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A Química forense é responsável pelo apoio científico nas investigações de crimes inexplicados, ela pode ser usada por exemplo na realização de análises voltadas à identificação e constituição dos elementos como: análises de disparos de armas de fogo, adulterações em veículos, revelação de impressões digitais, identificação de sangue em locais de crime, constatação de substâncias entorpecentes. A utilização da prática forense na investigação criminal é muito antiga, alguns relatos da literatura dizem que a China foi o berço dessa prática, no século VII, durante a dinastia Tang, Ti Yen Chieh. Já no século XIII, também na China, foi publicado um livro com explicações de como realizar o reconhecimento de sinais de afogamento, pela presença de água nos pulmões, e estrangulamento, pela partição da cartilagem do pescoço, ou explicações de como feridas podiam revelar o tipo e o tamanho da arma utilizada no crime. O químico belga Jean Servais Stas (1813 – 1891), foi chamado para ajudar em uma resolução de crime pois ele era líder no país quando se tratava de seus experimentos sobre determinação de venenos vegetais no corpo humano. No crime ele conseguiu identificar a presença de nicotina nos órgãos da vítima e definir a causa da morte por envenenamento. Em 1863, o químico Christian Friedrich Schönbein desenvolveu um método de identificação de sangue humano, ao adicionar peróxido de hidrogênio em manchas de sangue o local era tomado por uma espécie de espuma. O químico britânico James Marsh (1794– 1846) foi pioneiro nas pesquisas em relação a identificação de arsênio no corpo humano, através do Aparato de Marsh (hoje em dia, o Teste de Mash) que consiste em: obtida a amostra a ser analisada, deve-se colocá-la em contato com zinco metálico puro e ácido sulfúrico. Caso a amostra contenha arsênio, ele irá ser reduzido pelo zinco: As2O3 + 6Zn + 6H+ k 2As3- + 6Zn2+ + 3H2O Os íons As3– resultantes da reação química acima se combinam com os íons hidrogênio do ácido sulfúrico, formando de um gás chamado arsina (AsH3): A arsina é decomposta por ação do calor, acarretando na formação de um filme prateado escuro de arsênio e gás hidrogênio. A determinação da quantidade do veneno está relacionada com o tamanho do espelho formado. Em 1835, Henry Goddard utilizou as marcas de bala encontradas no corpo de um homem para localizar o seu assassino. Ele analisou que a bala possuía uma marcação e por meio dessa evidência foi possível encontrar o criminoso. Atualmente essa prática é muito utilizada nas investigações criminais pelos padrões de estrias de cada arma. O avanço da ciência, especificamente o aprimoramento das técnicas analíticas, permitiu o desenvolvimento dos equipamentos, métodos e técnicas que são fundamentais à Química Forense. O combate ao crime conta com o auxílio de várias áreas científicas na análise das cenas que os compõem. Os vestígios achados devem ser analisados e avaliados pelos peritos e, assim que possível, identificados para um melhor entendimento do acontecido. Quando, para o entendimento de um crime, for necessária a determinação da presença ou ausência de alguma substância ou mesmo a determinação de sua natureza, torna-se imprescindível a utilização de métodos químicos de análise. Existem inúmeros métodos e práticas utilizadas pelos químicos forenses, e elas irão variar de acordo com a situação do crime. As principais análises realizadas pela Química Forense são: análise de resíduos de armas de fogo, análise de manchas de sangue, identificação de adulteração em veículos e vários outros exames que serão descritos ao longo deste conteúdo. A Biologia Molecular é responsável por estudar a estrutura e da função do material genético e também dos produtos gerados na expressão, as proteínas. O DNA pode ser utilizado na área forense e diversos aspectos, os principais são: -Para demonstrar a culpa de criminosos; -Na exoneração dos inocentes; -Na identificação de corpos e restos humanos em desastres; -Na determinação de paternidade; -Na elucidação de trocas de bebês em berçários; -Na detecção de substituições e erros de rotulação em laboratórios de patologia clínica; -Na distinção de crimes isolados e crimes em série; O DNA apresenta várias características que permitem que ele seja utilizado na investigação criminal. As mais importantes são: -Apresenta alta estabilidade; -Apresenta alto