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FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
2° PERÍODO (NOTURNO)
TDES – TEORIA DO CRIME – FATO TÍPICO
Nathália Fanny Rodrigues Silva
MONTES CLAROS- MG
2021
1. Quais as diferenças entre infração penal, crime, delito e contravenção penal? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
A infração penal é gênero que tem como espécies os crimes (delitos) e contravenções penais. A Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 2941) diferencia crime de contravenção da seguinte forma: o crime é a infração penal a que a lei comina a pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente a pena de multa (Art.1º). A pena de reclusão é aquela que admite o regime inicial fechado, ao contrário da detenção, que só admite o regime inicial como semiaberto ou aberto.
Já a contravenção é a infração penal que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Prisão simples é aquela que não admite o regime fechado em nenhuma hipótese.
Portanto o crime seria utilizado para condutas mais severas que permitem de início o cumprimento da pena em reclusão ou detenção. A contravenção é menos grave, somente admitindo o cumprimento de pena com a prisão simples.
Há outras diferenças processuais nos dois institutos. Um exemplo é de que não se pune a tentativa da contravenção penal (LCP, Art. 4º) ao contrário do crime, em que a tentativa pode ser punida, a depender do tipo penal. Além disso, nas contravenções penais as ações são sempre de iniciativa pública incondicionada. Já no crime isso pode variar, sendo possível ter ação pública condicionada, incondicionada e privada (Código Penal, Art.100).
2. Qual o conceito de crime sob o aspecto formal, material e analítico? Qual o conceito majoritariamente aceito pela doutrina e pela jurisprudência?
CONCEITO FORMAL: explora o crime partindo da lei, enquanto instrumento padronizado e norteador daquilo que podemos ou não, que devemos ou não. Daí, sob ângulo formal, crime é a conduta definida em lei como tal, isto é, só haverá crime se o fato ocorrido na realidade possuir perfeita identidade com aquilo que está definido em lei como crime, é importante advertir que mesmo realizado o que está descrito na lei, o fato é contrário a ela. Esclarecendo: é que a junção da conduta com a sanção nos traz como resultado um comando normativo, qual seja: não devemos fazer aquilo senão seremos punidos.
Exemplo, no caso do homicídio, definido no art. 121 do Código Penal, ninguém em sã consciência vai afirmar que matar alguém está de acordo com a lei. O comando normativo que dali se extrai é que não devemos matar.
A síntese que propomos para compreensão é a que sinaliza ser o crime a conduta prevista em lei que, quando realizada, representa ofensa ao comando normativo e, portanto, à própria lei.
CONCEITO MATERIAL: Agora passamos a investigar se além de a conduta estar prevista em lei como crime, ela também, de fato (concretamente) revela ofensa ao que é protegido pela norma (bem jurídico).
Vejam, os holofotes voltam-se aqui para o bem jurídico protegido pela norma. Exemplo: no homicídio a vida; no furto o patrimônio.
Assim, sob esta perspectiva o crime pode ser definido como uma conduta que resulta em uma lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.
CONCEITO ANALÍTICO: embora o crime sintetizar em si uma verdadeira unidade, sua compreensão impõe uma decomposição didática de suas estruturas elementares.
Sob este ângulo, o estudo do crime se dedica aos chamados elementos do crime.
A depender da concepção adotada o crime pode ter dois (fato típico e antijuridicidade), três (fato típico, antijuridicidade e culpabilidade); quatro (fato típico, antijuridicidade, culpabilidade e punibilidade) ou cinco (conduta, tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade e punibilidade) elementos.
Não é prudente aqui apontar qual seria a teoria correta. O tema é muito e rico e recheado de discussões mais profundas que não cabem neste espaço, dado o propósito. Vale, por enquanto, apenas saber como o crime é observado sob o conceito analítico e as principais correntes que existem.
3. Quais os elemento do crime segundo o seu conceito analítico? Responda esclarecendo a divergência entre a divisão bipartida e a divisão tripartida do conceito analítico de crime.
Quanto ao critério analítico, há várias classificações; dito isso, Basileu Garcia sustentava que o crime tinha quatro elementos, quais sejam, fato típico, ilicitude, culpabilidade e punibilidade. Outros autores (Nelson Hungria, Aníbal Bruno, Magalhães Noronha etc) adotam a posição tripartida – fato típico, ilicitude, culpabilidade. Outros ( Damásio, Mirabete etc) ainda entendem o crime como o fato típico e ilícito, pois a culpabilidade deve ser excluída da composição do crime, uma vez que se trata de pressuposto de aplicação da pena.A principal diferença entre a teoria bipartida e tripartida é o fato de que a primeira considera o dolo e a culpa como integrantes da culpabilidade enquanto a segunda considera o dolo e a culpa como integrantes da conduta.
4. Quais os elementos do fato típico segundo a teoria finalista da ação?
Na visão finalista o fato típico, por seu turno, consistirá em tipicidade, uma ação dolosa (tipo doloso) ou culposa (tipo culposo), resultado e nexo causal. Não existiria a necessidade de listar-se a tipicidade como um dos elementos do fato típico doloso: como já visto, o dolo não está na ação, mas na ação típica. Tal raciocínio, entretanto não pode ser aplicado ao fato típico culposo. Explica-se: pode haver culpa fora dos tipos penais (culpa civil).
5. Em que consiste a conduta segundo a teoria finalista da ação? 
A Teoria Finalista da Ação, formulada na Alemanha por Hans Welzel na década de 1930, tem como preceito fundamental o estudo do crime como atividade humana.
Para a Teoria Finalista deve-se observar a intenção e a finalidade objetivada pelo autor para que possa a conduta ser imputada ao mesmo, contrapondo-se à Teoria Causalista ou Teoria Clássica.
A ação ou omissão combinada com o dolo ou com a culpa (resultado de não observância do dever objetivo de cuidado) são para a Teoria Finalista da Ação os elementos para a composição da conduta.
6. Com relação às teorias da ação: quais as diferenças entre a Teoria Causal (ou Causalista ou Clássica); Teoria Final (ou Finalista) e a Teoria Social (ou da Ação Socialmente adequada)?
Ao longo do tempo foram surgindo inúmeras teorias da ação com a finalidade de definir a conduta. Algumas teorias obtiveram maior destaque no mundo jurídico, e são exatamente essas que esta pesquisa buscou aprofundar. Através da metodologia de pesquisa bibliográfica, foi possível apresentar cada uma das teorias estudadas segundo a visão dos principais doutrinadores pátrios. A teoria causalista sustentou que conduta seria tão somente uma relação de causa-efeito, ausente de qualquer finalidade. A teoria neokantista, embora tenha adotado uma concepção causalista, buscou explicar a conduta omissiva, introduzindo conceitos normativos na conduta. A teoria finalista, por sua vez, considerou que não há conduta sem finalidade, de forma que o dolo e a culpa passaram a integrar o fato típico. A teoria social leva em consideração a realidade social, evitando que uma conduta socialmente adequada seja considerada típica. Por fim, a teoria funcionalista sustenta que deve ser considerada a função do Direito Penal para definir a conduta. O Código Penal brasileiro vigente adotou a teoria finalista. Dessa forma, de acordo com o ordenamento jurídico pátrio, é imprescindível que haja dolo ou culpa para que seja configurada uma conduta penalmente relevante.
7. Quais as diferenças entre condutas dolosas e condutas culposas? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos.
A definição de crime doloso está prevista no artigo 18, inciso I do Código Penal, que considera como dolosa a conduta criminosa na qual o agente quis ou assumiu o resultado.
O parágrafo segundo do mencionadoartigo ressalta que, em regra, para que alguém seja punido, tem que ter praticado crime de forma dolosa, ressalvados os casos de punição por conduta culposa previstos em lei.
