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Violncia_e_Criminalidade_

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2018 
 
SE LIGA NESSA HISTÓRIA 
 
Professora Renata 
Esteves 
 
[CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA] 
Reflexões sobre a criminalidade, a violência, a insegurança e as políticas carcerárias 
 
SE LIGA NESSA HISTÓRIA 
 
 
 
1 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
As narrativas a respeito da violência e da criminalidade 
revelam aspectos controversos se considerarmos que o 
exercício da violência esta presente em diversas 
dimensões nem sempre fáceis de serem identificadas. 
Assim, diante deste processo complexo, gerador de juízos 
imbuídos de paixões e sentimentos, corre-se o risco de 
pensar as tentativas de combate à violência de uma 
maneira rasa e pouco fundamentada. A consequência disso, 
não raramente, consiste na multiplicação da própria 
violência em suas dimensões mais abstrusas. Isto é, muitas 
vezes, a violência é multiplicada na tentativa de contê-la. 
Por isso é que se sugere cuidado nos momentos de reflexão 
a respeito da violência e das possíveis estratégias para sua 
redução ou eliminação. Pretendemos aqui, analisar as 
possíveis dimensões em que a violência se insere, para que 
a identifiquemos também em suas manifestações mais 
sutis, mas não menos bárbaras. 
 Frequente e inconscientemente a violência é naturalizada, 
considerada necessária e, até mesmo, legitimada em 
algumas ocasiões. De maneira que, foi possível 
experimentarmos regimes políticos autoritários que 
firmaram presença em nosso país e expandiram suas 
práticas violentas sob um pretexto de manutenção da 
ordem. No entanto, poucas vezes se questiona com alguma 
profundidade a respeito do significado desta ordem que a 
todo custo necessita ser mantida. Bem como, quem seriam 
de fato esses desordeiros a que se direciona a repressão. 
VIOLÊNCIA 
 Designa fatos e 
ações humanas 
que se opõem, 
questionam ou 
perturbam a paz 
ou a ordem social 
reconhecida como 
legítima. 
 Emprego de força 
bruta ou 
desmedida 
 Forma de 
privação 
 Os efeitos da 
violência 
produzem danos à 
integridade 
física, psíquica, 
moral, aos bens 
materiais e 
simbólicos. 
RETIRADO DE: ADORNO, 
Sérgio. Violência e Crime: 
sob o domínio do medo na 
sociedade brasileira in: 
Agenda Brasileira, André 
Botelho (org.) e Lilia Moritz 
Schwarcz (org.). 
 
 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
2 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
Assim, muitas vezes a violência praticada pelo próprio 
Estado é legitimada em nome da eliminação de uma suposta 
desordem que frequentemente é pouco problematizada. 
Ainda que alguns crimes sejam inequivocamente 
considerados cruéis e violentos, passíveis da repulsa e 
reprovação de toda a sociedade, há que se que considerar 
que os critérios que definem certas ações como repulsivas, 
criminosas ou violentas variam segundo o discurso, a 
posição social dos indivíduos envolvidos e o contexto de 
cada época e lugar, o que indica que a determinação desses 
critérios, por muitas vezes, perpassam as mais diversas 
esferas de poder. 
É desta forma que Michel Foucault, importante pensador 
do século XX, traça uma genealogia das formas de punição, 
revelando que os critérios, para definição do delinquente e 
da delinquência, sempre variaram conforme o período, se 
adequando e se escondendo sob os discursos e práticas de 
poder. 
 Foucault também nos revela que as formas de punição 
sempre estiveram saturadas de violência, mas que, quando 
incorporada aos dispositivos presentes em cada período, 
pôde ser legitimada e, assim, pouco transparecia. 
Desta forma, se o cruel teatro da tortura e do suplício 
ostentado em praças públicas como forma de punição 
durante o século XVII europeu, relatado por Foucault em 
sua destacada obra Vigiar e Punir, é atualmente 
considerado desumano e intolerável; as práticas violentas 
exercidas em nossos cárceres modernos escapam a esta sensibilidade. Pois, nos 
encontramos dentro de uma rede de práticas e discursos que naturalizam e 
viabilizam essas ações. Assim, possuímos como grande desafio, a tentativa de 
CRIME é a 
violência 
codificada nas 
leis penais. As 
ações violentas 
nem sempre são 
ou foram 
reconhecidas 
como crimes, 
exemplos: 
violência 
doméstica, 
racismo, 
homofobia... 
RETIRADO DE: 
ADORNO, Sérgio. 
Violência e Crime: sob o 
domínio do medo na 
sociedade brasileira in: 
Agenda Brasileira, André 
Botelho (org.) e Lilia 
Moritz Schwarcz (org.). 
 
 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
3 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
desenvolver nossa sensibilidade e percepção para a difícil identificação de ações 
violentas estruturadas em nossas práticas. 
 O que se quer destacar aqui é que criminalidade e violência, embora sejam 
frequentemente relacionadas, não necessariamente se identificam no exercício e 
formulação de nossas leis. Isso indica que toleramos, de alguma maneira, certas 
formas de violência, ao mesmo tempo em que criminalizamos determinados atos não 
violentos. Fato que, muitas vezes, revela a reprodução das estruturas de poder e a 
descriminação de grupos perante a execução e elaboração das leis, impossibilitando 
o exercício de uma verdadeira democracia. 
 Assim, algumas ações violentas como àquelas ocorridas na esfera doméstica ou a 
violência ideológica presente nos atos de discriminação racial e sexual nem sempre 
foram ou são consideradas crimes, por vezes sendo aceitas e naturalizadas. Basta 
recorrer à história do Ocidente para identificar a institucionalização da violência 
extrema presente, por exemplo, nos regimes escravocratas ou no holocausto judeu. 
Tais fatos denunciam que, certas ações violentas, praticadas contra determinados 
grupos, serão toleradas, amenizadas, naturalizadas ou até mesmo reconhecidas em 
lei. 
 Da mesma forma, mas, por outro lado, é possível identificar, ao longo da nossa 
história, a criminalização de atos não violentos como, por exemplo, aqui no Brasil a 
proibição por lei da ociosidade ou da prática da capoeira. Fatos que denunciam 
paradoxo digno de análise, pois, se a violência não está presente no ato 
criminalizado, se manifesta na própria lei, isto é, no exercício de sua proibição, em 
forma de racismo e de penalização da pobreza. 
A luta pela conquista ou mesmo garantia de direitos reconhecidos pela constituição 
e que priorizam a dignidade e a cidadania sofrerão ataques, repressão, penalização 
e criminalização. Assim a organização de greves e manifestações pelos movimentos 
sociais e sindicatos será muitas vezes, proibida. 
A criminalização não escapa até mesmo aos saberes e à ciência que, desde 
Sócrates, sofre penalizações. A cena narrada por Platão no diálogo Apologia de 
Sócrates denuncia a condenação à morte do pensador que ousou questionar e 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
4 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
estimular os jovens a refletirem a respeito do mundo e da sociedade de sua época. 
Assim, o ensino, os saberes, os livros, cientistas e professores também se 
encontrarão na mira, ao longo de toda a história, de perseguições e tentativas de 
criminalização, ainda que não envolva em suas atividades nenhuma forma de 
violência. Pensadores reconhecidos como Giordanno Bruno e Galileu Galilei ilustram 
apenas os exemplos mais clássicos. 
Nesta medida é que se pretende uma reflexão a respeito do tema da criminalidade 
e Violência. Para tanto, o filósofo esloveno Slavoj Zizek, nos auxilia identificando 
três principais manifestações da violência: subjetiva, objetiva e simbólica. 
Examinemos brevemente cada uma dessas. 
VIOLÊNCIA SUBJETIVA 
 A violência subjetiva é a mais visível das três, já que corresponde a um tipo 
de violência física e direta ou ideológica (preconceitos e discriminações) em que se 
identificao agente causador do mal. Assim, a violência urbana, rural e doméstica 
são exemplos. Os assaltos, estupros, homicídios, sequestros, linchamentos, 
terrorismos e agressões físicas e psicológicas podem ser classificados nessa 
categoria. Bem como as violências ideológicas causadas por preconceitos e 
discriminações presentes em “bulings” e nas mais diversas formas de 
constrangimentos. Inclui-se também a violência ultrasubjetiva constituindo os 
novos fundamentalismos de caráter étnico, religioso ou racista. 
Políticas públicas voltadas para a segurança dos indivíduos e da garantia do direito 
à vida e à liberdade devem investigar causas, tipos e manifestações da violência 
urbana a fim de elaborarem estratégias para a sua diminuição. Porém, nem sempre 
a atuação isolada de políticas de repressão e segurança alcança êxito, pois, a 
formulação dessas estratégias, a maior parte das vezes exige uma maior 
complexidade. Assim, vários pesquisadores sugerem políticas preventivas que 
envolvem a atuação de outros setores para garantia de direitos sociais capazes de 
oferecer dignidade e oportunidades para o desenvolvimento humano. 
 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
5 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
 
 
VIOLÊNCIA NO BRASIL 
O atlas da violência desenvolvido por pesquisadores do IPEA nos oferece pistas a 
respeito do perfil de violência presente em nosso país. 
 
