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HISTÓRIA E MEMÓRIA Viação Férrea do Leste Brasileiro (VFFLB) Trem Iaçu-Bonfim São muito difíceis as referências ao trem de passageiros que fazia a linha entre a cidade de Iaçu (antiga Paraguassu, próximo a Cachoeira, na Bahia) e Senhor do Bonfim (cidade na linha Salvador-Juazeiro, norte da Bahia). Começou a circular em 1917 a partir de uma cidade e de outra, em duas linhas que somente se encontraram em 1951. Tudo indica que o último trem da linha circulou em 1977/78; o de cargas até o ano de 1983, pois devido a um desastre na ponte ferroviária na saída de Iaçu para Itaberaba parou de circular. O trem da Grota levava 14 horas para fazer o percurso entre Senhor do Bonfim e Iaçu. Até 1955, ainda não fazia o percurso inteiro, embora a linha toda já estivesse em funcionamento. Mas já em 1957, já percorria todo trecho entre as duas cidades. Percurso: Iaçu - Senhor do Bonfim Origem da linha: A linha Senhor do Bonfim-Iaçu foi entregue ao tráfego ferroviário aos poucos. Enquanto de Senhor do Bonfim, na linha Centro, a linha foi sendo construída desde 1917, quando o primeiro trecho chegou a Pindobaçu até 1937, quando chegou a Barra (hoje Mundo Novo), de Paraguassu (Iaçu), na linha Sul, a linha saiu para alcançar Itaíba em 1928 e Flores (Rui Barbosa) em 1951. Trens de passageiros circulavam pelos dois ramais isolados um do outro desde o início. Bastante próximas, Flores e Barra foram unidas e em 1953 a linha já funcionava em toda a sua extensão. Por ela andava o "Trem da Grota", extinto em fevereiro de 1977. O próprio ramal foi suprimido depois disso (oficialmente, em 1994) em condições não muito bem explicadas, pois era uma variante que encurtava a linha Norte-Sul no País, além de evitar o gargalo do rio Paraguassu, em Cachoeira, na linha Sul. Hoje nada mais existe dessa linha a não serem algumas das antigas estações. Em 1917 foi aberto ao tráfego o trecho Bonfim-Pindobaçu, com um ramal menor para Campo Formoso, e em 1920 o prolongamento de Pindobaçu até Jacobina. Em 1951, o ramal para Jacobina se juntou ao ramal Iaçu-Itaberaba, fechando um triângulo ferroviário cujas extremidades eram Iaçu, Senhor do Bonfim e Mapele. No trecho Iaçu-Bonfim passou a circular o "Trem da Grota", percorrendo 10 municípios, mas somente por volta de 1960. Esta era a linha Centro-Sul, erradicada definitivamente em 1994, mas mantendo o trecho Senhor do Bonfim-Antonio Gonçalves (antiga Itinga) e dali o ramal para Campo Formoso, de onde se traz carga até hoje para Camaçari, próximo a Salvador. Estação e cidade do Mundo Novo. Notar a semelhança na topografia, com a linha passando pelo vale, dividindo a paisagem entre cidade e campo (Fotos Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, IBGE, vol. XXI, 1958 AUTOR – GILMAR COUTO O trem de passageiros: A primeira e segunda classe Durante todo o período de operações os trens que serviam o ramal eram composições mistas. "O trem (que passava em Mundo Novo, antiga Barra) era sempre misto, com 3 carros de passageiros: o de 1ª, com poltronas estofadas, o de 2ª, com assentos de madeira e o carro-restaurante, que podia ser usado pelos passageiros da 1ª classe". Havia primeira e segunda classe nos trens mais antigos. Abaixo a fotografia de um possível carro do ramal em Jacobina. Imagens do Trem da Grota,em 1960 Até 1955, o trem de passageiros, também chamado de misto ou mochila percorria apenas os trechos Bonfim-Mundo Novo (Barra) e Iaçu-Flores. Em 1957, a linha já era percorrida em seu trecho inteiro, mas com dois trens: o Bonfim-Mundo Novo e o Mundo Novo-Iaçu, em horários diferentes em 4 vezes por semana.Até 1977 ainda corria o Trem da Grota. Viagem de trem misto ou mochila entre Iaçu e Itaberaba, 1958. O fechamento da linha Iaçu-Bonfim O trem de passageiros ainda funcionou até o ano de 1984, fazendo a linha Cachoeira – Iaçu– Jacobina. Assim como o decarga também que seguia pela linha, a partir de Iaçu. O motivo do fechamento do trecho Iaçu-Bonfim teria sido um acidente ocorrido no final de 1983 entre Iaçu e Itaberaba: "Não sei ao certo, mas minha vaga lembrança informa que foi quando eu tinha 5 anos e me lembro que a cidade toda correu para o rio olhar os vagões caídos. A causa do acidente foi que alguns meninos de rua saíram descarregando todo o balão de ar dos freios de todos os vagões todos carregados de cimento, que aí desceu em grande velocidade a linha, e, chegando na ponte, o peso foi grande demais. A ponte de ferro ruiu. Meus pais me levaram para assistir os guinchos retirando os destroços de aço" (Luciano Costa, 09/2007). Ponte ferroviária em Iaçu (já sem um dos vãos, o que caiu e a foto do acidente) que ligava a cidade a Itaberaba: era o início da linha Iaçu-Bonfim. Com a queda da ponte, o tráfego cargueiro - o de passageiros já estava extinto - jamais foi reativado e a ponte está sem a parte central até hoje (Foto Marcus Gusmão, em 2007). Outra versão: "23 de dezembro de 1983”. Alguém, talvez por brincadeira, soltou os freios dos vagões que esperavam manobra do outro lado do rio. Foi o bastante. Carregado de cimento, o comboio ganhou velocidade com o declive próximo do rio e foi de encontro a outra composição que estava parada no meio da ponte. O estrondo foi ouvido em quase toda a cidade, que correu para a beira do rio para ver o estrago. Um dos vãos da ponte não suportou o impacto e o peso provocado pelos vagões encavalados e cedeu. Como o transporte via ferrovia já estava emdecadência ninguém se deu ao trabalho de consertar o estrago. Iaçu perdeu parte da ponte e ganhou um cartão “postal exótico". (Marcus Gusmão, 09/2007, blog http://licuri.wordpress.com).
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