Os crimes dolosos contra a vida, como o homicídio, são julgados no Tribunal do Júri, através de júri popular, presidido por um juiz. Os crimes culposos são julgados por um juiz em uma vara criminal. 
Crime culposo
A definição de crime culposo está prevista no artigo 18, inciso II do Código Penal, que considera a conduta como culposa quando o agente deu causa ao resultado por imprudência (agiu de forma precipitada, sem cuidado ou cautela), negligência (descuido ou desatenção, deixando de observar precaução normalmente adotada na situação) ou imperícia (agiu sem habilidade ou qualificação técnica).
Cabe ressaltar que as hipóteses de punição por condutas culposas estão previstas em lei.
Ex: Artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê crime culposo na direção de veículo automotor.
Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena – detenção, de um a três anos.
Código de Trânsito do Brasileiro – Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência).
8. Quais as diferenças entre condutas omissivas e condutas comissivas? 
Conduta comissiva está relacionado ao dolo, ou seja a real intenção do agente de causar o referido dano. Já a conduta omissiva está relacionada ao crime ter sido causado pela omissão. 
Nesse aspecto é interessante observar no código penal os diferentes crimes, tendo em vista que a natureza de cada um possibilita ou não a questão do crime poder ser realizado ou não pela ação ou omissão. O fundamento se baseia precisamente na questão da vontade do agente.
9. Em que consistem os crimes omissivos próprios, os crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão) e os crimes de conduta mista? 
Crime omissivo próprio: há somente a omissão de um dever de agir, imposto normativamente, dispensando, via de regra, a investigação sobre a relação de causalidade naturalística (são delitos de mera conduta).
Crime omissivo impróprio: o dever de agir é para evitar um resultado concreto. Trata-se da análise que envolve um crime de resultado material, exigindo, conseqüentemente, a presença de nexo causal entre conduta omitida (esperada) e o resultado.
Crime de conduta mista: é aquele cujo tipo prevê uma ação, seguida de uma omissão, sendo que ambos os comportamentos são necessários para a sua configuração. ... O exemplo é o crime de apropriação de coisa achada, do artigo 169, inciso II, do CP.
10. Em quais hipóteses a omissão é penalmente relevante? Responda dando exemplos de cada uma das possibilidades em que o indivíduo se encontra na posição do garantidor ou do garante.
Nesse viés, necessário reproduzir a letra do ART. 13 paragrafo 2° do CP: A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
( É o caso do pai, mãe, o bombeiro militar entre outros) 
b. De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado; 
(Podemos citar como exemplo a diretora da escola que assume a responsabilidade de impedir qualquer resultado lesivo aos alunos, os professores, ou ainda os médicos e enfermeiros, em relação aos pacientes entregues a seus cuidados)
c. com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
( Seria o caso do vizinho que acendeu uma fogueira para queimar seu lixo e, entretanto se esqueceu de apaga-la, ocasionando um incêndio de grandes proporções, atingindo o imóvel do vizinho, que vem a óbito.
11. Em quais hipóteses se pode falar em ausência de conduta? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
Pode ser tratado com ausência de conduta em casos de coação física irresistível e atos reflexos. São exemplos de ausência de conduta, pois não há capacidade, por parte do agente, de dirigir sua conduta de acordo com uma finalidade predeterminada.
12. Quais são as fases de realização da conduta? 
A conduta dolosa conta duas fases: interna e externa.
A fase interna se resume à esfera do pensamento do agente e se compõe de: a) representação e antecipação do resultado; b) eleição dos meios pelos quais a conduta se desenvolverá; c) avaliação dos efeitos decorrentes da conduta, sejam eles colaterais ou concomitantes ao emprego dos meios escolhidos. Superada essa etapa, surge a fase externa, em que o sujeito ativo põe em prática aquilo que deliberou iniciando a conduta
13. Quem é e quem pode ser o sujeito ativo de um crime? A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de um crime? Quem é o sujeito passivo de um crime? Justifique suas respostas citando inclusive exemplos. 
Entende-se por sujeito ativo o autor da infração penal. Com efeito, pode ser sujeito ativo pessoa física e capaz (com idade igual ou superior a 18 anos).
Antes das ações que uma pessoa jurídica possa realizar, existem pessoas físicas, isto é, sujeitos passíveis de serem penalmente culpabilizados por suas ações delituosas que resultaram no dano que a pessoa jurídica possa ter causado a outras pessoas (físicas ou jurídicas).
Sujeito passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa, ou seja, é a vítima do ocorrido.
14. No fato típico em que consiste o resultado? Todo crime necessariamente tem que ter um resultado? Justifique sua resposta explicando o resultado naturalístico e o resultado jurídico. *
O resultado é a alteração que foi produzida através do ato praticado. Esse elemento é fundamental para que o crime seja classificado como consumado, ou seja, se o resultado ocorreu, o crime foi consumado.
Todos os crimes (material, formal e de mera conduta) devem apresentar resultado jurídico, pois não há crime sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado
Nos crimes materiais, o resultado naturalístico descrito no tipo é indispensável para a consumação. Já nos delitos formais, o resultado naturalístico descrito no tipo é dispensável,razão por que dá-se a consumação com a prática da conduta (delito de consumação antecipada).
15. Em que consiste o chamado nexo de causalidade (nexo causal)? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
É o vínculo existente entre a conduta do agente e o resultado por ela produzido; examinar o nexo de causalidade é descobrir quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei. Assim, para se dizer que alguém causou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e o resultado gerado, isto é, verificar se de sua ação ou omissão adveio o resultado. Trata-se de pressuposto inafastável tanto na seara cível. Apresenta dois aspectos: físico (material) e psíquico (moral). Vide relação de causalidade material. Vide relação de causalidade psíquica.
16. Com relação às teorias relativas ao nexo causal, responda qual a teoria adotada pelo nosso ordenamento jurídico e em que consiste a chamada teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou da conditio sine qua non).
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non. A teoria da equivalência dos antecedentes causais, consiste em fazer um processo de regresso infinito, que a teoria da imputação objetiva do resultado freia, utilizando critérios de dolo e culpa, ou seja, tenta descobrir se determinado resultado pode ser atribuído ao agente.
17. Em que consiste o método hipotético de eliminação de Thyrén? Justifique sua resposta citando inclusive exemplo da aplicação do referido método.
Primeiro, tentou-se utilizar processo de eliminação hipotética de Thyrén, segundo o qual bastaria eliminar a conduta do sujeito. Se, eliminando a conduta, o crime continuasse a existir, aquele sujeito não contribuiu para o crime. Se o crime deixasse de existir, aquele sujeito contribuiu para o crime. EXEMPLO: A mulher não ficou grávida, teria nascido o filho? Não, então olha só, você eliminou a conduta e o fato desapareceu. Logo, a mãe é causa.
18. Quais as diferenças entre a teoria da causalidade adequada e a teoria da relevância jurídica?
De acordo com a teoria da causa eficiente, o que mais importa são os antecedentes que causaram o resultado. Diferentemente da teoria da relevância jurídica que analisa se a causa anterior é ou não relevante para a ocorrência do resultado, a teoria da causa eficiente defende que toda ação anterior é relevante.
19. Com relação as espécie de causa, responda quais as diferenças entre causas absolutamente independentes e causas relativamente independentes. Justifique sua resposta citando inclusive exemplos.
