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Disciplina: Farmacobotânica Aula 4: Citologia e histologia vegetal Apresentação Como preparar o material para observação ao microscópio? A célula vegetal é diferente? Como são os tecidos vegetais e de que forma se organizam? Para que o material possa ser visualizado ao microscópio, devem ser adotadas técnicas especiais. A microtécnica vegetal é o conjunto de conhecimentos e práticas destinado a preparar materiais para o estudo microscópico. Por meio dessas técnicas, podemos confeccionar lâminas para o estudo da morfologia interna do vegetal. Esse estudo se traduz em importante ferramenta aplicada no controle de qualidade de plantas medicinais e drogas vegetais. Usaremos a microtécnica vegetal sempre que a análise macroscópica for insu�ciente para dar segurança sobre a autenticidade da droga vegetal . Um analista de controle de qualidade deve ter habilidade para realizar as análises microscópicas de órgãos dos vegetais, assim como do pó. Entretanto, trabalhos com drogas vegetais ou plantas medicinais exigem saída a campo e coleta de amostras, as quais também requerem técnicas para se obter um material de qualidade. Veremos que há técnicas bem simples para preparo do material e das lâminas para observação e análise no controle de qualidade ou dos estudos e compreenderemos que a principal ferramenta nas análises é o microscópio. Para isso, precisamos entender como ele funciona e o que devemos fazer para que tenha longa duração e proporcione imagens de qualidade. 1 Objetivos Empregar as técnicas de coleta e microtécnica vegetal; Reconhecer as características típicas da célula vegetal; Identi�car e determinar os tecidos vegetais. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html (Fonte: Sergey Borisov_88 / Shutterstock). Técnicas de coleta de material para anatomia vegetal A técnica de coleta dependerá do órgão a ser estudado e do objetivo do estudo. O material deve ser submerso no �xador e permanecer ali durante tempo su�ciente para a �xação dos tecidos. Órgãos mais delicados: folhas e �ores 48 horas. Órgãos mais suculentos ou rígidos: 72 horas. Após a �xação, manter em álcool 70% em frasco devidamente identi�cado, para conservação por tempo indeterminado. O álcool deve ser trocado periodicamente. Para a coleta, serão utilizados: Frascos de vidro com tampa, contendo �xador; Canivete, faca pequena ou tesoura a�ada; Etiqueta de papel e lápis ou caneta permanente. Fixadores As regiões de corpo primário de raízes e caules (plantas jovens e herbáceas) devem ser �xadas em FAA. Aquelas com crescimento secundário devem passar por processo de amolecimento em solução de glicerina: álcool etílico 70% - 1:1 (v:v), antes da conservação. Coleta de folhas Para estudos anatômicos, as folhas devem estar plenamente expandidas e serem obtidas entre o 4º e o 6º nós. Se possível, devem ser �xadas inteiras, para não dani�car o tecido. Folhas maiores podem ser cortadas transversalmente em dois ou mais fragmentos, conforme necessário. Folhas muito grandes, como as de bananeira, por exemplo, devem ser fragmentadas para �xação nas regiões usuais de cortes anatômicos. Figura 1 Folhas inteiras e cortadas para �xação. Figura 2 Regiões de corte da folha para estudo anatômico. Coleta de �ores e frutos Os estudos anatômicos das �ores para análise das peças �orais devem ser feitos em botões �orais jovens. Os frutos também devem ser coletados ainda em início de desenvolvimento. Análise histoquímica Os estudos anatômicos das �ores para análise histoquímica das peças �orais devem ser feitos em botões �orais jovens. Os frutos também devem ser coletados ainda em início de desenvolvimento. Coleta de material botânico para �toquímica A coleta de material para extração de óleo essencial deve ser evitada após chuva, pois esta pode romper os tecidos secretores de óleo essencial, gerando perda. Deve-se tomar cuidado com a técnica de secagem do material antes da extração: em temperatura ambiente ou em estufa (temperatura não superior a 55°C). A secagem de folhas e �ores deve ser feita com os órgãos do caule soltos. 2 Microtécnica vegetal http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Clique nos botões para ver as informações. características e organização dos tecidos; disposição dos tecidos condutores; presença de cristais ou outras substâncias ergásticas. A análise microscópica de drogas vegetais deve levar em consideração: Se os dados microscópicos forem insu�cientes, devemos utilizar técnicas histoquímicas. Para isso, são usados reagentes especí�cos no pó ou nos cortes histológicos, que evidenciarão a presença do marcador químicotexto quando observados ao microscópio. Quando, a despeito de todos os testes utilizados, a autenticidade da droga vegetal não é con�rmada, o material é reprovado. Se há con�rmação da espécie, as análises do controle de qualidade devem prosseguir. Os estudos anatômicos têm por objetivo caracterizar os tecidos vegetais e organizá-los dentro de cada órgão. Podem ser realizados em material fresco (recém-coletado) ou conservado. O trabalho com o material fresco deve ser feito logo após a coleta. Porém, se a amostra só for processada horas ou dias depois, o material precisará ser �xado para preservar as características celulares. Geralmente, o material vegetal coletado para anatomia é �xado no local e depois conservado, para posterior utilização. 3 (Fonte: sujin fujakkam / Shutterstock). Fixadores O uso de �xadores no momento da coleta interrompe os processos vitais e de autólise. Assim, células e tecidos são preservados em seu estado pleno desde o momento em que estavam em atividade. O domínio do conjunto de técnicas usadas para o preparo de lâminas histológicas, associado a um bom microscópio , são essenciais para um bom estudo anatômico. 