Buscar

Resumos de AE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Antropologia Evolutiva- Resumo
Aula 2- A abordagem evolutiva do comportamento humano. Aspetos históricos e delimitação da abordagem. A teoria de evolução de Darwin, a psicologia experimental, o darwinismo social, a antropologia social e cultural, a sociobiologia e as abordagens modernas da evolução do comportamento humano:
· De onde vimos? 
· Quem somos? 
· Para onde vamos?
As respostas para estas perguntas (o que é a humanidade, em suma) são procuradas desde tempos imemoriais. Provavelmente desde que refletimos sobre nós próprios. Algumas respostas foram sendo dadas, ou tentadas, pelas religiões e pela filosofia. Estas questões e reflexões dão início à Filosofia, na Europa (Gregos), sendo a primeira forma de reflexão estruturada e organizada que a humanidade desenvolveu. 
Diálogo entre Sócrates e Discípulo: “Ó Sócrates, podes dizer-me uma coisa: a virtude tem possibilidade de ser ensinada? Ou, então, não é suscetível de ser ensinada, mas possível de ser adquirida pelo exercício? Ou não é adquirível pelo exercício, nem possível de aprender-se? E, então, aparece por natureza, nas pessoas, ou de outra maneira qualquer?” (Platão - Meno) - este diálogo inicia uma discussão que se prolonga por milénios, sobre a Natureza Humana e quão dessa Natureza humana resulta do ensino ou aprendizagem por parte do individuo (fatores ambientais), quanta dessa Natureza nasce com o indivíduo (fatores genéticos):
Inato/Nature Vs Adquirido/Nurture
(Mais tarde, desenvolveu-se a Teoria Interativa do Conhecimento, que procura ultrapassar esta dicotomia, que a considera falsa- o conhecimento não pode ser dividido em duas “caixas”).
“A devil, a born devil, on whose nature Nurture can never stick” (Shakespeare - The Tempest) - É através desta expressão que se desenvolve a dicotomia Nature Vs Nurture. Sugere que o individuo é tão má pessoa, que já nada o poderá mudar.
Assim, há uma grande preocupação em tentar entender as caraterísticas da humanidade, desde que há Filosofia. A partir daqui um conjunto de filósofos do século XVIII e XIX, tentam insurgir contra a ideia do direito natural (justificava que o Rei era o filho do Rei anterior- sangue azul), com o movimento Associacionismo:
· Surge John Locke (empiricista) como um dos principais representantes, que constrói todo um discurso contra o direito natural, argumentando que não existe Direito Natural (indivíduos não são naturalmente diferentes), são resultado da sua construção na sociedade. 
· Também David Hume e John Stuart Mill dão um primado ao Ambiente, relativamente à Natureza
· Este movimento está associado à Burguesia, tentando transformar e quebrar as amarras na sociedade, que estava muito hierarquizada e presa ao Direito Natural, onde a distribuição de poder assentava neste direito.
No entanto, surge uma oposição ao Associacionismo, que fundou grande parte das democracias e do pensamento Europeu atual, tendo a ideia de que os cidadãos, à partida, devem ser considerados iguais e tratados de forma igual.
Por outro lado, existia o Movimento A priori, envolvendo filósofos como Immanuel Kant (iluminismo), sendo que o Terramoto de 1755 teve um papel muito importante neste pensamento. Kant tenta encontrar explicação para o porquê de o terramoto ter acontecido, visto que Deus não deveria permitir que algo assim acontecesse. 
· Kant defende que não é possível construir um ser a partir do nada, tem de haver “balizas”, denominadas de A priori. Tem de existir marcos estruturantes, pois individuo não nasce com um quadro completamente em branco, sendo estes marcos fundamentais para o desenvolvimento posterior. Não é possível começar a partir do zero.
Assim, existem duas posições que se debatem em grande parte do século XVIII.
Em 1859, é publicado o livro “A origem das Espécies”, da autoria de Charles Darwin, marco bastante importante pois é explicado, em termos científicos, quem somos e de onde vimos, originando grande contestação por parte de indivíduos com outras suposições. Neste livro, Darwin não fala da evolução do Homem, pois não quer comprar guerra com a Religião Católica. Apenas 12 anos depois, publica obra sobre a evolução do Homem. Tem noção que existe continuidade entre as outras espécies animais e a espécie humana levando-o a publicar o livro “A Expressão das Emoções nos Animais e no Homem”. Assenta no pressuposto que existem uma continuidade de comportamentos nos humanos e nos homens, no entanto, grande parte dos pressupostos estão errados.
No entanto, a ideia de que as expressões mais básicas são universais e identificáveis em qualquer pessoa de qualquer cultura, como o sorriso, tristeza, desprezo, estava correta. A partir da ideia de Darwin de que as espécies evoluíram no planeta e também os humanos são resultado desse processo evolutivo, desenvolveram-se diversas escolas de pensamento, relacionadas com o comportamento humano:
1. Psicologia
· Existem diversas figuras fundadoras da psicologia, muito influenciadas por Darwin, como William James, que considerava que existiam instintos, correspondentes a elementos inatos (saia de dentro do individuo sem controlo racional/reflexão), embebidos na arquitetura do ser humano. 
· Freud foi muito influenciado por Darwin na sua formulação das teorias dos instintos, bem como pela teoria errada de Haeckel (evolucionista) da recapitulação- observou o desenvolvimento embrionário de diversos organismos e concluiu que, durante o desenvolvimento, passaram por estágios que lembrava a fase anterior (errado). Esta ideia levará Freud a desenvolver a Teoria psicossexual sobre as fases de desenvolvimento- fase oral, anal, fálica, com o conceito de instinto muito presente (observado em Darwin).
Nesta altura, a psicologia era muito mentalista, no sentido em que havia interpretações sobre o que existia dentro da mente, sobre as quais havia poucas formas de avaliar e medir o que ia dentro desta. Assim, em 1930, surge a escola Behavorista, criada por John Watson, em oposição ao excessivo mentalismo existente na psicologia, que propõe que não se pense o que está dentro do individuo, mas sim as suas respostas de acordo com o estímulo dado (procura uma análise baseada em factos e sem interpretações sobre processos mentais). Segundo esta, com o condicionamento apropriado, seria possível treinar qualquer pessoa ou organismo a fazer determinadas coisas. Não haveria a prioris, nem estruturas organizativas do comportamento que o condicionavam de qualquer modo. Os seres vivos nasciam desprovidos de programas, como se fossem um ‘quadro negro’ (vazio) onde tudo pudesse ser escrito- chamada tabula rasa, construída a partir do início. Propõe dois princípios:
1) Todos os organismos têm a capacidade geral para aprender
2) Presunção da equipotencialidade da aprendizagem (“Deem-se um criminoso e eu o tornarei num virtuoso. Deem-se um virtuoso e eu torná-lo-ei num criminoso, com o condicionamento adequado”).
No entanto, esta teoria acabou por levar a psicologia comportamental a um beco sem saída. Skinner, seguidor de Watson, desenvolveu a caixa de Skinner (Skinner box). Esta tem um fundo eletrificado, com alavancas onde animal tem de realizar determinado comportamento de acordo com o estímulo. Se este fizer o comportamento adequado, recebe recompensa. Se fizer um comportamento errado, leva eletrochoque. Esta teoria foi testada por Garcia, num estudo com ratinhos, que mostrou que o pilar fundamentar da teoria Behavorista estava errado.
Segundo a Teoria Behavorista, se um animal beber um líquido e passado uma hora ou duas, sentir náusea, nunca mais o volta a ingerir (humano é capaz da mesma reação), e se ouvir uma campainha e nos segundos seguintes levar um choque, passado algumas tentativos, começa a tremer quando ouve a campainha. No entanto, este não consegue associar sabor e eletrochoque e som com náusea, como a teoria sugeria com a aprendizagem equipotencial, destruindo esta ideia (limites da aprendizagem).
Em outras áreas da psicologia houve a perceção de como o ambiente pode afetar de forma dramática o desenvolvimento de forma inesperada. Harlow desenvolveuexperiência de privação com crias de macacos resus (Homeostasia no desenvolvimento), onde lhes eram dados dois tipos de mães: uma fofa e quente; uma que a alimentava e fria. Quando algo assustava a cria esta refugiava-se na “mãe” quente, algo que chocou os psicólogos. Estas crias nunca vieram a desenvolver comportamentos normais, sendo impossível recondicioná-los, tendo o desenvolvimento fases críticas e não sendo plástico. 
2. Biologia
Já na Biologia, uma das figuras mais significativas é Herbert Spencer, que pegou nas ideias de Darwin, nomeadamente a Teoria da Seleção natural, e a aplicou ao caso humano. Na sua época, a luta pelo sucesso era um conceito familiar na sociedade industrial. Assim, afirmou que a competição iria garantir o sucesso dos indivíduos- Darwinismo Social. Já em Portugal, as ideias darwinistas não entram através da via da Biologia, mas através do Darwinismo social de Spencer.
Francis Galton, propôs um melhoramento da raça humana, estando muito interessado em estudos humanos. Desenvolveu um conjunto de teorias conhecidas como teorias Eugénicas que afirmavam que da mesma maneira que se pode selecionar animais com determinadas caraterísticas (ex.: cães de guarda ou companhia), também se pode selecionar humanos, fazendo engenharia social, tornando humanos melhores. As ideias eugénicas foram particularmente acolhidas nos EUA, no início do Séc. XX, a propósito do controlo da emigração. Isto conduziu ao desenvolvimento do princípio de que a maneira de melhorar a caça não seria a seleção, mas o impedimento por parte de certos indivíduos de se reproduzirem, não causando prejuízo. Assim, iniciou-se o período negro da ciência, onde se praticou a esterilização compulsiva de criminosos e débeis mentais. Algumas destas práticas continuaram até recentemente em países escandinavos.
