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Indaial – 2020 EquipamEntos E Cargas Prof.a Luciana Demarchi 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Luciana Demarchi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: D372e Demarchi, Luciana Equipamentos e cargas. / Luciana Demarchi. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 231 p.; il. ISBN 978-65-5663-095-3 1. Equipamentos portuários. – Brasil. 2. Equipamentos. – Brasil. 3. Cargas. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 380 III aprEsEntação Acadêmico, seja bem-vindo! Em um mundo cada vez mais globalizado, as relações comerciais se tensionam e expandem. É vital que se desenvolva e atinja, de forma rápida e concisa, a eficiência e a eficácia nos processos logísticos objetivando a agregação de valores à cadeia logística e a mantença da competitividade. Visando contribuir para a formação profissional sólida, esta disciplina tem como objetivos apresentar os conceitos dos equipamentos e cargas dos portos e suas estruturas e classificação para o seu funcionamento. Conhecer as ferramentas e tecnologias que melhoram a movimentação de cargas nos portos. Conhecer as instalações e equipamentos portuários, como máquinas e equipamentos em relação ao seu funcionamento. Conhecer e analisar estratégias para terceirização, bem como a colaboração e cooperação dos fornecedores nos processos de movimentação e cargas. O material didático também conta com vídeos, fóruns, objeto de aprendizagem que estão no AVA. Acadêmico, é importante que você utilize todas os recursos didáticos-pedagógicos para desenvolver seus conhecimentos. Pronto? Então trilharemos, juntos, mais este caminho de conhecimento! Bons estudos! Prof.a Luciana Demarchi IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS ...................1 TÓPICO 1 – CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS .....................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: CONCEITOS ............................................................................3 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS CARGAS ...................................................................................................5 3 PRINCÍPIOS DA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E MATERIAIS ..........................................8 4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA A MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS .....................16 4.1 CENTRO DE GRAVIDADE (CG) ..................................................................................................24 4.2 PRINCÍPIO DA ALAVANCA ........................................................................................................25 4.3 ALAVANCA E ESTABILIDADE ....................................................................................................25 4.4 TAXA DE INCLINAÇÃO ...............................................................................................................26 4.5 FATORES DE ESTABILIDADE FRONTAL .................................................................................26 4.6 ATORES DE ESTABILIDADE TRASEIRA ...................................................................................26 4.7 LIMITAÇÕES DE CAPACIDADE .................................................................................................26 4.8 BASES PARA AS CAPACIDADES TABELADAS .......................................................................27 4.9 COMPONENTES QUE PODEM FALHAR POR SOBRECARGA ...........................................28 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................42 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................43 TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DE CARGAS PARA MOVIMENTAÇÃO .......................................45 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................45 2 SEPARAÇÃO DE CARGA ..................................................................................................................45 3 PEAÇÃO E ESCORAMENTO DE CARGA .....................................................................................49 3.1 PEAÇÃO: O QUE É? ......................................................................................................................49 3.2 ESCORAMENTO ............................................................................................................................50 3.3 SISTEMA DE LINGADAS ..............................................................................................................51 4 AVARIAS DAS CARGAS....................................................................................................................52 4.1 CLASSIFICAÇÃO DE AVARIAS ..................................................................................................53 4.2 SITUAÇÕES QUE PODEM LEVAR À AVARIA ..........................................................................54 4.3 MEIOS DE REDUZIR OU ATENUAR AVARIAS NA CARGA GERAL ..................................55 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................58 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................59 TÓPICO 3 – CARGAS .............................................................................................................................61 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................612 MANUSEIO DE CARGA PERIGOSA ..............................................................................................61 2.1 O IMDG CODE E A ESTIVA DE CARGAS PERIGOSAS ..........................................................62 3 CARGA A GRANEL, SOLTA E CONTEINERIZADA ..................................................................78 4 PLANO DE CARGA E BAY PLAN .....................................................................................................82 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................86 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................89 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................90 sumário VIII UNIDADE 2 – EQUIPAMENTOS PORTUÁRIOS ............................................................................93 TÓPICO 1 – EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NAS OPERAÇÕES PORTUÁRIAS .................95 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................95 2 EQUIPAMENTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS NO PORTO ..............................95 2.1 SAFETY WORK LOAD (SWL) (CARGA DE RUPTURA/FATOR DE SEGURANÇA) ..........97 2.2 EQUIPAMENTOS DE CONTRA-PESO (COUNTERBALANCED) .........................................99 2.3 EQUIPAMENTOS DE PÓRTICO ................................................................................................100 2.3.1 Componentes de um pórtico ..............................................................................................101 2.3.2 Tipos de pórtico ...................................................................................................................104 2.4 SEMIPÓRTICOS .............................................................................................................................108 2.4.1 Semipórtico rolante ..............................................................................................................108 2.4.2 Semipórtico univiga .............................................................................................................108 2.4.3 Semipórtico dupla viga .......................................................................................................109 3 TERNOS ...............................................................................................................................................109 4 VIDA ÚTIL DOS EQUIPAMENTOS ..............................................................................................110 5 BALANÇO ROLL ................................................................................................................................110 5.1 GUINDASTES OFFSHORE ..........................................................................................................114 5.2 OPERAÇÃO DO GUINDASTE EM FPSO (FLOATING PRODUCTION, STORAGE AND OFFLOADING) ...................................................................................................................117 6 DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS .......................................................................122 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................130 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131 TÓPICO 2 – EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇAÕ VERTICAL (SHORE EQUIPMENT) ..................................................................................................133 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................133 2 MODELOS DE OPERAÇÃO ............................................................................................................133 3 EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO VERTICAL (SHORE EQUIPMENT) ................134 3.1 DESCARREGADORES DE NAVIO (SHIP UNLOADER) ......................................................137 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139 TÓPICO 3 – EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO HORIZONTAL .................................