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Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 1 
 
SUMÁRIO 
 
01. Introdução 02 
02. Perfil da cultura 07 
03. Características da cultura 10 
04. Principais variedades 13 
05. Ecologia 18 
06. Adubação 21 
07. Propagação 24 
08. Planejamento e Instalação do Pomar 30 
9. Irrigação do Pomar 32 
10. Poda 33 
11. Floração 38 
12. Doenças 41 
13. Pragas 45 
14. Colheita e Pós-colheita 47 
15. Transporte e Armazenamento 52 
16. Custos e Rentabilidade 54 
17. Literatura Consultada 59 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 2 
 
CULTURA DA MANGUEIRA 
 
 
01. INTRODUÇÃO. 
 
 A mangueira (Mangifera indica L.), pertence à família Anacardiaceae, originária 
do Sul da Ásia, é uma das árvores introduzidas que melhor se aclimataram ao Brasil, 
ocupando a sexta posição em produção e área plantada (Rodrigues, 1989). Seus frutos 
são aproveitados para o consumo ao natural ou sob forma de compotas, doces, sucos ou 
sorvetes (Simão, 1971). O consumo acentuado de mangas na última década tem 
contribuído para uma maior disposição em cultivá-la, devido ao número crescente de 
consumidores, tanto no mercado interno como no externo. A manga vem assumindo 
gradativamente uma posição de destaque entre as frutas mais preferidas no Nordeste, 
aumentando em ritmo acelerado novos plantios, sendo que a Bahia é um dos seis 
principais Estados do Brasil produtores de manga, vindo depois de Minas Gerais, São 
Paulo, Paraíba, Piauí e Ceará (Sampaio, 1989). Neste Estado, a região do Submédio São 
Francisco apresenta um crescimento significativo desta cultura, devido a diversos 
fatores, especialmente, pelas excelentes condições edafoclimáticas para exploração da 
manga e a possibilidade de se produzir, quando praticamente não existem concorrentes 
no mercado (Nunes, 1992). 
 As tendências do mercado mundial de alimentos apresentam um alto 
crescimento em produtos naturais não processados, como as frutas e vegetais. O 
mercado mundial de frutas cresce à taxa de 5% ao ano, sendo constituído, em sua maior 
parte, por frutas de clima temperado, típicas da produção e do consumo no Hemisfério 
Norte, embora seja elevado o potencial de mercado para as frutas tropicais (Vilas 2002). 
 O potencial do mercado mundial de frutas é de mais de US$ 55 bilhões/ano 
(Vilas 2002) e o acesso a este depende de um conjunto complexo de fatores que, além 
das tradicionais barreiras não alfandegárias, incluem requisitos de qualidade e 
competitividade exigidos pelos mercados dos países importadores, como os da Europa, 
EUA, Ásia e Mercosul. 
 Em 1998, a manga foi a fruta que mais contribuiu com as exportações brasileiras 
de frutas frescas, e vem mantendo-se nesta posição ficando atrás apenas da maçã 
(Anuário 2005). O espaço conquistado pelo Brasil no mercado internacional de manga 
nessa década evidencia o potencial da fruticultura tropical como geradora de divisas. 
Essa oportunidade fica ainda mais presente se considerarmos o recente crescimento da 
demanda mundial de frutas tropicais e suco de frutas (ALMEIDA et al., 2000). Dada a 
sua importância econômica, promovida pelo excelente sabor e valor nutricional, a 
manga é o sétimo produto agrícola mais plantado no mundo e o terceiro mais cultivado 
nas regiões tropicais, em aproximadamente 94 países. 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 3 
 
 A exploração da manga no Brasil, historicamente, foi feita em moldes 
extensivos, sendo comum o plantio em áreas esparsas, nos quintais e fundos de vales 
das pequenas propriedades, formando bosques subespontâneos, e tradicionalmente 
cultivados nas diversas localidades. No Brasil, ainda predominam as variedades locais 
do tipo "Bourbon”, “Rosa”, “Espada”, “Coqueiro”, “Ouro”, entre várias outras, 
entretanto, nos últimos anos, esse quadro está mudando com a implantação de grandes 
áreas com novas variedades de manga de comprovada aceitação pelo mercado externo. 
 O cultivo da mangueira no Brasil, portanto, pode ser dividido em duas fases 
distintas: a primeira, teve como característica principal os plantios de forma extensiva, 
com variedades locais e pouco ou nenhum uso de tecnologias; e a segunda, 
caracterizada pelo elevado nível tecnológico, como irrigação, indução floral e 
variedades melhoradas. 
 A expansão da mangicultura tem ocorrido principalmente no estado de São 
Paulo, de onde foram difundidas as novas variedades de manga para o restante do país, 
e nos polos de agricultura irrigada do Nordeste. Nesta região, a incorporação de plantios 
tecnificados, principalmente no Vale do São Francisco, que abrange os estados de 
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e em outras áreas irrigadas como 
as dos Vales do Jaguaribe, Açu-Mossoró e Parnaíba situadas nos estados do Ceará, Rio 
Grande do Norte e Piauí, respectivamente. Portanto, é na região semi-árida nordestina 
onde foram implementados vários empreendimentos, com plantios comerciais de 
variedades demandadas pelo mercado externo. Em todas essas áreas, o cultivo da manga 
chamada “tipo exportação” encontra-se em fase de franca expansão, tendo como base as 
cultivares “Tommy Atkins” e “Haden”, entre outras. 
 A mangicultura na região semiárida destaca-se no cenário nacional, não apenas 
pela expansão da área cultivada e do volume de produção, mas, principalmente, pelos 
altos rendimentos alcançados e qualidade da manga produzida. Seguindo as tendências 
de consumo do mercado mundial de suprimento de frutas frescas, a região inclina-se, 
atualmente, para produção de manga de acordo com as normas de controle de segurança 
nos sistemas de produção preconizadas pelas legislações nacional e internacional. 
1.1 O cultivo da manga no Brasil e no semiárido nordestino. 
 O processo de expansão da cultura da manga no Brasil ocorre principalmente a 
partir de meados dos anos 80 e se estende por toda década de 90. A produção brasileira 
de manga (em geral), segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), do 
IBGE, revela um crescimento da produção da ordem de 38,23 % no período de 1990 a 
2000. De um total de 1.557 milhões de frutos colhidos (equivalente a 389 mil toneladas) 
em 1990, depois de seguidos anos (1991 e 1992) de desempenho estagnacionista, 
observou-se uma pequena recuperação a partir de 1993, quando o volume produzido 
ascendeu, gradativamente, do patamar de 1.610 milhões de frutos (402 mil toneladas) 
para 2.153 milhões de frutos (538 mil toneladas), em 2000. 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 4 
 
 No Brasil, a manga é cultivada em todas as regiões fisiográficas, com destaque 
para o Sudeste e para o Nordeste. Os dados da Tabela 1 revelam um crescimento da área 
cultivada de manga nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, em detrimento das regiões 
Norte e Centro-Oeste que apresentaram uma produção decrescente na década de 90. A 
região Sudeste, que em 2000 detinha 42,42 % da área plantada com manga no país, 
revelou um crescimento 23,17 % da área cultivada no período de 1990 a 2000. Nessa 
região destaca-se o estado de São Paulo com uma participação 31,46 % da área 
cultivada nacional. 
 No Nordeste,a manga é cultivada em todos os estados, em particular nas áreas 
irrigadas da região semiárida, que apresentam excelentes condições para o 
desenvolvimento da cultura e obtenção de elevada produtividade e qualidade de frutos. 
Em 2000, a área cultivada de manga, na região nordestina, representou 51,66% da área 
cultivada total brasileira e revelou um crescimento da ordem 104,65 % no período 
compreendido entre os anos de 1990 e 2000 (Tabela 1). As principais áreas cultivadas 
de manga estão localizadas nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará, que 
participaram, respectivamente, com 38,54 %, 18,17 % e 12,14 % do total da região 
nordestina. 
Tabela 1. Evolução da área plantada de manga no Brasil, por região, período 1990-2000 
Região/An
o 
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 
Norte 1785 1803 1902 2065 1968 2004 2027 1464 1505 1437 1572 
Nordeste 17122 17261 19590 21339 25252 24776 26960 29980 32366 33049 35186 
Sudeste 23024 25335 26485 28044 28280 28302 31098 31298 31191 26409 28893 
Sul 412 420 445 441 525 519 531 500 564 634 770 
Cento-
Oeste 
3202 2442 893 2377 2039 1559 1810 1890 2046 2055 1686 
Brasil 45545 47261 49315 54266 58064 57160 62426 65130 67672 63584 68107 
Fonte: IBGE/Produção Agrícola Municipal 
 No Censo Frutícola, realizado pela Codevasf, em 2001, foram levantados 32,3 
mil hectares com mangueiras na região Nordeste, dos quais 23,7 mil hectares, ou seja, 
73,41 %, sendo cultivados com variedades melhoradas, onde a Tommy Atkins responde 
por uma área de 20,2 mil hectares. Aqui vale ressaltar que essas novas áreas 
implantadas na região ainda não se encontram em plena produção. Quando se analisam 
os estágios produtivos revelados no referido Censo, verifica-se que 67,00 % de toda 
área cultivada, ainda encontra-se em formação ou em fase de produção crescente. 
 A especialização da região na produção de manga teve seu impulso inicial na 
perspectiva de ocupação do mercado externo, mas o mercado nacional ainda absorve a 
maior parcela da produção. A existência de um mercado interno de grande dimensão 
confere ao setor uma relativa autonomia na organização do processo de produção. A 
complementaridade do mercado doméstico tem uma grande importância para as 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 5 
 
atividades exportadoras, seja como amortizador das instabilidades do mercado 
internacional, seja absorvendo os produtos que não atendem aos critérios de qualidade 
exigidos por este mercado. 
 