Importante ressaltar que na concausa absolutamente independente (preexistente, concomitante ou superveniente), a causa concorrente deve ser punida na forma tentada. Concausas relativamente independentes: A causa efetiva do resultado se origina (ainda que indiretamente) do comportamento concorrente. Exemplo Causas Absolutamente Independentes: Resultado morte) não se origina do comportamento concorrente, se subdivide em concausas preexistente, concomitante e superveniente. Preexistente: Tício às 20h, insidiosamente, serve veneno para Mévio. Exemplo de causas relativamente independentes: ANTÔNIO, com intenção de matar, atira em JOÃO, mas não atinge o alvo. A vítima, entretanto, assustando, tem um colapso cardíaco e morre. ANTÔNIO responderá por homicídio consumado, pois se não tivesse atirado, a vítima não sofreria a violenta perturbação emocional que gerou o colapso cardíaco.
20. Ainda com relação às espécies de causa, apresente o conceito e exemplos de causa absolutamente independente preexistente, concomitante e superveniente; e de causa relativamente independente preexistente, concomitante e superveniente.
Concausas absolutamente independente: quando a causa efetiva do resultado (exemplo: resultado morte) não se origina do comportamento concorrente, se subdivide em concausas preexistente, concomitante e superveniente. Concausas relativamente independentes: A causa efetiva do resultado se origina (ainda que indiretamente) do comportamento concorrente.
21. O que significa causa absolutamente independente superveniente que por si só produziu o resultado? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos.
A causa absolutamente superveniente que por si produziu o resultado, não está na linha de desdobramento causal normal da conduta concorrente, pois a causa absolutamente superveniente que por si só produziu o resultado é imprevisível, ou seja sai da normalidade. Um exemplo que pode-se citar, é quando alguém por exemplo leva um tiro é socorrido para o hospital, mas chegando Lá o hospital pega fogo e o indivíduo baleado morre, ou seja um resultado imprevisível.
22. Qual o conceito de tipo penal? Quais as características do tipo penal? Justifique detalhadamente sua resposta. 
O tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes. Ademais, o tipo penal também é um conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal, e é uma construção abstrata do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas.
23. Quais as funções do tipo penal? Justifique detalhadamente sua resposta.
A função do tipo penal é descrever objetivamente um comportamento proibido pelo Direito penal e fazer a individualização de condutas humanas penalmente relevantes.
24. Em que consiste a chamada tipicidade formal? Justifique detalhadamente sua resposta. 
A tipicidade formal consiste no enquadramento formal da conduta no tipo, o que é insuficiente para existência do fato típico.
25. Em que consiste a chamada tipicidade conglobante? Justifique detalhadamente sua resposta. 
A tipicidade conglobante, primeiramente, é um corretivo da tipicidade legal, e a mesma é contrária ao ordenamento jurídico em geral e ainda exclui em alguns casos a tipicidade e analisa as situações.
26. O que se entende por adequação típica de subordinação imediata ou direta e por adequação típica de subordinação mediata ou indireta?
Adequação típica por subordinação imediata ou direta: ocorre quando o fato praticado se amolda diretamente ao narrado no tipo penal, sem a necessidade de analisar qualquer outra norma.
Adequação típica por subordinação mediata ou indireta: o fato praticado pelo agente não se amolda ao narrado no tipo penal diretamente. É necessária a aplicação de uma segunda norma, chamada de NORMA DE EXTENSÃO OU AMPLIAÇÃO, para que o ato seja abrangido pela figura típica. Esta norma de extensão provoca uma ampliação do tipo. Esta ampliação pode ser temporal, como no caso da tentativa (art. 14, II, do CP), tendo em vista que a norma penal alcançará a conduta antes da consumação. Ela poderá, também, ser espacial e pessoal, como ocorre no caso de participação (art. 29, do CP), vez que haverá uma extensão do espaço de aplicação da norma, alcançando o partícipe, bem como extensão da pessoa do autor para o partícipe.
27. Quais as diferenças entre elementares e circunstâncias do tipo? 
Elementares são os dados fundamentais de uma conduta criminosa. São os fatores que integram a definição básica de uma infração penal. No homicídio simples (CP, art. 121, caput), por exemplo, as elementares são “matar” e “alguém”.
Circunstâncias, por sua vez, são os fatores que se agregam ao tipo fundamental, para o fim de aumentar ou diminuir a pena. Exemplificativamente, no homicídio, que tem como elementares “matar” e “alguém”, são circunstâncias o “relevante valor moral” (§ 1ª), o “motivo torpe” (§ 2º, I) e o “motivo fútil (§ 2ª II), dentre outras.
O critério que melhor possibilita a distinção é o da exclusão ou da eliminação.
28. Em que consiste os chamados elementos objetivos, elementos descritivos e elementos normativos do tipo? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
Os elementos que compõem o tipo penal podem ser objetivos, normativos e subjetivos.Os elementos objetivos são facilmente constatados pelo sistema sensorial de cada indivíduo. Já os elementos normativos, para serem constatados, exigem a aplicação de uma atividade valorativa, ou seja, um juízo de valor. Por fim, os elementos subjetivos têm origem na psique e no espírito do autor e manifestam-se como a vontade que rege a ação do autor.
Os elementos que compõem o tipo objetivo são: autor da ação, uma ação ou uma omissão, um resultado, nexo causal e imputação objetiva.
– Descritivos: são passíveis de reconhecimento por juízos de realidade, ou ainda, pela simples constatação. Exemplo: “matar alguém”, em que “matar” é eliminar a vida, “alguém” é a pessoa humana, portanto, não há necessidade alguma de valoração ou interpretação para compreensão do tipo.
 
 Normativos: são desvendados somente por juízos de valoração. Exemplo: ao se analisar, no crime de ato obsceno (art. 233, CP), o conceito de ato obsceno, é claro e evidente o juízo de valor. Neste diapasão, obsceno é, conforme ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci (2012, p. 200), “o que causa vergonha”, conotado de sentido sexual.
29. Qual o significado das expressões: “elementos subjetivos do tipo” e “elementos subjetivos específicos do tipo”? 
O tipo subjetivo reúne todas as características subjetivas direcionadas à produção de um tipo penal objetivo. Os elementos que formam o tipo subjetivo são: o dolo na condição de elemento geral e os elementos acidentais também denominados elementos subjetivos especiais do tipo com incidência esporádica.
O tipo subjetivo tem como finalidade investigar o ânimo do sujeito que praticar um tipo penal objetivo, ou seja, sua função é averiguar o ânimo e a vontade do agente. O dolo, como elemento subjetivo geral, resume-se à consciência e vontade do agente direcionadas à realização da conduta descrita em um tipo penal objetivo. O dolo, em suma, é a vontade de realizar um tipo objetivo orientada pelo conhecimento de todos os elementos componentes do tipo objetivo constatadas no caso concreto.
30. Qual é o núcleo do tipo? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
O objeto material, por sua vez, é um pouco menos abstrato do que o objeto jurídico, pois ele é definido dentro de cada norma penal. Se o objeto jurídico é o valor protegido pelo direito, o objeto material, como o nome indica, é a própria coisa ou pessoas atingidas pelo crime.
No caso de ser uma pessoa que foi atingida pelo crime, o objeto material é chamado de “vítima”, pois ela própria é a sofredora da infração de determinada norma. É importante observar que o objeto material não trata de um valor moral ou ético, mas de uma coisa ou pessoa que “protagoniza” o sofrimento do crime.
31. Em que consiste o objeto material do tipo?Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
O objeto material, por sua vez, é um pouco menos abstrato do que o objeto jurídico, pois ele é definido dentro de cada norma penal. Se o objeto jurídico é o valor protegido pelo direito, o objeto material, como o nome indica, é a própria coisa ou pessoas atingidas pelo crime.
No caso de ser uma pessoa que foi atingida pelo crime, o objeto material é chamado de “vítima”, pois ela própria é a sofredora da infração de determinada norma. É importante observar que o objeto material não trata de um valor moral ou ético, mas de uma coisa ou pessoa que “protagoniza” o sofrimento do crime.
32. Em que consiste objeto jurídico do tipo? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
O objeto jurídico é o valor que o direito busca proteger e foi violado pela prática do crime em questão. O criminoso não gera o objeto jurídico, ele o viola.