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 TRANSFERÊNCIA DE ENCOSTADO ...........................................................................................141 3 EQUIPAMENTOS DE ESTOCAGEM ............................................................................................143 4 EQUIPAMENTOS DE TRANSFERÊNCIA E ESTOCAGEM DE CARGAS ...........................144 5 IMPLEMENTOS .................................................................................................................................145 5.1 MOITÃO OU GATO E BOLA PESO ..........................................................................................145 5.2 CAÇAMBA GRAB ........................................................................................................................146 5.3 CAÇAMBA DE GARRAS .............................................................................................................146 5.4 SPREADER .....................................................................................................................................147 5.5 FERROLHO ....................................................................................................................................148 5.6 LINGA .............................................................................................................................................148 5.7 CABOS DE AÇO ............................................................................................................................154 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................156 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................165 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166 IX UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS PORTUÁRIAS, CARGAS, EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E SERVIÇOS ........................................................................................169 TÓPICO 1 – GESTÃO PORTUÁRIA DE EFICIÊNCIA .................................................................171 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171 2 GESTÃO PORTUÁRIA DE EFICIÊNCIA .....................................................................................172 2.1 MODELOS DE GESTÃO PORTUÁRIA .....................................................................................176 3 AVALIAÇÃO DINÂMICA DE CAPACIDADE E DESEMPENHO DE TERMINAIS PORTUÁRIOS .....................................................................................................................................187 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................189 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................190 TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE AQUISIÕES DE MATERAIS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS: TERCEIRIZAÇÃO/QUARTEIRIZAÇÃO ...........................................1911 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................191 2 ESTRATÉGIAS DE AQUISIÕES DE MATERAIS E EQUIPAMENTOS – STRATEGIC SOURCING ..........................................................................................................................................191 2.1 O QUE É STRATEGIC RESSOURCING? ....................................................................................192 2.2 RFI, RFP E RFQ: INSTRUMENTOS DE APOIO À DECISÃO DO COMPRADOR .............195 2.3 DEFINIR O CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DAS RFQ’S E AS PROPOSTAS TÉCNICAS .....196 2.4 ANÁLISE E EQUALIZAÇÃO DAS PROPOSTAS COMERCIAIS ..........................................196 3 TERCEIRIZAÇÃO/QUARTEIRIZAÇÃO E SUBCONTRATAÇÃO DA MÃO DE OBRA...198 3.1 O QUE É TERCEIRIZAÇÃO? .....................................................................................................198 3.2 O QUE É QUARTEIRIZAÇÃO OU TERCEIRIZAÇÃO GERENCIADA? ............................202 3.3 SUBCONTRATAÇÃO ...................................................................................................................204 3.4 CUIDADOS FAZER TERCEIRIZAR OU QUARTEIRIZAR ....................................................205 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................209 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................210 TÓPICO 3 – NORMAS PORTUÁRIAS: EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E CARGAS .........211 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................211 2 LEIS PORTUÁRIAS ...........................................................................................................................211 2.1 LEI N° 12.815 ..................................................................................................................................213 2.2 DECRETO N° 9.048/2017 ..............................................................................................................215 3 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO .........................................................216 3.1 NR 11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS ..............................................................................................................................217 3.2 NR 12 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS ..............................................................................................................................218 3.3 NORMA REGULAMENTADORA 29 (NR-29) .........................................................................219 3.4 RISCOS À SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR ...................................................221 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................223 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................224 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................225 X 1 UNIDADE 1 CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os conceitos e princípios de cargas e movimentação de cargas, bem como os equipamentos para a movimentação; • conhecer os processos de estivagem de carga; • conhecer e identificar as classes de cargas perigosas e os cuidados com seu manuseio; • identificar e analisar possíveis situações que podem causar avarias nas cargas; • conhecer e identificar questões de estabilidade e centro de gravidade dos equipamentos e cargas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DE CARGAS PARA MOVIMENTAÇÃO TÓPICO 3 – CARGAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 1 INTRODUÇÃO O processo produtivo em uma empresa requer um fluxo de materiais constante, que se estende desde a entrada dos insumos, passando pelos processos de armazenagem e modificação e até o seu envio rumo ao seu destino. Todas essas etapas devem agregar valor ao produto, por isso, todo o processo deve ser pensado, planejado e controlado. Da mesma forma, quando a carga sai da empresa e segue ao seu destino, ela deve seguir um planejamento visando agregar valor e evitar perdas. É preciso conhecer a natureza da carga, por qual material ela é composta, qual seu peso, e, assim, verificar quais equipamentos e acessórios são mais adequados para a ação de movimentar as cargas. Um erro na análise desses fatores pode levar a uma situação de avaria na carga ou ainda de um acidente. Neste tópico, portanto, compreenderemos os conceitos que envolvem o processo de movimentação de cargas. 2 MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: CONCEITOS Primeiramente, é importante estabelecermos uma diferenciação entre materiais e cargas. Podemos entender materiais como sendo “qualquer coisa, qualquer material, volume ou carga unitizada, em qualquer forma – sólido, líquido ou gasoso” (MOURA, 2010, p. 19). Agora, a carga “inclui uma unidade de transporte de carga e significa uma carga sobre rodas, veículos, contêineres, paletes planos, tanques portáteis empacotados, ou outras cargas e equipamentos de carga ou suas partes, que pertencem ao navio e que não estejam fixos ao navio” (HOUSE, 2005, p. 1-2). Por exemplo: UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 4 FIGURA 1 – MATERIAL: CAFÉ FONTE: <https://www.cb87.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Conhe%C3%A7a-os-tipos-de- gr%C3%A3os-de-caf%C3%A9.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. FIGURA 2 – CARGA DE CAFÉ FONTE: <http://correiodosul.com/wp-content/uploads/2016/06/sacas-cafe-c1.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. Então, a carga unitizada pode ser compreendida como “uma unidade que pode ser movimentada ou armazenada como uma entidade única de uma única vez. Envolvem pallets, contêineres ou sacolas e independem do número de itens individuais que compõe a carga” (KUTZ, 2009, p. 4). Essa organização dos materiais de modo que fiquem acondicionados adequadamente para a movimentação em uma única unidade, é o que chamamos de unitizar a carga. A carga, portanto, é caracterizada pela unitização de itens menores. São unidades com dimensões semelhantes compostas por um ou mais itens, visando facilitar o transporte e o armazenamento. As cargas, portanto, efetivamente não deixam de ser materiais. Esse raciocínio nos permite diferenciar o que é uma ‘carga’ e o que é um ‘material’ (ABRAÇADO, 2013, p. 11). Os principais métodos de unitização de carga, apontado por Nascimento (2014) são: amarrados, paletização, pré-lingado, big bag e conteinerização. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 5 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS CARGAS A seguir, veremos como as cargas podem ser classificadas, segundo Nascimento (2014): a) Classificação geral: • Carga solta ou fracionada: quando embarcados volume por volume, por exemplo: caixas, sacos, fardos, cartões, tambores, bobinas de papel etc. • Unitizadas: paletes (amarrados), (atados) (skids), slings (estropos) – marine sling, contêineres, big bag. A carga geral é transportada em navios denominados de carga geral, que, podem ser: • Convencionais: carga fracionada, amarrada ou paletizada. • Porta-contêineres: carga estufada emcontêineres. • Lash: lighter aboard ship. • Porta-barcaças: para carga em barcaças. b) Classificação das cargas quanto à incompatibilidade: • Carga geral e a granel: esses tipos de cargas não podem ser misturados, devendo ser acondicionadas em espaços, compartimentos distintos. Se, contudo, não for possível esse tipo de separação, é necessário providenciar um transversal que pode ser de madeira compensada. Pode-se separar também a carga geral, do granel, isolando-se uma da outra por forração de lona de PVC. • Cargas leve e pesada: normalmente, as cargas leves são mais frágeis e não deverão ser estivadas embaixo das cargas pesadas. Estiva (stowage): movimentação da mercadoria desde o momento em que está suspensa paralelamente ao costado do navio até que esteja definitivamente estocada a bordo, de forma que não possa sofrer deslocamentos, danos ou deteriorações, ocupando o menor espaço possível e colocada de maneira que a sua posterior movimentação seja simples de se efetuar (DICIONÁRIO DE LOGÍSTICA ON-LINE, 2020). NOTA • Cargas frágeis e fortes: usando o bom senso, devemos estivar as cargas frágeis em cima das cargas fortes, mas devemos ficar atentos e verificar se há ou não incompatibilidade entre as cargas. • Carga úmida: podem vazar, correr e assim avariar outras cargas. Desta forma é interessante que sejam estivadas no piso do porão. Alguns exemplos: tambores de tintas, de óleo vegetal e o açúcar. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 6 • Carga seca: não podem entrar em contato com água ou umidade. Podemos citar alimentos como café, arroz, farinha, como também confecções e papel. • Carga limpa: não podem entrar em contato com sujeira e/ou umidade, o que poderá contaminá-las ou avariá-las, como, por exemplo, as bobinas de papel que facilmente podem ser afetadas tanto por sujeiras quanto pela umidade. • Carga suja: é toda carga que desprende poeira, por exemplo, o carvão e a areia. • Carga higroscópica: trata-se da carga que desprende umidade. Por exemplo: sal, que por sua composição química desprende umidade. • Carga odorífera: trata-se da carga que desprende odor, por exemplo: produtos químicos como o cloro, a amônia e ainda alguns produtos alimentícios como o cacau. • Carga alimentícia: demanda um processo de estiva mais cuidadoso, pois destina-se ao consumo humano. Muita atenção para que não seja contaminada por outras cargas. • Carga que requer quarentena: estão sob suspeita e as autoridades exigem um período determinado para que sejam feitos análises e testes para verificar se a carga pode ou não ser descarregada. • Carga perigosa: já por sua natureza devem ser acondicionadas e ter o seu grau de perigo sinalizado em suas embalagens indicando pelo Código Internacional da IMO. Assim poderá ser dado o devido cuidado durante o seu manejo e transporte. Acadêmico, a IMO é a sigla para Organização Marítima Internacional. Trata- se de um órgão das ONU que é responsável pela segurança e proteção da navegação e proteção do mar em relação à contaminação. Acesse o link: http://www.imo.org/es/About/ Paginas/Default.aspx. DICAS • Carga venenosa: temos também uma classificação para cargas venenosas que são especificadas na SOLAS. É vital ter o conhecimento dessas regras para executar um manuseio da carga, bem como seu acondicionamento no navio, de forma segura. Carga também pode ser entendida como “uma mercadoria que, ao ser transportada por qualquer veículo, paga frete, sendo este uma remuneração dos serviços prestados na condução/transporte das mercadorias de um ponto para o outro” (NASCIMENTO, 2014, p. 13). TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 7 Neste livro didático vamos, de acordo com o autor Abraçado (2013), compreender por “carga” as unidades de cargas que envolvem um ou mais materiais. Encontramos na literatura acadêmica autores que utilizam a expressão “movimentação de materiais” para designar toda a movimentação de materiais dentro das fábricas, da planta fabril e “movimentação de carga” em relação ao transporte marítimo e aos projetos de terminais de contêineres (ABRAÇADO, 2013). Unitização: é importante compreendermos que toda movimentação de materiais ou de carga gera custos. Assim, quanto maior a quantidade de carga que é possível mover em uma única “viagem”, tanto menor será o nosso curto. Aqui nos encontramos com questões simples de contabilidade. Devemos realizar o cálculo do custo unitário da movimentação da carga movimentada. Ao chegarmos a este valor, podemos perceber que, conforme usamos a capacidade total de movimentação, podemos diminuir os custos totais da operação de movimentação da carga. Veremos um exemplo ilustrativo: Uma empilhadeira possui a capacidade de transporte máximo de carga de 200 quilos de um determinado material X. A quantidade total a ser movimentada do material X é 600 quilos. O custo unitário da movimentação da carga é de R$10,00 por movimentação do ponto de origem até o ponto de destino. Se o material for unitizado em embalagem adequada que comporte a quantidade de material mais próxima a 200 quilos, a tendência é que a movimentação ocorra em um menor número de vezes, o que ocasiona um menor custo de movimentação possível. Veja a tabela: TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA E O SEU CUSTO TOTAL FONTE: A autora Quantidade total de material a ser transportado (em quilos) Capacidade máxima da empilhadeira por movimentação (em quilos) Carga carregada Quantidade de viagens necessárias Custo Unitário Custo Total 600 200 200 3 R$ 10,00 R$ 30,00 150 4 R$ 40,00 100 6 R$ 60,00 50 12 R$ 120,00 UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 8 FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA E O SEU CUSTO TOTAL FONTE: A autora Desta forma, pode-se chegar a um grau maior de eficiência. 3 PRINCÍPIOS DA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E MATERIAIS Ao compreendermos a movimentação de carga como sendo um conjunto de operações que resulta na mudança de posição de coisas, o que demanda esforço e planejamento, pois toda movimentação gera custos e riscos. Então, temos que, antes de realizar qualquer ação, refletir e planejar a movimentação. O primeiro passo é entender, segundo Moura (2010), que a movimentação pressupõe uma relação entre Tempo, Movimento, Lugar, Quantidade e Espaço. Nessa relação, temos: • O material do qual a carga é composta (seu volume ou carga unitizada, em qualquer forma: sólida, líquida ou gasosa). • A quantidade a ser movimentada em relação à demanda das operações. • O tempo, a carga ou o material devem estar disponíveis no momento exato em que ela é necessária seja para operação, ou no seu destino. Com relação ao lugar, a carga deve estar no lugar certo, esperado, apropriado. Estocagem: antes dos materiais comporem uma carga, eles são muitas vezes, estocados. Se esse processo não for bem feito, em espaço adequado a cada forma e especificidade de material, acondicionado de forma correta, pode ocasionar danos e perdas. Desta forma, além de um bom planejamento, é importante que seja feito um controle cuidadoso de todo o processo de movimentação de cargas. Podemos perceber que o processo de movimentação de cargas ou materiais exige muita atenção e empenho antes durante o processo. Assim, é importante seguir a orientação de alguns princípios que visam contribuir para um processo de movimentação mais eficiente e eficaz, tanto economicamente quanto em termos de segurança. Veremos esses objetivos, segundo o entendimento de Moura (2010): TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 9 • Princípio do planejamento: é necessário determinar o melhor método do ponto de vista econômico, para a movimentação de materiais, considerando-se as condições particulares de cada operação. Isso implica em pensar o layout e a disposição das cargas e materiais, bem como os equipamentos que devem ser usados para a movimentação. Porexemplo: Veículos industriais; Equipamentos de elevação e transferência; transportadores contínuos; embalagens; recipientes e unitizadores; Estruturas para armazenagem. Atenção: todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente na utilização dos equipamentos devem participar na elaboração do planejamento. Esse planejamento demanda trabalho em equipe, pois o processo de movimentação envolve clientes internos e externos, área de tecnologia entre outros. É vital que todo o processo de planejamento seja devidamente documentado e compartilhado entre as partes interessadas para que possa ser implantado. • Princípio