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1 Epidemiologia Prof.ª Fernanda Barboza Epidemiologia Profa Fernanda Barboza 2 Epidemiologia ‐ Conceito • A ciência que estuda o processo saúde‐doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. Epidemiologia • A Epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes, quaisquer outros agravos ou situações de risco à saúde na comunidade, ou em grupos dessa comunidade, com o objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde das pessoas que compõem essa comunidade. • Objeto da epidemiologia “estudo de fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas”. 3 Estrutura Epidemiológica • Padrão de ocorrência da doença na população, resultante da interação de fatores do meio ambiente, hospedeiro e do agente causador da doença. • Distribuição, neste sentido, é entendida como “o estudo da variabilidade da frequência das doenças de ocorrência em massa, em função de variáveis ambientais e populacionais ligadas ao tempo e ao espaço Conceitos Importantes • Caso confirmado Clínica compatível e confirmação laboratorial. • Caso provável Caso clinicamente compatível ligado epidemiologicamente ao caso confirmado (em caso de surtos/epidemias) • Caso possível Clínica compatível ocorrendo dentro do mesmo período do surto/eventos/agravos e na mesma área 4 Exemplo: Definição de caso dengue Suspeito Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de dengue (ou presença de A. aegypti). Deve apresentar febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e duas ou mais das seguintes manifestações: • náusea, vômitos; • exantema; • mialgias, artralgia; • cefaleia, dor retro‐orbital; • petéquias; • prova do laço positiva; • leucopenia. Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente de (ou residente em) área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente entre 2 e 7 dias, e sem foco de infecção aparente. 7 Exemplo: Definição de caso dengue Caso suspeito de dengue com sinais de alarme É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre, apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme: • dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdome; • vômitos persistentes; • acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico); • sangramento de mucosa ou outra hemorragia; • letargia ou irritabilidade; • hipotensão postural e/ou lipotimia; • hepatomegalia > 2cm; • aumento progressivo do hematócrito 8 5 Exemplo: Definição de caso dengue Caso suspeito de dengue grave Choque Sangramento grave Comprometimento grave dos órgãos 9 Exemplo: Definição de caso dengue Confirmado É todo caso suspeito de dengue confirmado laboratorialmente – sorologia IgM, NS1 Teste rápido ou ELISA, isolamento viral, RT‐PCR, imuno‐histoquimica. 10 6 11 Exemplo: Definição de caso dengue Descartado • Resultado laboratorial negativo • Diagnóstico de outra doença 12 7 Conceitos Importantes • Caso primário Contato com uma fonte principal de transmissão ‐ por exemplo, alimento, esgoto, creche, etc. ‐ Taxa de incidência dos casos primários • Caso secundário Contato com um caso primário ‐ por ex. via de transmissão pessoa‐a‐ pessoa, em casa, etc. ‐ Taxa de incidência dos casos secundários Conceitos Importantes • CASO AUTÓCTONE: caso contraído pelo enfermo na zona de sua residência. • CASO ÍNDICE: primeiro, entre vários casos, de natureza similar e epidemiologicamente relacionados. O caso índice é, muitas vezes, identificado como fonte de contaminação ou infecção. • CASO ESPORÁDICO: caso que, segundo informações disponíveis, não se apresenta epidemiologicamente relacionado a outros já conhecidos. 8 Conceitos importantes • CASO IMPORTADO: caso contraído fora da zona onde se fez o diagnóstico. O emprego dessa expressão dá a ideia de que é possível situar, com certeza, a origem da infecção numa zona conhecida. • CASO INDUZIDO: caso de malária que pode ser atribuído a uma transfusão de sangue ou a outra forma de inoculação parenteral, porém não se relaciona à transmissão natural pelo mosquito. A inoculação pode ser acidental ou deliberada e, nesse caso, pode ter objetivos terapêuticos ou de pesquisa. 