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FACULDADE SANTA MARCELINA Curso de Medicina Leticia Alves Queiroz Maria Gabriela Ribeiro Alves Thais Rodrigues Kassawara Victoria Americhi Stering do Nascimento ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL Orientadora: Prof.Dra. Isabel Grace Borlasa Domingo Santos São Paulo 2021 2 SUMÁRIO 1. DEFINIÇÃO 3 2. FISIOPATOLOGIA 3 3. QUADRO CLÍNICO 4 4. DIAGNÓSTICO 7 5. TRATAMENTO 9 6. REFERÊNCIAS 13 2 3 1. DEFINIÇÃO A artrite idiopática juvenil (AIJ) engloba as artrites crônicas, isto é, que persistem por mais de 6 semanas, com início até os 16 anos de idade. É um processo inflamatório crônico, autoimune, com manifestações extra-articulares que variam de acordo com o tipo de início. Sua etiologia é desconhecida; agentes desencadeantes multifatoriais como infecção, distúrbio psicológico e trauma, em crianças com predisposição genética, podem dar início ao quadro de artrite. A Artrite Idiopática Juvenil é a doença reumática crônica mais frequente na faixa etária pediátrica, cuja incidência nos países desenvolvidos varia de 1 a 22 por 100.000 crianças menores de 16 anos, e a prevalência é de 8 a 150 por 100.000. No Brasil, não há incidência e prevalência. 2. FISIOPATOLOGIA A causa da artrite idiopática juvenil permanece desconhecida. No entanto, fatores imunológicos, genéticos e infecciosos parecem estar envolvidos, já que estudos recentes mostram certa tendência familiar para a ocorrência da doença; ademais, fatores externos, como certas infecções virais e bacterianas, além de estresse emocional e traumatismos articulares, podem atuar como desencadeantes da doença. A partir daí, uma série de fenômenos imunológicos são desencadeados, com hiperativação de células T e B, além do recrutamento de polimorfonucleares para o sítio inflamatório, liberação de citocinas pró-inflamatórias como o TNF, hipertrofia sinovial com formação do pannus e consequente dano ósseo decorrente de atividades osteoclástica exacerbada. Hiperativação de células T e B e liberação de citocinas pró-inflamatórias Tendo em vista que a principal manifestação clínica desta patologia é a inflamação persistente de uma articulação traduzida por dor, tumefação e limitação funcional os aspectos fisiopatológicos da artrite relacionam-se com o atingimento da articulação sinovial (sinovite), que cursa com o aparecimento de líquido sinovial infiltrado e hiperplasia (espessamento) desta articulação. 3 4 Dessa forma, o líquido sinovial apresenta-se em maior quantidade e em menor viscosidade, constituindo um infiltrado de células inflamatórias mononucleares ,como células T,B,macrófagos, plasmócitos e células dendríticas. Verifica-se também a proliferação de fibroblastos e sinoviócitos macrófagos tumor-like bem como a presença de mediadores inflamatórios. O infiltrado pode ser difuso ou formar aglomerados de células T e B,sendo que estes se encontram em volta de vasos sanguíneos e são formados por células CD4+, rodeados por células CD4+,CD8+ e linfócitos B.Assim, há predominância de linfócitos T, principalmente do tipo Th1 (linfócitos T auxiliares tipo 1) e essas células parecem desempenhar um papel central na patogênese da doença. A proteína TNF-α foi também detectada no tecido sinovial da maioria dos pacientes e a sua expressão está relacionada com o grau de inflamação, parecendo ser mais elevada em pacientes com a forma poliarticular. Hiperplasia tecidual Outro aspecto histológico importante é a hiperplasia tecidual consequente à expansão tumor like do tecido sinovial inflamado (pannus), que resulta da proliferação de sinoviócitos e da invasão do tecido sinovial pelas células inflamatórias recrutadas da circulação periférica. Com a progressão da doença, o pannus vai ocupando todo o espaço sinovial aderindo à cartilagem, com consequente degradação, erosão da mesma e do osso subjacente. O crescimento deste tecido inflamatório é suportado pela intensa formação de novos vasos (neovascularização). 