Um dos casos mais conhecidos é o caso de Carrie Buck. Esta foi institucionalizada num hospício, juntamente com a sua mãe, considerada débil mental. Esta teve uma filha. Quando o caso vai a tribunal, a Lei Eugénica estava em vigor e, um dos juízes mais importantes da época, afirmou “Three generations of imbeciles are enough”. Ambas foram categorizadas como imbecis, de acordo com teste da época. Deste modo, foram as três condenadas a castração. A sua história é contada em “O sorriso do Flamengo” de S. J. Gould. Mais de 4000 mulheres foram esterilizadas com base nesta lei, no mesmo hospício que estas. 
Evolução e teorias sobre o comportamento humano- No século XX, surgem várias figuras importantes como Lloyd Morgan (Canon de Morgan), James Baldwin (seleção orgânica) e William James (teoria dos instintos). Muitas das ideias destes psicólogos baseiam-se em Darwin, sobre a evolução, aplicando-o ao desenvolvimento do comportamento humano. Atualmente sabe-se que pode haver alterações ambientais que passam para o genoma (DNA ou organismo), sendo transferido de geração em geração, por via biológica. Uma das áreas mais faladas é a epigenética- efeito de Baldwin. Serve o exemplo de ratinhos tratados com dieta gorda. Estes têm tendência a ter descendência com maior tendência a engordar. É possível verificar-se a inserção de elementos como transposões no DNA ou que ocorram silenciamentos de determinados genes, por metilação, fora do normal funcionamento das células. No entanto, a caraterística não perdura em muitas gerações, não sendo uma mutação do ADN.
3. Antropologia
Considerado pai fundador da Antropologia Cultural, Franz Boas escreve “The mind of primitive man”, onde vai defender que a mente do Homem primitivo não é fundamentalmente diferente da do Homem moderno. Conclui que as diferenças que existem são culturais. Boas mostrou, através de estudo antropométricos, como os crânios de Americanos filhos de emigrantes diferem dos progenitores (primado do ambiente). No entanto, os seus dados foram recentemente reanalisados e as conclusões não foram confirmadas. Há variação, embora pequena, e teve problemas na amostra.
Antropologia Social- Margareth Mead, figura muito importante nos anos 70, dá continuidade às ideias de Boaz. Realizou trabalhos entre os Samoa, concluindo que a sociedade dos Samoa era uma sociedade livre, onde não existia hierarquia, como existe nas sociedades moderna. Novamente, os dados foram desmentidos, pois enganada pelos seus informadores.O pensamento de Boaz é muito influenciado por dois antropólogos alemães (Virchow, que se recusava a aceitar que tivéssemos evoluído de outros animais; e Waitz que era Lamarckista) sendo Boaz ele próprio apologista de um mundo lamarckista (a capacidade de o homem se transformar a si próprio) em oposição a um mundo darwinista. Toda a antropologia social e cultural vai perfilhar ideias lamarckistas e afastar-se do pensamento darwiniano. O darwinismo social de Spencer é em parte responsável por isso. Ironicamente, a antropologia social afasta-se dos princípios evolutivos darwinistas precisamente quando Fisher, Haldane e Wright estabelecem a teoria nas suas bases modernas, combinando a seleção natural com a teoria de hereditariedade de Mendel e genética de populações.
Muitas das caraterísticas humanas são adaptativas, como a cor da pele. Existe uma enorme variedade de cores de pele, e a sua distribuição pode ser ou não adaptativa (em alguns casos é, noutros não). Recentemente, foi possível descodificar, utilizando fatores como a quantidade de dias do ano com incidência de radiação solar, medindo a refletância nos vários pontos e verificar onde os indivíduos tinham a pele mais escura, de acordo com os melanócitos (produção de melanina). Assim, a cor da pele é uma adaptação local, das populações humanas, ao longo da sua dispersão. Surgem diversas questões:
· Se a cor da pele pode ter sofrido uma rápida evolução adaptativa, porque não a mente?
· Será que a mente humana não é afetada pelos genes?
· Por que razão não há assim tantas (ou não há mesmo) diferenças cognitivas entre populações?
Etologia - O estudo do comportamento animal. Natureza tem influência no comportamento humano- Foi possível verificar que os bebés têm uma preferência clara por faces consideradas mais atraentes pelos adultos, remetendo, mais uma vez, para elementos pré-existentes de categorização da informação. Todos os indivíduos têm reações mais hepáticas em relação a caras mais redondas, olhos maiores, semelhante a uma face de bebé (reação instintiva/inata). 
Os animais podem exibir padrões rígidos de aprendizagem- Imprinting. E chegam mesmo a apresentar preferências por estímulos tão precoces que não podem ser considerados aprendidos. Foram designados de inatos (um termo que se revelou complicado; tornou-se obsoleto quando se percebeu que genes e ambiente participam no desenvolvimento do comportamento de forma complexa). O caso do comportamento de bicar para pedir comida das crias de gaivota foi categorizado como inato. Contudo, esse comportamento modifica-se com a experiência do indivíduo. 
Nos anos 70, dá-se a Revolução Sociobiológica, termo criado por Edward O. Wilson, entomólogo e biólogo evolutivo de Harvard. Este propõe que todos os aspetos do comportamento, desde o sexual, alimentar, etc., pode ser explicado de acordo com a Teoria Evolutiva. Veio criar uma nova dinâmica e alterar a forma de abordar o comportamento humano numa perspetiva evolutiva. Tenta juntar cultura e biologia no comportamento humano, mais recentemente. Criou o termo biodiversidade. 
Nos últimos anos, desenvolveram-se várias abordagens que aplicam conceitos evolutivos ao comportamento humano, havendo 4 escolas principais:
1. Antropologia evolutiva ou ecologia comportamental humana
2. Psicologia evolutiva
3. Memética
4. Evolução cultural; Co-evolução; genes-cultura; Seleção de grupo cultural
Aula 4 (18/02)- A problemática da Natureza Humana. A questão da investigação sobre adaptações aplicada ao caso humano. Os casos dos condimentos nos alimentos e dos enjoos durante a gravidez
Adaptação humana- 2 exemplos de respostas adaptativas do comportamento humano)
Exemplo 1- Especiarias: Paul Sherman e Samuel Flaxman puseram a hipótese de queo uso de especiarias poderia ser uma forma de adaptação cultural humana. Propuseram assim a hipótese- Poderão os condimentos ser usados para eliminar parasitas e defender o organismo, de forma adaptativa? Pegaram em receitas de todo o mundo e averiguaram quantos condimentos cada uma tem.
· Previsão 1: a maioria das especiarias usadas deve ter propriedades anti-microbianas
· Previsão 2: o uso de especiarias deve ser mais frequente em climas quentes
· Previsão 3: As especiarias usadas em cada país devem ser especialmente eficazes contra os micro-organismos aí existentes.
· Previsão 4: No mesmo país, as comidas com carne devem ter mais especiarias e ser mais picantes do que as comidas somente à base de vegetais
· Previsão 5: Num mesmo país, as receitas de regiões de menores latitudes e altitude deverão ter mais condimentos que as de regiões de maiores latitudes e altitude, presumivelmente por causa de uma maior variedade microbiana e maiores taxas de crescimento: Nos dois países considerados (China e EUA) verificou-se essa tendência
Conclui-se que todas as hipóteses eram verdadeiras. Assim, esta utilização seletiva de condimentos na comida foi uma resposta adaptativa culturalmente selecionadas que acabaram por evoluir, para aumentar a capacidade adaptativa das populações de seres-humanos ao meio ambiente onde vivem. No entanto, colocaram também respostas alternativas, sendo que nenhuma foi conformada. 
Hipóteses alternativas:
· Os condimentos servem para mascarar a má qualidade- melhor seria evitar a comida condimentada
· Os condimentos funcionam como medicamentos- os condimentos usam-se regularmente, não quando se está doente
· Comida condimentada aumenta a transpiração, o que permite arrefecer o corpo- muitas especiarias usadas não aumentam a transpiração
· Os condimentos são usados apenas porque sabem bem - há muitos condimentos que sabem mal e requerem habituação
Exemplo 2- enjoos durante a gravidez- não se trata de adaptação cultural, mas sim biológica
Muitas grávidas sofrem, normalmente, durante os 3 primeiros esses, de enjoos. Estes envolvem rejeição de comida, cheiros intensos, etc. Há uma percentagem elevada, em muitas populações, deste tipo de enjoos. Deste modo, foram surgindo diversos estudos nesta área. Ernest Hook (1970) sugeriu que as náuseas e vómitos protegiam o embrião ao expelirem e causarem aversão a alimentos potencialmente perigosos. Já Margie Prophet (~1980), desenvolveu a hipótese, sugerindo que os enjoos protegem o embrião de substâncias fitoquímicas, presentes em vegetais de sabor intenso e em condimentos. Em 1990, Paul Sherman e Hudson Reeve alargaram e detalharam mais a hipótese para a tornar testável: os enjoos protegem o embrião de substâncias teratogénicas (substância que desregula e prejudica o desenvolvimento embrionário, com consequências devastadoras), bem como a mãe e o embrião de alimentos com muitos micro-organismos. Deste modo, propuseram várias hipóteses:
· Previsão 1: os sintomas de NVG (Náusea e vómitos de gravidez) devem atingir um máximo quando o embrião é mais suscetível a perturbações
· Previsão 2: as comidas que as grávidas rejeitam devem potencialmente conter mais fitotoxinas do que as comidas preferidas
· Previsão 3: a aversão a comidas potencialmente contendo substâncias prejudiciais devem ter o pico no primeiro trimestre, quando a organogénese do embrião é mais crítica
· Previsão 4: a NVG deve estar positivamente associada a gravidezes bem-sucedidas
· Previsão 5: A presença de NVG deve depender da dieta alimentar, ocorrendo menos entre as mulheres cuja alimentação base não é suscetível de conter substâncias perigosas
Há uma grande variação de NVG entre culturas: 84% entre as japonesas contra 35% entre as indianas. Informação etnográfica sobre 27 sociedades tradicionais, com referência a NVG (20 com e 7 sem), mostrou que nas sociedades sem NVG: - era menos provável haver carne como alimento base; - o milho era um alimento base. O milho cultivado tem poucos componentes secundários e quando seco é muito resistente a micro-organismos.
