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Esses tumores tem em comum o fato de que a maioria deles são tumores de células escamosas. A cabeça e o pescoço acabam incluindo uma variedade de tumores que acometem estruturas como a cavidade oral, faringe, laringe, cavidade nasal, seios paranasais, tireoide e glândulas salivares, sendo importante lembrar que apesar de apresentarem um tipo histológico comum, a abordagem diagnóstica e terapêutica deve ser individualizada, já que cada região anatômica tem sua particularidade. Outra questão que chama a atenção são os fatores de risco semelhantes, sendo o tabaco e o álcool os principais. Muitas vezes focamos em tumores de maior gravidade, como o de mama, mas para o engano de muitos, os tumores de cabeça e pescoço correspondem ao quinto tipo de câncer mais comum no mundo, apresentando alta mortalidade e morbidade. No mundo, mais de 550.000 novos casos de câncer de cabeça e pescoço ocorrem anualmente, sendo que os homens são mais afetados que mulheres. Quanto ao diagnóstico história clínica e o exame físico são fundamentais para o levantamento da suspeita. Os exames de imagem são excelentes para o estadiamento. Mas para se obter o diagnóstico definitivo, com tipo histológico do tumor, a biópsia cirúrgica é imprescindível. Os fatores prognósticos básicos estão caracterizados no sistema TNM, no qual T corresponde à extensão do tumor, N ao envolvimento de linfonodos regionais e M às metástases. O tratamento se resume em cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou terapia combinada, o método que irá ser utilizado depende da gravidade e da extensão do câncer, sendo que a terapia única é utilizada para pacientes em estágios iniciais, enquanto que a terapia multimodal é utilizada em estágios mais avançados. CAVIDADE ORAL Essa região inclui: lábios, mucosa bucal, parte da língua, assoalho da boca, palato duro e gengiva. O Brasil está entre os países com as maiores taxas de incidência de câncer de cavidade oral, sendo que os tumores dessa região correspondem a cerca de 30% de todos os tumores de cabeça e pescoço, mas apenas 10% deles irão representar malignidades raras ou de origem odontogênica. Uma particularidade dessa região inclui o Papiloma Vírus Humano (HPV) como fator de risco, além da pobre higiene dental e irritação mecânica crônica. Uma vantagem da cavidade oral é que mudanças na mucosa podem ser facilmente identificadas e avaliadas. Ou seja, a presença de leucoplasias e eritroplasias, por exemplo, é um importante fator nesse tipo de avaliação, devendo ser realizado biópsia para identificação de possíveis lesões pré-malignas. No estadiamento dos tumores dessa região, a tomografia computadorizada com contraste intravenoso consegue avaliar o envolvimento de tecidos moles, ossos e mucosa, caso ainda haja dúvida, se faz o estudo por meio de ressonância magnética. Em relação ao tratamento, a cirurgia acaba sendo a primeira escolha nos cânceres de cavidade oral, uma vez que possui uma boa acessibilidade e leva a menor morbidade. A radioterapia será útil apenas para pacientes que não possuem condições de se submeter ao procedimento cirúrgico, já que, além de ser um método prolongado, pode deixar sequelas a longo prazo, como xerostomia e disfagia. Lembrando sempre que o diagnóstico precoce é um fator essencial para o controle e tratamento dessa patologia. FARINGE A faringe é uma estrutura dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Os carcinomas de faringe representam 15% de todos os cânceres de cabeça e pescoço. Além do tipo histológico que acomete as células escamosas, tipos menos comuns incluem adenocarcinomas, carcinoma cístico de adenoide, linfomas, melanomas e plasmocitomas. Nessa região, o HPV, especificamente os tipos 6 e 11, também representa um fator de risco devido a facilidade do vírus em gerar papilomas de orofaringe. A presença de sinais e sintomas como sensação de corpo estranho, regurgitação nasal, odinofagia, otalgia, além de adenopatias, deve levantar suspeita para tumores nessa região, englobando exame completo de orelha, nariz e garganta. Diferentemente dos cânceres de cavidade oral, o tratamento inicial na orofaringe é a radioterapia, já que a cirurgia tem consequências funcionais e estéticas, necessitando de reconstrução externa. Tumores de cabeça e pescoço: epidemiologia, fatores de risco, diagnóstico e tratamento Especificamente na nasofaringe, a Organização Mundial da Saúde propôs um sistema de classificação histológica