4 (Fonte: Zamurovic Photography / Shutterstock). http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Corte à mão livre e montagem de lâmina temporária Consideraremos aqui o corte à mão livre pelo fato de ser barato, de rápida e fácil execução e por ser bastante utilizado em pesquisas anatômicas vegetais devido à sua praticidade. As amostras podem ser frescas ou �xadas. Sobre a observação temos: Clique nos botões para ver as informações. Para observação do conteúdo celular ou movimento citoplasmático e realização de análise histoquímica, deve ser utilizada amostra fresca. Do conteúdo Para a observação da forma, do tamanho e das características da parede celular, além da histologia, usa-se amostra �xada. É importante tentar melhorar a imagem, colocando cor e alguns detalhes. Da forma Amostras delicadas devem ser cortadas com o auxílio de um suporte, e as seções devem ser bem �nas e retas. Os cortes espessos e enviesados di�cultam a visualização das estruturas e da organização dos tecidos. (Fonte : MOURA 2017). . Confecção de suporte para corte à mão livre. Se a amostra for plana, como as folhas, deve-se apenas cortar o suporte ao meio longitudinalmente (B). Se for cilíndrica, é preciso fazer uma canaleta (C). Para os cortes, devem ser utilizados: amostras vegetais; lâmina de aço de barbear; suporte: medula do pecíolo de imbaúba ou de cenoura ou blocos de isopor; pincel ou pinça; placa de petri com água. (Fonte: Alewiena_design / Shutterstock). Veja na sequencia os tipos de cortes de amostras vegetais Figura 3. (Fonte : MOURA 2017). Amostras laminares, como as folhas, permitem cortes paradérmicos, longitudinais e transversais. Apresentamos a seguir os cortes à mão livre em folhas: A- corte paradérmico; B- corte longitudinal; C- corte transversal. Figura 4. (Fonte : MOURA 2017). Em amostras cilíndricas, podem ser feitos também três tipos de corte: transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial. Observe na imagem os cortes em amostras cilíndricas: A- transversal; B- longitudinal tangencial; C- longitudinal radial. Os diferentes tipos de corte proporcionam visualizações distintas dostecidos e das células. Conforme os cortes vão sendo feitos, devem ser depositados em água para não ressecarem, perdendo suas características. Material para o preparo da amostra para montagem da lâmina 5 placas de petri e um vidro de relógio pequeno; Hipoclorito 10% a 50%; Ácido acético 1%; Corante (safranina hidroalcoólica 0,5%; azul de toluidina 0,03%-0,05%; safrablau); Pincel e pinça. 5 Montagem das lâminas semipermanentes Para montagem das lâminas, é necessário o seguinte material: lâminas e lamínulas histológicas de vidro; pincel ou pinça; água glicerinada (glicerina 50%). Depois de corados e enxaguados, retire os cortes da água com o pincel ou a pinça e coloque-os lado a lado na lâmina. Sobre cada um, pingue uma gota de água glicerinada. Depois disso, deposite a lamínula, encostando um dos lados dela na gota de água glicerinada. Aguarde o líquido se espalhar no bordo da lamínula e, então, desça-a lentamente, para que não haja formação de bolhas. Vede a lamínula, usando esmalte transparente, para maior durabilidade. Citologia A célula vegetal A célula vegetal é semelhante à célula animal em muitos aspectos, porém há algumas diferenças. São consideradas características típicas da célula vegetal: parede celular os vacúolos os plastídios Nas células vegetais, as reações químicas que ocorrem permitem a sobrevivência de toda a vida na Terra. Como seres autotró�cos, produzem seu próprio alimento por meio da fotossíntese, absorvendo gás carbônico (CO ) atmosférico e devolvendo ao ar oxigênio (O ). Além disso, são a base da cadeia alimentar. 2 2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Figura 5: Estrutura da célula vegetal. (Fonte: Só Biologia) Composição química da célula vegetal Nos vegetais, a maioria dos tecidos tem 90% do peso representados por água. Vários íons estão ali dissolvidos, como K , Mg e Ca , em proporção em torno de 1%. O restante do conteúdo é de moléculas orgânicas, das quais as mais abundantes são: + 2+ 2+ Clique nos botões para ver as informações. São importantes como reserva de energia e componente estrutural da parede celular. São constituídos de unidades chamadas oses, com 3 a 7 átomos de carbono solúveis em água. Podem ser monossacarídeos, dissacarídeos e polissaca rídeos , conforme o número de unidades que apresentem. Carboidratos 6 Figura 6: Unidades de glicose formando a molécula de celulose. (Fonte: Unicamp – LQES). http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Os lipídios são substâncias hidrofóbicas, formadas pela união de uma molécula de glicerol e três moléculas de ácido graxo. Os lipídios armazenam energia na forma de gorduras ou óleos e servem como elementos estruturais na constituição de membranas e da parede celular. Lipídios Figura 7: Formação dos triglicerídeos. (Fonte: Nutrição Proteica). As proteínas são polímeros formados por centenas de monômeros denominados aminoácidos unidos por ligações peptídicas. Os aminoácidos são formados por um grupo amino (-NH ) e um grupo carboxila (-COOH) ligados a um carbono central. A este carbono central, ligam-se ainda um hidrogênio e um grupo R lateral variável entre os 20 aminoácidos , formando todas as proteínas encontradas nos seres vivos. As proteínas representam cerca de 40% do peso seco das sementes. Além disso, fazem parte da constituição da membrana e possuem função catalisadora (enzimática) e de transporte. Proteínas 2 7 Figura 8: Formação de aminoácidos, etapa de formação de proteínas. (Fonte: Quero Bolsa). http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html