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Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 1 SUMÁRIO 01. Introdução 02 02. Perfil da cultura 07 03. Características da cultura 10 04. Principais variedades 13 05. Ecologia 18 06. Adubação 21 07. Propagação 24 08. Planejamento e Instalação do Pomar 30 9. Irrigação do Pomar 32 10. Poda 33 11. Floração 38 12. Doenças 41 13. Pragas 45 14. Colheita e Pós-colheita 47 15. Transporte e Armazenamento 52 16. Custos e Rentabilidade 54 17. Literatura Consultada 59 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 2 CULTURA DA MANGUEIRA 01. INTRODUÇÃO. A mangueira (Mangifera indica L.), pertence à família Anacardiaceae, originária do Sul da Ásia, é uma das árvores introduzidas que melhor se aclimataram ao Brasil, ocupando a sexta posição em produção e área plantada (Rodrigues, 1989). Seus frutos são aproveitados para o consumo ao natural ou sob forma de compotas, doces, sucos ou sorvetes (Simão, 1971). O consumo acentuado de mangas na última década tem contribuído para uma maior disposição em cultivá-la, devido ao número crescente de consumidores, tanto no mercado interno como no externo. A manga vem assumindo gradativamente uma posição de destaque entre as frutas mais preferidas no Nordeste, aumentando em ritmo acelerado novos plantios, sendo que a Bahia é um dos seis principais Estados do Brasil produtores de manga, vindo depois de Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Piauí e Ceará (Sampaio, 1989). Neste Estado, a região do Submédio São Francisco apresenta um crescimento significativo desta cultura, devido a diversos fatores, especialmente, pelas excelentes condições edafoclimáticas para exploração da manga e a possibilidade de se produzir, quando praticamente não existem concorrentes no mercado (Nunes, 1992). As tendências do mercado mundial de alimentos apresentam um alto crescimento em produtos naturais não processados, como as frutas e vegetais. O mercado mundial de frutas cresce à taxa de 5% ao ano, sendo constituído, em sua maior parte, por frutas de clima temperado, típicas da produção e do consumo no Hemisfério Norte, embora seja elevado o potencial de mercado para as frutas tropicais (Vilas 2002). O potencial do mercado mundial de frutas é de mais de US$ 55 bilhões/ano (Vilas 2002) e o acesso a este depende de um conjunto complexo de fatores que, além das tradicionais barreiras não alfandegárias, incluem requisitos de qualidade e competitividade exigidos pelos mercados dos países importadores, como os da Europa, EUA, Ásia e Mercosul. Em 1998, a manga foi a fruta que mais contribuiu com as exportações brasileiras de frutas frescas, e vem mantendo-se nesta posição ficando atrás apenas da maçã (Anuário 2005). O espaço conquistado pelo Brasil no mercado internacional de manga nessa década evidencia o potencial da fruticultura tropical como geradora de divisas. Essa oportunidade fica ainda mais presente se considerarmos o recente crescimento da demanda mundial de frutas tropicais e suco de frutas (ALMEIDA et al., 2000). Dada a sua importância econômica, promovida pelo excelente sabor e valor nutricional, a manga é o sétimo produto agrícola mais plantado no mundo e o terceiro mais cultivado nas regiões tropicais, em aproximadamente 94 países. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 3 A exploração da manga no Brasil, historicamente, foi feita em moldes extensivos, sendo comum o plantio em áreas esparsas, nos quintais e fundos de vales das pequenas propriedades, formando bosques subespontâneos, e tradicionalmente cultivados nas diversas localidades. No Brasil, ainda predominam as variedades locais do tipo "Bourbon”, “Rosa”, “Espada”, “Coqueiro”, “Ouro”, entre várias outras, entretanto, nos últimos anos, esse quadro está mudando com a implantação de grandes áreas com novas variedades de manga de comprovada aceitação pelo mercado externo. O cultivo da mangueira no Brasil, portanto, pode ser dividido em duas fases distintas: a primeira, teve como característica principal os plantios de forma extensiva, com variedades locais e pouco ou nenhum uso de tecnologias; e a segunda, caracterizada pelo elevado nível tecnológico, como irrigação, indução floral e variedades melhoradas. A expansão da mangicultura tem ocorrido principalmente no estado de São Paulo, de onde foram difundidas as novas variedades de manga para o restante do país, e nos polos de agricultura irrigada do Nordeste. Nesta região, a incorporação de plantios tecnificados, principalmente no Vale do São Francisco, que abrange os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e em outras áreas irrigadas como as dos Vales do Jaguaribe, Açu-Mossoró e Parnaíba situadas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, respectivamente. Portanto, é na região semi-árida nordestina onde foram implementados vários empreendimentos, com plantios comerciais de variedades demandadas pelo mercado externo. Em todas essas áreas, o cultivo da manga chamada “tipo exportação” encontra-se em fase de franca expansão, tendo como base as cultivares “Tommy Atkins” e “Haden”, entre outras. A mangicultura na região semiárida destaca-se no cenário nacional, não apenas pela expansão da área cultivada e do volume de produção, mas, principalmente, pelos altos rendimentos alcançados e qualidade da manga produzida. Seguindo as tendências de consumo do mercado mundial de suprimento de frutas frescas, a região inclina-se, atualmente, para produção de manga de acordo com as normas de controle de segurança nos sistemas de produção preconizadas pelas legislações nacional e internacional. 1.1 O cultivo da manga no Brasil e no semiárido nordestino. O processo de expansão da cultura da manga no Brasil ocorre principalmente a partir de meados dos anos 80 e se estende por toda década de 90. A produção brasileira de manga (em geral), segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, revela um crescimento da produção da ordem de 38,23 % no período de 1990 a 2000. De um total de 1.557 milhões de frutos colhidos (equivalente a 389 mil toneladas) em 1990, depois de seguidos anos (1991 e 1992) de desempenho estagnacionista, observou-se uma pequena recuperação a partir de 1993, quando o volume produzido ascendeu, gradativamente, do patamar de 1.610 milhões de frutos (402 mil toneladas) para 2.153 milhões de frutos (538 mil toneladas), em 2000. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 4 No Brasil, a manga é cultivada em todas as regiões fisiográficas, com destaque para o Sudeste e para o Nordeste. Os dados da Tabela 1 revelam um crescimento da área cultivada de manga nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, em detrimento das regiões Norte e Centro-Oeste que apresentaram uma produção decrescente na década de 90. A região Sudeste, que em 2000 detinha 42,42 % da área plantada com manga no país, revelou um crescimento 23,17 % da área cultivada no período de 1990 a 2000. Nessa região destaca-se o estado de São Paulo com uma participação 31,46 % da área cultivada nacional. No Nordeste,a manga é cultivada em todos os estados, em particular nas áreas irrigadas da região semiárida, que apresentam excelentes condições para o desenvolvimento da cultura e obtenção de elevada produtividade e qualidade de frutos. Em 2000, a área cultivada de manga, na região nordestina, representou 51,66% da área cultivada total brasileira e revelou um crescimento da ordem 104,65 % no período compreendido entre os anos de 1990 e 2000 (Tabela 1). As principais áreas cultivadas de manga estão localizadas nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, que participaram, respectivamente, com 38,54 %, 18,17 % e 12,14 % do total da região nordestina. Tabela 1. Evolução da área plantada de manga no Brasil, por região, período 1990-2000 Região/An o 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Norte 1785 1803 1902 2065 1968 2004 2027 1464 1505 1437 1572 Nordeste 17122 17261 19590 21339 25252 24776 26960 29980 32366 33049 35186 Sudeste 23024 25335 26485 28044 28280 28302 31098 31298 31191 26409 28893 Sul 412 420 445 441 525 519 531 500 564 634 770 Cento- Oeste 3202 2442 893 2377 2039 1559 1810 1890 2046 2055 1686 Brasil 45545 47261 49315 54266 58064 57160 62426 65130 67672 63584 68107 Fonte: IBGE/Produção Agrícola Municipal No Censo Frutícola, realizado pela Codevasf, em 2001, foram levantados 32,3 mil hectares com mangueiras na região Nordeste, dos quais 23,7 mil hectares, ou seja, 73,41 %, sendo cultivados com variedades melhoradas, onde a Tommy Atkins responde por uma área de 20,2 mil hectares. Aqui vale ressaltar que essas novas áreas implantadas na região ainda não se encontram em plena produção. Quando se analisam os estágios produtivos revelados no referido Censo, verifica-se que 67,00 % de toda área cultivada, ainda encontra-se em formação ou em fase de produção crescente. A especialização da região na produção de manga teve seu impulso inicial na perspectiva de ocupação do mercado externo, mas o mercado nacional ainda absorve a maior parcela da produção. A existência de um mercado interno de grande dimensão confere ao setor uma relativa autonomia na organização do processo de produção. A complementaridade do mercado doméstico tem uma grande importância para as Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 5 atividades exportadoras, seja como amortizador das instabilidades do mercado internacional, seja absorvendo os produtos que não atendem aos critérios de qualidade exigidos por este mercado. 