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AURA - Civil 1 - Parte Geral - Aula 2 - Pessoa Natural Personalidade Capacidade_

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Situação – problema: aula 1
Na atualidade, não se cuida de buscar a demarcação dos espaços distintos e até contrapostos. Antes havia uma disjunção: hoje, a unidade hermenêutica, tendo a Constituição como ápice conformador da elaboração e aplicação da legislação civil. 
A mudança de atitude é substancial: deve o jurista interpretar o Código Civil segundo a Constituição e não a Constituição segundo o Código, como ocorria com frequência (e ainda ocorre). A mudança de atitude também envolve certa dose de humildade epistemológica? (LÔBO, Paulo. Teoria geral das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 2).
Como é possível harmonizar a interpretação das normas cíveis à luz das normas constitucionais? Seria possível, por exemplo, exigir que um plano de saúde concedesse cobertura de determinado tratamento médico com fulcro no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana?
Situação – problema: aula 1
Resposta: Realização de uma interpretação civil-constitucional de institutos privados, evidenciando que a base principiológica do CC/2002 tem fundamento constitucional.
Exercício – aula 01
(Juiz de Direito. TJPR 2007) Sobre a constitucionalização do Direito Civil, é correto afirmar:
(A) As normas constitucionais que possuem estrutura de princípio se destinam exclusivamente ao legislador, que não pode contrariá-las ao criar as normas próprias do Direito Civil, não sendo possível, todavia, ao aplicador do Direito, empregar os princípios constitucionais na interpretação dessas normas de Direito Civil.
(B) A constitucionalização do Direito Civil se restringe à migração, para o texto constitucional, de matérias outrora próprias do Direito Civil.
Exercício 2 – aula 01
(Juiz de Direito. TJPR 2007) Sobre a constitucionalização do Direito Civil, é correto afirmar:
(C) A doutrina que sustenta a constitucionalização do Direito Civil afirma a irrelevância das normas infraconstitucionais na disciplina das relações interprivadas.
(D) A eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares, seja de forma indireta e mediata, seja de forma direta e imediata, é defendida pela doutrina que sustenta a constitucionalização do Direito Civil.
Exercício 2 – aula 01
(D) A eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares, seja de forma indireta e mediata, seja de forma direta e imediata, é defendida pela doutrina que sustenta a constitucionalização do Direito Civil.
Aula 02
1) Conceito e modos de aquisição da personalidade jurídica; 
2) Apresentar a questão conflituosa a respeito da natureza jurídica do nascituro;
3) Noção de capacidade civil das pessoas naturais, diferenciando os institutos da personalidade e da capacidade; 
4) Discorrer sobre as diversas limitações à capacidade jurídica plena: incapacidade absoluta, relativa, analisando sob a ótica da Lei 13.146/15;
5) Emancipação.
Aula 02 – Situação problema
Cristina perdeu o esposo em um trágico acidente quando estava grávida de sete meses. Em razão da grande comoção da situação vivenciada, passou a ter algumas complicações no restante da gravidez, culminando com o parto prematuro de Miguel, que nasceu quando Cristina contava com apenas oito meses de gravidez. Poucas horas após a realização do parto, Miguel não resistiu e faleceu. 
Miguel adquiriu personalidade?
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
Pessoa física = pessoa natural
1ª Acepção: Personalidade
Um valor ético emanado do princípio da dignidade da pessoa humana e da consideração pelo direito civil do ser humano em sua complexidade
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
Curiosidade:
Pessoa, vem do latim persona, que significa indivíduo, personagem. 
Pois a palavra deriva da atuação dos atores do teatro grego da antiguidade, os quais emprestavam a voz para dar vida a seus personagens fictícios. 
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
PESSOA NATURAL: é o nome que o direito civil atribui ao ser da espécie humana, considerado enquanto sujeito de direito e obrigações.
Para ser pessoa natural, basta existir.
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
2ª Acepção:
Personalidade civil  é a capacidade que as pessoas têm de serem titulares de direitos e obrigações
Personalidade não é um atributo natural, isto é, não está necessariamente vinculado ao ser humano. 
Se assim fosse, a pessoa jurídica não teria personalidade. 
Por isso se diz que a personalidade é um atributo jurídico.
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
Logo... A personalidade civil:
É A qualificação dada pela lei a certos entes, conferindo a estes aptidão genérica para adquirir direitos e obrigações. 