Hipóteses alternativas:
· A NVG é um efeito colateral do aumento de níveis hormonais associados a gravidezes bem-sucedidas
90% das gravidezes sem NVG são bem-sucedidas
· A NVG é um aviso ao marido e família de necessidades alimentares especiais da grávida
aos três meses já é clara uma gravidez
há sociedades em que não ocorre NVG
Como testar ideias evolutivas:
· Formular hipóteses
· Derivar previsões
· Procurar a informação adequada para realizar o teste
· Evitar enviesamentos
· cruzar as formas de testar as hipóteses
Aula 5 (21/02)- Fundamentos da teoria evolutiva. Seleção natural e evolução. Teoria da evolução e mecanismos evolutivos. Adaptação, sobrevivência e reprodução diferencial. Principais mecanismos evolutivos: a seleção natural e a deriva genética. Evolução do comportamento. Genética e comportamento.
O que é a evolução do comportamento? A grande evolução do comportamento evolutivo dá-se com Charles Darwin, que teve a ideia de um mecanismo que permite explicar como a evolução acontece. As suas ideias foram formuladas em “A Origem das Espécies”, publicada em 1859. A teoria da seleção natural proposta por este tem 3 mecanismos base principais:
· Variação
· Hereditariedade
· Diferenças no sucesso reprodutivo
Assim, a teoria da seleção natural assenta em diversos pressupostos: 
1. Cada população tem uma fecundidade elevada e cresceria sem limite se não existissem limitações.
2. O tamanho das populações tende a manter-se constante.
3. Os recursos disponíveis são limitados. 
a. Inferência: há competição por recursos (se recursos fossem ilimitados população continuaria a crescer)
4. Variação- Não há dois indivíduos idênticos (devido a fatores hereditários)
5. Hereditariedade
Muitas diferenças entre os indivíduos são em parte hereditárias. 
Inferência- há seleção natural: os melhores a competir, sobreviver e reproduzir-se deixarão mais descendentes. Continuando o processo por muitas gerações altera-se a configuração genética da população e esta fica mais adaptada. 
O exemplo da joaninha serve para mostrar esta ideia. Havendo joaninas com forma melânica (pintas na carapaça) e joaninhas que não têm. Por alguma razão, umas são mais predadas que outras. Na primeira geração há 50/50 de cada. Na segunda vai haver 60/40, na terceira 70/30, quarta 90/10, na quinta 0% de um e 100% de outra. Ao fim de um século de variações há uma variante de desaparece e a outra domina por inteiro. Se um for vantajoso em relação ao outro, predominará e eliminará o outro. Elimina a variabilidade genética de uma população, ao eliminar as variantes genéticas. No entanto, a variabilidade genética das populações é muito maior do que se pensava e surgem mutações.
Adaptação: Os tentilhões das galápagos serviram a Darwin para perceber que as espécies evoluem. Os bicos de aves diferentes têm formas diferentes. Uma teoria de evolução tem que explicar a adaptação. Sabe-se que bicos diferentes servem para alimentos diferentes. 
Dois investigadores trabalharam numa ilha, a seleção natural dos bicos dos tentilhões das Galápagos, Geospiza fortis. Nos anos de 1977 a 1988 acorreram alguns acontecimentos que mudaram a forma de observar a evolução da natureza. O El ninho (alteração das temperaturas de massa de ar, resultando da alteração das temperaturas dos oceanos e dá origem a regime seco e sem chuva durante o ano inteiro). Isto gera falta de água e alimento para aves. A população de Geospiza caiu de 1400 para 180 indivíduos (pois abundância de sementes caiu). No entanto, a mortalidade das aves não foi igual para todas, pois há sementes que duram mais tempo sem água. No entanto, aves com bico mais fino não conseguem partir essas sementes, não se alimentando. Assim, na população, existe variação. Em condições normais, as aves com ficos mais finos teriam mais vantagem, mas com a alteração, as aves com bico mais grosso tiveram mais chance de desaparecer. O bico grosso é herdável, aumentando a média de indivíduos com esta caraterística na geração seguinte. 
Principaismecanismos evolutivos:
· Seleção natural
· Deriva genética
A evolução dá-se por dois passos: 
· um em que ocorre a produção de variabilidade genética, essencial para haver evolução;
· um em que se verifica uma eliminação dessa variabilidade genética – que pode ocorrer por Seleção Natural ou por deriva genética (acontece por acaso). A deriva genética também origina evolução. Mas não adaptação. A deriva genética é tão maior quanto menor o número da população. A variabilidade genética é essencial para a preservação do futuro evolutivo de uma população.
Ex: Evolução da persistência da lactase na Europa- o consumo de leite em adulto é extremamente vantajoso em populações que dependem de uma alimentação que pode ter oscilações. Sugere-se que a mutação ocorreu no centro da europa, como Hungria (mas não é nesta que há maior frequência desta variante). Hoje, a zona de Hotspot é o centro da europa, que acabou por se expandir. 
Deriva genética e efeito gargalo de garrafa-. O efeito de gargalo de garrafa descreve uma população que grande que, repentinamente, fica muito pequena. Mesmo quando se volta a expandir, já não tem a mesma variabilidade genética que tinha antes, pois parte das variantes genéticas não passaram pelo gargalo de garrafa. Os europeus são geneticamente pouco variados porque passaram por vários gargalos de garrafa evolutivos, em períodos históricos recentes (peste negra).	
Existem 3 modos de seleção principais:
· Seleção direcional- numa determinada população existem indivíduos que estão num dos extremos da distribuição, que têm vantagem, sendo que a seleção tende a evoluir nessa direção (como nos bicos das aves). Ex: tamanho de salmões em resultado da pesca intensiva, diminuiu.
· Seleção estabilizante- seleção pelos genótipos intermédios (são os do meio que têm melhor seleção) e os que estão nos extremos não têm. Não oscila em nenhuma direção, é estabilizante. Ex: peso à nascença dos humanos- crianças com peso baixo e muito alto têm menor taxa de sobrevivência; as que têm peso intermédio têm maior taxa de sobrevivência. 
· Seleção disruptiva/ diversificadora- genótipos intermédios são os que têm menor valor seletivo e os dos extremos têm maior valor seletivo. Ex: distribuição do gene da anemia falciforme;
Darwin revolucionou o nosso pensamento sobre a origem do Homem, pois naturalizou-se. Como todas as espécies evoluíram, também a nossa evoluiu de um conjunto de antepassados comuns. Todas as considerações sobre as origens do Homem anteriores a 1859 (data da publicação da “origem das espécies”) são destituídas de interesse. Muitas carateristicas são adaptativas, resultante da seleção natural. No entanto, também existem carateristicas não adaptativas, não selecionadas, evoluindo por fenómeno de arrasto.
Evolução de características não-adaptativas (que não são adaptações). Há características morfológicas- e comportamentais também, cuja evolução não se fica a dever a uma seleção direta das mesmas, mas a consequências de seleção exercida sobre outras características na espécie, ou em espécies ancestrais. Há caraterísticas que podem evoluir, não por serem vantajosas, mas como efeito colateral de outra evolução. Propuseram a evolução do queixo para explicar esta evolução. Somos a única espécie com queixo e é muito importante para nós (falta dele desfeia). 
Evolução do queixo: adaptação a quê? Existem cerca de 7 hipóteses, sendo as 3 seguintes as mais estudadas:
· Linguagem- melhorar movimentação da língua para produção de sons
· Seleção sexual- o queixo é atrativo sendo selecionado por seleção natural
· Evolução da dentição- resultado da seleção de outra caraterística; dá-se uma redução do tamanho dos dentes e contração do queixo devido à alteração da dieta e a introdução de alimentos cozinhados. 
Uma revolução importante foi o ganho de consciência de que a seleção ocorre essencialmente ao nível dos indivíduos e de genes, surgindo questões sobre os níveis de seleção.
Níveis de seleção:
· Seleção de grupo
· Seleção individual
Genética e desenvolvimento
A informação genética é essencial para a formação de um organismo. o que está no núcleo das células de um organismo eucariótico e no meio do citoplasma dos outros organismos, é uma sequência de aminoácidos, organizados numa molécula estável, com forma em dupla hélice. A sua versão de apenas uma hélice é o SRY, que corresponde a menos de 1000 bases, que codificam apenas 204 aminoácidos, e se degrada em horas. Essa informação vai ser descodificada pelo organismo. 
Bases genéticas do comportamento- os primeiros estudos sobre bases genéticas baseavam-se se organismos com bases genéticas diferentes (comportamentos típicos diferentes). Serve o exemplo do O cruzamento de moscas com dois padrões distintos de comportamento origina uma geração F1 só com ‘Rovers’ e uma geração F2 com ¼ de ‘Sitters’, correspondendo em genética mendeliana clássica a um único gene dominante para ‘Rover’. Se não tivessem base genética relativamente simples, o comportamento não teria sido selecionado como foi.
Como resolvem as aves o problema da orientação durante a migração? Manteram os juvenis num hangar e os individuos de cada população tendiam a voar para o local para onde deveriam. Descendentes das populações migradoras para sudoeste cruzadas com as migradoras para sudeste apresentam um padrão intermédio – Evidência de efeitos genéticos na determinação das rotas de migração. Recentemente, descobriu-se uma população que realiza migração para as ilhas britânicas, verificando que estas aves têm a rota migratória diferente, devido às alterações climáticas.
À medida que a genética molecular se foi desenvolvendo foi possível fazer mais testes sobre a relação entre genética e comportamento. Uma das técnicas mais utilizadas é a técnica knock-out (gene silenciado). Pegaram no gene responsável pela produção de Ocitocina e colocaram-no em Knok-out, originando amnésia social (incapazes de reconhecer os individuos, cheirando o mesmo tempo, individuos que conhecem e que não conhecem- normalmente têm memória social do odor). 
