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Unidade 07 - Relevos da Terra

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FUNDAMENTOS NATURAIS DA GEOGRAFIA 
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UNIDADE 07 – Relevos da Terra 
A superfície do planeta Terra 
Assim como foi demostrado que as camadas existentes no interior da Terra estão 
interconectadas, e por isso são influenciadas direta e indiretamente pelas 
variadas condições térmicas e de pressão encontradas em cada uma delas, 
também pode-se afirmar que essa relação entre elas foi e ainda é determinante 
para formar as diferentes fisionomias do planeta. 
 
As fisionomias do planeta são representadas pelos muitos tipos de relevo 
(planaltos, planícies e depressões), assim como a ampla rede hidrográfica 
distribuída nos cinco continentes como os conhecemos hoje. 
Na realidade, esta estrutura aparentemente sólida do chão em que pisamos está 
em movimentos constantes quase imperceptíveis pela visão humana; isso 
acontece porque esses movimentos acontecem em baixíssima velocidade, 
embora para nós pareça uma superfície estática. Isso acontece porque a 
superfície da Terra é um corpo dinâmico, ou seja, um corpo em constante 
movimento. 
Esse dinamismo é consequência direta e antagônicas de forças naturais que 
acontecem por dentro (forças naturais internas) e por fora da superfície (forças 
naturais externas), da seguinte forma: 
▪ Forças naturais internas, são aquelas manifestadas por 
terremotos, vulcões que acontecem por causa dos movimentos 
das placas tectônicas (reveja Unidade 5); e, 
▪ Forças naturais externas, são aquelas exercidas pelas condições 
meteorológicas – forças externas (ventos e chuvas, por exemplo) 
que contribuem com processos erosivos e de sedimentação 
simultaneamente atuantes nessa superfície. 
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No contexto dos Fundamentos Naturais da Geografia, os estudos desses 
fenômenos naturais que atingem e determinam as formas dos relevos da 
superfície terrestre são feitos pela Geomorfologia. 
 
Geomorfologia é a ciência geográfica responsável pelo estudo das formas, 
características e processos relacionados com do relevo da Terra. 
Conhecer e estudar as muitas formas existentes na superfície do planeta Terra 
(crosta ou litosfera) não é tarefa fácil, porque muitas são as variáveis interna e 
externas que atuam no processo de formação desse modelado. 
Considerando a classificação das camadas da Terra com base no modelo 
químico (reveja Unidade 03), a crosta é dividida entre crosta terrestre e crosta 
oceânica (Figura 01); cada qual com suas características próprias relacionadas 
às diferenças em relação à espessura de cada uma delas e aos tipos de rochas 
encontradas; e que são aspectos determinantes na composição e formação de 
cada tipo de relevo existente. 
Sobre a espessura, enquanto a crosta terrestre tem entre 40 a 70 quilômetros, a 
crosta oceânica varia entre apenas 4 a 7 quilômetros; ou seja, muito fina se 
comparada à continental. As rochas que compõem a crosta oceânica pertencem 
ao grupo das rochas ígneas e magmáticas, enquanto que as rochas 
predominantes na crosta continental pertencem ao grupo das rochas 
metamórficas e também ígneas e magmáticas (reveja Unidade 04). 
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Figura 01: Estrutura interna da Terra com base no 
modelo químico. 
Considerando a teoria das correntes de convecção e da deriva dos continentes, 
as muitas fisionomias da superfície da Terra são formadas pelo deslocamento do 
material mais quente existente no seu manto e no seu núcleo em direção à 
superfície. 
Pela subida desse material mais quente por convecção, a força ali gerada faz as 
placas tectônicas se movimentarem lentamente para direções relativamente fixas 
entre elas; enquanto algumas se separa, outras se colidem e outras se arrastam 
lateralmente (reveja Unidade 05), e é desses movimentos, pode-se entender 
melhor a formação dos relevos terrestres localizados na parte emersa da Terra, 
como resposta das ações permanentes das forças endógenas que são 
responsáveis pela formação da estrutura de sustentação do relevo, e forças 
exógenas que são responsáveis pelo desgaste, pelo arredondamento (Figura 02) 
 
