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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DO JÚRI DA COMARCA DE JUAZEIRO DO NORTE/ CE Inquérito policial n.º 509/2020 Consta no inquérito policial incluso que, no dia 13 de outubro de 2020, por volta das 17:00 horas, no interior do bar situado na Rua ____________, n.º __, _________, Juazeiro do Norte - CE, nesta Comarca, Aroldo, Bendeval, Carlos e Delmiro, qualificados às fls. ____, desferiram inúmeros disparos de arma de fogo contra as vítimas Francisco, Geremias, Hildevan, Iago e José, que estavam no estabelecimento jogando bilhar, causando-lhes os ferimentos descritos nos laudos necroscópicos de fls. ___, confirmando as mortes das vítimas citadas neste parágrafo. Observando o apurado, constata-se que os denunciados atuam, nessa região, formando um grupo de “justiceiros”, e recebem quantias em dinheiro para matar os desafetos dos pagantes, além de eliminarem pretensos criminosos. Como bem destaca Rogério Sanches Cunha: “os “grupos de extermínio” ou “esquadrões da morte” podem ser definidos como a reunião de indivíduos na qualidade de “justiceiros” e/ou matadores, os quais também atuam nas brechas deixadas pela omissão estatal no campo da segurança pública. Atuam perpetrando matanças generalizadas ou mesmo individualizadas e chacinas de pessoas indicadas como marginais, perigosas ou infratoras. Normalmente esses grupos atuam mediante pagamento da população local e de comerciantes e/ou industriais de determinada região.” No dia e hora anteriormente assinalados, os denunciados invadiram o estabelecimento supramencionado, e, de forma organizada e harmônica desferiram os disparos que resultaram nas mortes das vítimas já citadas, considere-se que houve reconhecimento formal de uma das testemunhas, que afirmou que os quatro denunciados dispararam as armas. Ademais, constatou-se que todos os agentes estavam buscando um mesmo propósito, embora não seja possível ditar de maneira precisa qual denunciado atingiu cada uma das vítimas, ressaltando que alguns deles assumiram a postura de vigilância do local, a fim de evitar a entrada ou saída de pessoas. É imperioso destacar a maneira abrupta de ingresso no bar, com disparo imediato das armas de fogo, sem qualquer possibilidade de defesa das vítimas, visto que foram surpreendidos com a agressão. Ante o narrado até então, não resta dúvidas quanto à caracterização da conduta dos agentes como grupo de extermínio, que ceifou a vida de quatro vítimas que não esperavam serem alvejadas por disparos em local público. Vejamos o que expressa a jurisprudência diante de fato semelhante: HABEAS CORPUS Nº 354.418 - PE (2016/0107251-6) RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR IMPETRANTE : THIAGO REINAUX FONSECA DE MELLO ADVOGADO : THIAGO REINAUX FONSECA DE MELO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO PACIENTE : ANDRÉ ALVES GOMES HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA NA PRONÚNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. INSTRUÇÃO DEFICIENTE. Writ indeferido liminarmente. DECISÃO A instrução deste habeas corpus está deficiente. Apesar de o advogado Thiago Mello atacar o acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco no HC n. 16374-24.2015.8.17.0000 (419340-6), que teria mantido a prisão preventiva de André Alves Gomes no Processo n. 000285.25.2012.8.17.0001, da 4ª Vara do Tribunal do Júri de Recife, deixou o impetrante de juntar aos autos o inteiro teor do acórdão impugnado. Há cópias de andamentos processuais, inclusive com reprodução da pronúncia e da ementa do julgado atacado, dizendo, respectivamente, o seguinte (fls. 18 e 28): [...] Compulsando os autos, verifico que os acusados são apontados como pessoas de alta periculosidade, supostamente integrantes de um grupo de extermínimio e respondem a outros processos criminais, o que aponta, ao menos em princípio, para personalidades voltadas para práticas delitivas e põe em risco a ordem pública. Pelo exposto, como garantia da ordem pública, nos termos dos arts. 311 e 312, ambos do CPP, decreto a prisão preventiva de FRANCIVALDO DOS SANTOS LIMA, de vulgo, "Darinho", ANDRÉ ALVES GOMES, de vulgo "André Pé de Bicho" e LUCIANO FÉLIX PEREIRA, de vulgo, "Bolão" [...] HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CONCURSO DE AGENTES. POSSÍVEL GRUPO DE EXTERMÍNIO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA DEMONSTRADA. PERICULOSIDADE CONCRETA DO PACIENTE. ORDEM DENEGADA. A deficiência na instrução do pedido prejudica a compreensão exata do caso. Quer dizer, o alegado constrangimento de que não foi apontada nenhuma ocorrência indicando o cabimento do medida de exceção não se apresenta com a nitidez imprimida na inicial, ao contrário, pelo que consta dos autos, a prisão preventiva parece estar devidamente fundamentada. Ora, cabe ao impetrante, em especial, quando se tratar de advogado, o ônus processual de produzir elementos documentais consistentes, destinados a comprovar as alegações suscitadas no writ. Por tais razões, indefiro liminarmente o pedido de habeas corpus nos termos do art. 210 do RISTJ. Publique-se. Brasília, 12 de abril de 2016. Ministro Sebastião Reis Júnior Relator(STJ - HC: 354418 PE 2016/0107251-6, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Publicação: DJ 14/04/2016) Perante o exposto, denuncio a Vossa Excelência AROLDO, BENDEVAL, CARLOS E DELMIRO investidos nas penas do Art. 121, § 2.º, IV, c/c § 6.º, 6 do Código Penal, para que, recebida esta, sejam os denunciados citados e interrogados, apresentem a defesa que tiverem, colhendo-se as provas testemunhais abaixo indicadas, para, ao final, serem pronunciados, para submissão a julgamento pelo Tribunal do Júri, conforme o rito previsto nos arts. 394 e seguintes. do Código de Processo Penal. Rol de testemunhas: 1. X, fls. ____ 2. X, fls. ____ 3. X, fls. ____ 4. X, fls. ____ _______________ Promotor de Justiça