1.2 A importância econômica e social do cultivo da mangueira na região 
semiárida nordestina. 
 A cultura da manga reveste-se de especial importância econômica e social, na 
medida em que envolve um grande volume anual de negócios voltados para os 
mercados interno e externo, e destaca-se entre as culturas irrigadas da região como a 
que, embora não apresente um elevado coeficiente de geração de empregos diretos, 
quando comparado com outras fruteiras, mas confere oportunidades de ocupações que 
se traduzem em empregos indiretos. 
 A produção manga voltada para o mercado de produtos de qualidade passa a 
exigir, cada vez mais, novas tecnologias, mão-de-obra qualificada e serviços 
especializados, tanto no processo produtivo, quanto nas atividades pós-colheita 
(embalagem, empacotamento e classificação). Todo esse processo tem sido 
acompanhado por mudanças caracterizadas por um conjunto de inovações, na 
organização da produção e do trabalho, dando origem às diversas formas de relações 
contratuais, que se manifestam sob forma de prestação de serviços. Esta dinâmica 
passou a envolver um grande contingente de trabalhadores qualificados, um número 
significativo de técnicos e firmas, entre outros profissionais especializados, vinculados a 
essas empresas ou prestando serviços por conta própria. Tratam-se de novos atores 
sociais, que ao lado dos fruticultores, devem ser considerados como essenciais ao setor 
produtivo. 
 Cabe ressaltar que a mangueira é cultivada por diferentes estratos de produtores, 
com uma participação significativa dos pequenos, que ainda produzem de forma 
extensiva as variedades locais ou primitivas e, principalmente, dos pequenos 
fruticultores dos projetos públicos de irrigação, que plantam as variedades do “tipo 
exportação”. Trata-se de uma grande massa de pequenos produtores com grande 
capacidade de abastecimento do mercado doméstico e baixo potencial de inserção no 
mercado externo. 
 A participação da pequena produção na cadeia produtiva da manga está 
intimamente relacionada ao abastecimento doméstico e à construção e ampliação de um 
circuito regional de produção-distribuição-consumo de frutas, ligado ao pequeno varejo 
tradicional das feiras e quitandas das cidades do Nordeste e Norte do País. Trata-se de 
um circuito regido por acordos e contratos informais, que se desenvolvem paralelamente 
aos formados por estruturas integradas, organizados em redes de caráter nacional, 
patrocinados pelas grandes empresas produtoras de frutas, cooperativas, atacadistas, 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 6 
 
quase sempre pautados em relações contratuais bem definidas, entre esses distintos 
agentes das cadeias produtivas. 
 Conforme pode ser observado na Tabela 2, o estrato de produtores que cultiva 
até três hectares com mangueiras, representa 86,66 % dos mangicultores do Nordeste, 
mas só respondem por cerca de 28,08 % da área cultivada na região. A maior parte da 
produção está concentrada nos estabelecimentos dos médios e grandes produtores 
instalados nos projetos públicos ou nas propriedades privadas dos polos frutícolas 
situados na região. Os produtores que cultivam acima de 10 hectares de manga, muito 
embora representem apenas 3,88 % do total dos produtores do Nordeste, são 
responsáveis por cerca de 51,18 % de toda área cultivada de manga na região. De fato 
são as médias e grandes empresas, com melhor inserção no mercado internacional e 
maior capacidade de absorção de riscos, que se lançam nesses novos empreendimentos. 
Tabela 2. Número de produtores por estrato de área cultivada com manga no Nordeste, ano 2001. 
Estados 0 a 3 Há 3 a 10 Ha 10 a 50 Ha 50 a 100 Ha Mais de 100 Ha 
Produtor Área Produtor Área Produtor Área Produtor Área Produtor Área 
Alagoas 2614 1607,1 21 116 6 148 1 110 
Bahia 3452 4102 476 3297,5 132 4040 15 1202,7 9 1497,4 
Ceará 117 138,1 8 52 4 72 1 165 
Maranhão 33 37 1 8 3 100 
Paraíba 40 48,9 22 124,5 22 434 1 60 
Pernambuco 1211 1473,9 264 1638,2 92 2394,4 7 557 5 627,4 
Piauí 172 181,5 27 177,1 14 476,3 4 356 3 374 
R.G. Norte 236 247,9 56 344,2 19 523 4 261 
Sergipe 755 600,4 14 116,7 16 436,3 1 140 
Total 8819 8692 962 6418,8 336 9320,1 36 2813,8 23 3708,8 
Fonte: Codevasf/Censo Frutícola 2001 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 7 
 
02. PERFIL DA CULTURA 
 
2.1 Aspectos Econômicos 
 
 A mangueira (Mangífera Indica L.) é considerada uma das mais importantes 
frutas tropicais cultivadas no mundo, se posicionando, logo após a banana, o abacaxi e o 
abacate. Na América, o precursor de seu cultivo foi o Brasil, através da introdução das 
primeiras plantas no Rio de Janeiro, de onde se disseminou para o resto do país. 
 Segundo dados da FAO (1994) a produção de mangas no mundo em 1994, foi de 
18.450 mil toneladas, sendo os principais produtores relacionados na tabela 3. 
TABELA 3- Principais países produtores de manga, FAO (1994). 
PAISES PRODUTORES – 
1994 
1.000 TON. % DO TOTAL 
Índia 10.000 54,20 
China 1.180 6,40 
México 1.090 5,91 
Paquistão800 4,34 
Indonésia 779 4,22 
Tailândia 630 3,41 
Nigéria 500 2,71 
Brasil 400 2,17 
Filipinas 360 1,95 
Haiti 230 1,25 
Mundo 18.450 100,00 
 A Índia se destaca como o principal país produtor, alcançando mais de 50% da 
produção mundial. Entretanto, outros países não relacionados, se destacam através de 
suas exportações, como África do Sul, Costa do Marfim, Israel, Costa Rica, Porto Rico, 
Peru e Venezuela. 
 As possibilidades de ampliação do mercado internacional de mangas são 
bastante grandes, considerando-se que a demanda de frutas no mundo é crescente, não 
só pelo aumento populacional, bem como pela mudança nos hábitos alimentares, 
ocorrendo a substituição da alimentação à base de proteínas de origem animal por frutas 
e legumes. A manga, além de seu consumo „ao natural‟, se presta a fabricação de grande 
número de produtos industrializados, constituindo-se em fonte de vitaminas A e C. 
 
TABELA 4- Principais países produtores de manga, FAO (1994). 
PAISES PRODUTORES – 
1994 
1.000 TON. % DO TOTAL 
Índia 10.000 54,20 
China 1.180 6,40 
México 1.090 5,91 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 8 
 
Paquistão 800 4,34 
Indonésia 779 4,22 
Tailândia 630 3,41 
Nigéria 500 2,71 
Brasil 400 2,17 
Filipinas 360 1,95 
Haiti 230 1,25 
Mundo 18.450 100,00 
 
2.2 Perfil da Cultura no Brasil 
 
 No Brasil, a mangueira está disseminada em quase todo o território, e Segundo 
A.E.B. (1994) a área cultivada se aproxima de 50.000 hectares, com os principais 
estados produtores apresentados na Tabela 5. 
 
TABELA 5 – Principais Estados Produtores de Manga, A.E.B. (1994). 
ESTADOS 
PRODUTORES 
ÁREA (Ha) - 1992 % DO TOTAL 
São Paulo 19.963 40,52 
Minas Gerais 5.842 11,85 
Bahia 4.369 8,86 
Pernambuco 3.267 6,62 
Piauí 3.250 6,59 
Rio Grande do 
Norte 
2.259 4,58 
Ceará 2.136 4,33 
Paraíba 1.734 3,52 
Alagoas 1.035 2,10 
Mundo 49.315 100,00 
 
 O Nordeste brasileiro é tradicional produtor de mangas, possuindo condições 
climáticas consideradas das melhores do mundo para o cultivo da mangueira, 
destacando-se o Vale do Rio São Francisco desde Pirapora em Minas Gerais, até 
Petrolina no estado de Pernambuco. No Sudeste, a mangicultura se destaca no estado de 
São Paulo (40% da produção brasileira) e Minas Gerais (12% da produção brasileira). 
 A cultura da mangueira no Brasil pode ser analisada em duas fases. A primeira, 
até a década de sessenta, em que havia a predominância quase total, de cultivos 
puramente "extrativos", de variedades "nacionais", denominadas de mangas 'comum'. 
Esses pomares se originaram através da propagação por sementes, resultando num 
extenso número de tipos regionais de mangueiras, conduzidas sem nenhum trato 
cultural específico. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 9 
 
 A partir de 1970 foram introduzidas uma série de variedades, principalmente da 
América do Norte, que provocaram uma grande mudança no cultivo desta frutífera, 
pois, apesar de produzirem frutos com características superiores, exigiam muito em 
termos de tratos culturais. 
 A presença brasileira no mercado internacional é ainda tímida, sendo que, em 
1992, exportou-se cerca de 9.070 toneladas (0.57% da produção), distribuídos para 
América do Norte (1.770 ton.), Comunidade Européia (6.840 ton.), Europa (320 ton.) e 
Mercosul (140 ton.), ao preço médio de US$ 979 1 tonelada. No mercado interno, há a 
estimativa de que a demanda até o ano 2.020 atingirá 900,5 mil toneladas, CODEVASF 
(1989). 
 Apesar das grandes possibilidades tanto para o mercado externo como interno, a 
cultura da mangueira vem passando por sobressaltos, em algumas regiões produtoras. A 
produtividade média brasileira, segundo A.E.B. (1994) seria de 32,808 ton./hectare, 
porém, provavelmente, grande número de produtores não atingirem nem a metade desta 
produtividade. Entre os diversos problemas que afetam a exploração, destacam-se: 
 
2.2.1 Época de produção. 
 