15 Conceitos Importantes • ANTROPONOSE: infecção cuja transmissão se restringe aos seres humanos. • ANTROPOZOONOSE: infecção transmitida ao homem por meio de reservatório animal. • RBOVIROSES: viroses transmitidas de um hospedeiro para outro por meio de um ou mais tipos de artrópodes. 9 Conceitos Importantes • Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus fundamentos no método científico. 17 Conceitos Importantes‐ Frequência e distribuição: • A epidemiologia preocupa‐se com a frequência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde‐doença na população. A frequência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população. • O conhecimento das taxas constitui ponto de fundamental importância para o epidemiologista, uma vez que permite comparações válidas entre diferentes populações. • O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde‐ doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano‐rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.). 18 10 Objetivos da Epidemiologia • Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à saúde; • Entender a causa dos agravos à saúde; • Definir os modos de transmissão; • Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde; • Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças; • Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde; • Estabelecer medidas preventivas; • Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; • Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural; • Prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde. 19 Objetivos da Epidemiologia • Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo; • Prever tendências; • Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das populações; • Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, assim como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade. 20 11 Tipos de Estudos Epidemiológicos Estudos Descritivos Informam sobre a distribuição de um evento na população, em termos quantitativos: Incidência ou Prevalência. Estudos Analíticos Estudos comparativos que trabalham com “hipóteses” ‐ estudos de causa e efeito, exposição e doença 12 Epidemiologia Descritiva Analisar o padrão de ocorrência de doenças segundo três vertentes: 1. Pessoas quem? 2. Tempo quando? 3. Espaço onde? Epidemiologia Descritiva Possibilita a caracterização da doença/agravo no: • Tempo: curso da epidemia/doença, o tipo de curva e período de incubação (tendência histórica) • Lugar: extensão geográfica do problema • Pessoa: grupo de pessoas, faixa etária, exposição aos fatores de risco Tipos de Estudos Epidemiológicos 13 Caracterização dos casos no tempo • Conhecer a tendência da doença: Sazonalidade Determinar a extensão geográfica do problema • Mapear casos por locais de ocorrência: bairros, ruas, estabelecimentos, locais de lazer, etc. • Detectar grupos de surtos/casos ou padrões que podem fornecerpistas para identificação do problema/causa em investigação. • O ideal é fazer o mapa utilizando a Taxa de Incidência Caracterização dos casos por lugar 14 Determinar as características dos grupos e a suscetibilidade à doença e riscos de exposição • Grupos de pessoas – frequência da doença por faixa etária, sexo, raça, ocupação, renda, tipo de lazer, uso de medicamentos, doenças antecedentes, etc. = suscetibilidade à doença e riscos de exposição Caracterização dos casos por pessoa: Estudos Epidemiológicos 15 Medidas de efeito e associação em epidemiologia • Objetivo central da pesquisa epidemiológica: identificação de relações causais entre exposições (fatores de risco ou proteção) e desfechos (doenças ou medidas clínicas) • Medidas absolutas‐ mede o excesso de frequência da doença no grupo exposto em relação ao grupo não exposto. Diferença entre expostos e não expostos, se diferente de 0 tem associação (negativa ou positiva) • Medidas relativas ‐ razão. Mede a força da associação entre um determinado fator de exposição e a ocorrência da doença. Quantas vezes a ocorrência da doença é maior no grupo de expostos em relação ao grupo de não expostos 29 Medidas do tipo razão • Se as frequências de doenças entre expostos e não expostos são iguais, ou seja, não existe associação, as medidas relativas apresentam valor igual a 1 (valor nulo) • Valores maiores que 1 (frequência de doença maior nos expostos em relação aos não expostos), sugerem que a exposição seja um fator de risco para doença e valores entre 0 e 1 (frequência de doença menor nos expostos em relação aos não expostos) sugerem fator de proteção. 