Forças endógenas são aquelas que têm sua origem no interior do planeta e 
são geradoras das grandes formas estruturais do planeta 
Forças exógenas são aquelas que têm sua origem na própria superfície e 
na atmosfera e são modificadoras dessas formas estruturais endógenas, 
fazendo um trabalho de esculturação desse relevo. 
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Figura 02: Exemplo de estrutura (rocha aparente que 
está ali pelas forças endógenas atuantes naquela 
região) e escultura (formação de uma saia erosiva que 
se formou pela ação do clima predominante naquela 
região) na formação de um relevo. 
Sobre as forças endógenas 
Ao se considerar as forças endógenas como sendo aquelas que formam a 
estrutura do relevo terrestre, estas respondem pela formação das macroformas 
estruturais que são representadas por grandes plataformas (também chamadas 
de crátons), pelas cadeias orogênicas (dobramentos modernos ou cinturões 
orogênicos) e pelas bacias sedimentares (Figura 03). 
 
Figura 03: Modelos de macroformas estruturais que 
determinam as formas de relevo. 
▪ As grandes plataformas, ou crátons (também conhecidos como 
escudos), são relevos rebaixados pela ação erosiva do tempo e 
se caracterizam por baixos planaltos ou por depressões que se 
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localizam às margens de bacias hidrográficas ou de cadeias 
montanhosas antigas (Figura 04). 
 
No Brasil, os crátons que aqui estão presentes são os escudos das 
Guianas e Brasileiro e correspondem por terrenos mais trabalhados pela 
ação erosiva em decorrência de serem os mais antigos (entre 900 milhões 
e 4,5 bilhões de anos) e, por isso, os mais estáveis. 
 
Figura 04: Localização dos escudos das Guianas e 
Brasileiro no contexto das demais macroformas 
estruturais do Brasil. 
▪ As bacias sedimentares são bastante extensas no território 
brasileiro, e que são formadas por espessos pacotes de rochas 
sedimentares (reveja Unidade 04) que podem ultrapassar 5.000 
metros de espessura. De modo geral, cobrem parcialmente uma 
parte das áreas cratônicas. 
 
Bacias sedimentares ocupam 75% (aproximadamente) da superfície 
emersa da Terra. 
▪ As cadeias orogênicas são terrenos mais elevados da superfície 
terrestre geradas por dobramentos da crosta, acompanhados por 
abalos sísmicos e vulcanismo, por exemplo (Figura 05). 
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Figura 05: Perfil esquemático de formação de uma 
cadeia orogênica, demostrando as ações endógenas 
ali atuantes (movimento das placas tectônicas). 
Sobre as forças exógenas 
Tratar das forças exógenas de formação do relevo, isso significa abordar as 
forças da natureza que se manifestam exclusivamente na superfície e na 
atmosfera terrestres e que atuam na esculturação dessa superfície; desse relevo. 
Os processos exógenos são aqueles impulsionados - desencadeados pelo calor 
da radiação solar quando passa pela atmosfera e alcança a superfície, de modo 
que agem sobre a estrutura das rochas continuamente e, por isso, causam o 
desgaste dessa superfície pela ação das águas, dos ventos, mediante às 
características climáticas ali predominantes. 
Tais processo exógenos me que há ação física e química dos diferentes atores 
ali envolvidos (chuvas e ventos, por exemplo) são chamados de intemperismo ou 
meteorização. 
 