 Existe uma grande concentração de produção ao final e inicio de ano, ocasião 
em que os preços não chegam a cobrir as despesas de colheita. Nas centrais de 
abastecimento da região Sudeste, os meses de novembro, dezembro e janeiro, chegam a 
representar 70% do volume total comercializado no ano e, como consequência, os 
preços são significativamente mais baixos. De outro modo, os consumidores desta 
região chegam a pagar R$ 5,00 (US$ 5,00) por unidade, durante os meses de agosto, 
setembro e outubro. Torna-se, portanto, fundamental o domínio do florescimento da 
mangueira, alterando-o e direcionando a produção para épocas mais adequadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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03. CARACTERÍSTICAS DA CULTURA. 
 
3.1 Características da planta 
 A mangueira é uma árvore frondosa de porte médio a alto, podendo atingir até 
30 metros. Apresenta copa arredondada e simétrica, variando de baixa e densa a ereta e 
aberta e adquirindo eventualmente forma piramidal. Nos plantios modernos, o porte e 
formato da planta fica determinado pela densidade de plantio e tratos culturais, 
principalmente pelo sistema de poda utilizado. A folhagem é sempre verde. 
 
Fig. 1. Mangueira adulta em fase de floração. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. 
 O sistema radicular da mangueira é caracterizado pela presença de uma raiz 
pivotante, que pode se aprofundar bastante no solo, proporcionando uma boa 
sustentação à planta e possibilitando a sobrevivência em períodos prolongados de 
estiagem. Tanto a raiz pivotante como as outras raízes verticais da mangueira 
apresentam inúmeras ramificações, chamadas de radicelas, que são as principais 
responsáveis pela absorção da solução do solo e, consequentemente, pela nutrição da 
planta. Nos plantios nas regiões áridas e semiáridos com irrigação localizada, o tamanho 
e forma do sistema radicular segue a distribuição de água no solo. 
 As folhas são predominantemente lanceoladas, apresentam textura coriácea e 
medem normalmente de 15 a 40 centímetros de comprimento e de 1,5 a 4,0 centímetros 
de largura. A cor da folha da mangueira, quando jovem, varia da tonalidade verde clara 
a levemente amarronzada ou arroxeada, mas, quando madura, adquire coloração verde 
escura. A face superior é plana e o pecíolo é curto, medindo normalmente de 2,5 a 10,0 
centímetros. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura da Mangueira Página 11 
 
 A inflorescência da mangueira possui tanto flores masculinas como flores 
hermafroditas. Geralmente, a inflorescência da mangueira é terminal, mas, às vezes, 
pode ser lateral. Além disso, é ramificada e piramidal, apresentando um número 
extremamente variável de flores, desde centenas até milhares. As flores são muito 
pequenas, medindo normalmente cerca de 6 milímetros, e pentâmeras. O ovário é 
súpero e unilocular e o estigma é rudimentar. 
 
Fig. 2. Inflorescência da mangueira. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. 
 O fruto da mangueira é uma drupa, cujo formato varia de arredondado a 
alongado, e pode pesar de poucas gramas até 2 quilogramas, a depender da variedade. A 
casca pode apresentar coloração verde, amarela ou vermelha. A polpa é geralmente 
amarelada, apresentando uma ampla gama de sabores e uma quantidade também muito 
variável de fibras. No interior da polpa, encontra-se o caroço - a semente -, cuja forma e 
cujo tamanho variam de acordo com a variedade. 
 O crescimento vegetativoda mangueira é essencial para propiciar uma 
produtividade elevada. O período juvenil é de aproximadamente 3,5 anos. O 
florescimento da mangueira é dependente de uma combinação de fatores climáticos, 
normalmente favorecido por uma associação entre uma diminuição na temperatura e um 
estresse hídrico. Algumas práticas culturais, como a aplicação de determinados 
fitorreguladores, também induzem a mangueira ao florescimento e são comumente 
empregadas nos pomares da cultura. 
 A polinização é feita geralmente por insetos, tais como moscas e abelhas. No 
entanto, embora a inflorescência da mangueira abrigue de centenas a milhares de flores, 
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o processo da fecundação não é tão eficiente, sendo diretamente afetado pelas condições 
climáticas, principalmente pela pluviosidade, temperatura e umidade relativa do ar. A 
quantidade de frutos que vingam e amadurecem é muita pequena em relação à 
quantidade de flores produzidas. O período de queda dos frutos começa na primeira 
semana após a fecundação. 
 
Fig. 3. Mangueira em fase de produção. Foto: Francisco Pinheiro Lima Neto. 
 O período entre o florescimento e o amadurecimento do fruto é de 
aproximadamente 100 a 150 dias, variando, portanto, de acordo com as condições 
climáticas e, sobretudo, com a variedade. 
 Propriedades Nutricionais 
 Encontra-se na manga um bom teor de carboidratos, Betacaroteno (provitamina 
A), Vitamina C, Vitaminas do Complexo B, Ferro, Fósforo, Cálcio, Potássio, Magnésio 
e Zinco. 
 Propriedades Medicinais 
 A manga ajuda a purificar o sangue e um bom diurético. Pura ou em sucos 
combate a bronquite, tem efeito expectorante e combate a acidez estomacal. 
 
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 Valor Calórico 
 100 gramas de manga fornecem, em média, 64,3 calorias. 
 Maturação 
 A manga boa para consumo deve estar macia quando apertada com os dedos, 
mas sem que a casca se rompa pela pressão. Não deve apresentar machucados, 
rachaduras ou estar melada. 
 
04. PRINCIPAIS VARIEDADES. 
 Deve-se ressaltar que não existe uma variedade considerada 'ideal', que 
apresente agrupadas todas as características desejáveis em termos fitotécnicos e de 
mercado. Como já relatado apesar do elevado número de variedades disponíveis (200 
variedades) cerca de 80% dos cultivos tecnificados se restringe ás variedades Haden e 
Tommy Atkins, reconhecidamente com excelentes características, porém, também com 
"defeitos" marcantes. 
4.1 Características Varietais. 
 As variedades de mangueira são classificadas em dois grupos, ou seja, Indu e 
Indo-Chinês. As variedades de origem lndú são consideradas nobres por apresentarem 
características de qualidade superiores, enquanto as Indo-chinesas, seriam "selvagens" 
com características inferiores. Na Tabela 6, estão apresentadas características que 
identificam os dois grupos. 
TABELA 6. Características principais dos frutos dos grandes grupos de mangueiras. 
 CARACTERÍSTICAS 
DOS FRUTOS 
GRUPO INDU GRUPO INDO-CHINÊS 
Forma Variável: geralmente redondos 
no corte transversal, podendo 
ser alongados. 
Sempre algo achatado, mais 
longo que largo. 
Cor Geralmente amarelados, com 
uma placa vermelha quando 
maduros ou totalmente 
avermelhados. 
Geralmente amarelo-
esverdeados quando 
maduros e, raramente de cor 
vermelha. 
Fibra Podem ter ou não. Geralmente não apresentam 
fibras. 
Sabor Doces e poço ácidos, com Doces e subácidos, 
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sabor fortemente aromatizado. geralmente não 
aromatizados. 
Semente Geralmente monoembriônica. Geralmente poliembriônia. 
Antracnose Suscetíveis a antracnose Relativamente suscetíveis à 
antracnose. 
4.2 Principais grupos 
 Pelo elevado número de 'tipos' de mangueiras existentes no país, com nomes os 
mais variados possíveis, a classificação e caracterização de variedades no Brasil, pode 
ser difícil e trabalhosa. As características a serem observadas, podem ser reunidas em 
três grupos: 
 
 
Grupo A: 
 
 Características principais forma e tamanho do fruto, forma do bico. 
 
Grupo B: 
 
 Características secundárias – forma da extremidade da folha, dobradura das 
folhas. 
 
Grupo C: 
 
 Características terciárias conformação das folhas e da inflorescência, disposição 
das veias do caroço, tipos e disposição das fibras, perfil dos ombros, perfil da cavidade 
basal, coloração das folhas quando novas. 
 
 Na Figura 4, está representado o fruto da mangueira, assinalando-se as suas 
características, utilizadas na diferenciação de variedades. A Tabela 7 mostra a grande 
diversidade de formas observada principalmente nas chamadas "mangas comuns". 
 
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Considerando-se que a 
mangicultura é uma 
atividade perene, em 
que os pomares 
poderão ter 20 anos ou 
mais de vida útil, bem 
como, o grande 
número de variedades 
lançadas 
periodicamente, a 
escolha correta da 
variedade é um fator 
fundamental para o 
sucesso do 
empreendimento. Entre 
as características consideradas „ideais‟ em uma variedade de mangueira, Meio Nunes 
(1995), relaciona: 
 
·Boa produção, sem ou com pouca alternância de safra. 
·Alta percentagem de flores férteis. 
·Baixa tendência de produção de frutos sem embrião. 
·Frutos coloridos, atrativos, preferencialmente de coloração avermelhada. 
·Frutos sem ocorrência de amolecimento interno da polpa. 
·Resistência ao transporte, embalagem e comercialização, com duração de no mínimo 
dez dias. 
·Resistência à antracnose. 
·Sabor agradável, sem fibras e terembetina. 
·Sementes pequenas, de preferência perfazendo até 10% do peso total do fruto. 
·Variedades com maturação uniforme e porte baixo. 
·Alta percentagem de polpa, baixa de caroço e casca, alto teor de suco. 
·Precocidade de produção e período de vida útil longo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TABELA 7 – Mangueira: principais características do fruto de algumas variedades mais 
 cultivadas no Brasil. 
 