Além da variação genética há a variação na expressão génica
A variação da expressão genética, normalmente, está associada a mutações que ocorrem noutros genes que afetam transcrições ou em regiões que não são desse gene, mas afetam a sua transcrição. A genética molecular permitiu medir as variantes genéticas de um individuo, e medir a expressão genética. Se houver muito RNA o gene é muito expresso, se não houver, é sub-expresso. No cérebro de uma ave, o macho que vai cantar necessita do High Vocal centre.
Ex: ‘Switch’ comportamental em obreiras de abelha europeia. Sabe-se que as obreiras passam por dois estágios de vida completamente diferentes. Nos 30 primeiros dias, ficam dentro da colmeia, fazendo tarefas de limpeza (“nurses”). Por volta dos dias, mudam de comportamento e passam a ser Foragers- saem da colmeia e vão procurar alimento. Trata-se de um switch comportamental repentino. 
A NASA colocou um irmão gémeo no espaço durante 1 ano e o seu irmão gémeo durante o mesmo tempo fechado numa divisão, em terra. A experiência mostrou que o irmão que esteve no espaço sofreu alterações na expressão génica (como sucede com quem faz escalada ou mergulho) que não regressaram ao normal ao fim de 6 meses. Pela falta de gravidade, também se dá perda da densidade óssea. Muita das diferenças dos irmãos teve a ver com alterações da expressão génica.
Aprendizagem- O comportamento é a forma mais plástica de os organismos lidarem com o meio ambiente, e a aprendizagem é muito importante. À medida que se envelhece, torna-se mais difícil aprender coisas nossas (maquinaria genética muda e torna-se menos propenso a adquirir informação). Uma forma de teste, é pela privação. Ex: Galah às vezes é criada por outra espécie, catatua rosa, visto que são muito semelhantes. Quando criados pelas catatuas rosa aprendem as suas vocalizações de contacto. No entanto, os gritos de alarme não são aprendidos. 
Nos últimos anos, a diferença entre os comportamentos inatos e adquiridos foi caindo, sendoa dicotomia inato/adquirido, pouco útil. As crias bicam os bicos das mães, sendo um comportamento inato. Em experiência, no início, davam bicadas em todos os bicos. No entanto, ao longo do tempo, começaram a discriminar, tendo sido modificado pelo ambiente; outro exemplo de aprendizagem são as vespas que aprendem a distinguir uma fêmea da sua própria espécie de uma imitação por parte de uma planta, que evoluiu para atrair vespas.
Mas a genética influencia o comportamento humano?
Há certamente genes que influenciam a inteligência, uma vez que o nosso cérebro foi selecionado para ser maior. Mas, quando se fala em saber se a inteligência é herdada, não são esses genes que contam, porque nos estamos a referir a diferenças entre indivíduos. Individuos tentaram juntar o maior número de casos de gémeos verdadeiros e falsos a viver em ambientes diferentes e juntos. Se a genética não for importante, ambos os gémeos que vivem separados não são parecidos, e os que vivem juntos são parecidos, devido ao ambiente. O resultado dos testes de QI entre irmãos mostra que há efeito genético. Há efeito de fatores genéticos, mas que são penetrados por fatores ambientais.
Nos seres vivos há dois mecanismos principais para a preservação e propagação de informação, ADN- evolução genética (codificado numa molécula e permite produzir descendentes semelhantes). Há um conjunto de organismos que se movimentam, que para isto necessitam de sistema nervoso central. A partir daqui, criou-se outro mecanismo, passagem de informação de cérebro para cérebro- evolução cultural. Assim, a genética também influencia. A seleção de traços quantitativos depende do diferencial de seleção (S) e da herdabilidade do traço (h2). Um traço com maior herdabilidade terá uma maior resposta à seleção (R). A herdabilidade (heritability) de um traço quantitativo pode medir-se através da correlação fenotípica entre os progenitores e os descendentes. h2 = declive da reta de regressão.
Evolução e desenvolvimento do comportamento- exemplo de forma como genética influencia o comportamento- Em duas espécies de roedores norte-americanos, os machos são poligínicos numa e monogâmicos noutra. A simples alteração de um gene torna a espécie poligínica em monogâmica. Trata-se de um recetor de vasopressina que torna o macho mais solícito. A vasopressina está envolvida em comportamentos maternais, por exemplo. Os machos monogâmicos tinham uma sub-expressão do gene, ao contrário dos machos poligínicos. 
Um grupo de investigadores foram verificar se havia polimorfismo da expressão do gene de vasopressina (AVPR1A- tendência para perda de compromisso) nos humanos, testando em homens. Utilizaram uma escada para medir a tendência de vinculação de uma pessoa a um parceiro, para avaliar o grau de satisfação dos casais. Estas diferenças genéticas afetam as tendências comportamentais. Geneticamente, não explica o comportamento de um individuo, mas num grupo grande, mostra-se uma tendência. Afeta a forma como olham o mundo e as suas decisões de vinculação nas relações. 
Comportamento: genética ou ambiente? Bebés são capazes de avaliação de intenções em contexto social. Depois de observarem uma cena em que uma figura (circulo vermelho) tenta subir sem sucesso uma montanha e é ajudada (amarelo) ou contrariada (azul) as crianças preferem brincar com bonecos amarelos. Mas, se a cena incluir um objeto inanimado não há diferenças. Trata-se dos pilares da moralidade. Esta experiencia mostra que já se traz um conjunto de ferramentas, quando nascemos, para tomar decisões e saber o comportamento correto e o incorreto. 
Durante os anos 30 do Séc. XX, Lysenko tornou-se o mais importante biólogo na URSS, apoiado por Estaline. A genética seria uma invenção do capitalismo do ocidente. Para Lysenko, o ambiente era o essencial para transformar o organismo. Era um adepto da hereditariedade dos caracteres adquiridos, também conhecido como neo-Lamarkismo. Lançou o estudo da primatologia para entender a evolução do comportamento humano. 
Aula 7 (28/02) Teste de Hipóteses evolutivas
Existem dois tipos de explicações no pensamento evolutivo:
· Explicações próximas (causais)- transformações que ocorrem durante a vida de um individuo
· Explicações últimas- o porquê de isso acontecer, mecanismo pelo qual acontece
(porque é que os humanos suam quando está calor:
-Explicação próxima- resposta das glândulas sudoríparas ao aumento de temperatura
-Explicação última- conferir vantagem, como ajudar a baixar a temperatura do corpo)
Adaptação- quando se procura produzir uma resposta adaptativa para uma determinada caraterística, está-se a formular uma teoria sobre a evolução dessa caraterística. Explicar a evolução num determinado sentido e não noutros. Mas há uma tendência para singularidade: A evolução só seleciona o imediatamente útil (o que é vantajoso no momento, não olhando para o futuro) Servo o exemplo da inteligência e do olho humano. 
1. Inteligência: Evolução do crânio e do cérebro – porque ocorreu? O volume do cérebro aumentou consideravelmente, apenas na nossa linhagem evolutiva. Cérebro maior significa mais conexões neuronais e mais neurónios. Animais maiores têm cérebros maiores e animais mais pequenos, cérebros mais pequenos. O cérebro evoluiu para que os individuos pudessem tomar decisões mais refletidas sobre uma maior variedade de situações, região da tomada de decisão com maior desenvolvimento. 
Mas as questões sobre o porquê da existência (e da evolução) de um órgão tão complexo não se resolvem com o conhecimento de como funciona. Teorias sobre a evolução da inteligência:
· Hipótese da inteligência ecológica (cérebro evoluiu para aumentar a capacidade tecnológica, para adaptação ao meio ambiente, como habitat, dieta, etc.)
· Hipótese da inteligência social (não é a complexidade e desafios do ambiente ecológico que são motor para o cérebro, mas a complexidade do ambiente social- ambiente social mais complexo, exige cérebro mais adaptado)
· Seleção sexual (seleção do parceiro mais inteligente)
Testes da evolução da inteligência- quadro dá ideia das implicações como energia, constrangimentos (longevidade, etc.) e o volume do neocórtex seria explicável por inteligência instrumental (mapa mental, captura do alimento) ou inteligência social. No final, todas se relacionam com a aptidão (todas têm consequências nela).
Mais tarde, foi realizado um modelo para a evolução da inteligência incorporando todos os fatores (ecológicos e sociais), pensando que os desafios poderiam ser das duas naturezas. Se forem ecológicos seria “Me Vs Nature”; se fossem sociais poderiam ser cooperativos (us Vs Nature) ou competitivos entre individuos (Me Vs you”) ou entre grupos (Us Vs Them). Assim, fatores ecológicos, sociais e competitivos irão afetar o desenvolvimento do cérebro, somático e do ciclo reprodutivo que está a haver. Assim, ao nivel do Homo Habilis a maior parte das seleções seltivas seriam cooperativas. No Homo Ergaster seria cooperativa e ecológicos (29 minutos).
2. Olho humano- O nosso olho é um órgão muito complexo, dotado de um elevado número de pequenas adaptações que permitem captar a luz. o olho do vertebrado foi-se desenvolvendo, não sendo originalmente a 100% (evolução por pequenos passos). 
Como produzir algo tão complexo como um olho por pequenos passos? A evolução resulta da acumulação de pequenas alterações a partir ou de coisas novas ou de outras já existentes, subsequentemente modificadas. Este foi originalmente criado para o meio aquático e, portanto, não necessitava de ser tão desenvolvido como em terra. Pelgar e Nilsson simularam a evolução de olhos. Criaram uma estrutura constituída por três camadas de tecido (tecido suporte, refletor e proteção). De seguida, deram ao programa a possibilidade de fazer variações de grau muito pequeno (p2quenas mutações) e, em cada geração, a que tivesse melhores capacidades óticas, era posta a reproduzir. Ao fim de 180 gerações, a camada de tecido começou a formar uma bolsa, e em 1250 esta fechou e ficou com um orifício. Em 1800 formou-se um olho de vertebrado.Concluíram que 2000 gerações (400 mil anos) seriam suficientes para a evolução de um olho de vertebrado. 