30 16 Tabela de contigência • Para situações mais simples onde os eventos são expressos como categorias dicotômicas (exposto/não‐exposto e doente/não‐doente) os dados são apresentados em uma tabela de contingência 2 x 2. 31 32 17 33 Risco • É entendido pela epidemiologia como a “probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito, ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora) em uma população ou grupo durante um período de tempo determinado”. • “um fator de risco, ou fator de exposição, é algum fenômeno de natureza física, química, orgânica, psicológica ou social, no genótipo ou fenótipo, ou alguma enfermidade anterior ao efeito que se está estudando, que pela variabilidade de sua presença ou ausência está relacionada com a doença investigada, ou pode ser causa de seu aparecimento”. 18 FATOR DE PROTEÇÃO • “é o atributo de um grupo com menor incidência de um determinado distúrbio em relação a outros grupos nos quais existe a ausência ou baixa dosagem de tal fator”. Comparação de riscos: Medidas de Associação • Risco Relativo (RR) ‐ a razão entre dois riscos, isto é, compara a incidência nos expostos com a incidência entre os não‐expostos (a/a+b)/(c/c+d) ou se a/a+b >c/c+d • Odds ratio (razão de produtos cruzados ou razão de prevalências) ‐ compara a proporção de expostos entre os casos com a proporção de expostos entre os controles ad/bc Associação: < 1 = não há associação ou fator de proteção; > 1 = associação de causa e efeito 19 Risco Relativo • Fundamental na epidemiologia é a razão entre o risco entre os expostos e o risco entre os não expostos a determinado fator. Em outras palavras entre incidência entre expostos e incidência entre não expostos. • RR ou razão de incidências é uma medida estatística que expressa a proporção de incidência do agravo (doença, causa de morte) entre os que apresentam o fator de risco em determinada população. • Constitui uma medida da força da associação entre o fator de risco e a ocorrência do agravo. Risco Atribuível • É a diferença entre a incidência nos expostos e a incidência nos não expostos ou: RA = IE – IñE • Podemos dizer que uma variável de exposição pode ser considerada um fator de risco quando o risco relativo referente ao grupo de exposição é maior que a unidade (>1) e o risco atribuível àquela variável é maior do que zero (>0): RR>1 e RA>0. 20 Risco Atribuível • RA é a medida que indica o que se pode esperar que aconteça com a ocorrência geral do agravo na comunidade, caso o fator de risco seja eliminado. O risco atribuível combina três ideias: 1. frequência da ocorrência indesejável, quando o fator de risco está presente; 2. frequência da ocorrência quando o fator está ausente e 3. frequência da presença do fator de risco na comunidade. Estudo Transversal • Usados em saúde pública para avaliar e planejar programas de controle de doenças; • Medem a prevalência da doença; • Muito difundida em epidemiologia; • Dados levantados num determinado ponto no tempo, especificamente para a obtenção de informações desejadas de grandes populações; • São fáceis e econômicos, com duração de tempo relativamente curta. 21 Estudo Transversal • Caracteriza‐se pela observação direta de determinada quantidade planejada de indivíduos em uma única oportunidade. • As taxas de prevalência entre aqueles com e sem exposição ou com vários níveis de exposição são determinados e comparados na análise dos dados. Estudo Transversal Vantagens do Estudo Seccional: 1. Relativamente mais baratos e mais rápidos quando comparado com os estudos de coorte e caso‐controle. 