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agronegocio_horticultura_2019

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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: 
 
Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 
 
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Apostila destinada ao Curso Técnico de Nível Médio em Agronegócio das Escolas Estaduais de 
Educação Profissional – EEEP 
 
Material elaborado/organizado pelo professor Francisco Mateus da Rocha do Nascimento - 
 
2018 
 
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Agronegócio – Horticultura (Fruticultura, Olericultura e Floricultura) 2 
Sumário Página 
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA 04 
PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS 14 
MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO 29 
PODA DAS PLANTAS FRUTÍFERAS 41 
PRINCIPAIS PRAGAS E DOENÇAS EM FRUTICULTURA 47 
COLHEITA, PÓS-COLHEITA E ARMAZENAMENTO 106 
PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS 116 
MERCADO E COMERCIALIZAÇÃO DE FRUTAS 120 
OLERICULTURA - CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS 131 
ASPECTOS GERAIS DA OLERICULTURA NO MUNDO, NO BRASIL E NO CEARÁ 137 
IMPORTÂNCIA DA CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE HORTALIÇAS 146 
PLANEJAMENTO DA HORTA 152 
PROPAGAÇÃO E PLANTIO 159 
O SOLO: CONCEITOS, COMPOSIÇÃO E ATRIBUTOS IMPORTANTES PARA O 
MANEJO 
163 
NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS 170 
CULTIVO DAS HORTALIÇAS 179 
QUALIDADE DA AGUA USADA NA IRRIGAÇÃO 199 
TRATOS CULTURAIS 201 
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IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS 203 
COLHEITA DAS HORTALIÇAS 209 
PÓS-COLHEITA DE HORTALIÇAS 212 
Floricultura - Introdução 219 
Apresentação do Negócio 219 
A produção de Flores e Plantas Ornamentais no Brasil e no Mundo 219 
Plantas 248 
 Principais Infraestruturas para Produção de Mudas 258 
Sementeiras e viveiros 260 
Adubação de Cobertura 263 
Principais Técnicas de Produção de Muda 265 
Custo, Comercialização e rentabilidade 278 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 1 - IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA FRUTICULTURA 
A cadeia da fruticultura está emergindo e sendo chamada no resto do mundo – e também 
no Brasil – como a “indústria das frutas” e não mais “fruticultura”. Por quê? Se hoje visitarmos 
um pecking house (as instalações onde são beneficiadas, por exemplo, as maçãs no Rio 
Grande do Sul e em Santa Catarina), verificaremos que são instalações que já superaram a 
era da mecanização, e encontram-se na era da robotização. Irei restringir a minha palestra 
à produção de frutas in natura devido ao tempo escasso mas, por analogia, o que for 
abordado sobre as frutas frescas, refere-se também às frutas secas, como as castanhas, 
além das polpas de frutas e os sucos. 
O Brasil é hoje um dos três maiores produtores de frutas no mundo. Só perde para a China 
e para a Índia. A produção brasileira superou 35 milhões de toneladas em 2005, o que 
representa 5% da produção mundial. 
 A fruticultura emprega hoje 5,6 milhões de trabalhadores, ou seja, 27% da mãode-obra 
agrícola. Para cada US$ 10 mil investidos, geram-se três empregos diretos permanentes e 
dois empregos indiretos. A agricultura de exportação necessita de recursos humanos 
qualificados e com conhecimento específico, em outras palavras, oferece bons empregos. 
A fruticultura está fundamentada em pequenas e médias propriedades e este aspecto é 
extremamente importante para um país em desenvolvimento, onde se busca o crescimento 
do setor rural, o aumento de renda e a fixação do homem à terra. Hoje um produtor, 
produzindo frutas adequadas, na hora certa e de forma correta, tem uma rentabilidade 
financeira suficiente não apenas para a sua sobrevivência, mas também para a sua evolução 
socioeconômica e de sua família. Para se ter uma ideia, um produtor de uvas sem sementes 
hoje, no Vale do São Francisco, pode conseguir com a sua produção, em um hectare, renda 
bruta anual de US$ 20 mil. 
A fruticultura está em constante evolução, sendo que a base agrícola deste setor já 
ultrapassou os 2,3 milhões de hectares, gerando oportunidades de 2 a 5 postos de trabalho 
na cadeia produtiva por hectare cultivado. 
O Quadro 1 apresenta a produção de frutas no Brasil. Através dele, é possível se verificar 
que a produção de citros mais a de banana, representam 77% da produção total de frutas 
brasileiras. O país tem muito o que caminhar ainda. 
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Fonte: Fernandes in 8º Congresso de Agribusiness 
Apesar de serem produzidas frutas em todo o Brasil, frutas de clima temperado, de clima 
sub tropical, frutas tropicais, de clima equatorial úmido, o grande consumo deste produto 
ocorre na Região Sudeste brasileira que absorve 48,3% das frutas produzidas no país. O 
estado de São Paulo consome os 25,53% da produção (Ilustração 1). 
Este fenômeno é devido a dois fatores: o primeiro, é claro, pelo alto poder aquisitivo, mas o 
outro motivo é extremamente importante: a fruticultura gera frutas, frutas são alimentos e 
alimentos são consumidos proporcionalmente ao número de pessoas. Consequentemente, 
há uma distribuição de consumo bastante concentrada nesses grandes centros urbanos. 
Este aspecto é relevante para que haja competitividade quando as frutas são produzidas 
longe desses centros de consumo. É preciso que se cuide da logística para que se chegue 
aos mercados do Sudeste de forma competitiva. 
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O Gráfico 1 apresenta a curva de evolução da exportação brasileira de frutas frescas entre 
1998 e 2000. Verifica-se que o Brasil chegou em 2005 com mais de 800 mil toneladas, 
equivalendo a US$ 440 milhões. E as perspectivas são de que, nos próximos seis anos, o 
país atinja o patamar de 1 bilhão e 300 mil toneladas e ultrapasse o patamar de US$ 1 bilhão, 
somente em frutas frescas. 
 
 
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Com relação às exportações, o Gráfico 2 mostra que o Brasil exporta hoje para 55 países. 
Porém, gostaria de indagar: perante esse gráfico, qual é o país que mais consome frutas 
frescas? É o Brasil? Colocamos esse gráfico para mostrar algumas armadilhas da estatística 
e esta é uma delas. Realmente o maior mercado brasileiro hoje é a Comunidade Europeia e 
a maior parte dos países que funcionam como entrada para as frutas nacionais são dois: 
Inglaterra e Holanda. Porém, o maior consumidor de frutas brasileiras e o qual temos 
mantido com muito carinho, é o alemão. Porque a maior parte das importações alemãs são 
feitas indiretamente. Este é um viés que estamos procurando modificar, porque se 
conseguirmos deixar essa intermediação por nossa conta, iremos, além de uma melhor 
rentabilidade, termos um maior controle sobre o destino das nossas frutas. Hoje é possível 
se encontrar melão na Rússia, cujo produtor, o Rio Grande do Norte, nem imagina que seu 
produto esteja sendo vendido lá. É necessário que passemos a controlar o destino e a forma 
como os produtosnacionais são comercializados, pois precisamos valorizá-los. O alvo 
brasileiro para os próximos anos não é nenhum desses países do Gráfico 2. Dentro dos 
próximos seis a oito anos, o futuro grande mercado para as frutas brasileiras é o constituído 
pelos países árabes, os países do Leste Europeu, os do Sudoeste Asiático, mais a China. 
 
 
O Quadro 2 lista as estrelas das exportações brasileiras. Verificarmos que, por esta tabela, 
em termos de faturamento, a grande estrela brasileira é a uva de mesa também seguida 
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pelo melão. Mas, com relação ao volume exportado, a banana é a vedete, seguida também 
pelo melão. Estamos vivenciando uma nova estratégia da fruticultura de exportação, ou seja, 
a substituição de frutas de menor valor agregado pelas de maior valor agregado, o que 
permite que seja alcançado maior faturamento com menor volume de produção. Para se ter 
uma ideia, a uva sem semente produzida hoje no Vale do São Francisco, está valendo na 
cotação de ontem em Rotterdam, cerca de US$ 3.200 a tonelada o que não é nada ruim. 
 