1.2 A importância econômica e social do cultivo da mangueira na região semiárida nordestina. A cultura da manga reveste-se de especial importância econômica e social, na medida em que envolve um grande volume anual de negócios voltados para os mercados interno e externo, e destaca-se entre as culturas irrigadas da região como a que, embora não apresente um elevado coeficiente de geração de empregos diretos, quando comparado com outras fruteiras, mas confere oportunidades de ocupações que se traduzem em empregos indiretos. A produção manga voltada para o mercado de produtos de qualidade passa a exigir, cada vez mais, novas tecnologias, mão-de-obra qualificada e serviços especializados, tanto no processo produtivo, quanto nas atividades pós-colheita (embalagem, empacotamento e classificação). Todo esse processo tem sido acompanhado por mudanças caracterizadas por um conjunto de inovações, na organização da produção e do trabalho, dando origem às diversas formas de relações contratuais, que se manifestam sob forma de prestação de serviços. Esta dinâmica passou a envolver um grande contingente de trabalhadores qualificados, um número significativo de técnicos e firmas, entre outros profissionais especializados, vinculados a essas empresas ou prestando serviços por conta própria. Tratam-se de novos atores sociais, que ao lado dos fruticultores, devem ser considerados como essenciais ao setor produtivo. Cabe ressaltar que a mangueira é cultivada por diferentes estratos de produtores, com uma participação significativa dos pequenos, que ainda produzem de forma extensiva as variedades locais ou primitivas e, principalmente, dos pequenos fruticultores dos projetos públicos de irrigação, que plantam as variedades do “tipo exportação”. Trata-se de uma grande massa de pequenos produtores com grande capacidade de abastecimento do mercado doméstico e baixo potencial de inserção no mercado externo. A participação da pequena produção na cadeia produtiva da manga está intimamente relacionada ao abastecimento doméstico e à construção e ampliação de um circuito regional de produção-distribuição-consumo de frutas, ligado ao pequeno varejo tradicional das feiras e quitandas das cidades do Nordeste e Norte do País. Trata-se de um circuito regido por acordos e contratos informais, que se desenvolvem paralelamente aos formados por estruturas integradas, organizados em redes de caráter nacional, patrocinados pelas grandes empresas produtoras de frutas, cooperativas, atacadistas, Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 6 quase sempre pautados em relações contratuais bem definidas, entre esses distintos agentes das cadeias produtivas. Conforme pode ser observado na Tabela 2, o estrato de produtores que cultiva até três hectares com mangueiras, representa 86,66 % dos mangicultores do Nordeste, mas só respondem por cerca de 28,08 % da área cultivada na região. A maior parte da produção está concentrada nos estabelecimentos dos médios e grandes produtores instalados nos projetos públicos ou nas propriedades privadas dos polos frutícolas situados na região. Os produtores que cultivam acima de 10 hectares de manga, muito embora representem apenas 3,88 % do total dos produtores do Nordeste, são responsáveis por cerca de 51,18 % de toda área cultivada de manga na região. De fato são as médias e grandes empresas, com melhor inserção no mercado internacional e maior capacidade de absorção de riscos, que se lançam nesses novos empreendimentos. Tabela 2. Número de produtores por estrato de área cultivada com manga no Nordeste, ano 2001. Estados 0 a 3 Há 3 a 10 Ha 10 a 50 Ha 50 a 100 Ha Mais de 100 Ha Produtor Área Produtor Área Produtor Área Produtor Área Produtor Área Alagoas 2614 1607,1 21 116 6 148 1 110 Bahia 3452 4102 476 3297,5 132 4040 15 1202,7 9 1497,4 Ceará 117 138,1 8 52 4 72 1 165 Maranhão 33 37 1 8 3 100 Paraíba 40 48,9 22 124,5 22 434 1 60 Pernambuco 1211 1473,9 264 1638,2 92 2394,4 7 557 5 627,4 Piauí 172 181,5 27 177,1 14 476,3 4 356 3 374 R.G. Norte 236 247,9 56 344,2 19 523 4 261 Sergipe 755 600,4 14 116,7 16 436,3 1 140 Total 8819 8692 962 6418,8 336 9320,1 36 2813,8 23 3708,8 Fonte: Codevasf/Censo Frutícola 2001 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 7 02. PERFIL DA CULTURA 2.1 Aspectos Econômicos A mangueira (Mangífera Indica L.) é considerada uma das mais importantes frutas tropicais cultivadas no mundo, se posicionando, logo após a banana, o abacaxi e o abacate. Na América, o precursor de seu cultivo foi o Brasil, através da introdução das primeiras plantas no Rio de Janeiro, de onde se disseminou para o resto do país. Segundo dados da FAO (1994) a produção de mangas no mundo em 1994, foi de 18.450 mil toneladas, sendo os principais produtores relacionados na tabela 3. TABELA 3- Principais países produtores de manga, FAO (1994). PAISES PRODUTORES – 1994 1.000 TON. % DO TOTAL Índia 10.000 54,20 China 1.180 6,40 México 1.090 5,91 Paquistão800 4,34 Indonésia 779 4,22 Tailândia 630 3,41 Nigéria 500 2,71 Brasil 400 2,17 Filipinas 360 1,95 Haiti 230 1,25 Mundo 18.450 100,00 A Índia se destaca como o principal país produtor, alcançando mais de 50% da produção mundial. Entretanto, outros países não relacionados, se destacam através de suas exportações, como África do Sul, Costa do Marfim, Israel, Costa Rica, Porto Rico, Peru e Venezuela. As possibilidades de ampliação do mercado internacional de mangas são bastante grandes, considerando-se que a demanda de frutas no mundo é crescente, não só pelo aumento populacional, bem como pela mudança nos hábitos alimentares, ocorrendo a substituição da alimentação à base de proteínas de origem animal por frutas e legumes. A manga, além de seu consumo „ao natural‟, se presta a fabricação de grande número de produtos industrializados, constituindo-se em fonte de vitaminas A e C. TABELA 4- Principais países produtores de manga, FAO (1994). PAISES PRODUTORES – 1994 1.000 TON. % DO TOTAL Índia 10.000 54,20 China 1.180 6,40 México 1.090 5,91 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 8 Paquistão 800 4,34 Indonésia 779 4,22 Tailândia 630 3,41 Nigéria 500 2,71 Brasil 400 2,17 Filipinas 360 1,95 Haiti 230 1,25 Mundo 18.450 100,00 2.2 Perfil da Cultura no Brasil No Brasil, a mangueira está disseminada em quase todo o território, e Segundo A.E.B. (1994) a área cultivada se aproxima de 50.000 hectares, com os principais estados produtores apresentados na Tabela 5. TABELA 5 – Principais Estados Produtores de Manga, A.E.B. (1994). ESTADOS PRODUTORES ÁREA (Ha) - 1992 % DO TOTAL São Paulo 19.963 40,52 Minas Gerais 5.842 11,85 Bahia 4.369 8,86 Pernambuco 3.267 6,62 Piauí 3.250 6,59 Rio Grande do Norte 2.259 4,58 Ceará 2.136 4,33 Paraíba 1.734 3,52 Alagoas 1.035 2,10 Mundo 49.315 100,00 O Nordeste brasileiro é tradicional produtor de mangas, possuindo condições climáticas consideradas das melhores do mundo para o cultivo da mangueira, destacando-se o Vale do Rio São Francisco desde Pirapora em Minas Gerais, até Petrolina no estado de Pernambuco. No Sudeste, a mangicultura se destaca no estado de São Paulo (40% da produção brasileira) e Minas Gerais (12% da produção brasileira). A cultura da mangueira no Brasil pode ser analisada em duas fases. A primeira, até a década de sessenta, em que havia a predominância quase total, de cultivos puramente "extrativos", de variedades "nacionais", denominadas de mangas 'comum'. Esses pomares se originaram através da propagação por sementes, resultando num extenso número de tipos regionais de mangueiras, conduzidas sem nenhum trato cultural específico. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 9 A partir de 1970 foram introduzidas uma série de variedades, principalmente da América do Norte, que provocaram uma grande mudança no cultivo desta frutífera, pois, apesar de produzirem frutos com características superiores, exigiam muito em termos de tratos culturais. A presença brasileira no mercado internacional é ainda tímida, sendo que, em 1992, exportou-se cerca de 9.070 toneladas (0.57% da produção), distribuídos para América do Norte (1.770 ton.), Comunidade Européia (6.840 ton.), Europa (320 ton.) e Mercosul (140 ton.), ao preço médio de US$ 979 1 tonelada. No mercado interno, há a estimativa de que a demanda até o ano 2.020 atingirá 900,5 mil toneladas, CODEVASF (1989). Apesar das grandes possibilidades tanto para o mercado externo como interno, a cultura da mangueira vem passando por sobressaltos, em algumas regiões produtoras. A produtividade média brasileira, segundo A.E.B. (1994) seria de 32,808 ton./hectare, porém, provavelmente, grande número de produtores não atingirem nem a metade desta produtividade. Entre os diversos problemas que afetam a exploração, destacam-se: 2.2.1 Época de produção. Existe uma grande concentração de produção ao final e inicio de ano, ocasião em que os preços não chegam a cobrir as despesas de colheita. Nas centrais de abastecimento da região Sudeste, os meses de novembro, dezembro e janeiro, chegam a representar 70% do volume total comercializado no ano e, como consequência, os preços são significativamente mais baixos. De outro modo, os consumidores desta região chegam a pagar R$ 5,00 (US$ 5,00) por unidade, durante os meses de agosto, setembro e outubro. Torna-se, portanto, fundamental o domínio do florescimento da mangueira, alterando-o e direcionando a produção para épocas mais adequadas. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 10 03. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA. 3.1 Características da planta A mangueira é uma árvore frondosa de porte médio a alto, podendo atingir até 30 metros. Apresenta copa arredondada e simétrica, variando de baixa e densa a ereta e aberta e adquirindo eventualmente forma piramidal. Nos plantios modernos, o porte e formato da planta fica determinado pela densidade de plantio e tratos culturais, principalmente pelo sistema de poda utilizado. A folhagem é sempre verde. Fig. 1. Mangueira adulta em fase de floração. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. O sistema radicular da mangueira é caracterizado pela presença de uma raiz pivotante, que pode se aprofundar bastante no solo, proporcionando uma boa sustentação à planta e possibilitando a sobrevivência em períodos prolongados de estiagem. Tanto a raiz pivotante como as outras raízes verticais da mangueira apresentam inúmeras ramificações, chamadas de radicelas, que são as principais responsáveis pela absorção da solução do solo e, consequentemente, pela nutrição da planta. Nos plantios nas regiões áridas e semiáridos com irrigação localizada, o tamanho e forma do sistema radicular segue a distribuição de água no solo. As folhas são predominantemente lanceoladas, apresentam textura coriácea e medem normalmente de 15 a 40 centímetros de comprimento e de 1,5 a 4,0 centímetros de largura. A cor da folha da mangueira, quando jovem, varia da tonalidade verde clara a levemente amarronzada ou arroxeada, mas, quando madura, adquire coloração verde escura. A face superior é plana e o pecíolo é curto, medindo normalmente de 2,5 a 10,0 centímetros. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 11 A inflorescência da mangueira possui tanto flores masculinas como flores hermafroditas. Geralmente, a inflorescência da mangueira é terminal, mas, às vezes, pode ser lateral. Além disso, é ramificada e piramidal, apresentando um número extremamente variável de flores, desde centenas até milhares. As flores são muito pequenas, medindo normalmente cerca de 6 milímetros, e pentâmeras. O ovário é súpero e unilocular e o estigma é rudimentar. Fig. 2. Inflorescência da mangueira. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. O fruto da mangueira é uma drupa, cujo formato varia de arredondado a alongado, e pode pesar de poucas gramas até 2 quilogramas, a depender da variedade. A casca pode apresentar coloração verde, amarela ou vermelha. A polpa é geralmente amarelada, apresentando uma ampla gama de sabores e uma quantidade também muito variável de fibras. No interior da polpa, encontra-se o caroço - a semente -, cuja forma e cujo tamanho variam de acordo com a variedade. O crescimento vegetativoda mangueira é essencial para propiciar uma produtividade elevada. O período juvenil é de aproximadamente 3,5 anos. O florescimento da mangueira é dependente de uma combinação de fatores climáticos, normalmente favorecido por uma associação entre uma diminuição na temperatura e um estresse hídrico. Algumas práticas culturais, como a aplicação de determinados fitorreguladores, também induzem a mangueira ao florescimento e são comumente empregadas nos pomares da cultura. A polinização é feita geralmente por insetos, tais como moscas e abelhas. No entanto, embora a inflorescência da mangueira abrigue de centenas a milhares de flores, Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 12 o processo da fecundação não é tão eficiente, sendo diretamente afetado pelas condições climáticas, principalmente pela pluviosidade, temperatura e umidade relativa do ar. A quantidade de frutos que vingam e amadurecem é muita pequena em relação à quantidade de flores produzidas. O período de queda dos frutos começa na primeira semana após a fecundação. Fig. 3. Mangueira em fase de produção. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. O período entre o florescimento e o amadurecimento do fruto é de aproximadamente 100 a 150 dias, variando, portanto, de acordo com as condições climáticas e, sobretudo, com a variedade. Propriedades Nutricionais Encontra-se na manga um bom teor de carboidratos, Betacaroteno (provitamina A), Vitamina C, Vitaminas do Complexo B, Ferro, Fósforo, Cálcio, Potássio, Magnésio e Zinco. Propriedades Medicinais A manga ajuda a purificar o sangue e um bom diurético. Pura ou em sucos combate a bronquite, tem efeito expectorante e combate a acidez estomacal. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 13 Valor Calórico 100 gramas de manga fornecem, em média, 64,3 calorias. Maturação A manga boa para consumo deve estar macia quando apertada com os dedos, mas sem que a casca se rompa pela pressão. Não deve apresentar machucados, rachaduras ou estar melada. 04. PRINCIPAIS VARIEDADES. Deve-se ressaltar que não existe uma variedade considerada 'ideal', que apresente agrupadas todas as características desejáveis em termos fitotécnicos e de mercado. Como já relatado apesar do elevado número de variedades disponíveis (200 variedades) cerca de 80% dos cultivos tecnificados se restringe ás variedades Haden e Tommy Atkins, reconhecidamente com excelentes características, porém, também com "defeitos" marcantes. 4.1 Características Varietais. As variedades de mangueira são classificadas em dois grupos, ou seja, Indu e Indo-Chinês. As variedades de origem lndú são consideradas nobres por apresentarem características de qualidade superiores, enquanto as Indo-chinesas, seriam "selvagens" com características inferiores. Na Tabela 6, estão apresentadas características que identificam os dois grupos. TABELA 6. Características principais dos frutos dos grandes grupos de mangueiras. CARACTERÍSTICAS DOS FRUTOS GRUPO INDU GRUPO INDO-CHINÊS Forma Variável: geralmente redondos no corte transversal, podendo ser alongados. Sempre algo achatado, mais longo que largo. Cor Geralmente amarelados, com uma placa vermelha quando maduros ou totalmente avermelhados. Geralmente amarelo- esverdeados quando maduros e, raramente de cor vermelha. Fibra Podem ter ou não. Geralmente não apresentam fibras. Sabor Doces e poço ácidos, com Doces e subácidos, Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 14 sabor fortemente aromatizado. geralmente não aromatizados. Semente Geralmente monoembriônica. Geralmente poliembriônia. Antracnose Suscetíveis a antracnose Relativamente suscetíveis à antracnose. 4.2 Principais grupos Pelo elevado número de 'tipos' de mangueiras existentes no país, com nomes os mais variados possíveis, a classificação e caracterização de variedades no Brasil, pode ser difícil e trabalhosa. As características a serem observadas, podem ser reunidas em três grupos: Grupo A: Características principais forma e tamanho do fruto, forma do bico. Grupo B: Características secundárias – forma da extremidade da folha, dobradura das folhas. Grupo C: Características terciárias conformação das folhas e da inflorescência, disposição das veias do caroço, tipos e disposição das fibras, perfil dos ombros, perfil da cavidade basal, coloração das folhas quando novas. Na Figura 4, está representado o fruto da mangueira, assinalando-se as suas características, utilizadas na diferenciação de variedades. A Tabela 7 mostra a grande diversidade de formas observada principalmente nas chamadas "mangas comuns". Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 15 Considerando-se que a mangicultura é uma atividade perene, em que os pomares poderão ter 20 anos ou mais de vida útil, bem como, o grande número de variedades lançadas periodicamente, a escolha correta da variedade é um fator fundamental para o sucesso do empreendimento. Entre as características consideradas „ideais‟ em uma variedade de mangueira, Meio Nunes (1995), relaciona: ·Boa produção, sem ou com pouca alternância de safra. ·Alta percentagem de flores férteis. ·Baixa tendência de produção de frutos sem embrião. ·Frutos coloridos, atrativos, preferencialmente de coloração avermelhada. ·Frutos sem ocorrência de amolecimento interno da polpa. ·Resistência ao transporte, embalagem e comercialização, com duração de no mínimo dez dias. ·Resistência à antracnose. ·Sabor agradável, sem fibras e terembetina. ·Sementes pequenas, de preferência perfazendo até 10% do peso total do fruto. ·Variedades com maturação uniforme e porte baixo. ·Alta percentagem de polpa, baixa de caroço e casca, alto teor de suco. ·Precocidade de produção e período de vida útil longo. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 16 TABELA 7 – Mangueira: principais características do fruto de algumas variedades mais cultivadas no Brasil. Varieda de Fruto Tamanho Peso (g) Forma Cor Sabor (1) Fibra (2) Edward Grande 480 Oval-oblonga amarelo-laranja + róseo E S Hadem Grande 480 Ovada- condiforme amarelo vivo + púrpura E P e T Irwin médio 340 Oblonga e comprimida lateralmente amarelo-laranja + vermelho B S Keitt muito grande 600 Oval-alongado, gorda espessa amarelo- esverdeada B P Kent muito grande 550 Ovalada e espessa verde-amarela + camensin E P e T Palmer muito grande 520 Alongada e cheia laranja-amrelada + vermelho M P e T Ruby pequeno 240 Ovalada, alongada e fina amarelo-laranja + vermelho B S Sensati on médio 300 Oval amarelo + vermelho B P Tommy Atkins muito Grande 580 Oval-ablonga amarelo- laranjada + vermelho B F e A Van Dyke médio 350 Redonda ovalada amarela + laivos vermelhos B G Zill médio 340 Ovalada com bico saliente amarelo + vermelho E S (1) Sabor: (2) Quantidade de fibras: E = Excelente A=Abundante B=Bom F=Finas M=MédioG=grossas T = Tenras P=Poucas S=ausentes Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 17 TABELA 8 – Mangueira: principais características da planta de algumas variedades mais cultivadas no Brasil. Variedade Porte Forma Copa produção Época de maturação Suscetibilidade às doenças (1) Edward Alto Globosa e irregular baixa Meia- estação 2/2 Hadem Elevado Arredondada Médio a regular Meia- estação 1/1 Irwin Médio a pequeno Compacta regular Meia- estação 2/1 Keitt Médio Aberta Regular e boa Tardia 2/3 Kent Médio Compacta e arredondada Baixa e regular Tardia 1/1 Palmer Médio Aberta Regular Tardia 2/2 Ruby Médio Globosa e compacta Alta Meia- estação 2/2 Sensation Médio Aberta Regular Tardia 2/1 Tommy Atkins alto Arredondada Regular Meia- estação 1/2 Van dyke Médio Aberta Alta Meia- estação Zill Alto Cômica regular Precoce a meia estação 2/2 (1) Suscetibilidade ao oídio e a antracnose: 1- Muito suscetível. 2 - Pouco suscetível. 3 - Tolerante. Apesar das excepcionais qualidades do fruto da variedade Haden, a planta é muito susceptível a oídio e antracnose, apresenta tendência à alternância de produção e incidência elevada de distúrbios como a MALFORMAÇÃO FLORAL. Na atualidade, representaria 20 a 30% apenas dos pomares tecnificados, havendo a alternativa de plantio da Haden 2H com características um pouco superiores. A primeira variedade mais cultivada seria a Tommy Atkins com cerca de 60 a 70% apesar de também apresentar problemas, como por exemplo, o COLAPSO INTERNO DO FRUTO. No Nordeste as variedades mais disseminadas são: Rosa, Espada e Itamaracá; no Centro-Oeste, as variedades Ubá, Bourbon, Haden e Coquinho, e também, variações do grupo dominante "Coração de boi" são as preferidas pelo consumidor (Medina, 1981 e Luna, 1988). Na região do São Francisco, no Nordeste semi-árido brasileiro, Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 18 predominam as variedades Haden, kit e Tommy Atkins nos plantios comerciais; as variedades Van Dyke, Surpresa, Kensington e Zili têm sido usadas nos plantios mais recentes (Nunes et al., 1991). Destaca-se ainda o grande número de variedades brasileiras de mangueiras, com denominações e características regionais. Donadio et al (1996) abordaram a caracterização e escolha de variedades nacionais considerando-se a tolerância a doenças e pragas, produção, qualidade do fruto, época de produção e capacidade biológica. Os autores traçaram o perfil de mais de 50 variedades, fornecendo informações básicas que auxiliam na escolha. Especificamente no caso de mangas para processamento industrial, Bleinroth et al (1976), indicam as variedades Imperial, Extrema, Oliveira Neto, Mato Dentro e Haden para a produção de manga em calda e, para néctar, as variedades Castro, Cecília Carvalho, João Alemão, Non Plus Ultra e São Quirino são as que apresentam rendimento superior. Soler (1989), para a mesma finalidade, recomenda Pele de Moça, Itamarati, Manga – D‟água e Ubá. Segundo Carvalho Neto (1975), as variedades para processamento mais indicadas seriam Itaparica, Maçã, Espada, Carlota e Pingo de Ouro. Entre 20 variedades de mangueiras avaliadas para o processamento em calda, Donadio (1993) estaca como superiores a Surpresa e a Santa Cruz. 05. ECOLOGIA. 5.1 Clima A mangueira cresce e desenvolve-se em diferentes condições climáticas, mas os plantios de áreas comerciais somente são viáveis, dentro de valores específicos e definidos de temperatura, regime hídrico, altitude, insolação, umidade relativa e ventos. É uma árvore frutífera de clima tropical e o cultivo está concentrado nas regiões tropicais (25 ºN, 25 ºS) e subtropicais (35 °N, 35 ºS) do planeta. Um dos maiores problemas das regiões semi-áridas é a irregularidade das chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de deficiência hídrica. O clima da região que compreende o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA é do tipo BSwh‟, segundo a classificação de Köeppen. Abaixo são apresentados os parâmetros climáticos considerados importantes para o cultivo comercial da cultura da mangueira. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 19 5.1.1 Radiação solar A radiação solar absorvida pela cultura da mangueira, interfere no seu ciclo vegetativo e no período de desenvolvimento do fruto, sendo de grande importância para o crescimento, floração e frutificação, daí a importância do manejo cultural, principalmente, em plantios muito adensados. Em decorrência do hábito de crescimento vigoroso da árvore, existe, geralmente, uma porcentagem relativamente alta de folhas sombreadas, em comparação com folhas ensolaradas. Dessa forma, grande parte das folhas localizadas no interior da copa recebe baixos níveis de luz, diminuindo a disponibilidade de carboidratos provocando, consequentemente, reduções no crescimento e produção. Uma maior penetração da luz na copa, como resultado da realização da poda, pode provocar um aumento significativo na produção e melhoria na coloração dos frutos. Uma maior intensidade de radiação solar incidente promove maiores teores de açúcar e de ácido ascórbico nos frutos. O aumento da quantidade desse ácido tem sido observado em frutos de várias espécies vegetais, expostos diretamente à luz do Sol, durante os estágios de desenvolvimento, e em plantas que crescem sob altas intensidades de radiação solar. 5.1.2 Temperatura do ar A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de que a radiação solar absorvida pela atmosfera e o calor emitido pela superfície cultivada, elevam a temperatura do ar. O ar aquecido próximo às plantas, transfere energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível, aumentando as taxas evapotranspiratórias. Além disso, a temperatura interfere na atividade fotossintética das plantas, por que este fenômeno envolve reações bioquímicas, cujos catalisadores, as enzimas, são dependentes da temperatura para expressar sua atividade máxima. A faixa de temperatura considerada ideal para o cultivo da mangueira situa-se entre 24ºC a 30ºC, sendo que valores acima de 48ºC limitam a produção. Valores baixos também são limitantes e quando próximos a 0ºC por poucas horas, provocam danos severos ou morte das plantas. A distribuição de matéria seca na mangueira é também influenciada pela temperatura. A partição de matéria seca para as raízes é maior sob condições de baixa temperatura, resultando na redução do crescimento da parte aérea. Com o aumento da temperatura, a parte aérea é mais favorecida, culminando em maior crescimento dos ramos e das folhas. A temperatura influencia de forma significativa a sequência do desenvolvimento das gemas da mangueira. Na região do Vale do Rio São Francisco, tem sido observado que temperaturas dia/noite de 30 o C/25 o C, estimulam o crescimento vegetativo, enquanto a combinação 28 o C/18 o C, que ocorre com mais frequência entre os meses de maio a agosto promove intensa floração. A frutificação e o pegamento dos frutos também são afetados pela temperatura. Temperaturas muito baixas ou elevadas prejudicam a formação do grão de pólen, reduzindo sua viabilidade, além de provocar, altas taxas de partenocarpia (frutos que se desenvolvem sem o embrião), originando frutos pequenos e sem valor comercial. EscolaEstadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 20 De maneira geral, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região, dentro dos limites críticos de cultivo, maior será a concentração de açúcar e menor a acidez nos frutos, favorecendo a qualidade. 