do sistema integrado: devemos planejar um sistema que integre o maior número de atividades de movimentação, coordenando todo o conjunto de operação. A identificação e o sistema de controle do material e da carga devem garantir o seu rastreio em todo o processo de movimentação. • Princípio do fluxo de materiais: pensar a direção e a trajetória da carga ou dos materiais, pode significar, ou não, a economia de tempo e recursos financeiros. Aqui é importante estudar as menores distâncias e os movimentos e trajetórias corretos. Por exemplo, a menor distância entre dois pontos sempre será uma linha reta. Por exemplo: imagine você no comando no cargueiro que se encontra no ponto A e deve atracar no porto que fica no ponto C. Há várias rotas possíveis, mas qual é a mais rápida? Usaremos a boa e velha geometria para nos ajudar a pensar este problema: se nos movermos até o ponto B e depois irmos ao ponto C, vamos ter percorrido 5 km. FIGURA 4 – MENOR DISTÂNCIA A SER PERCORRIDA FONTE: A autora UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 10 Porém, se formos em linha reta do ponto A ao ponto C, vamos percorrer apenas 3,61 km. Sem dúvida, a menor distância. É possível assim estabelecer uma economia no tempo e no combustível empregados na movimentação. • Princípio da simplificação: esse princípio nos alerta para evitarmos movimentos desnecessários, bem como a otimizar a utilização de equipamentos. Como assim? Trata-se de realmente aplicar o bom senso, evitando movimentos desnecessários, lembra do item acima, pensar na melhor rota? Com relação à otimização dos equipamentos, pode-se pensar em processos que aproveitem a mesma máquina. • Princípio da gravidade: aproveitar a força natural da gravidade para mover a carga. Essa prática garante maior economia. Exemplo: o sistema funicular utilizado no modal ferroviário. O sistema ligava Alto da Serra (Paranapiacaba) ao pé da Serra, num percurso de 8 km, vencendo a altitude de quase 800 m da Serra do Mar. A composição que descia a serra tracionava o trem que subia, através de cabos de aço, fazendo, assim, um contrapeso uma para a outra. • Princípio da utilização dos espaços (Princípio da verticalização): o aproveitamento dos espaços verticais contribui para o descongestionamento das áreas de movimentação e a redução dos custos da armazenagem. Devemos ter bem claro que o espaço que utilizamos para movimentar as cargas é tridimensional, ou seja, possui altura largura e profundidade. Utilizar os espaços aéreos para movimentação representa a possibilidade de otimizar o processo. • Princípio do tamanho da carga (Unitização): quanto maior a quantidade de materiais puder ser organizada e agrupada em unidades maiores, tanto melhor, mais otimizado e econômico será o processo de movimentação e das cargas. Assim, podemos perceber que a economia está relacionada ao tamanho da carga. Contudo, é preciso usar de critérios rígidos para definir o tamanho ideal para cada tipo de material a ser movimentado, para que não ocorram problemas e perdas. Devemos estar atentos aos processos de segurança. • Princípio da segurança: a atenção dada às questões de segurança proporciona um aumento da produtividade, posto que se evita entre outras coisas, o retrabalho, perdas de materiais, desperdício de tempo, por exemplo. Segundo Moura (2010), algumas fontes de acidentes durante a movimentação de materiais ocorrem em virtude de: ◦ Condições inseguras (natureza sistêmica): equipamentos de proteção inadequados; Equipamentos defeituosos; Arranjos perigosos (pilhas de materiais, cargas mal organizadas nos veículos etc.). ◦ Ações inseguras (natureza humana): operar equipamentos sem possuir autorização ou competência para tal; Ultrapassar a velocidade permitida ao conduzir equipamentos; não fazer uso dos dispositivos de segurança; utilizar equipamentos sem a devida manutenção; assumir postura perigosa, por exemplo, utilizar o celular enquanto opera um guindaste ou empilhadeira; desrespeito as instruções e normas; falta de experiência ou conhecimento necessários. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 11 As Normas de Segurança devem ser seguidas e controladas, ou seja, deve-se ter um sistema de controle para garantia do cumprimento das Normas. IMPORTANT E O Brasil possui Normas Reguladoras (NR) que contém uma série de requisitos e procedimentos em relação à segurança e a medicina do trabalho. A observância dessas normas é obrigatória e a sua não observância acarreta sanções. Quem deve observas as NRs? Todas as empresas do ramo privado, público e os órgãos do governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entre outras, temos: • NR 11 – que regulamenta o Transporte, Armazenagem e Manuseio de Materiais. • NR 12 – que trata da Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. • NR 18 – que regulamenta as Condições e Meio ambiente de Trabalho na Indústria de Construção. • NR 34 – que regulamenta as Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Ind. da Construção e Reparação Naval. Todo profissional deve estar ciente e cumprir as determinações da NR. Como as normas passam por atualizações de tempos em tempos, é importante que você acesse o site do governo para se atualizar em relação às normas regulamentadoras. • Princípio da mecanização – automação: os equipamentos mecânicos utilizados de forma correta e em bom estado de manutenção reduzem custos, economizam tempo e otimizam o processo de movimentação de cargas. • Princípio da seleção de equipamento: é natureza do material importante saber fazer a escolha correta dos equipamentos e acessórios para a movimentação das cargas. Para isso, deve-se levar em conta os seguintes pontos: ◦ A natureza do material a ser movimentado (se é solido, líquido, gasoso, por exemplo). ◦ A periculosidade que o material apresenta (inflamável, tóxico etc.). ◦ O espaço a ser utilizado para a movimentação e as condições do ambiente. ◦ Os movimentos que devem ser feitos. ◦ E, por fim, os métodos a serem empregados. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 12 Acesse o link a seguir e verifique alguns acidentes ocasionados quando não se faz um cuidadoso estudo antes de mover as cargas: https://www.youtube.com/ watch?v=tIi8VSjEXkI. DICAS • Princípio da padronização: a padronização acontece após uma cuidadosa análise comparativa entre os métodos de trabalhos. De forma simples, o melhor método de trabalho é padronizado e replicado. • Vantagens da padronização: ◦ Com relação aos equipamentos de movimentação: evita a existência de diferentes marcas e tipos de equipamentos para as categorias, evitando diferenças de potência e qualidade, por exemplo, o que pode influenciar no desempenho da movimentação. ◦ Uniformiza-se os métodos e as técnicas otimizando os treinamentos. ◦ A uniformização também beneficia a ação dos trabalhos de manutenção. ◦ Há uma tendência na redução dos custos, dentre outras vantagens. Moura (2010) ressalta a importância de se padronizar processos, métodos e equipamentos. • Princípio da flexibilidade: “procurar sempre equipamentos versáteis, pois o seu valor é diretamente proporcional a sua flexibilidade” (MOURA, 2010, p. 101). • Quanto mais versátil e adaptável for o equipamento, mais adaptativo ele será às necessidades diversas na movimentação das cargas.Isto implica também na redução de custos. • Princípio do peso morto: “quanto menor for o peso próprio do equipamento móvel, em relação a sua capacidade de carga, mas econômicas serão as condições operacionais” (MOURA, 2010, p. 101). O autor ressalta que, ao se adquirir um equipamento, deve-se observar a sua capacidade de transporte de carga, em relação ao seu peso ou tara. Por exemplo, um caminhão que pesa 3 toneladas possui uma capacidade de transportar até 9 toneladas. Isso significa uma capacidade de movimentação da ordem de 3:1 (3 toneladas de carga transportada para cada 1 tonelada de peso morto do caminhão). Aqui, Moura (2010) ainda chama a atenção para a questão da fadiga. Tanto a máquina quanto a pessoa que a opera devem possuir tempo adequado de repouso para evitar a fadiga e manter a produtividade. Para isso, é importante que se tenham controles de fadiga de equipamentos que sejam simples de manusear. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 13 • Princípio do tempo ocioso: “reduzir tempo ocioso ou improdutivo tanto do equipamento quanto da mão de obra empregada na movimentação de materiais” (MOURA, 2010, p. 101). • A programação do processo de movimentação das cargas (quais cargas mover, quando mover, para onde mover, quantidade a ser movida, equipamentos e acessórios a serem usados etc.) deve ser rigorosa. Assim pode-se evitar o desperdício de tempo. • Princípio da movimentação: “o equipamento projetado para movimentar materiais deve ser mantido em movimento” (MOURA, 2010, p. 104). • Uma vez que a carga está em movimento, ela deve ser conduzida até seu destino sem interrupção ou parada. O autor indica a ponte rolante como um equipamento de movimentação adequado para o transporte de cargas com maior peso. • Princípio da manutenção: “planejar a manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos de movimentação” (MOURA, 2010, p. 105). A falta de manutenção ou, ainda, a falta de planejamento e programação da manutenção podem representar atrasos e implicar em custos financeiros. A manutenção é um importante fator estratégico para a obtenção dos objetivos. Acadêmico, a seguir, apresentamos duas sugestões de leituras importantes. São estudos realizados sobre a manutenção em equipamentos de movimentação de cargas em portos. Texto 1: Gestão da Manutenção de Equipamentos Portuários, link: http://portaldo conhecimento.gov.cv/handle/10961/3901. Texto 2: Aplicação de manutenção centrada na confiabilidade em uma sapata pantográfica automatizada de um sistema de eletrificação de um pórtico sobre pneus, link: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/13909. DICAS • Princípio da obsolescência: “substituir os métodos e equipamentos de movimentação obsoletos quando métodos e equipamentos mais eficientes vierem a melhorar as operações” (MOURA, 2010, p. 106). Tão importante quanto a manutenção é a ação de trocar equipamentos ou processos que estejam ultrapassados. Agora, essa ação não deve acontecer por acaso, ela deve ser resultado de um programa de melhoria contínua. Então, é necessário que haja uma série de ações e normas (políticas) que cuidem de gerar informações de desempenho e melhorias contínuas. Uma importante ferramenta que auxilia neste processo de melhoria (que implica em manutenção ou em troca de processos ou maquinários) é o PDCA. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 14 Acadêmico, a seguir, temos uma sugestão de leitura que trata da aplicação da ferramenta PDCA em um processo de manutenção e melhoria de um equipamento de movimentação de carga portuária. Texto 1: A utilização do ciclo PDCA para melhoria da qualidade na manutenção de shuts. Link: http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/IJIE/article/view/v9n1803 DICAS • Princípio do controle: “empregar o equipamento de movimentação de materiais para melhorar o controle de produção, controle de estoques e preparação de pedidos” (MOURA, 2010, p. 106). Como a movimentação das cargas é feita de forma mais linear possível (menor distância entre dois pontos é uma linha reta) e sem paradas, essas ações auxiliam no controle da carga transportada. • Princípio da capacidade: “usar equipamentos de movimentação para auxiliar a atingir a plena capacidade de produção” (MOURA, 2010, p. 107). A movimentação de carga deve incrementar, agregar valor ao processo logístico e produtivo. Os materiais devem ser unitizados em cargas, acondicionados adequadamente em relação à natureza do material, peso e altura ideais; depois então movimentados para o local de destino na melhor trajetória e tempo possível. Essas ações auxiliam a empresa ou a logística a incrementar os processos produtivos. • Princípio de desempenho: “determinar a eficiência do desempenho da movimentação de materiais em termos de custo por unidade movimentada” (MOURA, 2010, p. 107). Como já vimos anteriormente, quanto maior a quantidade de carga movimentada, maior será a economia e menor será o custo total da movimentação. Com base nesses princípios, Moura (2010) estabeleceu uma série de axiomas que são necessários para se realizar os processos de análise, planejamento e gerenciamento das atividades e sistemas de movimentação. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 15 Axiomas, palavra derivada do grego axios. Significa algo que é digno ou válido. Trata-se de verdades inquestionáveis que são universalmente válidas, e que, muitas vezes são utilizadas como princípios na construção de uma teoria ou como base para uma argumentação. NOTA Conheceremos os AXIOMAS, conforme Moura (2010, p. 109): 1 A máxima economia é obtida em movimentação de materiais pela minimização do tempo de utilização dos equipamentos. 2 A economia na movimentação de materiais é obtida quando o tamanho das unidades de carga é aumentado. 3 A economia na movimentação de materiais é determinada pelo desempenho medido pela despesa por unidade de material movimentado. 4 A determinação das melhores práticas sob condições particulares é necessária para a máxima economia. 5 Maior economia é obtida quando equipamentos e métodos são substituídos por novos, se o investimento na substituição é excedido pela economia obtida dentro de um tempo razoável. 6 Maior economia de movimentação de materiais é obtida pelo uso de equipamentos e métodos que são capazes de uma variedade de usos e aplicações. 7 Maior economia é obtida quando a velocidade da movimentação de materiais é aumentada, desde que o custo desse aumento seja excedido pela economia obtida. 8 Maior economia é obtida quando a razão entre o peso morto e a carga é reduzida. 9 A produtividade do equipamento aumenta com o uso de acessórios e outros componentes mais bem situados para as diversas condições de operação. 10 A produtividade do equipamento aumenta quando as condições de segurança no trabalho são respeitadas. 11 A produtividade do equipamento aumenta com a utilização de manutenção preventiva. 12 Maior economia na movimentação é obtida se os materiais são movidos em linha reta. 13 A produtividade do homem aumenta se o cansaço for reduzido pela utilização de equipamentos mecânicos e outros recursos. 14 O custo por unidade de carga é reduzido com o aumento das quantidades a serem movimentadas. 15 O custo por unidade de carga é elevado quando a quantidade a ser transportada excede a capacidade. Esses axiomas devem ser levados em conta quando se busca soluções para problemas de movimentação que conciliem a máxima eficiência operacional com a maior economia de aquisição, instalação e serviço. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 16 4 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA A MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS A Logística é um importante elemento na estratégia da organização, não somente como fator de vantagem competitiva, mas como elemento fundamental para a existência e permanência da organização no mercado. Então, é necessário estar em constante movimentode aprendizagem e revendo processos e equipamentos. Olharemos de uma forma mais específica para a questão de movimentação das cargas em relação aos maquinários utilizados nesta ação. Neste tópico, veremos os equipamentos de movimentação de cargas de uma forma geral e, na Unidade 2, veremos mais especificamente os equipamentos portuários de movimentação de cargas. Com o avanço tecnológico e o aumento do fluxo de materiais e cargas é necessário que se invista em dois fatores alicerçantes: 1- Investimento em treinamento e qualificação para a operação: ter a melhor tecnologia ou maquinários não significa necessariamente ter os melhores resultados em eficiência nos processos e ações. Por isso é vital o investimento na qualificação permanente dos profissionais. 2- Investimento em equipamentos para movimentação de cargas e materiais: temos uma gama de equipamentos para movimentação da carga que variam entre equipamentos manuais aos equipamentos que são automatizados. Qual equipamento escolher para minha operação? Para responder a essa questão, devemos analisar os fatores abaixo descritos e escolher o equipamento que seja mais adequado: • A carga a ser movimentada (a natureza do material que a compõe). • O percurso pelo qual ela deve ser movimentada e o espaço disponível para a movimentação do maquinário. • A capacidade máxima de carga que o maquinário suporta. • Tipo de embalagem que acompanha a mercadoria. • Espaço disponível para a alocação do recurso. • Layout do local. • Modo de armazenagem: unitização, paletização ou conteinerização. • Estrutura do armazém, dentre outros detalhes. Uma vez analisados os fatores anteriores descritos, temos que fazer a escolha do maquinário. É necessário, então, que o profissional conheça as características e especificidades dos maquinários. Conheceremos sete grandes grupos de equipamentos para a movimentação de cargas: GRUPO 1: EMPILHADEIRAS As empilhadeiras permitem uma movimentação e carga entre 1.000 kg a 16.000 kg. São utilizadas com frequência no carregamento e descarregamento de cargas. Há modelos que são movidos por combustão de gás liquefeito de petróleo TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 17 (GLP), esses modelos devem, preferencialmente, ser usados em espaços abertos, devido a emissão de gás poluente; e há os modelos movidos por bateria tracionada (as mesmas utilizadas em carrinhos de golf e em veículos nos aeroportos), esse modelo é ideal para ambientes fechados (MOVIMAK, 2017). No site a seguir você poderá ver como são compostas as baterias tracionadas: https://fragmentum.srv.br/componentes-para-montagem-de-uma-bateria-tracionaria/. DICAS Veremos alguns exemplos de empilhadeiras: • Empilhadeira retrátil, conforme Movimak (2017). Características: ◦ Seu modelo é compacto. ◦ Ideal para o trabalho em ambientes internos pequenos ou de difícil locomoção. ◦ Viabiliza o alcance de locais mais altos. ◦ Possibilita o melhor aproveitamento na relação altura x corredor x versatilidade. ◦ É de fácil substituição em casos de quebra. ◦ Não emite agentes poluidores na atmosfera. ◦ Possui uma torre que se movimenta de acordo com as necessidades e dos comandos de seu operador, minimizando os esforços humanos. • Empilhadeira patolada, conforme Movimak (2017): ◦ Manutenção de baixo custo. ◦ O profissional pode operá-la em pé, andando ou a bordo, conforme for mais adequado às condições ergonômicas. ◦ Os controles do garfo são acionados por comandos elétricos, o que reduz os esforços humanos. ◦ A coleta, deslocamento e posicionamento dos paletes é feito a partir de garfos, os quais precisam ser posicionados adequadamente sob os paletes – da mesma forma como ocorre com outros modelos de empilhadeira. Além disso, existem as patolas, que funcionam como pés de apoio para o equipamento, aumentando a base de contato com o solo e a sua sustentação. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 18 FIGURA 5 – EMPILHADEIRA PATOLADA COM OPERADOR EM PÉ FONTE: <https://lfmaquinaseferramentas.vteximg.com.br/arquivos/ids/174441-800-800/ empilhadeira-eletrica-patolada-paletrans-pt1645-fast-2_z_large.jpg?v=636983801120500000>. Acesso em: 16 mar. 2020. FIGURA 6 – EMPILHADEIRA PATOLADA COM OPERADOR A BORDO FONTE: <https://movimak.com.br/wp-content/uploads/2019/07/282774-empilhadeira-eletrica- patolada-o-que-e-e-como-ela-funciona.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. • Empilhadeira Contrabalançada, conforme Movimak (2017): ela recebe o nome de contrabalançada pois possui um peso localizado na parte de trás do equipamento que é utilizado justamente para equilibrar as solicitações da carga, fazendo com que o sistema não perca o equilíbrio. Neste equipamento o profissional opera sentado. As empilhadeiras contrabalançadas são muito utilizadas em ambientes largos e externos e para movimentar cargas em grandes distâncias. Encontramos este equipamento nos modelos com motor a combustão e a bateria. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 19 • Empilhadeiras Semielétricas, conforme Movimak (2017): ◦ É um equipamento de tamanho médio, ideal para almoxarifados, carga e descarga de caminhões. ◦ Sua capacidade de até 1.000 kg. ◦ Também conhecida como empilhadeira patolada, ela possui tração manual e elevação por acionamento elétrico, com um exclusivo sistema patolado, com operação em paletes abertos. ◦ Possui plataformas instaladas em sua estrutura, possibilitando ao profissional operar a empilhadeira semielétrica em pé e andando. ◦ Baixo custo de investimento inicial, pois a empilhadeira semielétrica possui excelente custo-benefício. ◦ Grande funcionalidade, já que a empilhadeira semielétrica pode suportar cargas de diferentes tamanhos e pesos. ◦ Equipamento compacto e facilidade no manuseio, embora seja necessário um operador treinado e capacitado para a operação, evitando, assim, falhas e acidentes. ◦ Empilhadeira para contêiner: como são equipamentos de dimensões menores em relação a guindastes, são de fácil manobra em pátios de contêineres. Também são empregadas no carregamento e descarregamento de caminhões. Na Unidade 2, veremos com mais detalhes essas empilhadeiras quando conheceremos os equipamentos portuários. FIGURA 7 – EMPILHADEIRA PARA CONTÊINER FONTE: <https://img.nauticexpo.com/pt/images_ne/photo-mg/30627-12652648.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 20 GRUPO 2: TRANSPALETES O transpalete movimenta materiais horizontalmente, o que implica em dificuldade em relação aos trabalhos em altura. Com relação ao seu desempenho, devemos estar atentos aos rolamentos de suas rodas. Em situação de pisos lisos, com baixo atrito, recomenda-se o uso de rodas em nylon. Em situações de pisos pintados e usinados, recomenda-se o uso de rodas em poliuretano (MOVIMAK, 2017). Tipos de transpaletes: • Transpalete manual: ideal para a descarga de produtos em armazéns e docas. Capacidade de carga até 2.500 kg. Pode ser utilizado na movimentação de mercadorias paletizadas com segurança e eficiência por um operador (MOVIMAK, 2017). • Transpalete elétrico: para manuseá-lo, seu operador deve ficar de pé e andando. É indicado para a movimentação de cargas a médias distâncias horizontais. É muito utilizado em indústrias e docas de todo o país. Custos de manutenção reduzidos (MOVIMAK, 2017). GRUPO 3: GUINDASTES Também conhecidos como gruas e pau de carga, no emprego náutico, os primeiros guindastes foram inventados ainda na Idade Antiga (PIEVE; SANTOS, 2017). Exemplos de guindastes: dentre os modelos de guindastes temos os que são maciçamente utilizados em operações portuárias, como, por exemplo, para o carregamento ou descarregamento de cargas como o sal, a soja entre outros. Esses modelos de guindastes nós estudaremos na Unidade 2 no tópico que trada de equipamentos portuários. Grua Guindaste – Torre universal: esse equipamentorobusto é capaz de mover a carga tanto no sentido horizontal quanto no vertical. Seu processo de montagem ou de desmontagem é facilitado pelo fato de que as gruas ou torres são compostas por peças pré-montadas de grande (MOVIMAK, 2017). Acadêmico, acesse os links e veja como são montadas as gruas ou torres: https://www.youtube.com/watch?v=y39152VWCPk&feature=youtu.be. https://www.youtube.com/watch?v=5U2eRDsoQCA. DICAS TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 21 Pinça ou multiangular: pode ser desmontada apesar de ter grandes dimensões e pesado. A base se divide em duas extremidades: a primeira é composta pela pinça elevatória ascendente e/ou descendente e na segunda, há um contrapeso para estabilizar o guindaste (MOVIMAK, 2017). Pórticos: os pórticos são mais usados para movimentar grandes volumes maiores de cargas. Essa ferramenta tem força suficiente para carregar até 12 contêineres de 20 m cúbicos cada um. Em alguns casos, suportam mais do que isso (MOVIMAK, 2017). FIGURA 8 – GUINDANTES DE PÓRTICO FONTE: <https://www.pgtalhas.com.br/imagens/informacoes/guindaste-portico-movel-02.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. FIGURA 9 – GUINDASTES DE PÓRTICO FONTE: <http://portuguese.travellingoverheadcrane.com/photo/pd16057409-50_ton_ container_double_beam_gantry_crane_with_spreader_overload_protection.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 22 Grua florestal: tipicamente empregado na movimentação de madeiras. Muito utilizado para fornecer matéria prima às indústrias de transformação para a produção de papel e celulose, carvão vegetal e para o abastecimento de caldeiras (MOVIMAK, 2017). FIGURA 10 – GRUA FLORESTAL FONTE: <https://img.directindustry.com/pt/images_di/photo-mg/17585-12267261.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. Munk: esse modelo de guindaste é bem aceito nas operações na construção civil, bem como nas montagens de estruturas metálicas, ou ainda no processo de descarga de máquinas e movimentação de silos, de tanques etc. Estre guindaste é alocado sobre caminhões de chassi alongado ou fabricado especialmente para esta função. Quando utilizar esse tipo de equipamento? Para responder a esse questionamento, devemos analisar a carga a ser movimentada, bem como as condições do local da operação. Devemos também analisar o peso e as dimensões dos equipamentos e das cargas que serão movimentadas. Pois esses fatores impactam diretamente na capacidade de içamento do guindaste. Deve- se também analisar a distância do equipamento que fará o içamento, pois isso implica na definição mais acertada da máquina que é a melhor para executar o serviço (MOVIMAK, 2017). FIGURA 11 – MUNK FONTE: <https://nortecguindastes.com.br/wp-content/uploads/2017/11/diferencas-guindaste-e- munk.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 23 É vital que, ao operar um guindaste realizemos o processo de estabilização do maquinário. Para isso, o primeiro passo é o conhecimento do terreno no qual o equipamento vai operar. Isso porque o equipamento somente conseguirá suportar a carga se o primeiramente, o solo suportar o guindaste. Assim, é importante verificar se o solo pé compactado e nivelado o suficiente para a operação do guindaste. O patolamento, que é a ação de nivelar e estabilizar o equipamento, e deve ser feita e planejada com muita atenção para evitar acidentes. Abrão (2011) alerta que são necessários alguns cuidados básicos como: • Verificar o local de fixação das sapatas: o local apresenta galerias fluviais, cabos de energia, gás, unidade, entradas subterrâneas, bueiros etc. • Patolas abertas: aplicar a tabela de cargas sobre patolas. Caso uma ou mais patolas não estejam totalmente abertas, deve-se aplicar a tabela de carga meia patola ou sobre pneus. Atenção: quando a patola não está totalmente aberta, a perda da capacidade do equipamento pode ultrapassar 50%. É preciso verificar se o fabricante disponibilizou uma tabela de carga que contenha o número de série do equipamento. • Estabilização do Guindaste com o solo: no caso do guindaste sob rodas, os pneus devem estar em contato com o solo, pois isso “assegura que o eixo de tombamento está estabilizado e o chassi do cavalo é usado para maximizar o contrapeso” (ABRÃO, 2011, p. 63). • Estabilização do equipamento – uso de Mats: os Mats são dispositivos utilizados sob as patolas coma finalidade de distribuir o peso em uma área maior, devendo ser usados em todas as patolas! Sigamos as seguintes orientações dadas por Abrão (2011): ◦ O calçamento deve estar nivelado e a patola deve estar no eixo de 90º em relação ao cilindro. O calçamento tem que ser resistente a choques, dobramentos e a cisalhamentos, deve ter ao menos três vezes a área da patola. Por sua vez, a patola deve estar apoiada no calçamento. FIGURA 12 – ESTABILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA FONTE: Abrão (2011, p. 63) Patolamento direto Patolamento com Mats A força aplicada é dividida por 3 Testes Destrutivos Sapata destruída com 95.256 Kg (100%) Sapata destruída com 63.504 Kg (70%) Sapata destruída com 49.896 Kg (50%) UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 24 • Tabela de carga: são dados e especificações técnicas que indicam as condições e a capacidade de carga do equipamento. Veremos, no exemplo a seguir, a tabela de carga com estabilizadores abertos e semiabertos, referente a um guindaste hidráulico sobre rodas, cuja capacidade é de 46.000 kg a 3 m, e, logo após, entenderemos melhor os elementos que compões a tabela de cargas. Acesse o link a seguir para visualizar as tabelas de cargas: http://www. idealguindastes.com.br/tabelas/GR-550XL-2%20Port.pdf. DICAS Acadêmico, a seguir, trabalharemos os elementos e os conceitos necessários para a compreensão e leitura da tabela de cargas. Pronto? Então vamos lá! 4.1 CENTRO DE GRAVIDADE (CG) O centro de gravidade pode ser entendido como sendo o “ponto de um objeto, no qual pode ser considerado que todo o peso está ali concentrado” (ABRÃO, 2011, p. 67). Para uma Movimentação de Carga Segura devemos prestar atenção nos equipamentos que são acoplados no guindaste, por exemplo, pois podem mudar o CG deste, além disso, temos que prestar atenção no CG da carga a ser movimentada. FIGURA 13 – CENTRO DE GRAVIDADE FONTE: <https://consultoriaengenharia.com.br/wp-content/uploads/2017/05/CG3.png>. Acesso em: 16 mar. 2020. Carga Instável Gancho não está alinhado com C.G. Carga se desloca até que o C.G esteja alinhado com Gancho Carga Estável Gancho está alinhado com C.G. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 25 Acadêmico, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=_uft2wH4Oxk e analise um exemplo de acidente que apresenta uma série de falhas de movimentação e planejamento, dentre elas, uma movimentação que deslocou a carga do centro de gravidade. DICAS FIGURA 14 – MOVIMENTO DE PÊNDULO FONTE: <https://consultoriaengenharia.com.br/wp-content/uploads/2017/05/CG-4.png>. Acesso em: 16 mar. 2020. 4.2 PRINCÍPIO DA ALAVANCA O princípio da alavanca foi estruturado por Arquimedes (Século II a.C.). Neste princípio, são utilizadas barras que giram apoiadas sobre um ponto (ponto de apoio). As alavancas aumentam a força aplicada em um objeto. Assim sendo, este princípio possibilita que o guindaste movimente cargas pesadas. 4.3 ALAVANCA E ESTABILIDADE O centro de gravidade do guindaste muda juntamente com seu tombamento, conforme o movimento é realizado. “O movimento do centro de gravidade do guindaste aumenta a alavanca exercida pela carga no guindaste faz com que diminua a capacidade de carga do mesmo” (ABRÃO, 2011, p. 67). Por exemplo: em guindastes montados sobre cavalos, a sua capacidade máxima está na traseira e, quando o movimento da carga é lateral sua capacidade reduz pois, há o deslocamento do seu centro degravidade (ABRÃO, 2011). Errado Correto UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 26 4.4 TAXA DE INCLINAÇÃO Enquanto ocorre a inclinação do guindaste, o peso da carga vai aumentando e o peso do guindaste vai diminuindo (ABRÃO, 2011). 4.5 FATORES DE ESTABILIDADE FRONTAL Podemos entender a estabilidade frontal, ou dianteira, como sendo a capacidade que o equipamento possui para resistir a tombamento frontal (ABRÃO, 2011). QUADRO 1 – MARGEM DE ESTABILIDADE FONTE: Adaptado de Abrão (2011) Guindaste de Esteira.............................75% Guindaste sobre cavalo.........................85% Guindaste sobre caminhão comercial....85% 4.6 ATORES DE ESTABILIDADE TRASEIRA Quando falamos em estabilidade traseira nos referimos a capacidade do equipamento, guindaste, em não tombar para trás, ou seja, nos referimos a sua capacidade de não tombar quando não está com a carga (ABRÃO, 2011). As margens de estabilidade traseira, em condições gerais, são: QUADRO 2 – MARGENS DE ESTABILIDADE TRASEIRA FONTE: Adaptado de Abrão (2011) De lado Nivelamento de 1% em solo firme; Todos os tanques com pelo menos, 1/2 da capacidade Outros níveis de fluídos conforme normas técnicas 4.7 LIMITAÇÕES DE CAPACIDADE Todo equipamento possui a uma estrutura que delimita a sua capacidade movimentação de carga. Uma vez que não se observa os dados estruturais do equipamento, pode-se incorrer no ERRO de SOBRECARGA, o que resultará em falha no equipamento, sua quebra e/ou acidente. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 27 FIGURA 15 – CAPACIDADE DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGA/EQUIPAMENTO FONTE: Adaptado de Abrão (2011) 4.8 BASES PARA AS CAPACIDADES TABELADAS A capacidade de carga que estão descritas nas tabelas de carga são calculadas sobre a resistência estruturas e a estabilidade do equipamento, no caso, do guindaste. Na tabela de carga, a representação gráfica da capacidade é feita por meio de asterisco, linhas pretas ou ainda com sombreamento de área (ABRÃO, 2011). TABELA 2 – TABELA DE CARGA FONTE: Abrão (2011, p. 70) UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 28 4.9 COMPONENTES QUE PODEM FALHAR POR SOBRECARGA Abrão (2011) nos chama a atenção para um fato importante: muitos pensam que o tombamento é a única falha que ocorre com guindastes, esquecendo-se que a questão estrutural também pode apresentar problemas, principalmente com sobrecargas. Desta forma, deve-se seguir todas as especificações. O autor ainda indica nove itens que entram no cálculo da capacidade de elevação do guindaste, que são: • Áreas de operação: os quadrantes de operação referem-se a uma área circular na qual o guindaste realiza seu trabalho. Os quadrantes mais comuns são: lado, traseira e frente. Como a área de operação varia de modelo para modelo, deve- se estar atento às especificações na tabela de carga. • Comprimento da lança: nem sempre o entendimento que a tabela de carga traz sobre o comprimento de lança é padronizado. Sendo assim, Abrão (2011) indica, a seguir, com exemplos, como pode ser abordado este entendimento. • Raio da carga: o raio da carga é a distância entre o centro de gravidade do equipamento e o centro de gravidade da carga. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 29 FIGURA 16 – CENTRO DE GRAVIDADE DA CARGA X CENTRO DE GRAVIDADE DO EQUIPAMENTO UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 30 FONTE: Abrão (2011, p. 74-75) TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 31 • Ângulo da lança FIGURA 17 – ÂNGULO DA LANÇA FONTE: Abrão (2011, p. 76) • Guindaste de lança telescópica: é o ângulo entre a linha de centro da lança base e a horizontal após o içamento da carga (ABRÃO, 2011). • Guindastes treliçados: o ângulo da lança é o espaço entre a linha de centro da lança e a horizontal após o içamento da carga (ABRÃO, 2011). FIGURA 18 – ÂNGULO DA LANÇA: GUINDASTES TRELIÇADOS FONTE: Abrão (2011, p. 76) • Capacidade bruta: também conhecida como capacidade tabelada, não designam a capacidade máxima das cargas a serem içadas. São calculadas conforme o cumprimento das lanças, o angulas das lanças e o raio. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 32 FIGURA 19 – CAPACIDADE MÁXIMA DAS CARGAS A SEREM IÇADAS FONTE: Abrão (2011, p. 76) TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 33 • Deduções na capacidade e carga dinâmica: acadêmico, atenção a esta questão: ao adicionarmos componentes a máquina para içarmos as cargas, a sua capacidade é reduzida! Assim, todos os acessórios utilizados para o içamento devem ser considerados como parte da carga e devem ser deduzidos da capacidade bruta. Desta forma, devemos efetuar movimentação suave e controlada das cargas, pois os cálculos da Tabela de Carga são feitos tendo em conta a carga estática (ABRÃO, 2011). • Capacidade de içamento: a capacidade de içamento está relacionada ao devido preparo e equipagem do guindaste. Caso este não esteja devidamente equipado, sua capacidade líquida de içamento é reduzida. Nesta situação, a carga total não pode exceder a capacidade do componente mais fraco da máquina (ABRÃO, 2011). • Número de pernas: é a quantidade de cabos de carga que diretamente suportam o moitão. FIGURA 20 – MOITÃO X NÚMERO DE CABOS DE CARGA FONTE: Abrão (2011, p. 76) • Cargas críticas: entendemos que uma carga é crítica quando seu peso for 75% maior que o peso estabelecido na Tabela de Carga. Abrão (2011) apresenta alguns cuidados a serem tomados quando se tem uma situação de carga crítica: em relação ao solo, deve ser compacto e estável; os calços sob patolas devem ser usados quando o solo não for estável; o guindaste de estar nivelado; deve- se determinar o peso da carga; o gancho deve ser posicionado no centro de gravidade da carga; calcular o raio da carga; calcular o cumprimento da lança; o ângulo da lança deve ser calculado para que se possa conhecer o raio e a influência que causará no içamento da carga; ponderar o comportamento do vento, pois este pode comprometer a operação; os cabos devem ser postos de forma simétrica; é necessário verificar o correto uso da lingada e o seu peso, pois ele será somado à carga; os controles de movimentação da carga devem ser executados de forma suave; o treinamento e a capacitação de todos os profissionais envolvidos no processo de movimentação de carga devem ser priorizados. Nenhuma pessoa não capacitada deve fazer parte das operações. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 34 PLANO DE RIGGIN Podemos entender o plano de Riggin como sendo um planejamento essencial para as operações de movimentação de cargas ocorrem com o máximo de eficiência e segurança. Ele colabora com a simulação da movimentação de carga, tendo em conta elementos como os equipamentos e acessórios que deverão ser utilizados na operação, as condições de solo, vento, carga içada entre outros. O plano de Riggin é obrigatório para as atividades que utilizem Gruas e Guindastes, conforme rege a NR 18.14.24.17. Os profissionais que podem elaborar os Planos de Rigging são Engenheiros e Técnicos, que apresentam CREA ativo. Acadêmico, acesse o site da Rigging do brasil e baixe um guia completo para a elaboração do plano: https://www.riggingbrasil.com.br/central-de-downloads.php. DICAS Reforçamos a importância do estudo e planejamento em preparação às operações de movimentação de carga afim de evitar perdas, danos, avarias, e prejuízo ao meio ambiente e por vidas em perigo. Há vários softwares que executam o plano de rigging, acesse os links a seguir dispostos a seguir no UNI para ver sua utilização: Softwares atuando no plano de rigging: Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=9CvKVkvjl5g Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=sUzsxaJCr8s&feature=emb_logo Vídeo 3: https://www.youtube.com/watch?v=tP_dQizhQBM&feature=emb_logo Vídeo 4: https://www.youtube.com/watch?v=aLd4SJyXUVI&feature=emb_rel_pauseDICAS GRUPO 4: TRANSELEVADOR Os transelevadores são plataformas eletronicamente controladas que são utilizadas para apanhar e armazenar os materiais e as mercadorias, geralmente paletizadas, a partir de endereços alocados nas estantes, sendo projetados para maximizar o espaço físico e reduzir a necessidade de mão de obra (MILAN; PRETTO; BASSO, 2007, p. 2017). TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 35 FIGURA 21 – TRANSELEVADOR PARA PALETES FONTE: <https://mecaluxbr.cdnwm.com/armazens-automaticos-para-paletes/transelevadores/ img1.1.2.jpg?imageThumbnail=3>. Acesso em: 16 mar. 2020. FIGURA 22 – TRANSELEVADOR PARA CAIXA FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcT-god3L2shhFQSW4llfS gdDLsjEpFX0nHC1yaXKXd4psHV6T4d>. Acesso em: 16 mar. 2020. Esse equipamento possui vários modelos que visam atender às necessidades de cada operação e espaço, como, por exemplo: • Unit load: criados para manipular mercadorias em paletes que, nesse caso, podem ser um pouco mais pesadas. • Mini load: esse tipo foi desenvolvido para armazenar produtos em unidades ou caixa, de peso menor e tamanhos reduzidos. GRUPO 5: PONTES ROLANTE A ponte rolante é empregada nos trabalhos que demandem tanto a elevação quanto a transferência das cargas volumosas, pesadas e de difícil manejo, percorrendo distância menores. Modelos: ponte rolante apoiada, suspensa, uni- viga ou dupla-viga. A opção pelos modelos deve levar em conta o espaço físico do local, o material a ser movimentado e a velocidade desejada para a movimentação. UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 36 FIGURA 23 – PONTE ROLANTE AMBIENTE INTERNO 1 FONTE: <https://www.wikiartigos.com.br/wp-content/uploads/2018/03/1493380979.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. FIGURA 24 – PONTE ROLANTE AMBIENTE INTERNO 2 FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/36/c4/a2/36c4a22563af9b39d346110a318ecd60.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. GRUPO 6: COMBOIOS Este maquinário lembra uma locomotiva em ação, pois é composto por um carro que puxa diversos compartimentos, sendo útil para a movimentação de cargas volumosas em pequenas distâncias. Possui baixo custo. TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 37 FIGURA 25 – LOCOMOTIVA: COMBOIO FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/36/c4/a2/36c4a22563af9b39d346110a318ecd60.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. GRUPO 7: ESTEIRAS TRANSPOERTADORAS As esteiras são projetadas para dinamizar a movimentação de cargas. São muito utilizadas também na movimentação de minérios. Na Unidade 2, trataremos deste assunto no item equipamentos portuários. A racionalização dos processos e a redução dos custos são suas principais vantagens. FIGURA 26 – ESTEIRAS CARREGANDO O NAVIO FONTE: <http://www.portosma.com.br/paginas/tpm_08.jpg>. Acesso em: 16 mar. 2020. Acadêmico, acesse o link a seguir e assista um importante vídeo sobre a movimentação de cargas. Trata-se de um vídeo bem completo e vital para o desenvolvimento de nossos estudos: https://www.youtube.com/watch?v=yQ5cAnhskrI. DICAS UNIDADE 1 | CONCEITO E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 38 OS MODAIS FÉRREO E RODOVIÁRIO MOVIMENTADORES DE CARGA Podemos entender os modais de transporte como meios de movimentação das cargas, meio este de suma importância, pois viabiliza a geração de riquezas, o comércio etc. Temos cindo modais de transporte: o rodoviário, o ferroviário, o aéreo, o dutoviário e o aquaviário. Cada qual com suas singularidades no tocante ao transporte de cargas. Pensar em um sistema de transporte implica um olhar sistêmico e integrador que abranja a infraestrutura, os equipamentos, as cargas e suas características, os volumes de movimentação e nível de serviço, as redes de transporte e suas interligações etc. (RIBEIRO; FERREIRA, 2002). Algumas características dos modais na movimentação e cargas no país: • Modal Ferroviário: muito utilizado no transporte de protos homogêneos em longas distâncias, como, por exemplo, os minérios de ferro, carvões minerais, cereais em grãos (transportados a granel) (RIBEIRO; FERREIRA, 2002). “Além da baixa oferta de infraestrutura de transporte, o sistema ferroviário apresenta também problemas relacionados com a viabilidade econômica de algumas ferrovias que permanecem fortemente subutilizadas” (CEL/COPPEAD, 2006, p. 41). “O sistema ferroviário brasileiro possui uma baixa disponibilidade, limitando o crescimento de sua participação na matriz de transportes” (CEL/ COPPEAD, 2006, p. 41). “As ferrovias, como negócio, possuem como principais características, a alta dependência de capital e a baixa rentabilidade. Demanda, portanto, altos investimentos com retorno de longo prazo” (CEL/COPPEAD, 2006, p. 47). O Centro de Estudos em Logística (CEL/COPPEAD, 2006, p. 44), ainda alerta para a questão da segmentação geográfica feita no leilão de concessão e a “deficiente regulamentação do direito de passagem dificultam a operação ferroviária intermodal que viabilizaria o transporte em grandes distâncias”: A malha ferroviária concessionada foi subdividida em diversas submalhas regionais conforme apresentado no quadro ao lado. • Deve-se considerar que o modelo de concessão adotado implica na necessidade de regular-se adequadamente a garantia do tráfego mútuo e o direito de passagem entre as concessionárias, visando, desta forma, atingir a eficiência almejada para o sistema ferroviário como um todo e não de suas subpartes. • A ausência de uma definição prévia de níveis mínimos de serviço e máximos de tarifa que garantam, na prática, o direito de passagem entre concessionárias, é considerado um entrave à adoção mais frequente do transporte ferroviário entre empresas e por longas distâncias (CEL/COPPEAD, 2006, p. 44). • Modal Rodoviário: este modal é o mais amplamente difundido no Brasil, pois na década de 1950, grandes montadoras de carros instalaram suas plantas no Brasil, estrategicamente na região do ABC paulista, que são cidades próximas ao porto de Santos. Com a chegada das grandes montadoras de carro, o governo passa a investir em infraestrutura rodoviária, posto que para se vender carros, é necessário se ter estradas para estes rodarem. Infelizmente, o modal TÓPICO 1 | CONCEITOS E PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS 39 férreo não recebeu grandes investimentos o que de certa forma, prejudicou a movimentação de cargas e pessoas, que ficam mais dependentes do modal rodoviário. Ocorre que os valores de frete e custos de transportes em geral são maiores que o modal férreo... sim, este fato acaba por encarecer o processo em toda a cadeia logística e para o cliente final. O custo fixo é baixo, porém o custo variável (combustível e manutenção, por exemplo). Desta forma, é um modal que deve visar mais as mercadorias de alto valor ou perecíveis, sendo que se deve evitar as cargas de produtos agrícolas a granel, cujo custo é muito baixo para este modal (RIBEIRO; FERREIRA, 2002). Contudo, o modal rodoviário ainda carece de cuidados e investimentos é o que aponta o Centro de Estudos em Logística: A disponibilidade de rodovias pavimentadas no Brasil é ainda pequena conforme percebemos no gráfico da página anterior. Em 1999 eram cerca de 164,213 mil km pavimentados sobre um total de 1,725 milhão de km de rodovia. Soma-se a este fato a baixa qualidade da infraestrutura existente, cujo estado de conservação é avaliado como péssimo, ruim ou deficiente em 78% da sua extensão segundo estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). A baixa qualidade da infraestrutura da malha rodoviária de transportes de carga não é um problema exclusivo do Modal Rodoviário, existem problemas também no Modal Ferroviário, o que tem provocado índices de acidentes bastante elevados em comparação com outros países (CEL/COPPEAD, 2006, p. 20). • Modal Hidroviário: “o transporte hidroviário é utilizado para o transporte de granéis líquidos, produtos químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor (operadores internacionais) em
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