São longas cadeias constituídas de unidades denominadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é formado de três subunidades: um grupo fosfato (PO43-), um açúcar de cinco carbonos ( ribose ou uma desoxirribose ) e uma base nitrogenada. Podem ocorrer cinco tipos diferentes de bases nitrogenadas: As moléculas descritas fazem parte do chamado metabolismo primário , pois são essenciais para a manutenção da vida da planta. Estas sintetizam, porém, outras substâncias que constituem o metabolismo secundário ou especial, cujas funções estão relacionadas a atividades de adaptação da planta a pressões ambientais. Ácidos nucleicos 8 9 Figura 9: Bases nitrogenadas. (Fonte: Mundo Universitário). São conhecidas três classes principais de metabólitos especiais: os alcaloides, os terpenoides e os compostos fenólicos. Essas moléculas funcionam como marcadores e auxiliam na caracterização das drogas vegetais. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html São conhecidas três classes principais de metabólitos especiais: os alcaloides, os terpenoides e os compostos fenólicos. Essas moléculas funcionam como marcadores e auxiliam na caracterização das drogas vegetais. Alcaloides Compostos orgânicos cíclicos, geralmente alcalinos, que possuem pelo menos um átomo de nitrogênio no anel. Sintetizados no retículo endoplasmático e armazenados no vacúolo, os alcaloides são responsáveis pela defesa da planta contra a herbivoria. Quanto ao nível celular, o modo de ação dos alcaloides é diversi�cado. Muitos interagem com os componentes do sistema nervoso, em especial os transmissores químicos; outros afetam o transporte por meio de membranas, da síntese proteica ou da atividade enzimática. Figura 10: Alguns representantes dos alcaloides (Fonte ResearchGate). Terpenos Terpenos ou terpenoides formam a classe estruturalmente mais variada de produtos vegetais naturais. O nome deriva do fato de que os primeiros membros da classe foram isolados da terebentina (terpentin, em alemão). Os terpenos são formados por meio da justaposição sucessiva de unidades isoprenoides chamadas isopentenilpirofosfato (IPP-C5), que origina todos os terpenos: monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40). Compostos fenólicos Os fenólicos representam um grupo amplo e variado. Possuem, no mínimo, um anel aromático no qual ao menos um hidrogênio é substituído por uma hidroxila. Conferem sabor, odor e coloração às plantas e atraem animais, contribuem para a polinização ou dispersão de sementes e protegem contra injúria e ataque de animais. Os �avonoides estão entre os principais representantes desse grupo, sendo encontrados principalmente nas angiospermas. Nesse grupo, também temos os taninos, as lignanas, além de vários outros. Figura 11: Estrutura básica dos flavonoides e seus grupos (Fonte: Elsevier). (Fonte: Tatiana Zorina / Shutterstock). Organização estrutural da célula vegetal Parede celular A parede celular é formada por micro�brilas de celulose, imersas em uma matriz de polissacarídeos não celulósicos: hemiceluloses e pectinas. 10 http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Figura 12: Estrutura básica da parede celular. (Fonte: Kraus e colaboradores, 2006). Muitas outras substâncias são encontradas na parede celular, destacando-se a lignina. Substâncias lipídicas como suberina, cutina e ceras tornam a parede celular impermeável à água. Por fora da membrana plasmática, forma-se a parede celular. As primeiras camadas constituem a parede primária. Entre as paredes primárias de duas células contíguas, está presente a lamela média, ou mediana. Em determinados tecidos, dentro da parede primária, ocorre a deposição de camadas adicionais, que constituem a parede secundária. Durante a deposição da parede secundária, inicia-se a ligni�cação. Vacúolo É delimitado por uma membrana simples, o tonoplasto. Seu interior é preenchido pelo suco celular ou vacuolar, constituído de água e componentes dissolvidos. Nas células jovens, há mais vacúolos menores, ao passo que, na célula madura, há um só, tomando quase todo o espaço interno. Em geral, os componentes presentes no suco vacuolar são sintetizados em outras partes do citoplasma, onde são armazenados. O vacúolo desempenha diferentes funções metabólicas, que variam em função do tecido no qual a célula está presente: controle osmótico;digestão de organelas do citoplasma; armazenamento de substâncias (açúcares, metabólitos secundários, pigmentos, como as antocianinas e proteínas). Plastos Os plastos ou plastídios estão envolvidos na realização da fotossíntese, síntese de aminoácidos e ácidos graxos. Neles, ocorre a assimilação de nitrogênio e enxofre. Nos plastos, estão presentes pigmentos, como as cloro�las e os carotenoides. Caracterizam-se por apresentarem um envoltório de dupla membrana e um sistema interno de membranas denominado tilacoide, mergulhado em uma matriz chamada estroma. No processo de fotossíntese, o tilacoide está relacionado à captação de energia luminosa, e o estroma, à incorporação do carbono na molécula de açúcar. Os plastos possuem DNA próprio, sendo responsáveis pela síntese de suas próprias proteínas e pela sua duplicação. Os plastídios são classi�cados em três grupos, de acordo com a presença de pigmentos ou a substância que armazenam: Figura 13: Esquema de um cloroplasto em um corte longitudinal. (Fonte: Kallayanee Naloka / Shutterstock). Clique nos botões para ver as informações. Os cloroplastos estão presentes principalmente nas folhas, mas encontram-se também nas outras partes verdes da planta, onde irão atuar na fotossíntese, tendo a cloro�la como principal pigmento fotossintetizante e os carotenoides como pigmento acessório. Cloroplastos Os cromoplatos