Varieda
de 
Fruto 
Tamanho Peso 
(g) 
Forma Cor Sabor 
(1) 
Fibra 
(2) 
Edward Grande 480 Oval-oblonga amarelo-laranja 
+ róseo 
E S 
Hadem Grande 480 Ovada-
condiforme 
amarelo vivo + 
púrpura 
E P e T 
Irwin médio 340 Oblonga e 
comprimida 
lateralmente 
amarelo-laranja 
+ vermelho 
B S 
Keitt muito 
grande 
600 Oval-alongado, 
gorda espessa 
amarelo-
esverdeada 
B P 
Kent muito 
grande 
550 Ovalada e espessa verde-amarela + 
camensin 
E P e T 
Palmer muito 
grande 
520 Alongada e cheia laranja-amrelada 
+ vermelho 
M P e T 
Ruby pequeno 240 Ovalada, 
alongada e fina 
amarelo-laranja 
+ vermelho 
B S 
Sensati
on 
médio 300 Oval amarelo + 
vermelho 
B P 
Tommy 
Atkins 
muito 
Grande 
580 Oval-ablonga amarelo-
laranjada + 
vermelho 
B F e A 
Van 
Dyke 
médio 350 Redonda ovalada amarela + laivos 
vermelhos 
B G 
Zill médio 340 Ovalada com bico 
saliente 
amarelo + 
vermelho 
E S 
(1) Sabor: (2) Quantidade de fibras: 
E = Excelente A=Abundante 
B=Bom F=Finas 
M=MédioG=grossas 
T = Tenras P=Poucas 
 S=ausentes 
 
 
 
 
 
 
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TABELA 8 – Mangueira: principais características da planta de algumas variedades 
mais cultivadas no Brasil. 
Variedade Porte Forma Copa produção Época de 
maturação 
Suscetibilidade 
às doenças (1) 
Edward Alto Globosa e 
irregular 
baixa Meia-
estação 
2/2 
Hadem Elevado Arredondada Médio a 
regular 
Meia-
estação 
1/1 
Irwin Médio a 
pequeno 
Compacta regular Meia-
estação 
2/1 
Keitt Médio Aberta Regular e 
boa 
Tardia 2/3 
Kent Médio Compacta e 
arredondada 
Baixa e 
regular 
Tardia 1/1 
Palmer Médio Aberta Regular Tardia 2/2 
Ruby Médio Globosa e 
compacta 
Alta Meia-
estação 
2/2 
Sensation Médio Aberta Regular Tardia 2/1 
Tommy 
Atkins 
alto Arredondada Regular Meia-
estação 
1/2 
Van dyke Médio Aberta Alta Meia-
estação 
 
Zill Alto Cômica regular Precoce a 
meia 
estação 
2/2 
(1) Suscetibilidade ao oídio e a antracnose: 1- Muito suscetível. 
 2 - Pouco suscetível. 
 3 - Tolerante. 
 Apesar das excepcionais qualidades do fruto da variedade Haden, a planta é 
muito susceptível a oídio e antracnose, apresenta tendência à alternância de produção e 
incidência elevada de distúrbios como a MALFORMAÇÃO FLORAL. Na atualidade, 
representaria 20 a 30% apenas dos pomares tecnificados, havendo a alternativa de 
plantio da Haden 2H com características um pouco superiores. A primeira variedade 
mais cultivada seria a Tommy Atkins com cerca de 60 a 70% apesar de também 
apresentar problemas, como por exemplo, o COLAPSO INTERNO DO FRUTO. 
 No Nordeste as variedades mais disseminadas são: Rosa, Espada e Itamaracá; no 
Centro-Oeste, as variedades Ubá, Bourbon, Haden e Coquinho, e também, variações do 
grupo dominante "Coração de boi" são as preferidas pelo consumidor (Medina, 1981 e 
Luna, 1988). Na região do São Francisco, no Nordeste semi-árido brasileiro, 
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predominam as variedades Haden, kit e Tommy Atkins nos plantios comerciais; as 
variedades Van Dyke, Surpresa, Kensington e Zili têm sido usadas nos plantios mais 
recentes (Nunes et al., 1991). 
 Destaca-se ainda o grande número de variedades brasileiras de mangueiras, com 
denominações e características regionais. Donadio et al (1996) abordaram a 
caracterização e escolha de variedades nacionais considerando-se a tolerância a doenças 
e pragas, produção, qualidade do fruto, época de produção e capacidade biológica. Os 
autores traçaram o perfil de mais de 50 variedades, fornecendo informações básicas que 
auxiliam na escolha. 
 Especificamente no caso de mangas para processamento industrial, Bleinroth et 
al (1976), indicam as variedades Imperial, Extrema, Oliveira Neto, Mato Dentro e 
Haden para a produção de manga em calda e, para néctar, as variedades Castro, Cecília 
Carvalho, João Alemão, Non Plus Ultra e São Quirino são as que apresentam 
rendimento superior. Soler (1989), para a mesma finalidade, recomenda Pele de Moça, 
Itamarati, Manga – D‟água e Ubá. Segundo Carvalho Neto (1975), as variedades para 
processamento mais indicadas seriam Itaparica, Maçã, Espada, Carlota e Pingo de Ouro. 
Entre 20 variedades de mangueiras avaliadas para o processamento em calda, Donadio 
(1993) estaca como superiores a Surpresa e a Santa Cruz. 
 
05. ECOLOGIA. 
 
5.1 Clima 
 
 A mangueira cresce e desenvolve-se em diferentes condições climáticas, mas os 
plantios de áreas comerciais somente são viáveis, dentro de valores específicos e 
definidos de temperatura, regime hídrico, altitude, insolação, umidade relativa e ventos. 
É uma árvore frutífera de clima tropical e o cultivo está concentrado nas regiões 
tropicais (25 ºN, 25 ºS) e subtropicais (35 °N, 35 ºS) do planeta. 
 Um dos maiores problemas das regiões semi-áridas é a irregularidade das 
chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de 
deficiência hídrica. O clima da região que compreende o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA 
é do tipo BSwh‟, segundo a classificação de Köeppen. Abaixo são apresentados os 
parâmetros climáticos considerados importantes para o cultivo comercial da cultura da 
mangueira. 
 
 
 