O crescimento da fruticultura nacional 
Alguns indicadores dos gráficos anteriores mostravam o crescimento médio anual da 
fruticultura desde 1998 a patamares de 32%, em volume exportado, e 42% em valor. Se 
olharmos a avaliação de 2005 a 2004, verificaremos que esse crescimento não foi brilhante, 
mas isso não deve nos preocupar, porque a fruticultura, como qualquer outra atividade 
agrária, é um negócio de risco. E, normalmente, a maior parte das frutas provêm de plantios 
perenes e tem ocorrido, durante estes últimos dois/três anos, problemas bastante sérios de 
adversidades climáticas. Há três anos a maçã não consegue alcançar seu potencial de 
produção no Rio Grande do Sul por causa de secas, e agora por conta do granizo. O Vale 
do São Francisco inundou onde não chovia. Aconteceram problemas com a uva 
relacionados a chuvas fora do tempo. A consequência é que foram obtidos, em 2005, menos 
3% em volume (827,7 mil toneladas), em comparação com o ano de 2004. Porém, houve 
um aumento de 19,5% em valor (US$ 440,1 milhões) que é justamente o diferencial de valor 
agregado que estamos considerando. 
O saldo da Balança Comercial de Frutas Frescas é crescente (US$ 315 milhões em 2005). 
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É evidente que a valorização do Real está desfavorecendo a fruticultura de exportação como 
qualquer outro setor. Mas a fruticultura brasileira está começando a mudar seu 
posicionamento negocial com uma nova filosofia de que não devemos mais nos abater 
contra as adversidades, mas sim tentar contorná-las. Realmente, é com ações pró-ativas e 
procurando-se conhecer melhor os mercados externos, suas atitudes e costumes e também 
sabendo como negociar com cada um dos povos, inclusive com o nosso – que precisa ser 
negociado para consumir mais frutas –, que teremos dias melhores. 
 O Gráfico 3 apresenta as perspectivas do comércio exterior até 2008. Verifica se, pela cor 
mais escura, o crescimento médio anual do mercado internacional de frutas como a maçã, 
o papaia, o melão, a manga, etc. E na cor mais clara, o crescimento médio anual esperado 
para as exportações das frutas brasileiras. Constata-se que há perspectivas de crescermos 
– ou de aumentarmos as nossas exportações – acima do crescimento médio do comércio 
internacional. Isto significa que estamos ganhando share de mercado e não exportando mais 
porque existe um mercado crescente, o que não é verdade. 
O mercado europeu, por exemplo, já há alguns anos, está saturado em termos de consumo 
per capita de frutas e a única forma de conseguirmos nele entrar é com a diferenciação, 
exportando para lá frutas diferentes, frutas brasileiras e tropicais. A nossa estrela deverá 
continuar sendo a uva. Neste ano de 2006, já mais da metade dos parreirais de uva de mesa 
para a exportação do Vale do São Francisco são de variedades sem sementes. O produtor 
brasileiro está reagindo rapidamente às demandas do mercado internacional. Hoje os 
melões – que inclusive estão disponíveis nos supermercados brasileiros – são tão 
diferenciados que é até difícil reconhecê-los. 
 Conhecíamos o velho melão valenciano amarelo, e hoje o Brasil está exportando melões 
nobres de todas as variedades demandadas e apreciadas no mercado internacional. 
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Peculiaridades do comércio exterior da fruticultura 
Vamos agora entender um pouco o comércio exterior, que é muito falado, mas que para a 
fruticultura existem uma série de peculiaridades que merecem ser tratadas e discutidas. 
Como indicador referencial, a produção mundial de frutas hoje é de aproximadamente 633 
milhões de toneladas (em 2005). Qual é o destino dessa produção? Cerca de 91,5% 
permanece nos mercados domésticos, ou seja, a maior parte da produção de frutas são 
consumidas nos países onde são produzidas. O mercado internacional de frutas representa 
apenas de 8,5% a 9% da produção. Nos mercados externos, 30% vão para a industrialização 
e 70% para o mercado in natura. No Brasil, se for feita essa análise, ela não baterá muito 
bem, porque grande parte de nossa produção de laranja vai para produção de suco. Mas, 
se desconsiderarmos este case, verificaremos que a regra também se aplica ao nosso país. 
Portanto, o comércio internacional apresenta um volume de 53,7 milhões de toneladas, e o 
valor é de aproximadamente US$ 31,5 bilhões. 
 As características estruturais são interessantes para a fruticultura (Gráfico 4). Dentro do 
comércio internacional existem dois tipos de mercados: os de proximidade, que hoje 
equivalem a 24,8 milhões de toneladas; e os mercados de longa distância, que representam 
28,9 milhões de toneladas. Infelizmente, o Brasil não tem muitos mercados de proximidade. 
Os nossos mercados de proximidade se resumiriam aos nossos vizinhos territoriais, que não 
compram muito os nossos produtos. Assim, os grandes mercados de proximidade são entre 
os países compradores do Hemisfério Norte, do Canadá para os Estados Unidos; dos 
Estados Unidos para o Canadá; da Alemanha para a França; da França para a Espanha; e, 
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consequentemente, se fecham as nossas perspectivas de entrada. O que nos resta? Os 
mercados de longa distância, que se subdividem em apenas um mercado, o de banana. Só 
a banana representa 29,6% da comercialização mundial de frutas, o que explica a famosa 
“guerra das bananas”, para a conquista desse mercado, que não é nada desprezível. As 
frutas exóticas e tropicais representam somente 8,4%. 
 Assim, temos que nos concentrar nos mercados de contra-estação, que representam 
15,8%. Que mercados são esses? Na Europa, quando começa a esfriar, não há mais 
disponibilidade de frutas, sendo necessário importá-las, se a população quiser continuar 
comendo frutas. Por exemplo, a Espanha hoje é o maior produtor do mundo de melões mas, 
paradoxalmente, é o nosso maior importador do produto na Europa, justamente nos meses 
mais frios, ou seja, em novembro, dezembro e uma parte de janeiro. 
As uvas que estamos exportando, além de uma série de outras frutas, como a maçã são 
produtos de contra-estação. Salvo a manga, as nossas estrelas de exportação têm como 
estratégia buscar esse mercado de contra-estação. Por quê? Porque são produtos 
normalmente já conhecidos naqueles mercados,como a uva e a maçã não sendo necessário 
se investir em marketing, em promoção de forma substancial para que as pessoas se 
acostumem com essas frutas. Isso já não acontece com as frutas tropicais, apesar de termos 
um mercado de 8,4%, e sermos hoje o terceiro exportador mundial de manga e o primeiro 
de mamão papaia. O Brasil tem 70% do mercado europeu em suas mãos, mas ele consome 
pouco e precisamos ensiná-los a consumir melhor. Para isso, precisamos aperfeiçoar 
nossos sistemas de promoção e nossas estratégias de divulgação das frutas brasileiras. 
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Oportunidades 
O Brasil tem um grande potencial de crescimento no setor da fruticultura com o aumento, 
por exemplo, do cultivo de melões nobres (outras variedades); de frutas orgânicas – se há 
um país que poderá realmente abastecer, não só o Brasil, como todo o mundo, com frutas 
orgânicas, esse país chama-se Brasil, não tenham dúvidas sobre isso. 
Outro fator de indução desse crescimento será o aumento do cultivo de uvas sem sementes, 
que hoje predominam no mercado americano; com as uvas sem sementes voltamos também 
a comercializar e a vender frutas para os Estados Unidos. Há também a possibilidade de 
habilitação de mais packing houses para mangas, ou seja, sistemas de manipulação de 
frutas para mangas. Não sei se todos sabem mas, para vendermos para o Japão, para os 
Estados Unidos, os exportadores de manga têm que fazer um tratamento quarentenário que 
pressupõe colocar a manga em temperatura de 58ºC durante tantos minutos. Então, por 
favor, não comam manga nos Estados Unidos ou no Japão porque elas já estão meio 
cozidas. Mas é o único jeito de se vender. 
Precisamos mudar este tipo de mentalidade através de negociações internacionais, porque 
não vamos matar nenhuma criancinha vendendo manga tirada do pé. Mais uma 
oportunidade de crescimento do setor é a expansão do cultivo de banana no Rio Grande do 
Norte e no Ceará, com qualidade e logisticamente mais competitiva. Os grandes produtores 
de banana estão vindo para o Brasil, aliás, já estão aqui e os estados para exportarmos para 
a União Européia chamam-se Rio Grande do Norte e Ceará. Por quê? Os custos de 
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produção são menores e, consequentemente, logisticamente estão mais perto da Europa, 
que recentemente abriu um mercado para a banana e todos agora deverão concorrer em 
igualdade de condições, desde que paguem E$ 176 por tonelada. Mas como são todos, creio 
que teremos vantagens. 
Outro fator é o aumento das áreas certificadas de mamão no Nordeste, que vão nos permitir 
entrar nos Estados Unidos que são, sem sombra de dúvidas, o maior mercado de papaia. 
Outras frutas, a médio prazo, poderão entrar nos Estados Unidos como o limão, as laranjas 
e as tangerinas. Obviamente, o Brasil pode aumentar a produção de frutas o quanto quiser. 
Existem também oportunidades em novos mercados, como, por exemplo, o Leste Europeu, 
países árabes, Sudeste Asiático e China. 
A potencialidade de aumento de competitividade internacional é real, mas temos muito a 
melhorar em termos de custos e podemos melhorar nossa competitividade mais ainda. Para 
se ter uma ideia, se considerarmos o custo “SIF” da uva sem semente colocada no mercado 
de Rotterdam, com os economistas fazendo detalhamento da planilha de custos, verificar-
se que 80% dos custos provêm do custo de produção e de embalagem, ou seja, se me 
derem o transporte de graça, ótimo, porque o meu problema está com a produção e com as 
embalagens. 
Barreiras e dificuldades 
Não são poucas as barreiras que dificultam a expansão da competitividade da fruticultura 
brasileira. Os custos de produção altos e pouca tradição no mercado internacional estão 
entre elas. Normas e exigências diferentes são mais outras barreiras. As diversidades de 
exigências são realmente significativas, não só as advindas das legislações agro-
alimentares, como agora, mais modernamente, as dos compradores e consumidores. 
Quem pretende exportar para determinada rede de supermercados precisa cumprir os 
requisitos exigidos. Outra barreira enfrentada pela fruticultura é a baixa capacitação dos 
pequenos produtores, apesar de o setor estar fundamentado em pequenas propriedades, 
há muito o que se fazer para transformá-los de produtores em empresários, porém é um 
trabalho gigantesco. 
Mais uma dificuldade é a ausência de sistemas de organização competitivos para a 
comercialização. Este é realmente o nosso grande “calcanhar de Aquiles”: sabemos 
produzir, sabemos beneficiar, mas, na hora de comercializar, somos extremamente 
individualistas e não temos a mínima capacidade de organização. Precisamos melhorar 
porque, de repente, alguém liga informando que chegaram dez contêineres juntos, ou dez 
navios com contêineres de manga em Rotterdam, por exemplo, e ninguém soube. E o que 
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acontece na prática? Exatamente o que os intermediários querem: o preço vai lá para baixo 
e os produtores vão receber talvez até menos do que o custo de produção que eles tiveram. 
O conhecimento insuficiente dos mercados e nichos é outra barreira bastante importante e 
hoje é fundamental este conhecimento. Os nichos estão muito relacionados com produtos 
diferenciados. Atualmente, para se ganhar mercados, existem três alternativas no setor de 
fruticultura: produzir mais barato, o que não é muito fácil; produzir com a mesma, ou com 
uma melhor qualidade que os demais, que também é complicado; e, a terceira, competirmos 
com produtos diferenciados e é exatamente por este caminho que iremos atingir nichos em 
outros segmentos. 
Continuando a relacionar as dificuldades, é preciso haver uma análise empresarial para a 
competitividade, além do aumento da concentração dos agronegócios no mercado interno e 
externo. É uma realidade a fusão das grandes empresas, é um fato com o qual temos que 
começar a conviver e traçar estratégias porque veio para ficar. E, finalmente, a existência de 
barreiras fitossanitárias e também o baixo consumo de frutas comercializadas no Brasil. É 
preciso se consumir mais frutas. Finalizando, se eu perguntar a cada pessoa se considera 
as frutas um alimento, creio que unanimamente a resposta será afirmativa. Porém, na prática 
não é o que acontece. O brasileiro considera a fruta não como um alimento principal, mas 
sim como um complemento. Se o Joãozinho passar na fruteira e pegar uma maçã antes do 
almoço, provavelmente, sua mãe irá dizer: “coloque esta fruta aí na fruteira porque, senão, 
você não almoça, Joãozinho”. E depois ele vai comer uma feijoada ou uma rabada, coisa 
leve! 
Então, para nós brasileiros as frutas ainda são um complemento alimentar. 
Existem muitos fatores que dificultam, falácias, preconceitos, como, por exemplo, “não se 
pode dar abacaxi para crianças porque dá aftas”. Alguém já viu frutas tropicais na fruteira de 
uma mãe que acabou de ter neném? Não, apenas algumas frutas mais conhecidas 
tradicionalmente. Eu mesmo venho de um berço onde meus avós sempre me ensinaram 
que “chupar laranja de manhã é ouro, à tarde é prata, e à noite mata”. 
 
