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Fisiologia 3 Aula 4 – Volumes e Capacidades Pulmonares Caixa torácica Na figura temos a representação da caixa torácica, contendo o gradil costal, o osso esterno e a coluna vertebral. Quando nos referimos à parede torácica, estamos definindo todos os tecidos que participam da ventilação, como músculos abdominais, etc. Qualquer que seja as alterações que ocorram no parênquima pulmonar, pode haver alterações de ventilação pulmonar. Porém, ao pensar em caixa torácica, as alterações que podem ocorrer à nível ósseo, como por exemplo uma escoliose, vão impedir a incursão natural do diafragma e dos músculos que participam da ventilação. Portanto, qualquer que sejam as alterações à nível torácico, podem haver alterações para a ventilação. Músculos inspiratórios Quando nos referimos à ventilação, temos um ato motor onde há importante ação de músculos e do controle somático. Os músculos irão promover a inspiração e, em alguns momentos, a inspiração. O principal músculo da nossa ventilação é o diafragma, tido como um músculo inspiratório, tendo uma morfologia em forma de cúpula e separando nossa cavidade abdominal da caixa torácica. O diafragma, quando contraído, promove o rebaixamento da sua cúpula, fazendo com que o pulmão seja tracionado e enchido de ar. Na expiração, o músculo permanece com sua forma de cúpula, expulsando o ar dos pulmões. Além do diafragma, temos como músculos inspiratórios os escalenos. Esses músculos possuem porções anteriores, mediais e posteriores, possuindo a função de elevar as primeiras costelas, promovendo um movimento que, juntamente com os músculos intercostais, promoverão movimentos muito importantes para a ventilação. A musculatura intercostal externa forma uma lâmina muscular que solidariza as costelas entre si, fazendo da caixa torácica um conjunto coeso. É assim que um músculo que traciona a primeira costela, como o escaleno anterior, arrasta, graças aos intercostais, o conjunto das costelas. Logo, essa associação entre escalenos e intercostais são, como dito anteriormente, imprescindíveis para o movimento chamado de “Alça de Balde”, onde há uma elevação do gradil costal pela musculatura intercostal externa e a elevação da primeira costela pelos escalenos, gerando um aumento de diâmetro anteroposterior da caixa torácica e aumentando a capacidade pulmonar. Músculos Inspiratórios Acessórios Além dos músculos anteriormente ditos, temos os músculos inspiratórios acessórios. Os primeiros músculos desse grupo são os esternocleidomastóideos, que tem a função principal de atuar no nosso esterno, promovendo a elevação desse musculo, atuando em conjunto com a elevação do gradil costal, ou seja, com a “alça de balde”. O movimento feito pelo esternocleidomastóideo, a elevação do osso esterno, é conhecido como “braço de bomba”. Além do esternocleidomastóideo, temos o músculo serrátil anterior, atuando principalmente na promoção da abertura das escápulas, possibilitando a movimentação do gradil costal e da elevação do diâmetro anteroposterior da caixa torácica. Além deles, temos trapézio, peitoral maior e latíssimo do dorso atuando na nossa ventilação. Essas musculaturas são acessórias da inspiração, sendo que em um contexto natural, serão pouco ativados, dependendo, portanto, de esforço físico e/ou maior necessidade de uma ventilação efetiva. Músculos Expiratórios Além da musculatura inspiratória, temos também músculos que atuam no ato expiratório. Sabemos que a nossa expiração é um processo passivo, ou seja, enquanto a nossa inspiração caracteriza-se como um processo ativo dependente de contração muscular, nossa expiração se dá por meio de relaxamento da contração da musculatura inspiratória. Porém, alguns estudos de eletromiografia relatam ação de alguns músculos durante o processo de expiração, principalmente os abdominais. Sendo assim, são de extrema importância para