O objetivo da norma penal é proteger os objetos jurídicos ao impor sanções previstas às pessoas que desrespeitarem este objeto.
Muitas pessoas confundem o crime com o objeto jurídico, mas é importante ressaltar que o crime é justamente o que atinge o objeto, e não ele próprio. No caso de um homicídio, por exemplo, o objeto jurídico protegido pela norma penal é a vida – não o homicídio em si.
33. Quando podemos falar em crime doloso e crime culposo? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
Crime Doloso é quando a intenção de matar, exemplo : João matou Marcos para poder pegar o dinheiro de Marcos. 
Crime Culposo é quando não há intenção de matar, exemplo: Maria esbarrou em Glória que acabou caindo em cima de uma faca.
34. Em que consiste o dolo? 
 O termo dolo se encontra diretamente relacionado à ideia de delito.
O dolo é uma ação delitiva de maneira consciente e voluntária. Em outras palavras, um indivíduo age de forma dolosa quando sabe o que está fazendo e conhece as consequências derivadas de sua ação. O dolo significa que uma pessoa quer prejudicar a outra, portanto, não isso faz de forma inconsciente ou involuntária, mas sim com toda intenção.
O dolo leva a um delito e para que seja considerado um caso jurídico deve apresentar dois requisitos básicos: um intelectual e outro volitivo. O requisito intelectual do dolo estabelece que o delinquente saiba de antemão que sua ação delitiva será punida por lei. O requisito ou elemento volitivo estabelece que a pessoa que comete um delito tem vontade de fazer. 
35. Quais as teorias do dolo? Explique cada uma delas. 
As teorias do Dolo se consiste na teoria da vontade , teoria da representação, teoria do consentimento ou assentimento.
Pela teoria da vontade, há dolo direto quando há vontade consciente de querer praticar a infração penal.
Pela teoria da representação, o agente prevê o resultado como possível e ainda assim opta por continuar a conduta (esta teoria abrange tanto o dolo eventual quanto a culpa consciente).
A terceira teoria, por sua vez, prega que há dolo (eventual) quando o agente prevê o resultado como possível e ainda assim continua na prática assumindo o risco de produzi-lo.
O verbo do tipo penal é a ação que se procura evitar ou impor. Portanto, deve-se saber qual foi o verbo realizado. Especificamente no crime de porte de arma, qual é a importância de saber o verbo praticado?
Todo tipo penal possui dentro de sua estrutura, um verbo denominado núcleo do tipo, sendo assim, na descrição da conduta legal, haverá um verbo, que tem a finalidade de mostrar qual a ação que, se praticada, demandará, a princípio, uma responsabilização penal.
Há tipos uninucleares, que possui somente um verbo, como por exemplo, o artigo 121 do CP, que traz o verbo matar. Há também os tipos plurinucleares, que também são denominados de crime de ação múltipla, que possuem, em sua descrição, vários verbos, como por exemplo, o artigo 33 da lei 11.343/06 e o crime de porte de arma, previsto no artigo 14 e 16 da lei 10.826/03.
Um dos pontos que demonstram a importância do núcleo no tipo penal está na teoria Objetivo-Formal, que define o início da tentativa e a autoria do crime.
Quando há vários núcleos no tipo penal, a realização de qualquer um deles configura o crime, não necessitando a realização cumulativa dos verbos. Visto isso, passamos a analisar a importância de saber o núcleo do tipo penal previsto no artigo 14 da lei 10826/06, que também poderá ser aplicado no artigo 16 da referida lei.
No que tange ao porte ilegal de armas, o crime é crime de mão própria, que só pode ser cometido por um único agente, exceto quando a arma está fisicamente disponível a outros indivíduos, o que se denomina composse ou posse/porte compartilhada. 
Mas o porte compartilhado, que configura no concurso de pessoas, se aplicará a todos os verbos?
O crime de porte traz em sua descrição 13 verbos:
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
36. Quais as diferenças entre dolo direto e dolo eventual? 
O dolo direto ou determinado configura-se quando o agente prevê um resultado, dirigindo sua condutana busca de realizá-lo. Já no dolo indireto ou indeterminado, o agente, com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado. O dolo indireto possui suas formas, quais sejam, dolo alternativo e dolo eventual. Alternativo ocorre quando o agente prevê e quer um ou outro dos resultados possíveis da sua conduta, e o eventual, quando a intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém, outro também previsto e consequente possível da sua conduta. A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade. Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. A diferença entre dolo eventual e culpa consciente é tênue. No dolo eventual a pessoa assume o risco. Na culpa consciente, ela sabe do risco, mas, por achar que não produzirá o resultado, ela não assume o risco. 
37. Em que consiste a culpa? 
Primeiramente, é de indispensável importância salientar que para o Código Penal brasileiro a conduta humana só pode ser traduzida em dolosa ou culposa. A culpa é uma exceção, ou seja, ela deve estar expressa no artigo penal, e.g., art. 129, §6º, do diploma repressivo, do contrário a situação fática é atípica, e.g., art. 155 do Código Penal, não é possível o furto culposo, se ocorrer não há crime pela atipicidade do fato. A conduta culposa pode derivar tanto de atos omissivos quanto comissivos. O que realmente vai interferir é a vontade do agente na ação ou omissão. Para configurar o crime culposo é preciso que o agente não tenha agido com o dever de cuidado que lhe era exigido. Não é raro que dois veículos colidem por um breve momento de desatenção da pessoa, a falta do dever de cuidado. 
38. Explique quais as formas de culpa por imprudência, negligência e imperícia. Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
A imprudência e a imperícia são exemplos de procedimentos comissivos, ou seja, que acontecem como consequência de um ato. No primeiro caso, o dano resulta de uma prática feita sem a esperada precaução. No segundo, isso acontece sem a competência técnica exigida. Já a negligência é diferente. Ela ocorre em razão de uma omissão, de um modo de agir previsto pelo senso comum ou pela lei que não é efetivada. 
Exemplos práticos: 
Negligente é a pessoa responsável por cuidar de uma situação, mas que deixa de cumprir essa missão: um motorista atropelou uma pessoa e descobre-se que o acidente teve como causa os freios do veículo, que não passaram por manutenção. Esse condutor não planejou atingir a vítima, mas é de conhecimento público que os serviços mecânicos preventivos têm de ser realizados periodicamente. Por isso, ele é enquadrado na negligência. Outro exemplo é um trabalhador deixar de utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mesmo sabendo dos riscos, em uma obra. Dessa forma, ao se envolver em um acidente e se ferir gravemente, o colaborador foi negligente ao dispensar o uso obrigatório das proteções. Também seria negligente uma babá que permitisse que uma criança pequena brincava na cozinha com panelas quentes sobre o fogão sem um adulto por perto. Ela assume um risco, não por meio de uma realização, e sim por uma ausência de atitude. 
Já na imprudência, o erro é gerado por uma ação mediante a total consciência sobre o perigo, como dar marcha a ré sem olhar para o retrovisor, ultrapassar o semáforo vermelho em um cruzamento. 
Por último, na imperícia, um indivíduo pratica algo que é exclusivo para profissionais com a devida formação técnica, acadêmica ou com certo grau mínimo de experiência no assunto. Geralmente essa variante está ligada às atividades de trabalho. Exemplo: um clínico geral que realiza uma cirurgia plástica sem a capacitação nessa especialidade médica e acaba deformando um paciente. 
39. Quais as diferenças entre culpa inconsciente e culpa consciente? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com a sua habilidade. Na culpa inconsciente, o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. 