2. Tem maior poder de generalização 3. A população do estudo é selecionada por amostra. Desvantagens 1. Difícil separar causa e efeito ‐ Viés temporal (Ex.: Insuficiência Renal Hipertensão ou Hipertensão Insuficiência Renal) 2. Dificuldade em construir bons questionários 22 Estudo Transversal • Delineamento de um estudo transversal 1. Seleção da população; 2. Verificação simultânea da exposição e da doença; 3. Análises de dados. [causa e efeito] ou [exposição ao fator e doença] são investigados ao mesmo tempo. Na análise de dados é que se saberá quem são os “expostos” e “não‐ expostos” e quem são os “doentes” e sadios”. Estudo Transversal Estrutura de um Estudo Transversal População Expostos doentes (a) Expostos n-doentes (b) N-expostos doentes (c) N-expostos n-doentes (d) 23 Estudos de Coorte • O investigador parte do fator de exposição (causa) para descrever a incidência e analisar associações entre causas e doenças; • Fornece melhores informações sobre as causas de uma doença; • Alto custo e longo período de tempo; • Pode ser dividido em Prospectivo ou Retrospectivo (pode ser confundido com Estudo de caso‐controle). • São estudos longitudinais que permitem medir a incidência dos efeitos da exposição. Permitem ainda estudar a história natural de uma doença. São muito úteis para a determinação do risco. Estudos de Coorte • Parte‐se da “causa” em direção ao “efeito” • Observam‐se situações na vida real. Ex. exercício físico e coronariopatia; dieta e coronariopatia. • Os grupos são acompanhadas por um determinado período de vida • Estudos prospectivos (dieta e coronariopatia) e retrospectivos (investigação de surtos) 24 Tipos de Estudos Epidemiológicos • Estrutura de um Estudo de Coorte (amostra) Análise de Dados Doentes Expostos a b Não-doentes Doentes Não-doentes Não-Expostos c d Casos Controle Observação/medição da exposição População DOENTES NÃO- DOENTES POPULAÇÃO EXPOSTOS NÃO-EXPOSTOS NÃO- DOENTES DOENTES Estudo de Coorte a b c d 25 Estudos Ecológicos • Descreve as diferenças entre as populações num determinado espaço de tempo ou num mesmo tempo; • Compara as frequências da doença entre os diferentes grupos num determinado espaço de tempo; • Informações desejadas são retiradas de registros de dados coletados rotineiramente como fonte de dados oficiais (OMS, registros nacionais); • São rápidos e de baixo custo, já que dispensam amostragens, entrevistas, fichas ou exames clínicos. Estudos Ecológicos • A unidade de análise é uma população ou um grupo de pessoas que geralmente pertencem a uma área definida. Avaliam como o contexto social e ambiental podem afetar a saúde dos grupos • Objetivos: ‐ Gerar hipótesesetiológicas a respeito da ocorrência de uma determinada doença. ‐ Avaliar a efetividade de intervenções na população. 26 Estudos Ecológicos Tipos de variáveis 1. Medidas agregadas: Sintetizam as características individuais dentro de cada grupo. Ex.: Renda familiar média 2. Medidas ambientais: São características físicas do lugar onde os membros de cada grupo vivem. Ex.: Poluição do ar 3. Medidas globais: São atributos de grupos, organizações ou lugares para os quais não existem análogos no nível individual. Ex.: Densidade demográfica Estudos Ecológicos • avaliam correlações ou tendências baseadas em informações derivadas de outros grupos; • áreas geográficas são geralmente as unidades de análise; • servem para levantar hipóteses; • são pesquisas estatísticas; • Exemplo: associação entre álcool e Ca estômago 27 Estudos de Caso‐Controle • O investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença/ausência do fator de exposição (causa); • Analisa os possíveis fatores associados à doença em questão; • Melhor estudo para doenças raras; • É rápido e barato. Estudos de Caso‐Controle A investigação parte do “efeito” para chegar às “causas” • pesquisa etiológica, retrospectiva, de trás para frente, após o fato consumado; • as pessoas são escolhidas porque tem uma doença (os casos) e as pessoas comparáveis sem a doença (os controles) são investigadas para saber se foram expostas aos fatores de risco. Exemplo ‐ Surto de diarreia em uma cidade e via de transmissão ‐ Água da rede pública e o agente etiológico 28 Estudos de Caso‐Controle • Delineamento de um