CAPÍTULO 2 – PROPAGAÇÃO DE ÁRVORES FRUTÍFERAS 
Para se perpetuarem, as espécies se multiplicam. Os vegetais superiores multiplicam-se 
naturalmente por duas vias: pelo ciclo sexuado e assexuado. No ciclo sexuado, também 
denominado de ciclo reprodutivo a multiplicação ocorre pela união do gameta masculino 
(grãos de pólen) com o gameta feminino (oosfera) gerando umembrião que está presente 
nas sementes. 
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Nesse processo há recombinação genética, ocorrendo variabilidade no genoma. Por essa 
razão, a nova planta que se origina da germinação da semente é denominada indivíduo, pois 
será geneticamente diferente da planta matriz. Pelo ciclo assexuado também denominado 
vegetativo, a nova planta gerada é oriunda de estruturas vegetativas (propágulos) como 
brotos, e nesse caso não ocorre recombinação genética, ou seja, elas possuem a mesma 
carga genética da planta matriz. 
Essas novas plantas são denominadas clones, que são cópias perfeitas, ou seja, 
geneticamente iguais à planta que lhe deu origem. Em fruticultura, que é uma atividade com 
enorme potencial de crescimento, o Brasil encontra-se em posição privilegiada em 
decorrência da extensão territorial, posição geográfica e condições de clima e solos, que 
permite a produção de uma grande diversidade de frutas, em diferentes regiões, o ano 
inteiro. 
Nesse aspecto, a produção de mudas ou a multiplicação de plantas controlada pelo homem 
representa um dos requisitos de maior importância para o sucesso econômico da 
implantação de um pomar. Como a maioria das espécies frutíferas são plantas perenes, que 
produzem por um longo período, é de suma importância que as mudas sejam de qualidade, 
pois terão influência direta na produtividade e rentabilidade do empreendimento agrícola. 
Diversas técnicas são utilizadas na produção de mudas de árvores frutíferas. O 
desenvolvimento dessas técnicas permite que as mudas sejam obtidas com as mesmas 
características da planta que se deseja multiplicar, o que garante a uniformidade das 
mesmas em campo. 
Como cada espécie apresenta uma particularidade, é necessário conhecer suas formas de 
propagação e, assim, utilizar o melhor método para formação das mudas. A produção de 
mudas de árvores frutíferas pode ser realizada pelo uso de sementes, cujas plantas 
originárias não serão idênticas. É bastante utilizada na produção de portaenxertos de 
algumas espécies, em árvores silvestres que ainda não possuem cultivares melhoradas e 
em algumas fruteiras que apresentam vantagens na produção de mudas como 
maracujazeiro, mamoeiro e coqueiro. Porém, os métodos mais adequados para se produzir 
mudas de plantas frutíferas são os propagativos, pois eles garantem à nova planta as 
características desejáveis da planta matriz. 
Razões do uso da propagação 
A propagação deve ser utilizada para: 
Manter as características da variedade que se deseja propagar, como produção e qualidade 
dos frutos e homogeneidade entre as plantas; 
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Multiplicar em larga escala uma única planta, selecionada como planta matriz; 
Combinar duas espécies para formar uma só planta, pelo uso do método de enxertia; 
Produção precoce de frutos por evitar a fase juvenil da planta, devendo-se selecionar 
propágulos de plantas adultas; 
Produção de mudas de espécies em que a propagação é o único meio de multiplicação. 
Como exemplo, temos a bananeira, cujo método de propagação é por meio de rizomas. 
Outras espécies como a lima ácida tahiti, laranja-de-umbigo e figueira também dependem 
de alguma técnica de propagação, pois as sementes que produzem não são viáveis; 
Multiplicar espécies em que a propagação é mais fácil, rápida e econômica. 
Métodos de propagação 
Os principais métodos de propagação, que proporcionam a clonagem de plantas com 
características desejáveis são: estaquia, alporquia, mergulhia, enxertia e estruturas 
especializadas. O que vai definir a escolha de um ou outro método será a adaptação e 
facilidade de formação de mudas em cada espécie. 
Um dos principais fatores para o sucesso na produção de mudas, por meio da propagação, 
é a escolha da planta matriz que deve ser representativa da variedade, ter boa sanidade, ou 
seja, sem pragas e doenças, ser produtiva e esteja sendo conduzida com todos os tratos 
culturais recomendados para a cultura, principalmente adubação e irrigação. 
A seleção adequada do material vegetativo que será retirado da planta matriz, o substrato, 
a disponibilidade de água e as condições apropriadas de luz, aeração, temperatura e 
umidade são elementos fundamentais para o sucesso de qualquer método de propagação 
que se deseja utilizar. 
Estaquia 
A estaquia é um método de propagação simples que consiste na retirada e utilização de 
partes da planta matriz que deseja-se propagar. Esse método consiste na capacidade de 
regeneração dos tecidos da estaca e emissão de raízes adventícias e brotações. Pode ser 
utilizada na produção direta de mudas ou para a produção de portaenxertos. As estacas, ou 
seja, partes da planta podem ser obtidas de órgãos aéreos ou subterrâneos, tais como, 
folhas, ramos e raízes. 
Tipos de Estacas 
A preferência por um ou outro tipo de estaca irá depender da espécie, da facilidade de 
enraizamento e da infraestrutura do local. Em fruticultura, as estacas de ramos com pelo 
menos uma gema, são as mais utilizadas, pois precisam apenas formar novas raízes 
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adventícias visto que já possuem um ramo em potencial, a gema. Com exceção de algumas 
espécies como figo da índia e framboesa, as estacas de folhas e de raízes, não são utilizadas 
na produção comercial de mudas de espécies frutíferas (Figura 1). 
 
