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A sociologia de Émile Durkheim

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Contexto e influências 
Como praticamente todos os intelectuais do 
século XIX, Durkheim foi fortemente 
influenciado pelos fenômenos e impactos da 
Revolução Francesa e da Revolução 
Industrial, bem como pelos ideais do 
iluminismo. 
A ordem que existia antes da 1789 fora 
varrida pelos revolucionários de franceses. 
Uma nova sociedade deveria surgir, com 
uma nova organização política e social, 
atendendo demandas de diversos grupos. 
Esse movimento também era visto como 
necessário para se adequar ao crescente 
ritmo da industrialização e sua inerente força 
de transformação, que esvaziava o meio 
rural e lotava as cidades de uma massa de 
trabalhadores. 
Teoria sociológica 
A primeira grande contribuição de 
Durkheim para a sociologia é a proposição 
de um método científico autônomo, 
positivo, capaz de alcançar o mesmo nível 
de confiabilidade e prestígio das outras 
ciências já consolidadas no século XIX. Em 
“As Regras do Método Sociológico”, 
Durkheim dirá que a primeira e mais 
importante regra da sociologia é “a de 
considerar os fatos sociais como coisas” 
Ao equiparar os fatos sociais como “coisas”, 
Durkheim afirmava que o mundo social era 
 
 
 
passível de ser estudado da mesma forma 
que o mundo natural, com objetividade e 
independente das ações individuais, 
buscando observar suas regularidades da 
mesma maneira que um químico observa 
um fenômeno no laboratório. O sociólogo 
deveria deixar de lado suas pré-noções para 
poder tratar os fatos sociais com 
imparcialidade, como fenômenos exteriores 
ao universo psíquico dos indivíduos e assim 
obter resultados válidos, elaborar leis e até 
prever ações. 
“é fato social toda maneira de fazer, fixa ou 
não, capaz de exercer sobre o indivíduo 
uma coerção exterior; ou a ainda, que é 
geral na extensão de uma dada sociedade 
que tem uma existência própria, 
independentemente de suas manifestações 
individuais.” 
Dessa definição podemos destacar três 
aspectos clássicos correspondentes aos 
fatos sociais: exterioridade (os fatos sociais 
localizam-se na sociedade e não nos 
indivíduos, independente das suas 
consciências), coercitividade (são impostos 
aos indivíduos pela sociedade, forçando-os a 
agir dentro de regras) e generalidade (são 
válidos para toda a coletividade e não 
somente para um ou outro indivíduo). 
Para Durkheim, também existiram fatos 
sociais normais e fatos sociais patológicos. 
Émile Durkheim 
 
A princípio, os fatos sociais normais seriam 
os que mantêm regularidade na sociedade, 
enquanto os patológicos seriam os 
eventuais; em segundo lugar, os fatos sociais 
normais são sinônimos de uma sociedade 
saudável, coesa, enquanto os fatos 
patológicos caracterizariam uma sociedade 
doente, desestabilizada. Já uma onda de 
criminalidade fora do comum e difícil de ser 
detida caracterizaria um fato social 
patológico. 
o funcionalismo presente na obra de 
Durkheim busca compreender os fatos 
sociais através da função que estes 
exercem no todo, tal qual órgãos num 
organismo: cada órgão exerce uma função 
e se todos estiverem cumprindo seus 
papéis de forma adequada, o corpo continua 
funcionando bem. Caso algum não funcione 
direito, desenvolve-se a anomia, uma 
patologia que precisa ser remediada para 
que a ordem volte a se estabelecer. 
resumidamente, a sociedade é o corpo e os 
fatos sociais/instituições são os órgãos. 
A solidariedade mecânica está presente nas 
sociedades pré-capitalistas e pré-modernas, 
erroneamente chamadas de sociedades 
primitivas, onde os principais fatores de 
agregação são a força da tradição, o 
pequeno número de integrantes no grupo, 
a implacável coerção para se manter o 
grupo unido, além de um alto nível de 
homogeneidade entre os indivíduos. 
Peguemos como exemplo uma sociedade 
tribal, onde todos se conhecem e 
desempenham papéis semelhantes, com 
forte senso de pertencimento ao grupo, 
regras rígidas e sem muita diferenciação 
aparente entre os sujeitos 
Onde reina a solidariedade mecânica, 
aparece o que Durkheim chama de 
consciência coletiva. Trata-se de um 
conjunto cultural de ideias morais e 
normativas compartilhado entre os 
indivíduos que compõem essas sociedades 
pré-capitalistas. Tal conjunto tem como 
função manter o grupo unido, 
constrangendo os comportamentos 
individuais que ameacem a integridade do 
coletivo. Essa consciência coletiva é adquirida 
pelos indivíduos através dos processos de 
socialização, como a educação. Nesses 
processos o indivíduo adquire hábitos, 
valores, comportamentos, costumes, senso 
moral; ou seja, é a partir desses processos 
que o indivíduo desenvolve sua identidade 
social. Não há muito espaço para o indivíduo 
se desvincular do grupo ao qual pertence 
ou exercitar particularidade 
Já na sociedade de solidariedade orgânica, 
capitalistas, modernas, densamente 
populosas e urbanas, os indivíduos estão 
integrados na sociedade porque cada uma 
passa a depender do outro, mas com um 
certo distanciamento. Este fenômeno se 
deve à especialização de funções, chamado 
de divisão social do trabalho. Nesse sentido, 
as sociedades modernas são altamente 
diferenciadas, com cada indivíduo 
exercendo funções bem específicas e 
distintas umas das outras, num sistema 
altamente complexo e dinâmico, criando um 
nível de interdependência elevado.

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