3. QUADRO CLÍNICO Além da dor e da inflamação articular pode ser observada uma certa dificuldade na movimentação ao acordar (rigidez matinal), fraqueza ou incapacidade na mobilização das articulações, além de febre alta diária (> 39º C) por períodos maiores do que 2 semanas. De acordo com o critério proposto pela International League of Associations for Reumathology (ILAR) a Artrite Idiopática Juvenil pode ser classificada em 7 tipos, tendo como base as manifestações clínicas e laboratoriais predominantes nos primeiros 6 meses da doença. Os tipos são: sistêmico, oligoarticular, poliarticular fator reumatoide negativo, poliarticular fator reumatoide positivo, artrite relacionada à entesite, artrite psoriásica e indiferenciada. 4 5 ● Artrite sistêmica: A artrite de início sistêmico é considerada como a de tipo de início mais grave, ocorre em ambos os sexos, sendo mais frequente entre 1 e 5 anos de idade. Caracteriza-se pela presença de febre acima de 39°C, com duração por mais de 2 semanas, sendo diária por pelo menos 3 dias e um ou mais dos seguintes fatores: exantema evanescente, róseo e macular, preferencialmente em tronco, axilas e raiz de membros, desencadeado ou exacerbado pela febre, banho quente e estresse; adenomegalia generalizada; serosite, pleurite ou pericardite; hepatomegalia e/ou esplenomegalia. Este tipo de artrite, em geral, é poliarticular e simétrica, mais frequente em joelho, punho, tornozelo, quadril e coluna cervical. Pode ter como complicação grave a síndrome de ativação macrofágica (SAM), ocorrendo em 5 a 8% das AIJ sistêmicas, podendo ser desencadeada por infecções e medicações. O quadro clínico desta complicação caracteriza-se pelo aparecimento de febre alta, de início súbito, não responsiva a antitérmicos, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, insuficiência hepática, encefalopatia, coagulopatia e manifestações hemorrágicas. Alguns fatores são responsáveis por um pior prognóstico como idade de início abaixo de 6 anos, duração da doença por mais de 5 anos, persistência das manifestações sistêmicas, plaquetose por mais de 6 meses, artrite de quadril, diminuição do espaço articular e erosão óssea. ● Artrite oligoarticular: há o acometimento em até 4 articulações nos primeiros 6 meses de doença. Nesse tipo de início, duas categorias são descritas: oligoarticular persistente, que não atinge mais de 4 articulações no curso da doença, e oligoarticular estendida, quando compromete mais de 4 articulações na evolução. Predomina no sexo feminino e tem idade de início abaixo de 6 anos, com pico entre 1 e 2 anos. A artrite é assimétrica, principalmente em membros inferiores, sendo joelhos e tornozelos as mais acometidas; monoartrite ocorre em até 50% dos casos. Os fatores de pior prognóstico nesse subtipo são artrite de quadril, tornozelo e punho bem como erosão ou diminuição do espaço articular e entre os subtipos esse é o que tem o melhor prognóstico. ● Artrite poliarticular: Na artrite idiopática juvenil poliarticular, as manifestações extra-articulares são infrequentes. Raramente aparecem nódulos subcutâneos, indolores, quase sempre isolados e localizados em 5 6 superfícies extensoras de articulações, principalmente em cotovelos. A presença ou ausência do fator reumatóide determina o prognóstico, sendo que artrite de quadril ou coluna cervical e erosão ou diminuição do espaço articular são causas de pior prognóstico. Este tipo de artrite pode ser dividida em dois subtipos sendo eles: poliarticular fator reumatoide negativo e poliarticular fator reumatoide positivo. ○ A artrite poliarticular fator reumatoide negativo tem como características artrite em 5 ou mais articulações durante os primeiros 6 meses de doença com FR negativo e afeta sobretudo o joelho, punho, quadril e tornozelo, com distribuição assimétrica. ○ A artrite poliarticular fator reumatoide positivo tem como características artrite em 5 ou mais articulações e FR positivo, em 2 dosagens com intervalo de 3 meses, durante os primeiros 6 meses de doença e maior risco de evoluirpara erosão óssea e incapacidade funcional. ● Artrite psoriásica: nesse tipo de início, a artrite crônica pode proceder a psoríase e, nesses casos, o diagnóstico pode ser feito quando