Intemperismo é o processo de desgaste de uma superfície (ou modificação 
de sua estrutura física) pela ação das condições climáticas numa dada 
região. Intemperismo pode acontecer através da ação mecânica ou química 
do agente envolvido na modificação dessa superfície. 
Enquanto que o intemperismo físico acontece pela fragmentação progressiva das 
rochas que ficam mais expostas à superfície e à ação dos agentes atmosféricos 
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(ventos e chuvas, por exemplo), o intemperismo químicoacontece a partir da 
reação química da água das chuvas sobre os materiais que compõem essas 
rochas, modificando suas características físico-químicas. 
Pela ação contínua do intemperismo físico e químico, as diferentes formas do 
relevo vão sendo modificadas permanentemente, mas não perceptível pela 
escala de tempo da vida humana, mas sim na escala de séculos, milênios. 
As unidades de relevo do Brasil 
Considerando os movimentos das placas tectônicas e a localização do Brasil 
sobre uma delas; a placa Sulamericana (Figura 06), o relevo brasileiro tem uma 
relação direta com o movimento dessa placa em relação às placas que estão em 
contato nas suas bordas leste e oeste, seja como condição de soerguimento de 
cadeias montanhosas, representadas diretamente pelos dobramentos antigos, 
ou pela formação dos escudos e bacias sedimentares. 
 
Figura 06: Posição das placas tectônicas da Terra, 
com destaque à placa Sulamericana (A) onde está 
localizado o Brasil e a placas vizinhas de Nasca (B) e 
placa Africana (C). 
Embora seja direta a ação das placas tectônicas na formação do relevo brasileiro, 
ele também vem sendo moldado pelos permanentes desgastes erosivos que 
sempre aconteceram ali desde o começo da história do planeta. Isso faz com que 
esses relevos estejam sendo sempre remodelados de acordo com cada período 
da história da Terra. 
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Grandes e pequenos relevos do mundo são produtos de um mecanismo de 
forças endógenas e exógenas naturais do planeta. 
Além das forças endógenas e forças exógenas, a ação do homem também 
é atuante. A frequência, a intensidade e a magnitude dessas forças e da 
ação do homem agem sobre uma dada superfície. 
De modo geral e de acordo com as macroformas estruturais já descritas 
anteriormente, o relevo do Brasil é composto por bacias sedimentares, por faixas 
de dobramentos, e por crátons. 
Quando essas macroformas foram separadas em grupos de relevo por 
semelhança em relação aos diferentes processos de formação, foram definidos 
três tipos de unidades geomorfológicas, ou de relevo. São elas: unidades de 
planaltos, unidades de depressões e unidades de planícies; e que também são 
conhecidas como unidades morfoestruturais (Figura 07). 
 
Figura 07: Mapa das unidades morfoestruturais do 
Brasil. 
Em linhas gerais, essas unidades morfoestruturais apresentam as seguintes 
características: 
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▪ Unidades de planaltos: áreas que têm suas formas vinculadas a 
processos erosivos (intemperismo) que impuseram formas 
residuais registradas nessas superfícies (Figura 08); 
 
Figura 08: Exemplo do tipo de relevo classificado 
como planalto. 
• Unidades de depressão; áreas em que as altitudes são inferiores às 
paisagens circundantes (Figura 09x); 
 
Figura 09: Exemplo do tipo de relevo classificado 
como depressão. 
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• Unidades de planícies: áreas em que o processo de deposição de 
sedimentos é superior ao de erosão, ou seja, recebe mais material 
erodido das partes superiores do que perde em direção às partes 
mais baixas. São regiões que se caracterizam-se por serem mais 
planas e pouco acidentadas (Figura 10). 
 
Figura 10: Exemplo do tipo de relevo classificado 
como planície. 
O que será visto na próxima aula 
Os principais agentes modificadores dos relevos no planeta Terra estão 
associados às forças endógenas e exógenas, em que as forças endógenas 
movem as placas tectônicas que se chocam, de diferentes modos (reveja 
Capítulo 05) e as forças exógenas (ativadas pelos fenômenos do clima) também 
assumem parte da responsabilidade na ação de modificar, de esculturar esse 
mesmo relevo. 
Considerando os fenômenos do clima como sendo agentes endógenos 
modificadores do relevo, esses fenômenos também são a base de sustentação 
das diferentes formas de vida aqui a Terra e nesta perspectiva. Nesta direção, no 
próximo capítulo (Unidade 8) serão apresentados os principais aspectos do clima 
como parte importante do sistema ambiental e necessários para a formação do 
profissional Geógrafo.

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