Figura 1: Tipos de estacas 
São diversos os fatores que afetam o enraizamento das estacas de ramos, tais como: 
condições fisiológicas da planta matriz, juvenilidade, condições do ambiente de 
enraizamento, posição e graus de lignificação dos ramos. Quanto ao grau de lignificação, 
pode-se classificar as estacas de ramos em herbáceas, semilenhosas ou lenhosas (Figura 
2). 
As estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão lignificados, ou seja, estão com 
tecidos tenros e de coloração verde. São retiradas da parte apical dos ramos no período de 
primavera/verão, épocas em que ocorrem os fluxos de crescimento vegetativo. Como é um 
material sensível à desidratação, a coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã. As 
folhas (inteiras ou pela metade) devem ser mantidas. 
 A função da manutenção das folhas é a continuação do processo fotossintético que 
fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto para a formação das 
raízes. A utilização de estacas herbáceas é muito utilizada na produção de mudas de 
goiabeira. 
Estacas semilenhosas são obtidas de ramos parcialmente lignificados, após o mesmo ter 
completado seu crescimento. Para enraizar, essas estacas ainda com folhas, devem ser 
mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente com umidade relativa alta para 
reduzir a perda de água pelas folhas. É bastante utilizada na propagação de algumas 
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espécies tropicais e subtropicais. 
As fruteiras que perdem as folhas no outono (caducifólias), como figo e uva, por exemplo, 
apresentam seus ramos lenhosos com boa capacidade de enraizamento. As estacas são 
obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, sem folhas, com idade superior a um ano, 
sendo coletadas geralmente no período de dormência da planta (inverno). 
A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais barata, pois são mais resistentes 
e não exigem ambiente com controle de temperatura e umidade. 
 
Figura 2 - Grausde lignificação de ramos de seriguela 
Após a coleta das estacas da planta matriz, faz-se o preparo das mesmas, colocando-as 
para enraizar em substrato adequado que possua boa capacidade de retenção de água, 
drenagem satisfatória e esteja livre de patógenos de solo, planta daninha e nematóide. Um 
dos principais substratos utilizados para o enraizamento de estacas é a vermiculita. 
Nessa etapa é importante garantir que o substrato esteja bem aderido à estaca. Então se 
faz uma leve compactação do substrato ao redor das estacas, para evitar a permanência de 
bolsões de ar, que impeçam a aeração na base das mesmas. É importante lembrar que para 
algumas espécies frutíferas o uso de reguladores vegetais auxilia no enraizamento, 
principalmente os produtos com ação auxínica comercializados no mercado com os nomes 
de ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA). 
Por apresentarem difícil diluição em água, esses produtos podem ser dissolvidos em solução 
alcoólica ou hidróxido de potássio para serem aplicados na forma líquida ou misturados em 
talco para serem aplicados em pó. Depois de prontas, as estacas são levadas para 
ambientes propícios ao enraizamento. 
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Ambiente para enraizamento 
Devido à evapotranspiração, estacas semilenhosas e herbáceas requerem instalações com 
sistema de nebulização intermitente, que permite a emissão de pequenas gotículas de água, 
de tempo em tempo, mantendo a superfície das folhas molhadas. No caso de estacas 
lenhosas, essas instalações não são necessárias, podendo ser colocadas em canteiros de 
areia ou saquinhos contendo substrato com no máximo uma tela de sombreamento para 
evitar os efeitos do excesso de radiação solar e chuva (Figura 3 a, b, c). 
 
Figura 3 - Nebulizador com alta umidade relativa (a); canteiros de areia com estacas 
lenhosas (b e c). 
Alporquia 
A alporquia é um método de propagação em que se faz o enraizamento de um ramo ainda 
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ligado à planta matriz (parte aérea), que só é destacado da mesma após o enraizamento. 
O método consiste em selecionar um ramo da planta, de preferência com um ano de idade 
e diâmetro médio. Nesse ramo, escolhe-se a região sem brotação e faz-se um anelamento, 
de aproximadamente dois centímetros, retirando toda a casca (floema) e expondo o lenho. 
Depois disso, deve-se cobrir o local exposto com substrato umedecido, a base de fibra de 
coco e envolvê-lo com plástico, cuja finalidade é evitar a perda de água, amarrando bem as 
extremidades com um barbante, ficando com o aspecto de um bombom embrulhado. Os 
fotoassimilados elaborados pelas folhas e as auxinas pelos ápices caulinares deslocam-se 
pelo floema e concentram-se acima do anelamento, promovendo a formação das raízes 
adventícias nesse local. Recomenda-se que a alporquia seja feita de preferência na época 
em que as plantas estejam em plena atividade vegetativa, após a colheita dos frutos, com o 
alporque mantido sempre úmido. 
A separação do ramo que sofreu alporquia da planta matriz, depende da espécie e da época 
do ano em que foi feito o alporque. Após a separação, o ramo enraizado é colocado num 
saco plástico contendo substrato e mantido à meia sombra até a estabilização das raízes e 
a brotação da parte aérea. Quando isso ocorrer, as mudas estarão prontas para serem 
plantadas no campo. 
A alporquia é utilizada na propagação de muitas espécies frutíferas, e um exemplo do 
sucesso do método ocorre na cultura da lichia. 
Mergulhia 
A mergulhia é um método de propagação semelhante à alporquia. A única diferença é que 
na mergulhia, o enraizamento do ramo ainda ligado à planta matriz ocorre no solo (Figura 
4). 
 
Figura 4 - Mergulhia natural em cajueiro/ Natal-RN 
Assim como ocorre no processo de alporquia, na mergulhia a planta a ser formada fica unida 
 