se observa duas das seguintes manifestações: dactilite (inflamação dos dedos da mão); alterações ungueais de psoríase (pequenas depressões ungueais que caracterizam a ‘’unha em dedal’’ ou onicólise); história de psoríase em parente de primeiro grau. A uveíte anterior crônica, não granulomatosa e inflamatória é observada em aproximadamente 30% das crianças, com anticorpo antinuclear (ANA) positivo, em geral nos primeiros 7 anos de doença, mas pode preceder a artrite em 10% dos casos. Pode ser observada na AIJ oligoarticular, AIJ poliarticular FR negativo e na artrite psoriásica. A uveíte é insidiosa e assintomática e, raramente, apresenta dor ocular, lacrimejamento, fotofobia, embaçamento visual e queda da acuidade. O acompanhamento regular com oftalmologista realizando lâmpada de fenda, a cada 3 a 6 meses, de acordo com o tipo de início e a presença de ANA, possibilita o diagnóstico precoce, prevenindo a evolução para sinéquias posteriores, catarata, glaucoma e perda visual, unilateral ou bilateral. O prognóstico desse subtipo depende de mais de cinco articulações edemaciadas, aumento de proteínas de fase aguda tanto no início quanto evolutivamente, uso de várias medicações diferentes com persistência da 6 7 poliartrite e dano articular acumulado, além disso alguns fatores acarretam em um pior prognóstico como a presença de história familiar, quadro cutâneo extenso, gênero feminino e marcadores genéticos específicos. ● Artrite relacionada à entesite: a presença de artrite e entesite confirmam o diagnóstico, mas nos casos sem artrite ou sem entesite, esse diagnóstico pode ser feito na presença de dois dos seguintes critérios: história de dor a digito-pressão das sacroilíacas ou dor de caráter inflamatório na coluna lombrosacra; presença de HLA B27 (antígeno marcador associado às espondiloartrites); início da artrite em paciente do sexo masculino com mais de 6 anos de idade; uveíte anterior aguda (UAA) sintomática (inflamação da úvea, camada média do globo ocular, associado a hiperemia, fotofobia e dor recorrente) em geral é unilateral, mas se for persistente pode evoluir para perda de visão; história familiar de espondilite anquilosante; artrite relacionada a entesite; sacroiliite com doença inflamatória; síndrome de Reiter e/ou UAA em parente do primeiro grau. Nesse subtipo, erosão ou diminuição do espaço articular são fatores de pior prognóstico. ● Artrite indiferenciada: Artrite que não preenche critério de nenhuma categoria ou de mais de um tipo de início. 4. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da Artrite Idiopática Juvenil é clínico e baseia-se na presença de artrite em uma ou mais articulações com duração igual ou maior a 6 semanas. Várias doenças, como por exemplo, as infecções, devem ser pesquisadas e descartadas, uma vez que a artrite é manifestação comum em várias doenças não reumáticas. A maior dificuldade se encontra no diagnóstico dos subtipos de Artrite Idiopática Juvenil, sobretudo quando as manifestações sistêmicas precedem a artrite. As mialgias e artralgias que surgem durante os picos febris, e praticamente desaparecem nos períodos apiréticos, são importantes pistas diagnósticas. Entretanto, quando existe febre com ou sem exantema, mas com presença de outras manifestações sistêmicas, devemos fazer o diagnóstico diferencial com infecções, febre reumática, outras doenças autoimunes, vasculites sistêmicas, neoplasias e doenças autoinflamatórias. 7 8 Dentre as infecções devemos considerar endocardite bacteriana, osteomielite, artrite séptica, discite, piomiosite e a tuberculose osteoarticular, que constituem os principais diagnósticos diferenciais da AIJ; as infecções virais podem ter manifestações articulares e extra-articulares (febre, exantema, hepatoesplenomegalia e adenomegalia) que podem levar à confusão inicial com AIJ. A febre reumática ainda é mais frequente que a AIJ, sendo um importante diagnóstico diferencial nas primeiras semanas. Entretanto, o quadro febril e as manifestações sistêmicas não são tão proeminentes. Outras doenças autoimunes que se acompanham de artrite, como o