5.1.3 Unidade do ar A umidade do ar durante o ciclo da cultura da mangueira é muito importante, por favorecer o surgimento de doenças fúngicas. Quando altos valores de umidade relativa estão associados a temperaturas elevadas, ocorre uma maior incidência dessas doenças, provocando danos econômicos, podendo, inclusive, inviabilizar a produção comercial de frutos. A concentração de vapor d‟água da atmosfera também condiciona a perda de água pelas plantas e consequentemente, o processo de evapotranspiração. A diferença entre a pressão do vapor d‟água, entre a cultura e o ar vizinho, é um fator determinante para esse processo. Assim, cultivos bem irrigados em regiões semi-áridas, como no caso do Submédio São Francisco, consomem grandes quantidades de água, em virtude da abundância de energia solar e do poder dissecante da atmosfera. Em regiões úmidas, a elevada umidade do ar reduz a demanda evapotranspiratória. Em tais circunstâncias, o ar encontra-se próximo ao ponto de saturação, causando, portanto, um menor consumo hídrico da cultura do que nas regiões áridas. 5.1.4 Velocidade do vento Existem poucos estudos com relação ao efeito do vento sobre o comportamento da mangueira no Vale do Rio São Francisco, existindo divergências quanto ao efeito sobre o crescimento das plantas, produção e da importância da utilização de quebra ventos. A velocidade do vento é outro parâmetro importante no processo de evapotranspiração. A remoção do vapor d‟água depende, em grande parte, do vento e da turbulência do ar. Nesse processo, o ar acima da cultura vai se tornando gradativamente saturado com vapor d‟água e se não há reposição de ar seco, a evapotranspiração da cultura decresce. 5.1.5 Precipitação pluviométrica Em termos de exigências hídricas, a mangueira é muito resistente à seca, graças ao seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades, sobrevivendo até 8 meses sem chuvas, nas regiões onde não é irrigada. As regiões de cultivo incluem áreas onde a ocorrência de baixas precipitações e alta demanda evapotranspiratória, impõem o fornecimento de água através da irrigação. Nessas condições, mesmo irrigada, a mangueira sofre um certo grau de estresse hídrico. O excesso de chuvas, por outro lado, combinado com temperaturas elevadas, torna a cultura muito suscetível a doenças fúngicas e pragas, sendo conveniente que não ocorram precipitações durante todo o período vegetativo. A cultura porém apresenta tolerância à inundação. Um período seco precedendo o florescimento favorece a produção, porém, a cultura requer umidade edáfica do início da frutificação à maturação, o que também influencia na promoção de novo crescimento vegetativo. Portanto, em regiões com baixas taxas de Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 21 precipitações pluviométricas é recomendável a irrigação com base nos requerimentos de água da cultura. 5.2 Solo Adapta-se aos mais variados tipos de solo, desde os arenosos até argilosos, porém, preferencialmente, devem ser areno-argilosos, profundos (2 m), permeáveis, bem drenados, podendo ser ligeiramente ácidos. As áreas mecanizáveis são as mais indicadas para a instalação de pomares extensos, pois facilitam a execução dos tratos culturais, colheita e escoamento da produção. As características do solo influenciam o desenvolvimento das raízes e, consequentemente, o desenvolvimento e produção da planta. Segundo Castro Neto (1995) as mangueiras desenvolvem um sistema radicular composto por uma raiz primária muito longa, mesmo ainda na fase de muda. Em plantas adultas, sob condições naturais, essa raiz desenvolve-se até encontrar o lençol freático, e poucas raízes de sustentação se desenvolvem até esse ponto. Depois dessa fase de alongamento, as raízes superficiais começam a se desenvolver e a formar uma densa malha imediatamente abaixo da superfície do solo, podendo alcançar 5,5 m em profundidade e 7,6 m em distância lateral. Considera-se, entretanto, que a parte mais efetiva do sistema radicular da mangueira, se distribui na camada de 1,2 m de profundidade e 1,8 m em distância lateral. Pesquisas realizadas no Vale do Rio São Francisco indicaram que 90% das raízes absorventes da mangueira encontram-se a até 1,5 m de profundidade e 1,5 m de distância da planta; estudos com P32 têm demonstrado que a maior concentração de raízes absorventes encontra-se nos primeiros 60 cm de profundidade, com uma concentração máxima nos primeiros 15cm. 06. ADUBAÇÃO. Para uma programação racional da calagem e adubação, vários fatores, como os mencionados a seguir, devem ser levados em conta: tipo o pH do solo, destino da produção (consumo natural ou industrializado) e preferência do mercado (cor e tamanho do fruto etc.). Estas variáveis estão associadas ao manejo da cultura (espaçamento, irrigação etc.) e ao desenvolvimento da planta. Tanto a calagem como as adubações devem, de preferência, basear-se em resultados de análises do solo e das folhas, para evitar gastos desnecessários, uma vez que ambas são práticas de custo bastante elevado. De modo geral, um programa de adubação com macro e micronutrientes deve ser iniciado imediatamente após o plantio das mangueiras. As quantidades de adubo serão gradativamente aumentadas a fim de atender ao crescimento da planta (expansão da copa e do sistema radicular). Na Flórida, no primeiro ano após o plantio, as mangueiras são adubadas a cada dois meses aplicando-se Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 22 inicialmente 110 g/planta - e elevando-se esse volume até atingir 450g/planta - de uma mistura com 6 a 10% de NPK (de cada um desses nutrientes) e 4 a 6% de magnésio (Campbell & Malo, 1974). Nas mangueiras adultas, cujo sistema radicular pode atingir um raio de até cinco metros ao redor do tronco e dois metros de profundidade, a maior parte das raízes efetivamente absorventes esta localizada entre 1,5 e 2,Om de distancia do tronco e a 30-40 cm de profundidade (dependendo do tipo e textura do solo). Recomenda-se, por conseguinte, que os adubos sejam aplicados em sulcos abertos a três metros de distancia do tronco e a uma profundidade de 20 a 30cm. De posse dos resultados da análise química do solo, deve-se optar por um esquema de adubação proposto pelos órgãos de pesquisa e extensão rural da região onde se implantará a cultura. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 23 Nas Tabelas 9 e 10 são apresentadas as recomendações de adubação com macronutrientes. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 24 07. PROPAGAÇÃO. No Brasil, nas últimas décadas, diante da importância econômica que a manga alcançou, a tendência atual é estabelecer pomares tecnicamente bem conduzidos, com mudas enxertadas, provenientes de boas plantas-matrizes, para abastecer o mercado consumidor com frutos de boa qualidade. 7.1 Escolha do Porta-Enxerto Neste item, são descritas as etapas para produção de mudas de mangueira de alta qualidade, pelos diferentes métodosde enxertia. Ainda não foram experimentalmente definidos quais os melhores porta-enxertos ou “cavalos” para mangueira. A escolha varia de uma região para outra, e depende da disponibilidade de sementes. No Nordeste, as cultivares Espada, Coquinho, Carlotinha, Itamaracá e Santa Alexandrina são as mais utilizadas, ao passo que em Minas Gerais e no Estado de São Paulo, a preferência recai sobre Ubá, Sapatinho, Coquinho e Espada. As cultivares poliembriônicas, que geram duas ou mais plantas de uma única semente, são as mais indicadas, por induzirem maior vigor à muda. Geralmente, a Espada tem grande aceitação entre os viveiristas, em razão do seu vigor e de sua tolerância à secada- mangueira, doença que afeta os pomares, principalmente no Estado de São Paulo. Outros porta-enxertos resistentes à seca-da-mangueira usados são: IAC 100 Bourbon, IAC 101 Coquinho, IAC 102 Touro, IAC 103 Espada Vermelha e IAC 104 Dura. 7.2 Seleção de Plantas-Matrizes As plantas-matrizes, fornecedoras de garfos e borbulhas para enxertia, devem ser selecionadas. A seleção é feita tendo-se em vista suas qualidades superiores, com base no seu comportamento durante vários anos. As características essenciais para que uma cultivar de mangueira tenha uma boa aceitação comercial são as seguintes: • Alta produtividade. • Pouca ou nenhuma alternância de produção, isto é, um ano produz muito, outro produz pouco. • Resistência ou baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e de doenças. • Peso do fruto entre 400 a 500 g, coloração externa atraente (de preferência vermelha). • Aroma e sabor agradáveis. • Polpa de boa consistência e não fibrosa. • Tolerância ao manuseio e transporte para mercado distante. • Semente pequena, em torno de 10% do peso total do fruto. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 25 7.3 Beneficiamento da Semente Em condições naturais, a viabilidade da semente de manga está em torno de até 2 semanas após a colheita do fruto. Assim, a semeadura deve ser feita o mais cedo possível, para se obter maior percentagem de germinação e porta-enxertos mais vigorosos. Uma vez colhidos os frutos “de vez” ou maduros – livres do ataque de doenças e de pragas –, efetuam-se o descascamento, a retirada da polpa, a lavagem das sementes e a secagem à sombra, em local ventilado. Após a secagem – que dura cerca de 3 dias –, com o auxílio de uma tesoura de poda, extrai-se a casca (endocarpo) que envolve a amêndoa, tendo-se o cuidado de não machucá-la, para evitar o ataque de fungos. Esse tratamento possibilita uma germinação mais rápida (a partir de 2 semanas da semeadura), maior percentagem de sementes germinadas (90% a 95%), além de se obter plantas bem formadas, vigorosas e em condições de serem enxertadas em menor espaço de tempo. Deve-se semear uma quantidade de sementes maior do que o número desejado de mudas, aproximadamente 40%, tendo-se em vista as perdas com a germinação e com o pegamento da enxertia. Na Fig. 5, é apresentada uma semente de manga. Fig. 5. Semente de manga sendo beneficiada. 7.4 Época de Semeadura No Brasil, geralmente a semeadura é feita entre outubro e março, período em que se concentra a colheita, podendo-se optar pelos métodos de semeadura direta e indireta. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 26 7.5 Semeadura direta A semeadura direta é feita utilizando-se embalagem individual, isto é, sacos de polietileno. No viveiro (geralmente coberto com tela de sombrite), é o local onde são colocados os sacos de plástico com as mudas, em fileiras de 2 a 4 sacos, a espaços de 80 cm, aguardando-se a enxertia, que é feita na muda ou “cavalo”, dentro do saco de plástico. Os “cavalos” enxertados ficam no viveiro, até ficarem prontos para o plantio, no local definitivo. Atualmente, a prática da semeadura direta é bem utilizada entre os viveiristas, sendo apropriada para solos arenosos, que dificultam a retirada da muda com torrão. Sua maior vantagem é a economia de mão16 de-obra e a formação da muda em menor espaço de tempo. O tamanho da embalagem deve permitir à planta desenvolver um bom sistema radicular, uma boa altura e diâmetro do caule para enxertia. Têm-se obtido bons resultados (melhor desenvolvimento radicular da muda) utilizando-se sacos de polietileno nas dimensões de 35 cm x 22 cm x 0,20 mm, perfurados na base e lateralmente, para escoar o excesso de água usada na irrigação das mudas. Alguns dias antes da semeadura, enchem se os sacos de polietileno, utilizando-se uma mistura contendo três partes de terra de boa qualidade, uma parte de esterco curtido, 3 kg de superfosfato simples e 500 g de cloreto de potássio por metro cúbico. Obtêm se, também, bons resultados – e a custos menores, por se evitar, principalmente, o esterco curtido – utilizando-se como substrato terra vegetal (camada superficial do solo, até 10 cm de profundidade), 15 g de superfosfato simples por saco, colocadas a 2/3 de profundidade no saco, e adubação foliar com uréia a 0,3%, ou seja, a cada 100 L de água adicionam-se 300 g de uréia. A primeira adubação foliar é feita quando as folhas já estiverem duras e coriáceas, devendo ser repetida quinzenalmente. Na parte superior do saco, são deixados cerca de 5 cm sem completar com a mistura, local onde é colocada a semente, isenta de sintomas de doenças, pragas ou lesões mecânicas, deitada ou com a face ventral voltada para baixo (Fig. 6). A semente é coberta com uma leve camada de terra peneirada ou areia lavada. Em seguida, faz-se a irrigação dos sacos, devendo-se continuar por todo o ciclo de formação da muda, 2 ou 3 vezes por semana. Ocorrendo a germinação de duas ou mais mudas no mesmo saco, eliminam-se as excedentes, deixando-se apenas a muda mais vigorosa. Fig. 6. Posicionamento correto de uma amêndoa de manga no momento da semeadura. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 27 No que concerne à nutrição das mudas, além da adubação foliar, recomenda-se efetuar três adubações em cobertura, com 5 g/planta (equivalente a uma colher das de chá bem cheia) da mistura contendo 100 g de uréia, 100 g de superfosfato simples e 60 g de cloreto de potássio aos 60, 120 e 180 dias após a semeadura. Deficiências de Zn (zinco) e de Mn (manganês) podem ser corrigidas, pulverizando-se as mudas com uma solução composta de 55 g de sulfato de zinco, 28 g de sulfato de manganês e 24 g de cal hidratada em 20 L de água. Os sacos devem ser mantidos livres de plantas daninhas, e as mudas pulverizadas, sempre que ocorram doenças ou pragas, com produtos específicos para cada caso. Para o controle da antracnose, recomendam- se pulverizações com fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre, variando a dosagem entre 75 e 175/100 L de água; hidróxido de cobre, 87 a 135 g/100 L de água); orgânicos (mancozeb, 120 a 200g/100 L de água); sistêmicos (benomil, 30 g/100 L de água). Controla-se o oídio, utilizando-se S (enxofre) (160 a 640 g/100 L de água). O enxofre é, também, indicado para o controle dos ácaros, na dosagem de 500 g/100 L de água. O tripes (Selenotrips rubrocinctus) é um inseto que pode atacar a parte inferior das folhas das mudas, no viveiro. Pulverizações com fosforado de contato e profundidade(parathion metílico, 70 mL/100 mL de água) são bem eficientes no controle. Geralmente, os defensivos recomendados para o controle das pragas são: parathion metílico (80 mL /100 L de água), malation (200 mL /100 L de água) e carbaril (140 g/100 L de água). 7.6 Semeadura indireta A semeadura indireta é feita em sementeiras, com repicagem para viveiro em sacos de polietileno. Esse processo é comumente utilizado pelos produtores de mudas, e geralmente consta das seguintes etapas: Escolha da área – A sementeira deve ser localizada, de preferência, em terreno plano, fértil, solto e profundo. O local deve ser arejado, protegido contra ventos, e estar próximo a um manancial de água. Preparo do terreno – Com uma enxada ou arado, revolve-se o solo até a profundidade de 20 cm. Depois, quebram-se os torrões, retiram-se os restos de raízes, tocos e pedras existentes, de maneira que a área fique livre desse material e em condições de ser trabalhada. Preparo da sementeira – Geralmente, os canteiros da sementeira são feitos com as dimensões de 10 a 20 m de comprimento por 1,20 m de largura e l5 cm de altura. Entre eles, deve ficar um espaço livre de 60 cm de largura, para permitir ao viveirista efetuar os tratos culturais e fitossanitários. A demarcação desses canteiros é feita com fios de arame do tamanho do canteiro que se deseja formar, presos a quatro piquetes situados dois a cada lado das cabeceiras. A seguir, revolve-se o solo e aplaina-se até o Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 28 nível do arame. Finalmente, abrem-se sulcos paralelos, a uma profundidade de 5 cm, numa distância de 20 cm entre si, onde serão colocadas as amêndoas. Adubação – Quando do preparo dos canteiros, incorporam-se 5 a 10 kg de esterco de curral, 100 g de superfosfato simples e 50 g de cloreto de potássio, por metro quadrado. Semeadura – Depois do beneficiamento das sementes, é conveniente que as amêndoas sejam semeadas imediatamente nos sulcos, deitadas com a face ventral voltada para baixo, numa distância de 2 cm uma da outra. Em seguida, devem ser cobertas com uma leve camada de terra, e regadas, sempre que necessário. 7.7 Tratos culturais Para se obter mudas bem formadas e sadias, faz-se, periodicamente, a eliminação manual da vegetação nativa, a escarificação (afofamento) do solo e a irrigação (durante o verão), pelo menos uma vez ao dia. 7.8 Tratos fitossanitários Na sementeira, podem ocorrer o ataque de doenças (como a antracnose e o oídio), de ácaros e de insetos. Nesse caso, efetuamse pulverizações com fungicidas, acaricidas e inseticidas, com os mesmos produtos e dosagens indicados para a semeadura direta. 