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Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André De que forma a célula interpreta os sinais do ambiente e que tipo de resposta a célula vai exercer em relação a cada tipo de sinal. Os sinais, que geram estímulos celulares são interpretados e a célula gera uma resposta. Se uma célula está em contato com um hormônio que induz proliferação, essa célula primeiro vai receber esse sinal e identifica-lo e a partir disso ela o interpreta e passa a exercer a função que o sinal determina. Nem todas as células conseguem entender todos os sinais que estão presentes pois elas não tem mecanismos pra identificar aquele sinal naquele local. Nós temos uma célula, e essa célula está em um ambiente rica em moléculas sinais que são extracelulares. Para essa célula poder identificar uma molécula sinal, ela precisa de uma proteína de membrana chamada de proteína de sinal. As células apresentam receptores diferentes para cada molécula sinal que pode estar presente no meio. Ex: a insulina é uma pequena proteína que é secretada e é um hormônio. A insulina induz a célula a absorver glicose, porém para a célula conseguir capturar esse sinal ela precisa de um receptor, se ela não tiver o receptor pra insulina ela não irá reconhecer a molécula sinal da insulina, dessa forma ela não irá capturar a glicose. Esse fenômeno caracteriza um tipo de diabetes, no qual as células são insensíveis a insulinas pois seus receptores estão em menor quantidade, ou são deficientes ou simplesmente não existem – por isso a glicose não consegue ser capturada e acaba se acumulando na corrente sanguínea. Normalmente essas moléculas sinais precisam de um receptor de membrana, pois essas moléculas são muito grandes e não atravessam a membrana plasmática. Dessa forma há a compartimentalização da célula, o sinal na maioria das vezes está no lado de fora da célula. Então o receptor precisa estar na membrana, normalmente ele é transmembrana pois muitas vezes não é o receptor que vai desempenhar a função. PAPEL DO RECEPTOR 1. Identificar a molécula sinal; 2. Interpretar e mandar essa informação, ou seja, a presença do sinal ali no ambiente para dentro da célula. A molécula sinal não vai entrar na célula, mas a porção intracelular do receptor vai operar para transmitir a informação. A porção intra celular, ela normalmente interage com proteínas celulares para gerar um efeito dominó. O receptor ativa a proteína 1 que ativa a proteína 2, que ativa a proteína 3 e assim vai tendo a transmissão do sinal através de uma cascata de ativação. CASCATA DE ATIVAÇÃO É a proteína A, ativando a proteína B que ativa a proteína C e assim sucessivamente para que o sinal seja transmitido. Todas essas proteínas são intracelulares. A cascata começa no receptor e vai entrando na célula até finalmente chegar nas proteínas efetoras. PROTEÍNAS EFETORAS As proteínas efetoras são quem vão desempenhar a função causada pela exposição ao sinal. Sinalização Celular Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André No caso da insulina a proteína efetora seria o transportador de glicose. A cascata de sinalização da insulina vai levar à exocitose dos receptores de glicose para que a célula comece a capturar mais glicose frente a esse estímulo – exocitose regulada, ou seja, só funciona mediante o sinal da insulina. 3 PONTOS - Recepção do sinal; - Transmissão do sinal pra porção intracelular; - Cascata de ativação. EFEITOS Proteínas do citoesqueleto podem ser as proteínas efetoras, isso gera mudança no formato da célula ou alteração do seu movimento. - A bactéria lança moléculas que são quimioatraentes, são moléculas sinais. Dependendo da posição aonde essa célula tiver o receptor para receber o quimioatraente ele vai direcionar a polimerização de actina naquela região. Isso faz com que ao invés da bactéria conseguir driblar o neutrófilo ele começa a polimerizar no sentido correto, atrás do sinal que está sendo emitido pela bactéria. Mudanças no metabolismo: algumas sinalizações podem fazer com que a célula passe a consumir mais glicose, aumentar a quebra de glicose, etc. A maioria dos efeitos mediados por sinalização celular afetam a expressão gênica. Para ativar ou inibir um gene o efeito desse processo leva algumas horas. EXCEÇÕES Hormônios esteroides: passam livremente pela membrana, nesse caso a célula não necessita de um receptor de membrana. Esse sinal pode difundir até chegar diretamente na proteína efetora. Os receptores dessas moléculas hidrofóbicas como de estrogênio, ao mesmo tempo que são receptores intracelulares/ nucleares também são fatores de transcrição. TIPOS DE SINALIZAÇÃO JUNÇÃO CÉLULA-CÉLULA Pode-se ter uma célula com uma proteína de membrana que seria uma molécula sinal que ao invés de ser lançada e