nosso movimento abdominal os músculos abdominais, sendo o reto e o obliquo. Essa musculatura, quando contraída, empurra o conteúdo abdominal, gerando a compressão do diafragma e a elevação de sua cúpula, expulsando o ar dos pulmões. Além dos músculos abdominais, temos a ação dos músculos intercostais internos, que ocupam o espaço compreendido entre duas costelas, sendo suas fibras obliquas inferior e posteriormente. Ao contrário dos intercostais externos, participam do processo expiratório, promovendo a diminuição da elevação do gradil costal, diminuindo o diâmetro anteroposterior da caixa torácica. Ventilação A ação dessas musculaturas inspiratórias e expiratórias, em conjunto, constituem o que chamamos de ventilação, onde a entrada e saída de ar nos pulmões constituem o ato de ventilar. Logo, a ventilação é a troca gasosa entre os alvéolos e o ambiente externo, ou seja, é o processo pelo qual o oxigênio da atmosfera é levado ao interior dos pulmões e o dióxido de carbono é expelido do organismo. Espirômetro Na imagem há a representação de um aparato de nome espirômetro. Esse espirômetro consiste em uma cânula ligada a boca do indivíduo, que utiliza um clipe nasal, e uma campanula, sendo preenchida com água em uma porção do seu interior e outra parte em uma região superior. Logo, todas as vezes que o indivíduo expira há uma elevação ou diminuição da campanula. Esses movimentos são registrados por meio de uma pena acoplada, possibilitando, portanto, a descoberta de volumes e capacidades importantes para detecção de várias patologias. Volumes e Capacidades Pulmonares Volumes – Quantidades de ar envolvidas num processo de inspiração ou expiração Capacidades – Quantidades de ar que compreendem 2 ou mais volumes Na imagem temos a representação de um registro da espirometria feita por um espirômetro antigo. Conseguimos observar uma escala de volumes. O primeiro registro é o que chamamos de volume corrente, consistindo em uma ventilação calma e tranquila. Esse volume corrente possui, em média, 500 ml. Quando executamos uma inspiração a partir da nossa expiração máxima, temos o que chamamos de volume de reserva inspiratória, sendo o volume de ar que conseguimos inspirar após uma inspiração corrente. Além desse volume, temos um volume de reserva expiratória, sendo o volume de ar que conseguimos expirar após uma expiração calma e tranquila. Temos também o volume residual, sendo o volume de ar que continua no interior dos pulmões mesmo após uma expiração forçada, o que impede a colabação dos alvéolos. A primeira capacidade que aparece no registro é a capacidade inspiratória, sendo a soma dos volumes de inspiração corrente e mais o volume de reserva inspiratória, sendo, portanto, a quantidade de ar que conseguimos colocar no interior dos pulmões após uma expiração calma e tranquila. A capacidade vital é a quantidade de ar que conseguimos inspirar ou expirar de nossos pulmões após uma expiração máxima. Temos a capacidade residual funcional, que é a soma dos volumes residuais com os volumes de reserva expiratória. Por fim, temos que, somando todos aos volumes anteriormente falados, temos a capacidade pulmonar total, que fica em torno dos 6000 mL. Volume corrente (VC) → Quantidade de ar que entra e sai do pulmão numa respiração normal, sendo, em média, 500 mL. Volume de reserva inspiratório (VRI) → Quantidade máxima de ar que pode ser inspirada além de uma inspiração normal, sendo, em média, 2000mL. Volume de reserva expiratório (VRE) → Quantidade máxima de ar que pode ser expirada após uma expiração normal, sendo, em média, 1100 mL. Volume residual (VR) → Quantidade de ar que permanece nos pulmões após uma expiração forçada, sendo, em média, 1200 mL Capacidade Inspiratória (CI) → Quantidade máxima de ar que pode ser inspirada após uma expiração normal. Corresponde à soma do volume corrente e do volume de reserva inspiratório, sendo, em média, 2500 