Exs.: herdar, receber doações, direito à saúde, celebrar contratos, etc.
É UM ATRIBUTO JURÍDICO.
Só as pessoas possuem personalidade, logo os animais não são sujeitos de direito.
PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 1º CC/02)
Art. 1, Código Civil:
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Aquisição da personalidade e exercício
Capacidade Jurídica
 
Capacidade de direito + capacidade de exercício = capacidade civil plena
 
A capacidade de fato pode ser entendida como a medida da personalidade, ou seja, é a possibilidade de pessoalmente serem exercidos direitos e contraídas obrigações. Nesse aspecto, a capacidade pode ser plena (capacidade de direito + capacidade de fato) ou limitada - temos aí o fenômeno da incapacidade.
Capacidade Jurídica
a) Capacidade de direito é a capacidade que todas as pessoas possuem, não sendo necessário o implemento de nenhuma condição para aquisição ou gozo de direitos, basta nascer com vida para possuir capacidade de direito;
b) Capacidade de fato exige uma aptidão descrita na lei, é aquela que se adquire quando atingida a maioridade civil, aos dezoito anos de idade completos, ou por escritura de emancipação, passando a poder exercer por si mesmo todos os atos da vida civil;
Portanto, admite gradações: plenamente capaz, relativamente incapaz e absolutamente incapaz.
c) Capacidade plena se identifica presente quando a pessoa possui tanto a capacidade de direito quanto a de fato ao mesmo tempo;
d) Capacidade limitada se dá quando uma pessoa possui a capacidade de direito, mas não possui a capacidade de fato.
Capacidade Jurídica
Assim...
TODA PESSOA TEM CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO, MAS NEM TODA PESSOA TEM CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO, isto é, a possibilidade de exercer atos na vida civil de forma pessoal ou transmitir poderes por ato de vontade.
Aula 02 – Situação problema
Cristina perdeu o esposo em um trágico acidente quando estava grávida de sete meses. Em razão da grande comoção da situação vivenciada, passou a ter algumas complicações no restante da gravidez, culminando com o parto prematuro de Miguel, que nasceu quando Cristina contava com apenas oito meses de gravidez. Poucas horas após a realização do parto, Miguel não resistiu e faleceu. 
Miguel adquiriu personalidade?
INÍCIO DA PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Teorias do Início da Personalidade
Natalista (artigo 2º - 1ª parte CC/02)
A personalidade começa do nascimento com vida, tendo o nascituro mera expectativa de direito.
 
Condicionalista(Teoria da Personalidade Condicional) 
O nascituro é uma pessoa pendente de condição suspensiva, ou seja, tem direitos, mas ser pessoa se concretiza do nascimento com vida.
Concepcionista (Artigo 1609, § único, artigo 542 e artigo 1798)
Afirma que o nascituro tem direitos.
Teoria natalista
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Artigo 2º CC/02 → personalidade= nascimento + vida
Prova do Nascimento ? Docimasia Hidrostática e Galeno ou Docimasia Pulmonar.
Por esta teoria o nascimento com vida faz nascer a personalidade. Logo, o nascituro (aquele concebido, mas ainda não nascido) não teria personalidade.
Teoria da concepção
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Admite que o nascituro adquire personalidade antes do nascimento, ou seja, desde a concepção.
Exemplos?
Direito à vida, à integridade física, à imagem;
Alimentos gravídicos (lei 11.804/08);
Adequada assistência pré-natal (art. 8°, ECA);
Ação de investigação de paternidade (lei 5.478/68)
Teorias do Início da Personalidade
CASOS NA JURISPRUDÊNCIA
Teorias do Início da Personalidade
Tanto doutrina quanto jurisprudência dividem-se quanto ao ponto. 
O STF, no julgamento da ADI 3.510 firmou o entendimento de que o Brasil adotou a teoria natalista.
Julgada improcedente a ADI 3510, e diante da manutenção do art. 5º da Lei 11.105/2005
Julgamento: 29 de maio de 2008.
Teorias do Início da Personalidade
EMBRIÕES EXCENDENTÁRIOS  células-tronco para fins de pesquisa
Art. 5º,  Lei 11.105/05.
É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.”