7.9 Repicagem A repicagem dos porta-enxertos para os sacos de plástico (viveiro) é feita aproximadamente 50 dias após a semeadura. Primeiro, faz-se uma seleção das mudas na sementeira, tendo-se o cuidado de não danificar a haste (tronco) nem a raiz pivotante. Recomenda-se aparar as pontas das raízes, evitando-se que fiquem tortas na ripicagem (pião torto). Sempre que possível, conservar as amêndoas aderentes, para auxiliar na nutrição das mudas recém-transplantadas. Essa operação deve ser feita em dias nublados ou chuvosos. Como medida de segurança, é necessário que se disponha de um sistema de irrigação, para suprir as necessidades de água. 7.10 Métodos de enxertia A muda da mangueira é produzida pelo método de enxertia que envolve a junção do porta-enxerto (cavalo) com o enxerto (copa). Os métodos mais comuns de enxertia são: Borbulhia em “T” invertido e a borbulhia em placa ou escudo, nas quais o enxerto é uma pequena parte da casca com uma única gema; Garfagem, com suas variações (no topo em fenda cheia, à inglesa simples e lateral), em que o enxerto é o segmento de um Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 29 ramo, com 10 a 15 cm de comprimento médio, contendo várias gemas. O método de enxertia mais utilizado é o de garfagem no topo em fenda cheia. Por este processo a muda é obtida em viveiro coberto, utilizando a semeadura direta em sacos plásticos individuais. Fig. 7. Demonstração de enxertia por garfagem no topo em fenda cheia. Geralmente, o êxito dessa operação depende de vários fatores, dentre os quais destacam-se: • Afinidade entre o porta-enxerto e o enxerto [garfo ou borbulha (gema, “olho”)]. • Época do ano, relacionada com as condições fisiológicas do garfo ou borbulha e do porta-enxerto. • Condições climáticas, sobretudo a temperatura e a umidade. • Métodos utilizados. • Habilidade do enxertador. • Cuidados que antecedem e sucedem à operação. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 30 7.11 Época de enxertia A mangueira pode ser enxertada durante todo o ano, desde que se disponha de porta enxertos aptos à enxertia, garfos maduros, borbulhas intumescidas e não brotadas. Devem-se evitar os períodos chuvosos, uma vez que essa condição reduz, sensivelmente, a percentagem de pegamento. Observadas as práticas culturais relacionadas com a condução da sementeira e do viveiro, 6 a 8 meses após a repicagem das mudinhas para os sacos de plástico, elas alcançam o diâmetro aproximado de um lápis e adquirem condições de serem enxertadas. Duas semanas antes da enxertia, deve se irrigar o viveiro em dias alternados, de preferência à tarde. Com essa prática, a seiva circulará com abundância, possibilitando maior percentagem de pegamento. Se as plantas-matrizes estiverem próximas ao local de enxertia, os ramos com borbulha poderão ser colhidos um dia antes. No entanto, se vierem de longe, convém fazer a imersão de suas extremidades em parafina. Pode-se, também, acondicionar os ramos em recipientes contendo serragem úmida e conservá- los em local fresco e sombreado. Geralmente, colocam-se os garfos envolvidos em folhas de jornal úmidas e dentro de sacos de plástico. Assim, os garfos são conservados por volta de 5 dias. 08. PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DO POMAR. O planejamento de um pomar de manga deve ser feito utilizando estudos básicos, que orientem um plano de exploração da propriedade, cujos procedimentos podem viabilizar o agronegócio. Os estudos básicos compreendem o levantamento das características climáticas, físico-químicas do solo, com definição do tipo de solo e da profundidade, além dos recursos hídricos disponíveis, no período mais seco do ano. Várias são as etapas envolvidas na implantação de um pomar de manga e todas são importantes no processo produtivo. A área onde será instalado o pomar, deve ser selecionada considerando a topografia do terreno e as vias de acesso, que serão fatores de influência direta nas práticas agronômicas e no escoamento da produção. Em solos de areias quartzosas da região Semi-Árida nordestina, faz-se apenas a limpeza da área por meio do destocamento e roçagem da vegetação, três a quatro meses antes do plantio, sem o uso da aração e da gradagem. Após a limpeza, deve-se coletar uma amostra representativa de solo, para avaliar a necessidade de calagem e adubação. A área do pomar deve ser protegida contra os ventos fortes, os quais provocam a queda de frutos e afetam consideravelmente a produção. A instalação de quebra-ventos deve ser feita durante os dois primeiros anos de formação do pomar. No Semi-Árido brasileiro, onde o vento compromete o desenvolvimento das plantas principalmente nos três primeiros anos, é comum o uso de capim elefante, que apresenta desenvolvimento rápido e atinge altura de quatro metros; tambémsão utilizados diversas espécies de fruteiras como quebra-ventos, tais como bananeiras com 3 a 4 linhas de plantas instaladas entre talhões de plantio ou coqueiros nas margens laterais do plantio. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 31 8.1 Densidade de plantio Nos plantios com tecnologia de produção para exportação, como os do Semiárido nordestino, onde a irrigação é obrigatória, a densidade de plantio mais comum é de 250 plantas/ha (espaçamento de 8 x 5m); no entanto, maiores densidades já estão sendo usadas nessa região, exigindo, no entanto manejos mais adequados quanto a podas, irrigação e nutrição. Após a determinação do espaçamento, faz-se o alinhamento em quadrado ou retângulo, com um piquete no local onde serão abertas as covas. Em áreas com declive acentuado (> 5%), deve-se preparar curvas de nível, a fim de evitar problemas de erosão. 8.2 Abertura e adubação de cova Após a marcação, as covas com dimensões de 60 x 60 x 60 cm são abertas com uma ferramenta conhecida como “boca-de-lobo” ou com uma perfuradora mecanizada; esse implemento agiliza e diminui os custos de abertura de covas mas, dependendo do tipo de solo, há necessidade de se quebrar as paredes laterais da cova, a fim de se evitar o “espelhamento”, ou seja, a compactação das mesmas. A correção e a adubação devem ser baseadas na análise de solo e ser feitas, pelo menos, 15 dias antes do plantio da muda. No Semi-Árido nordestino, recomenda-se de 20 a 30 L de esterco de curral (caprino ou bovino) por cova, 1 kg de superfosfato simples, 150g de cloreto de potássio e 200g de uma mistura de micronutrientes. Na adubação da cova com esterco, deve ser mantida a relação 1 esterco: 10 solo, para que haja uma decomposição mais equilibrada. Considerando as grandes exigências de cálcio pela cultura da mangueira, recomenda-se associar a calagem com a aplicação de gesso. 8.3 Plantio da muda e pintura do caule Em geral, faz-se o plantio da muda no início das chuvas, para facilitar um melhor estabelecimento da mesma no solo, embora sob condições irrigadas, essa operação possa ser realizada em qualquer época do ano. Devem-se selecionar mudas enxertadas, sadias e com dois fluxos vegetativos. Para evitar rachaduras no caule, causadas pela incidência direta da radiação solar, que favorece a entrada de fungos no caule, deve-se fazer uma pintura com tinta látex branca, diluída em água, na proporção de 1:1. 8.4 Cuidados fitossanitários Nos pomares em formação, as formigas cortadeiras, ácaros, cochonilhas e tripes podem causar danos consideráveis. As medidas de controle devem ser planejadas antes mesmo do plantio. Deve-se também ter em mente a preservação do potencial de controle biológico existente, bem como o favorecimento à atuação de inimigos naturais, Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 32 de maneira que, no campo, o controle biológico assuma importância cada vez maior no controle das pragas da cultura. Com alguns cuidados e a introdução de certas práticas, é possível melhorar a qualidade e o rendimento, sem alterar custos. Fig. 8. Vista de um pomar de mangueiras, espaçamento 8 x 5 m, da cultivar Tommy Atkins Petrolina Fig. 9. Detalhe de uma muda, com 18 meses do plantio, da cultivar Tommy Atkins. Fazenda Upa Agrícola. Petrolina, PE 2002. Entre os cuidados fitossanitários, é importante mencionar que durante a implantação do pomar pode ocorrer a incidência de Lasiodiplodia, em consequência de estresse hídrico à planta, devido a entupimento de microaspersores ou qualquer outro problema no manejo da irrigação, assim como, podem aparecer mudas com “malformação vegetativa”; nesses dois casos é necessário um replantio, pois as mudas devem ser descartadas. No período das chuvas, deve-se ficar atento à incidência de doenças como a antracnose, cujo controle deve ser feito com pulverização de produtos à base de cobre. 09. IRRIGAÇÃO DO POMAR. Os métodos mais utilizados na irrigação da mangueira são os métodos pressurizados que são os mais recomendados, principalmente na irrigação localizada, isto é, a microaspersão e o gotejamento, de mais alta eficiência. A microaspersão é o mais comum pela maior área molhada que o mesmo proporciona em relação ao gotejamento em solos de textura média a arenosa. Na irrigação por gotejamento o número de emissores e de linhas laterais que são usados possuem um espaçamento de 8 x 5 m, 5 a 6 gotejadores por planta têm sido suficientes, embora, teoricamente, essa quantidade resulte em uma área molhada de 14 a 16% da área de ocupação da planta (solo homogêneo de textura média, diâmetro molhado de 1,20 m). Pode-se usar apenas uma linha de gotejadores por fileira disposta em anel ao redor da planta com os gotejadores igualmente espaçados, ou uma Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 33 ramificação por planta (rabo de porco). Em certos casos, torna-se necessário até duas linhas de gotejadores por fileira de plantas. 