Exemplo de culpa consciente 
Um motorista está dirigindo em alta velocidade. Ele vê um pedestre atravessando a rua correndo, em sua frente. Ele sabe que poderá atropelar a pessoa, mas acredita que o pedestre conseguirá atravessar. Porém, acaba não dando tempo e o agente atropela o pedestre. Nesse caso, apesar de prever o resultado, o agente realmente acha que ele não aconteceria. 
Exemplo de culpa inconsciente 
O agente está dirigindo em alta velocidade próximo de uma escola. Por não prever que alguém fosse passar naquele momento, não diminui sua velocidade e acaba por atropelar uma criança. Nesse caso, apesar de ser previsível que uma criança pudesse atravessar a rua, ele não previu que isso aconteceria. Por imprudência, acabou por atropelar a vítima. 
40. Qual a diferença entre culpa consciente e dolo eventual? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
A maior diferença entre dolo eventual e culpa consciente: No dolo eventual, apesar de o sujeito não desejar o resultado danoso, prevê e aceita a possibilidade do resultado. Na culpa consciente, o agente prevê a possibilidade do resultado danoso, mas acredita sinceramente que não irá acontecer. 
Exemplo de dolo eventual 
Uma pessoa achou um relógio na praia, e o pegou para si. Ela sabe que aquele relógio pode ter sido perdido, ou pode ser de um banhista que está na água, mas ela o pega mesmo assim. 
O agente então assume o risco desse relógio ser de alguém, aceitando a possibilidade de cometer furto, apesar de não querer que seja. 
Exemplo de culpa consciente :
Um motorista está dirigindo em alta velocidade. Ele vê um pedestre atravessando a rua correndo, em sua frente. Ele sabe que poderá atropelar a pessoa, mas acredita que o pedestre conseguirá atravessar.
41. Em que consiste o caráter ordinário do crime doloso e o caráter extraordinário do crime culposo? 
Crimes dolosos 
DOLO: art. 18, I, do CP: “Diz-se o crime doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. 
Tipo = tipo subjetivo + tipo objetivo 
O dolo é o elemento subjetivo geral do tipo, compõe o tipo subjetivo. 
Dolo, como resolução delitiva, é saber e querer a realização to tipo objetivo de um delito. 
ELEMENTOS: 
a) consciência da conduta e do resultado (elemento cognitivo) 
b) consciência do nexo causal (elemento cognitivo); 
c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (elemento volitivo) OBS.: O DOLO DEVE ABRANGER OS ELEMENTOS DA FIGURA TÍPICA . Abrange o fim visado pelo agente, os meios empregados e as consequências necessárias. 
TIPOS DE DOLO: 
DIRETO x INDIRETO (alternativo ou eventual). 
DOLO ALTERNATIVO : a vontade se dirige a um ou outro resultado. Ex. ferir ou matar. 
DOLO EVENTUAL: o sujeito não quer o resultado, mas aceita o risco de produzi-lo, ou seja, não se importa se ele ocorrer. 
Ex.: X atira granada para matar Y, em momento em que este está em um bar, no qual há outras pessoas. 
Crimes culposos 
Art. 18, II: “Diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia” 
- imprudência: prática de um fato perigoso. Ex.: dirigir embriagado 
- negligência: omissão, ausência de precaução. Ex.: deixar arma carregada ao alcance de criança. 
- imperícia: falta de aptidão ou capacidade para o exercício de arte ou profissão. Ex.: médico que comete erro grosseiro. 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO CULPOSO 
a) conduta humana voluntária 
b) resultado involuntário 
c) nexo de causalidade 
d) tipicidade 
e) inobservância do cuidado objetivo manifestada através da imprudência, negligência ou imperícia 
f) previsibilidade objetiva 
g) ausência de previsão 
- inobservância do cuidado objetivo : 
VIDA EM SOCIEDADE – DEVER DE NÃO CAUSAR DANOS AOS OUTROS – CUIDADO OBJETIVO NECESSÁRIO. 
A conduta mostra-se típica a partir do momento em que alguém deixa de observar o cuidadoobjetivo necessário nas relações com outras pessoas. 
O elemento decisivo da ilicitude não reside no fim, como ocorre nos crimes dolosos, mas no desvalor da ação que praticou. 
EXEMPLO: SUJEITO QUE, PARA IR À MISSA DOMINGUEIRA, DIRIGE VELOZMENTE E ATROPELA UM PEDESTRE 
- previsibilidade objetiva : possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava. 
- ausência de previsão: é necessário que o sujeito não tenha previsto o resultado. Se previu, o crime é doloso. 
Obs.1: A tipicidade, nos crimes culposos determina-se através da comparação entre a conduta do agente e o comportamento presumível que, nas circunstâncias, teria uma pessoa de discernimento e prudência ordinários. 
Obs.2: Nos crimes culposos, a ação não está descrita como nos dolosos. Os tipos são abertos,pois necessitam de complementação de outra norma de caráter geral. 
Obs.3: A conduta dolosa é mais perigosa – deve ser punida mais gravemente – do que a culposa. O desvalor da ação dolosa é maior que o desvalor da ação culposa. 
ESPÉCIES DE CULPA 
- culpa inconsciente: é a culpa comum, cujo resultado não é previsto pelo sujeito. 
- culpa consciente: é a chamada culpa com previsão. O resultado é previsto pelo sujeito, que confia em poder evitá-lo. 
- culpa própria: é a comum, em que o resultado não é previsto, embora seja previsível. 
- culpa imprópria: também chamada de “culpa por equiparação”. Nela, o resultado.
 42. Em que consiste o crime preterdoloso? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
Crimes preterdolosos 
São aqueles em que a conduta produz um resultado mais grave do que o pretendido 
Pelo sujeito. São crimes mistos, vez que há uma combinação de dolo e culpa. A conduta inicial é dolosa, enquanto o resultado final dela advindo é culposo. Há dolo no antecedente e culpa no consequente. Ex.: art. 129, par. 3º., do CP. 
O exemplo clássico é o da lesão corporal seguida de morte, em que o agente dá um soco na vítima, qu e, durante a queda, bate a cabeça no chão e morre. Nota -se que o agente realiza a conduta com a intenção de ferir (animus laedendi), sobrevindo, por culpa, a morte da vítima.
43.Qual diferença entre crime consumado e crime exaurido? Justifique detalhadamente sua resposta. 
Considera-se crime consumado a realização do tipo penal por inteiro, nele encerrando o iter criminis. 
Ex: considera consumado o latrocínio com a morte da vítima, mesmo que a subtração seja tentada.
Diz-se crime exaurido (ou esgotado plenamente) os acontecimentos posteriores ao término do iter criminis , ou seja, quando o agente vem a alcançar o fim pretendido, além do resultado que consuma o crime. 
Ex : TENTATIVA DE FURTO
44. O que significa iter criminis? Quais as suas fases? 
Iter criminis – O iter criminis só pode acontecer nos crimes dolosos 
Significa o caminho do crime. Esse caminho é composto pela cogitação, preparação, execução, consumação e exaurimento do crime puníveis. 
Cogitação – Fase interna, o agente defini sua conduta. ( impunível ) 
Preparação – O agente escolhe os meios para alcançar o resultado pretendido, ele começa a se preparar para iniciar a execução. ( impunível ) 
Execução – O agente inicia a conduta criminosa. Podem ocorrer duas situações na execução : 
- O agente consuma o fato. ( consumação ) 
- O agente não chega a consumar o fato por circunstâncias alheias a sua vontade. ( tentativa ou crime tentado ) 
Consumação – Consuma-se, quando se reúnem todos os elementos do fato típico, de sua definição legal. 
Tentativa – É uma norma de extensão. “ Quero prosseguir, mas não consigo “ 
Para que haja tentativa, são necessários 3 requisitos: 
- conduta dolosa; 
- prática de atos de execução; 
- não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
Não existe dolo na tentativa, e sim na conduta executória, pois o agente não age com o objetivo de tentar, mas de consumar, conseguir o resultado. 