Temos que, o perfil das vítimas de homicídio no Brasil é constituído por uma 
maioria de homens, jovens (entre 15 e 29 anos) e negros (pretos e pardos). 
 O racismo e as desigualdades raciais presentes em nossa tradição histórica não 
podem ser desprezados ao examinarmos as manifestações da violência no Brasil, 
pois, os dados do IPEA revelam uma redução na taxa de homicídio de homens e 
mulheres brancas no período de 2005 a 2015, ao passo que, denuncia o aumento da 
taxa de homicídio de mulheres e homens negros durante o mesmo período. 
Outro dado relevante refere-se ao índice de feminicídio no Brasil que corresponde 
a uma das taxas mais altas do mundo. 
 
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30
253 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253
 
6 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
 
 
VIOLÊNCIA OBJETIVA 
A violência objetiva corresponde a um tipo de violência estrutural, gerada em meio 
à funcionalidade e coerência do sistema econômico. Isto é, a origem da violência 
não está relacionada diretamente a um agente social causador, mas, se desenvolve 
de modo sistêmico, objetivo e, portanto, anônimo. E, como que, produto do sistema 
econômico, tanto mais difícil será sua 
identificação e desnaturalização. 
 Assim, a violência objetiva corresponde, por 
exemplo, àquela gerada por um sistema que 
atende políticas de demanda econômica que 
beneficia a situação abstrata do capital e 
despreza a realidade social dos indivíduos 
efetivos. Atenta-se, também, para uma violência 
ultraobjetiva que se desenvolve a partir das 
condições do capitalismo global que promove a 
criação automática de indivíduos excluídos e 
dispensáveis. 
A julgar pelo Brasil, estima-se que o país esteja 
entre as quinze maiores economias do mundo, 
ostentando a 9º posição (FMI, World Economic 
Outloook Database, Abril de 2017.) em PIB 
(produto interno bruto) no mundo. Mas, ao mesmo 
tempo, encontra-se no ranking mundial entre os 
que sustentam o maior índice de GINI, quociente 
que mede a concentração e desigualdade na 
distribuição de renda, ocupando a 10º posição. 
Isso revela que uma grande massa de brasileiros 
A responsabilidade 
pelos crimes 
comunistas é de fácil 
atribuição, mas, 
quando chamamos 
atenção para milhões 
de pessoas que 
morreram devido à 
globalização 
capitalista, (da 
tragédia do México no 
século XVI ao 
holocausto do Congo 
belga) a 
responsabilidade 
tende a ser negada, 
ninguém planejou, não 
houve um “manifesto 
capitalista”. 
ZIZEK, Slajov. 
Violência: seis 
reflexões laterais. 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
7 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
não compartilha das riquezas geradas pelo país e 
encontra-se em condições de miserabilidade, sendo, 
na prática, destituídos de direitos fundamentais. 
 
Madre e Hijo/2000 
 
 El cazador/1999 
 
Una madre/2001 
 
O artista plástico 
colombiano Fernando 
Botero é um dos mais 
prestigiados no mundo. 
 Apesar de o artista 
declarar que não 
compartilha do ideal 
político de utilização da 
arte como arma de 
combate, pinta algumas 
obras como forma de 
repudiar a violência. 
Nestas, registra as 
dores de seu país; a 
barbárie, a crueldade 
premeditada, a dor 
profunda do ser humano 
quando acossado e 
oprimido, quando é 
arrancada sua liberdade 
e seus direitos, sejam 
por guerrilhas, 
narcotráfico, manobras 
políticas ou pelos grupos 
paramilitares acontecidos 
na década de 1990. 
https://taislc.blogspot.com/2
012/03/botero-e-as-dores-da-
colombia.html 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
8 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
masacre em 
colombia/2000 
 
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA 
A violência simbólica é a mais sútil, portanto, a mais 
difícil de ser identificada, pois se encontra na esfera da 
linguagem, dos símbolos e significações. 
Nesta medida, Zizek refuta os pensadores que defendem 
a fala como uma forma de renuncia à violência, como algo 
que possibilita o diálogo e então, o consenso, acordos e 
empatia. Pois, porquanto nos definimos por meio da 
linguagem, somos seres sociais e simbólicos e, então, 
quando somos tratados como inferiores, nos tornamos 
realmente inferiores no âmbito de nossa identidade 
simbólica, pois, é ela quem determina a existência social 
dos sujeitos interpretados. 
 Pierre Bourdieu, conhecido sociólogo e estudioso do 
tema, afirma que ela é resultado de um poder invisível e 
insensível porque inserida em uma dimensão figurada, de 
modo que se estrutura em meio à formação de esquemas 
de pensamentos que são impensáveis. Assim, se realiza 
pelo emprego de categorias de percepção, isto é, de 
princípios de visão e divisão do mundo produzido 
socialmente. 
Isso significa que existe uma ordem simbólica, que 
DIMENSÃO 
SIMBÓLICA 
Ao pensarmos, por 
exemplo, na ideia de 
flor, não estamos nos 
referindo 
necessariamente ao 
órgão reprodutor de 
uma planta. Pois, a flor 
simboliza beleza, alma, 
pureza, amor, 
delicadeza, perfeição 
espiritual e 
feminilidade. Em alguns 
lugares simboliza a 
virgindade ou a sua 
perda (processo 
chamado de 
defloração). 
Frequentemente é 
utilizada para 
presentear mulheres e 
ornamentar os mais 
diversos ambientes, é 
empregada em rituais, 
seja de casamento ou 
funeral. Assim, em sua 
dimensão simbólica 
suplanta o significado 
simples de órgão 
reprodutor de uma 
planta. 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
9 
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pertence à linguagem e, quando alguns dominam a produção de sentido sobre o 
mundo social, tendem a forjar uma visão engendrada em sua direção, o que termina 
por legitimar uma dominação na esfera prática. Daí, então, é que a violência 
simbólica se manifesta. 
Bourdieu investiga, sobretudo, a dominação masculina oriunda de uma dimensão 
simbólica produtora de violência. Porquanto, por meio de uma produção dicotômica 
do masculino e feminino, promove uma ordem de oposições simbólicas 
(masculino/feminino; grande/pequeno; forte/frágil; racional/emocional) que 
inferioriza as mulheres, exercendo e justificando uma dominação sobre as mesmas. 
MEDO E INSEGURANÇA 
Embora o Brasil integre a lista dos países mais violentos do mundo, com os maiores 
índices de homicídios, o medo presenteem nossas cidades e capitais nem sempre 
coincide com o aumento da criminalidade. 
Investigações realizadas pelo sociólogo Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de 
Estudos sobre a Violência (NEV/USP), revelam que, muitas vezes, o medo excede o 
risco real, pois existem outros elementos que acirram a insegurança nas pessoas. 
As transformações sociais e morais da sociedade moderna, as incivilidades e os 
problemas econômicos, por exemplo, seriam propulsores do sentimento de 
insegurança das pessoas nas grandes cidades, sobretudo, em relação ao “outro” 
àquele considerado diferente, como os estrangeiros, os pobres e os habitantes das 
periferias. 
Assim, o comportamento de pobres e de estrangeiros passa a ser encarado como 
um problema de segurança e, por vezes, criminalizado. Daí decorre o 
desenvolvimento da aparelhagem tecnológica, policiamento e segurança privada que 
delimita espaços em detrimento do lugar dos “outros”. Os espaços públicos que 
comportam o pluralismo cultural tornam-se cada vez mais raros e são substituídos 
pelos condomínios privados que ostentam as mais diversas estratégias tecnológicas 
de segurança, permitindo uma integração somente entre os “iguais”. Assim, a busca 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
10 
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obsessiva pela segurança indica alguma relação com o desejo de afastamento 
daqueles que são considerados diferentes. 
A mídia também influencia na potencialização do sentimento de medo e 
insegurança, pois, os jornalismos policiais atendendo as acirradas disputas por 
audiência tendem a destacar ainda mais a violência e a criminalidade em suas 
narrativas sensacionalistas e apaixonadas. Muitas vezes, apelam para um discurso 
que identifica uma violência desordenada e relacionada ao abandono pelo Estado de 
políticas de segurança e repressão mais rígidas, estimulando nos espectadores ou o 
desejo por um Estado seguro e autoritário ou pelo direito de fazer “justiça com as 
próprias mãos”. 
Candidatos políticos também se aproveitam da paranoia generalizada da população 
em suas campanhas eleitorais. De maneira que, se apropriam desse medo 
exacerbado para se promoverem em meio a promessas de aplicação de políticas de 
segurança. Haverá, portanto, disputas em torno dessas, pois, enquanto uma parcela 
de eleitores defende políticas distributivas, capazes de promover justiça social e 
respeito aos direitos humanos, inclusive para os que cometeram o crime. A outra 
aposta em políticas retributivas, porquanto, acreditam que a contenção da 
criminalidade depende da aplicação da lei e ordem, e devem tornar caro o custo do 
crime para que seja desestimulado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
 
