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Bioquímica Básica João Vitor Novaes | 74A Medicina FCM-MG 1º período 2020.2 CARBOIDRATOS Objetivos da aula: Definir o conceito de carboidratos. Relacionar a função dos carboidratos. Elucidar a estrutura dos monossacarídeos e suas principais características. Compreender a ligação glicosídica e sua importância biológica. Compreender a estrutura dos polissacarídeos e suas principais diferenças. Elucidar a estrutura dos glicoconjugados e suas atividades no organismo humano. O QUE SÃO CARBOIDRATOS? São compostos aldeídicos ou cetônicos com múltiplas hidroxilas. Fórmula geral dos carboidratos = [C(H2O)n] Essa é uma fórmula geral, mas não é uma regra, porque alguns carboidratos podem conter em suas estruturas nitrogênio (N), fósforo (P) ou enxofre (S). Se o carboidrato tiver, em sua estrutura: - Aldeído é chamado de Poli-hidroxialdeído (aldose). - Cetona é chamado de Poli-hidroxicetona (cetose). Carboidratos também são chamados de glicídios e de hidratos de carbono. São as moléculas mais abundantes da Terra. FUNÇÕES DOS CARBOIDRATOS: - Armazenamento de energia - Intermediários metabólicos - Proteção - Estrutural - Glicoconjugados (sinalização) CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS: A) Quanto ao TAMANHO: Monossacarídeos - 3 ou mais carbonos. Exemplo mais categórico: D-glicose. Oligossacarídeos - Monossacarídeos ligados por ligação glicosídica. Exemplo: sacarose – um dissacarídeo formado pela ligação entre D-glicose e D-frutose. Polissacarídeos - Vários monossacarídeos ligados entre si através de ligação glicosídica. - Podem ser lineares ou ramificados. Amilose e amilopectina são constituintes do amido. MONOSSACARÍDEOS - São solúveis em água. - Possuem aldeído (família = aldose) ou cetona (família = cetose). - Possuem carbonos quirais (assimétricos). Por isso, os classificamos como estereoisômeros D ou L. Carbono quiral/assimétrico: carbono ligado a 4 grupos diferentes. Com exceção da diihidroxiacetona, todos os monossacarídeos possuem carbonos quirais. Classificação do isômero (de acordo com a posição da hidroxila): - Hidroxila na direita = D-... - Hidroxila na esquerda = L-... Podem-se ter vários carbonos quirais em uma mesma estrutura: 1. Identificar o grupo carbonila (C=O). No caso, está no aldeído. 2. Identificar o carbono quiral mais distante do grupo carbonila. 3. Verificar a posição do grupo hidroxila (-OH). Em todos os carbonos quirais das moléculas ao lado, os grupos hidroxilas estão voltados para a direita. Logo, são D- aldoses. Deve-se começar a numerar os carbonos pelo carbono mais próximo da extremidade do grupo carbonila (C=O). Exemplo de numeração na molécula ao lado (D-glicose), por exemplo, que tem seis carbonos. EPÍMEROS: Diferenciam-se por um dos carbonos quirais. - As 3 moléculas ao lado tem a mesma fórmula molecular (C6H12O6). Galactose é epímero da Glicose no C-4. Manose é epímero da Glicose no C-2. Trioses: - Tem três carbonos. Porém, têm moléculas com mais carbonos: Tetroses – 4 carbonos. Pentoses – 5 carbonos. Hexoses – 6 carbonos. Heptoses – 7 carbonos. Etc. Em geral, quando os monossacarídeos estão em solução, eles adquirem estruturas cíclicas. - Acontece na aldotetrose e em todos monossacarídeos com 5 ou mais carbonos. - Como acontece essa interação? Ligação do grupo carbonila (do aldeído ou da cetona) + Hidroxila (-OH) presente ao longo da cadeia desse monossacarídeo. Conformação cíclica: mais estável. HEMIACETAL: Aldeído = destacado em azul. Hidroxila = destacada em vermelho. Para a formação da estrutura cíclica, o grupo carbonila do aldeído interage com a hidroxila ao longo da cadeia. Essa ligação forma um grupo chamado hemiacetal. Como essa estrutura parece um anel de pirano, denomina-se glicopiranose. HEMICETAL: Porém, quando temos um grupo cetona (destacado em azul), ela também se liga à uma hidroxila presente na cadeia molecular (esse grupo é chamado hemicetal). Essa ligação forma um anel parecido com o anel de furano. Dessa forma, dá-se o nome de frutofuranose para esse composto. - CARBONO ANOMÉRICO: Por convenção, o carbono anomérico é representado do lado direito da estrutura cíclica. Pela presença desse carbono, pode-se classificar o carboidrato em α ou β. Carboidrato α: Quando a hidroxila está apontada para baixo do anel. Carboidrato β: Quando a hidroxila está apontada para cima do anel. As estruturas α e β podem sofrer a mutarrotação (interconversão das formas α e β). As estruturas cíclicas dos monossacarídeos podem ficar parecidas tanto com o anel de furano quanto com o anel de pirano. Ao lado, temos a frutose formando tanto um anel de frutofuranose quanto um anel de frutopiranose. Tudo depende em qual carbono que o grupo carbonila se liga. Qual a importância do carbono anomérico? Dão uma classificação aos carboidratos chamada de açúcares redutores, isso porque o carbono anomérico formam uma porção mais reativa, podendo reduzir alguns íons, tais como o cobre. Quando esses açúcares reduzem o íon férrico (Fe3+) ou o íon cúprico (Cu2+), eles são oxidados. E é justamente essa característica que já foi utilizada para dosagem de açúcar na urina em casos de pacientes com diabetes mellitus (que eliminam mais glicose através da urina). Nesse caso, tinha a redução do cobre (o que altera a coloração da