Teoria subjetiva: não há transição dos atos preparatórios para os atos executórios. O que interessa é o plano interno do autor, a vontade criminosa, existente em quaisquer dos atos que compõe o iter criminis, logo, tanto a fase da preparação como a fase da execução importam na punição do agente.
Teoria objetiva: os atos executórios dependem do início de realização do tipo penal, o agente não pode ser punido pelo seu mero querer interno, é imprescindível a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a produção do resultado lesivo.
45. No iter criminis apresente exemplos de: cogitação, atos preparatórios e atos de execução e consumação? 
Cogitação: Na cogitação não existe ainda a preparação do crime, o autor apenas mentalizar, planeja em sua mente como vai ele praticar o delito, nesta etapa não existe a punição do agente, pois o fato dele pensar em fazer o crime não configura ainda um fato típico e antijurídico pela lei, sendo irrelevante para o direito penal.
Preparação: É o caso por exemplo do agente comprar uma arma de fogo, para a prática futura de um crime de homicídio.
Execução: Que admite variadas formas para a prática da conduta típica, como o homicídio, cometido por golpes de faca, disparo de arma de fogo, envenenamento, esganadura etc.
46. Quais são os elemento e requisitos da tentativa? Justifique detalhadamente sua resposta. 
A definição da tentativa está descrita no artigo 14, inciso II do Código Penal, descrevendo que tentativa é o início de execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
A tentativa é também conhecida por outros rótulos: conatus, crime imperfeito e, na preferência de Eugenio Zaffaroni crime incompleto.[1]
A estrutura da tentativa é composta de três elementos: (I) início da execução do crime; (II) ausência da consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente; e (III) dolo de consumação.
A norma que define a tentativa é de extensão ou de ampliação da conduta. A adequação típica de um crime tentado é de subordinação mediata, ampliada ou por extensão, já que a conduta humana não se engloba prontamente na lei penal incriminadora, reclamando-se, para complementar a tipicidade, a interposição do dispositivo contido no artigo 14, inciso II do Código Penal. Opera-se uma ampliação temporal da figura típica.
O artigo 14, inciso II do Código Penal, não tem autonomia, pois não há tentativa por si só. Sua aplicação requer a realização de um tipo incriminador, previsto na legislação penal especial ou na parte Especial do Código Penal.
II. NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de norma de extensão temporal da figura típica, causadora da adequação típica mediata ou indireta. Exemplos de normas de extensão são os artigos 29 e 13, §2º ambos do Código Penal.[2]
III. TEORIAS SOBRE A PUNIBILIDADE DA TENTATIVA
Sobre a punibilidade da tentativa, existem quatro teorias[3], a começar pela Teoria Subjetiva, Voluntarista ou Monista que ocupa-se privativamente com a vontade criminosa, que pode aparecer tanto na fase dos atos preparatórios, como também durante a execução. Essa teoria é adotada pelo Código Penal, nos casos dos crimes de atentado ou de empreendimento, artigo 352 do Código Penal.
A segunda teoria é a Sintomática, com ideologia baseada pela Escola Positivista de Ferri, Garofalo e Lombroso. Essa teoria estende a possibilidade de aplicação de pena para a tentativa, pois possibilita a punição dos atos preparatórios, porque a mera manifestação de periculosidade já pode ser considerada como tentativa, em consonância com a finalidade preventiva da pena.[4]
A terceira teoria é a Objetiva, Realística ou Dualista, em que a tentativa é punida em face do perigo proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal. A regra é o artigo 14 parágrafo único do Código Penal.
A quarta e última teoria é da Impressão ou Objetivo-subjetiva, teoria está mencionada pelo Zaffaroni que entende que a punibilidade da tentativa só é admissível quando a atuação da vontade ilícita do agente seja adequada para comover a confiança na vigência do ordenamento normativo e o sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da condutacriminosa.[5]
O instituto da tentativa existente na teoria geral do crime constitui-se em uma causa compulsória de diminuição de pena, incidindo na terceira fase de aplicação da pena privativa de liberdade. A autonomia do magistrado repousa unicamente no quantum da diminuição, sempre entre os limites legais, de 1 a 2/3, de acordo com a menor ou maior proximidade da consumação. (Distância percorrida do iter criminis).
IV. ESPÉCIES DE TENTATIVA
São espécies de tentativa:[6]
A Tentativa Branca ou Incruenta acontece quando o objeto material não é atingido pela conduta criminosa. Ocorre quando a vítima saiu ilesa. Exemplo: “A” efetuar disparos de arma de fogo contra “B”, sem acertá-lo.
A Tentativa Cruenta ou Vermelha incide quando o objeto material é alcançado pela atuação do agente. Acontece quando a vítima sofre o dano. Exemplo: “A”, com intenção de matar, atira em “B”, provocando-lhe ferimentos, contudo a vítima é socorrida e sobrevive.
A Tentativa Perfeita, Acabada ou Crime Falho é quando o agente esgota todos os meios executórios que estavam à disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: “A” dispara contra “B” todos os cartuchos do tambor do seu revólver, com a intenção de matá-lo, porém a vítima é prontamente socorrida e sobrevive.
A Tentativa Imperfeita, Inacabada ou Tentativa Propriamente Dita é quando o agente inicia a execução sem utilizar todos os meios que tinha ao seu dispor, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: “A”, com o propósito de matar “B”, sai a sua procura, portando um revolver municiado com oito cartuchos. Ao encontrá-lo, efetua dois disparos, atingindo-o. Quando, contudo, iria efetuar outros disparos, é pego pela Polícia. A vítima é socorrida e sobrevive.
Observa-se que a importância prática desta distinção entre as espécies de tentativa reside na fixação da pena, eis que na tentativa perfeita a pena será maior, pois esta é a que mais se aproxima do resultado pretendido pelo agente.
V. TENTATIVA E CRIMES DE ÍMPETO
Estes crimes acontecem sem premeditação, como decorrência de reação emocional repentina. Existem teorias no sentido de que o ímpeto do agente afasta a viabilidade de análise do iter criminis, porque a sua atuação repentina impossibilita o fracionamento dos atos executórios.[7]
Veja-se o exemplo do homem que, ao chegar em casa, encontra sua esposa mantendo relações sexuais com terceira pessoa. Revoltado, saca uma arma de fogo e efetua disparos contra a adúltera, não a acertando, embora desejasse matá-la. Para aqueles que não aceitam a tentativa nos crimes de ímpeto, seria impossível estabelecer, no plano concreto, se o traído não matou sua mulher por erro na pontaria ou pelo fato de não desejar alvejá-la efetivamente.
Existem posições pela inadmissibilidade da tentativa nos crimes com dolo eventual, com fundamento na redação do artigo 14, II do Código Penal: se o legislador definiu o crime tentado como aquele em que, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente, limitou o instituto ao dolo direto, para o qual adotou a teoria da vontade (artigo 18, I, 1° parte do Código Penal), excluindo-a do alcance do dolo eventual, em que se acolheu a teoria do consentimento ou do assentimento.[8]
Nelson Hungria entende que:
Não se deve levar para a doutrina do dolo e da tentativa o que apenas representa a solução de uma dificuldade prática no terreno da prova. A tentativa tanto existe nos crimes de ímpeto, quanto nos crimes refletidos. É tudo uma questão de prova (...). Se se verifica, em face das circunstâncias, que, nada obstante a instantaneidade da resolução, o agente, empregando os meios que empregou, ou por sua atitude, teve a consciência de que, com a sua ação, podia atingir o evento típico do crime, não há outra solução, na hipótese de não superveniência de tal evento, senão a de imputar-lhe o fato a título de tentativa.[9]
 Existe tentativa nos crimes de ímpeto, pois a dificuldade de prova do início da execução de um crime que não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente é questão de natureza processual, em nada interferindo na tipicidade do fato.