estão presentes em folhas, �ores, frutos e algumas raízes, proporcionando-lhes a coloração amarela, laranja ou vermelha. No processo de senescência (envelhecimento) das folhas e da maturação dos frutos, os cloroplastos são degradados e os carotenoides prevalecem, por isso as folhas e frutos perdem a cor verde e ganham coloração amarela e laranja. Cromoplastos Os leucoplastos têm função de armazenamento de diferentes substâncias e são encontrados em raízes e caules de reserva. Os mais conhecidos são os amiloplastos, que armazenam amido. Seu sistema tilacoide é pouco desenvolvido. Há também os proteinopastos, que armazenam proteína. Leucoplastos Microcorpos São organelas encontradas no citoplasma, chamadas peroxissomos, e estão presentes nas folhas. Têm a função de remover o hidrogênio de substratos orgânicos, consumindo O2 e originando água e oxigênio ao �nal da reação em presença de catalase e glioxissomos, encontrados nas sementes oleaginosas. Os microcorpos estão associados à conversão de ácidos graxos em açúcar. Ribossomos São partículas desprovidas de membrana, formadas por uma porção proteica e outra de RNA ribossômico. Estão dispersos no citoplasma, ou associados à membrana nuclear e ao retículo endoplasmático. Também ocorrem em plastídios e mitocôndrias e atuam na síntese proteica, unindo os aminoácidos. Mitocôndrias São organelas de forma ovalada, delimitadas por dupla membrana lipoproteica. Internamente, apresentam um sistema de membranas denominado crista, mergulhado na matriz mitocondrial. Assim como os plastídios, as mitocôndrias têm seu próprio genoma e se autoduplicam. As reações que compõem a respiração acontecem na mitocôndria. Retículo endoplasmático Nas células vegetais, o retículo endoplasmático (RE) é uma extensa rede interna de dupla membrana lipoproteica, ligada à membrana nuclear. São observadas regiões desprovidas de ribossomos, denominadas Retículo Endoplasmático Liso (REL), e regiões achatadas, formando cisternas com ribossomas associados, denominadas Retículo Endoplasmático Rugoso (RER). O REL é o principal local de síntese de lipídios de membranas e dos corpos oleaginosos, enquanto o RER é responsável pela síntese de proteínas. Complexo de Golgi Estrutura dinâmica formada por uma ou mais pilhas denominadas corpo de Golgi ou dictiossomo. Cada pilha é constituída de sacos achatados e uma rede irregular de tubos e vesículas e atua na síntese de polissacarídeos não celulósicos da parede celular (pectinas e hemicelulose). A mucilagem secretada por diferentes plantas, constituída de polissacarídeos ácidos, é dependente da atividade do complexo de Golgi. Citoesqueleto É composto de microtúbulos (importantes na organização das micro�brilas de celulose e na formação do fuso mitótico(; micro�lamentos (estão associados ao movimento da corrente citoplasmática ou ciclose) e �lamentos intermediários (participam da reorganização do envoltório nuclear durante a divisão celular). (Fonte: Digital Photo / Shutterstock). Diferenciação celular e formação dos tecidos Os tecidos vegetais se originam a partir dos meristemas . O desenvolvimento das plantas superiores inicia-se com a formação do embrião no interior da semente. O embrião maduro consiste em um eixo (eixo hipocótilo-radicular), bipolar, provido de um ou mais cotilédones. Cada um dos polos apresenta o respectivo meristema apical, radicular ou caulinar. 11 http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Figura 15: Esquema ilustrativo de alguns tipos celulares que podem se originar de um único tipo de célula meristemática. (Fonte: Raven, 2014). Durante a germinação, o polo radicular leva à formação da raiz primária. O hipocótilo alonga-se, elevando os cotilédones, entre os quais encontra-se a plúmula, que origina o epicótilo. O desenvolvimento prossegue por meio da atividade dos meristemas apicais caulinar e radicular. O meristema apical do caule e da raiz caracteriza-se por apresentar um promeristema (somente células indiferenciadas) e uma porção inferior representada pelos tecidos meristemáticos primários: protoderme, meristema fundamental e procâmbio (são células pouco diferenciadas, mas já determinadas para a formação dos sistemas de tecidos). À medida que o crescimento prossegue, as regiões mais afastadas do promeristema se tornam progressivamente mais diferenciadas, dando origem aos primeiros tecidos: Os meristemas apicais das raízes e dos caules produzem células que se tornam novos tecidos, os quais formarão novas partes desses órgãos. Esse tipo de crescimento é denominado primário e constitui o corpo primário da planta. A maioria das espécies de monocotiledôneas e umas poucas eudicotiledôneas herbáceas apresentam apenas crescimento primário. Porém, a maioria das eudicotiledôneas e as gimnospermas apresentam crescimento adicional em espessura, ou crescimento secundário, que é decorrente da atividade do câmbio vascular. Em controle de qualidade de drogas vegetais, a distinção anatômica entre corpo primário e corpo secundário é fundamental para a autenticação. Exemplo Um tipo de droga vegetal muito utilizado é a casca, que é tipicamente de corpo secundário. Se estiver pulverizada, é preciso buscar as células e os tecidos característicos do corpo secundário que compõem a casca para analisar e fazer a autenticação. De onde vêm os tecidos secundários? O que é câmbio vascular? Os tecidos secundários são formados a partir de meristemas secundários, que se formam em regiões de corpo primário, mais antigas, do caule e da raiz. Logo, eles não têm origem embrionária. São dois os meristemas secundários: Clique nos botões para ver as informações. É o primeiro meristema a se formar, produzindo os tecidos vasculares secundários: xilema e �oema secundários. Câmbio