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a planta matriz até o enraizamento. A mergulhia é feita no solo, vaso ou canteiros, quando 
os ramos das espécies são flexíveis e de fácil manejo. O método de mergulhia consiste em 
enterrar partes de uma planta, como ramos, por exemplo, com o objetivo de que ocorra o 
enraizamento na região coberta. É um processo usado na obtenção de plantas que 
dificilmente se propagariam por outros métodos. 
O enraizamento ocorre devido ao acúmulo de auxinas (hormônios endógenos) pela ausência 
de luz na região enterrada ou coberta, que promove a formação das raízes adventícias e 
também pelo aproveitamento do fornecimento contínuo de água e nutrientes da planta 
matriz. 
É muito importante que o local para a realização da mergulhia esteja isento de patógenos, 
pois como é utilizado o solo para o enraizamento, há sempre o risco de contaminação das 
novas plantas por doenças e/ou pragas. A mergulhia é um método bastante utilizado na 
obtenção de porta-enxertos de macieira, pereira e marmeleiro. 
Tipos de mergulhia 
Há vários tipos de mergulhia, mas em fruticultura utiliza-se principalmente a mergulhia de 
cepa, também chamada de amontoa. 
Mergulhia de cepa 
A mergulhia de cepa é muito utilizada na produção de porta-enxertos de macieira. 
Inicialmente faz-se uma poda drástica da planta matriz do porta-enxerto, deixando somente 
uma pequena parte do tronco, chamada de cepa. Essa poda irá favorecer a emissão de 
inúmeras brotações jovens a partir da cepa. Após o desenvolvimento dessas brotações, 
realiza-se a amontoa com terra, cobrindo a parte inferior das mesmas. 
Será nessa região enterrada que irá ocorrer o enraizamento de cada brotação 
individualmente. Após o enraizamento, cada brotação será destacada da planta matriz, 
formando um novo porta-enxerto. A planta matriz do porta-enxerto será novamente podada 
drasticamente para iniciar um novo ciclo de produção, podendo ser utilizada por muitos anos, 
dependendo de como as plantas são cuidadas. 
Enxertia 
A enxertia é um método de propagação que consiste em unir partes de plantas, de tal 
maneira, que continuem seu crescimento como uma só planta. A parte superior que formará 
a copa da nova planta recebe o nome de enxerto ou cavaleiro e a parte inferior que formará 
o sistema radicular recebe o nome de porta-enxerto ou cavalo. 
Cada uma das partes possui suas características próprias. O porta-enxerto tem a função de 
dar suporte mecânico à planta, retirar água e nutrientes do solo, e em muitos casos 
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beneficiar a copa pela resistência a pragas e doenças de solo, seca ou a solos encharcados. 
O enxerto ou copa é responsável pela fotossíntese que irá alimentar toda a planta para a 
produção. 
A enxertia deve ser realizada para propagar espécies que não podem ser facilmente 
multiplicadas por outros métodos, para obter benefícios do porta-enxerto, mudar a cultivar 
copa em plantas adultas (sobreenxertia) ou substituir o porta-enxerto (subenxertia). 
O sucesso da cicatrização entre as partes após a prática da enxertia dependerá da espécie 
que se estará trabalhando; da habilidade do enxertador; da atividade fisiológica do enxerto 
e do porta-enxerto; das condições a que as plantas serão submetidas durante e após a 
enxertia; dos problemas de pragas e doenças e da incompatibilidade que possa ocorrer entre 
as partes. 
É importante destacar também que existem alguns limites na enxertia relacionados à 
combinação copa e porta-enxerto.A maior facilidade da enxertia ocorre entre plantas de um 
mesmo clone, aumentando o grau de dificuldade à medida que se enxertam diferentes 
cultivares da mesma espécie, diferentes espécies e diferentes gêneros. 
O sucesso da enxertia intergenérica (entre gêneros) é bastante limitado, sendo conhecidos 
alguns casos como o de pereira sobre marmeleiro, por exemplo. Em fruticultura não se 
conhece sucesso de enxertia entre plantas de famílias botânicas diferentes. 
Tipos de enxertia 
São três os tipos de enxertia: borbulhia, garfagem e encostia. No primeiro caso, o enxerto é 
uma borbulha, ou gema; no segundo, um pedaço de ramo ou garfo destacado da planta 
matriz com uma ou mais gemas e no terceiro, a união de duas plantas inteiras. 
Borbulhia 
A borbulhia consiste na justaposição de uma única gema sobre um porta-enxerto enraizado. 
Embora haja vários tipos de borbulhia, serão descritas as formas em “T” normal, “T” invertido, 
placa ou janela aberta e janela fechada. Cada denominação varia em função do tipo de corte 
efetuado e na forma de fixação das gemas (borbulhas) no porta-enxerto (Figura 5). 
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Figura 5 - Borbulhia “T” normal (a); Borbulhia “T” invertido (b); Borbulhia em placa ou 
janela aberta(c); Borbulhia janela fechada (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002) 
As borbulhias em “escudo” e em “T” referem-se a uma mesma técnica (“T” designa a 
aparência do corte no cavalo, onde a gema será introduzida e o “escudo” refere-se ao 
formato dessa gema). O corte em “T” no porta-enxerto é feito abrindo uma incisão transversal 
e outra longitudinal, onde será inserida a borbulha. A borbulha é um fragmento de forma 
triangular, retirada da planta matriz após o corte do ramo que a contém, também chamado 
de ramo porta-borbulha. Esse fragmento deve ter dimensões proporcionais ao corte em “T” 
efetuado no porta-enxerto. 
Com a ponta do canivete de enxertia, abre-se a região da casca abrangida pelas incisões, 
levantando-a para inserção da borbulha que é introduzida com a gema voltada para o lado 
externo. Em seguida, deve-se amarrá-la de cima para baixo, com o auxílio de um fitilho 
plástico ou fita biodegradável. Toda essa operação deve ser rápida, para que não ocorra 
ressecamento das regiões de união dos tecidos ou cicatrização dos cortes antes que ela 
seja finalizada. 
 O “T” invertido é muito parecido, apenas o sentido do corte que o difere do anterior, sendo 
o corte horizontal feito na extremidade inferior do corte perpendicular do porta-enxerto. O 
escudo retirado da planta matriz agora tem sua base invertida. O objetivo da variação na 
técnica é evitar a infiltração de água na região da enxertia. É importante observar que a 
posição da borbulha não muda. A amarração do escudo deve iniciar-se de baixo para cima 
no porta-enxerto. A facilidade operacional é maior, além de impedir o acúmulo de água nos 
cortes, por isso é o tipo mais utilizado quando comparado ao corte em “T” normal. O “T” 
invertido é amplamente utilizado por viveiristas, principalmente os produtores de mudas de 
citros. 
 Na produção de mudas de pessegueiro pode-se utilizar o método de borbulhia por janela 
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aberta ou placa, onde a gema é retirada da variedade copa com um segmento retangular e 
encaixada num porta-enxerto previamente preparado com a mesma abertura. São feitos dois 
cortes perpendiculares paralelos e outros dois transversais, formando um retângulo. O 
pedaço da casca é retirado, com o auxílio de um canivete. Toma-se o cuidado para que os 
dois retângulos sejam de tamanhos bem próximos. Depois o escudo encaixado é amarrado 
com fitilho plástico ou fita biodegradável, sempre deixando a gema do pessegueiro exposta, 
pois ela é muito sensível e pode se quebrar. 
Na borbulhia tipo janela fechada, o corte da copa deve permitir a abertura da casca em duas 
partes, como as folhas de um portão, que serão fechadas sobre a borbulha após sua 
inserção. Duas incisões transversais e paralelas são feitas no porta-enxerto, e um corte 
perpendicular une as duas pelo ponto central de seu comprimento. Levanta-se a casca entre 
os cortes e a borbulha retangular semelhante à janela aberta é introduzida, ficando em 
estreito contato com os tecidos internos do caule. A casca deve ser fechada contra o escudo 
e amarrada com fitilho plástico, aumentando o contato entre os tecidos. 
Garfagem 
Garfagem é um método de enxertia que consiste na retirada e transferência de um pedaço 
de ramo da planta matriz (copa), também denominado garfo, que contenha uma ou mais 
gemas para outra planta que é o porta-enxerto. Embora haja várias denominações, os tipos 
mais comuns de garfagem são: meia-fenda, fenda cheia; fenda dupla, fenda lateral, inglês 
simples e inglês complicado (Figura 6). 
 
Figura 6 - Garfagem fenda cheia (a); Garfagem meia fenda (b); Garfagem inglês simples (c); 
Garfagem inglês complicado (d). Fonte: Adaptado de Hartmann et al. 
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(2002) 
Na garfagem em meia fenda, o garfo é cortado em bisel duplo. O porta-enxerto é cortado 
transversalmente, fazendo-se, em seguida, uma incisão igual a largura do bisel. Aprofunda-
se a incisão para baixo, por meio de movimentos com o canivete de enxertia, então introduz-
se o garfo na fenda, de tal modo que as camadas das duas partes fiquem em contato em 
pelo menos um dos lados. Esse tipo de garfagem é utilizado quando os garfos são de 
diâmetros diferentes do porta-enxerto, sendo necessário que pelo menos um dos lados 
esteja em contato com os tecidos para que ocorra o processo de cicatrização e sobrevivência 
do enxerto. 
 Já na garfagem em fenda cheia, a obtenção do garfo é idêntica ao caso anterior. O porta-
enxerto é cortado transversalmente à altura desejada, praticando-se em seguida uma fenda 
cheia, do mesmo tamanho do garfo que será introduzido nessa fenda, de maneira que os 
dois lados desse garfo coincidam por completo com o diâmetro do porta-enxerto. Para a 
prática da enxertia por inglês simples é necessário que o garfo e o porta-enxerto tenham o 
mesmo diâmetro. Corta-se o porta-enxerto a uma altura conveniente do solo, talhando-o em 
um bisel simples enquanto o garfo também é cortado em bisel, exatamente para encaixar 
no porta-enxerto, a fim de que possam coincidir em toda sua extensão. 
A garfagem por inglês complicado é realizada como no caso anterior, mas com um encaixe 
mais perfeito. Coloca-se a lâmina do canivete um pouco acima do meio do bisel do porta-
enxerto e, a partir deste ponto, em sentido longitudinal e paralelo ao eixo, fende-se o próprio 
cavalo, até que a fenda atinja o nível da base do seu bisel. Faz-se o mesmo no bisel do 
enxerto. Então encaixa-se o garfo no porta-enxerto, tomando o cuidado de fazer com que as 
cascas de ambos se coincidam. Os instrumentos utilizados para a prática da garfagem são 
tesoura de poda e canivete. 
Após a realização da garfagem, é importante amarrar bem forte o garfo no portaenxerto para 
manter as partes perfeitamente unidas. Depois, cobre-se o enxerto com um saquinho 
plástico, os mesmos utilizados para sorvetes, para evitar que ocorra perda ou infiltração de 
água na região de enxertia. 
Quando iniciar a brotação do enxerto, retira-se o saquinho plástico o que deve ocorrer por 
volta de 30 dias, dependendo da espécie. Já o fitilho plástico será retirado após 60 dias, para 
garantir a união das partes enxertadas. Então é só esperar o desenvolvimento da brotação 
para que as mudaspossam ser plantadas em campo. 
Encostia 
A encostia é um método de enxertia usado para árvores frutíferas que dificilmente se 
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propagam por outros métodos. Em resumo é uma técnica que consiste na junção de duas 
plantas inteiras, que são mantidas dessa forma até a união dos tecidos (Figura 7). 
 