VI. INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA
A regra é a compatibilidade dos crimes com o conatus, mas algumas espécies de infrações penais, todavia, não admitem a tentativa. Vejamos:[10]
Nos crimes culposos o resultado naturalístico é involuntário, contrário a intenção do agente, o que inviabiliza que o delito não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Essa regra é excepcionada na culpa imprópria, está que deriva das descriminantes putativas por erro de tipo vencível. Na culpa imprópria o agente quis praticar um crime doloso, mas porque pensava agir amparado por uma excludente de ilicitude, além de incorrer em erro de tipo permissivo.
Nos crimes preterdolosos o resultado agravador é culposo, não desejado pelo agente. Por esse motivo não se compactuam com a tentativa. Exemplo é o crime de lesão corporal seguida de morte, quando se verifica o resultado agravador, pois caso contrário, o agente responde somente pelas lesões corporais dolosamente praticadas.
Nos crimes unissubsistentes não é possível a divisão do inter criminis, é inadmissível a tentativa. Exemplo é o desacato (artigo 331 do Cóigo Penal).
Os crimes omissivos próprios ou puros ingressam no grupo dos crimes unissubsistentes. Em uma omissão de socorro (artigo 135 do Código Penal), o sujeito pode: ou prestar assistência a vítima, e não há crime, ou deixar de prestá-la, e o crime estará consumado. Importante lembrar, que os crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, admitem a tentativa.
As contravenções penais não admitem o instituto da tentativa por expressa previsão legal (artigo 4° da Lei de Contravenções Penais).
Os crimes de atentado ou de empreendimento não há o que se falar em tentativa, uma vez que a figura tentada recebe igual pena destinada ao crime consumado.É o que se dá, por exemplo, no delito tipificado pelo artigo 352 do Código Penal – “evadir-se ou tentar evadir-se”.
Os crimes de perigo abstrato também se amoldam no quadro dos crimes unissubsistentes. No porte ilegal de arma de fogo, ou o agente porta a arma de fogo em situação irregular, e o crime estará consumado , ou não o faz, e o fato será atípico. Os crimes de perigo concreto, por sua vez, comportam a tentativa.
Os crimes condicionados são aqueles cuja punibilidade está sujeita à produção de um resultado legalmente exigido, tal qual a participação em suicídio, em que há punição se resultar morte ou lesão corporal de natureza grave.
Os crimes subordinados a condição objetiva de punibilidade, é o caso de que se o próprio crime completo não é punível caso não haja aquela condição, muito menos o será na sua forma tentada. Exemplo Lei n° 11.101/2005 – Lei de Falências, artigo 180.
Crimes com tipo penal composto de condutas amplamente abrangentes, em que no caso concreto é impossível dissociar a tentativa da consumação. Exemplo é o crime de parcelamento ou desmembramento irregular do solo para fins urbanos, tipificado pelo artigo 50, inciso I da Lei 6.766/1979.
Os crimes habituais são aqueles compostos pela reiteração de atos que demonstram um estilo de vida do agente. Cada ato, isoladamente considerado, representa um indiferente penal. É o caso do curandeirismo, art 284, I do Código Penal, em que o ato de prescrever , uma única vez, qualquer substância, é conduta atípica, pois a lei reclama a habitualidade. Mas há entendimentos minoritários no sentido de se admitir, ao menos excepcionalmente, a figura da tentativa nos crimes habituais.
Os crimes materiais, formais e de mera conduta admitem a tentativa, desde que sejam plurissubsistentes, isto é são aqueles cuja conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que se somam para alcançar a consumação. É o caso do crime de homicídio praticado por diversos golpes. É possível a tentativa justamente em virtude da pluralidade de atos executórios.
 
47. Quais são as espéciesou as formas da tentativa? 
As formas de de tentativa são divididas em quatro espécies diferentes : Branca, vermelha, perfeita e imperfeita.
48. Quais as infrações que não admitem tentativa? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
Contravenções penais (art. 4º, da LCP) que estabelece não ser punível a tentativa.
Crimes culposos nos tipos culposos, existe uma conduta negligente, mas não uma vontade finalisticamente dirigida ao resultado incriminado na lei. Não se pode tentar aquilo que não se tem vontade livre e consciente, ou seja, sem que haja dolo.
Crimes habituais são aqueles que exigem uma reiteração de condutas para que o crime seja consumado. Cada conduta isolada é um indiferente para o Direito Penal.
Crimes omissivos próprios o crime estará consumado no exato momento da omissão. Não se pode admitir um meio termo, ou seja, o sujeito se omite ou não se omite, mas não há como tentar omitir-se. No momento em que ele devia agir e não age, o crime estará consumado.
Crimes unissubsistentes são aqueles em que não se pode fracionar a conduta. Ou ela não é praticada ou é praticada em sua totalidade. Deve-se ter um grande cuidado para não confundir esses crimes com os formais e de mera conduta, os quais podem ou não admitir a tentativa, o que fará com que se afirme uma coisa ou outra é saber se eles são ou não unissubsistentes.
Crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Ex. lesão corporal seguida de morte. Havendo culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa.
Crimes de atentado são aqueles em que a própria tentativa já é punida com a pena do crime consumado, pois ela está descrita no tipo penal. Ex. art. 352 do CP evadir-se ou tentar evadir-se.
49. Quais as diferenças entre tentativa, desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos. 
A desistência voluntária ocorre quando o agente não dá prosseguimento à execução da infração penal por sua própria vontade, ou seja, o agente inicia a prática do delito, que somente não se consuma, porque ele desistiu da ação, que poderia ter continuado com os atos executórios, mas não o fez. Na desistência voluntária o agente, embora tenha iniciado a execução, não a leva adiante, desistindo da realização típica.
Ex.: sujeito que ingressa na casa da vítima e desiste da subtração que pretendia efetuar; sujeito que efetua apenas um disparo, havendo mais munição, e desiste na ação criminosa.
Necessário, portanto, que a desistência seja voluntária, ou seja, que o agente não tenha sido coagido, moral ou materialmente, à interrupção do iter criminis. Ocorre quando a desistência não é forçada por outros elementos circunstanciais. No entanto, não é preciso que a desistência seja espontânea, sendo que mesmo que o agente renuncie à prática da infração porque terceiro, ou a vítima implorou, a desistência voluntária estará configurada.
Não há desistência voluntária se o agente, após ter iniciado o delito, percebe os riscos que assumirá caso prossiga em seu intento e, pressentindo a impossibilidade do êxito da empreitada criminosa, conclui que não tem outra alternativa senão fugir.Nesse caso, haverá tentativa e não desistência. Posto isto, percebe-se que a tentativa difere-se da desistência, pois naquela o agente quer prosseguir, mas não pode por circunstâncias alheias à sua vontade.
Assim, segundo o art. 15 do Código Penal, “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”. Ex.: agente desiste voluntariamente de matar a vítima, e responde apenas pelas lesões corporais que causou ou por periclitação à vida.
Entende-se, majoritariamente, que mesmo que o agente desista de praticar a infração penal apenas daquele momento, mas pretenda dar continuação à execução em outra época, haverá desistência voluntária. Porém, deve-se ressaltar que a suspensão da execução não se confunde com pausa na execução, que ocorre, por exemplo, quando o agente inicia o arrombamento da porta de uma casa e para enquanto o segurança noturno passa, sendo que se for pego neste ínterim, responderá por tentativa de furto.