lúpus eritematoso sistêmico, a dermatomiosite, a doença mista do tecido conjuntivo, a síndrome de Sjögren e a esclerodermia sistêmica são frequentemente lembradas no diagnóstico diferencial. Vasculites sistêmicas, como a doença de Kawasaki e a vasculite de hipersensibilidade, cursam com febre, mialgias, artralgias, manifestações cutâneas, anorexia, perda de peso, mal-estar e, laboratorialmente, guardam semelhanças com a AIJS, com leucocitose, trombocitose e aumento das proteínas de fase aguda. A neoplasia mais importante no diagnóstico diferencial da AIJS é a leucemia linfoide aguda, por sua maior frequência e pelas chances de cura quando se introduz tratamento adequado em suas fases iniciais. Não existem exames laboratoriais específicos para esta doença, porém sabe-se que os exames laboratoriais são úteis na classificação dos subtipos de AIJ e na avaliação da atividade inflamatória. ● Fator reumatoide (FR): a positividade do fator reumatoide (FR) não atinge 10% dos casos de AIJ. Por ser um exame inespecífico, é necessário que seja positivo em 2 testes repetidos, com intervalo de 3 meses, para classificar pacientes com artrite em mais de 5 articulações, nos 6 primeiros meses de doença, como AIJ poliarticular FR positivo. ● HLA B27: a pesquisa do HLA-B27, antígeno de superfície celular produto dos genes do complexo maior de histocompatibilidade (MHC), encontra-se presente em 85% dos pacientes portadores da artrite relacionada à entesite, sendo, portanto, sua positividade considerada um dos critérios de exclusão dos outros subtipos de AIJ. ● Anticorpo antinuclear: a positividade do FAN apoia o diagnóstico de AIJ e indica maior risco de desenvolvimento de UAC, complicação ocular frequente 8 9 nos subtipos de AIJ oligoarticular, poliarticular FR negativo e artrite psoriásica, todas com predomínio no sexo feminino. ● Anti-CCP: o anti-CCP (anticorpo contra peptídeos cíclicos citrulinados) é um importante marcador sorológico para o diagnóstico de artrite reumatoide e um possível marcador prognóstico para a progressão desfavorável da doença. ● Hemograma e provas de fase aguda - o hemograma pode revelar anemia de doença crônica, leucocitose e trombocitose, de acordo com a magnitude do envolvimento inflamatório. As alterações nas provas de fase aguda, como aumento de velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa, podem ser descritas em qualquer subtipo, mas são mais evidentes no subtipo sistêmico, seguido do poliarticular. Os exames de imagem são importantes no diagnóstico, diagnóstico diferencial e acompanhamento da AIJ. Identificam o tipo e a extensão do quadro articular e descartam outras alterações ósseas, como osteoma osteóide, leucemia e necrose avascular. O acompanhamento radiológico é necessário também para monitorar progressão da doença e resposta à terapia. As principais alterações radiológicas de ocorrência na ARJ são: edema de partes moles, osteopenia, diminuição de espaço articular, erosão, anquilose, hipertrofia óssea e encurtamento ósseo. Dentre essas alterações, o edema de partes moles apresenta-se como achado inicial, porém não específico de atividade inflamatória. 5. TRATAMENTO Para o tratamento ser efetivo é necessário uma boa relação entre o médico, o paciente e os familiares uma vez que a duração é prolongada. Cada paciente deve ser individualizado bem como o seu tratamento, pois a doença acomete em variados graus e subtipos. É imprescindível que o médico ensine sobre a doença bem como sobre o controle da inflamação e da dor. Uma equipe interdisciplinar se faz necessária, sendo que a fisioterapia tem grande papel na busca pela melhora do quadro e é importante desde o período inicial da doença,o terapeuta ocupacional consegue adequar os recursos disponíveis para um cotidiano mais tranquilo e o psicólogo, muitas vezes, também precisa ser requisitado. O início do tratamento deve ser precoce, pois nos casos de demora pode haver comprometimento da 9 10 cartilagem articular causando deformidades e limitações físicas irreversíveis. Os objetivos do tratamento são basicamente atingir a remissão da doença