Figura 7 - Enxertia por encostia. Fonte: Adaptado de Hartmann et al. (2002) 
Após essa união, uma será utilizada somente como porta-enxerto e a outra como copa. Para 
fazer essa enxertia, o porta-enxerto deve ser transportado em um recipiente até a planta que 
se quer propagar sendo geralmente colocado na altura da copa, através da utilização de 
suportes de madeira que o sustentarão. 
Corta-se uma porção do ramo de cada uma das plantas, de mesma dimensão, e encostam-
se as partes cortadas, amarrando-as em seguida com fita plástica para haver união dos 
tecidos. 
O enxerto é representado por um ramo da planta matriz, sem dela se desligar até que ocorra 
a soldadura ao porta-enxerto. Após 30-60 dias, havendo a união dos tecidos, faz-se o 
desligamento da nova planta, cortando-se acima do ponto de união do portaenxerto. 
Nessa fase, retira-se o fitilho plástico que estava amarrado e destaca-se o ramo da planta 
original, formando uma nova copa. Tem-se, assim, a muda, constituída de copa e porta-
enxerto. 
A primavera é a estação mais adequada para a prática da encostia e as que são realizadas 
no outono desenvolvem-se muito lentamente. 
Incompatibilidade entre copa e porta-enxerto 
A compatibilidade pode ser definida como a capacidade que duas plantas ou parte de plantas 
enxertadas possuem de se desenvolverem satisfatoriamente como se fossem uma única 
planta. Já a incompatibilidade pode ocorrer devido a diferenças fisiológicas, bioquímicas e 
anatômicas entre as plantas que podem ser favoráveis ou desfavoráveis à união do enxerto. 
Os problemas de incompatibilidade ocorrem principalmente em função da enxertia entre 
espécies de diferentes famílias e gêneros. Os principais sintomas associados à 
incompatibilidade de enxertia são: 
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expansão da união do enxerto quando ocorre o super crescimento do diâmetro do tronco 
acima ou abaixo do ponto de enxertia; 
quebra ou ruptura do enxerto na ocorrência de ventos fortes ou até mesmo quando a 
produção de frutos na planta for muito grande; 
morte prematura da planta; 
amarelecimento e queda prematura das folhas no outono; 
aparecimento de uma linha escura na região da enxertia pela morte dos tecidos. 
A presença de um ou mais desses sintomas não significa necessariamente, que a 
combinação seja incompatível. Podem ser resultantes de condições ambientais 
desfavoráveis, tais como falta de água ou nutrientes, ataques de pragas, doenças ou 
inclusive, enxertia mal sucedida. 
 
 
Micropropagação 
A propagação “in vitro” ou micropropagação, consiste na aplicação da técnica de cultura de 
tecidos para a produção de plantas idênticas a planta matriz. Este tipo de propagação 
permite produzir mudas com alta qualidade genética e fitossanitária. 
É feita em laboratórios a partir de pedaços de tecido vegetal. Estes fragmentos retirados de 
vegetais são chamados de explantes e multiplicados em meio artificial (sem solo), o qual 
fornece nutrientes e outras substâncias necessárias à multiplicação e regeneração de novas 
plantas. A base para o cultivo de pequenas partes de plantas só é possível pela propriedade 
da totipotência, que é a capacidade que toda célula vegetal tem de regenerar uma planta 
completa, a partir de informações genéticas contidas na mesma. 
As técnicas de propagação “in vitro” permitem multiplicar vegetativamente espécies de difícil 
propagação pelos métodos convencionais. Além disso, permite a produção de um grande 
número de plantas a partir de um explante em menor tempo que os métodos tradicionais de 
propagação. Possibilitam também, a produção de mudas livres de patógenos causadores 
de doenças que pelos métodos convencionais de propagação, podem ser transmitidos pelas 
mudas. 
Entre as fruteiras tropicais multiplicadas pela cultura de tecidos destacam-se as culturas do 
abacaxizeiro e da bananeira que estão sendo produzidas em maior escala por algumas 
empresas do setor (Figura 8). 
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Figura 8 - Mudas de bananeira micropropagadas. 
Estruturas especializadas 
Algumas espécies possuem processos naturais de propagação por meio de estruturas 
especializadas. Essas estruturas são caules, folhas ou raízes modificadas que além de 
funcionarem como órgãos de reserva de alimentos podem também ser utilizadas na 
propagação. Em condições adversas são esses órgãos que possibilitam a sobrevivência das 
plantas. 
Vários tipos de estruturas especializadas podem ser utilizadas na produção de mudas. Em 
espécies frutíferas, as principais estruturas são estolões, rebentos e rizomas que são úteis 
na propagação de algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a bananeira, o 
abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta. 
Os estolões são definidos como caules aéreos especializados, muito comuns na propagação 
do morangueiro; já os rizomas são caules subterrâneos que possuem gemas para formação 
de novas brotações, as quais originarão novos pseudocaules e passarão a ter o seu próprio 
sistema radicular. É o principal método de multiplicação das bananeiras. 
As mudas de bananeira são obtidas a partir do desenvolvimento das gemas do rizoma. A 
denominação das mudas é dada de acordo com o desenvolvimento e peso do rizoma. As 
mudas obtidas de rizoma inteiro são denominadas popularmente de: 
• Chifrinho – apresentam de 20 a 30 cm de altura e têm unicamente folhas lanceoladas 
(em forma de lança) com até 1,5 kg; 
Chifre – apresentam de 50 a 60 cm de altura e folhas lanceoladas, com peso variando de 
1,5 a 2,5 kg; 
Chifrão: apresentam de 60 a 150 cm de altura, com uma mistura de folhas lanceoladas e 
 
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folhas características de planta adulta, com peso superior a 2,5 kg. 
 
 
Figura 9 - Mudas do tipo chifrão, chifre e chifrinho com folhas (a), sem folhas (b); Pedaços 
de rizoma (c) 
Essas mudas podem ser obtidas diretamente do bananal, tomando o cuidado de selecioná-
las de plantas vigorosas, que represente a variedade a ser propagada, esteja isenta do 
ataque de pragas e doenças e com idade que não seja superior a quatro anos. 
Embora a propagação por rizomas seja muito utilizada, nos últimos anos tem crescido muito 
a produção de mudas de bananeira utilizando a técnica de cultura de tecidos, ou 
micropropagação, como visto anteriormente. 
 
CAPÍTULO 3 - MANEJO DO SOLO E IRRIGAÇÃO 
O manejo do solo envolve todos os tratos culturais aplicados à camada de solo utilizada 
pelas plantas frutíferas, desde o momento do plantio até a colheita. Deve ser o mais eficiente 
possível quanto ao controle da erosão do solo, regulação da disponibilidade de água, 
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manutenção de um bom nível de matéria orgânica, redução da competição com ervas 
daninhas, manutenção da fertilidade do solo, facilidade no trânsito do homem e máquinas 
no pomar, levando em consideraçãoa economicidade, equipamentos e máquinas 
disponíveis na propriedade. O manejo do solo e a sua execução estão intimamente ligados 
ao sistema de plantio, espaçamento adotado, dimensão da área, espécie cultivada, clima e 
topografia. 
Preparo do solo antes do plantio 
As plantas frutíferas apresentam um sistema radicular que se concentra numa faixa de 0 a 
40cm, entretanto é possível que algumas espécies atinjam até alguns metros de 
profundidade. 
O solo, portanto, deve ser profundo, bem drenado e conter nutrientes e água em quantidades 
adequadas para que a planta alcance um bom desenvolvimento. O solo deve ser preparado 
até uma profundidade de 40 a 50cm, para que seja possível incorporar os fertilizantes e 
corretivos. Para isso, é utilizada subsolagem seguida de lavração profunda, quando as 
condições do terreno permitirem. 
Para plantas frutíferas, o solo deve ser corrigido até uma profundidade de 40cm, portanto a 
quantidade de corretivos deve ser duplicada, uma vez que a análise de solo prescreve os 
corretivos para uma faixa que vai até 20cm de profundidade. Durante o preparo do solo, 
antes do plantio, é a melhor ocasião para incorporar os corretivos em profundidade, tendo-
se em vista que os mesmos são pouco móveis no solo; e que, depois de implantado o pomar, 
as dificuldades para colocá-los a disposição do sistema radicular seriam aumentadas. 
O preparo do solo de maneira superficial dificulta a penetração do sistema radicular da planta 
e limita a disponibilidade de nutrientes e água, provocando menor crescimento das mesmas, 
podendo, em algumas situações, aumentar o risco de erosão pela menor retenção de água 
das chuvas. Deve-se levar em conta o tipo de solo e a declividade do terreno, condições 
climáticas, recursos do fruticultor, espécie cultivada, condução da planta e área do pomar. 
Em terrenos pedregosos ou muito acidentados o preparo normalmente é feito em covas. 
 
Preparo do solo com subsolagem e lavração profunda 
A subsolagem é uma prática realizada a uma profundidade de 40 a 50cm no solo, seguida 
de lavração e gradagem. Este sistema permite colocar os nutrientes em maiores 
profundidades e a disposição das raízes das plantas, melhorando a aeração do solo, e a 
infiltração de água, além de romper camadas adensadas existentes, facilitando a penetração 
e o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. 
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Esta forma de cultivo não pode ser utilizada em solos rasos, pedregosos ou que apresentem 
horizonte com adensamento. Exige máquinas apropriadas e apresenta um custo inicial mais 
elevado. O calcário e os demais corretivos podem ser aplicados em duas etapas; metade da 
quantidade antes da subsolagem e a outra metade antes da lavração. 
Quando for usado um fosfato natural, como fonte de P2O5, deve-se aplicá-lo antes da 
aplicação do calcário, pois em meio ácido esta fonte de fósforo se solubiliza mais facilmente, 
aproveitando, desta forma, a acidez natural do solo. Os corretivos são aplicados em toda a 
área e, por ocasião do plantio, faz-se abertura de pequenas covas, com tamanho suficiente 
para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo necessidade de adubação nas 
covas. O plantio das mudas, dependendo da declividade, poderá ser: 
Em nível, quando a declividade do terreno for menor do que 3%; 
Com construção de terraços, quando a declividade for menor do que 20% e; 
Em patamares, quando a declividade for superior a 20%. 
Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas 
Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em 
seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados 
de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode 
ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença 
de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a 
espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo. Em solos mal 
drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de água e morte 
das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um ambiente propício 
ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão lateral, quer por 
problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade de nutrientes na 
cova). 
 