Obs.: JULGAMENTO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) – Adin n° 3.510
Teorias do Início da Personalidade
Os argumentos do Ministério Público Federal na defesa da inconstitucionalidade do artigo 5º se baseavam, resumidamente, na defesa da vida como direito inato do embrião, ainda que seja o mesmo conservado in vitro, bem como no princípio da dignidade da pessoa humana agregado ao princípio da isonomia, sob alegação de que o direito à vida é premissa que deve ser assegurada a todos, sem distinção, não devendo assim a vida do embrião ser tratada de maneira diferenciada e submetida a experiências.
Teorias do Início da Personalidade
O MPF alegou ainda que, a partir do momento em que a vida se inicia com a concepção, não há distinção ontológica entre um embrião fecundado in vitro e não introduzido no útero materno e um embrião fecundado de modo natural ou fecundado in vitro e introduzido no útero materno, para os fins de aplicação das disposições constitucionais que prescrevem o direito fundamental à vida, à dignidade da pessoa humana e à isonomia.
Teorias do Início da Personalidade
A fertilização in vitro é um método de reprodução assistida destinado, em geral, a superar a infertilidade conjugal, utilizado com êxito desde 1978. A partir dessa técnica, os espermatozóides fecundam o óvulo em laboratório, fora do corpo feminino.
Quando há sucesso, o embrião é transferido para o útero da mulher, onde continuará seu ciclo de formação e desenvolvimento. No entanto, quando os embriões se revelam inviáveis, acabam sendo descartados, o que ocorre com freqüência.
Teorias do Início da Personalidade
Os embriões excedentes, normalmente existentes em grande quantidade tendo-se em vista o fato de serem retirados vários óvulos da mulher de uma única vez para fecundação simultânea, são congelados, e, raramente utilizados novamente, uma vez que quanto maior o tempo de congelamento, menor a chance de viabilidade do embrião.
Os embriões excedentes e inviáveis se tornaram o alvo da questão na ADI 3510, a partir da discussão acerca da constitucionalidade ou não de utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas e tratamentos médicos.
Teorias do Início da Personalidade
Tese contrária: 
- religião sendo utilizado como guia;
- política pública de saúde e a livre expressão da atividade científica (avanço tecnológico)
- a AGU sustentou que a Lei 9.343/97, considera como marco temporal exato do fim da vida humana a cessação das atividades encefálicas. Sendo assim, a vida deve se iniciar com o mesmo critério, com o surgimento da linha primitiva do sistema nervoso central, o que ocorre a partir do 14º dia de desenvolvimento do embrião. De tal sorte, sob esse argumento, a fase em que se iniciam as pesquisas com células-tronco embrionárias não implicaria em desrespeito à vida do embrião, uma vez que ainda inexiste linha primitiva do sistema nervoso central.
Teorias do Início da Personalidade
Tese contrária: 
- Outro ponto importante na defesa da norma feita pela AGU consiste no fato de o nascituro possuir nascimento esperado, como condição futura e certa, ao contrário do embrião concebido in vitro, que não está sequer implantado no útero materno
Teorias do Início da Personalidade
Decisão:
- não há qualquer violação do direito à vida pela autorização das pesquisas com células-tronco embrionárias. Em contrapartida aos argumentos de que a vida se inicia a partir da fecundação, deve prevalecer o posicionamento com maior embasamento jurídico e científico, tendo em vista que estamos em um Estado laico.
- respaldo no ordenamento jurídico brasileiro, que expressamente prevê que a personalidade jurídica se inicia a partir do nascimento com vida.
- Assim sendo, o embrião resultante de fertilização in vitro não pode ser considerado nascituro, uma vez que sequer foi transferido para o útero materno, condição indispensável para seu regular desenvolvimento.
Teorias do Início da Personalidade
Em precedente mais recente (2014), o STJ afirmou que a teoria natalista foi superada em razão da evolução do reconhecimento dos direitos do nascituro:
Teorias do Início da Personalidade
DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 
ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA.
1. A despeito da literalidade do art. 2º do Código Civil - que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento -, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 
2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos, cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro - embora não nascida - é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" - tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658)Teorias do Início da Personalidade
3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro - natalista e da personalidade condicional - fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa - como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 
4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais.
5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n.6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especial provido. 
(REsp 1415727/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/09/2014, DJe 29/09/2014)
NASCITURO – Resp 931556 - Nascituro ganha indenização pela morte do pai igual à dos irmãos já nascidos.
Mesmo antes de nascer, um bebê garantiu o direito de receber indenização por danos morais em razão da morte do pai em acidente de trabalho. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, manteve a indenização para o nascituro em R$ 26 mil, mesmo montante arbitrado para os demais filhos do trabalhador.