potencial discriminatório; -Está presente em todas as células nucleadas do organismo humano, facilitando a obtenção do mesmo; -É uma molécula resistente a fatores ambientais. Ele pode ser obtido de diversos espécimes biológicos, dentre eles, amostras de sangue, ossos, sêmen, cabelos, dentes, unhas, saliva, urina e etc., que estejam presentes na cena do crime. As técnicas de identificação baseadas no DNA são chamadas de DNA fingerprint ou perfil de DNA, que se baseia na ideia que os únicos indivíduos que possuem cópias idênticas do genoma, são os gêmeos univitelinos, de resto cada indivíduo é único com seu próprio DNA. Essa individualidades existem graças aos polimorfismos, também chamados de marcadores genéticos, que diferem os membros da população. Dentre os marcadores genéticos mais utilizados, estão os seguintes: VNTRs ou Minissatélites: VNTR significa “número variável de repetições em tandem”. Do inglês variable number of tandem repeats são polimorfismos de DNA que consistem em uma série de comprimento de repetições de fragmentos de DNA. A importância justifica-se no fato de que seja provável que não existam dois indivíduos aparentados com o mesmo genótipo. STRs ou microssatélites: Do inglês short tandem repeats ou “repetições curtas em tandem”, são polimorfismos de até 200pb que apresentam grande importância na identificação humana por serem muito abundantes no genoma humano. Marcadores bialélicos: São exemplos de marcadores bialélicos: Os SNPs (polimorfismos de substituição de nucleotídeos únicos - single nucleotide polymorphisms); Os polimorfismos de inserção ou deleção de um ou mais nucleotídeos (polimorfismos de inserção – deleção;ins/del). Ambos apresentam vantagem de poderem ser estudados em produtos de amplificação muito curtos (50 pb ou menos) Os ins/del são muito mais fáceis de serem tipados porque seus alelos diferem somente no tamanho. As principais técnicas moleculares utilizadas na identificação de DNA, ou seja, na identificação dos polimorfismos anteriormente descritos, serão apresentadas a seguir. Eletroforese: é uma técnica por meio da qual é feita a separação das moléculas do material genético em função da sua massa (tamanho), forma e compactação. É uma técnica rápida, sensível e precisa. O procedimento da eletroforese consiste na migração da molécula em questão em suportes (géis) por ação de uma corrente elétrica, com diferentes velocidades. Quando em um campo elétrico, as moléculas migram para o polo positivo, pois são negativas , e como força oposta à migração existe o atrito com o suporte. Moléculas maiores promovem maiores atritos com o gel e, portanto, apresentam uma migração mais lenta. A visualização da migração é realizada por meio da revelação do gel na presença de compostos intercalantes, como o brometo de etídio. Southern blotting: é uma técnica que utiliza a capacidade de a nitrocelulose ligar-se fortemente ao DNA fita simples, mas não à fita dupla. As etapas desse processo são: 1º Passo: Clivagem do DNA genômico com enzimas de restrição; Realização da eletroforese com o DNA genômico total; 3º Passo: Conversão do DNA na sua forma simples pela ação do NaOH; 4º Passo: Transferência das moléculas do gel para a folha denitrocelulose por capilaridade; 5º Passo: Secagem a 80ºC. 6º Passo: Contato da membrana de nitrocelulose com uma sonda (sequência de DNA conhecida) marcada radioativamente; 7º Passo: Hibridização da sonda à sequência alvo; 8º Passo: Remoção da sonda por lavagem; 9º Passo: Autorradiografia pela exposição a um filme de raio-X. Reação em cadeia da polimerase (PCR): A reação em cadeia da DNA-polimerase (do inglês Polimerase Chain Reaction) é um método in vitro rápido e versátil para a amplificação de sequências-alvo de DNA definidas, presentes em uma preparação de DNA. Para que isso ocorra é necessário o contato entre o DNA extraído anteriormente, os primers específicos para a sequência alvo, a DNA polimerase termoestável e os quatro desoxirribonucleosídeos trifosfatos (dATP, dCTP, dGTP e dTTP). Esses componentes são colocados em um termociclador e após um tempo definido ocorre a produção de várias sequências de DNA idênticas à sequência alvo. Vantagens da técnica de PCR: - Velocidade e facilidade de utilização; - Sensibilidade; - Robustez; - Possibilidade de análise de amostras degradadas; A identificação por meio da análise do material genético envolve vários processos para que os resultados