Preparo convencional do solo seguido ou não de abertura de covas 
Neste sistema o solo é preparado e corrigido até uma profundidade de 20 a 25cm, em 
seguida são abertas covas de 60 x 60 x 60 ou 80 x 80 x 80cm. Os fertilizantes são utilizados 
de acordo com o volume do solo e os resultados da análise do mesmo. Este sistema pode 
ser utilizado em situações onde não é possível realizar o preparo do solo, devido à presença 
de impedimentos à mecanização, tais como pedras e declive acentuado, ou quando a 
espécie a ser cultivada não apresenta um sistema radicular profundo. 
Em solos mal drenados ou muito argilosos a utilização de covas pode provocar acúmulo de 
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água e morte das raízes por asfixia. Em outras situações, a adubação na cova cria um 
ambiente propício ao desenvolvimento da planta e não permite que haja uma expansão 
lateral, quer por problemas mecânicos (parede espessa) ou químicos (maior disponibilidade 
de nutrientes na cova). 
Preparo convencional seguido da construção de terraços tipo camalhão 
O solo é preparado até uma profundidade de 20 a 40cm, ao mesmo tempo em que é 
realizada a correção de acordo com os resultados da análise do solo. Sobre o solo 
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com 
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas sobre o solo 
previamente preparado são construídos camalhões, ou seja, terraços de base estreita com 
2,0 a 3,0m de largura e 40 a 60cm de altura, sobre os quais são plantadas as mudas, 
conforme indica a Figura. 
 
Figura: Corte de um terraço, mostrando sua localização, bem como a do canal. 
Pode ser utilizado em terrenos de até 20% de declividade. Permite um bom desenvolvimento 
radicular da planta, pois aumenta a quantidade de solo arável a ser explorado; preparo 
totalmente mecanizado; contribui para o controle da erosão e auxilia a drenagem em solos 
planos. 
Preparo do solo em faixas 
Consiste em preparar apenas uma faixa do terreno, na qual será plantada a espécie frutífera. 
A faixa de preparo, dependendo do terreno, pode ser em nível e ter uma largura de até 2,5m. 
Nesta faixa são aplicados todos os corretivos e a muda é plantada sobre solo preparado. A 
medida que a planta vai crescendo, a faixa de cultivo pode ser ampliada. Entre as duas filas 
de plantas pode permanecer uma faixa de vegetação nativa ceifada periodicamente. 
O preparo do solo pode ser com subsolagem e lavração profunda ou ainda lavração 
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convencional seguida da construção de camalhões. Este sistema tem um custo menor na 
instalação do pomar e permite um bom controle da erosão do solo. A desvantagem seria que 
ele não permite a instalação de culturas intercalares no pomar. 
 