mL CapacidadeResidual Funcional (CRF) → Quantidade de ar que permanece nos pulmões após uma expiração normal. Corresponde à soma do volume de reserva expiratório com o volume residual, sendo, em média, 2400 mL Capacidade Vital (CV) → Quantidade máxima de ar que pode ser inspirada após uma expiração máxima. Corresponde à soma do volume corrente, do volume de reserva de inspiração de do volume de reserva de expiração, sendo, em média, 4800 mL Capacidade Pulmonar Total (CPT) → Quantidade de ar que permanece nos pulmões após uma inspiração máxima. Consiste na soma da VC + VRI + VRE + VR, tendo, aproximadamente, 6 litros. Na imagem a seguir conseguimos observar algumas alterações dos volumes e das capacidades em indivíduos que possuem doenças obstrutivas, como por exemplo um DPOC, ou restritivas, como por exemplo acometimentos na elasticidade do pulmão. No restritivo, podemos observar que as capacidades estão diminuídas, significando, então, uma diminuição de volumes, principalmente de volume de reserva inspiratório, volume de reserva expiratório e do volume residual. Com relação aos pacientes com doenças obstrutivas, observamos um aumento das capacidades e volumes. Isso ocorre devido ao fato desse paciente possuir dificuldade na exalação de todo ar do pulmão, podendo ser observado no aumento do volume residual. A cúpula diafragmática apresenta-se em uma conformação mais plana, uma vez que há aprisionamento de ar no interior dos pulmões. Manobra Expiratória Forçada A manobra expiratória forçada se utiliza da capacidade vital, porém, conhecida como CVF (capacidade vital forçada). Dentro dessa manobra expiratória forçada é possível observar a VEF1, que é o volume expiratório forçado do primeiro segundo. Logo, pedimos que o paciente faça uma inspiração máxima e, posteriormente, que ele faça uma expiração forçada o mais rápido possível. Após essa manobra, é possível realizar a razão do VEF1 pelo CVF, sendo que essa razão precisa ser maior de 80% para ser considerado como normal. Observando um paciente obstrutivo, o ar está sendo expelido com uma menor velocidade, fazendo com que haja uma redução do VEF1, diminuindo a razão entre os dois fatores (cerca de 40%) Em pacientes restritivos, há uma menor quantidade de ar inspirado em CVF, logo, podemos observar uma razão maior, com cerca de 90%. Volumes Pulmonares Espaço morto Existem alguns espaços que são denominados de espaços mortos, sendo espaços mortos fisiológicos e anatômicos, podendo haver soma entre eles. Os espaços mortos fisiológicos são partes do pulmão que poderiam estar realizando trocas gasosas, mas não o fazem, seja por malformações quanto patologias. Por exemplo, temos a existência de um alvéolo ventilado e não perfundido. O espaço morto anatômico nada mais é do que a via de condução para que ocorra as trocas gasosas, ou seja, não há especialização de epitélio para trocas gasosas. O sistema de condução possui cerca de 150 mL sem funcionamento para as trocas. Se recordarmos o volume corrente em torno de 500 mL e uma frequência respiratória em torno de 15rpm, temos uma ventilação total de 7.500 ml/min. Porém, se prestarmos atenção na ventilação alveolar, temos 5.250 ml/min, sendo explicado, obviamente, pelo espaço morto anatômico. A cada ciclo respiratório, o individuo inspira cerca de 450 mL, mas, na realidade, os primeiros 150 mL que atingirão a zona respiratória estão vindo do espaço morto anatômico, que é o volume que permanece nesse espaço. Os outros 300 mL vão apresentar a composição do ar atmosférico. Ao final da inspiração, haverá as trocas e misturas gasosas, formando os gases alveolares. 150 mL do gás ficaram não espaço morto anatômico, sem realizar troca. Logo, durante a expiração subsequente, os primeiros 150 mL tem a conformação do espaço morto anatômico, enquanto o restante irá apresentar conformação de gás alveolar.
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