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Direito Financeiro e Tributário I Em 2020, foi promulgado o “Orçamento de Guerra”, regulamentado pela Emenda Constitucional nº 106 de 7de maio de 2020. Dentre os dispositivos da referida emendam temos o Art. 3º, caput, no qual se lê o seguinte: Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do Poder Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos restritos à sua duração, ficam dispensados da observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita. Analisando o teor da norma acima transcrita, redija um texto dissertativo argumentativo sobre os aspectos de Direito Financeiro desta, fazendo menção aos princípios do Direito Financeiro envolvidos e mitigados, bem como aos possíveis impactos negativos dessa medida no longo prazo, tendo em vista que o estado de calamidade pública não tem previsão para acabar e ainda deverá surtir efeitos sociais e econômicos por vários anos. R.: A Emenda à Constituição n°106, de 2020 estabelece o Regime Extraordinário Fiscal, financeiro e de Contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de pandemia relativa ao Covid-19. Chamada de “EC do orçamento de guerra”, ela permite a separação do orçamento e dos gastos realizados para o combate à pandemia de coronavírus (Covid-19) do orçamento geral da União. A referida EC n°106, prevê em sua redação, no Art. 3º que durante o regime extraordinário, as proposições legislativas e os atos do Poder Executivo que tenham o propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas ficam dispensados da observância dessas limitações legais, desde que isso não implique em despesas permanentes. O artigo 3º da emenda aduziu norma permissiva para afastar a necessidade de obediência aos limites legais para expansão dos gastos públicos para enfrentamento da pandemia. A mensagem do legislador constituinte reformador demonstra que os limites legais ordinários para criar ou expandir a despesa pública são incompatíveis com um orçamento formado para enfrentar uma guerra. A solidariedade federativa na repartição dos recursos e insumos outorgou um dever à União para criar critérios objetivos e previamente informados para decisões locativas . É uma regra para prevenção de um comportamento de infidelidade federativa do ente central com os entes subnacionais. Há grande preocupação no que tange a possibilidade de ampliar flexibilidade ao passo que minimiza as metas fiscais a serem alcançadas. Tal fato permite que algumas autoridades utilizem essa abertura para desviarem recursos federais e usufruírem dos mesmos conforme sua livre vontade. Em muitos estados já foi noticiado que infelizmente seus gestores desviam as verbas em valores altíssimos, os quais eram destinados exclusivamente a saúde em um contexto tão caótico de pandemia. Aparelhos respiradores são escondidos para que , dessa forma, possam solicitar mais recursos e assim desviá-los. Não obstante o lado negativo, tal flexibilidade traria a grande vantagem de agilizar o complexo e multifacetário processo e dessa forma, potencializaríamos o combate a pandemia – que DEVE ser rápido. Por outro lado, não podemos ignorar que havendo a relativização das normas, surgem diversas consequências a partir disso – a principal destas seria o grande impacto nas finanças públicas e a difícil a recuperação de algumas futuras. São por estes fatores que os Constituintes anteciparam que existem princípios como o da programação, anulabilidade orçamentária, legalidade, entre outros, pois, qualquer orçamento – sobretudo o público – deve pautar-se em uma estrita organização para que assim alcance resultados eficientes.
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