Figura: Sistema de cultivo onde as linhas de plantas são mantidas limpas e as entrelinhas 
com cobertura vegetal. Foto: José Carlos Fachinello Plantio em terraços tipo patamar 
Este sistema envolve grande movimentação de solo e é restrito a áreas que apresentam 
riscos de erosão,com declividade superior a 20%, e para culturas de alto rendimento 
econômico, devido ao elevado custo da construção. 
Deve-se dar preferência para o plantio em solos planos e com outros sistemas de preparo 
do solo. Este sistema é utilizado na região da serra do RS, com viticultura. Existem três tipos 
de terraços em patamar: patamar contínuo, utilizado em culturas permanentes; patamar 
descontínuo ou "banquetas individuais", construído para cada planta do pomar a ser formado 
e; por último, o patamar de irrigação. Este sistema é muito oneroso, pois implica em grandes 
movimentações de solo. 
Outros sistemas e disposição dos carreadores 
É possível, ainda, o cultivo de plantas em trincheiras, banquetas individuais, entre outras. A 
escolha do melhor sistema ficará na dependência da espécie frutífera, espaçamento, 
condições climáticas, solo, topografia, disponibilidade de equipamentos e recursos 
financeiros. 
Os carreadores, sempre que possível, devem ser planejados e em nível. Toda água que sai 
do pomar deve ser canalizada para escoadouros protegidos, para evitar-se problemas com 
erosão em voçorocas, principalmente. 
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Características do uso de máquinas no pomar 
A utilização de equipamentos com tração mecânica permite grande rendimento do trabalho 
e a execução das atividades dentro do menor espaço de tempo. Para que as máquinas 
diminuam os riscos de erosão, adensamento do solo e danos sobre as plantas, recomenda-
se: 
Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam adensamento no solo e danificam as 
plantas; 
Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as enxadas rotativas, 
pois contribuem para aumentar a erosão do solo; 
O trabalho no solo com arados e grades deve ser superficial e realizado nas épocas 
adequadas para cada cultura; 
Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar. 
Sistemas de cultivo do pomar depois do plantio das mudas 
O sistema de cultivo ou manejo do solo refere-se às práticas culturais aplicadas à superfície 
do solo e deve levar em conta: 
Conservação da umidade e aeração do solo; 
Adição de matéria orgânica e fertilizantes; 
Conservação das características físicas do solo; 
Facilitar o trânsito de máquinas e homens no pomar; 
Controle de erosão e plantas daninhas; 
Economicidade e possibilidade de efetuação com mão-de-obra e equipamentos disponíveis; 
Dimensão da área, espécie e espaçamento utilizado; 
Topografia e clima. 
Pomar em formação 
Nos primeiros anos de vida do pomar, recomenda-se manter uma faixa de solo limpa 
periodicamente ao longo da linha das plantas. Esta faixa deve ser um pouco maior que a 
projeção da copa das plantas. A área entre as filas de plantas é mantida com cobertura 
vegetal nativa ceifada ou, principalmente, com culturas intercalares de porte baixo, tais 
como: feijão, soja, amendoim, aveia, trevo, entre outras. Este cultivo intercalar deve receber 
adubação apropriada e não deve competir com a muda em luz, umidade e nutrientes. 
O cultivo intercalar é uma prática muito utilizada, pois, mantém uma cobertura do solo, 
evitando problemas de erosão e propiciando melhorias nas condições físicas e químicas do 
solo. Quando bem sucedidas, as culturas intercalares contribuem para custear as despesas 
do pomar na fase de implantação. É importante que o solo permaneça sempre com algum 
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tipo de cobertura, assim diminui-se as perdas pela erosão. 
Pomar em produção 
As plantas frutíferas para se desenvolverem necessitam encontrar, no solo, água, ar e 
nutrientes minerais. Estas condições são básicas e precisam ser consideradas quando se 
pretende estabelecer um bom sistema de manejo do solo. 
Pomar permanentemente limpo 
Neste sistema, toda área do pomar é mantida livre de vegetação nativa ou invasoras, por 
meio de mobilizações periódicas e superficiais ou mesmo com uso de herbicidas. Apesar 
desta forma de manejo evitar a concorrência das plantas daninhas, facilitar a incorporação 
de nutrientes e demais tratos culturais, expõe o solo à erosão; provoca compactação, pelo 
trânsito de máquinas e implementos agrícolas; além de diminuir a matéria orgânica, 
deixando o solo mais sujeito às variações de temperatura durante o dia e a noite. 
O uso freqüente de equipamentos que pulverizam o solo, tais como enxadas rotativas, além 
de desagregar o solo, facilita, enormemente, a erosão. A manutenção do solo limpo, com 
aplicações sucessivas de herbicidas, provoca um endurecimento na camada superficial, 
contribuem para aumentar os riscos de intoxicação dos aplicadores e podem poluir os 
mananciais de água. 
Pomar com cultivo intercalar 
Neste sistema de cultivo, o pomar é mantido na entrelinha com um cultivo intercalar, que 
pode ter um caráter temporário ou permanente. As espécies cultivadas devem ser de porte 
baixo e, normalmente, leguminosas ou associação com gramíneas e têm o objetivo de 
melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, porém deve-se considerar que, em 
períodos de seca, as leguminosas causam maiores prejuízos às plantas do que as 
gramíneas, pois apresentam sistema radicular mais desenvolvido e, com isso, uma maior 
capacidade de absorção de água do solo. Quando se mantém a vegetação espontânea, a 
mesma é mantida ceifada periodicamente. Ao longo das filas é mantida uma faixa limpa, do 
tamanho ou um pouco maior do que a projeção da copa das plantas, através do uso de 
capinas ou aplicações de herbicidas. 
Este sistema combina as vantagens do sistema que mantém o solo limpo na linha da planta 
e da cobertura vegetal na entrelinha como auxílio no controle da erosão. Esta modalidade 
de sistema pode ser alterada ao longo do ciclo vegetativo da planta, no caso específico de 
plantas frutíferas de clima temperado. Depois que as frutas foram colhidas pode-se deixar a 
vegetação espontânea crescer também ao longo da linha de plantas, até o início da 
primavera seguinte. 
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No caso de algumas espécies de folhas permanentes, como é o caso de plantas cítricas no 
estado de São Paulo, recomenda-se, na época das águas, manter a faixa limpa 
periodicamente e a entrelinha ceifada ou discada através de grades. Se for utilizada uma 
planta intercalar para exploração econômica, deve-se realizar a adubação da planta 
independente da adubação da frutífera. 
Pomar com cobertura vegetal permanente 
O solo todo do pomar é mantido com uma cobertura vegetal rasteira, nativa ou cultivada de 
forma permanente. Oferece vantagens para a proteção do solo no que diz respeito à 
melhoria na estrutura, proteção contra erosão, trânsito de máquinas e diminui a 
compactação. 
Entretanto, é um sistema que a vegetação dentro do pomar concorre com a plantafrutífera 
em água e nutrientes, podendo causar prejuízos em épocas de estiagem. Este sistema pode 
ser utilizado em solos com grande declividade, apenas realizando um pequeno coroamento 
na projeção da copa durante o ciclo vegetativo da planta, através do uso de capinas ou 
herbicidas. Pode ser utilizado em plantas que apresentem um sistema radicular profundo, 
como é o caso da nogueira-pecan. 
Pomar com cobertura morta permanente 
O solo é mantido com uma cobertura de restos vegetais, cortados de espécies forrageiras, 
palha ou casca de arroz, serragem, palha de leguminosas, entre outras. A espessura da 
cobertura varia de 10 a 20cm, conforme o material utilizado. 
Através de experimentos, verificou-seque é necessário cortar até 3m2 de área de capim 
gordura para cobrir 1m2 do pomar com folha seca, numa espessura de 20cm. Apesar deste 
sistema ser oneroso e limitado à pequenas áreas, traz vantagens para o desenvolvimento 
das plantas, tais como: 
Redução das perdas de água, pois funciona como uma válvula que permite a penetração da 
água, opondo-se, no entanto, a sua perda por evaporação direta; 
Evita que a gota da chuva cause desagregação das partículas pelo impacto direto; 
Aumenta as taxas de N, S, B e P no solo; 
Contribui para o controle das ervas daninhas, possibilitando que as plantas possam 
desenvolver o sistema radicular na superfície do solo. As limitações para uso deste sistema 
de cultivo seriam: 
Em solos mal drenados os problemas de aeração são acentuados; 
Em pomares conduzidos com cobertura morta por alguns anos, o abandono da prática pode 
trazer sérias consequências, pois o sistema mantém as raízes da planta na superfície do 
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solo; 
A cobertura morta aumenta o risco de geadas por impedir a irradiação do calor do solo para 
o ar; 
Favorece o risco de incêndio e ataque de roedores; 
O custo é significativo, pois necessita-se adicionar matéria seca anualmente; 
Não deve ser estabelecida antes de três anos de vida da planta, pois estimula o 
desenvolvimento superficial das raízes da planta. 
A adição periódica de restos vegetais faz com que se necessite de uma adubação 
suplementar de nitrogênio, na base de 50 kg/tonelada de cobertura morta, uma vez que a 
mesma altera a relação C/N. 
Variantes para combinar sistemas de cultivo do pomar 
Na prática os sistemas de cultivos citados anteriormente são pouco utilizados isoladamente, 
o que se utiliza são as combinações deles durante o desenvolvimento da cultura, baseados 
na espécie vegetal, regime hídrico, declividade, disponibilidade de mão-de-obra, 
equipamentos e custos. Em algumas situações, pode-se utilizar: 
Cobertura vegetal permanente e cobertura morta na linha das plantas; 
Cobertura com vegetal ceifado na entrelinha e limpo na projeção da copa, através de 
herbicidas e/ou capinas periódicas; 
Cultivo do solo com planta leguminosa durante parte do ano para posterior incorporação ao 
solo; 
Vegetação nativa na entrelinha, mantida rasteira através do uso de grades que atingem 
pequenas profundidades do solo; 
Vegetação natural ceifada no período das chuvas e limpo, na época da seca, com máquinas 
ou herbicidas; 
Vegetação natural ceifada quando necessário e plantas coroadas com herbicidas. 
Escolha do sistema de cultivo 
É difícil recomendar um ou outro sistema de cultivo apenas a partir de considerações 
teóricas, pois a escolha do sistema deverá levar em conta: a) Aspectos relativos à planta 
(espécie, espaçamento); 
Aspectos relativos ao solo (profundidade, textura, estrutura, topografia); 
Aspectos relativos ao clima (chuvas, geadas); 
Aspectos econômicos (custo operacional, equipamentos disponíveis); 
IRRIGAÇÃO EM FRUTICULTURA 
As regiões tradicionais produtoras de frutas de todo o mundo utilizam a irrigação como um 
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insumo importante para garantir produtividade e qualidade das frutas. Isto acontece na 
Argentina, Chile, Estados Unidos, Espanha, Itália, Egito, Israel, região nordeste do Brasil, 
onde se produz um grande volume de frutas tropicais e temperadas sob irrigação. 
No Sul e Sudeste do Brasil, normalmente ocorrem precipitações em torno de 1.500mm, 
porém nem sempre há uma boa distribuição das chuvas durante o ano. É comum 
acontecerem estiagens durante os meses de dezembro e janeiro e no período de inverno, 
respectivamente. Estes períodos com falta de umidade do solo, ocasionam perdas nas 
colheitas, pois provocam rachaduras nas frutas e diminuição do tamanho das frutas, além 
de diminuir a absorção de nutrientes do solo. 
Os sistemas de irrigação disponíveis permitem que se tenham projetos eficientes, com 
economia hídrica e permitindo que sejam aplicados os fertilizantes através da água de 
irrigação, a chamada fertirrigação. 
A fertirrigação é o processo pelo qual os fertilizantes são aplicados junto com a água de 
irrigação. Esta prática se converteu em rotina e é um componente essencial dos modernos 
sistemas de irrigação. Neste sistema são aplicados os macro e micronutrientes para as 
plantas frutíferas, para isso é necessário que os mesmos sejam solúveis em água. O 
consumo de água depende de fatores como o solo, a cultura, a umidade do ar, entre outros. 
A umidade do solo é determinada por tensiômetros. Por exemplo, quando os tensiômetros 
chegam a uma tensão de 15 a 20 centibares, em solos leves, deve-se renovar a irrigação, 
pois a maior parte da água disponível no solo já foi aproveitada. 
A retirada de água do solo pela planta aumenta à medida que se desenvolvem os ramos e 
se amplia a área foliar. A multiplicação de células nessa fase (35 a 40 dias após a floração) 
é muito grande, diminuindo após o fim da polinização. Como o número de células irá 
determinar o tamanho final das frutas, a falta de água nesse período reduz o número de 
células, diminuindo o tamanho da fruta e a produção. Após a divisão celular, inicia-se a fase 
de aumento de volume da célula. Nesse período, a etapa mais crítica ocorre durante a 
aceleração máxima do crescimento da fruta, duas a três semanas antes da colheita. Pode-
se manejar a água ao longo desse estágio, antes da etapa crítica, reduzindo o teor de 
umidade do solo na fase que se inicia com a fruta no tamanho de uma azeitona até o período 
de seu crescimento rápido, visando-se à economia de água e melhoria da qualidade da fruta, 
sem comprometimento da produtividade. 
Sistemas de Irrigação em Pomares 
A escolha do sistema deve considerar o tipo de solo, clima, disponibilidade e qualidade da 
água, sistema de cultivo, manejo do solo e custo da energia. 
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Irrigação por inundação 
Este sistema requer um bom nivelamento do terreno, normalmente declives inferiores a 1% 
e um grande fluxo de água, na ordem de 1,6 L seg. ha-1. É pouco utilizado nas condições 
do Brasil, pois normalmente os pomares são implantados em terrenos com declividade 
superiores. É um sistema que exige grandes volumes de água e, mesmo em solos nivelados, 
dificilmente se consegue uma boa distribuição da água no solo (70%). Irrigação em sulcos 
Como no sistema anterior, a irrigação em sulcos requer uma nivelação do terreno, 
normalmente é recomendado para declives até 2%. Em declives superiores, pode causar 
sérios problemas de erosão. O fluxo de inundação nos sulcos é da ordem de 1,2 a 1,5 L seg. 
ha-1 e a eficiência do sistema é da ordem de 40 a 70%. A principal vantagem é o baixo custo 
de instalação em solos nivelados. 
Irrigação por aspersão 
Este sistema pode ser utilizado em terrenos onde os custos para nivelamentos são elevados, 
em solos com topografia irregular, para controle de geadas e permite uma boa uniformidade 
de distribuição da água. 
A irrigação por aspersão pode ser de dois tipos: sobrecopa e sub-copa, quando feita por 
cima ou por baixo da copa das plantas. A irrigação sobrecopa apresenta como principais 
desvantagens o molhamento das folhas, o que aumenta a incidência de doenças, e maiores 
perdas por evapotranspiração e pela ação dos ventos. Já a aspersão sub-copa apresenta 
como desvantagem principal a interferência do tronco e copa das plantas, o que dificulta o 
molhamento uniforme do terreno. 
Na aspersão,

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