estudo de Caso‐Controle 1. Seleção da população com as características que possibilitem a investigação exposição‐doença; 2. Escolha rigorosa dos casos e controles 3. Verificação do nível de exposição de cada participante 4. Análise dos dados Tipos de Estudos Epidemiológicos • Estrutura de um Estudo de Caso‐Controle (Casos) Análise de Dados Expostos Não - Expostos Expostos Não - Expostos Doentes Grupos de Casos Não-Doentes Grupo de Controles a b c d População 29 Tipos de Estudos Epidemiológicos Caso‐controle: Associação toxoplasmose e debilidade mental em crianças _______________________________________________________ Sorologia Deficiência mental para Toxo Sim (casos) Não (controles) Sim 45 15 Não 255 285 Total 300 300 ______________________________________________ OR = (45x285)/(15x255)=3,35 Fonte: Pereira, 1995 Tipos de Estudos Epidemiológicos Exposição Doença Estudo de Coorte Estudo de Caso- Controle Estudo Transversal Fonte:Pereira, 1995 30 Estudos Experimentais ‐ ensaios clínicos randomizados • Tem como objetivo testar a eficácia de uma intervenção terapêutica ou preventiva sobre determinada doença; • É difícil saber as causas da doença; • A randomização possibilita diminuir a variação ocorrida por fatores externos que possam afetar a comparação; • Duplamente‐cega: quando investigadores e pacientes não sabem a que tipo de intervenção são submetidos. Estudos Experimentais ‐ ensaios clínicos randomizados • parte da “causa” para o “efeito”, os participantes são colocados aleatoriamente nos grupos ‐ de estudo e de controle; • realiza‐se a intervenção em apenas 1 dos grupos (vacina, medicamentos, dietas, etc..‐ o outro grupo recebe placebo); • Compara‐se o RR nos dois grupos OBS: São estudo de intervenção ‐ os participantes são submetidos à condições artificiais 31 Tipos de Estudos Epidemiológicos • Estrutura dos Estudos clínicos randomizados: Participantes Expostos Não-expostos Grupos por randomização Ensaio de Comunidade • Envolve a intervenção em nível de comunidades, ao invés de indivíduos, apenas; • Usado para avaliar a eficácia e efetividade de intervenções que busquem a prevenção primária através da modificação dos fatores de risco numa população; • É conduzido dentro de um contexto socioeconômico de uma população naturalmente formada • Limitações: pequeno número de comunidades podem ser incluídas; difícil de isolar uma comunidade. 32 Tipos de Estudos Epidemiológicos 1. Validade de uma investigação Grau de correção das conclusões alcançadas; 2. Validade interna Conclusões são corretas para a amostra investigada; 3. Validade externa Pode extrapolar para a população de onde veio a amostra ou para outras populações Tipos de Estudos Epidemiológicos Viés Metodológico Sinônimo de erro sistemático, vício, tendenciosidade, desvio. • Viés de seleção ‐ erros referentes à escolha da população/pessoas. • Viés de aferição ‐ erros na coleta, nos formulários, nas perguntas, despreparo dos entrevistadores. • Viés de confundimento ‐ interações entre variáveis, outras associações, análise estatística inadequada. 33 Vantagens e desvantagens dos principais desenhos de estudos epidemiológicos Tipo Vantagens Desvantagens Estudo de caso barato e fácil para não pode ser usado para gerar hipóteses testar hipóteses Série de casos fornece dados descritivos sem grupo controle, não pode em doenças características ser usado para testar hipóteses Transversal permite conhecer prevalência, não permite conhecer tempo fácil, pode gerar hipóteses da exposição Ecológico respostas rápidas, pode gerar dificuldade para controlar hipóteses confundimentos Fonte: Grisso, 1993 Tipo Vantagens Desvantagens Caso‐controle permite estudos múltiplos de Difícil seleção de controles, exposição e doenças raras, requer possibilidade de bias nos dados poucos sujeitos, logística fácil e de exposição, a incidência não rápida, não tão caro pode ser medida Coorte Permite estudos múltiplos de efeitos e exposições raras, menor caro, exige tempo, inadequado possibilidade de bias na seleção e para doenças raras, poucas nos dados de exposição, a incidên‐ exposições, perda dos sujeitos cia pode