de carcinomas em três tipos: • Tipo I: inclui os carcinomas de células escamosas; • Tipo II: inclui os carcinomas de células escamosas não-queratinizados; • Tipo III: o mais prevalente, referindo-se aos carcinomas indiferenciados. Uma classificação mais atual, também da OMS, leva em conta o padrão misto encontrado em alguns tumores e a associação do Vírus Epstein-Barr com o tipo II e tipo III., subdividindo os carcinomas de células escamosas não queratinizado em diferenciando e indiferenciado. Nessa região é importante entender que mais de 95% dos adultos por carregam o EBV e são saudáveis, ou seja, existe a necessidade de outros fatores para que haja o desenvolvimento do carcinoma. Os sintomas para carcinoma de nasofaringe vão depender da região na qual ele se localiza, podendo levar a problemas auditivos, otites, obstrução nasal, anosmia, sangramentos, dificuldade de deglutição, disfonia, diplopia e dor. Devido aos achados inespecíficos, a maioria dos casos são diagnosticados quando o tumor já alcançou estágio avançado, sendo que o teste de sorologia para EBV positivo aumentar a suspeita e justifica a realização da biópsia. A radioterapia é o principal tratamento desse tipo de neoplasia, uma vez que a cirurgia geralmente não é realizada devido a dificuldade em se remover as margens tumorais. Em caso de recorrência regional, fato que não é incomum, ou de metástases, a quimioterapia é indicada. LARINGE Quase 90% dos casos de tumor dessa estrutura acometem os homens, sendo que quanto maior a idade maior a frequência, com pico 60 e 70 anos. Como nos outros tumores de cabeça e pescoço, o tipo histológico que acomete as células escamosas é o mais comum, correspondendo a cerca de 95% desses tumores. Mas algumas variações raras podem ocorrer, como o carcinoma verrucoso, o carcinoma de células fusiformes e o carcinoma basalóide. Aqui é importante dizer que o uso de tabaco aumenta o risco para cânceres das cordas vocais, enquanto que o álcool aumenta o risco para câncer de supraglote. A rouquidão é o sintoma que mais leva à procura de médico, mas ela só ocorre precocemente quando a glote está afetada. Nos tumores de supraglote, esse sintoma já é uma manifestação tardia. Manifestações como disfagia, sensação de corpo estranho e tosse são frequentes em casos mais avançados. Nos tumores de laringe, a laringoscopia ou de fibrolaringoscopia deve ser o primeiro exame a ser realizado, sendo que a mobilidade das cordas vocais e extensão precisa do tumor devem ser avaliados com cuidado. A tomografia e a ressonância são excelentes métodos para estagiar o carcinoma, pois mostram o volume do tumor, envolvimento de cartilagem, invasão do espaço periepiglótico e extensão para fora da laringe. Para tratamento, tanto a cirurgia como a radioterapia são utilizadas, sendo a experiência do cirurgião o método de escolha. GLÂNDULAS SALIVARES Os tumores nessa região são raros, mas, quando ocorrem, o local mais acometido é a parótida, correspondendo a cerca de 80 a 85% desses tumores. Tumores na glândula submandibular, sublingual ou nas salivares menores são pouco frequentes, mas podem ocorrer. Apesar de infrequentes, no caso da glândula sublingual, a malignidade chega a 70%, enquanto que na salivar, as neoplasias malignas podem chegar a 50%,sendo representadas em 10% dos casos pelo carcinoma adenoide cístico, um tumor que cresce lentamente, mas apresenta grande potencial maligno. Radiação, dieta e infecção têm sido implicados como potenciais fatores de risco, bem como, em pacientes HIV positivos, existe aumento da incidência de tumores de glândulas salivares. Em relação a apresentação clínica, no tumor de glândulas salivares maiores, os achados são massa dolorosa e edema de glândula parótida, submandibular e sublingual. Já nas glândulas salivares menores os achados são massa dolorosa na submucosa e ulceração de mucosa. Dependendo da evolução dos tumores, pode ocorrer obstrução nasal, congestão e alterações visuais. Aqui, a ultrassonografia é a primeira escolha para auxílio de estadiamento, já que possui baixo custo e alta sensibilidade. O tratamento padrão é a excisão cirúrgica e, no caso positivo de margens pós-cirúrgicas, além da cirurgia, se faz radioterapia adjuvante. REFERÊNCIA CAMPANA, Igor Gusmão; GOIATO, Marcelo Coelho. Head and neck tumors: epidemiology, risk factors, diagnosis and treatment. Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.1, p. 20-26, Janeiro/Junho, 2013.
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