 
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5.1.1 Radiação solar 
 A radiação solar absorvida pela cultura da mangueira, interfere no seu ciclo 
vegetativo e no período de desenvolvimento do fruto, sendo de grande importância para 
o crescimento, floração e frutificação, daí a importância do manejo cultural, 
principalmente, em plantios muito adensados. Em decorrência do hábito de crescimento 
vigoroso da árvore, existe, geralmente, uma porcentagem relativamente alta de folhas 
sombreadas, em comparação com folhas ensolaradas. Dessa forma, grande parte das 
folhas localizadas no interior da copa recebe baixos níveis de luz, diminuindo a 
disponibilidade de carboidratos provocando, consequentemente, reduções no 
crescimento e produção. Uma maior penetração da luz na copa, como resultado da 
realização da poda, pode provocar um aumento significativo na produção e melhoria na 
coloração dos frutos. Uma maior intensidade de radiação solar incidente promove 
maiores teores de açúcar e de ácido ascórbico nos frutos. O aumento da quantidade 
desse ácido tem sido observado em frutos de várias espécies vegetais, expostos 
diretamente à luz do Sol, durante os estágios de desenvolvimento, e em plantas que 
crescem sob altas intensidades de radiação solar. 
5.1.2 Temperatura do ar 
 A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de 
que a radiação solar absorvida pela atmosfera e o calor emitido pela superfície 
cultivada, elevam a temperatura do ar. O ar aquecido próximo às plantas, transfere 
energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível, aumentando as taxas 
evapotranspiratórias. Além disso, a temperatura interfere na atividade fotossintética das 
plantas, por que este fenômeno envolve reações bioquímicas, cujos catalisadores, as 
enzimas, são dependentes da temperatura para expressar sua atividade máxima. A faixa 
de temperatura considerada ideal para o cultivo da mangueira situa-se entre 24ºC a 
30ºC, sendo que valores acima de 48ºC limitam a produção. Valores baixos também são 
limitantes e quando próximos a 0ºC por poucas horas, provocam danos severos ou 
morte das plantas. A distribuição de matéria seca na mangueira é também influenciada 
pela temperatura. A partição de matéria seca para as raízes é maior sob condições de 
baixa temperatura, resultando na redução do crescimento da parte aérea. Com o 
aumento da temperatura, a parte aérea é mais favorecida, culminando em maior 
crescimento dos ramos e das folhas. A temperatura influencia de forma significativa a 
sequência do desenvolvimento das gemas da mangueira. Na região do Vale do Rio São 
Francisco, tem sido observado que temperaturas dia/noite de 30
o
C/25
o
C, estimulam o 
crescimento vegetativo, enquanto a combinação 28
o
C/18
o
C, que ocorre com mais 
frequência entre os meses de maio a agosto promove intensa floração. A frutificação e o 
pegamento dos frutos também são afetados pela temperatura. Temperaturas muito 
baixas ou elevadas prejudicam a formação do grão de pólen, reduzindo sua viabilidade, 
além de provocar, altas taxas de partenocarpia (frutos que se desenvolvem sem o 
embrião), originando frutos pequenos e sem valor comercial. 
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 De maneira geral, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais 
elevada for a temperatura da região, dentro dos limites críticos de cultivo, maior será a 
concentração de açúcar e menor a acidez nos frutos, favorecendo a qualidade. 
5.1.3 Unidade do ar 
 A umidade do ar durante o ciclo da cultura da mangueira é muito importante, por 
favorecer o surgimento de doenças fúngicas. Quando altos valores de umidade relativa 
estão associados a temperaturas elevadas, ocorre uma maior incidência dessas doenças, 
provocando danos econômicos, podendo, inclusive, inviabilizar a produção comercial 
de frutos. A concentração de vapor d‟água da atmosfera também condiciona a perda de 
água pelas plantas e consequentemente, o processo de evapotranspiração. A diferença 
entre a pressão do vapor d‟água, entre a cultura e o ar vizinho, é um fator determinante 
para esse processo. Assim, cultivos bem irrigados em regiões semi-áridas, como no caso 
do Submédio São Francisco, consomem grandes quantidades de água, em virtude da 
abundância de energia solar e do poder dissecante da atmosfera. Em regiões úmidas, a 
elevada umidade do ar reduz a demanda evapotranspiratória. Em tais circunstâncias, o 
ar encontra-se próximo ao ponto de saturação, causando, portanto, um menor consumo 
hídrico da cultura do que nas regiões áridas. 
5.1.4 Velocidade do vento 
 Existem poucos estudos com relação ao efeito do vento sobre o comportamento 
da mangueira no Vale do Rio São Francisco, existindo divergências quanto ao efeito 
sobre o crescimento das plantas, produção e da importância da utilização de quebra 
ventos. A velocidade do vento é outro parâmetro importante no processo de 
evapotranspiração. A remoção do vapor d‟água depende, em grande parte, do vento e da 
turbulência do ar. Nesse processo, o ar acima da cultura vai se tornando gradativamente 
saturado com vapor d‟água e se não há reposição de ar seco, a evapotranspiração da 
cultura decresce. 
5.1.5 Precipitação pluviométrica 
 Em termos de exigências hídricas, a mangueira é muito resistente à seca, graças 
ao seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades, sobrevivendo até 
8 meses sem chuvas, nas regiões onde não é irrigada. As regiões de cultivo incluem 
áreas onde a ocorrência de baixas precipitações e alta demanda evapotranspiratória, 
impõem o fornecimento de água através da irrigação. Nessas condições, mesmo 
irrigada, a mangueira sofre um certo grau de estresse hídrico. O excesso de chuvas, por 
outro lado, combinado com temperaturas elevadas, torna a cultura muito suscetível a 
doenças fúngicas e pragas, sendo conveniente que não ocorram precipitações durante 
todo o período vegetativo. A cultura porém apresenta tolerância à inundação. Um 
período seco precedendo o florescimento favorece a produção, porém, a cultura requer 
umidade edáfica do início da frutificação à maturação, o que também influencia na 
promoção de novo crescimento vegetativo. Portanto, em regiões com baixas taxas de 
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precipitações pluviométricas é recomendável a irrigação com base nos requerimentos de 
água da cultura. 
5.2 Solo 
 
 Adapta-se aos mais variados tipos de solo, desde os arenosos até argilosos, 
porém, preferencialmente, devem ser areno-argilosos, profundos (2 m), permeáveis, 
bem drenados, podendo ser ligeiramente ácidos. As áreas mecanizáveis são as mais 
indicadas para a instalação de pomares extensos, pois facilitam a execução dos tratos 
culturais, colheita e escoamento da produção. 
 As características do solo influenciam o desenvolvimento das raízes e, 
consequentemente, o desenvolvimento e produção da planta. Segundo Castro Neto 
(1995) as mangueiras desenvolvem um sistema radicular composto por uma raiz 
primária muito longa, mesmo ainda na fase de muda. Em plantas adultas, sob condições 
naturais, essa raiz desenvolve-se até encontrar o lençol freático, e poucas raízes de 
sustentação se desenvolvem até esse ponto. Depois dessa fase de alongamento, as raízes 
superficiais começam a se desenvolver e a formar uma densa malha imediatamente 
abaixo da superfície do solo, podendo alcançar 5,5 m em profundidade e 7,6 m em 
distância lateral. 
 Considera-se, entretanto, que a parte mais efetiva do sistema radicular da 
mangueira, se distribui na camada de 1,2 m de profundidade e 1,8 m em distância 
lateral. Pesquisas realizadas no Vale do Rio São Francisco indicaram que 90% das 
raízes absorventes da mangueira encontram-se a até 1,5 m de profundidade e 1,5 m de 
distância da planta; estudos com P32 têm demonstrado que a maior concentração de 
raízes absorventes encontra-se nos primeiros 60 cm de profundidade, com uma 
concentração máxima nos primeiros 15cm. 
 
06. ADUBAÇÃO. 
 
 Para uma programação racional da calagem e adubação, vários fatores, como os 
mencionados a seguir, devem ser levados em conta: tipo o pH do solo, destino da 
produção (consumo natural ou industrializado) e preferência do mercado (cor e tamanho 
do fruto etc.). Estas variáveis estão associadas ao manejo da cultura (espaçamento, 
irrigação etc.) e ao desenvolvimento da planta. 
Tanto a calagem como as adubações devem, de preferência, basear-se em resultados de 
análises do solo e das folhas, para evitar gastos desnecessários, uma vez que ambas são 
práticas de custo bastante elevado. De modo geral, um programa de adubação com 
macro e micronutrientes deve ser iniciado imediatamente após o plantio das mangueiras. 
As quantidades de adubo serão gradativamente aumentadas a fim de atender ao 
crescimento da planta (expansão da copa e do sistema radicular). Na Flórida, no 
primeiro ano após o plantio, as mangueiras são adubadas a cada dois meses aplicando-se 
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inicialmente 110 g/planta - e elevando-se esse volume até atingir 450g/planta - de uma 
mistura com 6 a 10% de NPK (de cada um desses nutrientes) e 4 a 6% de magnésio 
(Campbell & Malo, 1974). Nas mangueiras adultas, cujo sistema radicular pode atingir 
um raio de até cinco metros ao redor do tronco e dois metros de profundidade, a maior 
parte das raízes efetivamente absorventes esta localizada entre 1,5 e 2,Om de distancia 
do tronco e a 30-40 cm de profundidade (dependendo do tipo e textura do solo). 
Recomenda-se, por conseguinte, que os adubos sejam aplicados em sulcos abertos a três 
metros de distancia do tronco e a uma profundidade de 20 a 30cm. De posse dos 
resultados da análise química do solo, deve-se optar por um esquema de adubação 
proposto pelos órgãos de pesquisa e extensão rural da região onde se implantará a 
cultura. 
 
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Nas Tabelas 9 e 10 são apresentadas as recomendações de adubação com macronutrientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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07. PROPAGAÇÃO. 
 
 No Brasil, nas últimas décadas, diante da importância econômica que a manga 
alcançou, a tendência atual é estabelecer pomares tecnicamente bem conduzidos, com 
mudas enxertadas, provenientes de boas plantas-matrizes, para abastecer o mercado 
consumidor com frutos de boa qualidade. 
 
7.1 Escolha do Porta-Enxerto 
 
 Neste item, são descritas as etapas para produção de mudas de mangueira de alta 
qualidade, pelos diferentes métodosde enxertia. Ainda não foram experimentalmente 
definidos quais os melhores porta-enxertos ou “cavalos” para mangueira. A escolha 
varia de uma região para outra, e depende da disponibilidade de sementes. 
 No Nordeste, as cultivares Espada, Coquinho, Carlotinha, Itamaracá e Santa 
Alexandrina são as mais utilizadas, ao passo que em Minas Gerais e no Estado de São 
Paulo, a preferência recai sobre Ubá, Sapatinho, Coquinho e Espada. 
 As cultivares poliembriônicas, que geram duas ou mais plantas de uma única 
semente, são as mais indicadas, por induzirem maior vigor à muda. Geralmente, a 
Espada tem grande aceitação entre os viveiristas, em razão do seu vigor e de sua 
tolerância à secada- mangueira, doença que afeta os pomares, principalmente no Estado 
de São Paulo. Outros porta-enxertos resistentes à seca-da-mangueira usados são: IAC 
100 Bourbon, IAC 101 Coquinho, IAC 102 Touro, IAC 103 Espada Vermelha e IAC 
104 
Dura. 
 
7.2 Seleção de Plantas-Matrizes 
 
 As plantas-matrizes, fornecedoras de garfos e borbulhas para enxertia, devem ser 
selecionadas. A seleção é feita tendo-se em vista suas qualidades superiores, com base 
no seu comportamento durante vários anos. As características essenciais para que uma 
cultivar de mangueira tenha uma boa aceitação comercial são as seguintes: 
• Alta produtividade. 
• Pouca ou nenhuma alternância de produção, isto é, um ano produz muito, outro produz 
pouco. 
• Resistência ou baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e de doenças. 
• Peso do fruto entre 400 a 500 g, coloração externa atraente (de preferência vermelha). 
• Aroma e sabor agradáveis. 
• Polpa de boa consistência e não fibrosa. 
• Tolerância ao manuseio e transporte para mercado distante. 
• Semente pequena, em torno de 10% do peso total do fruto. 
 