rapidamente, prevenir ou impedir lesões articulares e fomentar o crescimento e desenvolvimento normais além de atuar nas manifestações extra-articulares para que seja possível prevenir deformidades secundárias, atrofia muscular e osteoporose. Lembrando que somente reumatologistas podem indicar tal tratamento. É importante salientar que quando as drogas começam a controlar todas as manifestações articulares e extra-articulares é possível dizer que a doença está inativa. Caso isso ocorra durante 6 meses, pode-se dizer que a doença está em remissão com medicação. Para que seja considerado doença em remissão sem medicação, é necessário que transcorra um período de mais de 12 meses com o estado inativo. O tratamento farmacológico consiste em anti-inflamatórios não hormonais (AINH), glicocorticóides e drogas modificadoras de doença (DMARD) a fim de moderar as manifestações articulares e extra-articulares. Os anti-inflamatórios não hormonais (AINH) consistem em mediar os sinais inflamatórios e a febre, porém não atuam no curso da doença. Dessa forma, são poucos os casos em que são usados como monoterapia, como exemplo alguns pacientes com oligoartrite. Além disso, a ação dos AINH é lenta, sendo que pode levar até 4 semanas para se notar a sua eficácia. O médico deve se atentar aos fármacos dessa classe que são aprovados para o uso em crianças. Os principais efeitos adversos afetam o tubo digestivo e os rins, porém se associado com drogas inibidoras de bomba de prótons, pode-se reduzir tais efeitos. É importante o monitoramento com exames após longos meses de uso com a finalidade de observar a toxicidade. FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de Pediatria. 4a edição, vol. 2, 2017. 10 11 Os glicocorticóides, por sua vez, podem ser usados em decorrência de manifestações sistêmicas e graves e suas formas de uso são como colírio em uveítes, como injeção intra-articular na artrite, ou de forma sistêmica por via oral ou em pulsos endovenosos. Sua ação anti-inflamatória é potente, porém os médicos evitam seu uso sistêmico devido aos efeitos adversos e à possibilidade de dependência. Seus principais efeitos adversos são déficit de crescimento, osteoporose, maior risco de infecções, síndrome de Cushing, hipertensão arterial, necrose avascular, obesidade, catarata, glaucoma, estrias e acne. Essa classe administrada por via intra-articular apresenta-se como uma boa alternativa para os casos em que não houve respostas aos AINH. As principais drogas indicadas são Triancinolona Hexacetonida em grandes articulações e Metilprednisolona nas pequenas. As drogas modificadoras de doença (DMARD) são alternativas para inflamação sinovial diante de tratamentos que não responderam aos AINH e aos glicocorticóides. Essa classe interfere na imunidade e só podem ser prescritas por reumatologistas pediátricos. Sua ação é lenta podendo levar de 2 a 4 meses para se notar eficácia, sendo que sua introdução precoce tem mostrado uma melhora do prognóstico. A droga de escolha é o Metotrexato (MTX) sendo que se mostra eficaz em 66% dos pacientes e seus principais efeitos adversos são náuseas e vômitos nos 3 primeiros dias, aumento da transaminase e estomatite. Caso o paciente não responda ao MTX, a Leflunomida é uma alternativa. Outra opção é a Sulfassalazina, que é indicada principalmente nos casos de artrite relacionada à entesite e contraindicada para pacientes com deficiência da G6PD e na artrite sistêmica, sendo que seus principais efeitos adversos são exantema, sintomas gastrointestinais e leucopenia. Em alguns casos ainda é indicado a Ciclosporina, no entanto essa droga é mais tóxica do que as outras e possui muitos efeitos adversos sendo necessário pensar sobre seu risco-benefício na hora da prescrição. FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de Pediatria. 4a edição, vol. 2, 2017. 