11 
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As Caravanas (Chico Buarque) 
O medo do “outro” é tema da composição de Chico Buarque denominado As 
Caravanas, a inspiração veio das cenas ocorridas no Rio de Janeiro em que os 
ônibus vindos dos subúrbios em direção às praias da zona sul do Rio eram 
alvos de blitze e revistas. 
É um dia de real grandeza, tudo azul 
Um mar turquesa à la Istambul 
enchendo os olhos 
Um sol de torrar os miolos 
Quando pinta em Copacabana 
A caravana do Arará, do Caxangá, da 
Chatuba 
A caravana do Irajá, o comboio da 
Penha 
Não há barreira que retenha esses 
estranhos 
Suburbanos tipo muçulmanos do 
Jacarezinho 
A caminho do Jardim de Alá 
É o bicho, é o buchicho, é a charanga 
 
Diz que malocam seus facões e adagas 
Em sungas estufadas e calções 
disformes 
É, diz que eles têm picas enormes 
E seus sacos são granadas 
Lá das quebradas da Maré 
 
Com negros torsos nus deixam em 
polvorosa 
A gente ordeira e virtuosa que apela 
Pra polícia despachar de volta 
O populacho pra favela 
Ou pra Benguela, ou pra Guiné 
 
Sol 
A culpa deve ser do sol que bate na 
moleira 
O sol que estoura as veias 
O suor que embaça os olhos e a razão 
E essa zoeira dentro da prisão 
Crioulos empilhados no porão 
De caravelas no alto mar 
 
Tem que bater, tem que matar, 
engrossa a gritaria 
Filha do medo, a raiva é mãe da 
covardia 
Ou doido so 
u eu que escuto vozes 
Não há gente tão insana 
Nem caravana do Arará 
Não há, não há 
 
Sol 
A culpa deve ser do sol que bate na 
moleira 
O sol que estoura as veias 
O suor que embaça os olhos e a razão 
E essa zoeira dentro da prisão 
Crioulos empilhados no porão 
De caravelas no alto mar 
 
Tem que bater, tem que matar, 
engrossa a gritaria 
Filha do medo, a raiva é mãe da 
covardia 
Ou doido sou eu que escuto vozes 
Não há gente tão insana 
Nem caravana 
Nem caravana 
Nem caravana do Arará 
 
 
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12 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
A composição de Chico Buarque “Caravanas” retrata a busca obsessiva pela segurança que 
revela o desejo de afastamento daqueles que são considerados diferentes: “Não há 
barreira que retenha esses estranhos” 
 
 Neste caso, os pobres, moradores de favelas e periferias que surgem em “caravanas” 
“invadindo” os espaços nobres da cidade: Quando pinta em Copacabana 
A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba 
A caravana do Irajá, o comboio da Penha 
 
Assim, Chico Buarque faz referência aos moradores das favelas, considerados perigosos e 
desordeiros, ao mesmo tempo em que problematiza a figura do muçulmano, imigrante que 
sofre preconceito similar, pois, frequentemente é associado ao terrorismo. 
Assim, pobres e muçulmanos são desenhados como monstros terroristas e perigosos pelo 
imaginário popular: Diz que malocam seus facões e adagas 
Em sungas estufadas e calções disformes 
É, diz que eles têm picas enormes 
E seus sacos são granadas 
 
Faz referencias também a escravidão quando improvisa um trocadilho entre caravanas e 
caravelas: Crioulos empilhados no porão 
De caravelas no alto mar 
 Denunciando que os moradores da favela descendem dos povos escravizados: Com negros 
torsos nus 
De modo que a pobreza e o preconceito que sofrem são heranças da tradição escravagista 
no Brasil. 
 
Desta forma, o compositor denuncia a criminalização da pobreza, a intolerância e o medo do 
“outro”: Pra polícia despachar de volta 
O populacho pra favela 
Ou pra Benguela, ou pra Guiné 
 
E o consequente ódio e desejo de penalização, vingança e “justiça com as próprias mãos”: 
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria 
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia 
 
No entanto ele satiriza o preconceito dizendo que essa paranoia toda, em realidade é um 
delírio (Não há gente tão insana) que a elite ( gente ordeira e virtuosa ) sofre devido ao 
sol forte de Copacabana: 
 A culpa deve ser do sol que bate na moleira 
O sol que estoura as veias 
O suor que embaça os olhos e a razão 
 
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Penalizações e Cárcere 
 
Michel Foucault na obra vigiar e punir revela que nem sempre a prisão foi 
considerada a melhor forma de punição, teria sido com o advento da burguesia que 
o cárcere passou a ser utilizado cada vez mais. 
Em uma análise apressada, o cárcere parece ser a forma mais civilizada de punição 
e, por tal motivo é que teria sido adotado com maior frequência no período 
iluminista. Mas, Foucault nos revela que o cárcere responde melhor aos interesses 
do período, de modo que se adapta a um tipo de poder constituído por práticas e 
discursos iluministas e racionalistas, por tal motivo é que teria sido substituído por 
outras formas de punição. 
Segundo Foucault, desde o início do iluminismo, o cárcere funciona como 
instrumento de poder da burguesia, que separa as ilegalidades, punindo os crimes 
cometidos pelos pobres com a prisão, ao passo que, os crimes cometidos 
normalmente pela burguesia são punidos com formas alternativas. Posteriormente, 
o cárcere passa a cumprir funções disciplinadorasque concordavam com a ordem 
de uma sociedade que fabricava indivíduos dóceis e úteis. 
Hoje no Brasil possuímos uma das maiores populações carcerárias do mundo, pois as 
políticas de sentenças judiciais são moldadas pela ideologia prevalente de que a 
prisão funciona. No entanto, tem se revelado inábil para a redução da violência e da 
criminalidade. 
Em verdade, os cárceres brasileiros produzem violência em seu interior e fabricam 
o delinquente em vez de solucionar o problema da criminalidade. Pois além de 
oferecer atrasos nos julgamentos devido ao excesso de burocracia, expõe os 
presos a abusos de autoridade e condições degradantes como, por exemplo, às 
proliferações de doenças graves como aids e tuberculose. Em seu interior 
disseminam-se rebeliões e violência contra policiais e agentes penitenciários. É no 
cárcere também que o crime organizado, portador de lucros gigantescos, se 
desenvolve, recrutando novos membros. Assim, torna-se questionável os seus 
efeitos e, portanto, se a dívida deve ser paga nessa economia de dor e degradação. 
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14 
Acesse: http://www.seliganessahistoria.com.br/ 
Além disso, necessita-se de altos custos para manter um suspeito ou condenado na 
prisão, estimando-se um gasto de 15 mil reais por vaga e um custo mensal de 800 
reais por preso. 
Nesta medida é que muitos juízes, sociólogos e criminólogos sugerem que a prisão 
deve ser adotada como último recurso e não como primeiro. Sendo reservada a 
criminosos violentos, perigosos e reincidentes. Assim, sugerem-se estratégias de 
diversificação da pena, constituindo alguns procedimentos de conciliação, serviços 
comunitários e participação em programas voltados para mudança de 
comportamento. Considerando, portanto, as categorias e características dos 
criminosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Eugênio Raul Zaffaroni 
Jurista e magistrado argentino. Foi ministro da Suprema Corte Argentina de 2003 
a 2014 e, desde 2015, é juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
Professor emérito e diretor do Departamento de Direito Penal e Criminologia na 
Universidade de Buenos Aires, é também doutor honoris causa pela Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro, pela Universidade Federal do Ceará, pela 
Universidade Católica de Brasília e pelo Centro Universitário FIEO. É vice-
presidente da Associação Internacional de Direito Penal. 
 
Segundo Zaffaroni, os meios de comunicação são responsáveis por demandas que 
criam o chamado pânico social. De acordo com o ministro, a melhor forma de lidar 
com os jovens é oferecendo possibilidades de trabalho e estudo, com políticas 
públicas viáveis. Na entrevista, Zaffaroni destaca a importância do Brasil para os 
países latinoamercianos e diz que o país não pode se deixar levar por campanhas 
que só objetiva destruir a solidariedade e a própria consciência nacional. 
 
Leia a entrevista (2013) feita pela repórter Viviane Tavares: 
 
Por que o senhor defende a necessidade de uma identidade latina no Direito Penal? 
 
Nossos países estão vivendo um crescimento da legislação repressiva, porém, deveríamos 
caminhar para fortalecer a solidariedade pluriclassista em nosso continente. Não podemos 
seguir os modelos europeus e, muito menos, o norte-americano, em que a política criminal é 
marcada por uma agenda midiática que provoca emergências passageiras, resultando em leis 
desconexas, que, passada a euforia midiática, continuam vigentes. 
 
Atualmente, a grande questão do sistema penal brasileiro é a redução da maioridade 
penal. Qual é a sua opinião sobre isso? O que deve ser levado em conta para se 
limitar essa idade? 
 
A redução da maioridade penal é também uma demanda mundial que se relaciona à política 
de criminalização da pobreza. A intenção é pôr na prisão os filhos dos setores mais 
vulneráveis, enquanto os da classe média continuam protegidos. Embora haja alguns 
adolescentes assassinos, a grande maioria dos delitos que eles cometem são de pouquíssima 
relevância criminal. O Brasil tem um Estatuto [Estatuto da Criança e Adolescente] que é 
modelo para o mundo. Lamento muito que, por causa da campanha midiática, ele possa ser 
destruído. 
 