 
 
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7.3 Beneficiamento da Semente 
 
 Em condições naturais, a viabilidade da semente de manga está em torno de até 
2 semanas após a colheita do fruto. Assim, a semeadura deve ser feita o mais cedo 
possível, para se obter maior percentagem de germinação e porta-enxertos mais 
vigorosos. Uma vez colhidos os frutos “de vez” ou maduros – livres do ataque de 
doenças e de pragas –, efetuam-se o descascamento, a retirada da polpa, a lavagem das 
sementes e a secagem à sombra, em local ventilado. Após a secagem – que dura cerca 
de 3 dias –, com o auxílio de uma tesoura de poda, extrai-se a casca (endocarpo) que 
envolve a amêndoa, tendo-se o cuidado de não machucá-la, para evitar o ataque de 
fungos. Esse tratamento possibilita uma germinação mais rápida (a partir de 2 semanas 
da semeadura), maior percentagem de sementes germinadas (90% a 95%), além de se 
obter plantas bem formadas, vigorosas e em condições de serem enxertadas em menor 
espaço de tempo. Deve-se semear uma quantidade de sementes maior do que o número 
desejado de mudas, aproximadamente 40%, tendo-se em vista as perdas com a 
germinação e com o pegamento da enxertia. Na Fig. 5, é apresentada uma semente de 
manga. 
 
Fig. 5. Semente de manga sendo beneficiada. 
 
 
7.4 Época de Semeadura 
 
 No Brasil, geralmente a semeadura é feita entre outubro e março, período em 
que se concentra a colheita, podendo-se optar pelos métodos de semeadura direta e 
indireta. 
 
 
 
 
 
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7.5 Semeadura direta 
 
 A semeadura direta é feita utilizando-se embalagem individual, isto é, sacos de 
polietileno. No viveiro (geralmente coberto com tela 
de sombrite), é o local onde são colocados os sacos de plástico com as mudas, em 
fileiras de 2 a 4 sacos, a espaços de 80 cm, aguardando-se a enxertia, que é feita na 
muda ou “cavalo”, dentro do saco de plástico. Os “cavalos” enxertados ficam no 
viveiro, até ficarem prontos para o plantio, no local definitivo. Atualmente, a prática da 
semeadura direta é bem utilizada entre os viveiristas, sendo apropriada para solos 
arenosos, que dificultam a retirada da muda com torrão. Sua maior vantagem é a 
economia de mão16 de-obra e a formação da muda em menor espaço de tempo. O 
tamanho da embalagem deve permitir à planta desenvolver um bom sistema radicular, 
uma boa altura e diâmetro do caule para enxertia. Têm-se obtido bons resultados 
(melhor desenvolvimento radicular da muda) utilizando-se sacos de polietileno nas 
dimensões de 35 cm x 22 cm x 0,20 mm, perfurados na base e lateralmente, para escoar 
o excesso de água usada na irrigação das mudas. Alguns dias antes da semeadura, 
enchem se os sacos de polietileno, utilizando-se uma mistura contendo três partes de 
terra de boa qualidade, uma parte de esterco curtido, 3 kg de superfosfato simples e 500 
g de cloreto de potássio por metro cúbico. Obtêm se, também, bons resultados – e a 
custos menores, por se evitar, principalmente, o esterco curtido – utilizando-se como 
substrato terra vegetal (camada superficial do solo, até 10 cm de profundidade), 15 g de 
superfosfato simples por saco, colocadas a 2/3 de profundidade no saco, e adubação 
foliar com uréia a 0,3%, ou seja, a cada 100 L de água adicionam-se 300 g de uréia. A 
primeira adubação foliar é feita quando as folhas já estiverem duras e coriáceas, 
devendo ser repetida quinzenalmente. Na parte superior do saco, são deixados cerca de 
5 cm sem completar com a mistura, local onde é colocada a semente, isenta de sintomas 
de doenças, pragas ou lesões mecânicas, deitada ou com a face ventral voltada para 
baixo (Fig. 6). A semente é coberta com uma leve camada de terra peneirada ou areia 
lavada. Em seguida, faz-se a irrigação dos sacos, devendo-se continuar por todo o ciclo 
de formação da muda, 2 ou 3 vezes por semana. Ocorrendo a germinação de duas ou 
mais mudas no mesmo saco, eliminam-se as excedentes, deixando-se apenas a muda 
mais vigorosa. 
 
 Fig. 6. Posicionamento correto de uma amêndoa de manga no momento da semeadura. 
 
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No que concerne à nutrição das mudas, além da adubação foliar, recomenda-se 
efetuar três adubações em cobertura, com 5 g/planta (equivalente a uma colher das de 
chá bem cheia) da mistura contendo 100 g de uréia, 100 g de superfosfato simples e 60 
g de cloreto de potássio aos 60, 120 e 180 dias após a semeadura. Deficiências de Zn 
(zinco) e de Mn (manganês) podem ser corrigidas, pulverizando-se as mudas com uma 
solução composta de 55 g de sulfato de zinco, 28 g de sulfato de manganês e 24 g de cal 
hidratada em 20 L de água. Os sacos devem ser mantidos livres de plantas daninhas, e 
as mudas pulverizadas, sempre que ocorram doenças ou pragas, com produtos 
específicos para cada caso. Para o controle da antracnose, recomendam- se 
pulverizações com fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre, variando a dosagem entre 
75 e 175/100 L de água; hidróxido de cobre, 87 a 135 g/100 L de água); orgânicos 
(mancozeb, 120 a 200g/100 L de água); sistêmicos (benomil, 30 g/100 L de água). 
Controla-se o oídio, utilizando-se S (enxofre) (160 a 640 g/100 L de água). O enxofre é, 
também, indicado para o controle dos ácaros, na dosagem de 500 g/100 L de água. O 
tripes (Selenotrips rubrocinctus) é um inseto que pode atacar a parte inferior das folhas 
das mudas, no viveiro. Pulverizações com fosforado de contato e profundidade(parathion metílico, 70 mL/100 mL de água) são bem eficientes no controle. 
Geralmente, os defensivos recomendados para o controle das pragas são: parathion 
metílico (80 mL /100 L de água), malation (200 mL /100 L de água) e carbaril (140 
g/100 L de água). 
 
 
7.6 Semeadura indireta 
 
 A semeadura indireta é feita em sementeiras, com repicagem para viveiro em 
sacos de polietileno. Esse processo é comumente utilizado pelos produtores de mudas, e 
geralmente consta das seguintes etapas: 
 
 Escolha da área – A sementeira deve ser localizada, de preferência, em terreno 
plano, fértil, solto e profundo. O local deve ser arejado, protegido contra ventos, e estar 
próximo a um manancial de água. 
 
 Preparo do terreno – Com uma enxada ou arado, revolve-se o solo até a 
profundidade de 20 cm. Depois, quebram-se os torrões, retiram-se os restos de raízes, 
tocos e pedras existentes, de maneira que a área fique livre desse material e em 
condições de ser trabalhada. 
 
 Preparo da sementeira – Geralmente, os canteiros da sementeira são feitos com 
as dimensões de 10 a 20 m de comprimento por 1,20 m de largura e l5 cm de altura. 
Entre eles, deve ficar um espaço livre de 60 cm de largura, para permitir ao viveirista 
efetuar os tratos culturais e fitossanitários. A demarcação desses canteiros é feita com 
fios de arame do tamanho do canteiro que se deseja formar, presos a quatro piquetes 
situados dois a cada lado das cabeceiras. A seguir, revolve-se o solo e aplaina-se até o 
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nível do arame. Finalmente, abrem-se sulcos paralelos, a uma profundidade de 5 cm, 
numa distância de 20 cm entre si, onde serão colocadas as amêndoas. 
 
 Adubação – Quando do preparo dos canteiros, incorporam-se 5 a 10 kg de 
esterco de curral, 100 g de superfosfato simples e 50 g de cloreto de potássio, por metro 
quadrado. 
 
 Semeadura – Depois do beneficiamento das sementes, é conveniente que as 
amêndoas sejam semeadas imediatamente nos sulcos, deitadas com a face ventral 
voltada para baixo, numa distância de 2 cm uma da outra. Em seguida, devem ser 
cobertas com uma leve camada de terra, e regadas, sempre que necessário. 
 
 
7.7 Tratos culturais 
 
Para se obter mudas bem formadas e sadias, faz-se, periodicamente, a eliminação 
manual da vegetação nativa, a escarificação (afofamento) do solo e a irrigação (durante 
o verão), pelo menos uma vez ao dia. 
 
7.8 Tratos fitossanitários 
 
 Na sementeira, podem ocorrer o ataque de doenças (como a antracnose e o 
oídio), de ácaros e de insetos. Nesse caso, efetuamse pulverizações com fungicidas, 
acaricidas e inseticidas, com os mesmos produtos e dosagens indicados para a 
semeadura direta. 
 
7.9 Repicagem 
 
 A repicagem dos porta-enxertos para os sacos de plástico (viveiro) é feita 
aproximadamente 50 dias após a semeadura. Primeiro, faz-se uma seleção das mudas na 
sementeira, tendo-se o cuidado de não danificar a haste (tronco) nem a raiz pivotante. 
Recomenda-se aparar as pontas das raízes, evitando-se que fiquem tortas na ripicagem 
(pião torto). Sempre que possível, conservar as amêndoas aderentes, para auxiliar na 
nutrição das mudas recém-transplantadas. Essa operação deve ser feita em dias nublados 
ou chuvosos. Como medida de segurança, é necessário que se disponha de um sistema 
de irrigação, para suprir as necessidades de água. 
 