vascular É o segundo meristema a se formar e é responsável por produzir o tecido de revestimento do corpo secundário. Felogênio ou câmbio da casca Organização dos tecidos vegetais A estrutura primária dos órgãos vegetativos (raiz, caule e folha) é constituída basicamente dos mesmos tecidos primários, de modo que ela forma uma continuidade nos sistemas fundamental, de revestimento e de condução. Com base nessa continuidade, estabeleceu-se os três sistemas de tecidos: Sistema dérmico (ou de revestimento); Sistema fundamental (ou de preenchimento); Sistema vascular (ou de condução). Sistema dérmico O sistema dérmico compreende os tecidos que revestem os órgãos da planta, estabelecendo o contato do corpo do vegetal com o meio ambiente. Particularidades serão observadas, portanto, em função de variações no meio. A observação do sistema dérmicoé de suma importância para o controle de qualidade e autenticação de drogas vegetais. Epiderme Periderme Epiderme É o tecido de revestimento do corpo primário da planta. Origina-se na protoderme. Pode ser formada por uma ou mais camadas de células. Não tem espaços intercelulares; Suas funções são: revestimento, trocas gasosas, transpiração, proteção contra perda de água e ataques de herbívoros, absorção de água (nas raízes). A epiderme é um tecido complexo, pois possui diferentes tipos de células que desempenharão funções distintas. Sua estrutura compreende: Células epidérmicas ordinárias ou de revestimento; Tricomas (podem ser uni ou pluricelulares); Estômatos (complexo de células responsáveis pelas trocas gasosas e transpiração na fotossíntese). Tricomas e estômatos são anexos epidérmicos muito importantes para o controle de qualidade de drogas vegetais, pois têm formas variadas e possuem características geneticamente determinadas. Clique nos botões para ver as informações. Os tricomas desempenham uma variedade de funções. Os pelos radiculares são considerados tricomas que facilitam a absorção de água e sais minerais. Os tricomas nas folhas resultam em aumento da re�ectância da radiação solar, diminuição da temperatura da folha e menor taxa de perda de água. Muitas plantas epí�tas, tais como as bromélias, utilizam os tricomas foliares para a absorção de água e nutrientes minerais. Plantas de regiões muito salinizadas possuem tricomas que secretam soluções salinas dos tecidos foliares, evitando um acúmulo dessas substâncias tóxicas em seu corpo. A presença de tricomas aumenta a resistência ao ataque de insetos. Os tricomas em forma de ganchos de algumas espécies de plantas empalam os insetos e suas larvas, e os tricomas das plantas carnívoras permitem a captura de suas presas. Os tricomas secretores (glandulares) podem fornecer defesa química. Tricomas Figura 24: Exemplos de tipos distintos de tricomas. (Fonte:Mmegias). Estômatos são complexos formados por duas células-guarda, que delimitam um orifício que controlará sua abertura e seu fechamento. Em torno das células-guarda, podem estar células de formato e tamanho diferentes das células epidérmicas, denominadas células subsidiárias. Estômatos Figura 25: Seção paralela à superfície da folha de milho (Zea mays), mostrando o poro aberto de um estômato com duas células-guarda e células subsidiárias. (Fonte: Raven, 2014). Os estômatos são encontrados principalmente nas folhas, mas também podem ser vistos em caules jovens e sépalas de �ores. A distribuição dos estômatos é geneticamente determinada e não segue um padrão geral. Diferenças na distribuição, bem como nos tipos de estômatos, serão de muita utilidade no controle de qualidade de drogas vegetais, especialmente folhas. Dica No livro de Farmacobotânica, disponível no acervo da disciplina, você terá acesso aos diferentes tipos de estômatos que podem ser encontrados nas folhas e usados no controle de qualidade. Periderme Nos caules e nas raízes que sofrem crescimento secundário, a epiderme é comumente substituída pela periderme, um tecido de revestimento do corpo secundário. A periderme é composta de três tecidos diferentes: Súber ou felema : é o tecido suberoso mais externo, geralmente morto na maturidade; Para as trocas gasosas, são encontradas no súber lenticelas . O súber é o responsável pela proteção mecânica e por restringir a perda de água. Felogênio ou câmbio da casca: meristema secundário; Feloderme : tecido mais interno, parenquimático e vivo. Muitas drogas vegetais são constituídas de casca , portanto é de suma importância o conhecimento de sua estrutura anatômica para a correta identi�cação de amostras 12 13 14 15 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Sistema fundamental O sistema fundamental tem as funções de seus tecidos relacionadas com as atividades metabólicas e de sustentação do corpo da planta. São três os tecidos que compõem o sistema fundamental: parênquima, colênquima e esclerênquima. Parênquima Colênquima Esclerênquima http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Clique nos botões para ver as informações. O parênquima do corpo primário da planta desenvolve-se a partir do meristema fundamental no ápice do caule e da raiz; no entanto, células parenquimáticas podem originar-se do procâmbio ou do câmbio, nos tecidos vasculares, e do felogênio, na periderme. O parênquima é constituído de células vivas. É considerado um tecido potencialmente meristemático, pois mantém a capacidade de divisão celular. Geralmente, suas células possuem paredes primárias delgadas, grandes vacúolos e espaços intercelulares característicos. Esse tecido está distribuído em quase todos os órgãos da planta, apresentando funções essenciais, como: fotossíntese, reserva, transporte a curta distância, secreção e excreção. Dependendo da posição no corpo do vegetal e