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Na Argentina existe um modelo de responsabilidade penal para adolescentes de 16 
anos. Como isso se dá? 
 
Na Argentina, a responsabilização penal começa aos 16 anos, de maneira atenuada, e 
somente é plena a partir dos 18 anos. Não obstante, somos vítimas da mesma campanha, 
embora os menores de 16 anos homicidas na cidade de Buenos Aires, nos últimos dois anos, 
sejam apenas dois. A ditadura reduziu a idade de responsabilização para 14 anos e logo teve 
que subir de novo para 16, ante ao resultado catastrófico dessa reforma brutal, como tudo 
o que fizeram. Ninguém pode exigir que um adolescente tenha a maturidade de um adulto. 
Sua inteligência está desenvolvida, mas seu aspecto emocional, não. O que você faria se um 
adolescente jogasse um giz em outra pessoa na escola? Em vez disso, o que você faria se eu 
jogasse um giz no diretor da faculdade de Direito em uma reunião do conselho diretivo? 
Não se pode alterar a natureza das coisas, uma adolescente é uma coisa e um marmanjo de 
40 anos outra. 
 
Como o senhor avalia o sistema de encarceramento? 
 
As prisões são sempre reprodutoras. São máquinas de fixação das condutas desviantes. Por 
isso devemos usá-las o menos possível. E, como muitas prisões latinoamericanas, além disso, 
estão superlotadas e com altíssimo índice de mortalidade, violência etc., são ainda mais 
reprodutoras. O preso, subjetivamente, se desvalora. É um milagre que quem egresse do 
sistema não reincida. Enquanto não podemos eliminar a prisão, é necessário usá-la com 
muita moderação. Cada país tem o número de presos que decide politicamente ter. Isso 
explica que os EUA tenham o índice mais alto do mundo e o Canadá quase o mais baixo de 
todo o mundo. Não porque os canadenses soltem os homicidas e estupradores, mas porque o 
nível de criminalidade média é escolhido de forma política. Não há regra quando se trata de 
casos de delinquência mediana, a decisão a respeito é política, portanto, pode ser arbitrária 
ou não. Ademais, a maioria de nossos presos latinoamericanos não estão condenados, são 
processados no curso da prisão preventiva. Como podemos discutir o tratamento, quando 
não sabemos se estamos diante de um culpado? 
 
 
Como podemos explicar este foco no tráfico de drogas como o principal mal da 
sociedade atual? Ele precisa ser combatido? 
 
A proibição de tóxicos chegou a um ponto que não sei se tem retorno sem criar um 
gravíssimo problema ao sistema financeiro mundial. A única solução é a legalização, porém 
não acho que seja possível. A queda acentuada do preço do serviço de distribuição 
provocaria uma perda de meio bilhão de dólares, no mínimo. Esta mais-valia totalmente 
artificial entra na espiral financeira mundial, através da lavagem de dinheiro, que o 
hemisfério norte monopoliza. Sem essa injeção anual, se produziria uma recessão mundial. 
Como se resolve isso? Sinceramente, não sei. Só sei que isso é resultado de uma política 
realmente criminal, no pior sentido da palavra. 
 
 
 
 
No Brasil estamos vivendo um fenômeno com o crack. Em estados como Rio de Janeiro 
e São Paulo, os usuários estão sendo encaminhados para uma internação compulsória, 
uma espécie de encarceramento para o tratamento. Como o senhor avalia isso? 
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Não sei o que é esse crack, suponho que seja um tóxico da miséria, como o nosso conhecido 
"paco". O "paco" é uma mistura de venenos, vidro moído e um resíduo da cocaína. É um 
veneno difundido entre as criançase adolescentes de bairros pobres, deteriora e mata em 
pouco tempo, provoca lesões cerebrais. Como se combate? Quem deve ser preso? Os 
meninos que são vítimas? Isso não pode ser vendido sem a conivência policial, como todos os 
outros tóxicos proibidos, porém, nesse caso, é muito mais criminal a conivência. Seria 
preferível distribuir maconha. Isso é o resultado letal da proibição. Nós chegamos a isso, a 
matar meninos pobres. 
 
Existe alguma forma de combater a violência sem produção de mais violência por parte 
do Estado? 
 
Na própria pergunta está a resposta. Se o Estado produz violência não faz mais que 
reproduzi-la. Cada conflito requer uma solução, temos de ver qual é a solução. Não existe o 
crime em abstrato, existem, sim, conflitos concretos, que podem ser solucionados pela via 
da reparação, da conciliação, da terapêutica, etc., esgotemos antes de tudo essas soluções 
e apenas quando não funcionarem pensemos na punição e usemos, ainda assim, o mínimo 
possível a prisão. Não podemos pensar em soluções com a polícia destruída, mal paga, não 
profissionalizada, infestada por cúpulas corruptas, etc., Ou não estou descrevendo uma 
realidade latinoamericana? 
 
Revista Consultor Jurídico, 30 de julho de 2013, 13h51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RECOMENDAMOS: 
FILMES E DOCUMENTÁRIOS: 
”Sem pena”, Direção: Eugenio Puppo, 2014, Brasil. 
O documentário retrata as adversidades vividas pelas pessoas presas e processadas 
criminalmente e para tanto apresenta vários depoimentos que revelam a burocracia e os 
equívocos presentes no sistema carcerário brasileiro. O documentário proporciona o 
sentimento de impaciência e impotência diante dos procedimentos burocráticos do sistema 
carcerário. 
https://www.youtube.com/watch?v=b6RDgB8GVW8 
 
”O Apartamento”. Direção: Asghar Farhadi, 2017, Irã. 
 Um casal de atores muda para um novo apartamento, onde a esposa é atacada. Agora, os 
dois devem lidar com a situação e decidir se querem ou não saber quem foi o responsável. 
Revela o sofrimento e culpa da mulher que sofre a violência, o desejo obsessivo por 
vingança de seu marido e da figura incomum e surpreendente do algoz. O filme proporciona 
sentimentos complexos e confusos diante das consequências geradas pela violência, 
potencializando problematizações mais elaboradas a respeito do tema. 
 
”A 13ª Emenda”. Direção: Ava DuVernay, 2017, EUA. 
 O documentário da Netflix revela como o sistema penitenciário dos EUA perpetua a 
escravidão. O título se refere à 13ª emenda à Constituição dos EUA, que aboliu a 
escravidão formalmente. O documentário possibilita a relação entre a exploração, o 
racismo e as políticas carcerárias. 
 
 
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https://www.youtube.com/watch?v=b6RDgB8GVW8
 
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”Abril despedaçado”. Direção: Walter Salles, 
Brasil, 2002. 
 O filme narra a estória de duas famílias envolvidas em uma disputa sem fim, revelando 
como a vingança pode gerar um eterno ciclo de violência. O delicado e poético filme pode 
ser interpretado como uma singela metáfora à cultura de vingança presente em nossos 
discursos e práticas jurídicas. 
https://www.youtube.com/watch?v=vUJOv6CJ9h8 
 
”Hiato” Diretor: Vladimir Seixas, 2008, Brasil. 
Em agosto de 2000, um grupo de manifestantes organizou uma ocupação em um grande 
shopping da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O episódio obteve grande repercussão na 
imprensa nacional e ainda hoje é discutido por alguns pensadores. O curta recuperou 
imagens de arquivo e traz entrevistas de alguns personagens 7 anos após essa inusitada 
manifestação. O documentário possibilita a análise da criminalização da pobreza e dos 
movimentos sociais. 
https://www.youtube.com/watch?v=UHJmUPeDYdg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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https://www.youtube.com/watch?v=vUJOv6CJ9h8
http://portacurtas.org.br/busca/specSearch.aspx?spec=diretor&artist=Vladimir%20Seixas
https://www.youtube.com/watch?v=UHJmUPeDYdg
 