ser medida Ensaios clínicos desenho mais convincente, maior mais caro, artificial, logística randomizados controle para evitar confundimento difícil, objeções éticas ou variáveis desconhecidas Fonte: Grisso, 1993 34 Questões Epidemiologia 1. (FUNCAB 2013) A tríade epidemiológica das doenças é composta por: a) determinante, vetor e suscetível. b) hospedeiro, agente e ambiente. c) suscetível, vetor e agente. d) vetor, hospedeiro e ambiente. e) agente, hospedeiro e suscetível. Letra B 35 2. (FUNCAB 2013) Em uma determinada população suscetível, verificou‐se que a incidência do sarampo tende a aumentar a cada três anos. Esse fenômeno denomina‐se: a) variação irregular. b) variação sazonal. c) epidemia progressiva. d) variação cíclica. e) surto epidêmico 36 VARIAÇÃO CÍCLICA • São variações com ciclos periódicos e regulares. • O comportamento cíclico das doenças resulta de recorrências nas suas incidências, que podem ser anuais ou de periodicidade mensal ou semanal. • Na variação cíclica um dado padrão é repetido de intervalo em intervalo. 3. (FUNCAB 2013) Algumas doenças apresentam um aumento característico em determinado período do ano, como as doenças respiratórias e a dengue. Essa propriedade de um fenômeno considerado periódico repetir‐se sempre na mesma estação denomina‐se: a) variação irregular. b) tendência secular. c) variação sazonal. d) variação cíclica. e) surto epidêmico. 37 Variação sazonal • Ocorre quando a incidência das doenças aumenta sempre, periodicamente, em algumas épocas ou estações do ano, meses do ano, dias da semana, semana, ou em horas do dia. • Por exemplo: dengue (nas épocas quentes do ano), acidentes de trânsito (horas de muita movimentação urbana). 4. (UFCG‐COMPROV 2014) Em Epidemiologia, o uso indiscriminado de diferentes termos tem origem na confluência de métodos, práticas e tradições de múltiplas profissões e disciplinas. Sobre esse assunto, assinale a alternativa INCORRETA: a) Doença emergente é uma doença transmissível cuja incidência em humanos vem aumentado nos últimos 25 anos do SéculoXX ou que ameaça aumentar em um futuro próximo b) Incidência e prevalência são medidas de morbidade, porém diferem em que a prevalência mede os casos novos que se apresentam em um período determinado de tempo e a incidência mede o número de pessoas que estão doentes em um momento específico c) Epidemia é a elevação brusca, temporária e significativamente acima do espero para uma incidência de uma determinada doença 38 d) Endemia é a presença constante de uma doença ou agente infeccioso dentro de uma área geográfica ou grupo populacional determinados; refere‐se também à prevalência esperada de uma determinada doença dentro dessa área ou grupo e) Surto é o aumento incomum no número de casos, dois ou mais casos relacionados epidemiologicamente, de surgimento súbito e disseminação localizada em um espaço específico 5. (CONSULPLAN 2014) Que conceito epidemiológico define um problema espacialmente localizado, temporalmente limitado, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente nos limites de uma faixa que foi previamente convencionada para uma população e época determinada? a) Caso alóctone. b) Caso autóctone. c) Conglomerado de casos. d) Endemia. 39 Em relação ao local de transmissão, os casos podem ser classificados como: • Caso autóctone É o caso confirmado que foi detectado no mesmo local onde ocorreu a transmissão. • Casos alóctone É o caso confirmado que foi detectado em um local diferente daquele onde ocorreu a transmissão. 6. (AOCP‐ UFMT 2013) É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. A definição refere‐se a (A) Endemia. (B) Epidemia. (C) Enfermidade. (D) Vulnerabilidade. (E) Pandemia. 