Arrependimento Eficaz
O agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha, necessários e suficientes para a obtenção do resultado, arrepende-se e evita que o mesmo aconteça. Assim, o agente pratica nova atividade para evitar que o resultado ocorra. Também não é necessário que o arrependimento seja espontâneo, bastando que seja voluntário (atuação livre). O êxito da atividade impeditiva do resultado é indispensável. Caso contrário, não será eficaz.
Ex.: sujeito ministra antídoto à pessoa envenenada e esta se salva.
Ressalta-se, porém, que o arrependimento deve ser eficaz (eficiente), posto que mesmo que o agente se arrependa de seus atos, mas não consiga evitar o resultado, não haverá o benefício. Neste caso, pode o agente beneficiar-se apenas na fixação da pena, prevista no art. 59 do CP. Também não há que se falar em arrependimento eficaz se ocorreu a consumação, mesmo que, para tanto, a vítima contribua. Ex: a vítima de um envenenamento se recusa a tomar o antídoto fornecido pelo envenenado e morre.
No arrependimento eficaz o agente responderá somente pelos atos já praticados, se estes forem típicos (ex: lesões corporais, violação de domicílio se o agente se arrepende eficientemente de cometer roubo, etc).
Natureza jurídica
Existem três entendimentos quanto à natureza do arrependimento posterior:
a) causa de exclusão de tipicidade: quando há desistência voluntária do agente em não consumar a infração penal, diz-se que sua conduta não tipifica crime;
b) causa de exclusão da culpabilidade: tendo em vista que o agente desistiu da execução do crime, não deve ele ser responsabilizado pelo delito principal, e sim pelos atos que já se concretizaram;
c) causa pessoal de exclusão da punibilidade: segundo este entendimento não se pode excluir a tipicidade do delito, já que o agente iniciou a sua execução, que apenas não se consumou pela sua desistência voluntária. Sendo assim, afasta-se somente a possibilidade do agente ser punido.
Desistência (arrependimento) e tentativa
Tanto no arrependimento eficaz quanto na desistência voluntária o agente cessa a execução do delito, ou impede a sua consumação, porque não deseja mais a obtenção de seu resultado. Já na tentativa o agente deseja atingir o resultado do crime, que só não é alcançado por circunstâncias alheias à vontade do mesmo. A desistência voluntária e arrependimento eficaz são hipóteses da denominada tentativa qualificada, na qual o agente só responde pelos atos já consumados.
Arrependimento Posterior
O arrependimento posterior ocorre depois da consumação do delito, nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, hipótese em que a pena será reduzida de um a dois terços (art. 16 do CP).
O arrependimento posterior atinge não só os crimes contra o patrimônio, como todos os demais em que ocorra prejuízo material à vítima (ex: peculato doloso). Porém, não se aplica aos crimes em que não haja lesão patrimonial direta (ex.: lesões corporais culposas quando o agente repara o dano patrimonial ao ofendido).
Requisitos
a)Crimes sem violência ou grave ameaça: porém, quando a lesão patrimonial for praticada com violência culposa, admite-se a redução da pena. Sendo assim, mesmo que não haja lesão patrimonial a redução da pena é possível quando houver a restituição da coisa ou ressarcimento do dano. Porém, não se admite o benefício para os casos de violência presumida, que acontece em crimes dolosos por vontade do agente. Também não ocorre a redução da pena nas hipóteses de violência imprópria, em que há redução da capacidade de resistência da vítima por meios indiretos;
b) reparação do dano ou restituição da coisa: a reparação ou restituição deve ser integral, posto que se parcial inaplicável o benefícioao agente. Porém, na maioria dos casos, é a vítima quem decide se a reparação/restituição são completas (quando o agente devolver o carro sem o rádio, p. ex.), sendo que somente em situações extremas é que o juiz interferirá não aceitando o arrependimento (ex.:o agente devolve apenas o rádio do carro, e a vítima se dá por satisfeita). Entretanto, há entendimento de que a restituição ou reparação parcial ensejam uma diminuição menor da pena;
c) necessidade de existência de efeito patrimonial: de acordo com o art. 16 do Código Penal, o arrependimento posterior só é possível em crimes patrimoniais ou com efeitos patrimoniais (peculato doloso, p.ex.). Porém, há autores com opinião diversa, que consideram ser a redução alcançável em todas as espécies de crimes em que não haja violência ou grave ameaça contra pessoa. Além disso, quando o ofendido recusar-se a receber a coisa restituída, pode o acusado valer-se da ação em consignação em pagamento para desobrigar-se ou entregar a coisa à autoridade policial, que lavrará auto de apreensão;
d) voluntariedade na reparação ou restituição: a restituição/reparação deve ser feita pelo agente de modo voluntário, mesmo que ele não esteja realmente arrependido de seus atos (ex.: reparação por receio de condenação, ou até mesmo visando apenas essa diminuição de pena, ou convencido por terceiros a restituir a coisa). Assim, a devolução da coisa ou reparação deve ser feita pessoalmente pelo agente, ou por outra pessoa, em caso de extrema necessidade comprovada, pois um dos requisitos para a concessão do benefício é que o ato seja voluntário;
e) limite temporal: o agente deve reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa, posto que se o fizer posteriormente, acarretará apenas aplicação de atenuante genérica prevista no art. 65, III, “b”, do CP. Ademais, a reparação feita por um dos acusados não se aproveita aos demais, uma vez que há necessidade de voluntariedade, embora haja entendimento contrário. Além disso, para a diminuição da pena considera-se a espontaneidade do agente e a celeridade na reparação do dano ou restituição da coisa.
50. Qual a diferença entre crime impossível e tentativa? Justifique sua resposta citando inclusive exemplos.
A tentativa está prevista em nosso Código Penal, mais precisamente, no artigo 14 inciso II do referido código: 
 Art. 14 – Diz-se o crime: 
 Tentativa 
 II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
 Pena de tentativa 
 Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (CP, DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940).
Ex: o se alguém com intenção de matar, desferiu vários tiros em uma pessoa e mesmo assim não a consegue matar, não há conduta típica. O artigo 121 em seu caput só diz matar alguém, se não houvesse o artigo 14 inciso II do CP não haveria punição para essa conduta hipotética, mas, ao se deparar com essa situação o magistrado deverá aplicar a pena do homicídio que é de 06 a 20 anos diminuída de 1/3 a 2/3, ficando a sua fundamentação na sentença (art. 121 c/c art. 14 inc. II).
A tentativa conforme a doutrina se divide em tentativa perfeita, imperfeita, cruenta ou incruenta.
Crime impossível, nos termos do art. 17 do Código Penal, é o que se verifica quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, jamais ocorrerá a consumação. Tal instituto funciona como causa excludente da tipicidade, pois o bem jurídico não sofre risco algum, logo não há punição.
Crime impossível, que é quando o crime não pode ser consumado, seja porque o meio usado para cometê-lo é completamente ineficaz, ou porque é impossível usar tal meio para alcançar tal objetivo (por exemplo, alguém que tenta roubar a vítima usando uma flor como arma), ou o objeto do crime é impróprio (por exemplo, alguém que tenta matar um fantasma). Por exemplo, se antes de começar a fazer a matéria na qual tentará mostrar como é fácil subornar determinado servidor, o jornalista registra seu plano em cartório e envia uma carta registrada à polícia identificando-se, explicando o que irá fazer, e dizendo onde irá praticar o ‘crime’, ou se convida a polícia a presenciar suas ações, ele estará impossibilitando que seu crime seja concluído
Observa-se, assim, que o crime impossível guarda afinidade com a tentativa: em ambos o agente inicia, em seu plano interno, a execução da conduta criminosa que não alcança a consumação.
Entretanto, há uma diferença bastante nítida: na tentativa é, em tese, possível a consumação, a qual somente não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, enquanto que no crime impossível a consumação nunca pode ocorrer, seja em razão da ineficácia absoluta do meio, seja por causa da impropriedade absoluta do objeto.

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