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LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
Michel Foucault: O corpo dos condenados 
O afrouxamento da severidade penal no decorrer dos últimos séculos é um 
fenômeno bem conhecido dos historiadores do direito. Entretanto, foi visto, 
durante muito tempo, de forma geral, como se fosse fenômeno quantitativo: menos 
sofrimento, mais suavidade, mais respeito e "humanidade". Na verdade, tais 
modificações se fazem concomitantes ao deslocamento do objeto da ação punitiva. 
Redução de intensidade? Talvez. Mudança de objetivo, certamente. 
 Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais 
duras, sobre o que, então, se exerce? A resposta dos teóricos - daqueles que 
abriram, por volta de 1780, o período que ainda não se encerrou - é simples, quase 
evidente. Dir-se-ia inscrita na própria indagação. Pois não é mais o corpo, é a alma. 
À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, 
profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Mably 
formulou o princípio decisivo: 
Que o castigo, se assim posso exprimir, fira mais a alma do que o corpo. 
 Momento importante. O corpo e o sangue, velhos partidários do fausto 
punitivo, são substituídos. Novo personagem entra em cena, mascarado. Terminada 
uma tragédia, começa a comédia, com sombrias silhuetas, vozes sem rosto, 
entidades impalpáveis. O aparato da justiça punitiva tem que ater-se, agora, a esta 
nova realidade, realidade incorpórea. 
 Pura informação teórica, repelida pela prática penal? Seria 
superficialidade afirmá-lo. A verdade é que punir, atualmente, não é apenas 
converter uma alma. Entretanto, o princípio de Mably não permaneceu como um 
piedoso voto. Por toda a moderna história da penalidade, é possível seguir-lhe os 
efeitos. 
 Em primeiro lugar, a substituição de objetos. Não queremos dizer com 
isso que, subitamente, se começou a punir outros crimes. Sem dúvida, a definição 
das infrações, sua hierarquia de gravidade, as margens de indulgência, o que era 
tolerado de fato e o que era permitido de direito - tudo isto modificou-se 
amplamente nos últimos duzentos anos. Muitos crimes perderam tal conotação, uma 
vez que estavam objetivamente ligados a um exercício de autoridade religiosa ou a 
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um tipo de vida econômica; a blasfêmia deixou de se constituir em crime; o 
contrabando e o furto doméstico perderam parte de sua gravidade. 
 Mas tais transformações não são, por certo, o mais importante: a divisão de 
permitido e proibido manteve, entre um e outro século, certa constância. Em 
compensação, o objeto "crime", aquilo a que se refere a prática penal, foi 
profundamente modificado: a qualidade, a natureza, a substância, de algum modo, 
de que se constitui o elemento punível, mais do que a própria definição formal. A 
relativa estabilidade da lei obrigou um jogo de substituições sutis e rápidas. Sob o 
nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos 
definidos pelo Código. Porém julgam-se também as paixões, os instintos, as 
anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos de meio ambiente ou de 
Hereditariedade. Punem-se as agressões, mas, por meio delas, as agressividades, 
as violações e, ao mesmo tempo, as perversões, os assassinatos que são, também, 
impulsos e desejos. Dir-se-ia que não são eles que são julgados; se são invocados, é 
para explicar os fatos a serem julgados e determinar até que ponto a vontade do 
réu estava envolvida no crime. Resposta insuficiente, pois são as sombras que se 
escondem por trás dos elementos da causa, que são, na realidade,julgadas e 
punidas. Julgadas mediante recurso às "circunstâncias atenuantes", que 
introduzem no veredicto não apenas elementos "circunstanciais" do ato, mas coisa 
bem diversa, juridicamente não codificável: o conhecimento do criminoso, a 
apreciação que dele se faz, o que se pode saber sobre suas relações entre ele, seu 
passado e o crime, e o que se pode esperar dele no futuro. Julgadas também por 
todas essas noções veiculadas entre medicina e jurisprudência desde o século XIX 
(os "monstros" da época de Georget, as "anomalias psíquicas" da circular Chaumié, 
os "pervertidos" e os "inadaptados" dos laudos periciais contemporâneos) e que, 
pretendendo explicar um ato, não passam de maneiras de qualificar um individuo. 
Punidas pelo castigo que se atribui a função de tornar o criminoso "não só desejoso, 
mas também capaz de viver respeitando a lei e de suprir às suas próprias 
necessidades"; são punidas pela economia interna de uma pena que, embora 
sancione o crime, pode modificar-se (abreviando-se ou, se for o caso, prolongando-
se), conforme se transformar o comportamento do condenado; são punidas, ainda, 
pela aplicação dessas "medidas de segurança" que acompanham a pena (proibição de 
permanência, liberdade vigiada, tutela penal, tratamento médico obrigatório) e não 
se destinam a sancionar a infração, mas a controlar o individuo, a neutralizar sua 
periculosidade, a modificar suas disposições criminosas, a cessar somente após 
obtenção de tais modificações. 
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 A alma do criminoso não é invocada no tribunal somente para explicar o crime e 
introduzi-la como um elemento na atribuição jurídica das responsabilidades; se ela 
é invocada com tanta ênfase, com tanto cuidado de compreensão e tão grande 
aplicação "científica", é para julgá-la, ao mesmo tempo que o crime, e fazê-la 
participar da punição. Em todo o ritual penal, desde a informação até a sentença e 
as últimas consequências da pena, se permitiu a penetração de um campo de 
objetos que vêm duplicar, mas também dissociar os objetos juridicamente 
definidos e codificados. 
 O laudo psiquiátrico, mas de maneira mais geral a antropologia criminal e o 
discurso repisante da criminologia encontram aí uma de suas funções precisas: 
introduzindo solenemente as infrações no campo dos objetos susceptíveis de um 
conhecimento científico, dar aos mecanismos da punição legal um poder justificável 
não mais simplesmente sobre as infrações, mas sobre os indivíduos; não mais sobre 
o que eles fizeram, mas sobre aquilo que eles são, serão, ou possam ser. O 
suplemento de alma que a justiça garantiu para si é aparentemente explicativo e 
limitativo, e de fato anexionista. 
 Faz 150 ou 200 anos que a Europa implantou seus novos sistemas de penalidade, e 
desde então os juizes, pouco a pouco, mas por um processo que remonta bem longe 
no tempo, começaram a julgar coisa diferente além dos crimes: a "alma" dos 
criminosos. 
 E, com isso, começaram a fazer algo diferente do que julgar. Ou, para ser 
mais exato, no próprio cerne da modalidade judicial do julgamento, outros tipos de 
avaliação se introduziram discretamente modificando no essencial suas regras de 
elaboração. Desde que a Idade Média construiu, não sem dificuldade e lentidão, a 
grande procedura do inquérito, julgar era estabelecer a verdade de um crime, era 
determinar seu autor, era aplicar-lhe uma sanção legal. 
 Conhecimento da infração, conhecimento do responsável, conhecimento da lei, três 
condições que permitiam estabelecer um julgamento como verdade bem fundada. 
Eis, porém, que durante o julgamento penal encontramos inserida agora uma 
questão bem diferente de verdade. Não mais simplesmente: "O fato está 
comprovado, é delituoso?" Mas também: "O que é realmente esse fato, o que 
significa essa violência ou esse crime? Em que nível ou em que campo da realidade 
deverá ser colocado? Fantasma, reação psicótica, episódio de delírio, 
perversidade?" Não mais simplesmente: "Quem é o autor?" Mas: "Como citar o 
processo causal que o produziu? Onde estará, no próprio autor, a origem do crime? 
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Instinto, inconsciente, meio ambiente, hereditariedade?" Não mais simplesmente: 
"Que lei sanciona esta infração?" Mas: "Que medida tomar que seja apropriada? 
Como prever a evolução do sujeito? De que modo ele será mais seguramente 
corrigido?" 
Trecho transcrito de: Foucault, Michel. "O corpo dos condenados" IN Vigiar e 
punir. Petrópolis: Vozes, 1897, 27a. edição, pp. 9 a 29. 
 
 
Bibliografia: 
 
BOTELHO, André. SCHARCZ, Lilia Moritz (orgs.). Agenda Brasileira: temas de uma 
sociedade em mudança, São Paulo: Companhia das Letras: 2011. 
 
BOURDIEU, Pierre. A dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. 
 
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 
Petrópolis, Vozes, 1987. 
 
LIMA, Renato Sérgio, Liana de Paula (orgs.). Segurança Púbica e Violência: o Estado está 
cumprindo o seu papel? São Paulo: Contexto, 2014. 
 
ZIZEK,Slajov. Violência: seis reflexões laterais. Tradução Miguel Serras Pereira. – Ed.- 
São Paulo : Boitempo, 2014. 
 
Atlas da violência: 
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253 
 
Obras de Fernando Botero: 
https://taislc.blogspot.com/2012/03/botero-e-as-dores-da-colombia.html 
 
Entrevista Zafaronni: 
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/cada-pais-tem-o-numero-de-presos-que-
decide-politicamente-ter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.seliganessahistoria.com.br/
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253
https://taislc.blogspot.com/2012/03/botero-e-as-dores-da-colombia.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/cada-pais-tem-o-numero-de-presos-que-decide-politicamente-ter
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/entrevista/cada-pais-tem-o-numero-de-presos-que-decide-politicamente-ter
 
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COMO O TEMA É EXIGIDO NOS VESTIBULARES? 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UNICAMP 2017) 
“A fúria do tirano, o terrorismo de Estado, a guerra, o massacre, o escravismo, o racismo, o 
fundamentalismo, o tribalismo, o nazismo, sempre envolvem alegaçoÞes racionais, 
humanitárias, ideais, ao mesmo tempo que se exercem em formas e técnicas brutais, 
irracionais, enlouquecidas. Em geral, a fúria da violência tem algo a ver com a destruição do 
‘outro’, ‘diferente’, ‘estranho’, com o que busca a purificação da sociedade, o exorcismo de 
dilemas difíceis, a sublimação do absurdo embutido nas formas da sociabilidade e nos jogos 
das forças sociais.” 
 
ctávio Ianni, “A violência na sociedade contemporânea”, em Estudos de Sociologia. 
Araraquara, v. 7, n. 12, p. 8, 2002 
Assinale a alternativa correta. 
a) Os atos de violência sempre implicam alegações irracionais e práticas racionais que 
transformam os jogos das forças sociais e as tramas de sociabilidade que envolvem as 
coletividades. 
b) A violência nasce como técnica de poder, exercita-se como modo de preservar, ampliar 
ou conquistar a propriedade, adquirindo desdobramentos psicológicos desprezíveis para 
agentes e vítimas. 
c) Os atos de violência não têm excepcional significação, porque mantêm as mesmas formas 
e técnicas, razões e convicções conforme as configurações e os movimentos da sociedade. 
d) A violência entra como elemento importante da cultura política com a qual se ordenam ou 
se transformam as relações entre os donos do poder e os setores sociais tornados 
subalternos. 
 