A relatora ressaltou ainda que não se pode medir a dor moral para afirmar se ela seria maior ou menor para o nascituro. Se isso fosse possível, ela arriscaria um resultado: “Maior do que a agonia de perder um pai, é a angústia de jamais ter podido conhecê-lo, de nunca ter recebido um gesto de carinho, enfim, de ser privado de qualquer lembrança ou contato, por mais remoto que seja, com aquele que lhe proporcionou a vida”, afirmou a ministra Nancy Andrighi no voto.
INÍCIO DA PERSONALIDADE CIVIL OU JURÍDICA (Art. 2º CC/02)
Nascituro
(visão moderna)
Aspecto patrimonial  nascimento com vida
Aspecto existencial  protegido desde a concepção.
 Tutela do Nascituro 
a) Titularidade de direitos personalíssimos (vida, proteção pré natal etc.). Nesse aspecto, vale ressaltar o enunciado 2, da I Jornada de Direito Civil: 
Enunciado n. 2: Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio. 
 Tutela do Nascituro 
b) Receber doação; 
c) Direitos sucessórios (herança e/ou legado); 
d) Direito a um curador do ventre; 
e) Alimentos para garantir uma gravidez saudável (Lei n. 11.804)
f) Proteção contra o aborto (Código Penal, art. 124)
NATIMORTO
 
Natimorto (vide Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil – Direitos da Personalidade)
Enunciado n. 1. A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.
Aquisição da personalidade e exercício
Capacidade Jurídica
 
Capacidade de direito + capacidade de exercício = capacidade civil plena
 
Incapacidade
 
É A RESTRIÇÃO LEGAL AO EXERCÍCIO DOS ATOS DA VIDA CIVIL, PARA AQUELES QUE AINDA NÃO POSSUEM DISCERNIMENTO, JUÍZO, APTIDÃO PARA DISTINGUIR O LÍCITO DO ILÍCITO, O CONVENIENTE DO PREJUDICIAL.
A CAPACIDADE É A REGRA E A INCAPACIDADE A EXCEÇÃO!!!
Capacidade civil
Sobre a capacidade civil, o código civil sofreu uma grande transformação em razão da edição da lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com deficiência)
Logo...
	REDAÇÃO ORIGINAL DO CÓDIGO CIVIL	REDAÇÃO APÓS O ESTATUTO
	Menores de 16 anos	Apenas os menores de 16 anos
	Os que, por enfermidade ou doença mental não tiverem o discernimento necessário para a prática dos atos da vida civil	
	Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade	
Capacidade civil
Incapacidade
 
Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015:
Deficiência (Art. 2º) – física ou sensorial / mental ou intelectual
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
O Estatuto traz duas situações:
a) Situação Jurídica Existencial (Art. 6º) – capacidade plena
Art. 6o  A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
b) Situação Jurídica Patrimonial (Art. 85) – curatela (Art. 84, §1º) e tomada de decisão apoiada (art. 84, §2º)
b) Situação Jurídica Patrimonial (Art. 85) – curatela (Art. 84, §1º) e tomada de decisão apoiada (art. 84, §2º)
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI
Art. 84.  A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1o  Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
§ 2o  É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 
Art. 85.  A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. 
§ 1o  A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
§ 2o  A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado. 
§ 3o  No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. 
Art. 84.  A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1o  Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
§ 2o  É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 
Art. 1.783-A.  A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 
Incapacidade ABSOLUTA (art. 3, CC)
Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  
	REDAÇÃO ORIGINAL DO CÓDIGO CIVIL	REDAÇÃO APÓS O ESTATUTO	
	Menores de 16 anos		
	Os que, por enfermidade ou doença mental não tiverem o discernimento necessáriopara a prática dos atos da vida civil	Apenas os menores de 16 anos	
	Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua vontade		
Incapacidade ABSOLUTA (art. 3, CC)
Representados;
Atos nulos.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
Do Jogo e da Aposta
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
Incapacidade RELATIVA (art. 4, CC)
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:  
	REDAÇÃO ORIGINAL DO CÓDIGO CIVIL	REDAÇÃO APÓS O ESTATUTO
	Os maiores de 16 e menores de 18 anos	Os maiores de 16 e menores de 18 anos
	Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido	Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos
	Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo	Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade
	Os pródigos	Os pródigos
Incapacidade RELATIVA (art. 4, CC)
Maiores de 16 e menores de 18 anos:
Certos atos, porém, podem os maiores de 16 e menores de 18 anos praticarem sem a assistência de seu representante legal. Exs.:
Fazer testamento (art. 1.860)
Ser testemunha (art. 228, I e § 1°)
Votar (CF, art. 14)
Proteção aos incapazes
Do Exercício do Poder Familiar
Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
Proteção aos incapazes
Aos relativamente capazes será necessário que seja realizado um PROCESSO JUDICIAL DE INTERDIÇÃO
Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especialistas, examinará pessoalmente o arguido de incapacidade e fixará os limites da curatela.
Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropriado.
Proteção aos incapazes
PRÓDIGO (vício da prodigalidade)
A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.
Incapacidade RELATIVA (art. 4, CC)
Assistidos;
Atos anuláveis.
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Incapacidade RELATIVA (art. 4, CC)
Do Jogo e da Aposta
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
Para aprofundar
STOLZE, Pablo. O Estatuto da Pessoa com Deficiência e o sistema jurídico brasileiro de incapacidade civil (Editorial 41). Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 20, n. 4.411, 30 jul. 2015. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/41381. Acesso em: 1 jul. 2020. 
Assista ao vídeo “Diálogo interdisciplinar: capacidade x contrato e processo - Pablo Stolze e Fredie Didier”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GnpBioPTIrU
Aula 02 – Situação problema
Cristina perdeu o esposo em um trágico acidente quando estava grávida de sete meses. Em razão da grande comoção da situação vivenciada, passou a ter algumas complicações no restante da gravidez, culminando com o parto prematuro de Miguel, que nasceu quando Cristina contava com apenas oito meses de gravidez. Poucas horas após a realização do parto, Miguel não resistiu e faleceu. 
Miguel adquiriu personalidade?
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
- Cessação - Artigo 5º caput CC/02 → maioridade 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Suprimento – Artigo 5º, parágrafo único → Emancipação
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
Suprimento –> Emancipação é a antecipação da capacidade plena.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
EMANCIPAÇÃO
a) Voluntária ( Artigo 5º, § único, inciso I – 1ª parte CC/02)
b) Judicial (Artigo 5º, § único, inciso I – 2ª parte CC/02)
c) Legal (Artigo 5º, § único, incisos II, III, IV e V)
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
EMANCIPAÇÃO
a) Voluntária ( art. 5, I, 1ª parte CC/02)
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
EMANCIPAÇÃO
a) Voluntária ( art. 5, I, 1ª parte CC/02)
Requisitos:
1) O menor ter no mínimo, 16 anos;
2) Concessão dos pais (comum acordo);
* Se apenas um dos pais possuir o poder familiar (afastamento ou perda do outro), bastará a autorização deste;
3) Não é requerida pelo menor;
4) Não necessita autorização judicial;
5) Instrumento público;
6) Irrevogável.
Autorização dos pais – emancipação
0049339-13.2006.8.19.0001 (2008.001.09064) - APELACAO
DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO - Julgamento: 01/07/2008 - DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL
Ementa
INDENIZATÓRIA. ALEGAÇÃO DE VÍCIO EM ATO JURÍDICO DE EMANCIPAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO NOTÁRIO. Duas as pretensões esboçadas na exordial. A primeira, relativa a anulação da escritura de emancipação por ausência de consentimento paterno. A segunda, dirigida à obtenção de uma indenização pelo Estado porque o notário lavrou a escritura de emancipação sem a presença do pai, tendo sua mãe aproveitado do fato para adquirir um veículo em nome do Apelante, embora para ela fosse, já que não podia fazê-lo pessoalmente porque estava com o nome lançado no rol dos maus pagadores. Quanto a anulação, evidente a ilegitimidade do Estado do Rio de Janeiro para integrar a lide, posto que o ato jurídico sobre o qual o Apelante diz estar formalmenteviciado foi celebrado entre ele próprio e sua mãe. Portanto, quanto a esta pretensão o Estado é parte ilegítima. Quanto a segunda pretensão, o argumento do Apelante está em que a irregular lavratura do ato lhe teria causado prejuízos de ordem moral porque sua mãe acabou celebrando um negócio com terceiro, utilizando-se do filho, então já plenamente capaz. O ato que lhe teria sido lesivo constitui o financiamento feito pela mãe, porquanto antes, ainda que, em tese, se considere irregular a emancipação, o fato por si só não lhe teria causado dano. O dano só teria surgido porque emancipado se fez um financiamento que lhe trouxe prejuízos. De qualquer forma, sem entrar no mérito, a juíza tem razão porque se vício houve, a responsabilidade seria pessoal do notário. A Lei n° 8.935/94, que regulamentou o art. 236 da Carta Política, responsabiliza de forma pessoal e objetiva o tabelião pelos atos danosos praticados por ele e por seus prepostos no desempenho das atividades da Serventia. Recurso desprovido, nos termos do voto do Desembargador Relator.