40 7. (FUNIVERSA 2011) Nos últimos três meses, sete enfermeiros procuraram o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) de um hospital, local onde todos trabalham há mais de dois anos. Os funcionários apresentavam áreas de descamação, eritema, edema, vesículas e bolhas com exsudato no dorso das mãos e na região do punho. Após atendimento pelo médico do trabalho, todos foram diagnosticados com dermatite de contato eczematosa. O grande número de casos em um curto período de tempo chamou a atenção da enfermeira do trabalho do referido hospital, levando‐a à suspeita de que a dermatite apresentada pelos enfermeiros pudesse estar relacionada com as atividades relativas à função que eles desempenham no hospital. Com o objetivo de identificar os fatores de risco que pudessem estar relacionados ao surgimento dessas lesões nos funcionários, a enfermeira decidiu iniciar uma investigação no hospital, optando por utilizar a metodologia de investigação epidemiológica. Assinale a alternativa que apresenta o tipo de estudo que atende aos objetivos da enfermeira. Assinale a alternativa: a) ensaio clínico b) estudo de Coorte c) estudo de prognóstico d) estudo de caso‐controle e) estudo transversal 41 8. (IF‐PA 2015) As informações abaixo não caracterizam estudo epidemiológico tipo coorte. a) Investigador seleciona um grupo de indivíduos expostos e um grupo de indivíduos não expostos b) É um estudo retrospectivo c) Acompanha os 2 grupos para comparar a incidência de uma doença (ou óbito) nos 2 grupos d) Permite calcular incidência da doença e risco relativo e) Avaliar fatores de risco 9. (CESPE 2008) Julgue o item a seguir, que tratam dos métodos epidemiológicos empregados na pesquisa populacional. A investigação do tipo coorte é a mais adequada para o estudo etiológico de doenças raras. O Melhor estudo para doenças raras é o estudo de caso ou caso‐controle, pois o investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença/ausência do fator de exposição (causa). Analisa os possíveis fatores associados à doença em questão. 42 10. (CESPE 2012) A pesquisa de qualidade é fundamental para os profissionais da saúde, porque fornece um alicerce forte para a avaliação crítica da atividade prática em relação aos achados de pesquisa e para a promoção de avanços embasados em evidências. Em relação aos tipos de estudos metodológicos da pesquisa em saúde e enfermagem, assinale a opção correta. a) No estudo caso‐controle — ou estudo de grupos, de agregados, estatísticos ou comunitários —, a pesquisa é realizada por meio de estatísticas, sendo a unidade de observação e análise constituída de grupos de indivíduos, e não, de indivíduos isolados. b) No estudo ecológico, parte‐se do efeito, em busca das causas, comparando‐ se, em relação à exposição prévia, grupos de indivíduos com e sem determinado agravo à saúde, de modo que possa ser testada a hipótese de a exposição a determinados fatores de risco ser causa contribuinte da doença. c) No estudo transversal, parte‐se da causa, em busca dos efeitos, identificando‐se um grupo de pessoas e coletando‐se a informação pertinente sobre a exposição de interesse, de modo que o grupo possa ser acompanhado; em seguida, verificam‐se os indivíduos que desenvolveram e os que não desenvolveram a doença em foco e a relação dessa exposição prévia com a ocorrência da doença. d) No estudo de coorte, realiza‐se a investigação para determinar a prevalência, a fim de se examinar a relação entre eventos em um determinado momento, coletando‐se simultaneamente os dados sobre causa e efeito. e) No estudo randomizado, os participantes são alocados aleatoriamente em grupos denominados grupos de estudo (experimental) e de controle, sendo os primeiros submetidos a determinada intervenção, e os segundos, não 43 Estudos Ecológicos . Descreve as diferenças entre as populações num determinado espaço de tempo ou num mesmo tempo; . Compara as frequências da doença entre os diferentes grupos num determinado espaço de tempo; . Informações desejadas são retiradas de registros de dados coletados rotineiramente como fonte de dados oficiais (OMS, registros nacionais...); . São rápidos e de baixo custo, já que dispensam amostragens, entrevistas, fichas ou exames clínicos. ESTUDOS TRANVERSAIS OU DE PREVALÊNCIA . Usados em saúde pública para avaliar e planejar programas de controle de doenças; . Medem a prevalência da doença; . Muito difundida em epidemiologia; . Dados coletados num determinado espaço de tempo, especifamente para a obtenção de informações desejadas de grandes populações; . São fáceis e econômicos, com duração de tempo relativamente curta. 