2. (FGVRJ 2016) Leia os fragmentos a seguir. 
I. Os adolescentes são muito mais vítimas do que autores de crimes, o que contribui para a 
queda da expectativa de vida no Brasil, pois se existe um "risco Brasil" este reside na 
violênciada periferia das grandes e médias cidades. Dado impressionante é o de que 65% 
dos infratores vivem em família desorganizada, junto com a mãe abandonada pelo marido, 
que por vezes tem filhos de outras uniões também desfeitas e luta para dar sobrevivência à 
sua prole. 
Adaptado de REALE, M. J. Instituições de Direito Penal. 
Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009, p. 212. 
 
II. A maioridade penal deve ser reduzida, pois assim os menores de 18 deixariam de ser 
usados para a execução de crimes, como ocorre constantemente no Brasil, o que diminuiria 
a criminalidade. Devemos considerar que o jovem dos dias atuais amadurece precocemente, 
devido às informações, às tecnologias e a todos os aparatos desenvolvidos para melhor 
adaptação do homem ao mundo. Assim, a legislação deveria se adequar a esse novo 
comportamento dos jovens, que é completamente diferente da época em que o Código Penal 
foi criado, em 1940. 
Adaptado de http://www.webartigos.com/artigos/proposta-de-reducaoda-maioridade-
penal/56734/#ixzz3fhDuOaJb. 
 
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A respeito dos argumentos sobre a redução da maioridade penal, assinale a afirmação 
correta. 
a) Ambos os fragmentos afirmam que a punição pura e simples, com penas a serem adotadas 
e impostas aos menores, não gera a diminuição da violência no Brasil. 
b) O fragmento I relaciona a violência praticada por menores com as precárias condições 
sociais e familiares dos moradores de áreas periféricas do Brasil. 
c) Os fragmentos I e II discutem os aspectos jurídicos inerentes ao estabelecimento da 
idade mínima a partir da qual uma pessoa responde pela violação da lei penal, na condição de 
adulto. 
d) O fragmento II condena a redução da maioridade penal como um recurso que aumentaria 
o aliciamento de jovens pelo crime organizado. 
e) Tanto o fragmento I quanto o II consideram a mudança do conceito de “criança” e de 
“adolescente” ao longo do tempo como elemento que legitima a atualização do Código Penal 
brasileiro. 
 
3. (UNIOESTE 2015) A rebelião ocorrida na penitenciária de Cascavel/PR em agosto de 
2014 remete ao passado e à história da repressão, especificamente na passagem do período 
das punições à vigilância. O estudo mais representativo sobre a história das prisões é Vigiar 
e Punir de Michel Foucault. Sobre as prisões atuais, tendo como referência essa obra, é 
CORRETO afirmar. 
 
a) Na prisão, os delinquentes não são úteis nem econômica nem politicamente para o 
sistema. 
b) O objetivo das prisões é reeducar os delinquentes, ensinando-lhes uma profissão que 
possa ser exercida ao saírem da prisão. 
c) A prisão impede a reincidência e permite a correção do delinquente. 
d) A prisão, para Foucault, longe de transformar os criminosos em gente honesta, serve 
apenas para fabricar novos delinquentes. 
e) A função da prisão é retirar os criminosos de circulação e do convívio social, e nada mais. 
 
4. (UNESP 2015) Analise as charges. 
 
 
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As charges permitem que se faça uma abordagem ao mesmo tempo crítica e irônica dos 
meios de comunicação de massa e da vida nas cidades no período atual. Dentre os assuntos 
que podem ser diretamente associados aos problemas abordados pelas charges estão: 
a) o cumprimento pelos meios de comunicação de seu papel de noticiar o real cotidiano das 
cidades e o fortalecimento da segurança pública em detrimento da privada. 
b) o papel da mídia na propagação da sensação de insegurança junto à população e o 
surgimento de atividades, produtos e serviços vinculados à segurança privada. 
c) a influência restrita dos meios de comunicação sobre o cotidiano das cidades e a 
produção de um novo urbanismo expresso na valorização dos espaços públicos. 
d) a influência passiva da mídia sobre o comportamento e a vida das pessoas nas cidades e a 
regressão de produtos, serviços e atividades ligadas à segurança privada. 
e) a difusão de informações sensacionalistas pela mídia e a intensificação da convivência 
entre pessoas na cidade. 
 
Leia o texto a seguir e responda à(s) próxima(s) questão(ões). 
 
O desenvolvimento da civilização e de seus modos de produção fez aumentar o poder bélico 
entre os homens, generalizando no planeta a atitude de permanente violência. No mundo 
contemporâneo, a formação dos Estados nacionais fez dos exércitos instituições de defesa 
de fronteiras e fator estratégico de permanente disputa entre nações. Nos armamentos 
militares se concentra o grande potencial de destruição da humanidade. Cada Estado, em 
nome da autodefesa e dos interesses do cidadão comum, desenvolve mecanismos de 
controle cada vez mais potentes e ostensivos. O uso da força pelo Estado transforma-se 
em recurso cotidianamente utilizado no combate à violência e à criminalidade. 
 
Adaptado de: COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 
1997. p.283-285. 
 
 
5. (UEL 2015) Sobre violência e criminalidade no Brasil, assinale a alternativa correta. 
a) As políticas repressivas contra o crime organizado são suficientes para erradicar a 
violência e a insegurança nas cidades. 
b) As altas taxas de violência e de homicídios contra jovens em situação de pobreza têm 
sido revertidas com a eficácia do sistema prisional. 
c) As desigualdades e assimetrias nas relações sociais, a discriminação e o racismo são 
fatores que acentuam a violência no Brasil. 
d) A violência urbana contemporânea é resultado dos choques entre diferentes civilizações 
que se manifestam nas metrópoles brasileiras. 
e) O rigor punitivo das agências oficiais no combate à criminalidade impede o surgimento de 
justiceiros e milícias. 
 
6. (INTERBITS 2012) 
Resolver o problema das drogas significa diminuir o consumo e a violência relacionada ao 
tráfico. Nada disso está acontecendo, o que indica que estamos prendendo as pessoas 
erradas. Mais de 60% dos presos por tráfico carregavam pequenas quantidades, eram réus 
primários e nunca tinham se envolvido em outros crimes. Não é atrás dessas pessoas que a 
polícia tem que ir, mas do crime organizado. Para isso, é fundamental que se discutam 
critérios mais claros para separar quem é usuário de quem é traficante. 
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27 
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Pedro Abramovay. Entrevista a Natália Martino. In: IstoÉ. 09 nov. 2012. Disponível online 
em: 
<http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/252865_ESTAMOS+PRENDENDO
+AS+PESSOAS+ERRADAS+>. Acesso em 11 dez. 2012. 
Sobre o tema do texto acima, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) No combate ao tráfico de entorpecentes, alguns países decidiram legalizar as drogas e 
controlar a sua venda. 
b) Há muitas drogas que são legalizadas no Brasil, como o álcool e os medicamentos. 
c) O tráfico de drogas envolve diversos atores, muitas vezes não conhecidos pela polícia. 
d) O controle repressivo é a melhor forma de combater o tráfico e o consumo de drogas. 
 
7. (ENEM 2012) 
TEXTO I 
 
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade 
através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está 
presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na 
política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a 
fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários 
territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência 
fincam suas raízes. 
 
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 
2010. 
 
 
TEXTO II 
 
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem 
um controle muito específicode seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível 
sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são 
convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. 
 
ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o 
argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa 
a 
a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de 
aparatos de controle policial. 
b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de 
leis e atos administrativos. 
c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias 
nas grandes cidades brasileiras. 
d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle 
social compatíveis com valores democráticos. 
e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle 
social específicos à realidade social brasileira. 
 
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28 
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8. (INTERBITS 2012) 
 
 
Qual a conclusão correta que se pode tirar a partir da charge acima? 
a) Os ricos não cometem crimes. 
b) Somente ricos são presos. 
c) O Estado não prende pessoas ricas porque elas vão financiar o crime organizado. 
d) As pessoas de classes mais altas, ainda que cometam crimes, tendem a não serem presas. 
e) O acesso à educação é desigual de uma classe social para outra. 
 
9. (INTERBITS 2012) Leia. 
 