Todo o processo de teste de hipóteses inclui duas fases:
· Theory- Down Approach (observação)
· Observation-Driven Apprroach (teoria)
Formulada a hipótese, tem de se fazer previsões, que permitirão decidir se hipótese está correta ou errada. O passo seguinte será realizar experiencia e relacionar com as conclusões. Pode acontecer as hipóteses serem confirmadas e a hipótese ser aceite provisoriamente ou a hipótese ser rejeitada e iniciar, de novo, o processo. 
O processo cientifico- Karl Popper demostrou que a ciência progride através da eliminação das hipóteses. Uma hipótese confirmada não é a sua certificação. Pode vir a ser falsificada mais tarde. É sempre mais concludente o que resulta da eliminação de uma hipótese. Veio mostrar que se consegue fazer avançar o conhecimento, não pela certeza das explicações que temos, mas pela certeza daquilo que não são explicações (hipóteses eliminadas, não podem ser recuperadas, depois de excluídas das hipóteses). Ex: Como se deu a evolução entre primatas do novo (platirríneos) e do velho mundo (catirríneos)? A evolução terá acontecido há 40 milhões de anos. Sabe-se isso pela utilização de comparações de sequências de retrovírus que ficam incorporadas no genoma, por exemplo. Sabe-se que, segundo a teoria da deriva continental de Wegner, que o continente se separou (África e América do Sul), ficando os dois mundos (novo e velho) separados por oceanos. Há 245 milhões de anos, com Pangea o território ainda estaria junto. No entanto, as datações da separação não coincidem. A separação dos continentes está datada de 90-120 milhões de anos e a dos primatas em 40 milhões de anos. Assim, a separação entre primatas do novo e velho mundo ainda não tem explicação. 
Assim, existem 4 métodos principais para testes estes problemas: Como testar a existência de adaptações?
· Variação natural - Comparação entre indivíduos de uma mesma espécie
Singh verificou existir uma preferência masculina por silhuetas femininas com uma determinada relação cintura/anca. Jasienska (2004) testou se havia uma relação entre silhueta e traços de fertilidade.
· Experiências - Produzir variação artificialmente
Vários estudos sugerem que a nossa tendência cooperativa é social e está dependente de um efeito de audiência.
Numa ação de apoio social, os indivíduos estavam mais predispostos a contribuir mais quando no ecrã eram projetados olhos.
· Método comparativo - Comparação entre espécies
Hipótese da inteligência social – Robin Dunbar propôs que o motor da evolução da inteligência humana teria sido a complexificação do ambiente social e não a resposta a desafios ambientais. Testou a hipótese analisando o tamanho do cérebro em primatas em relação a vários fatores. Verificou-se que há medida que aumenta o tamanho do grupo, aumenta o tamanho do ne-cortex. Também testou a evolução com, por exemplo, a dieta, não havendo correlação.
· Desenho ajuste que uma coisa tem a outra (Modelação)
Leda Cosmides e John Tooby demostraram que os indivíduos da nossa espécie possuem um conjunto muito específico de módulos cognitivos destinados a identificar batoteiros num contexto de contrato social. “Se uma pessoa está a beber cerveja, então deve ter mais de 20 anos.” Que cartas é necessário virar para ter a certeza se há documentos que violam a regra referida?
As principais escolas que se desenvolveram nos últimos anos para estudar a evolução são:
· Antropologia evolutiva ou Ecologia comportamental humana- O comportamento social humano evoluiu como adaptação. Isso significa que os comportamentos foram selecionados por seleção individual, através de benefícios adaptativos dos que os possuem. Comportamento sexual e sistemas reprodutivos, conflito e dominância, cooperação, a cultura, são explicáveis a partir de uma abordagem adaptativa.
Ex: Dote de casamento. O valor do dote está diretamente relacionado com o número de potenciais mulheres que um homem pode ter numa sociedade, o que se reflete no favorecimento de filhos do sexo masculino.
Críticas à Antropologia Evolutiva:
1. A medição de sucesso reprodutivo é difícil de fazer e a relação indireta é sempre incompleta. R: A maioria dos estudos em ecologia comportamental usa medidas indiretas de aptidão.
2. Aplicar um raciocínio baseado em diferenças genéticas entre os indivíduos é um ressurgimento de determinismo biológico e deve ser evitado. R: É inegável que os genes têm influência sobre muitos dos nossos traços quer biológicos quer comportamentais. Ignorá-los não os torna menos verdadeiros. E genes para um comportamento não tem nada a ver com ‘determinação genética’. 
3. Basear-se em populações de caçadores-recolectores que estão em desaparecimento. A evolução cultural recente (sociedade ocidental) é demasiado rápida para processos biológicos de adaptação; medicina. R: Estudos genéticos recentes mostram que o nosso genoma se modificou recentemente em função da domesticação de animais e plantas. São ainda evidentes as diferentes respostas evolutivas de populações humanas diferentes a ambientes distintos.
· Psicologia Evolutiva- bases desta:
1) Os mecanismos psicológicos são o resultado de seleção natural. O foco da PE são os mecanismos psicológicos que resultam em adaptações.
2) Esses mecanismos podem ser entendidos como mecanismos computacionais.
3) Esses mecanismos mentais evoluíram ao longo de muito tempo, num ambiente e respondendo a pressões seletivas diferentes das atuais, no Ambiente de Adaptabilidade Evolutiva (AAE).
4) Porque esses mecanismos são adaptações ao passado, não há necessariamente uma adaptação às condições atuais.
5) Em resultado da seleção, a mente humana será um mosaico de mecanismos de domínio específico, em vez de uma máquina de aprendizagem e processamento genérica (domínio geral).
Novas técnicas de imagiologia permitem observar o cérebro em funcionamento. Compara-se o cérebro a um canivete suíço, cada ferramenta com a sua função. Ex: A nossa preferência por comidas doces será o resultado de um mecanismo adaptativo, no AAE, mas que deixou de o ser nos nossos dias. ‘Adaptive lag’
Críticas à Psicologia Evolutiva:
i. A PE não incorpora análises filogenéticas nem o método comparativo para testar hipóteses evolutivas. Isso é uma limitação.
ii. A PE considera que a evolução recente não teve efeitos significativos sobre a estrutura genética da espécie. R: as evidências de genética de populações indicam o oposto, com sinais de mudanças recentes, como as causadas pela agricultura. A evolução pode ser rápida.
iii. Para a PE as adaptações são universais, estando presentes em todos os membros da espécie, com mecanismos de resposta idênticos. R: há muita variação adaptativa a condições diferentes por grupos humanos, o que é pouco conciliável com esta proposição (niche construction)
· Memética- deriva da suposição que as ideias seriam uma espécie de vírus que infetavam o cérebro. Depois de infetado, poderiam ter poucas propriedades virais ou muitas propriedades virais (ideias que ficam no cérebro). Foi criada por Richard Dawkins, utilizando o exemplo dos símbolos, uns ficam marcados, outros não.
Críticas à Memética:
i. Não se consegue operacionalizar o conceito de meme.
ii. Apesar de muito popular entre filósofos (Dennett), não foi possível construir um programa de investigação assente neste conceito, até agora.
· Evolução cultural ou Coevolução genes-cultura- transformação de práticas sociais/culturais, que foram instituídas e mantidas porque conferem vantagens adaptativas às populações que as usam no seu contexto (utilização de condimentos na comida é um dos tipos desta abordagem- cultura afeta a biologia), passadas de cérebro para cérebro. Segundo esta abordagem há uma espécie de paralelismo entre evolução biológica e evolução cultural, que envolve interação entre ambas. No entanto, há diversas práticas culturais que podem ser desadaptativas para os individuos, do ponto de vista biológico e que, mesmo assim, evoluíram e carecem de explicação:
· Baixafecundidade 
· Fumar 
· Sacrifício por uma bandeira
· Copiar os mais bem-sucedidos
Inovação, complexidade cultural e tamanho do grupo- Até que ponto os grupos sociais contribuem para manter técnicas complexas por transmissão cultural? Grupos de 2, 4, 8 e 16 indivíduos tiveram que desenhar anzóis (tarefa simples) e redes de pesca (tarefa complicada), depois de verem vídeo explicativo. Os grupos maiores conseguiram evitar a degradação dos traços complexos (há pelo menos alguns que se recordam).
Aula 8 (17/03) - Como modelou a evolução as nossas preferências sexuais?
Seleção Sexual Humana- seria espectável que, na evolução humana, o tipo de caraterísticas que aumentassem o sucesso reprodutivo dos individuos tivessem sido selecionados. Os humanos, juntamento com os Bonobos, são os únicos vertebrados que têm relações sexuais fora da época reprodutiva, e que não têm época reprodutiva definida (qualquer altura do ano). A beleza sempre constituiu um elemento determinante na vida social e sexual da nossa espécie. Há diferenças culturais sobre o que é considerado belo. Ao mesmo tempo que se acha que há variação cultural, há uma constância relativamente a padrões/parâmetros que todos consideram belo, quer coisas que se relacionam com a anatomia humana, quer não (atravessa culturas e tem universalidade). Assim, há algo intrinsecamente belo na anatomia humana, independentemente da habituação a ela, e que se procurará ver.
A beleza tem efeitos. Os bebés reagem melhor a faces consideradas belas por adultos, do que a faces consideradas não atrativas. Também os empregadores dão mais facilmente emprego a uma pessoa bonita, e estas apanham multas mais baixas do que as não consideradas feias, entre outros. Estes efeitos do rosto atrativo afeta as impressões, mostrando quando enviesados os humanos são, na avaliação a outras pessoas. 