44 *ESTUDO DE CASO‐CONTROLE . O investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença/ausência do fator de exposição (causa); . Analisa os possíveis fatores associados à doença em questão; . Melhor estudo para doenças raras; . É rápido e barato. ESTUDO COORTE . O investigador parte do fator de exposição (causa) para descrever a incidência e analisar associações entre causas e doenças; . Fornece melhores informações sobre as causas de uma doença; . Alto custo e longo período de tempo; . Pode ser dividido em Prospectivo ou Retrospectivo (pode ser confundido com Estudo de caso‐controle 45 11. (CESPE 2010) A respeito dos estudos de coorte, julgue o item seguinte. Esses estudos contribuem para se entender como o tabaco, a radiação ionizante e outros fatores ambientais ou ocupacionais podem aumentar o risco de câncer. 12. (CESPE 2010) Acerca dos estudos epidemiológicos, julgue o item a seguir. Estudos epidemiológicos são frequentemente caracterizados como observacionais. 46 13. (CESPE 2010) Acerca dos estudos epidemiológicos, julgue o item a seguir. Uma característica fundamental dos estudos epidemiológicos é que o status de exposição dos participantes é determinado por fatores outros que não a randomização. O termo "randomizado" diz respeito ao fato de que os grupos utilizados no experimento têm seus integrantes escolhidosde forma aleatória. O termo "controlado" diz respeito a determinadas variáveis que são controladas, buscando‐ se identificar a relação entre variáveis. 14. (CESPE 2010) Acerca dos estudos epidemiológicos, julgue o item a seguir. Os estudos analíticos são mais apropriados para testar hipóteses, por exemplo, medindo a associação entre a exposição de um individuo a um fator de risco e a doença subsequente. 47 15. (CESPE 2010) Acerca dos estudos epidemiológicos, julgue o item a seguir. Os estudos descritivos identificam características pessoais, localização geográfica e períodos de tempo que podem estar associados a um risco baixo ou elevado de câncer. 16. (CESPE 2010) A respeito dos estudos de coorte, julgue o item seguinte. A maioria dos estudos de coorte tem como objetivo primário a comparação da incidência do desfecho entre indivíduos expostos (IE) e não expostos (I0), o que é feito a partir do cálculo de medidas de associação baseadas em diferenças de incidências (IE ‐ I0) ou em razão de incidências (IE ÷ I0). 48 17. (CESPE 2010) Acerca dos estudos epidemiológicos, julgue o item a seguir. Os estudos analíticos caracterizam a prevalência de um fator de risco e ou a ocorrência de uma doença em uma população. Os estudos descritivos geralmente se limitam ao registro da frequência de eventos ou agravos patológicos observando sua variação no tempo e espaço. Os estudos analíticos buscam estabelecer um nexo de causa efeito, ex. entre um determinado agente patogênico e um aspecto específico do meio ambiente. 18. (BIO‐RIO 2015)Um dos objetivos da Epidemiologia é medir a frequência com que problemas de saúde ocorrem na população humana. No que se refere aos conceitos aplicados em epidemiologia e bioestatística, muito empregados nos estudos de saúde do trabalhador, é correto afirmar que: a) a taxa de incidência de uma doença é a expressão da frequência com que surgem novos casos, por unidade de tempo, sem necessariamente haver relação com o tamanho de uma determinada população. b) sobrevida é uma estimativa da probabilidade de um indivíduo morrer com uma determinada doença, ao longo de um intervalo de tempo. 49 c) no cálculo da prevalência de uma doença, incluem‐se os casos antigos e os novos a partir do período da observação e os falecimentos ocorridos antes do período de início da observação. d) prevalência expressa o número de casos existente de uma doença, em uma determinada população em um dado momento. e) ao se considerar a prevalência de uma doença, leva‐se em conta sua incidência e duração, descartando‐se como fator determinante os movimentos migratórios. Obrigada!
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