A sociedade paulistana é uma sociedade extremamente violenta e que tem a tendência a 
situar a violência apenas na região da criminalidade. E de não perceber que a violência é 
toda violação física ou psíquica que você faz contra a natureza de alguém. É uma sociedade 
que trata seres humanos racionais, dotados de sensibilidade e dotados de linguagem como 
se fossem coisas, portanto irracionais, mudos, inertes e passivos. Esse é o grau máximo da 
violência, porque você não reconhece a humanidade do outro. A sociedade paulistana de 
cima a embaixo é assim. Com um mito de que a violência é a delinquência, a criminalidade. 
 
CHAUÍ, Marilena. Informação verbal obtida no debate "A Ascensão Conservadora em São 
Paulo", em 28 de agosto de 2012, na USP. Adaptado. 
 
Assinale a alternativa que não está de acordo com o texto do enunciado. 
a) O grau máximo de violência é coisificar o homem, destituindo-o de sua humanidade. 
b) A violência não está situada somente na região da criminalidade. 
c) Violência não é somente delinquência. 
d) A violência está situada somente em algumas classes sociais. 
e) A sociedade paulistana é violenta porque agride fisicamente e psiquicamente a natureza 
das pessoas. 
 
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10. (UEL 2011) Observe a charge. 
 
 
 
A charge remete a uma determinada percepção existente hoje entre estratos da população 
brasileira a respeito da questão da segurança pública. 
 
Com base na charge, é correto afirmar: 
a) As crianças são as principais responsáveis pela visão negativa que, socialmente, se 
construiu dos órgãos de segurança pública. 
b) A vantagem da polícia em relação ao ladrão é que a primeira usa arma de fogo enquanto o 
segundo está restrito às armas brancas. 
c) Situações de exceção tendem a produzir, em parte da população, descrédito em relação 
às instituições de proteção da cidadania. 
d) A melhor maneira de se proteger é não sair à rua, pois pode haver conflitos entre 
policiais e ladrões, fazendo vítimas inocentes. 
e) As diferenças entre policiais e ladrões seriam claras na consciência dos indivíduos se as 
mães educassem melhor seus filhos a não cometer equívocos. 
 
11. (UENP 2011) 
 “Depois de fazer parte das preocupações de importantes sociólogos clássicos, tais como 
Weber e Simmel, o tema da cidade volta ao centro das discussões na sociedade 
contemporânea. O espaço urbano é o cenário por excelência da vida pública, do trabalho, da 
geração de renda e riqueza, da produção e do consumo, mas também das aglomerações, do 
desconhecido, do caos, dos medos visíveis e invisíveis. Atualmente, muitos estudiosos têm 
voltado sua atenção para a análise do fenômeno urbano, entre eles, um dos mais 
producentes da atualidade: Zygmunt Bauman.” 
 
ARRUDA, Patrícia Cabral de. Cidades líquidas. Soc. estado. [online]. 2008, vol.23, n.2, pp. 
469-476. 
 
 
Assinale a alternativa incorreta. 
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a) Nos últimos anos, o medo e a obsessão por segurança ganham espaço, sobretudo na 
Europa. Paradoxalmente, vivemos em algumas "das sociedades mais seguras que jamais 
existiram". 
b) Vive-se, atualmente, em uma sociedade que "se organizou em torno de uma procura 
infinita de proteção e da insaciável aspiração à segurança". 
c) Agora, os medos e perigos se proliferam e advêm de todas as partes: da comida 
industrializada que consumimos, da depressão, do estresse, das doenças cardiovasculares, 
da vida sedentária, da falta de emprego ou do excesso de trabalho, da exposição ao sol e 
das relações sexuais sem preservativos. Por isso, tem-se a impressão de que o caos está 
instaurado e de que não resta alternativa senão instalar câmeras de segurança, blindar os 
carros e construir muros. 
d) O espaço urbano, por ser cenário da vida pública, por excelência, induz a um conforto 
que conduz à apatia, fazendo com que as pessoas não se preocupem com os problemas à sua 
volta. 
e) Na medida em que não são mais necessários, os componentes das classes perigosas 
tornam-se os "desclassificados": pessoas que não pertencem a qualquer grupo social, 
situadas à margem. Não se trata de um grupo "inferior", mas de pessoas que estão "fora", 
"que não servem para nada". 
 
12. (UENP 2010) 
 E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora! 
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses. 
Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora. 
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse. 
 
Konstantinos Kaváfis, “Muros”, em Poemas. 
 
Um perito da ONU acusa a construção de um muro em favelas no Rio de Janeiro de estar 
iniciando uma "discriminação geográfica" no País. Nesta quarta-feira, 6, o governo viveu um 
verdadeiro constrangimento na ONU ao tentar defender seus programas sociais, enquanto 
o Brasil era acusado de ser um "país da impunidade". Os peritos da entidade criticaram a 
corrupção e a falta de acesso da população à Justiça. Mas o maior constrangimento foi 
gerado pela falta de respostas claras do governo em relação aos problemas sociais 
enfrentados no País, o que deixou as Nações Unidas irritadas. 
Jamil Chade, O Estado de São Paulo, 06 de maio de 2009. 
Sobre o tema, assinale a alternativa correta. 
a) A construção de muros, no Rio de Janeiro, embora polemizada pela imprensa e pela ONU, 
tem um único objetivo: conter o avanço das favelas. 
b) O muro do Rio de Janeiro poderia ter sido substituído por cercas vivas, porque 
alcançaria seu objetivo estético e estimularia o paisagismo da cidade, contribuindo para o 
avanço do turismo. 
c) A construção de muros, no Rio de Janeiro, tem a mesma importância emblemática como o 
muro construído na fronteira americana e mexicana, o Muro de Berlim, ou o muro que divide 
palestinos e israelenses, tendo em vista que tem conotações de segregação social. 
d) Os muros cariocas não podem ser considerados como indiciários da ineficiência das 
políticas públicas sociais do governo para as populações segregadas. 
e) Os muros construídos no Rio de Janeiro serviam para conter os deslizamentos de terra e 
o avanço do desmatamento sobre os remanescentes da Mata Atlântica. 
 
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13. (UENP 2010) 
“O mapa da violência no Brasil, segundo um estudo divulgado ontem e elaborado pela 
Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), 
mostra que não existe uma correlação estatística entre mais pobreza e mais violência, ou 
menos pobreza e menos violência. Está errado o diagnóstico de que, estatisticamente, os 
jovens que cometem atos violentos o fazem por falta de comida, por falta de vagas nas 
escolas ou por falta de condições básicas de existência. Causas sociais influenciam mas não 
são a determinação da violência como alguns querem fazer acreditar. Nas regiões mais 
pobres do Brasil (semiárido nordestino, Vale do Jequitinhonha) há relativamente menos 
violência do que nas áreas metropolitanas, na fronteira agrícola do norte e do centro-oeste 
e na fronteira com o Paraguai e a Bolívia.” 
 
(In:http://polimidia.wordpress.com/2007/02/28/pobreza-nao-e-a-determinacao-da-
criminalidade-indicaestudo/ publicado em 28 de fevereiro de 2007) 
 
De acordo com o texto acima é incorreto afirmar que: 
a) O nível de desigualdade social é uma das poucas causas da criminalidade que podem ser 
quantificadas. 
b) Não é a pobreza absoluta que causa a violência, mas a pobreza relativa, quando um tem 
mais do que o outro. 
c) Quando a pessoa se pergunta qual a melhor forma de resolver o problema da falta de 
mobilidade social, a única resposta que encontra é a criminalidade. 
d) Quando há riqueza e opulência convivendo com a miséria, aumenta o sentimento de 
privação do indivíduo, levando-o à violência. 
e) Os países africanos são estatisticamente mais violentos que o Brasil, tendo em vista que 
são mais pobres. 
 
14. (UEL 2007) 
 “A proteção e a promoção dos direitos humanos continuaram a se situar entre as principais 
carências a ser enfrentadas pela sociedade civil. [...] A enumeração das principais áreas de 
intervenção das organizações da sociedade civil soa como demandas de séculos passados: a 
ausência do estado de direito e a inacessibilidade do sistema judiciário para as não-elites; o 
racismo estrutural e a discriminação racial e a impunidade dos agentes do Estado 
envolvidos em graves violações aos direitos humanos. Como vimos, a nova democracia 
continuou a ser afetada por um ‘autoritarismo socialmente implantado’, uma combinação de 
elementos presentes na cultura política do Brasil, valores e ideologia, em parte 
engendrados pela ditadura militar, expressos na vida cotidiana. 
Muitos desses elementos estão configurados em instituições cujas raízes datam da década 
de 30.” 
 
Fonte: PINHEIRO, P. S. Transição Política e Não-Estado de Direito na República. In: 
WILHEIM, J. e PINHEIRO, P. S. (org.). Brasil – um século de transformações. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2003, p. 296-297. 
 