do conteúdo apresentado por suas células, os principais tipos de parênquima são: fundamental (de preenchimento), cloro�liano, de reserva, aquífero (Plantas de regiões áridas e semiáridas, que armazenam água para sua sobrevivência, possuem em sua estrutura parênquima aquífero) e aerênquima (Plantas aquáticas possuem parênquimas aeríferos, contendo ar para ajudar sua �utuabilidade e alcançar melhor a luz). Parênquima Figura 19: Parênquima aquífero de Blutaparon portulacoides. (Fonte: Universidade Federal do Rio Grande). No corpo primário da planta, as células parenquimáticas formam massas contínuas no córtex de caules e raízes, na medula de caules, no mesó�lo de folhas e polpa de frutos. Podem aparecer como cordões acompanhando os tecidos vasculares primários e secundários ou como raios nos secundários. As células parenquimáticas variam muito na forma, mas o parênquima fundamental típico consiste de células não muito mais longas do que largas, chegando a ser quase isodiamétricas. Constituído de células vivas, origina-se no meristema fundamental. Tem a função de sustentar com �exibilidade folhas e caules jovens, principalmente. Localiza-se logo abaixo da epiderme e é encontrado no pecíolo e na nervura principal de folhas, caules jovens, frutos e �ores. Sua principal característica diagnóstica é a presença de parede primária com espessamento irregular nas suas células. Classi�cado de acordo com o tipo de espessamento da parede celular, pode ser: angular, lamelar, lacunar ou anelar/anular. Colênquima Colênquima angular - as paredes são mais espessas nos pontos de encontro entre três ou mais células, como no caule de Curcubita(aboboreira). Colênquima lamelar - as células mostram um maior espessamento nas paredes tangenciais internas e externas, como no caule jovem de Sambucus(sabugueiro). Colênquima lacunar - quando o tecido apresenta espaços intercelulares e os espessamentos de parede primária ocorrem nas paredes celulares que limitam estes espaços. Este tipo de colênquima pode ser encontrado no caule de Asclepia(erva-de-rato). Colênquima anelar ou anular – quando as paredes celulares apresentam um espessamento mais uniforme, �cando o lume celular circular em secção transversal, como no pecíolo de Datura insiguinis. Figura 20: Tipos de colênquima: a – angular; b – lacunar; c – lamelar e d – anelar. Fonte: biologia.edu.ar. (Fonte: Slideplayer). Trata-se de um tecido de sustentação com força e resistência mecânicas dos vegetais, oriundo do meristema fundamental. A característica principal deste tecido é a presença de paredes secundárias espessadas, ligni�cadas ou não, havendo espessamento homogêneo e regular da parede celular. As células do esclerênquima variam bastante quanto à forma e estrutura, sendo observados dois tipos básicos: �bras e esclereídeos Esclerênquima Figura 21: A - corte transversal de um feixe de esclerênquima da folha de linho-da- nova-zelândia; B- feixe representado tridimensionalmente; C - esclereídeo isolado; D - um grupo de esclereídeos de fruto (pera). (Fonte: Universidade de São Paulo). Considerando que: Fibras: São células longas e a�ladas nas extremidades, geralmente mortas na maturidade, com paredes espessas e ligni�cadas. Ocorrem formando feixes, geralmente associadas ao �oema. Esclereídeos: podem ser células vivas ou mortas na maturidade, com paredes secundárias espessas e ligni�cadas, com pontoações.. Podem ocorrer de forma isolada ou em grupos entre as células dos diferentes tecidos. Apresentam formas variadas, muito úteis no controle de qualidade de drogas vegetais. O quadro a seguir resume as diferenças entre colênquima e esclerênquima: ESTRUTURA*/- COLÊNQUIMA ESCLERÊNQUIMA Células Capazes de se desdiferenciar Incapazes de se desdiferenciar, ainda que conservem o protoplasto Parede Parede primária flexível, plástica, com espessamento irregular Parede secundária com espessamento uniforme e lignificada (geralmente) Protoplasto Vivo, ativo Morto na maturidade (geralmente) Localização Abaixo da epiderme de órgãos jovens Geralmente associado aos tecidos vasculares ou à células agrupadas ou isoladas, dando sustentação ao parênquima Atenção Essas diferenças são importantes no controle de qualidade da droga vegetal, principalmente nos critérios de identidade e pureza. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Sistema vascular O sistema vascular é formado por dois tecidos: xilema e �oema. No corpo primário, são produzidos pelo procâmbio e no corpo secundário, pelo câmbio vascular. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Xilema Floema Clique nos botões para ver as informações. Xilema Figura 22: Porção do caule de papo-de-peru, Aristolochia em (A) vista transversal e (B) vista longitudinal, mostrando alguns dos diferentes tipos de espessamento de parede nos elementos traqueais. (Fonte: Raven, 2006). O xilema é o tecido responsável pelo transporte de água e solutos a longa distância, armazenamento temporário de nutrientes e suporte mecânico. Com o �oema, constitui o sistema vascular, contínuo através de todos os órgãos (vegetativos ou reprodutivos) das plantas vasculares. Os xilemas primário e secundário são tecidos complexos formados por elementos traqueais (células condutoras), células parenquimáticas e �bras e esclereídeos. Os elementos de vaso, principais células condutoras nas angiospermas, possuem espessamentos ligni�cados característicos nas paredes. Algumas angiospermas podem apresentar também traqueídeos, além dos elementos de vaso, enquanto gimnospermas e pteridó�tas só possuem traqueídeos no xilema. Uma de suas características é o controle de qualidade de drogas vegetais. 