Responsabilidade dos pais – emancipação
0044060-08.2004.8.19.0004 (2006.001.15060) - APELACAO 
Ementa
DES. JOSE CARLOS PAES - Julgamento: 20/04/2006 - DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL
 
ACIDENTE DE TRANSITO 
EMANCIPACAO DE MENOR 
RESPONSABILIDADE SOLIDARIA DOS PAIS 
INOCORRENCIA 
Apelação Cível. Menor púbere emancipado. Responsabilidade dos pais. Acidente de trânsito no qual faleceu o menor. Código Civil de 1916. 1. No Código Civil de 1916 havia divergência entre a maioridade civil - 21 anos - e a idade em que poderia o menor obter carteira de habilitação perante o órgão responsável - 18 anos - tornando-se apto frente ao Poder Público para conduzir veículos. 2. No presente caso, o causador do acidente era emancipado, estando em situação equivalente a da maioridade civil. 3. Pais de menor púbere, emancipado e habilitado a dirigir carro de sua propriedade não são responsáveis civilmente por atos ilícitos cometidos por seu filho, eis que ausente o dever de vigilância que motivaria tal responsabilização. 4. O que interessa à verificação da legitimidade passiva "ad causam" é aquela pertinência subjetiva da pretensão com a parte contra a qual se deduz o pedido, equação que se considera "a priori" e "in abstrato". 5. Improcedência do recurso. 
Responsabilidade dos pais – emancipação
0003466-28.1996.8.19.0037 (2008.001.47833) - APELACAO 
DES. HENRIQUE DE ANDRADE FIGUEIRA - Julgamento: 12/11/2008 - DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL 
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA. ATROPELAMENTO DE CICLISTA. CULPA. MENOR EMANCIPADO. RESPONSABILIDADE DOS PAIS E DA PROPRIETÁRIA DO VEÍCULO. DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
Ação fundada em responsabilidade civil subjetiva movida por ciclista atropelado ao atravessar a rua na faixa de pedestres, contra o condutor do veículo, menor emancipado, seus pais e a empresa proprietária do carro. As provas orais e documentais demonstram a culpa grave do motorista na condução do veículo ao atropelar a vítima na faixa de pedestre. Nos termos do artigo 70, do Código de Trânsito Brasileiro, quem atravessa na faixa tem prioridade, devendo o motorista parar o veículo. O argumento de culpa exclusiva da vítima não vinga, pois as avarias no veículo demonstram danos na parte da frente, certo que o evento poderia ser evitado caso a atenção do condutor estivesse voltada para o trânsito, pois admite no depoimento ter ouvido apenas o barulho e somente depois de para o carro constatou o atropelamento. A emancipação voluntária não exime a responsabilidade dos pais quando o filho ainda menor pratica ato ilícito. A empresa proprietária do carro responde pelos danos quando o motorista for culpado pelo acidente, por força das culpas in eligendo e in vigilando. O dano material corresponde ao grau de incapacidade da vítima em conseqüência do acidente, apurada na perícia como total temporário, e não se confunde com proventos de aposentadoria do INSS ante a ausência de contribuição do causador do dano para o seguro previdenciário. Presente o dano moral em vista das graves conseqüências experimentadas pela vítima do atropelamento, submetida a internamento e cirurgias, além da angústia em virtude das lembranças amargas do dia fatídico. Reparação que considera a capacidade das partes, o ato lesivo e o resultado danoso. Presente o dano estético em razão das cicatrizes pelo corpo e encurtamento de uma das pernas. Indenização fixada com lastro no princípio da razoabilidade. A seguradora integrante da lide secundária, a denunciação da lide, responde em ação de regresso até o limite em que se obrigou na apólice de seguro. Recurso provido. 