Por outro lado, a espécie humana apresenta algum dimorfismo sexual, embora não seja uma espécie tao sexualmente dimórfica como outras espécies (menos que gorilas, mais que piscos de peito ruivo, que são indistinguíveis). Normalmente, esse dimorfismo sexual está relacionado com o facto de ser vantajoso (seleção sexual) em algumas espécies que a fêmea seja maior que o macho, pois permite ter mais descendência. O contrário, tem a ver com a competição pela fêmea. 
A evolução modelou e produziu formas estranhas e exageradas na natureza, ligadas à reprodução e sexo, como a longa cauda do pavão ou a cor incrível da ave do paraíso. Este facto impressionou Darwin, individuo que refletiu sobre este fenómeno, para propor uma teoria.
Quando Darwin propõe a teoria da seleção natural, não é bem aceite, pois as cores não contribuem para o sucesso reprodutivo dos individuos. Assim, 12 anos depois, escreve a obra “The descent of man and selection in relation to sex” e, nesta, desenvolve a teoria da seleção sexual.
Na teoria da seleção sexual, Darwin propõe que existe a seleção de caraterísticas que contribuem para o sucesso reprodutivo e, em alguns casos, mesmo afetando a sobrevivência do individuo. Isto porque, a sobrevivência é compensada pelo aumento do sucesso reprodutivo, copiando mais genes. Assim, existem dois tipos de seleção sexual:
· seleção intra-sexual- competição por acasalamentos. Os machos tendem a lutar por fêmeas, responsável pelo desenvolvimento de armas de combate e dimorfismo sexual. 
· seleção inter-sexual- escolha do par (quando um sexo exerce escolha sobre o outro). As fêmeas escolhem os machos, responsável pela evolução de ornamentos, em machos. 
As fêmeas preferem características dos machos ou a eles associadas? Foram desenvolvidas diversas teorias, onde as fêmeas podem preferir os machos:
· porque são mais atraentes (Fisher)
· porque eles são mais fortes e saudáveis (par saudável)
· porque eles têm ‘melhores’ genes (bons genes)
· porque resistem mais a parasitas
· porque existe um enviesamento sensorial (caraterísticas são irresistíveis) 
Seleção sexual nos humanos- A ideia de que a escolha feminina poderia ocorrer foi considerada absurda entre a sociedade vitoriana, o que levou à rejeição da teoria de seleção sexual de Darwin. No entanto, a seleção sexual existe entre os humanos, sendo a atratividade um dos fatores. Os humanos são afetados pela beleza e, mesmo alertado sobre essa circunstancia, o enviesamento cognitivo é mais profundo, não tendo controlo sobre isso. 
Seleção sexual em ambos os sexos- Noutras espécies (peixes, aves, etc.) a escolha do par é uma escolha feminina. Mas, na nossa espécie é o sexo feminino que mais se preocupa com a imagem (gasta mais recursos, tempo e energia). Houve algo no sucesso reprodutivo da nossa espécie que, até certo ponto, colocou as fêmeas na seleção sexual e inverteu os processos de seleção (mais preocupada com a aparência física). EX: anúncios em revista para homens e para mulheres: eletrónica, alta fidelidade, álcool e automóveis nas masculinas; cosmética, saúde, alimentação na feminina. Atualmente há menos desequilíbrios na Variação de preferências pelos sexos a partir dos anúncios em revistas para mulheres e homens. 
Um dos primeiros investigadores nesta área, que tentou testas a hipótese da teoria evolutiva, na seleção sexual, foi David Buss. Criou um conjunto de previsões que seriam expectáveis se a teoria da seleção sexual estivesse bem aplicada à nossa espécie. 
	Previsão
	Significado funcional (adaptativo)
	Mulheres deveriam valorizar mais a capacidade de obtenção de recursos, por parte do parceiro
	A aptidão da descendência da mulher aumenta com os recursos
	Homens deveriam valorizar mais traços físicos (capacidade de produzir descendentes)
	A aptidão e potencial reprodutivo é mais influenciado pela idade do que nos homens 
	Homens preferem mulheres mais novas
	Homens alcançam maturidade sexual mais tarde que as mulheres
	Homens valorizam mais a castidade (certeza de paternidade)
	Um homem criar um filho que não é seu, seria altamente prejudicial para a sua aptidão reprodutiva
	Mulheres preferem ambição e motivação, mais do que homens 
	Ambição e motivação indicam capacidade de obtenção de recurso para a descendência 
Observou 98 culturas diferentes, na procura de confirmação destas previsões (se apareciam caraterísticas universais, independentes da cultura). Verificou que 
· Valorização das capacidades de obtenção de recursos (mulheres)- 36 culturas (97%)
· Valorizarem de atributos físicos (homens)- 34 sociedades (92%)
· Valorização da ambição e serem trabalhadores (mulheres)- 29 sociedades (78%)
· Valorização da castidade (homens)- 23 sociedades (62%)
· Valorização de mulheres mais novas (homens)- 37 sociedades (100%)
Questionários sobre preferências nos dois sexos- numa lista de características preferidas por cada sexo, como inteligência, afetividades, partilha de gostos e estéticas, há dois traços que aparecem sempre diferenciados entre sexos: atratividade e valor económico (obtenção de recursos para a descendência). Num estudo relacionado, em anúncios amorosos em jornais, os homens oferecem recursos económicos e mulheres anunciam a beleza. As palavras-chave usadas em anúncios de encontros amorosos e procura de parceiro, as características anunciadas são:
· Atratividade (atlético, atrativo, boa forma, saudável, bom corpo, bonito, musculado)
· Estatuto/riqueza (profissional, ter casa, independente financeiramente, curso universitário)
· Compromisso (maduro, cozinhar bem, sensível, bom ouvinte, compreender, dar afeto)
· Aptidão social (senso de humor, rir muito, animado)
· Fidelidade sexual (monogamia, fidelidade, homens de apenas uma mulher/vice-versa)
· Sexual (cuddly, sensual, into fun times)
Frequência com que as mulheres (a) e homens (b) oferecem e procuram determinadas características dos anúncios de encontros amorosos: 
Diferenças de idades pretendidas na(o) parceira(o) nos anúncios de encontros amorosos. Mulheres procuram homens mais velhos e vice-versa. Os homens preferem mulheres mais novas, pois aumenta o seu sucesso reprodutivo. A preferência das mulheres não está completamente determinada, mas pensa-seque se relaciona com maturidade mental.
Verificou-se que as diferenças de preferência são maiores nas sociedades tradicionais (tem mais peso- fatores culturais como convivência) do que nas mais desenvolvidas.
Silhueta corporal (parte física) - Em 1993, Singh desenhou silhuetas femininas e masculinas e apresentou aos individuos do sexo oposto, para avaliarem se havia uma preferência na silhueta (se havia silhueta mais atrativa). Desenhou silhueta que tem razão entre cintura e anca.
Preferência masculina pela figura feminina- a silhueta com 0.7 foi a mais preferida pelos homens (muita cintura). Olhou para os resultados de concursos de Miss America para verificar se preferência é moda cultural ou se se verifica ao longo do tempo. Verificou que, por exemplo, o peso foi diminuindo ao longo do tempo, mas que a proporção da silhueta não mudou. Assim, a forma corporal pode estar relacionado com a fecundidade. Mais tarde, um grupo polaco publica estudo onde analisam volume mamário e cinturas, mostrando que mulheres com cintura estreita e maior volume mamário têm níveis de estrogénio mais altos (teste pela saliva). O estrogénio é hormona relacionada com a fecundidade. Concluem que há preferência por traços femininos sinalizadores de maior fecundidade, fazendo sentido do ponto de vista evolutivo.
Já no caso dos homens, o mesmo tipo de preferência também existe por parte do sexo feminino relativamente à figura masculina. Mas, a forma mais preferida é diferente (0.9- ligeira cintura), não tirando muitas conclusões.
No entanto, como este teste foi muito rudimentar, em 2009, foi realizada uma reanálise das experiências de Singh, com técnicas mais modernas, recorrendo a simulações de computador que possibilitaram gerar formas com várias combinações de ombros – cintura – ancas. Colocaram a hipótese que pode não ser apenas a relação cintura/anca, mas a silhueta do corpo. Criaram um fato de natação (que corresponde à forma do corpo, sem cabeça a influenciar) e manipularam 3 parâmetros:
· Largura dos ombros
· Largura da cintura
· Largura da anca
Embora confirmem parcialmente os resultados de Singh, não confirmam totalmente. Verifica-se uma preferência por valores intermédios da combinação de cada dois traços (ombros-cintura) (ombros-anca), sugerindo uma seleção estabilizante. A relação cintura-anca também revela uma preferência por valores intermédios. Mas, o valor de preferência máxima é 0.75 em vez de 0.7 previsto por Singh. A ideia de Singh é que estas diferenças seriam universais.
Outras investigações recentes indicam que as preferências por um determinado WHR não são tão universais quanto Singh pensava, mas envolvem ajustes:
1. às condições ambientais (em sociedades com recursos limitados, acumulação de gordura pode ser vantagem, havendo preferência por mulheres mais gordinhas, que sobrevive mais e é mais fértil, que as mais magras) ou 
2. às características da população
Essas diferenças são maiores quando se considera uma perspetiva frontal. A perspetiva lateral é semelhante e terá a ver com o facto de as mulheres Hadza terem maior acumulação de gordura no rabo. Apesar de tudo, há uma diferença entre populações.
Serão estas diferenças culturais? Outro estudo olha para o índice de massa corporal em sexo feminino, preferidos por britânicos e Zulus, mostrando claras diferenças. Zulus preferem mulheres mais pesadas, com maior índice corporal, e britânicos preferem índices e massa corporal mais baixos. Diferenças que praticamente desaparecem em britânicos de origem africana. Já em comparação de descendentes de britânicos com descendente de Zulus, criados noutra cultura, verificando que, neste caso, há ajuste cultural (massa corporal depende das circunstancias em que se vive, como Singh afirmou). 