7.10 Métodos de enxertia 
 A muda da mangueira é produzida pelo método de enxertia que envolve a junção 
do porta-enxerto (cavalo) com o enxerto (copa). Os métodos mais comuns de enxertia 
são: Borbulhia em “T” invertido e a borbulhia em placa ou escudo, nas quais o enxerto é 
uma pequena parte da casca com uma única gema; Garfagem, com suas variações (no 
topo em fenda cheia, à inglesa simples e lateral), em que o enxerto é o segmento de um 
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ramo, com 10 a 15 cm de comprimento médio, contendo várias gemas. O método de 
enxertia mais utilizado é o de garfagem no topo em fenda cheia. Por este processo a 
muda é obtida em viveiro coberto, utilizando a semeadura direta em sacos plásticos 
individuais. 
 
 
 
Fig. 7. Demonstração de enxertia por garfagem no topo em fenda cheia. 
 Geralmente, o êxito dessa operação depende de vários fatores, dentre os quais 
destacam-se: 
• Afinidade entre o porta-enxerto e o enxerto [garfo ou borbulha (gema, “olho”)]. 
• Época do ano, relacionada com as condições fisiológicas do garfo ou borbulha e do 
porta-enxerto. 
• Condições climáticas, sobretudo a temperatura e a umidade. 
• Métodos utilizados. 
• Habilidade do enxertador. 
• Cuidados que antecedem e sucedem à operação. 
 
 
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7.11 Época de enxertia 
 
 A mangueira pode ser enxertada durante todo o ano, desde que se disponha de 
porta enxertos aptos à enxertia, garfos maduros, borbulhas intumescidas e não brotadas. 
Devem-se evitar os períodos chuvosos, uma vez que essa condição reduz, 
sensivelmente, a percentagem de pegamento. 
 Observadas as práticas culturais relacionadas com a condução da sementeira e 
do viveiro, 6 a 8 meses após a repicagem das mudinhas para os sacos de plástico, elas 
alcançam o diâmetro aproximado de um lápis e adquirem condições de serem 
enxertadas. Duas semanas antes da enxertia, deve se irrigar o viveiro em dias alternados, 
de preferência à tarde. Com essa prática, a seiva circulará com abundância, 
possibilitando maior percentagem de pegamento. Se as plantas-matrizes estiverem 
próximas ao local de enxertia, os ramos com borbulha poderão ser colhidos um dia 
antes. No entanto, se vierem de longe, convém fazer a imersão de suas extremidades em 
parafina. Pode-se, também, acondicionar os ramos em recipientes contendo serragem 
úmida e conservá- los em local fresco e sombreado. Geralmente, colocam-se os garfos 
envolvidos em folhas de jornal úmidas e dentro de sacos de plástico. Assim, os garfos 
são conservados por volta de 5 dias. 
 
 
08. PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DO POMAR. 
 
 O planejamento de um pomar de manga deve ser feito utilizando estudos 
básicos, que orientem um plano de exploração da propriedade, cujos procedimentos 
podem viabilizar o agronegócio. Os estudos básicos compreendem o levantamento das 
características climáticas, físico-químicas do solo, com definição do tipo de solo e da 
profundidade, além dos recursos hídricos disponíveis, no período mais seco do ano. 
Várias são as etapas envolvidas na implantação de um pomar de manga e todas são 
importantes no processo produtivo. 
 A área onde será instalado o pomar, deve ser selecionada considerando a 
topografia do terreno e as vias de acesso, que serão fatores de influência direta nas 
práticas agronômicas e no escoamento da produção. Em solos de areias quartzosas da 
região Semi-Árida nordestina, faz-se apenas a limpeza da área por meio do 
destocamento e roçagem da vegetação, três a quatro meses antes do plantio, sem o uso 
da aração e da gradagem. Após a limpeza, deve-se coletar uma amostra representativa 
de solo, para avaliar a necessidade de calagem e adubação. 
 A área do pomar deve ser protegida contra os ventos fortes, os quais provocam a 
queda de frutos e afetam consideravelmente a produção. A instalação de quebra-ventos 
deve ser feita durante os dois primeiros anos de formação do pomar. No Semi-Árido 
brasileiro, onde o vento compromete o desenvolvimento das plantas principalmente nos 
três primeiros anos, é comum o uso de capim elefante, que apresenta desenvolvimento 
rápido e atinge altura de quatro metros; tambémsão utilizados diversas espécies de 
fruteiras como quebra-ventos, tais como bananeiras com 3 a 4 linhas de plantas 
instaladas entre talhões de plantio ou coqueiros nas margens laterais do plantio. 
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8.1 Densidade de plantio 
 
 Nos plantios com tecnologia de produção para exportação, como os do 
Semiárido nordestino, onde a irrigação é obrigatória, a densidade de plantio mais 
comum é de 250 plantas/ha (espaçamento de 8 x 5m); no entanto, maiores densidades já 
estão sendo usadas nessa região, exigindo, no entanto manejos mais adequados quanto a 
podas, irrigação e nutrição. 
Após a determinação do espaçamento, faz-se o alinhamento em quadrado ou retângulo, 
com um piquete no local onde serão abertas as covas. Em áreas com declive acentuado 
(> 5%), deve-se preparar curvas de nível, a fim de evitar problemas de erosão. 
 
8.2 Abertura e adubação de cova 
 
 Após a marcação, as covas com dimensões de 60 x 60 x 60 cm são abertas com 
uma ferramenta conhecida como “boca-de-lobo” ou com uma perfuradora mecanizada; 
esse implemento agiliza e diminui os custos de abertura de covas mas, dependendo do 
tipo de solo, há necessidade de se quebrar as paredes laterais da cova, a fim de se evitar 
o “espelhamento”, ou seja, a compactação das mesmas. A correção e a adubação devem 
ser baseadas na análise de solo e ser feitas, pelo menos, 15 dias antes do plantio da 
muda. No Semi-Árido nordestino, recomenda-se de 20 a 30 L de esterco de curral 
(caprino ou bovino) por cova, 1 kg de superfosfato simples, 150g de cloreto de potássio 
e 200g de uma mistura de micronutrientes. Na adubação da cova com esterco, deve ser 
mantida a relação 1 esterco: 10 solo, para que haja uma decomposição mais equilibrada. 
Considerando as grandes exigências de cálcio pela cultura da mangueira, recomenda-se 
associar a calagem com a aplicação de gesso. 
 
8.3 Plantio da muda e pintura do caule 
 
 Em geral, faz-se o plantio da muda no início das chuvas, para facilitar um 
melhor estabelecimento da mesma no solo, embora sob condições irrigadas, essa 
operação possa ser realizada em qualquer época do ano. Devem-se selecionar mudas 
enxertadas, sadias e com dois fluxos vegetativos. Para evitar rachaduras no caule, 
causadas pela incidência direta da radiação solar, que favorece a entrada de fungos no 
caule, deve-se fazer uma pintura com tinta látex branca, diluída em água, na proporção 
de 1:1. 
 
8.4 Cuidados fitossanitários 
 
 Nos pomares em formação, as formigas cortadeiras, ácaros, cochonilhas e tripes 
podem causar danos consideráveis. As medidas de controle devem ser planejadas antes 
mesmo do plantio. Deve-se também ter em mente a preservação do potencial de 
controle biológico existente, bem como o favorecimento à atuação de inimigos naturais, 
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de maneira que, no campo, o controle biológico assuma importância cada vez maior no 
controle das pragas da cultura. Com alguns cuidados e a introdução de certas práticas, é 
possível melhorar a qualidade e o rendimento, sem alterar custos. 
 
 
 
Fig. 8. Vista de um pomar de mangueiras, 
espaçamento 8 x 5 m, da cultivar Tommy 
Atkins Petrolina 
 
Fig. 9. Detalhe de uma muda, com 18 
meses do plantio, da cultivar Tommy 
Atkins. Fazenda Upa Agrícola. Petrolina, 
PE 2002. 
Entre os cuidados fitossanitários, é importante mencionar que durante a 
implantação do pomar pode ocorrer a incidência de Lasiodiplodia, em consequência de 
estresse hídrico à planta, devido a entupimento de microaspersores ou qualquer outro 
problema no manejo da irrigação, assim como, podem aparecer mudas com 
“malformação vegetativa”; nesses dois casos é necessário um replantio, pois as mudas 
devem ser descartadas. No período das chuvas, deve-se ficar atento à incidência de 
doenças como a antracnose, cujo controle deve ser feito com pulverização de produtos à 
base de cobre. 
 
 
09. IRRIGAÇÃO DO POMAR. 
 
 Os métodos mais utilizados na irrigação da mangueira são os métodos 
pressurizados que são os mais recomendados, principalmente na irrigação localizada, 
isto é, a microaspersão e o gotejamento, de mais alta eficiência. A microaspersão é o 
mais comum pela maior área molhada que o mesmo proporciona em relação ao 
gotejamento em solos de textura média a arenosa. 
 Na irrigação por gotejamento o número de emissores e de linhas laterais que são 
usados possuem um espaçamento de 8 x 5 m, 5 a 6 gotejadores por planta têm sido 
suficientes, embora, teoricamente, essa quantidade resulte em uma área molhada de 14 a 
16% da área de ocupação da planta (solo homogêneo de textura média, diâmetro 
molhado de 1,20 m). Pode-se usar apenas uma linha de gotejadores por fileira disposta 
em anel ao redor da planta com os gotejadores igualmente espaçados, ou uma 
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ramificação por planta (rabo de porco). Em certos casos, torna-se necessário até duas 
linhas de gotejadores por fileira de plantas. 
 