obtidos não sejam corrompidos. O material em deve ser coletado, manipulado e armazenado de forma a não perder as suas características fundamentais responsáveis pela identificação. A coleta é uma etapa extremamente importante em uma investigação criminal, por isso, deve ser feita por profissionais capacitados e sempre que possível em até 24 horas após a ocorrência do delito em questão. O principal objetivo é a garantir a qualidade da amostra, para evitar que aconteça qualquer tipo de contaminação é necessário que os profissionais da área possuam um kit próprio de coleta, no qual os principais materiais são: - Maleta – destinada para transporte e armazenamento do material de coleta; - Swab e/ou Cotonete (algodão ou dracon) – utilizado na coleta de material líquido ou em manchas secas. Pode ser utilizado cotonete comercial; - Água destilada estéril – utilizada para umedecer o swab (ou cotonete); - Pinças – coleta de cabelo ou material sólido; - Luvas descartáveis (de procedimento); - Máscara cirúrgica; - Touca cirúrgica; - Envelopes – transporte e armazenamento das amostras; - Seringas descartáveis – coleta de líquidos; - Coletor universal – acondicionamento e transporte de amostras; - Tubos plásticos – acondicionamento de transporte de amostras; - Espátula descartável – para coleta de amostras sólidas; - Estilete (com lâminas descartáveis) – efetuar cortes em tecidos, couro, etc.; - Bisturi (com lâminas descartáveis) – efetuar pequenos cortes e raspagem de amostras secas; - Tesoura – efetuar cortes em geral; - Palito de cutícula – para coleta de amostras sob as unhas; - Algodão hidrófilo; - Fita adesiva – coleta de amostras; - Papel (tipo ofício/A4) – coleta e acondicionamento de amostras; - Isopor (pedaços) – fixar swab ou cotonetes para secar e transportar; - Sacos plásticos – transporte e armazenamento de amostras; - Sacos de papel - transporte e armazenamento de amostras; - Caixa para transporte de swab; - Caixa de isopor pequena – transporte das amostras. Cada tipo de material biológico exige um método de coleta específico, daí a importância de se ter o material adequado sempre em mãos. Os tipos de coleta estão relacionados aos tipos de materiais biológicos. Coleta de fluídos corporais: nesse quesito podemos citar como exemplo o sangue, suor esperma, saliva e entre outros. Quando em estado líquido e em pequena quantidade, os fluidos devem ser coletados com o uso do cotonete esterilizado (swab). Já em abundância devem ser utilizadas seringas descartáveis estéreis. Assim que for coletado, o material deve ser armazenado em condições adequadas que possam a garantir a qualidade da amostra. Em ocasiões em que os fluidos corporais estiverem secos, o procedimento de coleta vai depender do tamanho e do tipo de objeto. Quando pequenos e de fácil deslocamento, são enviados inteiros para análise. Quando estiverem em grandes superfícies, devem ser retirados com o auxílio de espátulas e bisturis estéreis e colocados em sacos plásticos. Todo procedimento é documentado, descrito e fotografado para fins investigativos. Coleta de tecidos ósseos: Por exemplo ossos e dentes. O Material coletado deve ser armazenado em locais estéreis e submetido a baixas temperaturas (-20 ºC) para evitar o crescimento microbiano. Se o congelamento não for possível, a coleta deve ser armazenada em um local o mais fresco e seco possível para evitar a degradação do material genético. Coleta de tecidos moles: Pode ser citado o músculo, pele, unhas, gordura, fios de cabelo, e entre outros. As amostras devem ser coletadas utilizando-se de pinças esterilizadas, em condições controladas, pois dessa forma evita contaminações do meio externo, além disso o armazenamento das peças deve ser feito em condições que desfavoreçam a degradação do DNA, o congelamento seria o ideal. Quando essa forma de armazenamento não for possível, as amostras devem ser postas em locais estéreis em solução de etanol 95% ou soluções tamponantes comerciais. Observando que em todas as formas de coleta a questão da segurança deve ser levada a sério visando à proteção do profissional envolvido na pesquisa e a garantia de resultados verdadeiros. http://www.portaleducacao.com.br Portal Educação P842q Química forense / Portal Educação.- Campo Grande: Portal Educação, 2015. Todos os direitos reservados para o Portal Educação http://www.portaleducacao.com.br/
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