O que torna um rosto atrativo? O rosto afeta muito a forma como o individuo interage com outros, mesmo em bebés que ainda não estão culturalmente marcados. Indivíduos com rostos mais atrativos: 
· Têm mais probabilidade de conseguir emprego 
· São considerados mais confiáveis 
· menos prováveis de cometer um crime (criminosos são considerados feios)
Num estudo, foram utilizados rostos de europeus e asiáticos compostos (sobreposeram diversos rostos, e criaram um artificial), de rostos não atrativos e rostos só atrativos, apresentando-os a caucasianos e japoneses (tentar verificar se existem diferenças culturais ou não). Verificou-se que os rostos mais simétricos são mais atrativos (aumentado o grau de simetria, este torna- se mais atrativo- o rosto de baixo é mais atrativo).
Simetria e assimetrias flutuantes- um individuo que estudava com aves utilizava anilhas de várias cores para as distinguir. Ao fazer testes de escolha de par do individuo feminino para com o masculino, encontrou enviesamentos. Descobriu que havia interferência nas cores de anilhas, apresentando a fêmeas, o mesmo individuo macho, com aninha verde e vermelha. Estes têm vermelho no bico e bochechas laranja. Quando o mesmo macho era apresentado, era preferido pelas fêmeas com a anilha vermelha (aumenta atratividade), do que com a verde. Também foi verificar a atratividade individuos com aninhas vermelha verde, vermelha verde, com individuos vermelha verde, verde vermelha (assimetria). Os machos perdiam atratividade quando eram assimétricos. 
Começou a tentar verificar-se se havia efeitos da assimetria. Normalmente, organismos como os humanos, que têm assimetria bilateral, têm maquinaria de desenvolvimento que define um eixo cabeça/cauda, em que todas as partes do corpo se desenvolvem simetricamente ao mesmo nível (mesmo nível de costelas de cada lado, mesmo número de braços e pernas de cada lado, etc.). No entanto, medindo as partes do corpo, braços, pernas, rosto, nunca são completamente semelhantes (um é maior que outros). Estas assimetrias são flutuantes porque o padrão é produzir organismo simétrico. Numa amostra grande da população, a média será de 0, e haverá conjunto de desvios para a esquerda e para a direita. Deste modo, a assimetria flutuante corresponde a situações em que um traço que deveria ser simétrico, por desenvolvimento, se apresenta com assimetrias.
Assim, se um individuo tem uma maquinaria genética para se desenvolver normalmente, se é assimétrico, essa assimetria será resultado de maquinaria não ter funcionado corretamente, por perturbações no ambiente (‘stress’ durante o desenvolvimento). Se esse stress no desenvolvimento prejudica os individuos então, será espectável que haja preferência por simetria. 
Estudo sobre simetria facial - Alguns autores mediram os graus de assimetria que pode existir no rosto em populações naturais, pegando em rostos e tornando-os mais simétricos. Num estudo, pegaram numa fotografia de rosto e inverteram-na em espelho, fundindo as duas (criando imagem mais simétrica). Compararam as transformações do mesmo rosto, que nunca foram apresentadas juntas, mostrando que, em ambos o sexo masculino e feminino, os rostos mais simétricos são considerados mais atrativos. Curiosamente, os rostos menos atrativos à partida, ganham mais atratividade ao serem tornados simétricos, do que os rostos naturalmente mais simétricos. Isto talvez porque os rostos naturalmente mais atrativos já são mais simétricos, não ganhando simetria que compense. 
Por outro lado, a simetria também é medidor de idade pois, há medida que o individuo envelhece, fica com rosto menos simétrico. Alguns estudos também relacionam simetria com perceção de saúde. Individuos, considerando o mesmo rosto, apontam para o rosto alterado para ter simetria, mais saudável, do que o rosto natural. E outros estudos encontraram uma relação entre simetria e registos pessoais de incidentes de saúde (registos médicos reais). Rostos masculinos têm mais assimetria flutuante, sofreram mais problemas respiratórios. Confirma a tese de que a maior simetria é sinalizador de organismo com maior capacidade de funcionamento e resistência imunitária, sendo vantajosa a preferência por rostos mais simétricos. 
Mediania (averageness)- Francis Galton verificou que faces ‘médias’ oumedianas, compostas a partir da sobreposição de várias fotos, eram mais atrativas. Pensava que as pessoas deveriam preferir rostos mais belos, e não os medianos, sendo que aconteceu o contrário. Atualmente, a construção de faces mais medianas (averageness) é feita usando uma grelha de pontos ‘homólogos’ entre as faces representadas, que serve para assegurar a sobreposição (soma de vários rostos, não reais). O problema é que também aumenta a simetria. Num estudo, construíram um rosto a partir de 3 rostos diferentes, a partir de:
a) três imagens
b) + a cor de 9 imagens
c) forma e cor de 9 imagens
(tentaram separar fatores relacionados com forma/simetria e fatores de textura). Verificaram que o terceiro rosto é o mais atrativo. Quando se faz esta transformação, o rosto torna-se mais simétrico e aumenta a sua averageness (ambos tornam o rosto mais atrativo).
Beleza facial sinaliza traços adaptativos? - Num outro estudo, procurando ver se há relação entre beleza facial e presença de traços adaptativos, pegaram em 10 rostos com níveis baixos de estrogénio e 10 rostos com níveis baixos. O rosto compósito da esquerda (com mais estrogénio), é muito mais atrativo do que o rosto com níveis baixos, da esquerda. Concluindo, provavelmente algo que faz o rosto mais atrativo é ser sinalizador de fecundidade, esperando-se que no tempo evolutivo, esses sinais tenham sido selecionados. 
Já na atratividade facial masculina, não é tão evidente (ambíguo). Os avaliadores femininos deveriam preferir rostos mais masculinos. Os rostos mais masculinos, normalmente, têm níveis mais altos de testosterona, devendo haver preferência. No entanto, as mulheres preferem rostos considerados mais feminino (mais atrativo). Um estudo de Perrett e col (1998, Nature) encontrou uma preferência por rostos mais femininos (independentemente do sexo do rosto) em ocidentais e asiáticos.
Hormonas, período fértil e atratividade facial- Assim, investigadores experimentaram se o período fértil tinha algum efeito. A atratividade dos rostos compostos manipulados para serem mais masculinizados ou feminilizados foi avaliada, considerando a fase do ciclo menstrual das avaliadoras. No pico de período fértil, rostos mais masculinos são mais preferidos, e fora do período fértil, rostos mas femininos são preferidos. Os resultados indicam uma clara preferência por rostos masculinizados quando na fase ovulatória do ciclo.
Aula 9 (18/03) - Sistemas reprodutivos: cooperação e conflito
A escolha do par reflete-se na forma como individuos tendem a constituir-se (par ou não). Os sistemas reprodutivos ocorrem devido à existência por parte de ambos os sexos, comuns (produzir descendentes e individuos, gerando conflito (resulta da maximização reprodutiva de cada um dos sexos estar limitada por diversos fatores, como recursos). 
O conflito de interesses resulta, desde logo, da diferença no investimento reprodutivo que cada sexo coloca na reprodução e das consequências deste. O sexo masculino é caraterizado por um menor investimento reprodutivo e o sexo feminino é caraterizado por um maior investimento reprodutivo (gâmetas com mais nutrientes, tempo, etc). Assim, um dos sexos está mais limitado na reprodução. Isto traduz-se em, o sexo que tem menor investimento reprodutivo, tem maior potencial reprodutivo (o que investe menos, ganha mais se tiver mais acasalamentos). Isto, normalmente, dá origem a um enviesamento na razão dos sexos (número de individuos disponíveis para reprodução- machos mais disponíveis, geralmente). Resulta na maior seleção por parte das fêmeas (melhores recursos para descendência), dos parceiros e um maior combate por fêmeas, nos machos. 
Autores propuseram que se considerassem os sistemas reprodutivos como resultante do comportamento dos individuos, visando maximizar o seu sucesso reprodutivo. Assim, diferentes sistemas vieram a surgir dependendo de dois fatores principais:
· dispersão de machos e fêmeas no espaço e tempo
· padrões de deserdação para cada sexo
Afirmando que, de modo geral:
· os machos têm mais a ganhar por terem mais parceiras; 
· o investimento reprodutivo das fêmeas tende a ser maior que o dos machos; 
· menos femeas disponíveis 
· machos tendem a competir pelas fêmeas
· machos tendem a ser poligínicos (fêmeas não beneficiam, normalmente, pela poliginia)
Estas implicações conduzem à existência de vários sistemas reprodutivos:
1. Monogamia- constituído por um par, macho e fêmea
2. Poliginia- constituído por um macho, e diversas fêmeas
3. Poliandria- constituído por uma fêmea, e diversos machos
(existindo também sistemas promíscuos, mas não na sociedade humana)
Estudos mostram que 80% das sociedades são poligínicas, 16% são monogâmicas (incluindo a Europa) e apenas 0,4% das sociedades são poliândricas. O padrão da sociedade ocidental tende a ser a monogamia. No entanto, durante o século XX e inícios do século XXI, existia muitos casos de relação social com um individuos, e com amantes. Isto, do ponto de vista social é monogamia, mas do ponto de vista reprodutivo é poliginia. Estas sociedades monogâmicas eram constituídas por famílias extensas, e não nucleares. Muitas das crianças morriam muito jovens (mortalidade infantil elevada). 
A Poliginia envolve a formação de um macho com várias femeas, resultando em:
· Poliginia por dominância- observada em sociedades de haréns
· Poliginia por recursos- quando há limiar de poliginia, compensa à fêmea acasalar poliginicamente, quando os ganhos de recursos por um macho, são inferiores aos recursos que ela p0ode obter se acasalar com um macho com melhores recursos
(no caso humano, as duas combinam).
