Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Yasmin Egidia Ribeiro dos Santos, Universidade São Judas Tadeu, 7º semestre. INQUÉRITO POLICIAL E AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA Aury Lopes Jr. (DIREITO PROCESSUAL PENAL,2019) define o inquérito policial como um típico modelo de investigação preliminar policial, que busca investigar o fato aparentemente criminoso constante na notícia-crime ou descoberto de ofício pela autoridade policial. Seu início se dará nos termos do art.5º do CPP, podendo ser: de oficio, mediante requisito do MP; a requerimento do ofendido; por comunicação oral ou por escrito (notícia-crime) e por representação (nos crimes de ação penal pública condicionada) ou a requerimento da vítima ( nos crimes de ação penal de iniciativa privada). Fernando Marques (PRÁTICA PENAL,2019) por sua vez conceitua ação penal como a forma pelo qual o Estado exerce o seu jus puniendi; sua pretensão de punir o indivíduo que violou a lei penal através de um fato típico. Pois bem caracteriza-se em resumo a ação penal pública incondicionada como aquela que é promovida por denúncia do Ministério Público sem que a iniciativa dependa da autorização ou representação de ninguém, ocorrendo assim que provado o crime, tornando verossímil a acusação, conforme os termos dos artigos 24 e 257, I, do CPP. Dados esses pressupostos a abertura do inquérito se tratando-se de uma ação pública incondicionada pode ser instaurada de ofício (art. 5º, I do CPP) pelo delegado de polícia (peça inaugural é a portaria), mediante autorização judiciária ou do Ministério público (art.5º,II,primeira parte do CPP);a requisição neste caso tem caráter de ordem para que o delegado instaure o IP ( peça inaugural será a própria requisição, a doutrina costuma apelidar essa instauração de notitia criminis provocada), por requerimento do ofendido (art.5º ,II, segunda parte do CPP); a vítima de crime de ação penal pública incondicionada também poderá também provocar a autoridade policial para fins de instauração de IP (na questão da peça inaugural embora a doutrina indique ser o próprio requerimento ,prevalece ser necessária a portaria),no caso de indeferimento cabe recurso administrativo ao Chefe de Polícia (art.5º ,§ 2º,do CPP); que hoje é representado pelo Delegado-Geral de Polícia ou pelo Secretário de Segurança Pública, conforme a legislação de cada Estado Federado, por provocação de qualquer povo (art.5º § 3º do CPP); em caso de delito que que se processe pela ação citada, qualquer pessoa pode provocar a autoridade policial para que instaure o IP ( a doutrina nomeia essa hipótese como delatio criminis simples, peça inaugural: portaria) e por fim, pela prisão em fragrante do agente; (os autores costumam denominar essa situação de instauração como notitia criminis de cognição coercitiva). Em suma, a autoridade policial pode tomar conhecimento da pratica de infração penal: de forma espontânea (sem a provocação de terceiros), em decorrência da apresentação de individuo preso em flagrante delito (notitia criminis coercitiva) ou por meio de informação prestada por terceiros (delatio Yasmin Egidia Ribeiro dos Santos, Universidade São Judas Tadeu, 7º semestre. criminis simples), só poderá se recusar a instalar o inquérito policial em caso de ordem manifestamente ilegal ou da ausência de preenchimento de algum requisito legal. Conclui-se, portanto, em qualquer dessas hipóteses o ato que determina de fato a instauração do inquérito policial advém da autoridade policial, ainda que esta estejam atendendo a ato requisitório do Ministério Público ou juiz; que se deve ao fato de ser do delegado ser o presidente do inquérito policial (art.3º da Lei 12.830/2013) e quem comanda de fato as atribuições de Polícia Judiciaria, seja em âmbito estadual (Polícia Civil) ou em âmbito federal (Policia Federal). Uma vez instaurado, o inquérito policial deverá ter um prazo para ser finalizado, o qual varia de acordo com duas circunstâncias: o tipo de crime e de estar o indiciado preso ou solto, contudo se esse prazo for desrespeitado, em caso de suspeito preso, contribuí para que sua prisão se torne abusiva e portanto, ilegal e passível de ser relaxada ou revogada. Finalizada as diligências, um relatório minucioso daquilo que foi apurado deverá ser encaminhada pela autoridade policial ao MP, que ao recebê-lo poderá adotar um destes três posicionamentos: oferecer denúncia, requisitar novas diligência ou requerer o arquivamento do inquérito. De acordo com o art. 12 do CPP, "o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra". O Ministério Público exerce a pretensão punitiva, desde a denúncia que é a peça inicial, até o final. Sendo um órgão do Estado, uno e indivisível, que é representado por Promotores e Procuradores de Justiça, pode haver substituição a qualquer momento no decorrer do processo em relação aos membros que fazem parte do Ministério Público, permanecendo estável a titularidade da ação, pois ela faz parte do Órgão Ministerial, do qual os nomeados Promotores e Procuradores de Justiça são representam. Ademais prevê o Código de Processo Penal no caput do artigo 27 " Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, as informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção" Sendo proibida a desistência da Ação Penal que tenha proposto o Ministério Público, pois o interesse é do Estado, como disposto no artigo 42 do CPP. O Professor Matheus Herren Falivene de Souza (2020, USJT) conceitua “competência como uma forma de racionalizar e tornar viável a prestação jurisdicional”. A Constituição Federal juntamente com as legislações ordinárias e a doutrina brasileira definem os critérios da competência como :em razão da matéria, em razão da pessoa (ratione personae, prerrogativa de função), em razão do lugar ( ratione loci), critério funcional (por fase do processo, por objeto do juízo, por grau de jurisdição). Consagrado pela CF/88, em seu art. 5º, LIII, o princípio do Juiz natural estabelece que ninguém será sentenciado senão pela autoridade competente, representando a garantia de um órgão julgador técnico Yasmin Egidia Ribeiro dos Santos, Universidade São Judas Tadeu, 7º semestre. e isento, com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de cada Estado. Dependente da matéria da infração penal será competente a Justiça Comum ou a Justiça Especial, a primeira se divide em Justiça Comum Federal (rol taxativo expressamente previsto na norma do art. 109 da CF) e na Justiça Comum Estadual (determinada pela exclusão das demais). Por sua vez a segunda desdobra-se em Justiça Militar (art. 124 da CF, julgar os crimes militares, definidos na norma do art. 9º do CPM) ; fragmenta em dois âmbitos estadual e federal e por último na Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF e Lei n.º 4.737/65) julga os crimes eleitorais e conexos. Será julgado nos Tribunais de Júri, e sobre a sua apreciação os crimes dolosos contra a vida no pelo 5º, XXXVIII, alínea d, da CF) e por força do art. 74, § 1º do CPP. Em caso de concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri (art. 78, I, do CPP). No Brasil adota-se a teoria do resultado (art. 70 do CPP); logo a infração será processada no local da consumação do Crime; não sendo conhecido o lugar da infração, será competente o domicílio ou residência do réu (art. 72, do CPP) em caso de ação penal exclusivamente privada o querelante poderá optar entre propor a ação no local da consumação ou no domicílio do réu (art. 73 do CPP) Sobre a vara, câmara, e turma, como citado irá depender da localização da consumação das infrações penais e subsequente ao seu domicilio e residência.
Compartilhar