16 http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html Floema É o tecido de condução de açúcares da fotossíntese das plantas vasculares e está associado ao xilema. Consiste dos seguintes tipos celulares: elementos crivados, parênquima e esclerênquima, sendo, portanto, um tecido complexo. Possui localização periférica nas raízes e nos caules, enquanto o xilema ocupa porções mais internas. As principais células de condução do �oema são os elementos crivados, que podem ser de dois tipos: células crivadas e elementos dos tubos crivados. A principal distinção entre os dois tipos desses elementos é a presença de placas crivadas nos elementos de tubo crivados e a ausência de placas nas células crivadas. Os elementos crivados possuem protoplasma vivo na maturidade, porém extremamente reduzido, sendo anucleados. Os elementos do tubo crivado são associados e estreitamente relacionados a células parenquimáticas especializadas, denominadas células companheiras, nucleadas. As células companheiras são responsáveis pela ativa secreção de substâncias no interior dos elementos do tubo crivado e sua remoção a partir destes. As células crivadas possuem células albuminosas com as mesmas funções das células companheiras. 17 Figura 23: Elemento de tubo crivado mostrando a placa crivada na extremidade. (Fonte: Universidade Federal de Lavras). Atividade 1. O xilema é considerado um tecido complexo. São tipos celulares exclusivos desse tecido: a) Fibras e células parenquimáticas. b) Traqueídeos e elementos do tubo crivado. c) Traqueídeos e elementos de vaso. d) Elementos do tubo crivado e células crivadas. e) Células crivadas e traqueídeos. http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0297/aula4.html 2. No comércio informal de plantas medicinais, é comum serem encontrado fragmentos de bambu substituindo a cavalinha. Em um controle de qualidade de amostras de cavalinha (Equisetaceae – Pteridophyta), os tecidos vasculares são fundamentais para a sua autenticação. Com base nessas informações, analise as opções a seguir e marque a que está correta. a) Em amostras de cavalinha, deverão ser encontrados apenas traqueídeos no xilema e células crivadas no floema. b) Em amostras de cavalinha, deverão ser encontrados apenas traqueídeos no xilema e elementos de tubo crivado no floema. c) Em amostras de cavalinha, deverão ser encontrados apenas elementos de vaso no xilema e células crivadas no floema. d) Em amostras de cavalinha, deverão ser encontrados apenas elementos de vaso no xilema e elementos de tubo crivado no floema. e) Em amostras de cavalinha, deverão ser encontrados traqueídeos e elementos de vaso no xilema e apenas células crivadas no floema. 3. Os plastídios são organelas celulares classi�cadas em três tipos básicos com base no pigmento que possuem. Observe as alternativas a seguir e marque aquela que apresenta um plastídio que se destaque pela ausência de pigmento. a) Cromoplasto. b) HidatódiosPigmentoplasto. c) Crioplasto. d) Leucoplasto. e) Cloroplasto. 4. Os tecidos são formados de células especializadas e adaptados para funções especí�cas. Dentre os tecidos vegetais, temos os responsáveis pelo crescimento e pela condução de seiva. São, respectivamente, os tecidos responsáveis pelas funções supracitadas: a) Colênquima e floema. b) Meristemas e xilema. c) Xilema e floema. d) Esclerênquima e xilema. e) Meristemas e parênquima. 5. Nos vegetais, encontraremos diversos tipos de tecidos; um deles é formado por células capazes de se multiplicar ativamente por mitose, dando origem aos outros tipos. Estamos nos referindo: a) Aos parênquimas. b) Aos meristemas. c) Aos colênquimas. d) Aos esclerênquimas. e) À epiderme. Notas autenticidade da droga vegetal1 Os dados diagnósticos da anatomia de cada órgão são importantes para se diferenciar, por exemplo, fragmentos de caules e raízes ou fragmentos de folhas de diferentes espécies. A monogra�a de cada droga vegetal traz a descrição das suas características microscópicas. Na ausência da monogra�a devem-se considerar descrições publicadas em literatura técnico- cientí�ca. análise histoquímica2 A histoquímica é a técnica em que se emprega reagentes químicos especí�cos para evidenciar classes de substâncias em tecidos vegetais. O material deve ser fresco. Principais corantes e reagentes usados em histoquímica. Lugol – evidencia amido e aleurona (CUTTER, 2002) Sudan III ou IV – óleos e gorduras (CUTTER, 2002) Cloreto férrico 10% em água – �avonoides, compostos fenólicos (JOHANSEN, 1940) Dragendorff – alcaloides (COSTA, 1982) KOH 5% - antraquinonas (COSTA, 1982) marcador químico3 A monogra�a de cada droga vegetal descreve o marcador químico e os reagentes especí�cos a serem utilizados. �xadores4 Os �xadores mais utilizados em amostras vegetais são: FAA 50 (ou 70) - Formalina (formaldeido 37%) 5mL; ácido acético glacial 5mL e álcool etílico a 50% (ou 70%) 90mL. ÁLCOOL 70% - Álcool PA 70 mL; água destilada 30 mL. É recomendável o uso de alcoômetro para aferir e ajustar a alcoolatura. CRAFT III Ácido crômico a 1% 30mL; ácido acético a 10% 20mL; formalina 10mL e água destilada 40mL. Navaschin Ácido crômico a 1% 75mL; ácido acético glacial 5mL e formalina 20mL. Material para o preparo da amostra para montagem da lâmina5 As placase o vidro de relógio devem �car en�leirados para que a passagem dos cortes da amostra pelos reagentes e água seja rápida e e�ciente. É recomendável que se identi�que cada recipiente, pois todas as soluções são transparentes, com exceção do corante. Os cortes deverão ser passados por cada solução com o uso do pincel. monossacarídeos, dissacarídeos e polissaca rídeos6 A glicose (monossacarídeo) pode ser usada diretamente pela célula como fonte de energia; a sacarose (dissacarídeo) controla a osmolaridade da célula, além de ser a principal forma como os carboidratos circulam no corpo da planta e o amido (polissacarídeo) é a forma de armazenamento de energia da célula vegetal. Um outro polímero de glicose, a celulose, tem função estrutural, fazendo parte da constituição da parede celular. 