 Em humanos, em cidades de caçadores recolectores não há capacidade de acumulação de riqueza. Nas sociedades pós-caçadores recolectores há capacidade de acumulação de riqueza (controlar território, ter recursos e ser detentor destes). Quando isto acontecer, quer em povos agricultores, quer em povos pastores, esses recursos irão estar relacionados com o sucesso reprodutivo que o individuo tem, especialmente no caso do sexo masculino. Por exemplo, em Gana, um homem tem de ter recursos para poder ter uma grande família. Foi encontrada uma relação linear clara, onde homens que tinham mais terras, tinham mais mulheres (tinham recursos para as ter) - poliginia por controlo dos recursos. 
É interessante verificar que há uma diferença muito grande entre povos agricultores e povos pastores. Um estudo que relaciona duas sociedades tradicionais, Gabbra (pastores com camelos) e Chewa (agricultores com terra). Através da medida de fertilidade residual (medida da fertilidade dos homens e mulheres), mostra-se uma diferença muito grande entre as duas sociedades. As sociedades de pastores são muito mais residuais, relativamente à variação do sucesso reprodutivo entre os sexos, do que as sociedades de agricultores (onde é semelhante). Os homens têm pouco ou nenhum sucesso quando não têm camelos, as mulheres têm sempre mais sucesso. No entanto, há medida que os homens são mais ricos e têm mais camelos, têm muito mais sucesso do que as mulheres. 
Algo instituído e que acaba por refletir estas relações de poder e o peso que os parceiros podem ter numa relação são os dotes. Muitos casamentos envolvem a transação de um parceiro/a sexual e bens. A família do noivo/a tem de pagar para a realização deste casamento, sendo um negócio. Um estudo baseado num atlas etnográfico, considerando 112 culturas monogâmicas, 290 políginas e 448 poliginia de forma alargada, sendo a circunstancia, o pagamento ou não de dote e os rapazes serem favorecidos, em relação às raparigas, do ponto de vista do seu papel estas sociedades. Na maior parte das sociedades monogâmicas, o casamento não envolve o pagamento de dote. Nas sociedades políginas, há medida que a poliginia aumenta, o pagamento de dote aumenta. Também há medida que o grau de poliginia aumenta, os rapazes são mais favorecidos. Isto porque, um rapaz bem-sucedido pode produzir uma descendia muito grande. Assim, em sociedades onde a poliginia é muito extensa, o dote é mais altoe persistente e os rapazes favorecidos.
A poliandria é muito rara, e encontra-se em algumas situações pontuais, como em sociedades vivendo em situações muito extremas, em aldeias. São aldeias onde as situações de vida são muito difíceis onde não há divisão de bens (casas), por exemplo. Os irmãos vivem todos na mesma casa, sendo que uma mulher está casada com todos. 
Investimento parental- Sendo o sexo feminino o sexo que em capacidade para escolher, porque na nossa espécie, acabou por ser uma decisão muito limitada? Nestas, normalmente, a escolha é do homem. Segundo Seabrigh, isso deve-se à armadilha do investimento parental. Ou seja, a evolução da nossa espécie esteve dependente de uma evolução acelerada de um cérebro, que permite capacidade de aprendizagem notável e resposta plástica a situações do meio ambiente, mas que acarreta desenvolvimento lento e excessiva dependência do desenvolvimento das crias. Os descendentes nascem muito mais dependentes e, há medida que este processo evolutivo foi acelerando, tornaram-se cada vez mais. Isto fez com que deixasse de ser possível apenas um individuo para cuidar da descendência, sendo que a evolução da inteligência impos prolongados cuidados parentais com custos muito elevados (mães necessitam de pais que ajudem a cuidar da descendência, criando dependência relativamente ao investimento parental masculino). 
Sociedades de caçadores-recolectores (onde a maior parte do nosso processo evolutivo aconteceu) – olhando para os caçadores-recolectores atuais, como os Bosquímanos (?), obrigados a sedentarizar-se, são povos que vivem em condições desérticas. Do ponto de vista genético, estes são uma ramificação muito anterior à expansão em África (um dos grupos mais antigos, sendo modelo). Entre este grupo encontra-se uma poliginia (alguns homens não têm parceira, porque alguns têm várias- relacionado com capacidade de caça). Noutros povos, encontra-se uma troca regular de comida por sexo, onde os homens com estatuto mais elevado mais elevado, tinham mais sucesso reprodutivo do que os mais pobres. Noutro povo, poligónico, os homens caçam, competindo por mulheres, podendo assumir formas muito violentas.
Dos caçadores recolectores passa-se para a Agricultura e Civilização. O advento da agricultura teve como consequência a acumulação de bens e riqueza. Uma antropóloga americana que estudou varias sociedades, concluiu que havia acumulação de riqueza num grupo muito reduzido de individuos, com uma elite reinante. Esta elite reinante tinha uma grande atividade sexual. Algumas destas sociedades criavam haréns, guardadas por eunucos (homem que teve sua genitália removida parcial ou totalmente, por motivação bélica, punição criminal ou imposição religiosa). 
Por fim, dá-se o advento das democracias ocidentais, que assentam em dois fundamentais:
· Democracia
· Religião, que promove monogamia
A monogania promove e contribui para a diminuição dos conflitos dentro da sociedade (homens não têm de lutar entre si por parceira).
Dados do século XVIII mostram de que forma o abandono das crianças estava relacionado com o preço do arroz. Quando o preço do arroz subiu, mais crianças eram abandonadas, e vice-versa. 
Aula 10 (25/03)- A evolução da cooperação e Altruísmo
A cooperação é um traço marcante das sociedades humanas. Do ponto de vista biológico, esta é inexplicável pois, se os organismos, em função das caraterísticas que são selecionadas por seleção natural conseguem aumentar o seu sucesso reprodutivo, esta não seria necessária. No entanto, a cooperação desinteressada encontra-se regularmente, na sociedade humana (como ondas de solidariedade e o fukushima 50, onde individuos se sacrificaram para salvar a sociedade japonesa). 
A diferença entre cooperação e altruísmo é que na cooperação ambos beneficiam. No altruísmo, o autor prejudica-se e tem custos. No entanto, a cooperação também é um traço marcante de outras sociedades, como nas sociedades de térmitas, onde algumas nem se reproduzem, para conseguir manter o ninho a funcionar e a rainha a reproduzir-se. O sacrifício de uma vida em prol de outro é o ato ultimo de altruísmo.
Se esta ideia for estendida, as próprias células do nossos corpo cooperam entre si, para manterem o corpo funcional. A evolução destes organismos unicelulares resulta de organismos unicelulares que se juntaram para cooperar, dando mais estabilidade e resiliência. Também podem aparecer Free-riders, ou seja, individuos que não se comportam de modo ao bem coletivo. No caso dos organismos, denominam-se de tumores ou cancros, células que não cooperam para manter o organismo a funcionar. Nestas células que se juntam, terá havido genes que facilitam a propensão para a cooperação e se essa cooperação, de facto, permite que os individuos se reproduzam mais, esses genes acabarão por ser selecionados. Este é o principio da seleção de parentesco, que serve para explicar uma parte do altruísmo no mundo vivo. 
A história de uma ameba- a ameba é um organismo multicelular que vive no chão da floresta e forma espécie de tapetes (cada uma delas é um organismo). Quando estas não têm alimento, juntam-se e formam uma espécie de torre gigante e no seu cimo, aproveitando o ar, libertam esporos. Estas morrerão todas, sendo um caso de altruísmo para que alguns portadores daquela informação genética consigam vir a ter sucesso mais tarde.
A primeira teoria para tentar explicar a evolução destes comportamentos deve-se a Hamilton permitindo, de facto, explicar a evolução do altruísmo, especialmente em casos de extrema dedicação a outros individuos que se encontram na natureza, como as sociedades de abelhas e formigas. Nesta sociedades há castas de individuos não estéreis, que ajudam a rainha a por ovos. A ideia revolucionária de Hamilton está na ideia de em vez de pensar nas obreiras e nas rainhas, pensar nos seus genes. Se o ganho para um determinado parente (ser altruísta) for K vezes, um grau parentesco r (num irmão seria ½, primo 1/8, etc.), for K vezes a perda para o altruísta, o critério para a seleção positiva nesse gene, será K maior que 1/r. Sendo que K é a razão entre benefícios do recetor e custos para o ator. Para esta fração ser positiva (K positivo), o p (beneficio para o recetor) tem de ser maior que o custo para o ator. Mas não basta que seja maior, tem de ser maior no quociente de parentesco: se um individuo sacrificar a sua vida por três filhos ou 5 sobrinhos, está a aumentar a sua aptidão, apesar do seu sacrifício.
Isto traz a compreensão de que um determinado gene será selecionado, não pelos benefícios para o autor, mas pelos benefícios para o próprio gene. No caso do altruísmo isto acontecerá se o gene ajudar a propensão do individuo para ajudar parentes, mesmo que este saia prejudicado (desde que passe o gene). Muitos dos casos de altruísmo são dirigidos a parentes. É o caso dos Helpers, individuos que, em vez de se estarem a reproduzir, estão a ajudar um par a produzir mais crias. Estas aves que ajudam a criar as crias são também filhos do casal reprodutor (provável de acontecer se for difícil arranjar par ou território), passando indiretamente copias dos seus genes para as gerações seguintes. Esta forma de altruísmo a parentes designa-se por seleção de parentesco. 
No entanto, nem todas as ações de cooperação e altruísmo podem ser explicadas pela seleção de parentesco, pois muitas ações humanas de cooperação envolvem individuos não aparentados. Em muitas situações, estes beneficiariam mais se não cooperassem ou se usufruíssem da cooperação dos outros. No entanto, existem propensão para colaborar com individuos com os quais não têm relação de parentesco. Num estudo realizado por Kim Hill e colaboradores, sobre o parentesco em 32 sociedades de caçadores recolectores (5067 individuos) relevou que a maior parte dos individuos em grupos residentes não são geneticamente relacionados. 
Darwin refletiu sobre a cooperação humana e mais especificamente sobre os extraordinários sacrifícios que se encontra em grupos humanos (por uma ideia ou ideal). As sugestões de Darwin

Continue navegando