11 12 Existe ainda a terapia biológica a qual ainda encontra-se em estudo e o mecanismo de ação é variado, sendo que uns inibem algumas citocinas e outros inibem a ação dos linfócitos T e B. Ela é usada em caso de ausência de resposta nos tratamentos com as drogas já citadas. São administradas por via parenteral e como efeitos adversos apresentam hipersensibilidade e suscetibilidade à infecções. É uma alternativa ainda pouco indicada devido ao seu custo elevado. Nas terapias excepcionais há o uso de imunoglobulina por via endovenosa nas manifestações sistêmicas. A Talidomida pode apresentar eficácia em casos de artrite sistêmica grave, porém é uma droga que pode ocasionar um quadro de neuropatia periférica. O transplante de célula-tronco autóloga foi pensado como uma alternativa, porém apresentou um alto índice de mortalidade na AIJ. Por último, existe a terapia física à qual deve se fazer presente desde as fases iniciais da doença a fim de evitar deformidades articulares. Banhos quentes melhoram a dor e a rigidez na fase aguda, bem como exercícios físicos e brincadeiras como andar de bicicleta, nadar, tocar instrumento e dançar, uma vez que essas atividades trazem benefícios ao desenvolvimento da criança e ao seu prognóstico. Em contrapartida, atividades como lutas e outras brincadeiras consideradas violentas devem ser evitadas, pois forçam as articulações e podem aumentar a dor. No mais, instrumentos como órteses e palmilhas podem ser indicados. 12 13 6. REFERÊNCIAS Sociedade Brasileira de Reumatologia. Artrite Idiopática Juvenil. 08 de ago. de 2019. Disponível em: <https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-idiopatica-juvenil/#:~:te xt=A%20Artrite%20Idiop%C3%A1tica%20Juvenil%2C%20tamb%C3%A9m,os%20ol hos%20e%20o%20cora%C3%A7%C3%A3o.> Acesso em: 13 de abr. 2021 Sociedade Brasileira de Reumatologia e Sociedade Brasileira de Pediatria. Artrite Idiopática Juvenil: Diagnóstico. Associação Médica Brasileira, 26 de out. de 2012. Disponível em: <https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/artrite_idiopatica_juvenil_diagn%C3 %B3stico.pdf>. Acesso em: 15 de abr. 2021 Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de Pediatria. 4a edição, vol. 2, 2017. Coutinho, Sofia Manuel Nunes.Alterações do Crescimento ósseo na Artrite Idiopática Juvenil.2010. 41f.Dissertação (Mestrado Integrado em Medicina).Faculdade de Medicina Universidade do Porto,2010. Disponível em:https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/61036/2/TESESofia%20Coutinho .pdf .Acesso em: 17 de Abril de 2021. FERNANDES, Taciana de Albuquerque Pedrosa. Um estudo de coorte para o prognóstico da artrite idiopática juvenil. 2006. 64 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina de Botucatu, 2006. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/96133>. Acesso em 27 de Abril de 2021. GOLDENSTEIN-SCHAINBERG, Claudia; FAVARATO, Maria Helena Sampaio; RANZA, Roberto. Conceitos atuais e relevantes sobre artrite psoriásica. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 52, n. 1, p. 98-106, Fev. 2012 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042012000100010 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em 27 de Abril de 2021. https://doi.org/10.1590/S0482-50042012000100010. 13 https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-idiopatica-juvenil/#:~:text=A%20Artrite%20Idiop%C3%A1tica%20Juvenil%2C%20tamb%C3%A9m,os%20olhos%20e%20o%20cora%C3%A7%C3%A3o https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-idiopatica-juvenil/#:~:text=A%20Artrite%20Idiop%C3%A1tica%20Juvenil%2C%20tamb%C3%A9m,os%20olhos%20e%20o%20cora%C3%A7%C3%A3o https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/artrite-idiopatica-juvenil/#:~:text=A%20Artrite%20Idiop%C3%A1tica%20Juvenil%2C%20tamb%C3%A9m,os%20olhos%20e%20o%20cora%C3%A7%C3%A3ohttps://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/artrite_idiopatica_juvenil_diagn%C3%B3stico.pdf https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/artrite_idiopatica_juvenil_diagn%C3%B3stico.pdf https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/61036/2/TESESofia%20Coutinho.pdf https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/61036/2/TESESofia%20Coutinho.pdf http://hdl.handle.net/11449/96133 https://doi.org/10.1590/S0482-50042012000100010
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