20 aminoácidos7 Vejamos a lista dos 20 aminoácidos encontrados nas proteínas e suas abreviações, em três letras e uma letra: Aminoácido Abreviação de três letras Abreviação de uma letra Alanina Ala A Arginina Arg R Asparagina Asn N Ácido aspártico Asp D Ácido glutâmico Glu E Cisteína Cys ou Cis C Glicina Gli ou Gly G Glutamina Gln Q Histidina His H Isoleucina Ile I Leucina Leu L Lisina Lis ou Lys K Metionina Met M Fenilalanina Phe ou Fen F Prolina Pro P Serina Ser S Tirosina Tir ou Tyr Y Treonina Tre ou Thr T Triptofano Trp W Valina Val V ribose ou uma desoxirribose8 A presença de ribose ou desoxirribose nos nucleotídeos de um ácido nucleico é determinante para a distinção dos dois tipos existentes: ácido ribonucléico (RNA, do inglês ribonucleic acid) ou ácido desoxirribonucleico (DNA, do inglês desoxiribonucleic acid). O DNA contém a informação genética dos organismos vivos, estruturada em genes. O RNA é responsável pela síntese protéica, a partir das informações genéticas do DNA. metabolismo primário9 As substâncias produzidas no metabolismo primário estão presentes em todas as células vegetais, já que estão envolvidas em processos vitais, como armazenamento de energia, transmissão de características hereditárias ou organização e manutenção da estrutura do corpo. As substâncias produzidas no metabolismo secundário estão relacionadas com: resposta a pressões do ambiente, como forma de proteção; interação com outros organismos ou processo reprodutivo. Tais metabólitos têm sido responsáveis pelos efeitos terapêuticos das plantas. Todas as plantas produzem metabólitos especiais, porém de tipos diferentes. E mesmo em uma determinada planta, a produção não é igualmente distribuída em todos os órgãos nem ocorre com a mesma intensidade todo o tempo. parede celular10 A parede celular atua na proteção contra a entrada excessiva de água, evitando assim, a ruptura da célula (lise). Outra importante função é que a parede celular confere forma as diversas células vegetais. É importante salientar que a parede celular sinaliza quando ocorre o ataque de patógenos, estimulando a produção de �toalexinas, substâncias antimicrobianas produzidas para defender a planta. meristemas11 Meristemas (do grego merizein = dividir) são tecidos constituídos por células que se dividem repetidamente. Possuem células pequenas, com parede primária �na, citoplasma denso, plastos indiferenciados e núcleo em geral volumoso (se comparados às demais células da planta). Através de uma série de divisões e diferenciações, essas células vão originar todos os outros tipos celulares da planta. Súber ou felema12 Repetidas divisões do câmbio da casca resultam na formação de �leiras radiais de células agrupadas de modo compacto, cuja maioria é formada de células suberosas. Durante a diferenciação dessas células, suas paredes internas são revestidas por uma camada relativamente espessa de uma substância lipídica, a suberina, que torna o tecido altamente impermeável à água e aos gases. Também podem conter lignina na parede. Na maturidade as células suberosas morrem. lenticelas13 São aberturas que permitem a entrada de ar pela superfície do corpo secundário. Feloderme14 As células da feloderme permanecem vivas na maturidade e não possuem suberina, assemelhando-se às células corticais parenquimáticas. casca15 O termo casca refere-se a todos os tecidos externos ao câmbio vascular, inclusive a periderme: periderme, eventualmente parênquima cortical e �oema. elementos traqueais16 Os elementos traqueais são de dois tipos: traqueídeos e elementos de vaso. A principal diferença entre eles está na placa de perfuração dos elementos de vaso, ausente nos traqueídeos. A placa de perfuração é a concentração das perfurações nas extremidades do elemento de vaso, possibilitando o �uxo vertical da água. Nos traqueídeos, a água �ui entre as pontoações espalhadas nas paredes laterais de células adjacentes. placas crivadas 17 O termo crivado refere-se aos grupos de poros, denominados áreas crivadas através dos quais os açúcares �uem. Nos elementos de tubos crivados, as áreas crivadas se concentram nas extremidades, formando as placas crivadas. Isto permite o �uxo vertical da seiva. Referências APPEZZATO-DAGLORIA, B.; CARMELLO GUERREIRO, S. M. Organização interna do corpo vegetal. In: APPEZZATO-DAGLORIA, B.; CARMELLO GUERREIRO, S.M. (Eds.). Anatomia Vegetal. Cap. 1, 2. ed. rev. e atual. Viçosa: Ed. UFV, 2006, p. 21-28. COSTA, A. F. Farmacognosia. 2. ed. Vol. III. Lisboa: Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 1982. KRAUS, J. E.; LOURO, R. P.; ESTELITA, M. E. M.; ARDUIN, M. A célula vegetal. In: APPEZZATO-DAGLORIA, B.; CARMELLO GUERREIRO, S.M. (Eds.). Anatomia Vegetal. Cap. 2. 2 ed. rev. e atual. Viçosa: Ed. UFV, 2006, p. 31-86. MOURA, R. B. Farmacobotânica. Rio de Janeiro: SERES, 2017. RAVEN, P. H; EICHHORN, S. E.; EVER, R. F. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SANTOS, F. da C.V.; SANTOS, L. T. M. dos; TORRES, J. C.; MARQUES, C. A. Contribuição à qualidade do chá de Ginkgo biloba L. (Ginkgoaceae) comercializado no Estado do rio de janeiro. Perspectivas da Ciência e Tecnologia. V. 7, n. 1. 2-15. Próxima aula Raiz – morfologia e funções Tipos de raiz Explore mais Leia o texto: Estudo farmacobotânico comparativo de folhas de Solanum crinitum Lam., Solanum gomphodes Dunal e Solanum lycocarpum A. St.-Hil., Solanaceae. As monogra�as sobre plantas medicinais. javascript:void(0); javascript:void(0);
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