 
 
 
Em relação à violência, analise o texto anterior e selecione a alternativa que corresponde à 
ideia desenvolvida pelo autor: 
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32 
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a) A democracia brasileira é fortemente responsável pelo surgimento de uma cultura da 
violência no Brasil. 
b) Muito mais do que os traços culturais, é o desenvolvimento econômico que acarreta o 
desrespeito aos direitos humanos no Brasil. 
c) Com a democratização, as não-elites brasileiras finalmente tiveram pleno acesso ao 
sistema judiciário e aos direitos próprios do Estado de Direito. 
d) Historicamente, o desrespeito aos direitos humanos afeta de modo igual a brancos e 
negros, ricos e pobres. 
e) A violência no Brasil expressa-se na vida cotidiana e, para ser superada, depende de 
ações da sociedade civil. 
 
15. (ENEM 2002) A tabela refere-se a um estudo realizado entre 1994 e 1999 sobre 
violência sexual com pessoas do sexo feminino no Brasil. 
Levantamento dos casos de violência sexual por faixa etária 
Tipificação do 
agressor identificado 
Crianças Adolescentes Adultas 
Quantidade % Quantidade % Quantidade % 
Pai biológico 13 21,7 21 13,9 6 6 
Padrasto 10 16,7 16 10,6 0 0 
Pai adotivo 1 1,6 0 0 0 0 
Tio 7 11,6 14 9,4 1 1,4 
Avô 6 10,0 0 0 1 1,4 
Irmão 0 0 7 4,6 0 0 
Primo 0 0 5 3,4 1 1,4 
Vizinho 10 16,7 42 27,8 19 27,9 
Parceiro e ex-
parceiro 
- - 13 7,5 17 25,2 
Conhecido (trabalho) - - 8 5,3 5 7,3 
Outro conhecido 13 21,7 25 16,5 18 26,5 
TOTAL 60 100 151 100 68 100 
(-) Não aplicável Fonte: Jornal da Unicamp, Nº 162. Maio 2001. 
 
A tabela refere-se a um estudo realizado entre 1994 e 1999 sobre violência sexual com 
pessoas do sexo feminino no Brasil. 
A partir dos dados da tabela e para o grupo feminino estudado, são feitas as seguintes 
afirmações: 
I. A mulher não é poupada da violência sexual doméstica em nenhuma das faixas etárias 
indicadas. 
II. A maior parte das mulheres adultas é agredida por parentes consanguíneos. 
III. As adolescentes são vítimas de quase todos os tipos de agressores. 
IV. Os pais, biológicos, adotivos e padrastos, são autores de mais de 1 3 dos casos de 
violência sexual envolvendo crianças. 
É verdadeiro apenas o que se afirma em 
a) I e III. 
b) I e IV. 
c) II e IV. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV. 
 
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Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 [D] 
 
A alternativa [D] é a mais correta. A violência é sempre relacional e serve como forma de 
organizar relações políticas entre o dominador e o dominado. 
 
Resposta da questão 2: 
 [B] 
 
O fragmento I não faz qualquer menção à redução da maioridade penal ou ao Código Penal 
brasileiro. Ele é somente uma pequena análise da relação entre adolescência e 
criminalidade, a partir de uma perspectiva social. Já o fragmento II, a partir de uma visão 
com foco no indivíduo, defende a redução da maioridade penal como forma de diminuição da 
criminalidade. Diante desse panorama, a única alternativa adequada é a alternativa [B], que 
não altera nenhum argumento defendido nos textos, nem faz inferências precipitadas. 
 
Resposta da questão 3: 
 [D] 
 
O gabarito oficial considera a alternativa [D] como correta. No entanto, a palavra “apenas” 
torna essa alternativa também controversa. É fato que as prisões, sobretudo no Brasil, não 
conseguem reeducar ou reinserir os indivíduos na sociedade, cumprindo o papel de reforçar 
um estigma de criminoso. No entanto, dado o contexto complexo em que o sistema prisional 
é inserido, é simplista considerar que a prisão serve “apenas” para fabricar novos 
delinquentes, haja vista as relações econômicas, sociais e simbólicas que envolvem o 
universo prisional. 
 
Resposta da questão 4: 
 [B] 
 
A alternativa [B] é a única correta. A sensação de insegurança da população é construída 
socialmente, sendo reforçada de forma bastante importante pela mídia. Isso acaba por 
gerar um processo de perda do espaço público, em que os cidadão se refugiam em 
condomínios e locais vigiados e murados. 
 
Resposta da questão 5: 
 [C] 
 
[A] INCORRETA. Políticas repressivas em contextos de desigualdade social tendem a 
aumentar a violência, pois estimulam redes de ódio contra as instituições policiais. 
[B] INCORRETA. O sistema prisional no Brasil é bastante ineficiente. Superlotadas, de má 
qualidade e vinculadas a um sistema corrupto, as penitenciárias tendem a estimular a 
existência da criminalidade, ao invés de diminuí-la. 
[C] CORRETA. A violência no Brasil tem uma herança histórica, vinculada às desigualdades 
sociais, ao preconceito e à marginalização da população negra e pobre, sobretudo dos 
grandes centros urbanos. 
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[D] INCORRETA. No caso brasileiro, as desigualdades sociais e tensões de classe são 
fatores preponderantes em relação a conflitos culturais,no que diz respeito à violência. 
[E] INCORRETA. Filmes como Tropa de Elite 2 servem como ilustração do contexto de 
surgimento das milícias no Brasil, bastante vinculado ao rigor punitivo e à luta armada 
contra a criminalidade. 
 
Resposta da questão 6: 
 [D] 
 
A simples repressão não é capaz, por si só, de conter o tráfico e o consumo de drogas. Isso 
porque a comercialização de drogas é um movimento econômico extremamente lucrativo e 
que mobiliza toda uma rede de atores do Estado (como a polícia) e da sociedade civil (como 
traficantes e usuários). 
 
Resposta da questão 7: 
 [D] 
 
A presente questão pode gerar confusão. Segundo o gabarito oficial, a alternativa correta 
é a [D]. No entanto, a alternativa [E] nos parece mais correta. A discussão apresentada nos 
textos não diz respeito especificamente a valores democráticos. O que há é a relação entre 
ausência do Estado e falta de controle sobre os indivíduos. Isso se percebe, sobretudo, nas 
instituições públicas, que não conseguem fazer com que a cidadania do povo seja 
reconhecida. 
 
Resposta da questão 8: 
 [D] 
 
Não somente a população mais pobre, mas também os mais ricos cometem crimes. 
Entretanto, a população carcerária é, majoritariamente, composta por pessoas de classes 
mais baixas. Isso demonstra como é difícil que pessoas de classes mais altas sejam presas 
por seus crimes. 
 
Resposta da questão 9: 
 [D] 
 
A sociedade paulistana é “de cima a embaixo” violenta e autoritária, segundo Marilena 
Chauí. Uma vez que a violência não se restringe somente à região da criminalidade, ela se 
torna transversal e intimamente relacionada ao sistema econômico capitalista em que se 
insere. 
 
Resposta da questão 10: 
 [C] 
 
Ao ver um policial, imediatamente o representamos como parte de um aparelho que reprime 
a violência e a desordem, quando, na verdade, ainda que isto ocorra, a charge denuncia que 
muitos deles estão participando de crimes, torturas e muita corrupção e que a população já 
não os reconhece como portadores da bandeira de segurança e confiabilidade. 
 
Resposta da questão 11: 
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 [D] 
 
A alternativa [D] corresponde a uma má interpretação do texto. O espaço urbano da vida 
pública, por ser aquele onde predomina o caos, se opõe justamente à apatia. Não é por 
acaso que justamente nesse espaço aparecem de forma mais evidente as expressões de 
medo da sociedade contemporânea. 
 
Resposta da questão 12: 
 [C] 
 
Os muros em uma cidade acabam por segregar uma parte da população. No caso do Rio de 
Janeiro, a população segregada é a população das favelas. Pode-se dizer que esse efeito é 
similar àquele produzido pelo Muro de Berlim ou pelos muros da Palestina. 
 
Resposta da questão 13: 
 [E] 
 
A alternativa [E] não apresenta qualquer relação com o texto e, por isso, é a única 
alternativa incorreta. Entretanto, vale ressaltar que o texto somente refuta a hipótese de 
que pobreza conduz à violência, portanto, não defende explicitamente a tese de que a causa 
da violência é a desigualdade social, ainda que essa seja a causa mais plausível. 
 
Resposta da questão 14: 
 [E] 
 
O texto descreve algumas áreas onde se percebe o cenário de desrespeito dos direitos 
humanos no Brasil, relacionando a situação da democracia atual com as heranças perniciosas 
do “autoritarismo socialmente implantado” na sociedade brasileira. Segundo o gabarito 
oficial, a única alternativa correta é a [E]. Entretanto, por mais que a afirmação ali descrita 
seja correta, ela não está contida no texto do enunciado, o que pode dificultar a 
interpretação do aluno. 
 
Resposta da questão 15: 
 [D] 
 
Questão típica de leitura de gráfico, mas que apresenta um dado angustiante: o da 
incidência de violência sexual contra a mulher. Ainda que o perfil mude um pouco de acordo 
com a idade das vítimas (mulheres adultas sofrem mais violência de seus parceiros, e não 
de parentes consanguíneos), os dados revelam que a grande maioria dos agressores são 
pessoas próximas da mulher. 
 
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