplicação das dicas: transformar para o masculino: refere-se ao possível tema. Identificar preposição + artigo: refere-se a algo ou a alguém (prep.) + a possível temática é linda a+a = à. A crase deve ser usada também nas locuções adverbiais iniciadas com a preposição “a” seguida de palavra feminina: à toa, à vontade, às pressas, às claras, à medida que, à mercê, às vezes, inclusive quando o termo está elíptico corte à Neymar = à (moda de) Neymar. “A princípio e a priori”, então, não levam a crase pois não são palavras femininas. O pronome “o qual” quando é regido junto com a preposição “a” forma- se “ao” ou “à”. Exemplo: Estas são as normas às quais nossos alunos serão submetidos. Este é o regulamento ao qual nossos alunos são submetidos. Aplicação: quem é submetido é submetido a algo (prep.), o pronome substitui “as normas” (art.) a + as = às. No segundo, o pronome substitui o regulamento = ao. Dica nota 1000: estude as funções sintáticas do pronome “o qual”! Os pronomes aquele (s), aquela (s) e aquilo também aceitam a crase, desta vez no próprio pronome. Exemplo: O processo faz referência àquele assunto abordado ontem. Perceba que, mesmo sendo masculino, o pronome leva crase. 7 - Colocação pronominal (P) - Próclise: antes do verbo; (M) - Mesóclise: no meio do verbo; (E) - Ênclise: após o verbo. São termos que obrigam a próclise: P1. Palavras negativas (não, nunca, ninguém, jamais, …). P2. Conjunções subordinativas (embora, se, conforme, logo, ...). 30 P3. Pronomes relativos (que, qual, onde, …). P4. Pronomes indefinidos (alguém, todos, poucos, …). P5. Pronomes demonstrativos (isto, isso, aquilo, …). P6. Frases interrogativas, exclamativas ou optativas (quem, qual, que, quando). P7. Preposição em mais verbo no gerúndio P8. Advérbios, sem que haja uma pausa marcada. Mesóclise M1. Em verbos no futuro do presente e do pretérito. Ênclise E1. Após a pausa, E2. Verbos no início de orações; E3. Orações reduzidas em infinitivo ou gerúndio. Não ocorreu nenhum desses casos? Então o uso é facultativo. LISTA DE EXEMPLOS: Refere-se a um tipo de árvore. (E2) Viram-me na rua e não disseram nada. (E2) Sente-se imediatamente! (E2) Lembre-me para fazer isso no fim do expediente. (E2) Espero dizer-te a verdade rapidamente. (E3) Convém dar-lhe autorização ainda hoje. (E3) Não te quero ver nunca mais! (P1) Nunca a esquecerei. (P1) Alguém me fará mudar de opinião? (P4) Poucos nos emocionaram com seus relatos. (P4) Isso me deixou muito abalada. (P5) Aquilo nos mostrou a verdade. (P5) Aqui se come muito bem! (P8) Talvez te espere no fim das aulas. O jovem reclamou muito, comportando-se como uma criança. (E1) LISTA DE REGÊNCIA VERBAL 31 1 – Abdicar – Regência: Abdicar algo ou de algo. 2 – Acarretar – Regência: Acarretar algo a alguém. (Acarretar em algo não existe) 3 – Agradecer – Regência: Agradecer algo a alguém. 4 – Aspirar (almejar) – Regência: Aspirar a algo. Aspirar (cheirar) – Regência: Aspirar algo. 5 – Assistir (ver) – Regência: Assistir a algo. Assistir (ajudar) – Regência: Assistir alguém. 6 – Avisar – Regência: Avisar algo a alguém. Avisar – Regência: Avisar alguém de algo. Seguem a mesma Regência de avisar os seguintes verbos: aconselhar, certificar, cientificar, encarregar, impedir, incumbir, informar, notificar, prevenir, proibir. 7 – Chamar (apelidar) – Regência: Chamar alguém ou a alguém. 8 – Chegar – Regência: Chegar a algum lugar. 9 – Constar – Regência: Constar de algo ou em algo. 10 – Custar (ser difícil) – Regência: Custar a alguém. 11 – Dar – Regência – Dar algo a alguém. Dar (gerar, parir) – Regência – Dar alguém à luz. 12 – Entregar – Regência: Entregar algo em algum lugar. 13 – Esquecer – Regência: Esquecer algo. Esquecer-se – Regência: Esquecer-se de algo. 14 – Implicar (envolver-se) – Regência: Implicar-se em algo. Implicar (aborrecer) – Regência: Implicar com algo. Implicar (acarretar) – Regência: Implicar algo. 15 – Ir – Regência: Ir a algum lugar. 16 – Lembrar – Regência: Lembrar algo. Lembrar – Regência: Lembrar-se de algo. 17 – Morar – Regência: Morar em algum lugar. 18 – Namorar – Regência: Namorar alguém. 19 – Obedecer – Regência: Obedecer a algo. 20 – Pagar – Regência: Pagar algo a alguém. 21 – Perdoar – Regência: Perdoar algo a alguém. 22 – Preferir – Regência: Preferir algo a outra coisa. 23 – Proceder (realizar) – Regência: Proceder a algo. Proceder (vir) – Regência: Proceder de algo. Proceder (tercabimento) – Regência: Proceder. 24 – Querer (desejar) – Regência: Querer algo. 32 Querer (amar) – Regência: Querer a alguém. 25 – Satisfazer – Regência: Satisfazer algo ou satisfazer a algo. 26 – Ser – Regência: Ser quanto. 27 – Simpatizar – Regência: Simpatizar com algo. 28 – Usufruir – Regência: Usufruir algo ou de algo. 29 – Visar (mirar) – Regência: Visar algo. Visar (assinar) – Regência: Visar algo. Visar (desejar, objetivar) – Regência: Visar a algo. 30 – Voltar – Regência: Voltar a algo. Dica nota 1000: faça sua própria lista! www.henriquevianaredacao.com Foco na prática! Professor Henrique Viana Monitor Alan Gomes http://www.henriquevianaredacao.com/ 33 8. ESPELHOS 980 34 35 36 37 38 39 Professor Henrique Viana Graduado em Letras Vernáculas pela UNEB Especialista em Estudos Linguísticos: Leitura e Produção Textual pela UNEB Professor e Coordenador de Redação no Colégio e Curso Gauss Professor de Redação no Colégio da Polícia Militar de Barreiras – CPM BARREIRAS Aux. Da Coordenação de Desenvolvimento Educacional do CPM/Barreiras Instrutor PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas Idealizador do Grupo IFEN de Redação www.henriquevianaredacao.com (77) 99821 – 0593 @henriquevianaredacao
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