difundir pelo ambiente ela pode ser uma proteína de membrana de uma célula. No contato célula-célula uma célula com a molécula sinal pode induzir a célula ao lado que possui o receptor. Muito comum no sistema imunológico. - Ex.: Apresentação de um corpo estranho que é um sinal para uma célula imunológica. Isso faz com que a outra célula tenha sua programação ativada e então consiga exercer suas funções e ir atrás do corpo estranho para eliminá-lo. SINALIZAÇÃO PARÁCRINA A célula sinalizadora produz a molécula sinal e a secreta que vai difundir apenas localmente. Depende da difusão de um sinalizador local, sem sair do seu sítio de produção. É um pouco mais abrangente que a sináptica. - Ex.: Moléculas do sistema imunológico em processo de inflamação devem ser secretadas apenas localmente. SINALIZAÇÃO SINÁPTICA Mediada por neurônios. - Ex.: Os neurotransmissores são as moléculas sinais desse processo de sinalização. Quando os neurotransmissores são secretados somente algumas células recebem na região de fenda sináptica. SINALIZAÇÃO AUTÓCRINA Uma célula produz um sinal no qual ela mesma possui um receptor. - Ex.: Acontece com células tronco: são células não diferenciadas importantes para repor o estoque de células de um determinado tecido. Elas podem secretar uma certa substância para que elas mesmas continuem sendo células tronco. Se elas bloquearem Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André essa sinalização, entram um processo de diferenciação forçada e deixam de ser células tronco. - Ex.: Câncer também faz sinalização autócrina, produz uma molécula que induz ela a proliferar. Ela mesma produz a sua sinalização de proliferação, ela não depende do ambiente. SINALIZAÇÃO ENDÓCRINA Mediadas por moléculas sinais chamadas de hormônios. Tem um alcance sistêmico, ou seja, pega todas as células do organismo. Tudo o que tiver um receptor no organismo vai ser capaz de receber essa molécula sinal. Depende de corrente sanguínea. TIPOS DE RESPOSTA Uma célula não recebe apenas um sinal, ela recebe vários ao mesmo tempo. Por causa disso pode-se obter combinações de moléculas sinais. Apenas uma molécula sinal é capaz de ativar uma célula e fazer com que ela faça várias coisas diferentes. A célula o tempo todo está recebendo uma combinação específica de sinais e eles ativam receptores que ativam moléculas intermediárias de sinalização celular. SITUAÇÃO 1 Uma célula que recebe 3 moléculas sinais diferentes: A, B e C se ela recebe ao mesmo tempo, ela apenas sobrevive. A identificação de uma sinalização local é necessária inclusive para que a célula sobreviva. Se a célula for incapaz de reconhecer qualquer tipo de sinal ela não consegue sobreviver e morre. Combinações específicas de sinalização geram efeitos específicos. SITUAÇÃO 2 A célula recebe A, B e C e ao mesmotempo recebe D e E. A soma de A, B, C, D e E faz a célula não apenas sobreviver mas também crescer e se dividir – estímulo à proliferação celular. Precisa ter as 5 moléculas sinais para que isso ocorra. Se ao invés de D e E, essa célula receber F e G, ela não cresce nem divide, se diferencia em outro tipo de célula – estímulo à diferenciação celular. CASCATA DE TRANSMISSÃO DO SINAL MENSAGEIROS INTRACELULARES A função do receptor é identificar o sinal e enviar essa informação para dentro – o receptor atravessa a membrana. Proteína suporte: importante para acelerar o processo. A cascata de sinalização possui uma grande vantagem pois o receptor é capaz de ativar mais de uma molécula e cada uma dessas moléculas pode ativar outras que poderão ativar mais outras. Isso amplifica o sinal de uma molécula sinal e um receptor e gerar um efeito maior e mais forte. Os hormônios são secretados em baixas concentrações e essa amplificação é importante para potencializar o efeito. As células podem manipular as vias de sinalização em pontos específicos, fazendo combinações. Podem haver interconexões na via interferindo em algumas proteínas. RELAÇÃO ENTRE SINAL E RESPOSTA Células diferentes podem ter efeitos diferentes com uma mesma molécula sinal. POR QUE UMA MESMA MOLÉCULA SINAL PODE TER EFEITOS DIFERENTES EM CÉLULAS DIFERENTES? As proteínas efetoras que estão sendo ativadas são diferentes. Os receptores pra mesma molécula podem ser diferentes, gerando vias de sinalização distintas com as efetoras que ativarão funções diferentes. Ou o receptor e a via podem ser os mesmos mas alguma molécula no meio faz uma bifurcação. Tempo de resposta: é o tempo entre o início da cascata de sinalização e a resposta da célula. O tempo de resposta pode ser muito diferente entre um tipo de sinal e outro. Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André RESPOSTA RÁPIDA Alteração no citoesqueleto ou alterações metabólicas. Envolve segundos/minutos. RESPOSTA LENTA Envolve sempre expressão gênica. Para ativar um gene deve-se ter um fator de transcrição no final da via que vai ocasionar a produção de mRNA que irá sair do núcleo, será traduzido em proteína e essa proteína tem que ser enovelada para fazer o gene funcionar – isso demanda muito tempo, várias horas, até que haja um nível bom de proteínas capazes de realizar aquela função. Efeitos que dependem da expressão gênica podem levar de horas até anos – por exemplo a puberdade. FEEDBACK POSITIVO: Quanto mais se tem de uma certa coisa mais propenso aquilo é de receber mais daquela coisa. Isso gera instabilidade em situações praticamente irreversíveis. - Importante na diferenciação celular: é normalmente um processo irreversível regulado por feedback positivo. NEGATIVO: Quanto mais se tem de uma certa coisa, menos propenso aquilo é de receber mais daquela coisa. É uma forma de auto regulação – atenuação do sinal para manter a homeostase. QUEM É RESPONSÁVEL PELO FEEDBACK? É a própria auto regulação das vias de sinalização. Todas as vias de sinalização são autônomas, ela só será modulada se houver algum outro sinal interferindo. SENSIBILIDADE QUAL É A MENOR CONCENTRAÇÃO POSSÍVEL QUE É NECESSÁRIA PARA QUE A CÉLULA COMECE A IDENTIFICAR O SINAL E POSSA DESEMPENHAR UMA FUNÇÃO? Existem células que são mais sensíveis a um sinal e células que são menos sensíveis a um sinal. Existem moléculas que ativam uma célula em menor concentração do que outras. A sensibilidade aumentada pode ser porque uma célula possua mais receptores. Gráfico de porcentagem do efeito A célula “A” é mais sensível pois ela precisa de menor concentração para gerar o mesmo efeito. A célula que ativar canais iônicos será mais rápido que a célula que ativar a expressão gênica. Pode ter um aumento da concentração de receptores ou pode ter um receptor que seja mais facilmente ativado. Gráfico de alcance dinâmico Diferença entre o “B” e o “A”: O “B” sobe desde o início e o “A” precisa de mais concentração para subir – precisa superar o limiar de ativação. Limiar de ativação: é algo que a célula apresenta como se fosse uma resistência à desempenhar uma função. Ela só vai desempenhar aquela Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André função quando vários receptores forem ativados. É como se fosse uma barreira que a molécula sinal precisa vencer para que a célula consiga exercer aquela resposta. - Normalmente são vias de inibição que estão constitutivamente ativadas dentro da célula que precisam ser vencidas para que a função seja executada. Ex.: A despolarização da membrana de um neurônio precisa vencer o limiar de ativação, alguns canais precisam abrir para que realmente a voltagem da membrana se altere. A CÉLULA “A” EM QUE A MOLÉCULA SINAL PRECISA VENCER O LIMIAR DE ATIVAÇÃO E A CÉLULA “B” QUE NÃO PRECISA VENCER O LIMIAR DE ATIVAÇÃO, QUAL É A CÉLULA MAIS SENSÍVEL AO SINAL? A célula “B”, pois para a célula “A” vencer o limiar de ativação é preciso uma maior concentração de sinal. A curva “C” é um exemplo de abertura de um canal iônico que ou está aberto ou está fechado – Efeito tudo ou nada: A partir do momento que essa molécula vê o limiar de ativação o seu efeito passa de zero a máximo. Tem menor alcance dinâmico. Alcance dinâmico: o quanto de diferente percentual de efeito esse sinal pode modular. É a graduação da porcentagem de efeito que se tem. - Existem certos sinais que pode-se ter um aumento da expressão gênica gradual/dinâmico ou pode-se abrir ou fechar um canal iônico. Persistência da resposta – Efeito/tempo Resposta transiente: molécula A, a partir de um estímulo o efeito tem um início, meio e fim. Ex.: O linfócito T pode ser ativado mediante a apresentação de um corpo estranho porém ao mesmo tempo em que essa célula foi ativada ela possui um prazo pra morrer. Ela precisa morrer pois se caso isso não ocorresse poderia atacar o próprio organismo – processo de morte induzida por ativação. Resposta persistente: O efeito persiste enquanto tiver o sinal, se não tiver o sinal o efeito acaba. Curva B. Resposta permanente: A partir do momento em que foi estimulado o efeito vai continuar tendo sinal ou não. O efeito permanente depende de feedback positivo. Curva C. - Importante na diferenciação celular. CORRELAÇÃO ENTRE SINAIS INTEGRAÇÃO DE SINAL Resposta única governada por múltiplos sinais. Para obter uma resposta é preciso uma combinação de fatores. COORDENAÇÃO DE EFEITO Uma molécula sinal pode induzir a célula a fazer tudo. Fatores de crescimento: fazem a célula crescer, sobreviver e proliferar apenas por uma única molécula sinal. O receptor basicamente ativa moléculas que irão ativar várias moléculas efetoras diferentes. Lara Fernandes Silva – Enfermagem e Obstetrícia UFRJ – Biocel – Prof. André
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