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
EMANCIPAÇÃO
b) Judicial (Artigo 5º, § único, inciso I – 2ª parte CC/02)
				 Conflito entre os pais
DUAS 
SITUAÇÕES
				 Menor em caso de TUTELA
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
1) Conflito entre os pais: juiz decidirá o conflito sobre a emancipação voluntária;
2) Menor em caso de TUTELA
Tutor requer o pedido de emancipação. Juiz deverá atender ao interesse do MENOR.
Art. 5. (...) 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
c) Emancipação Legal (Artigo 5º, § único, incisos II, III, IV e V)
Art. 5o (...)
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(...)
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
II - pelo casamento; (Idade mínima): 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518.  Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
II - pelo casamento; 
 - Viuvez ou separação? Não retorna.
 - O casamento nulo só faz retornar ao estado de incapacidade quando o menor agir de má-fé, pois o casamento nulo produz efeitos ao cônjuge de boa-fé.
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
 
- A lei usou o termo emprego público para referir-se tanto a cargo, quanto emprego.
Exige-se que seja efetivo, excluindo, dessa forma, os temporários.
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
EMANCIPAÇÃO
ENUNCIADOS:
Enunciado n. 3, I Jornada de Direito Civil: A redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção previstas em legislação especial.
Enunciado n. 397, da V Jornada de Direito Civil: a emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita à desconstituição por vício de vontade.
Enunciado n. 530, VI Jornada de Direito Civil: a emancipação, por si, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Exercício 1
Letícia, 17 anos, separada, comprou um automóvel no valor de R$ 30.000,00 com uma parte da herança deixadapor sua mãe. Seu pai, ao saber da compra, tentou anular o negócio jurídico, alegando a incapacidade relativa da filha, com fundamento no art. 4º, I, CC/2002.
Este negócio pode ser anulado? Por quê? Fundamente e Justifique.
Exercício - 1
Letícia, 17 anos, separada, comprou um automóvel no valor de R$ 30.000,00 com uma parte da herança deixada por sua mãe. Seu pai, ao saber da compra, tentou anular o negócio jurídico, alegando a incapacidade relativa da filha, com fundamento no art. 4º, I, CC/2002.
Este negócio pode ser anulado? Por quê? Fundamente e Justifique.
O aluno deverá perceber que, muito embora Letícia tenha 17 anos, ao casar-se foi emancipada (emancipação tácita ou legal, art. 5°, parágrafo único, I) e, por isso, conquistou a plena capacidade para o exercício pessoal de todos os atos da vida civil. 
A separação, seja de fato, seja judicial, não possui o condão de fazer com que a pessoa retorne ao estado de incapacidade. Logo, o negócio jurídico não pode ser anulado.
Exercício - 2
Renata deu à luz sua filha Mariza, que, em razão de má formação na gestação, sobreviveu por algumas horas e veio a falecer pouco depois do parto.
Considerando que o pai de Mariza faleceu dias antes do nascimento e em dúvida sobre as consequências dos fatos narrados, Renata procura um advogado que afirma que com o nascimento Mariza adquiriu personalidade e capacidade de direito, mas não titularizou direitos subjetivos e, ao morrer, não haveria potencial sucessão. 
Assiste razão ao advogado? E se Mariza fosse natimorta, quais seriam as consequências?
Exercício - 2
Como Mariza nasceu com vida, embora tenha falecido pouco depois do parto, adquiriu personalidade e consequentemente a capacidade de direito. Porém, a capacidade para suceder é conferida ao nascituro sob a forma de expectativa de direitos e por isso Mariza integrou a cadeia sucessória do seu pai que já era falecido quando a mesma nasceu. Dessa forma, Mariza incorporou ao seu patrimônio a herança deixada por seu pai e como faleceu logo em seguida, a referida herança passará a sua mãe que é sua ascendente viva. 
Se Mariza fosse natimorta não teria adquirido personalidade nem capacidade de direito e assim não teria herdado de seu pai e tampouco transferido a sua mãe a referida herança.
Caso Concreto – aula 02
Importância disso?
Imposto!!!
Questão objetiva nº 1 – aula 2
(OAB - XVI EXAME UNIFICADO/2015) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:
a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial.
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais.
Questão objetiva nº 1 – aula 2
(OAB - XVI EXAME UNIFICADO/2015) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido:
a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial.
d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais.
Não é possível neste caso a emancipação por instrumento público (emancipação VOLUNTÁRIA, feita exclusivamente pelos PAIS).

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