substância). Com isso, era adquirido um tom mais avermelhado, auxiliando na detecção do nível de glicose pela urina. DISSACARÍDEOS - Monossacarídeos ligados entre si através de ligação glicosídica. - Ligação glicosídica ligação covalente Pode ser chamada de: O-glicosídica: Quando o carbono anomérico de um monossacarídeo se liga à hidroxila de outro monossacarídeo. N-glicosídica: Quando o carbono anomérico se liga a um nitrogênio (presente no ácido nucleico e em proteínas). Essa ligação se quebra facilmente na presença de ácidos. - Exemplos de dissacarídeos: Esses carboidratos têm ligações glicosídicas diferentes, assim como pode ser visto a seguir. Ligação glicosídica da MALTOSE: Glicose + Glicose O carbono anomérico da primeira molécula de glicose (α) se liga à hidroxila presente na segunda molécula de glicose (β). Formamos a ligação glicosídica α1-4. É uma ligação de condensação (perda de uma molécula de H2O). Com a ligação já realizada, a molécula de glicose da direita continua com o carbono anomérico (continua sendo uma extremidade redutora). Ligação glicosídica da LACTOSE: Galactose + Glicose Formação da ligação β1-4 (porque o carbono anomérico da galactose que foi envolvido nessa ligação glicosídica tem configuração β). Glicosídeos: - Sacarose (plantas) e Trealose (insetos): São dissacarídeos não redutores (porque se ligam pelos seus próprios carbonos anoméricos). SACAROSE: Glicose + Frutose Está ligada entre carbono anomérico da primeira glicose (carbono α) e o carbono β da frutose. Formação da ligação α1-2β. TREALOSE: Ligação entre os carbonos anoméricos. As duas glicoses têm classificação α. Formação da ligação α1-1α. Por que eles deixam de serem redutores? Devido ao fato de não ter sobrado nenhum carbono anomérico livre para realizar o processo de redução, Como os dois carbonos anoméricos foram envolvidos na ligação glicosídica, esse carboidrato é classificado como não redutor. POLISSACARÍDEOS Homopolissacarídeos: formados apenas por um único tipo de monossacarídeo. Heteropolissacarídeos: formados por mais de um tipo de monossacarídeo.- Os polissacarídeos podem ser: Homoglicanos (exemplo: glicogênio – glicose). Heteroglicanos (exemplo: mureína – N-acetilglucosamina e ácido N-acetilmurâmico). - Podem ser classificados a partir dos seguintes critérios: Identidade dos monossacarídeos. Tipos de ligação. Tamanho da cadeia. Grau de ramificação. Função: - Estrutural (exemplos: quitina e celulose). - Reserva (exemplos: glicogênio e amido – geralmente homoglicanos). - Os polissacarídeos não têm peso molecular definido – não tem molde ou ponto de parada para a síntese. Polissacarídeos de RESERVA: AMIDO: Estrutura: - Amilose De milhares a mais de milhão. Não ramificada, contendo, então, apenas ligações α1-4. - Amilopectina Chega a 100 milhões de resíduos. Altamente ramificada. Contém ligações α1-4 e α1-6 (a cada 24 a 30 resíduos de glicose). A ligação α1-4 forma a estrutura “cadeirinha”, que permite com que a molécula sofra torção (vista na figura b). Dessa forma, torna-se possível compactar a molécula, algo extremamente importante quando se trata de um polissacarídeo de reserva. GLICOGÊNIO: Estrutura: - Altamente ramificada. - α1-4 - α1-6 (a cada 8 a 12 resíduos de glicose). - Mais compacta que a estrutura do amido. - Fígado e músculos. - CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE X TAMANHO (quando comparado ao amido). Mais moléculas de glicose (por tamanho) no glicogênio do que no amido (amilopectina). Isso acontece por causa da diferença da distância entre as ramificações de cada um. O glicogênio e o amido ficam armazenados em grânulos. - Amido: plantas. - Glicogênio: organismo humano. Polissacarídeos ESTRUTURAIS: CELULOSE: - Madeiras, galhos e algodão. - Não ramificado (apresenta de 10 a 15 mil resíduos de glicose). - Carbono anomérico: β. - Ligações β1-4. - Ligações de hidrogênio – molécula menos hidratada. - Para quebrar a ligação β, é preciso da celulase (presente na Trichonympha, em fungos e em leveduras). - Estrutura da celulose: Em azul: ligações de hidrogênio. Molécula menos hidratada. - Comparação entre os dois polissacarídeos: Celulose tem uma molécula mais retilínea. QUITINA: - Carapaça de artrópodes. - Homoglicano (tem N-acetilglicosamina em sua estrutura). - Ligações β1-4. - Diferença para a celulose: no carbono 2, tem o grupo amino acetilado. - Não é digerida por vertebrados (não possuímos celulase). - Segundo polissacarídeo mais abundante na natureza. PEPTÍDEOGLICANOS: - Presente na parede das bactérias. - Heteroglicano (N-acetilglicosamina e ác. N-acetilmurâmico). - Ligações β1-4. - Ligados com pequenos peptídeos – força da ligação. - Clivado pela lisozima – lágrima e fagos (hidroliza). - Penicilina – impede a síntese das ligações cruzadas. GLICOCONJUGADOS: - Proteoglicanos - Glicoproteínas - Glicolipídeos PROTEOGLICANOS São macromoléculas da superfície e da matriz extracelular, nas quais uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos estão ligados covalentemente a proteínas de membrana ou secretada. GLICOPROTEÍNAS Têm um ou vários oligossacarídeos (de complexidade variada) ligados covalentemente à proteína. GLICOLIPÍDEOS São lipídios de membrana nos quais os grupos hidrofilícos são oligossacarídeos.
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