10. PODA. A poda da mangueira tem como principais objetivos orientar a forma das plantas em função do meio, espécie, vigor da variedade e do porta-enxerto; manter um crescimento vegetativo equilibrado nas diferentes partes da planta; conservar o equilíbrio entre raízes e a parte aérea, para regular o vigor e a produção das plantas e facilitar a aeração e iluminação da copa. 10.1 Tipos de poda Podas de formação - O objetivo das podas de formação é orientar o crescimento dos ramos, quanto ao número, distribuição e tamanho convenientes. Significa formar uma planta com uma arquitetura caracterizada por uma copa com a parte interna aberta e um número adequado de ramos laterais produtivos. Essas características trazem vantagens como a maior iluminação e aeração da copa, facilidade nos tratamentos fitossanitários e obtenção de plantas menos vulneráveis aos ventos fortes, principalmente durante a frutificação. A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível com o método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os tratos culturais, do solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio. Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário produzir uma estrutura bem ramificada; isso se faz por meio da poda de formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó. A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma altura de 60 a 80 cm do solo; o local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se encontrar lignificado (maduro) (Fig. 1). Após a brotação, selecionam-se três ramos, que formarão a base da copa (Fig. 2); os demais ramos devem ser eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta à base de benomil ou oxicloreto de cobre. A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido lignificado, com tratamento dos ramos podados com fungicida, selecionando-se de três ramos voltados para a parte externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre 2,5 e 3 anos de idade (Fig. 3). Fotos: Embrapa Semiárido Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 34 Fig. 10. Mangueira após a 1ª poda de formação Fig. 11. Mangueira após a 2ª poda de formação Fig. 12. Mangueira após a 5ª poda de formação. Podasanuais ou de produção - As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva da planta (essas são naturalmente realizadas após a colheita). Nesta prática estão incluídas as atividades de limpeza, levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura, além da poda lateral e de topo. a) Poda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como também, daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada rigorosamente uma vez ao ano e tem como objetivos, eliminar material doente ou infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol (necessário para o amadurecimento das gemas e para o colorido dos frutos), como também, dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos manejos. Quando a poda pós-colheita/limpeza não é feita, tem-se que esperar a brotação expontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte. b) Levantamento da copa da planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem até 0,70m de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas daninhas e a melhor distribuição da água de irrigação por aspersão; também evita que os frutos dos ramos baixos entrem em contato com o solo (Fig. 13a). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 35 Fig. 13. Tipos de poda de produção. c) Abertura central da planta (poda central de iluminação) - A poda de abertura central da mangueira consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação (Fig. 13b). Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada para o sol poente, devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a poda, a fim de serem evitadas rachaduras provocadas pelo sol. d) Poda lateral - É a poda que se efetua para manter um espaçamento adequado entre as fileiras de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veículos, e facilitando o processo de pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento de 8,0m x 5,0m deve ter uma rua com largura de 3,6m (45%) (Fig. 13c). e) Poda de topo - É a poda efetuada para manter a altura da planta num limite adequado à condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0m x 5,0m, a altura máxima da planta deve ser de 4,4m (55%) (Fig. 13d). f) Poda de equilíbrio - Esta poda se faz nas árvores que já alcançaram sua maturação fisiológica, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a folhagem da planta. Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita relação entre o incremento da folhagem e a produção de frutos; esta relação vai se modificando com os anos, até alcançar um ponto em que os novos incrementos da folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos e sim, reduzi-la. Essas perdas da eficiência produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da folhagem. No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a adequada aeração e iluminação. O melhor momento para executar essa prática é imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas jovens, que normalmente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita- se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 36 floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do desenvolvimento da copa das árvores. g) Correção da arquitetura - Com relação à arquitetura, procura-se definir determinada forma para as plantas, e as mais utilizadas são as formas piramidal e vaso aberto (taça). Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço disponível, é necessário realizar uma poda de manutenção, que permita conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal, é recomendada principalmente para espaçamentos menores e deve ser feita logo após a colheita, seletivamente, cortando os brotos situados na parte alta da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se todos os brotos verticais (Fig. 14). Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa, eliminando os ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o tronco. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna (Fig. 15 ). Fotos: Embrapa Semi-Árido Fig. 14. Mangueira podada na forma piramidal Fig. 15. Mangueira após a poda em vaso aberto. 10.2 Intensidade da poda A intensidade da poda não deve ser a mesma durante o ano, sendo realizada em função da época em que será feita a indução floral. A poda mais severa da mangueira não deve ser praticada quando se deseja a floração da planta fora da época normal, e que coincide com a ocorrência de altas temperaturas e altos índices de precipitação pluvial. Nessa época, são recomendadas podas menos drásticas e, ainda, aguardar a emissão de dois a três fluxos vegetativos, antes de se aplicar o regulador de crescimento (paclobutrazol). Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 37 10.3 Desfolha A desfolha na mangueira é praticada com a finalidade de melhorar a capacidade produtiva da planta e a coloração dos frutos. Quanto a folhagem abundante, o sombreamento traz como consequência a existência de um material vegetal que atua de forma parasitária e que reduz a possibilidade de acumular reservas para a produção de frutos. A remoção de 15% a 20% da vegetação velha, incluindo ramos, com a finalidade de melhorar a disposição e o balanço da copa da árvore, produz uma melhora significativa na eficiência produtiva. Essa desfolha é feita por meio da poda praticada logo após a colheita. Após a segunda queda de frutos, é conveniente fazer uma desfolha nos ramos produtivos, deixando-se apenas os dois fluxos de folhagem mais próximos da infrutescência. A desfolha, para melhorar a coloração dos frutos, deve ser feita próxima na fase final da maturação, eliminando as folhas que os sombreiam. Essa prática deve ser feita com bastante cuidado, principalmente na parte da copa voltada para o poente, a fim de evitar a queima dos frutos, causada pelo sol. 10.4 Podas para manejo da floração Eliminação da brotação vegetativa - Quando há ocorrência de brotação vegetativa, próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência da gema, pode-se manter o estresse hídrico para aumentar o grau de maturação do fluxo vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida, podar a vegetação nova e iniciar as pulverizações com nitrato (potássio ou cálcio) para estimular a brotação das gemas axilares. Eliminação da inflorescência - Quando se quer eliminar a inflorescência de um ramo sem que haja imediata emissão de novos brotos florais, deve-se cortá-la, pelo menos, aos 5 cm do nó terminal, no estádio de chumbinho (após a fertilização). Essa prática vai estimular a emissão de brotos vegetativos
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