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DIREITOS SOCIAIS | Direitos Fundamentais

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Aulas 12 e 13 
 
 
Os direitos sociais são direitos de segunda dimensão, que surgem, 
portanto, com o Estado Social de Direito, e se traduzem como 
prestações positivas a serem implementadas pelo Estado, com vistas à 
concretização de uma isonomia substancial. 
Possuem aplicação imediata e podem ser implementados, no caso de 
omissão legislativa, pelas técnicas de controle, através do mandado de 
injunção ou ADO. 
1. Direitos Sociais são cláusulas pétreas? 
Prevalece o entendimento na doutrina que sim, ainda que sejam 
cláusulas pétreas implícitas. 
Alguns autores interpretam o art. 60, §4º de forma extensiva, 
entendendo que todos os direitos fundamentais (e não apenas os 
direitos e garantias individuais) seriam cláusulas pétreas. 
No entender do prof. Novelino, a CF, ao se referir a direitos e garantias 
individuais, trata de uma das espécies de direitos fundamentais, de 
forma que os direitos sociais, políticos e de nacionalidade, em princípio, 
não seriam cláusulas pétreas expressas. 
Os direitos coletivos previstos no art. 5o, como a liberdade de reunião e 
associação, são liberdades de expressão coletiva, sendo, portanto, 
cláusulas pétreas expressas. 
Alguns direitos sociais são cláusulas pétreas implícitas, por estarem 
intimamente relacionados à dignidade da pessoa humana, como o 
direito à educação, saúde e moradia. Esses direitos são verdadeiros 
pressupostos para o exercício dos direitos individuais. 
Art. 6º, CF: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição. 
 Aulas 12 e 13 
Direitos sociais que não são derivações diretas da dignidade, como os 
créditos trabalhistas, não poderiam ser considerados como cláusulas 
pétreas. 
2. Reserva do possível 
 Como foi dito, os direitos sociais exigem, para sua implementação, 
uma prestação estatal, o que demanda gastos públicos. Diante disso, 
surge o dilema entre a efetivação de determinados direitos sociais e a 
alocação dos recursos financeiros que são finitos. 
 Toda decisão alocativa de recursos é também uma decisão 
deslocativa, pois quando há uma escolha de se utilizar um recurso para 
implementação de um determinado direito, automaticamente este 
recurso deixará de atender outros direitos. A doutrina e jurisprudência 
usam a expressão “escolhas trágicas” para representar esse problema. 
 Nesse contexto, a reserva do possível se traduz na existência de 
limitação orçamentária por parte do Estado que impede que sejam 
atendidos e efetivados determinados direitos. 
1) Possibilidade fática: o Estado deve ter recursos disponíveis para 
atender a demanda. 
2) Possibilidade jurídica: consiste na existência de autorização 
orçamentária para cobrir as despesas, dentro das competências 
federativas. 
3) Razoabilidade de exigência: é necessário que haja uma 
universalização da prestação exigida, considerando os recursos 
efetivamente existentes. A exigência deve ser analisada sob perspectiva 
social, e não individual, com base no princípio da isonomia. Dessa forma, 
pessoas em situação similar à do autor também devem ser 
beneficiadas por aquela prestação estatal. 
 As Ações coletivas são importantes em matéria de direitos sociais, 
principalmente no direito à saúde, pois permitem assegurar à 
coletividade direitos que seriam atendidos individualmente. 
 Aulas 12 e 13 
 A reserva do possível é matéria de defesa do Estado, de forma que 
cabe a ele o ônus da prova, devendo demonstrar por meio de 
argumentos plausíveis o porquê de não ser possível atender a demanda. 
3. Mínimo existencial 
 Parte da ideia de que, para que se possa usufruir dos direitos de 
liberdade (individuais), antes se faz necessária a garantia de um piso 
mínimo de direitos, como necessidades básicas indispensáveis a uma 
vida humana digna. 
 Os direitos que compõem o mínimo existencial variam conforme o 
entendimento do autor. Uns consideram não ser possível definir de 
antemão esses direitos, pois o mínimo existencial pode variar conforme 
a época e a sociedade. Outros consideram direitos como educação 
básica, saúde, assistência aos desamparados, acesso à Justiça, etc. 
 Há dois posicionamentos sobre esse tema na doutrina. O primeiro, 
defendido por Daniel Sarmento, sustenta que o mínimo existencial 
possui estrutura de princípio, de forma que os direitos sociais devem 
ser ponderados em face do princípio da reserva do possível, dando 
maior peso aos direitos que compõem o mínimo existencial. 
 Contudo, a posição que prevalece no STF (defendida por Ingo 
Sarlet), sustenta que o mínimo existencial é uma regra absoluta, não 
podendo ser ponderada com a reserva do possível. Neste sentido, o 
Estado pode alegar a reserva do possível para não atender demandas 
de certos direitos sociais, mas não quanto àqueles que fazem parte do 
mínimo existencial. 
4. Princípio da vedação ao retrocesso 
- também chamaio ie “proibição de retrocesso”; “veiação ie 
retrocesso socjal”; “efeito cliquet”; “projbjção ie contrarrevolução socjal”; 
“proibição de evolução reacionária”; “efjcácja veiatjva/jmpeijtjva ie 
retrocesso”; “não retorno ia concretjzação”. 
 Aulas 12 e 13 
 A consagração constitucional deste princípio é encontrada de forma 
implícita na CF/88: no princípio da segurança jurídica; no princípio da 
dignidade da pessoa humana; no princípio da máxima efetividade; no 
princípio do Estado Social e Democrático de Direito e no sistema 
internacional de Direitos Humanos. 
 Traduz-se no impedimento dirigido aos Poderes Públicos 
(compreendendo tanto o legislador infraconstitucional, quanto o Poder 
Constituinte Derivado), responsáveis pela concretização da Constituição, 
de extinguir ou reduzir de forma desproporcional e injustificada, o grau 
de concretização alcançado por um direito fundamental prestacional. 
 Protege os ijrejtos sobre os quajs há um “consenso profundo” na 
sociedade a respeito do grau de concretização adquirido, impedindo a 
desconstituição das conquistas já alcançadas mediante a supressão 
total ou parcial desses direitos.

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