 
10. PODA. 
 
 A poda da mangueira tem como principais objetivos orientar a forma das plantas 
em função do meio, espécie, vigor da variedade e do porta-enxerto; manter um 
crescimento vegetativo equilibrado nas diferentes partes da planta; conservar o 
equilíbrio entre raízes e a parte aérea, para regular o vigor e a produção das plantas e 
facilitar a aeração e iluminação da copa. 
10.1 Tipos de poda 
 
 Podas de formação - O objetivo das podas de formação é orientar o crescimento 
dos ramos, quanto ao número, distribuição e tamanho convenientes. Significa formar 
uma planta com uma arquitetura caracterizada por uma copa com a parte interna aberta 
e um número adequado de ramos laterais produtivos. Essas características trazem 
vantagens como a maior iluminação e aeração da copa, facilidade nos tratamentos 
fitossanitários e obtenção de plantas menos vulneráveis aos ventos fortes, 
principalmente durante a frutificação. 
 A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível com o 
método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os tratos culturais, do 
solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos frutos, além de possibilitar o 
aumento da densidade de plantio. Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, 
é necessário produzir uma estrutura bem ramificada; isso se faz por meio da poda de 
formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó. A poda 
de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma planta com esqueleto 
equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma altura de 60 a 80 cm do solo; o 
local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se encontrar lignificado (maduro) (Fig. 1). 
Após a brotação, selecionam-se três ramos, que formarão a base da copa (Fig. 2); os 
demais ramos devem ser eliminados. Os cortes deverão ser tratados com uma pasta à 
base de benomil ou oxicloreto de cobre. A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito 
acima do nó, em tecido lignificado, com tratamento dos ramos podados com fungicida, 
selecionando-se de três ramos voltados para a parte externa da copa. Essa fase é atingida 
pela planta entre 2,5 e 3 anos de idade (Fig. 3). 
Fotos: Embrapa Semiárido 
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Fig. 10. Mangueira após a 1ª 
poda de formação 
 
Fig. 11. Mangueira após a 2ª 
poda de formação 
 
Fig. 12. Mangueira após a 5ª poda de formação. 
 
 Podasanuais ou de produção - As podas de produção referem-se às realizadas 
durante a fase produtiva da planta (essas são naturalmente realizadas após a colheita). 
Nesta prática estão incluídas as atividades de limpeza, levantamento de copa, abertura 
central, equilíbrio, correção da arquitetura, além da poda lateral e de topo. 
 
a) Poda de limpeza - Consiste na remoção dos ramos secos e doentes da planta, como 
também, daqueles com frutificação tardia, e dos restos de colheita. Deve ser realizada 
rigorosamente uma vez ao ano e tem como objetivos, eliminar material doente ou 
infectado, especialmente com Fusarium e Lasiodiploidia; obter material produtivo, ou 
seja, gemas apicais, homogêneas em idade e capacidade produtiva, para produção no 
ano seguinte; além de material bem localizado em relação à exposição ao sol 
(necessário para o amadurecimento das gemas e para o colorido dos frutos), como 
também, dispor de árvores mais baixas e com copa mais adequada aos diversos 
manejos. 
Quando a poda pós-colheita/limpeza não é feita, tem-se que esperar a brotação 
expontânea da planta, o que pode atrasar ou inviabilizar a produção do ano seguinte. 
 
b) Levantamento da copa da planta - Consiste na eliminação dos ramos que estiverem 
até 0,70m de altura. Essa operação ajuda no controle das ervas daninhas e a melhor 
distribuição da água de irrigação por aspersão; também evita que os frutos dos ramos 
baixos entrem em contato com o solo (Fig. 13a). 
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Fig. 13. Tipos de poda de produção. 
 
c) Abertura central da planta (poda central de iluminação) - A poda de abertura 
central da mangueira consiste em eliminar ramos que tenham um ângulo de inserção 
com o tronco menor que 45º. Com isso, consegue-se uma maior iluminação (Fig. 13b). 
Os ramos de maior diâmetro da planta, que tenham uma parte voltada para o sol poente, 
devem ser pincelados com uma solução de água: cal (1:2) logo após a poda, a fim de 
serem evitadas rachaduras provocadas pelo sol. 
 
d) Poda lateral - É a poda que se efetua para manter um espaçamento adequado entre 
as fileiras de plantas, e que vai permitir a passagem de máquinas e veículos, e 
facilitando o processo de pulverizações, colheitas, etc. É comum deixar que a rua entre 
plantas corresponda a 45% do espaçamento entre fileiras. Exemplo: um espaçamento 
de 8,0m x 5,0m deve ter uma rua com largura de 3,6m (45%) (Fig. 13c). 
 
e) Poda de topo - É a poda efetuada para manter a altura da planta num limite adequado 
à condução do pomar. Normalmente, considera-se como ideal, uma altura máxima igual 
a 55% do espaçamento entre fileiras da planta, ou seja, num espaçamento de 8,0m x 
5,0m, a altura máxima da planta deve ser de 4,4m (55%) (Fig. 13d). 
 
f) Poda de equilíbrio - Esta poda se faz nas árvores que já alcançaram sua maturação 
fisiológica, com a finalidade de balancear o equilíbrio entre a produção de frutos e a 
folhagem da planta. Durante os primeiros anos da mangueira, existe uma estreita 
relação entre o incremento da folhagem e a produção de frutos; esta relação vai se 
modificando com os anos, até alcançar um ponto em que os novos incrementos da 
folhagem não contribuem para aumentar a produção de frutos e sim, reduzi-la. Essas 
perdas da eficiência produtiva da planta podem ser minimizadas por meio da poda da 
folhagem. No primeiro ano de execução, a poda da folhagem limita-se ao raleio de 
ramos que se localizam ao redor e no centro da copa da planta, e que comprometem a 
adequada aeração e iluminação. O melhor momento para executar essa prática é 
imediatamente após a colheita dos frutos. A vegetação dos ramos e os brotos de folhas 
jovens, que normalmente contêm de 3 a 5 folhas, também devem ser raleados até 
ficarem com uma ou duas folhas sadias. Nos anos seguintes, a poda de equilíbrio limita-
se ao raleio de folhas que se localizam nos brotos novos, entre 4 e 5 meses antes da 
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floração. Também devem ser eliminados os ramos que afetam o balanço do 
desenvolvimento da copa das árvores. 
 
g) Correção da arquitetura - Com relação à arquitetura, procura-se definir 
determinada forma para as plantas, e as mais utilizadas são as formas piramidal e vaso 
aberto (taça). 
Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço disponível, é 
necessário realizar uma poda de manutenção, que permita conservar o máximo da 
superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal, é recomendada principalmente 
para espaçamentos menores e deve ser feita logo após a colheita, seletivamente, 
cortando os brotos situados na parte alta da árvore até o primeiro nó (abaixo) e 
eliminando-se todos os brotos verticais (Fig. 14). 
Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa, eliminando os 
ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o tronco. Com isso, 
consegue-se uma melhor iluminação interna (Fig. 15 ). 
 
Fotos: Embrapa Semi-Árido 
 
Fig. 14. Mangueira podada 
na forma piramidal 
 
Fig. 15. Mangueira após a poda 
em vaso aberto. 
 
10.2 Intensidade da poda 
 
 A intensidade da poda não deve ser a mesma durante o ano, sendo realizada em 
função da época em que será feita a indução floral. A poda mais severa da mangueira 
não deve ser praticada quando se deseja a floração da planta fora da época normal, e que 
coincide com a ocorrência de altas temperaturas e altos índices de precipitação pluvial. 
Nessa época, são recomendadas podas menos drásticas e, ainda, aguardar a emissão de 
dois a três fluxos vegetativos, antes de se aplicar o regulador de crescimento 
(paclobutrazol). 
 
 
 
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10.3 Desfolha 
 
 A desfolha na mangueira é praticada com a finalidade de melhorar a capacidade 
produtiva da planta e a coloração dos frutos. 
Quanto a folhagem abundante, o sombreamento traz como consequência a 
existência de um material vegetal que atua de forma parasitária e que reduz a 
possibilidade de acumular reservas para a produção de frutos. A remoção de 15% a 20% 
da vegetação velha, incluindo ramos, com a finalidade de melhorar a disposição e o 
balanço da copa da árvore, produz uma melhora significativa na eficiência produtiva. 
Essa desfolha é feita por meio da poda praticada logo após a colheita. Após a segunda 
queda de frutos, é conveniente fazer uma desfolha nos ramos produtivos, deixando-se 
apenas os dois fluxos de folhagem mais próximos da infrutescência. 
A desfolha, para melhorar a coloração dos frutos, deve ser feita próxima na fase final da 
maturação, eliminando as folhas que os sombreiam. Essa prática deve ser feita com 
bastante cuidado, principalmente na parte da copa voltada para o poente, a fim de evitar 
a queima dos frutos, causada pelo sol. 
 
10.4 Podas para manejo da floração 
 
 Eliminação da brotação vegetativa - Quando há ocorrência de brotação 
vegetativa, próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência da gema, 
pode-se manter o estresse hídrico para aumentar o grau de maturação do fluxo 
vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida, podar a vegetação nova e iniciar 
as pulverizações com nitrato (potássio ou cálcio) para estimular a brotação das gemas 
axilares. 
 Eliminação da inflorescência - Quando se quer eliminar a inflorescência de um 
ramo sem que haja imediata emissão de novos brotos florais, deve-se cortá-la, pelo 
menos, aos 5 cm do nó terminal, no estádio de chumbinho (após a fertilização). Essa 
prática vai estimular a emissão de brotos vegetativos

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